Você está na página 1de 10

ENSINO DE GEOGRAFIA: UM ESTUDO NA PERPECTIVA DA

CONTRIBUIÇÃO DO PIBID NA ESCOLA OVÍDIO EDGAR DE


ALBUQUERQUE
Everson de Oliveira Santos1
Michelle Patrícia da Silva Pontes2
Eixo Temático 2. Educação, Sociedade e Práticas Educativas.

RESUMO: Através de uma análise apurada e consistente da rotina escolar da


instituição de ensino público, a escola Ovídio Edgar de Albuquerque, diagnosticou-
se variados fatos, estes foram agrupados em três categorias, a saber, limites,
contradições e possibilidades. Neste sentido, os problemas de cunho educacional
evidenciados na escola, e principalmente no ensino da geografia, mais
especificamente no 6º ano “A” da referida escola, recebem uma discussão concreta
e teórica no presente artigo. Neste, é feita uma inter-relação das três categorias,
sendo que, protagoniza no grupo de possibilidades a atuação dos bolsistas do PIBID
por um determinado período de trabalho na escola, na perspectiva de melhoria e
auxílio no enriquecimento intelectual e teórico dos discentes, buscando assim,
primordialmente a transformação e/ou construção de uma nova visão de mundo, a
chamada visão crítica.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de geografia; Escola; PIBID.

1
Estudante do curso de Geografia Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas - UFAL/IGDEMA e bolsista
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID.
2
Estudante do curso de Geografia Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas - UFAL/IGDEMA e bolsista
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID.
RESUMEN: A través de un análisis consistente y precisa de la rutina escolar de la
institución de la educación pública, la escuela Ovidio Edgar de Albuquerque, fue
diagnosticado varios hechos, estos se agruparon en tres categorías, a saber, los
límites, contradicciones y posibilidades. En este sentido, los problemas señalados en
una escuela de educación, y sobre todo la enseñanza de la geografía, más
concretamente en el 6 º grado "A " de esa escuela, el aumento de una discusión
teórica y práctica en este artículo. Esto es una interrelación de las tres categorías, y,
en el grupo de estrellas posibles en la acción de los becarios PIBID por un período
de trabajo en la escuela, con el fin de mejorar y ayudar a enriquecer a los alumnos
intelectual y teórico, la búsqueda de así, en primer lugar la transformación y / o
construcción de una nueva visión del mundo, llamado punto de vista crítico.

PALABRAS CLAVE: Enseñanza de la Geografía; Escuela; PIBID.

INTRODUÇÃO

O presente artigo surgiu como parte integrante das observações realizadas


pelos bolsistas do Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID na Escola
Estadual Ovídio Edgar de Albuquerque, localizada na cidade de Maceió – AL. Tais
observações resultaram num rol de aspectos que carecem de uma discussão
apurada e profunda, isto é, uma discussão reflexiva sobre o ensino de geografia na
escola supracitada, desta forma é relevante enfatizar que esta discussão esta
abalizada sobre o ensino coerente conforme o que diz Trindade e Chiapetti:

O ensino coerente significa inseri-lo em um todo da referência do


sujeito. A partir do momento em que os alunos conhecem e
compreendem o espaço geográfico, percebem suas implicações e
significados no todo em que se inserem, alarga-se a possibilidade de
os conhecimentos comporem a estrutura cognitiva do sujeito
(TRINDADE & CHIAPETTI 2007, p.238).
Destacam-se que as referidas observações foram realizadas, especificamente
no 6º ano “A”, isso na perspectiva da atuação do PIBID como contribuição.
É dentro desse elenco de aspectos observados e da necessidade de uma
discussão teórico-metodológica consistente que este trabalho divide os pontos
diagnosticados em três grandes categorias, a saber, limites, contradições e
possibilidades. Os limites se referem a determinados fatores que existem dentro do
ambiente escolar e que dificultam o processo de ensino e aprendizagem da
geografia, tais como a falta de materiais didáticos e mapas atualizados, salas
superlotadas, ausência de um laboratório de informática que é essencial para
auxiliar o ensino de geografia, etc. Assim sendo, leva-se em consideração que
“recursos educacionais adequadamente utilizados constituem-se em apoios eficazes
para o processo e a prática do ensino”. Trindade & Chiapetti (2007, p.242).
A figuras 1 demonstra as instalações da Biblioteca, pequeno espaço que
apresenta limitações de uso em virtude de sua inadequada localização na escola,
próxima aos portões de entrada e saída dos estudantes. O excessivo barulho e a
pouca iluminação dificultam a concentração e envolvimento com a leitura. Ressalta-
se também a desorganização do acervo, onde os livros não estão catalogados e se
encontram empilhados nas prateleiras. Em relação aos mapas encontramos
materiais desatualizados e empoeirados. Constatamos no acervo da biblioteca livros
importantes de geografia, tais como: Decifrando a Terra, Por uma outra
Globalização, Águas Doces do Brasil, Que país é esse? etc. No entanto, os livros
supracitados não são fonte de consulta dos professores de geografia da escola
Ovídio Edgar, que poderiam utilizá-los para a preparação de aulas,atualização do
conhecimento.
Fig. 1- Desorganização do acervo da Biblioteca.

