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Sumario

Capitulo 1 - Segredos
Capitulo 2 - Origem Humilde e Preconceito
Capitulo 3 - Adversidades
Capitulo 4 - Superstições
Capitulo 5 - Decisões Sob Pressão
Capitulo 6 - Otimizar o Tempo
Capitulo 7 - Drogas
Capitulo 8 - Psicologia do Vestuário
Capitulo 9 - Relacionamentos
Capitulo 10 - Família
Capitulo 11 - A Arte da Negociação
Capitulo 12 - Engolir Sapos
Capitulo 13 - Coragem
Capitulo 14 - Frio e Calculista
Segredos – Capítulo 1

Tommy é extremamente relutante em revelar seus planos. Durante a série, em


dezenas de situações, faz de tudo para manter em segredo o que planeja, até mesmo
da sua família.

1º Temporada / Episodio 1

- Essa família não tem segredos. Não tem mais nada para contar Thomas? –
questiona Polly.

1º Temporada / Episodio 3

- Que merdas de armas, Tommy? – questiona Arthur.


- Arthur, eu ia te contar – balbucia Tommy.

Na primeira “reunião de família” da série, Tommy não conta a ninguém sobre um


roubo de armas. Também não conta de imediato suas verdadeiras intenções: Derrubar
Billy Kimber.

2º temporada / Episodio 1

-Primeiro, a explosão do pub não tem nada a ver com Londres. Entendido? A
explosão é um problema que resolverei sozinho – diz Tommy.

2º temporada / Episodio 1

- Amanhã? Sou a tesoureira da empresa. Tinha que falar comigo antes – diz Polly.
Logo na segunda temporada, guarda segredo sobre a expansão para Londres e só
revela detalhes no ato da sua execução. Não revela para seus irmãos informações
sobre explosão do pub e mantem em segredo os serviços que está fazendo para o
agente Campbell.

3º temporada / Episodio 1

- Não. Não sabia. Você acabou de me contar. Obrigada – diz Grace, agradecendo a
Polly.

Quando começou negociações com os Russos, mantinha em segredo todos os


detalhes. Os escondia principalmente de Grace, sua esposa.
Esses segredos de Tommy geravam desconforto em sua família.

2º Temporada / Episódio 5

- E como o Houdini vai me tirar desse lugar? – questiona Arthur.


- Bom... – John tenta responder.
- Não me diga, ele tem um plano. Mas você não conhece o plano, não é, John?

Após um dos planos de Tommy ter dado errado, Arthur é preso. Nesse momento ele
expressa a sua indignação pelo habito de Tommy ocultar seus planos. Afirma: “Ele acha
que não somos confiáveis”. A família Shelby sentia um certo desgosto por Thomas,
pois acreditavam que ele não confiava neles. Mas será que Tommy não confiava na sua
própria família? Ao que parece, não confiava mesmo.

Mas a falta de confiança não era por acreditar que um deles poderia o trair ou sabotar
intencionalmente seus planos. Pelo contrário, tinha fé na lealdade deles. No entanto,
aparentemente não confiava em sua família por outro motivo. Tommy examinava
muito bem as fraquezas de seus inimigos, mas também fazia isso com seus aliados.
Conhecia profundamente cada membro de sua família e sabia que alguns não tinham
capacidade intelectual ou emocional para lidar com certas informações. Assim, sem
nenhuma má intenção, poderiam acabar frustrando os planos dele.
Em alguns momentos da série, ele revela alguns segredos para Polly. Ela era o
membro da família no qual ele mais confiava. Ainda assim, nos momentos onde notava
certa instabilidade emocional nela, evitava compartilhar coisas importantes. A
sabedoria de Tommy ter agido assim, fica evidente na série.
Após ele não contar sobre o roubo das armas na reunião de família, decorrem duas
cenas interessantes.

1º Temporada / Episodio 1

- Como foi a reunião de família? – questiona Freddie Thorne.

Na primeira cena, uma das participantes daquela reunião, Ada Shelby, se encontra
com Freddie Thorne. Ada estava completamente apaixonada por ele. Thorne era um
agitador comunista que não concordava com os atos de Tommy. Tinha suas próprias
ambições e planos guiados por suas ideologias políticas. Thorne ao encontrar Ada,
sempre lhe perguntava sobre o que tinha sido dito nas reuniões de família. Sabia que
Tommy era muito bem informado, e buscava ali algo que pudesse contribuir em suas
ambições. Ada, muito jovem e apaixonada, revelava tudo a Freddie Thorne. Contou
tudo o que houve naquela reunião, só não contou o que não sabia: Sobre as armas.

1º Temporada / Episodio 1

- Depois de 35 anos lidando com animais feito você, posso dizer, só pelo cheiro, se
está mentindo ou não – diz o agente Campbell.

Na segunda cena, o detetive Campbell desembarca em Small Heath com o objetivo de


encontrar armas roubadas. Logo de início captura Arthur Shelby, outro que estava
presente na reunião de família. Campbell inicia um interrogatório com Arthur. Depois
de muita tortura, chega à conclusão que ele não sabe nada sobre as armas e o libera.
Mas se Arthur soubesse das armas a situação poderia ser completamente diferente.
Ele poderia não ter aguentado a sessão de tortura e confessado, afinal diante de
tamanha dor, qualquer um pode acabar revelando um segredo. O detetive Campbell
diz durante o interrogatório: “Depois de 35 anos trabalhando com animais como você,
eu sinto o cheiro da mentira no ar. Eu sei que você não está mentindo.” Campbell era
especialista em detectar quando criminosos estavam mentindo. E como o próprio
Campbell diagnosticou, Arthur não tinha um pingo de inteligência, jamais conseguiria
engana-lo. Se Arthur soubesse das armas, ou teria entregado elas, ou seria torturado
por um longo tempo, até a morte talvez, pois não conseguiria persuadir Campbell de
que estava mentindo. Arthur não era bom em guardar segredos e Tommy sabia disso.
Durante toda primeira temporada, Arthur deixa claro que Tommy estava certo em não
confiar nele.
1º Temporada / Episodio 4

- Ordens do Tommy. Sempre manter contrabando perto dos ancoradouros de


barcos – diz Arthur.

1º Temporada / Episodio 5

- Foi uma armação para satisfazer os italianos. Tommy atirou com bala de miolo
de ovelha nele – confidencia Arthur.

Grace ao ser designada para investigar os Shelbys, desde o princípio foca em Arthur,
pois percebe que ele é o menos inteligente. Por meio de uma simples conversa ele era
facilmente induzido a soltar informações importantes. E realmente o fez, revelou a ela
o esconderijo dos contrabandos e por fim o que ela estava procurando: o esconderijo
das armas.

Mais tarde, Arthur começa a contar todos os planos para sua esposa Linda. Entre o que
confidenciou para ela, estava um plano ultra secreto sobre um roubo a um cofre
Russo.

3º Temporada / Episodio 4

- Na verdade, queremos saber sobre o roubo que vocês planejaram. Não o roubo
da fábrica. O outro roubo. O roubo que você não contou para as mulheres – diz
Esme.
- O John fala demais – responde Tommy.
- Não. O Arthur fala demais. O Arthur contou para Linda, que contou para mim.

3º Temporada / Episodio 4

- Não posso confiar na Esme. Nem na porra dos russos, nem no exército, e nem no
meu próprio irmão que não fica com a porra da boca fechada – reclama Tommy.
Essas situações exemplificam porque Tommy não confiava na sua família. Não era
porque desacreditava da lealdade deles, mas porque não eram bons em guardar
segredos. A lógica que habita a mente de Tommy é a seguinte: Quanto menos pessoas
souberem sobre um plano, menor a chance desse plano cair em ouvidos errados.

2º Temporada / Episodio 1

- O que aconteceu no pub é coisa dos irlandeses. Estamos em uma situação


perigosa, o melhor a se fazer é manter algumas coisas em segredo – diz Tommy a
sua tia Polly.

Além de ter consciência que a ignorância acerca de certos assuntos também servia de
proteção para sua família.

Mas Tommy não era de ferro, era humano também. Teve muitos problemas (a se
destacar na primeira temporada) por contar segredos. Em momentos de desiquilíbrio
emocional, principalmente ao se apaixonar por Grace, quase colocou a perder todos
seus planos.

1º Temporada / Episodio 5

- Uma estrela negra, o que isso significa? – questiona Grace.


- O dia da estrela negra é quando acabamos com Billy Kimber e os homens dele.
Ninguém sabe disso – diz Tommy.
- Nem sua família?
- Grace, todos na minha família me odeiam. Por que diria a eles?