As contradições se referem e se baseiam na falta de estratégia dos


educadores para driblar de forma didático-pedagógica a ausência de recursos
fundamentais para o enriquecimento do ensino, uma vez que

[...] o ensino de geografia, na visão das competências, pode ser


tomado como um procedimento de investigação, e como tal, a
metodologia, o método, as técnicas e os instrumentos dependem dos
objetivos a serem alcançados, e das limitações temporais e espaciais
da equipe, como as disponibilidades que o professor e alunos têm,
assim como a própria escola. (TRINDADE & CHIAPETTI 2007, p.243
e 244).

A falta de comportamento e respeito dos alunos para com o professor,


omissão dos pais na educação dos filhos em virtude de ter pouca instrução,
ausência de alguns professores em reuniões de grande significado para a
instituição, tal qual a reunião para elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP)
que será esmiuçada no decorrer do artigo, a falta de pertencimento intelectual dos
discentes e etc.
As contradições mencionadas são de grande relevância, pois segundo
Santos:
O sujeito-aluno, quando desprovido, deslegitimado dos direitos de
entender, compreender, analisar e explicar o espaço em que vive, no
qual se constrói como sujeito-cidadão, torna-se um excluído dos
espaços sociais. Assim, pertencer a e habitar um espaço – ser
cidadão de um determinado lugar – é e se dá por meio de um
pertencimento intelectual, por meio de ações intelectivas de leitura,
explicação e cognoscibilidade do mundo. (SANTOS apud
CARNEIRO, 2008/2009, p.27).
E por fim, as possibilidades, sendo esta categoria como um importante meio
de interferência e auxílio no ensino de geografia no 6º ano “A”. Ou seja, propostas
de intervenção no ensino e nos pontos que elencam os limites e as contradições
existentes na escola e na turma supracitada, como também a forma como o PIBID
atuou durante o segundo semestre do ano letivo de 2010 para intervir e/ou auxiliar
no processo de enriquecimento intelectual dos alunos, bem como amenizar
determinados déficits de aprendizagem.
Embora tenha sido exposta aqui a subdivisão em três categorias utilizadas
para classificar os pontos observados no estudo de caso, vale salientar que, as
mesmas se inter-relacionam de maneira significativa, isso no ambiente escolar, na
sala de aula e na discussão do presente trabalho.
Os aspectos considerados como limites ou contradições, por exemplo,
carecem de enriquecimento no processo de ensino e aprendizagem, os mesmos
receberam ao longo da atuação do PIBID intervenções significativas, é óbvio, de
acordo com déficits diagnosticados. Foram realizadas, por exemplo, atividades
didático-pedagógicas que contribuíram e subsidiaram para o enriquecimento
intelectual dos alunos.
Portanto, pretende-se “trabalhar a relação entre o particular e o geral”
(KIMURA, 2008), ou seja, as disponibilidades de espaços, recursos e o
comprometimento dos pais e alunos com o ensino e aprendizagem na referida
instituição escolar verificando “como os materiais estão interligados e fazem parte do
conjunto das condições necessárias para um ensino bem-sucedido de Geografia”
(KIMURA, 2008). É importante também levar em consideração que a escola
observada é uma estrutura social dotada de autonomia no interior do todo e
participando com as outras de um desenvolvimento interdependente, combinado e
desigual. (SANTOS, 2004).