Tommy conta para Grace um segredo: O dia que irão derrubar Billy Kimber. Fica bem
evidente que sua fragilidade emocional o induz a esse erro. Ele está em um momento
difícil, onde toda sua família o “odeia”, pois acreditam que ele entregou Freddie
Thorne a polícia. Nesta mesma ocasião, o único que o defendia, Arthur, acaba
entrando em uma discussão com ele acerca de reatar o relacionamento com o seu pai
e isso gera um certo mal-estar entre os dois. Nesse momento Tommy perde
momentaneamente o apoio de sua família. Então, querendo desabafar com alguém,
procura Grace, pela qual irracionalmente tinha desenvolvido uma certa confiança.
Confiança irracional fruto de uma paixão. Ela já havia dado indícios de que o traíra. Por
exemplo: John e Tommy haviam contado somente a ela sobre a vinda de Freddie para
ver o parto de Ada. Logo após contarem, a polícia fica sabendo e prende Freddie. Com
a cabeça no lugar, Tommy teria ligado os pontos até Grace, mas como não estava,
acabou nem levantando qualquer suspeita sobre ela. Por não guardar segredo, Tommy
quase viu seu plano de derrubar Billy Kimber ir pelo ralo. Convenhamos, só não foi,
pois contou com um momento de sorte.
Isso revela a natureza humana. Desabafar problemas, colocar para fora aquilo que nos
sufoca é uma necessidade intrínseca de todos nós. Confiar um segredo a alguém é uma
forma de dividir a carga que este segredo traz ao indivíduo. Por isso na ausência de um
amigo confiável, muitos recorrem a um profissional habilitado para “desabafar” e ter a
garantia de que seus segredos estão protegidos pelo sigilo profissional.
Diante dessa necessidade humana, aprendemos algo com as experiências de Tommy:
Nem sempre alguém que revela um segredo nosso é mal intencionado, as vezes o faz
pois foi ludibriado ou devido a uma instabilidade emocional ou pressão psicológica que
não conseguiu suportar. É importante levar em conta isso antes de pensar em revelar
um segredo, mesmo a aquele melhor amigo ou familiar de confiança.
Vamos analisar algo que aconteceu com Polly Gray.

3º Temporada / Episodio 4

- Você contou sobre o Padre para o Arthur? – indaga Polly.


- Só contei para você – responde Tommy.

Tommy revela a Polly que irá matar um Padre. Confia essa informação apenas a ela,
mas isso não foi uma boa ideia. Polly já estava psicologicamente perturbada por ter
assassinado um policial. Esse segredo que ele lhe confiou caiu como uma bomba nas
suas emoções. Ela disse a Thomas: “Obrigado pelo fardo”. Realmente aquele segredo
se tornou pesado demais para ela carregar sozinha.

3º Temporada / Episodio 4

– Padre. Agora eu preciso tirar outra vida – desabafa Polly.

Sob o efeito do álcool, decide ir até um Padre desabafar. Acaba confessando que
ocorrerá a morte de um “homem de Deus”. Assim os planos de Tommy chegam
exatamente nos ouvidos dos quais ele queria esconder. E ele leva um “pequena” surra
por isso. Fica a lição que, antes de compartilhar um segredo, é importante procurar
sentir confiança não só na lealdade de alguém, mas em usa situação emocional e
psíquica também.

Porém, existem planos que não se configuram como segredos, ou seja, se todos a sua
volta por acaso ficarem sabendo, teoricamente não lhe importaria de nada. Será que é
importante pensar duas vezes antes de compartilhar esses planos também?

No ascender de uma nova ideia, nosso instinto é compartilhar. Contar para os amigos,
esperando que nos apoiem e fiquem felizes por nós. É interessante analisar as
conclusões de uma pesquisa realizada por um psicólogo da New York University, Peter
Gollwitzer. Segundo ele, quem fala sobre seus planos a outras pessoas corre o risco de
criar “uma sensação prematura de completude”, o que enfraqueceria a motivação de
execução. A pesquisa com 63 pessoas, mostrou que as pessoas que não dividiram seus
planos com os demais tiveram maior probabilidade de realizá-los do que aqueles que
decidiram contar aos outros seus planos para ter apoio e aceitação. Por exemplo: Você
conta a alguém seu plano de se tornar um bem sucedido escritor. Nesse momento seu
cérebro se satisfaz com a ideia, e com isso aquele forte estimulo de tornar isso
realidade desaparece. Aquele desejo ardente de escrever horas e horas todos os dia,
estudar e dedicar a vida a isso, se esvai.

Em uma palestra no portal TED, Derek Sivers, corrobora essa ideia, ele explica em
síntese que assim que contamos a alguém sobre um novo plano, de imediato
recebemos uma dose muito forte de euforia. Principalmente quando somos
parabenizados e elogiados pelo ouvinte. Isso confunde o nosso cérebro, que pensa ter
realizado o próprio projeto. Nisso, tornamo-nos preguiçosos. Há ainda a questão
“espiritual” do tema, a crença de que se muitas pessoas souberem de seus planos,
você será alvo de muitas energias negativas, proveniente de pessoas invejosas que não
querem seu sucesso. Trazendo assim mais obstáculos entre você e seus planos. Contar
ou não contar, eis a questão!

Tommy sempre que conseguia, evitava contar segredos e planos. Em determinado


momentos da série, Ada espoe uma característica de dele: “Ele não conta nada”, diz
ela. Posteriormente é a vez de Polly dizer: “Tommy faz tudo sozinho”. Mesmo assim,
os poucos segredos que Tommy deixou escapar, foram os causadores dos principais
problemas que ele teve durante a série. Para finalizar, vamos relembrar mais um.

1º Temporada / Episodio 5

- Seu homem, Danny Owen, fala bastante quando está bêbedo. Disse que os Peaky
Blinders tem as armas. Roubadas da fábrica no fim da rua. Se gaba de
metralhadoras Lewis e munição suficientes para segurar as calças de Deus – diz
Malacki Byrne.
Tommy confia em Danny Whizz-Bang a missão de ir para Londres buscar informações
em Pubs. Confidencia a ele sobre o roubo das armas. Um belo dia depois de beber
muito, conta para os irlandeses que os Peaky Blinders estão com as armas. Resultado:
Umas das situações mais tensas da primeira temporada. Se você já assistiu, deve se
lembrar muito bem.
Origem Humilde e Preconceito – Capítulo 2

Tommy se intitulava como um exemplo de superação. De um cigano pobre a um dos


homens mais importantes de Londres, acreditava ser uma inspiração para aqueles de
origem semelhante a sua. Ele chegou aonde, segundo as regras de hierarquia social e
familiar, jamais poderia chegar.
Tommy era cigano, e sempre teve lidar com forte preconceito por isso. Na visão da
sociedade os ciganos eram uma escoria. Frans Moonen, no seu livro “Anticiganismo: os
ciganos na Europa e no Brasil”, explica: “Os ciganos apareceram na Europa Ocidental
somente a partir do início do Século 15. Os documentos históricos deixam claro que
muitos destes ciganos aparentemente tinham uma conduta pouco compatível com os
valores culturais europeus da época, pelo que, já no Século 15, começaram a ser
formados os primeiros estereótipos, segundo os quais os ciganos: 1) eram nômades,
que nunca paravam muito tempo num mesmo lugar; 2) eram parasitas, que viviam
mendigando ou aproveitando-se da credulidade do povo; 3) eram avessos ao trabalho
regular; 4) eram desonestos e ladrões; 5) eram pagãos que não acreditavam em Deus e
também não tinham religião própria. Por causa disto, em todos os países europeus,
sem exceção alguma, os ciganos passaram a ser violentamente perseguidos, e em
alguns países foram até exterminados. Cigano virou palavrão; ser cigano virou crime.”
Durante toda a série isso fica evidente. A família Shelby tinha que lidar com constantes
zombarias, discriminações e desmerecimentos.

1º Temporada / Episodio 2

- Cigano maldito, escória! – diz Billy Kimber a Tommy.

1º Temporada / Episodio 4

- Não me importa que tipo de operação cigana insignificante você comanda por
aqui – diz Malachi Byrne a Tommy.

1º Temporada / Episodio 4

- Seu cigano estúpido de merda – diz Maguire a Tommy.


2º Temporada / Episodio 4

- Por causa de algumas piadinhas e da Epsom, você resolve convidar uma tribo de
selvagens para a cidade e abre os portões do zoológico? – diz Sabine a Alfie
Solomon.

2º Temporada / Episodio 2

- Vocês são ciganos, não é? Você mora em uma tenda ou em uma caravana? – diz
Solomon zombando de Tommy. - Imaginava que você tinha uma argola de ouro
pendurada no nariz!

5º Temporada / Episodio 1

- Como foi que um homem como o senhor chegou a uma posição de confiança e um
local de poder e privilegio? – diz Lorde Suckerby a Tommy.

Seus adversários sempre o subestimavam por ser cigano. Acreditavam que por terem
origem mais nobre, eram superiores. Mas Tommy provou para eles que, o berço de um
homem não é indicador de sua superioridade.

5º Temporada / Episodio 6

- E sempre feliz em dar respostas sagazes a homens mais bem-nascidos que você –
diz Churchill.
- Um homem precisa provar que é melhor do que eu e não mostrar a certidão de
nascimento. Não tenho certidão, então significa pouco pra mim – responde
Tommy.

Churchill observou que apesar de Tommy ter origem cigana, se destacava entre os que
tinha nascido em berço privilegiado. Tinha “passado a perna” naqueles que nasceram
degraus acima dele na hierarquia social.
Tommy começou a ganhar tanto destaque, que constantemente levantava
questionamentos acerca de sua origem. Na presença dele, imaginavam que um
homem que se portava com tamanho brilho, obviamente tinha vinha de berço nobre.

3º Temporada / Episodio 3

- Estou curiosa. Qual era a profissão do seu pai? – questiona Izabella Petrovna.
- Bom, ele lia a sorte e roubava cavalos. Às vezes, ele dizia para um homem que o
cavalo dele seria roubado e todos ficavam impressionados quando isso acontecia –
responde Tommy.