METODOLOGIA

Para diagnosticar os vários aspectos classificados no presente trabalho ora


como limites, contradições ou possibilidades, foram realizadas durante um período
de 6 meses análises preestabelecidas pelos bolsistas do PIBID. As análises
pautaram-se fundamentalmente em variadas estratégias metodológicas de pesquisa,
isso na escola e principalmente no 6º ano “A” da escola anteriormente citada, no
segundo semestre de 2010.
Por meio de um roteiro de pesquisa buscou-se evidenciar aspectos
concernentes a estrutura física e material da escola, dados gerais dos integrantes da
comunidade escolar (professores, gestores, alunos, pessoal de apoio, etc.),
relacionamento dos pais e a comunidade com a escola, aspectos pedagógicos,
rotina cotidiana da escola como um todo, rotina da sala de aula, dinâmica da aula,
etc. As observações foram registradas em relatórios semanais para posteriores
análises e discussões em grupo.
Foi elaborada uma oficina com o intuito de identificar determinados déficits de
aprendizagem dos alunos, sua aplicação rendeu além da identificação desses
aspectos, pois o grande objetivo também foi o PIBID intervir na realidade
considerada aqui como problemática. A problematização foi algo de extrema valia
para obter resultados satisfatórios. E por fim, realizou-se entrevistas com
determinados alunos integrantes da turma utilizada para pesquisa, bem como com a
professora de geografia responsável. Todas essas atividades passaram por um
processo de sistematização e discussão, resultando no referido artigo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A turma analisada foi o 6º ano “A” da escola da rede pública estadual Ovídio
Edgar de Albuquerque. A mesma possui 45 alunos matriculados sendo que 12 são
considerados desistentes e apenas sete não são repetentes do 6º ano e inclusive há
quatro alunos que estão cursando o 6º ano pela terceira vez. A faixa etária dos
alunos está entre 13 e 16 anos de idade, com exceção de uma aluna com 11 anos
de idade.
Levando em consideração as informações coletadas na referida turma,
constatou-se a contribuição imprescindível que os espaços e as condições de infra-
estrutura proporcionam ao bom desenvolvimento do trabalho docente, tendo como
respaldo uma das afirmações de Chaves (2003, p.184) que “as transformações
somente acontecem nas condições concretas que as possibilitem”, foi percebido nos
aspectos físicos da escola Ovídio alguns limites para o desenvolvimento do ensino e
aprendizagem que são considerados pertinentes para serem listados, a saber, salas
superlotadas, carteiras desconfortáveis por serem muito baixas contribuem para a
inquietação e falta de concentração dos estudantes, pequeno espaço de sala de
aula, pequeno espaço utilizado como biblioteca bem como a má localização deste
espaço na escola, pois esta localizada defronte a secretaria interna da escola e ao
lado dos portões de entrada e saídas dos estudantes impossibilitando qualquer
concentração e envolvimento com a leitura devido ao barulho constante, convém
ressaltar que alguns livros e mapas do acervo encontram-se desorganizados,
desatualizados e empoeirados, evidenciando assim a falta de comprometimento com
a conservação e/ou atualização de materiais para um ensino mais consistente e rico
.
No que tange as instalações sanitárias, bebedouros e pátio percebe-se que a
quantidade de banheiros disponibilizados seriam suficientes se as instalações
estivessem em perfeito estado, o que não ocorre, e em virtude do número reduzido
de instalações sanitárias para a quantidade de usuários dificulta a conservação da
limpeza no ambiente. A escola disponibiliza para seus discentes 1 bebedouro
grande com 4 torneiras em que as condições de higiene dos bebedouros deixam
muito a desejar. O pátio é utilizado pelos discentes na hora do intervalo e em aula
vaga o que acaba deixando a escola muito barulhenta nos momentos de aula, pois o
barulho gerado pelos discentes em classe é somado ao barulho ocasionado no pátio
e aos “passeios” em que estes discentes sem aula transitam e conversam nas
proximidades das salas, provocando distrações nos discentes em sala, uma vez que
as portas das salas não estão em perfeito estado.
Essas constatações demonstram a falta de comprometimento do Estado
enquanto instituição social que, por sua vez, tem extrema valia em contribuição para
a educação do povo alagoano. É óbvio que não só o Estado vai resolver esses
problemas, outras instituições também, por uma questão de ordem e teoria
educacional, têm responsabilidade com a educação, no entanto, do mesmo modo
que eles devem atrelar-se para um processo de educação rico, devem também
cobrar do Estado seu papel que lhe é peculiar.
Referente às contradições foi identificado que além de ter que desenvolver
estratégias para lidar com todos estes limites mencionados da estrutura física da
escola Ovídio Edgar a professora de Geografia ainda tem que lidar com um alunado
que faz demonstrações de que não sabe o que esta fazendo na escola, e em
especial, na sala de aula. Isto é relevante para um bom ensino de Geografia, uma
vez que, em relação a isto esclarece Trindade & Chiapetti:

A partir do momento em que os alunos conhecem e compreendem o


espaço geográfico, percebem suas implicações e significados no
todo em que se inserem, alarga-se a possibilidade de os
conhecimentos comporem a estrutura cognitiva do sujeito.
(TRINDADE & CHIAPETTI, 2008, p.238).

Outro aspecto considerado como contradição é a falta de apoio do Estado


para a formação continuada dos professores da rede pública estadual de ensino.
Segundo as entrevistas, geralmente é realizada uma só formação continuada de
professores durante o ano, isso quando não ocorre. Este fato comprova e evidencia
um “empecilho” que o próprio professor de geografia, por exemplo, tem que driblar
de forma inteligente, para poder dar um ensino que possa subsidiar de forma
concreta a visão de mundo dos discentes, adotando novas metodologias
pedagógico-didáticas.
Desta forma, foi constatado que a falta de pertencimento intelectual da
maioria dos estudantes é grande, bem como é refletida em seu
descomprometimento em cumprir deveres que lhe são estabelecidos, enquanto
estudantes, e como se não bastasse como suporte para esta situação ainda há a
falta de participação e estratégias por parte dos pais, que em alguns casos são
despreparados para ajudarem e instigarem os filhos a estudar. No entanto, questões
educacionais consideradas como problemáticas não acontecem no espaço de forma
isolada, elas se inter-relacionam de forma bastante complexa, que para o seu
entendimento é preciso relacionar as partes.
Nesse sentido, vale salientar a seguinte discussão: se por um lado a família
tem uma contribuição bastante importante para educação dos filhos enquanto
instituição social, devendo esta atrelar-se às outras (igreja, Estado, ONGs, etc) para
o processo de enriquecimento intelectual dos alunos, por outro, as famílias atuais,
em grande parte, se encontram “desestruturadas” em termos de instrução para o
cumprimento de seu papel, em virtude de em suas raízes já estarem fincadas num
processo pobre de educação que lhe foi conferida.
Um fato bastante intrigante e ao mesmo tempo revelador foi em uma das
visitas para realização das observações na escola. Foi observada uma reunião em
que tinha como pauta a (re) elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP). Como
de práxis é imprescindível a presença de todos os professores, pais, conselhos da
escola, dentre outros, porém o que foi evidenciado foi nada mais do que um número
não muito representativo dos mesmos. Como foi discutida anteriormente, a falta de
uma das partes no processo educacional acaba por comprometer a eficácia das
estratégias adotadas. Assim sendo, fica claro o desafio do ensino de geografia
citado por Trindade & Chiapetti (2008, p.236) quando diz que “o desafio para o
ensino de geografia está na dosagem de abordar o local e o global, dento das
realidades de vivências do aluno.
Uma das estratégias elaboradas por bolsistas do PIBID resultante de variadas
discussões com a professora de geografia do 6º “A” foi a dificuldade de entender
uma categoria bastante importante dentro da ciência geográfica: a paisagem. Nesse
sentido, realizou-se uma oficina que, por sua vez, teve como tema problematizador:
“A percepção da categoria geográfica Paisagem: construindo o conhecimento a
parte de imagens da cidade Maceió”. No que tange a explanação da oficina, foi
realizada algumas indagações referentes a imagens em slides de alguns locais da
cidade de Maceió na perspectiva de que os discentes fizessem a descrição dos
elementos naturais e artificiais, percebessem que a paisagem não se resume ao que
é belo e que tem cheiro e movimento. Por fim, o resultado foi bastante proveitoso em
virtude de os alunos terem sentido facilidade de participar da oficina tendo em vista
ser um assunto relacionado à sua realidade.

REFERÊNCIAS

CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato & NOGUEIRA, Valdir. Educação Geográfica


e Formação da Consciência Espacial-Cidadã: Contribuições dos Princípios
Geográficos. Maringá: Boletim Geográfico, 2008/2009, v. 26/27, n. 1. p. 25-37.

CHAVES, M. GAMBOA, S. S. TAFFAREL, C. Prática de Ensino: Formação


Profissional e Emancipação. 2. ed. Maceió: Edufal, 2003.

KIMURA, SHOKO. Geografia no Ensino Básico - Questões e Propostas. 1. Ed.


Rio de Janeiro: Contexto, 2008.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único a
consciência universal. 10 ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova. 6. Ed. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2004.

TRINDADE, G. ALVES; CHIAPETTI, R. J. NOGUEIRA. Discutindo Geografia: doze


razões para se (re) pensar a formação do professor. Ilhéus: Editus, 2007.

Você também pode gostar