Por exemplo, quando a monarca russa se deparou com Tommy, logo questionou sobre
sua família. “O pai dele deve ter sido um grande homem”, talvez pensasse a monarca.
Jamais imaginaria que Tommy era um cigano e que seu pai era um mero ladrãozinho.
Ele não provinha de uma família influente e com poder. Não era filho de uma mafioso
ou gangster poderoso. Tinha subido no ramo de atividades ilícitas e conquistado um
posto importante no parlamento, com seu próprio esforço. E isso lhe tornava mais
digno de admiração, tanto por parte dos criminosos como dos nobres.

2º Temporada / Episodio 3

- Estou curioso. Com o que você trabalha, Sr. Shelby? – questiona o funcionário do
leilão de cavalos.
- Importação e exportação. Mas eu também vendo amuletos e leio a sorte –
responde Tommy ironicamente.

Tommy não deixava ofensas preconceituosas o abalarem. Ás vezes até fazia piadas
com isso para debochar daqueles que tentavam o diminuir.
Ele também conquistou, não por privilegio herdado, mas por competência, o cargo de
líder da família Shelby.

1º Temporada / Episodio 2

- Da próxima vez quero falar com o chefe... quando eu digo o chefe, me refiro ao
Thomas – diz o agente Campbell.
Tinha conquistado o cargo de chefe da família Shelby, mesmo este não lhe sendo de
direito. Seu irmão Arthur por ser o mais velho, hierarquicamente tinha o direito e
dever de chefiar a família. Porém este posto foi de Tommy. E ele o conquistou por
competência.

1º Temporada / Episodio 2

- Ok, ele é o mais velho (Arthur). Você é o mais bruto (John). Mas falaram que o
chefe chama-se Tommy, suponho que seja você, pois me olha de cima a baixo
como se eu fosse uma vagabunda – diz Billy Kimber.

Mesmo sem saber qual dos três irmãos liderava a família Shelby, quando ficou frente a
frente com eles, Kimber descobriu de imediato. Era Tommy. A postura dele era de um
líder, não precisava nem abrir a boca para denunciar isso.
Assim, Tommy sempre quebrou os padrões sociais. Chegou aonde a sociedade dizia
que ele jamais poderia chegar. Tudo isso graças a sua competência.
Tommy foi abandonado pelo Pai, sua mãe cometeu suicídio, teve uma infância pobre,
quando jovem foi para guerra e teve o azar de fazer um dos piores serviços para um
soldado. Obviamente adquiriu muitos traumas emocionais. Tinha mil desculpas para
não ser ninguém, para ser um fracasso e terceirizar a culpa disto. Mas tomou outro
caminho, decidiu vencer na vida.

4º Temporada / Episodio 4

- Sr. Shelby, fabricas estão fechadas, minas estão fechadas, o carvão está
acabando. Já considerou a possibilidade de os comunistas vencerem? E você e eu,
traidores da nossa classe, sermos colocados contra a parede e mortos – diz Sr.
Devlin.
- Como homem de negócios considero todas as possibilidades. Mas Sr. Devlin, não
sou traidor da minha classe. Sou apenas um exemplo radical do que um
trabalhador pode alcançar.

Agora que era um grande empresário, Tommy não queria ser visto como inimigo da
classe trabalhadora, mas sim como um inspiração pra ela. Ele era uma prova de que
um homem, independentemente de sua origem, podia conquistar o que bem quisesse.
Talvez tivessem que usar meios radicais como ele, mas sua história confirmava que era
possível.
Adversidades – Capítulo 3

Tommy tinha uma habilidade invejável: Nunca perdia o foco, mesmo tendo que lidar
com diversos problemas. Durante todas as temporadas tinha planos bem definidos,
mas como era de se esperar, as coisas não ocorriam sempre como planejado.
Enquanto ia em busca do seu alvo, surgiam problemas, e tinha que lidar com eles
paralelamente. Martinho Lutero Semblano, no seu livro “Características de um
verdadeiro líder e suas diferenças para os líderes pro forma: Qual destes você decidirá
ser?”, diz: “Todo líder tem alvos claros e definidos. Alguns, porém, antes de alcança-
los, notam que começam a surgir problemas no caminho e, por isso, começam a
desanimar. Por isso, jamais deve tirar seu alvo do foco de sua mente, seu coração e sua
fé e, ainda que as dificuldade permaneçam, o líder verdadeiro não pode parar em sua
caminhada”. Era exatamente o que Tommy fazia. Em nenhum momento encontrou um
caminho aberto, totalmente desobstruído que levava ao seu alvo. Sempre teve
obstáculos no meio caminho. Vamos a alguns exemplos.

1º Temporada / Episodio 2

- Ele sabe que você é o chefe. Ele quer conhecer você – diz Polly.

Na primeira temporada, o objetivo de Tommy era derrubar Billy Kimber. Porém,


aparecem obstáculos no seu caminho. O principal deles é o agente Campbell. Mas
também tem que lidar com adversidades causadas por sua irmã Ada e pelo comunista
Freddie Thorne.

2º Temporada / Episodio 1

- Temos uma vaga vazia e você vai preencher – diz Irene O'Donnell.

Na segunda temporada, o único foco de Thomas era derrubar Sabine. Porém, o agente
Campbell surge novamente como obstáculo. Tommy é obrigado a fazer serviços e
resolver problemas que nada tinham a ver com seus planos.
3 Temporada / Episodio 1

- Nunca devíamos ter entrado nessa – diz Arthur Shelby.


- Não tive escolha – responde Tommy.

Na terceira temporada, Tommy está focado em sua empresa e no seu casamento.


Porém, se torna “escravo” de Churchill. Churchill salvou a vida dele, e agora o
manipulava. Novamente tem que resolver problemas que nada tinham a ver com suas
metas.

4º Temporada / Episodio 1

- Convocarei uma reunião extraordinária logo após o Natal. Ouvirá os apitos por
toda Birmingham. – diz Jessie Eden.

Na quarta temporada, Tommy tinha um único objetivo: Salvar toda sua família da
máfia Italiana. Mas, paralelamente a isso surge um problema, uma greve trabalhista
incitada por Jessie Eden que afetou diretamente seus negócios. Uma revolução
comunista assombra a estabilidade de sua empresa.

5º Temporada / Episodio 1

- O Michael não vendeu e continuou dançando, brincando e trepando na neve –


esbraveja Tommy.

Na quinta temporada, Tommy tinha vários problemas paralelos para lidar. Tinha que
recuperar dinheiro perdido na quebra da bolsa, e isso envolveu assassinatos,
transporte de ópio e lidar com os Billie Boys. Também tinha que focar na missão que,
por uma questão ética decidiu agarrar: A destruição do fascismo.

Tommy nunca teve um caminho livre de problemas enquanto buscava seus objetivos.
Nunca teve o privilégio de ter apenas uma coisa para focar a sua mente. Tinha que
resolver várias coisas ao mesmo tempo. Mas tinha a capacidade de não perder o foco
no que era principal. Por isso, não permitia que os problemas que surgiam no caminho
o fizessem desistir de seus planos. Por mais que seus objetivos tivessem ficado mais
difíceis de alcançar, não abandonava eles.

Por melhor que alguém trace um plano, deve ter consciência que irá lidar com
problemas inesperados ao longo de seu percurso. Saber lidar com os problemas é fator
chave para ter sucesso.

Derrota temporária ou fracasso


Em diversos momentos, os planos de Thomas deram errado e ele aparentou ter
fracassado. “A derrota é uma força destruidora apenas quando é aceita como um
fracasso”, diz Napoleon Hill, no seu livro “A Lei do Triunfo”. Essa era mentalidade de
Tommy. Apesar de sofrer incontáveis derrotas, sempre manteve a fé de que
conseguiria dar a volta por cima.

1º Temporada / Episodio 6

- Tommy, eu fiz algo terrível com você – diz Grace.

Na primeira temporada, foi ludibriado por Grace. Seu plano de negociar com Ca mpbell
caiu por terra, e o ataque surpresa as pistas de Kimber que planejou, deixou de ser
surpresa.

2º Temporada / Episodio 5

- Ou seja, o seu irmão pode pegar pena de morte e o seu primo pode pegar cinco
anos por incêndio criminoso. E para completar, sua organização está um caos em
Birmingham e em Londres – diz o agente Campbell.

Na segunda temporada, Tommy quase é morto por Sabine. Depois, perde os Pubs em
Londres e a aliança com Solomon. Arthur é preso, perde apoio da família, além de todo
Whisky que tinha enviado para Londres.
3º Temporada / Episodio 6

- Se o relógio de St. Andrews marcar cinco da manhã no dia do roubo e não trouxer
todas as joias que pedimos, vai ser o fim da linha para seu filho – ameaça o Padre
Hughes.

Na terceira temporada, falha em proteger seu filho, que acaba sendo sequestrado. Seu
plano secreto de roubar joias russas vem à tona. O acordo que fez para evitar a
explosão de um trem também falha.

4º Temporada / Episodio 2

- Arthur Shelby. Polly Gray. Michael Gray. John Shelby. Morto. Ada Thorne. E,
finalmente, Thomas Shelby – diz Luca Changretta.

Na quarta temporada, não consegue proteger toda família da máfia italiana, John é
morto. Em certo momento aparenta ter fracassado diante dos italianos.

5º Temporada / Episodio 6

- Talvez o tenha encontrado. Arthur, o homem que não posso derrotar – diz
Tommy.

Na quinta temporada, seu plano para matar Mosley falha. Além disso, é traído por
alguém que lhe é íntimo.

Tommy sofreu diversas derrotas temporárias ao longo da série. Muitas vezes seus
planos foram por água abaixo. Mas em nenhum momento encarou uma daquelas
derrotas como um fracasso total. Nunca jogou a toalha e se deu por vencido. Napoleon
Hill chegou à seguinte conclusão: “Não pode haver fracasso para o homem que
continua a lutar. Um homem não fracassa enquanto não considera a derrota
temporária como um fracasso.”
Hill continua: “Estudando os grandes homens, desde Sócrates e Jesus Cristo até as
grandes figuras dos nossos dias, tenho encontrado provas em apoio dessa teoria. O
triunfo de cada homem parece ser quase na exata proporção dos obstáculos e
dificuldades que ele tem de vencer.” Quanto mais Tommy “subia na vida”, mais
enfrentava obstáculos. Obstáculos materiais, psicológicos e emocionais. Toda pessoa
que não se contenta com uma vida comum, deve estar ciente que terá que enfrentar
grandes obstáculos. Há um cena na série que ilustra isso.

4º Temporada / Episodio 3

- Antes do senhor, eu era um trabalhador comum – diz Niall Devlin.


- É, e agora é um de nós – responde Tommy.

Essa fala é do gerente de uma das fabricas de Tommy. Tinha um grande emprego
(afinal trabalhava para o dono da cidade), mas começou a se ver em sérios riscos.
Tinha que lidar com greves e outras adversidades.

4º Temporada / Episodio 3

- Gerencio uma fábrica cheia de trabalhadores que foram a greve. Moro em uma
rua cheia de homens fazendo greve... Já me cuspiram, quebraram minha janela,
gasolina nas cortinas... Hoje, dois homens foram baleados e queimaram os corpos
no meu turno... - reclama Niall Devlin.

É, gerenciar a fábrica de Tommy era um grande cargo. Mas não era ideal para um
homem que queria ser “comum”. Era um emprego que envolvia riscos e diversos
contratempos. Aquele homem queria ser apenas um trabalhador comum, então nas
primeiras adversidades quis fugir dali e encontrar um emprego com menos problemas
para lidar. Existem dois tipos de pessoas, aquelas que anseiam levar uma vida comum,
e por isso evitam correr riscos que possam lhes trazer problemas, e aquelas que
aceitam o desafio de enfrentar grandes adversidade em busca de uma vida acima da
média.

Entenda o real tamanho do problema


Por vezes temos a tendência de tornar nossos problemas maiores do que são. Nestes
momentos é bom levar um “choque de realidade”. Ai é quando percebermos que
existem pessoas com problemas maiores em quantidade e gravidade. Em alguns
momentos na série, Tommy dá um choque de realidade em algumas pessoas, em
outros momentos é ele que o leva.

Temporada 5 / Episodio 2

-Lizzie. Estou num quarto e estão vindo me pegar. Mas tudo bem. Eu quero que
venham. Não quero saber de silencio. Ficamos lá em silencio e dizem: “Desculpe a
barulheira. Desculpe por toda essa... poeira. Desculpe pelo barro e pela merda
desse sangue”. E você diz: “Não peça desculpas. Não peça. É tudo que posso fazer
agora”. Quer que eu escreva isso? Quer que te escreva uma merda de carta? Eu e o
Arthur não podemos escrever... porque ainda não inventaram as palavras pra isso.
Não temos as merdas das palavras. É o pior é que... poderíamos ter ficado na
escola, mas fomos voluntários. E ainda não temos nenhuma palavra – diz Tommy.

Depois de receber uma carta de Lizzie com algumas reclamações, Tommy desabafa.
Isso ocorre na quinta temporada da série, momento onde Tommy está mais esgotado
emocionalmente do que nunca e luta para controlar tendências suicidas. Lizzie
certamente tinha problemas, porém nem se comparavam com os dele. Ele explica de
maneira confusa todo o tormento que habita em sua mente, e conclui: Eu também
queria escrever uma carta descrevendo meus problemas, mas ainda não inventaram as
palavras que possibilitam isso. A confusão em sua mente era tamanha, que não era
possível explica-la com precisão. Ele deu um choque de realidade em Lizzie. Ele tinha
mais adversidades que ela, e ainda assim era Lizzie que tinha escrito uma carta a
Tommy choramingando seus problemas.

5º Temporada / Episodio 5

- Barney, aqui tem ópio e cianureto. Vai parar seu coração. Nem verão a causa.
Você não vai sentir nada. Tome. Nunca vai sair daqui, irmão. Não pode usar as
próprias mãos. Ainda está lá nos tuneis. Posso te dar isso agora. Quer? – diz
Tommy.
- Não – recusa Barney Thompson.
- Por que não?
- Por que você trouxe a capsula? – questiona Barney.
- Você está aqui, Barney! Não tem mãos. Aqui não tem sol. E você não quer
morrer.
- Não quero, não. Porque um dia as coisas podem mudar.
- É. Tudo pode mudar – diz Tommy em tom pensativo.
Aqui foi Tommy que levou um choque de realidade. Foi visitar seu amigo Barney, que
se encontrava em condição deplorável. Tratado como um louco, estava sempre
envolto de uma camisa de força e dopado por remédios. Preso em um local parecido
com uma caverna, sem luz do sol ou qualquer companhia. Tommy concluiu que era
melhor morrer do que viver em tal situação, ainda mais porque era certo que Barney
ficaria ali para o resto da vida. Então levou até ele uma capsula mortal que o libertaria
de tudo aquilo. Tommy desejava constantemente a morte, via ela como um descanso
de todo aqueles tormentos, então concluiu que aquele homem em situação pior
também deveria desejar a morte com veemência. Porém fica pasmo. Barney não
queria morrer. Por que? Ainda tinha esperança que um dia tudo melhoraria. Quando
ouve isso, Tommy se inclina para atrás e pensa por alguns segundos. Com certeza
essas palavras tocaram fundo nele. Aquele homem com pouquíssimos motivo para ter
esperanças de se daquela situação, ainda mantinha a fé e o desejo de viver. Estava
preso como um louco, mas ainda tinha esperanças que um dia, talvez como que por
um milagre, tudo mudaria. Como Tommy, com infinitamente mais chances de reverter
as adversidades de sua vida, poderia se entregar ao suicídio? Por mais que tivesse
passando por um momento conturbado, principalmente em sua mente, tinha sim
chances de reverter isso. Evidentemente esse momento causou uma seria reflexão em
Tommy.
Outra pessoa que levou Tommy a uma reflexão foi Churchill.

5º Temporada / Episodio 6

- Às vezes, algumas noites, não sei porque continuar com isso – diz Tommy.
- É a mesma coisa de sempre. Apago um charuto e, uma hora depois, quero outro.
Ás vezes a ponte entre as horas é somente isso. Mas eu a cruzo assim mesmo. Uma
barraca, um barco, uma casa e agora uma mansão. É alguma coisa, não é? –
responde Churchill.
- Sim, é – concorda Tommy.

Churchill era um homem pelo qual Tommy parecia ter grande respeito. Neste dialogo
Tommy se mostra desmotivado a continuar enfrentando as adversidades que seu
estilo de vida o impunha. Churchill perguntou se a mãe de Tommy havia nascido em
uma barraca, ele lhe respondeu: “Minha avó em uma barraca, minha mãe num barco
no canal.” Então Churchill fez ele enxergar todo o progresso que sua família havia feito
para sair da “lama”, do qual Tommy foi imprescindível: “Uma barraca, um barco, uma
casa e agora uma mansão”. Sua linhagem começou em uma barraca e graças a ele
tinha chegado a uma mansão. Isso era algo fantástico. Esse foi um momento onde
Tommy foi induzido a refletir. Todos aqueles problemas que o atormentavam, foram
necessários para proporcionar um futuro melhor para sua família, por isso valia a pena
continuar a enfrenta-los.

Lado positivo dos problemas


Tommy encarava alguns problemas de forma positiva. Os enxergava como fatores
essenciais para o seu sucesso.

4º Temporada / Episodio 1

- São dez xelins por semana para mães comprarem sapatos para os filhos – diz
Jessie Eden.
- Eu não tinha sapatos. – responde Tommy.
- Então ninguém pode ter?
- Andar descalço me deixou forte.

Tommy tinha a consciência de que a infância dura que teve foi essencial para o
desenvolvimento de qualidades que o permitiram chegar aonde chegou. Essa casca
grossa que tinha para lidar com dificuldades, foi resultado dos problemas que teve que
vencer desde cedo. Longe de ver sua infância difícil com pesar e ficar se lamentando, a
enxergava como fator primordial para ser quem era hoje. Napoleon Hill ressalta isso,
ele diz: “Longe de ser uma desvantagem, a luta pela vida é uma vantagem decisiva,
pois serve para desenvolver todas as qualidades que se acham adormecidas no
indivíduo e que sem ela jamais despertariam. Muitos homens só encontraram o seu
lugar no mundo porque tiveram de lutar pela vida. A falta de conhecimento das
vantagens que resultam dessa luta tem levado muitos pais a dizerem: “Tive de lutar
muito quando moço, mas procurarei fazer com que meus filhos encontrem todas as
facilidades.” Pobres criaturas insensatas! As “facilidades” se transformam geralmente
em desvantagens. A falta de necessidade de lutar não somente conduz à ausência de
ambição e de força de vontade como também, o que é ainda pior, cria, no espírito do
indivíduo, um estado de letargia, que gera a falta de confiança em si mesmo.”

Tommy sabia que as dificuldades que enfrentou em sua infância, além das que
enfrentou no período da guerra, foram necessárias para que mais tarde pudesse
construir e liderar seu império. Em vez de se lamentar por eles, as enxergava deste
ângulo mais positivo.

Ele também conseguia aproveitar alguns problemas de forma produtiva.


5º Temporada / Episodio 6

- Fala muito bem na Câmara – diz Churchill.


- Obrigado - responde Tommy.
- E não acredita em uma palavra do que diz.
- A convicção traz a emoção, que é inimiga da oratória.
- Você lê literatura grega.
- Tenho problemas para dormir – conclui Tommy.

Um problema que atormentava Tommy era a insônia. Problema que podemos


perceber desde o início da série, logo na primeira temporada. Esse diálogo com
Churchill mostra como usou esse problema de uma forma produtiva. Já que não tinha
sono, lia. Aqui vemos referências a literatura grega, e em outros momentos da série
podemos observar outros autores, como Shakespeare e Freud. A leitura com certeza
foi primordial para o desenvolvimento de habilidades, como a oratória, esta elogiado
pelo próprio Churchill.

4º Temporada / Episodio 6

- Senhor Shelby, deveria estar descansando – afirma Frances.


- Aprendi algo, Frances. Nessa vida eu não posso descansar – responde Tommy.

Sempre que tirava uma “folga”, Tommy era atormentado por seus pensamentos.
Quando Arthur o obriga a tirar alguns dias de férias, isso fica evidente. Devido a esse
problema, trabalha mais do que qualquer um. Suas ambições são imensas e já que não
pode descansar, usa esse problema a seu favor. Está a todo momento produzindo.

Benção disfarçada
Durante a serie podemos notar que alguns problemas que Tommy enfrentou
acabaram por se tornar verdadeiras “bênçãos”. As dificuldades que foram surgindo no
meio do caminho, colaboraram diretamente para o seu sucesso.
2º Temporada / Episodio 1

- Você andou sendo examinado faz algumas semanas. E andei observando cada
passo que você dá. E foi por causa disso que eu consegui salvar sua vida – diz o
agente Campbell.

Vamos analisar o problema chamado “detetive Campbell”. No momento em que


ambicionava conquistar Londres, Campbell aparece como uma pedra no sapato de
Thomas. Este lhe obriga a realizar assassinatos, alguns destes extremamente
arriscados. Tommy não vê escolhe a não ser se submeter a ele. Porém, a aparição de
Campbell e todos os problemas que ele trouxe junto, no final valeram a pena. Quando
Tommy estava na mão de Sabine e com sua morte decretada, Campbell aparece e lhe
salva a vida, pois precisava dele vivo. Se o problema “Campbell” não tivesse aparecido,
Thomas estaria morto a muito tempo.
Postumamente, Tommy também tirou proveito desse problema. Conseguiu barganhar
com Churchill, já que estava realizando esses serviços a ele e a Campbell. Fez um
pedido aparentemente simples, uma licença Imperial para exportar peças de carro.
Churchill concedeu, e assim Tommy concretizou seu plano de exportar bebidas
alcoólicas para países com lei seca. Com a licença Imperial suas caixas não seriam
revistadas. Mais um vez esse problema no fim se tornou uma verdadeira benção.

4º Temporada / Episodio 4

- Fala pra ele que, quando tomarmos o poder, todos os meios de produção serão
dos trabalhadores. Indústrias essenciais serão controladas pelo Estado. A
prefeitura de Birmingham é um prédio belo, planejamos preserva-lo. isso vai
aconteceu – diz Jessie Eden.

Outro pedra no sapato de Tommy foi a ameaça de uma revolução Comunista. Isso lhe
trouxe muita dor de cabeça, com greves de funcionários, protesto e o risco de ver seu
império ser tomado. Porém esse problema acabou se tornando uma benção, no fim
lhe deu mais lucro do que prejuízo.
4º Temporada / Episodio 5

- Se eu ganhar a confiança de Jessie Eden, ela me dá o nome dos instigadores, eu


os entrego a coroa – diz Tommy.

Em vez de combater o partido Comunista, busca se aliar a ele. Por que? Recebeu um
contrato no valor de dois milhões de libras para passar informações ao exército
britânico, sobre as tais atividades comunistas. Aquilo que a princípio parecia ser um
obstáculo no seu caminho, se tornou um trampolim para a prosperidade dos seus
negócios. Por fim, com a confiança dos comunistas, conseguiu realizar sua ambição de
entrar na política e foi eleito membro do Parlamento de Birmingham. Isso era essencial
para que Tommy galgasse os próximos passos rumo a suas ambições.

Por enxergar sua adversidades do ângulo certo conseguia tirar proveito e até lucros
delas. Em cada problema via uma oportunidade.
Napoleon Hill afirma: “Toda derrota se transformará numa lição aproveitável se
conservamos os olhos e ouvidos bem abertos e quisermos aprender. A adversidade é
em feral uma benção disfarçada”.
Superstições – Capítulo 4

Logo na primeira cena da série, já nos deparamos com Tommy arquitetando um de


seus planos. A cena decorre da seguinte maneira: Tommy se dirige até uma rua onde,
segundo creem as pessoas, mora um feiticeira. Pede pela presença dela. Faz iss o a
vista de muitas pessoas que perambulam por ali. A tal feiticeira entra em cena e inicia
um ritual, soprando um pó avermelhado, parecendo colorau, no rosto do cavalo. As
pessoas ali logo começam a especular o motivo.

1º Temporada / Episodio 1

- Estão fazendo um feitiço para o cavalo ganhar a corrida – exclama um garoto.

Logo após a realização do ritual, Tommy dá um aviso a multidão.

1º Temporada / Episodio 1

- O nome do cavalo é Monaghan Boy. Em Kempton, ás três horas, segunda-feira.


Podem apostar, mas não contem para mais ninguém – diz Tommy.

Ele tem planos. Quer que todos, motivados por sua crença de que tal mulher tem
poderes sobrenaturais, se sintam confiantes em apostar no seu cavalo. Por fim usaria
essa superstição para ganhar muito dinheiro a custas dos “supersticiosos”.

Tommy vem de uma família de ciganos. Estes são conhecidos por um grande
conhecimento acerca de talismãs e amuletos e são totalmente envoltos por
superstições. Ele porém, se apresenta como um racionalista. Mostra pouco ou nenhum
interesse por assuntos metafísicos. Um exemplo disto ocorre na cena onde Arthur
questiona Tommy acerca da morte de John. Queria saber para onde John havia ido.

4º Temporada / Episodio 2

- Nem inferno e nem paraíso. Ele só não está mais aqui. É igual a Grace, Arthur.
Eles foram embora, só foram embora – responde Tommy.
Tommy parece alguém livre de tais questionamentos. Para ele a morte era “ir embora”
e ponto final. Tommy não acreditava em Padres, Bíblia e nem ao menos em Deus.

Via as superstições como uma fraqueza a ser explorada nas pessoas. Usa muito bem
essa arma de manipulação, como observado na primeira cena da série. Ele parece
partilhar a mesma opinião de Espinoza, um dos grandes filósofos e racionalistas do
século XVII, que afirmava que as superstições criam uma casta de homens que se
dizem portadores de um poder sobrenatural, divino, e da poder a eles para dominar a
massa ignorante. O medo, o sentimento da falta de controle ou conhecimento sobre
determinada situação, faz o homem se tornar vulnerável as superstições. Assim as
superstições sempre foram armas do estado e da religião para se manter no poder ao
manipular o povo.

Há mais um exemplo na série de como a superstição pode tornar alguém alvo de


manipulações.

2º Temporada / Episodio 1

- Bom... Na verdade, desculpe, não sei se ela morreu. Vim aqui para descobrir isso
– diz Polly Gray.

Polly visita uma cigana para realizar uma sessão médium. Quer obter informações
acerca dos seus filhos que estão desaparecidos. A cigana se diz capaz de contatar o
mundo dos mortos, e assim lhe passar as informações que queria. Polly sai de lá aos
prantos, devastada com a resposta que recebeu na sessão.

2º Temporada / Episodio 1

- Eu sei que manipulam o copo. Um homem, é primo dela. E manipula o copo, é um


truque. Eles confirmam o que você já acredita. Ela começou com isso após a
guerra, por causa das viúvas. Polly... eu achei melhor te avisar – diz Esme Shelby.

Mais tarde descobre que acabou virando motivo de zombaria, foi enganada. A cigana
manipulava o copo. Simplesmente dizia aquilo que ela queria ouvir, confirmava o que
Polly já acreditava ter sido informada por seres espirituais em seus sonhos.

Polly foi um exemplo claro de alguém pouco estável emocionalmente, com medo, com
dúvidas, e que recorreu a superstição. Por isso acabou facilmente manipulada, assim
como as pessoas que Tommy pescou com essa mesma isca.
1º Temporada / Episodio 2

- Então Monaghan Boy finalmente perdeu – diz Polly.


- Na terceira vez, deu azar. Pegamos dinheiro da cidade toda – responde Tommy.

Ele conseguiu com sua feitiçaria, induzir a cidade inteira a apostar no cavalo, por mais
de um vez, e por fim o cavalo com “poderes sobrenaturais” perdeu e junto com ele
toda a cidade.

Há um estudo feito por Ping Dong, professora assistente de marketing da Kellogg


School, que chegou à conclusão de que, os indivíduos que acreditam ter a vantagem
de um ato supersticioso (no caso do estudo foi cruzar os dedos) estavam mais
propensos a assumir riscos, enquanto os participantes sem um amuleto supersticioso
eram mais propensos a agir de forma inversa.

Os pesquisadores também fizeram perguntas mais detalhadas aos participantes sobre


o quanto haviam pensado antes de tomar uma decisão, bem como se tinham se
concentrado mais em sua probabilidade de ganhar ou no resultado da aposta.

Os resultados mostraram que os participantes envolvidos em atos supersticiosos


pensaram menos seriamente até chegar a uma decisão. Além disso, também se
concentraram mais intensamente no resultado final da apos ta—ganhar ou perder
dinheiro—e menos na probabilidade do ganho ou perda.

Isso mostra como uma superstição pode levar alguém a tomar decisões pouco
racionais e tolas. Mas será que as superstições podem de alguma maneira serem
benéficas?

O psicólogo americano Stuart Vyse que estuda o efeito de superstições em nosso


comportamento, diz: “Pessoalmente, penso que é ok fazer certas superstições. Desde,
claro, que saibamos que elas não fazem sentido. Devemos ter a noção de que elas não
possuem lógica, mas, mesmo assim, fazemos para nos sentirmos melhores. O exemplo
do lutador é ótimo, ele pratica todo dia, faz exercícios com uma finalidade. Porém, na
hora da luta, não há nada mais que ele possa realizar para se preparar para o que está
por vir. E tem aqueles minutos que ele precisa esperar antes de iniciar a luta. Deve ser
um momento de muita ansiedade mesmo. Aqui, a superstição seria como qualquer
ritual que preenche o tempo e dá o foco naquilo que ele fará daqui a pouco. Não
temos boas evidências quanto a isso, mas a superstição pode até melhorar a
performance no ringue. Não porque ela é mágica, mas por ter esse benefício
psicológico durante a preparação”. A superstição pode de certa maneira trazer
benefícios psicológicos. Isso traz a mente outra cena da série.
3º Temporada / Episodio 3

- Disse pra eles porque vamos para Gales? – questiona Johnny Dogs.
- Não. – responde Tommy.
- E vai me contar porque vamos para Gales?
- Vou. Quando nós chegarmos.

Tommy se dirige a Gales em busca de uma cigana. Sua esposa Grace foi assassinada
por um Italiano, que ao tentar atirar em Tommy por vingança, acabou acertando ela.
Desde então ele é atormentado pelo sentimento de culpa, pois sabia que esse desastre
foi consequência de decisões tolas tomadas por ele. O sentimento de culpa estava o
impedindo de dormir e trabalhar, e isso não poderia continuar assim.

3º Temporada / Episodio 3

- Tenho um filho. Tenho uma empresa. Eu preciso dormir – diz Tommy.

Tommy carrega grandes fardos. Tem uma empresa a gerenciar e tem que cuidar e
proteger sua família. Precisa voltar a dormir, se não todo seu negócio iria pelo ralo.
Então tem uma ideia. Quando Grace foi assassinada, usava em seu pescoço uma joia
que, segundo a duquesa Russa Tatiana Petrovna, era amaldiçoada por uma cigana.

3º Temporada / Episodio 3

-Quer que eu te diga que essa joia é amaldiçoada e que a morte dela não foi culpa
sua – diz a Madame Boswell.

Ele foi em busca do conforto de uma superstição, queria o benefício psicológico que
está o poderia proporcionar. Queria acreditar que, a morte de Grace não foi culpa sua,
mas sim de um amuleto amaldiçoado que ela portava. Acreditando nisto, poderia se
livrar do sentimento de culpa, voltar a dormir e trabalhar. Tommy tentava enganar a si
mesmo.

Pode ser que ele tenha conseguido amenizar por um tempo o sentimento de culpa,
mas o fato é que ainda havia em sua mente resquícios dele. As aparições que vez por
outra via, provavam isso. Em sua mente Grace ainda voltava para o acusar e dizer
coisas tais como: “Não foi a joia Tommy, foi você”. Mas o fato é que ele foi em busca
dos efeitos psicológicos que a superstição poderia lhe proporcionar. Mais tarde ele
afirmou que vê a religião como: “uma resposta idiota, a perguntas idiotas”. Mas
mesmo achando a religião algo “idiota”, as vezes sentia falta do que a religiosidade
poderia lhe proporcionar.

5º Temporada / Episodio 4

- Agora que fazemos negócios, devo perguntar: é católico ou protestante, Sr.


Shelby? – questiona Jimmy McCavern.
- Não tenho religião. Há noites que gostaria de ter – responde Tommy.

Tommy desejava aquilo que Nietzsche chama de “muleta metafisica”, que representa
o corpo fraco apoiando-se sobre alguma coisa para diminuir seu sofrimento. Queria
extrair da cigana exatamente isso. Ele fez exatamente o que Stuart Visy disse:
“Pessoalmente, penso que é ok fazer certas superstições. Desde, claro, que saibamos
que elas não fazem sentido. Devemos ter a noção de que elas não possuem lógica,
mas, mesmo assim, fazemos para nos sentirmos melhores.” Ele sabia que aquilo não
fazia sentido, não tinha logica, mas o faria sentir-se melhor. Até Tommy, o mais
racional de todos, foi em busca da superstição.

O apego a certas superstições parece um impulso natural de todos nós. Na série e nos
estudos citados acima, fica evidente o quão isso pode ser maléfico. Podemos nos
tornar presas fáceis de maldosos manipuladores. Também podem nos levar a tomar
decisões sem calcular os verdadeiros riscos e assim aumentar nossas chances de errar.
Porém, podem de algumas maneiras ser benéficas também.
As lições que conseguimos extrair na série acerca das superstições, em resumo são:

1º Tomar cuidado, principalmente nos momentos de instabilidade emocional, com as


superstições. Nesses momentos ficamos inclinados a acreditar em coisas absurdas e
podemos acabar vítimas de pessoas mal intencionadas.

2º É possível usar as superstição de maneira racional, colhendo assim benefícios


psicológicos.

3º Por último um aprendizado de certa forma politicamente incorreto: Se quiser


manipular alguém, usar as superstições dessa pessoa, é uma boa forma de fazer isso.
Decisões Sob Pressão – Capítulo 5

Quando Tommy entrava em contato com uma alta carga de tensão, não era apenas
capaz de agir fisicamente por impulso, mas também de raciocinar friamente. Tinha a
capacidade de criar planos que beiravam a genialidade, mesmo em meio ao caos. Pode
ser que no período de guerra desenvolveu ou evoluiu tal habilidade. Afinal, nos meios
militares, as pessoas que se saem bem sob pressão são reconhecidas e promovidas, e
Tommy podia ostentar medalhas honrosas.

É fato que, após receber alta carga de tensão, a ansiedade e o estresse que a
acompanha, reduzem a capacidade de concentração e foco. Raciocinar e executar com
exatidão se torna um desafio. Isso é comum a todo ser humano. Porém aquele que
consegue agir habilmente nessas situações, é porque tem a capacidade de se
recuperar rapidamente após receber uma alta carga de tensão. Já aquele que não
possui tal capacidade, fica por longo tempo aturdido, e acaba não conseguindo ter
uma ação efetiva e imediata. São aqueles que se entregam ao desespero, gritos, choro,
pânico e ficam paralisados pelo medo.

Iremos analisar duas cenas que atestam a capacidade de Tommy, mesmo sob pressão,
ter ideias geniais.

3º Temporada / Episodio 6

- Estamos com seu filho – diz o Padre Hughes – Também sabemos que você está
cavando um túnel. Buscando pedras preciosas embaixo da Wilderness House.

O primeiro momento se situa na terceira temporada. Tommy está pressionado, seu


filho foi sequestrado e se ele não agisse com destreza, perderia ele. A pressão era tão
grande, a ponto de fazê-lo vomitar de nervoso. Tinha poucas horas para pensar e agir
com precisão. Primeiro precisava dar luz a um plano que permitisse encontrar quem o
traiu, então extrair dessa pessoa informações sobre a localização de seu filho. E
segundo, tinha que cavar um túnel (que em situações normais demoraria alguns dia
para ser escavado) em poucas horas. Ai temos um adendo, além de ter que cavar um
túnel em tempo recorde, tinha que encarar o seu maior trauma de guerra. Isso com
certeza tornou a mente de Tommy uma panela de pressão. Eram múltiplas questões a
serem resolvidas, sob grande pressão e curto tempo.
3º Temporada / Episodio 6

- Você esqueceu de um nome, Alfie. Eu já falei com meus contatos no setor


joalheiro. Vendedores experientes. Eles me disseram que só tem três homens na
Inglaterra com esposas obcecadas por Fabergé. Eles são ótimos clientes. Esqueceu
de pôr o mais rico na lista – diz Tommy.
- É, bom, se você já sabia, porque me fez vir de Londres até esse buraco aqui, meu
amigo? – responde Alfie Solomons.
- Dois motivos. Primeiro. Se você omitiu um nome que você obviamente sabia,
provou pra mim que você que fez um acordo com os Odd Fellows. Foi você que
contou pra eles sobre o túnel. Contou para eles sobre a porra do acordo com os
soviéticos. Segundo. O nome que você omitiu deve ser do meu inimigo, se não
fosse, você não o protegeria. Agora, posso usar esse homem.

Em uma das cenas mais épicas da série, Tommy esbanja toda a sua genialidade.
Conseguiu manipular facilmente, um homem tão inteligente como Solomon.
Desconfiava que Solomon era o traidor. Mas não conseguiria que ele confessasse
espontaneamente. Não irei descrever aqui o passo-a-passo do plano de Tommy, mas
em um tacada só, conseguiu que Solomon o confessasse rapidamente, sem ao menos
perceber que o tinha feito. Ainda conseguiu colher dele, sem que ele também o
percebesse, informações que tornaram possível rastrear o paradeiro de seu filho. Foi
um plano genial, construído não com muita meditação, reflexão e tempo, mas sob
extrema pressão. Administrou a alta carga de tensão e atuou no alto do seu potencial
mental e físico. Passemos para a próxima cena.

4º Temporada / Episodio 6

- Feche as portas! Ninguém vai sair daqui! Meu irmão morreu! Me ouviram? O
meu irmão morreu! – diz Tommy.

A aparente morte de Arthur pegou a todos fãs da série de surpresa. A reação de


Tommy, pareceu comum diante da situação. Ficou extremamente perturbado. Em
público, começou a atirar para cima e gritar que ninguém sairia dali. Tinha sido traído
por Solomon, tinha perdido seu irmão e estava aparentemente rodeado de inimigos
Italianos infiltrados. A princípio se aparenta que Tommy está totalmente perdido e
perturbado.
Temporada 4 / Episodio 6

- O Arthur foi ferido, mas ele está bem, Polly. Precisamos faze-los crer que ele
morreu. Para todos, exceto você, eu e Linda, Arthur Shelby está morto. Já planejei
tudo, podemos usar a morte dele para ganhar esta guerra – diz Tommy.

Mas toda a reação era fachada, era fruto da genialidade de Tommy. Diante do Caos,
deu à luz um plano que permitiu vencer uma guerra que já lhe parecia perdida. Não
podia ser mais caótica a situação, estava em um ambiente cheio de inimigos e
traidores escondidos em meio à multidão, com seu irmão quase morto em seus
braços. Durante toda aquela tormenta, onde seria comum uma pessoa entrar em
colapso físico e psicológico, ele conseguiu controlar a pressão e enxergar uma
oportunidade incrível. Se tivesse entrado em estado de choque, assim como Polly
entrou ao saber que Arthur estava ferido, não conseguiria agir com essa genialidade.
No momento mais conturbado da Vendetta, foi onde encontrou a solução para vence-
la.

Cada um lida de maneira diferente com situações de pressão. Mas a verdade é que
ninguém tem seu melhor desempenho nessas circunstâncias, mesmo as pessoas bem-
sucedidas. Apesar disso, Tommy ainda conseguia ter resultados surpreendentes.
Otimizar o Tempo – Capítulo 6

Esse habito foi imprescindível para o sucesso da Companhia Shelby LTDA. Tommy
conseguiu galgar os degraus do sucesso com uma velocidade impressionante, e esse
fato se deve a duas características dele:

1º - Evitava perder tempo com coisas desnecessárias.

2º - Utilizava tempo ocioso de forma produtiva.

Desperdiçar tempo
Tommy era um agente de apostas em corridas e queria evoluir neste ramo. Ambiciona
que os negócios da família que a princípio são ilegais, sejam legalizados. Esse é o
objetivo principal que pousa sobre a mente dele nas primeiras temporadas da série.
Tendo convicção daquilo que quer conquistar, começa a desenvolver hábitos que o
permitiam ter foco e ser mais produtivo. Um desses hábitos é revelado por Tommy em
um breve dialogo que tem com a sua Tia Polly.

1º Temporada / Episodio 2

- Você não lê o jornal Tommy? - indaga Polly.


- Apenas a sessão de corridas – responde ele.

Entre dezenas de conteúdos que compunham o jornal, se apegava a apenas um:


Sessão de corridas. Os demais dispensava. Tommy tinha como regra para si o seguinte
princípio descrito por Napoleon Hill, no seu livro “A Lei do Triunfo”: “Todos os fatos
que se podem usar para a consecução do objetivo principal definido são importantes e
de relevo; todos os que não servem para esse fim são sem importância e sem
destaque”. Quando perguntaram a Michelangelo, uns dos maiores gênios da arte em
toda a história, como ele produzia tão belas esculturas, ele respondeu: “Como faço
uma escultura? Simplesmente retiro do bloco de mármore tudo que não é necessário”.
O segredo da obra de arte de Michelangelo era a remoção do supérfluo.

Tommy sabia que não era só a ausência de informação podia ser prejudicial, mas
também o excesso dela. Entendia que informação em excesso apenas lhe atrapalharia.
Nos tempos atuais, onde existe abundancia de informação, o que pode impedir
alguém de fazer da sua vida uma “obra de arte”, pode não ser a escassez de
informações, mas o excesso dela.
Thomas sabia a importância de sempre estar bem informado, então, para não perder
tempo e energia com informações que não lhe seriam uteis, tinha que filtra-las. O que
permitia ser certeiro nas informações que acessaria, era saber exatamente o que
buscava. Napoleon Hill afirma algo sobre isso, ele diz: “Enquanto não escolhe um
propósito definido na vida, o homem dissipa energias e dispersa pensamentos s obre
diversos assuntos e em variadas direções, que não conduzem ao poder, mas à
indecisão e à fraqueza”. Hill continua: “Com a ajuda de uma pequena lente podemos
aprender uma grande lição, com a lente podemos focalizar os raios do sol sobre um
ponto definido, de maneira tão forte que o seu calor poderá abrir um buraco numa
tábua; sem a lente (que representa o propósito definido) os mesmos raios de sol
podem incidir sobre a mesma tábua durante 1 milhão de anos sem queimá-la.”

Tommy tinha bem definido para si seu objetivos, por isso não era induzido a mudar de
ideia a todo momento. Alguém que não tem certeza do que quer, é mais propenso a
escutar informações sobre tudo, pois ainda está em busca de um proposito. Esse não
era o caso de Tommy.

Hoje é sabido que o excesso de informação pode ser prejudicial de outras maneiras.
Em entrevista a um grande portal, o médico psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello,
do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que o excesso de
informações pode gerar sequelas e problemas como a síndrome de burn out, condição
que leva ao esgotamento do corpo e da mente. Fica evidente que o contato com
demasiada informação, pode levar o cérebro a exaustão, comprometendo a memória
e a cognição. Outro motivo para filtrarmos o que irá habitar em nossa mente.

Outro habito claramente observável em Tommy, é o de evitar conversas


desnecessárias. Para ele era como uma tortura ter que perder tempo com uma
conversa supérflua.

3º Temporada / Episodio 2

- Meu Deus. Tem o diabo dentro de você, não é? – questiona o Padre Hughes.

Tommy se encontra com o Padre John Hughes para uma reunião com membros da
“Sessão D”. Estes acabam atrasando muito. Enquanto isso o Padre resolve “jogar
conversa fora”. Tommy fica tão agoniado e impaciente, que o Padre exclama: “Meu
Deus, você tem mesmo o diabo dentro de você”!

Quando Tommy percebia que seria necessário um longa conversa, para conseguir
descobrir quais eram as reais intenções de alguém, já partia para o “resumo”.
2º Temporada / Episodio 4

- Quer trepar comigo, Sra. Carleton? – questiona Tommy.

É aquela cena clássica com May Carleton. Tinha acabado de conhece-la e questionou
sem pensar duas vezes: “Quer trepar Sra. Carleton?”. Depois de Carleton quase cuspir
o Gin que estava bebendo e indagar se ele falava assim com toda mulher que acabara
de conhecer, Tommy explica: “Só quando eu não sei o que elas querem.”

Tommy era tão objetivo em suas conversas, que até dispensava os bons modos.

4º Temporada / Episodio 1

- Você alega que há uma diferença salarial baseada em sexo – diz Tommy.

Primeira reunião entre Tommy e Jessie Eden. Quando ela adentra a sala, Tommy de
imediato indaga: “Você alega que há uma diferença salarial baseada em sexo”. Ela se
assusta um pouco, pois era a primeira vez que se encontravam, e ele não fez questão
de cumprimenta-la ou de se apresentar.

4º Temporada / Episodio 1

- Recebi um cartão, Ada. Acho que Arthur e John Também – diz Tommy.
- Olá, Tommy. Olá, Ada, bem-vinda a casa. Obrigada, é bom voltar – responde Ada
ironicamente.

No mesmo episódio, Ada vai na casa de Tommy para comemorar o natal. No momento
em que ela adentra a sala, ele diz de imediato: “Recebi um cartão, Ada. Acho que
Arthur e John Também.” Ada responde de forma irônica, fazendo piada com esse
habito dele de ir direto ao assunto, dispensando cordialidades.

4º Temporada / Episodio 2

- Sr. Shelby. Soube que perdeu alguém – diz Jessie Eden.


- Estou aqui para discutir negócios – retruca Tommy.
Jessie Eden se reúne com Tommy novamente. Sabendo que ele estava de luto, Eden
ensaia dizer algo para demonstrar empatia. Ele não deixa, interrompe e diz que quer ir
direto aos negócios.

4º Temporada / Episodio 1

- Como vai sua mãe? Passei na frente da casa dela, a calha estava dependurada –
diz Tommy.
- Olha, a cocaína me deixa acordado. Trabalho muito ultimamente. Quando
durmo, sonho com o que houve – responde Michael.
- Não perguntei de você, Michael, perguntei? Perguntei da sua mãe.

Tommy faz um pergunta objetiva a Michael. Ele porém começa a falar sobre um
assunto paralelo, do qual Tommy não estava interessado. O interrompe de imediato,
não quer saber sobre a vida pessoal de Michael, quer a informação que pediu e apenas
ela.

Talvez Tommy seja exagerado demais quando a questão é ser objetivo. Mas se
adicionarmos um pouco de “equilíbrio” ás ações de dele, podemos extrair uma lição
valiosa. Não há dúvidas, principalmente na atualidade, que bate-papos desnecessárias
estão entre as principais maneiras de desperdiçar o tempo. "Os usuários de internet
agora passam mais de seis horas online por dia, e um terço desse tempo é dedicado às
redes sociais", disse Chase Buckle, gerente de tendências da empresa GlobalWebIndex.
A pesquisa da GlobalWebIndex apontou que o Brasil é 2º em ranking de países que
passam mais tempo em redes sociais.

A necessidade de interagir desnecessariamente em rede-sociais, é uma grande


armadilha que subtrai o tempo de milhões de pessoas hoje. As vezes o indivíduo não
participa da conversa, mas dedica seu tempo em ser espectador da conversa de
terceiros em rede sociais.

A conclusão é: Tommy zelava pelo seu tempo. Quando iria ler ou conversar, sempre
dava preferência para aquilo que girava em torno de propósitos. Se não, era
descartável para ele.

Ócio produtivo
Como podemos notar por toda serie, Tommy é extremante focado em seu trabalho.
Para ele trabalhar não era um estorvo, mas ficar ocioso era.
4º Temporada / Episodio 6

– É hora de tirar férias, Tom – afirma Arthur Shelby.

Depois de uma longa e extenuante guerra com a máfia italiana, Arthur sugere que
Tommy descanse, tire umas férias. Ele aceita a proposta. Vai jogar golfe, pescar e
descansar na sua residência. Resultado: Quase surta. “Mente vazia, oficina do diabo”,
assim era com Tommy. Os momentos ociosos eram uma verdadeira tortura para ele.
Ele fazia de tudo para evitar que sua mente ficasse desocupada. Porém, durante alguns
momentos, foi obrigado pelas circunstancias a ficar ocioso. Diante dessas situações,
preso a ociosidade, é interessante como ele reagiu.

3º Temporada / Episodio 5

– Quando eu estava no hospital, bolei um plano... – diz Tommy.

Depois de apanhar muitos dos capangas do Padre Hughes, Thomas fica hospitalizado.
Aparentemente pelo período de três meses. Logo após se recuperar, convoca seus
irmãos e afirma que usou esse tempo para construir um plano.

4º Temporada / Episodio 4

– Ele está ficando louco preso aqui, é isso. Como uma vespa num copo de cerveja -
diz Charlie Strong.

4º Temporada / Episodio 4

– Meu Deus, Tommy. O que é isso? Um hobby? – indagou May Carleton


- Não, não tenho tempo para um Hobby – diz Tommy – Não é um hobby, está mais
para um empreendimento.
Devido a guerra com Italianos, Tommy não pode sair de Small Heath. Fora dali correria
risco de vida. Em Small Heath não havia tanta coisa que pudesse fazer, sobrando-lhe
tempo ocioso. Leva May a sua destilaria e mostra como está usando seu tempo. Estava
em busca de produzir um Gim, que lhe traria muito dinheiro na América. Mesmo preso
naquele lugar, nenhum minuto ali seria desperdiçado, usaria todos eles de modo a lhe
renderem bons lucros.

Logicamente, Tommy era desequilibrado. O ócio lhe perturbava, e isso é reflexo de


alguém que não era saudável. Mas se adicionarmos novamente um pouco de
“equilíbrio”, conseguimos tirar uma lição valiosa. "O homem que tem coragem de
desperdiçar uma hora do seu tempo não descobriu o valor da vida”, afirmou Charles
Darwin.

Outro problema que levava Tommy a ter momentos ociosos era a insônia.

5º Temporada / Episodio 6

- Lê Literatura grega - supõe Winston Churchill.


- Tenho insônia– confirma Tommy.

Tommy converte as horas de insônia, em horas de leitura e aprendizado. Ele tem boa
oratória, digna de admiração até por Winston Churchill. E essa habilidade também é
proveniente de aprendizados que extraiu da literatura grega. Na quinta temporada
também conhecemos outros livros que fazem parte da biblioteca de Tommy, são: “A
interpretação dos sonhos” de Sigmund Freud e “Rei Ricardo II” de Shakespeare.

Os dois probleminhas que o perturbavam, a insônia e a impossibilidade de “tirar


férias” se tornaram fatores importantes no seu sucesso, pois os utilizou de forma
construtiva quando falamos do seu objetivo definido. Novamente, Tommy é um caso
extremo e nada saudável, mas usando um bom filtro, é possível aprender lições e
desenvolver hábitos valiosos. Por exemplo: Um levantamento do Ibope, a pedido da
Rede Nossa São Paulo, divulgado em 2016, diz que um morador da capital (São Paulo)
perde 45 dias a cada ano para fazer todos os deslocamentos diários, como ir e voltar
do trabalho, ir e voltar do hospital ou da academia, deixar e buscar os filhos na escola.
O tempo médio gasto no trânsito por dia para realizar a totalidade dos deslocamentos
ficou em 2h58min. Esse é um dos exemplos onde, em nosso dia-a-dia muitas vezes
somos forçados ao ócio. Identificando tais momentos, podemos assim como Tommy
torna-los produtivos.

Quer ser mais produtivo? Tommy Shelby te ensina: Nada de gastar tempo com
informações e conversas pouco produtivas, e transforme tempo ocios o em tempo
produtivo.
Drogas – Capítulo 7

Cigarro, cigarro, cigarro e cigarro! Talvez ao ler o título, foi a primeira coisa que surgiu
a mente de quem é fã da série. Realmente, a serie a primeiro momento parecer ser um
culto ao cigarro. Porém, apesar da nicotina ser a droga mais utilizada durante a série,
não iremos falar sobre ela, bem, pelo menos não agora.

O objetivo aqui é analisar qual a visão de Thomas Shelby acerca do uso de drogas. Ele
parece seguir algumas “diretrizes” quanto ao seu uso. Também vamos analisar como
essas “diretrizes” foram sendo abandonadas no decorrer da série, conforme a mente
de Tommy ia colapsando.

Nas primeiras temporadas raramente se vê Tommy usando qualquer tipo de droga


(reforço que estou ignorando o uso do cigarro) durante o dia, quando está se dedicado
a sua empresa e a elaboração de seus planos. Umas das leis de Tommy era: Nada de
uísque durante o trabalho.

1º Temporada / Episodio 2

- Queria uísque também? – questiona a garçonete.


- Não. Só cerveja – responde Tommy.
- Por que uísque não, Tommy? Está esperando confusão? – desconfia Arthur.

No cair da noite, Tommy fica na expectativa de receber uma visita. Por isso enquanto
todos bebiam uísque em The Garrison Pub, Tommy não bebe. Fez isso pois previa que
teria uma negociação importante. No episódio quatro desta mesma temporada,
acontece o casamento de John. Enquanto todos estão embriagados, Tommy aparece
sóbrio e aparentemente não está bebendo. Talvez porque sabia que aquele casamento
fazia parte dos “negócios”.

2º Temporada / Episodio 4

- Nada de uísque. Amanhã ele trabalha. Dá uma cerveja preta pra ele – diz Tommy.

Festa de comemoração dos 18 anos de Michael e também de sua admissão na


Companhia Shelby. Porém Tommy o proibi de tomar uísque, pois ele iria trabalhar no
outro dia. Ainda neste episódio, Tommy reúne a família para falar sobre contrabando
de uísque. Pede que todos experimentem o uísque, Arthur até se empolga e repete a
dose, mas Tommy não aparece dando um gole sequer.

2º Temporada / Episodio 2

- Qual você quer, branco ou integral? – diz Solomons.

Tommy encontra Solomons pela primeira vez. Solomons lhe questiona se gostaria de
experimentar o rum que ele produzia. Tommy não poderia ser descortês, por isso
aceita. Mas ao receber o copo cheio, dá apenas um pequeno gole e o elogia.

2º Temporada / Episodio 2

- Bom, o rum é só para se divertir e trepar, não é? Mas o uísque, ai sim, o uísque é
para negociar – diz Solomons.

Logo após, Alfie Solomons tenta empurra bebida para Tommy novamente. Dessa vez,
ao sentarem na mesa de negociação, oferece uísque. Thomas rejeita: “vamos
conversar primeiro, que tal?”, diz ele.

2º Temporada / Episodio 6

– Não tomem nada além de cerveja. Vocês terão tempo suficiente para rum e
uísque depois – orienta Tommy.

Tommy dá orientações sobre o plano para tomar as pistas de Sabine, uma das ordens
era: “Nada de Rum ou uísque, apenas cerveja”.

Tommy é extremante rígido acerca do consumo de bebidas alcoólicas durante o


trabalho. Rejeita totalmente a utilização de uísque, enquanto permite em algumas
ocasiões, que se beba cerveja. É fato que há uma grande diferenças entre bebidas
destiladas (uísque e rum) e bebidas fermentadas (cerveja). A maior delas talvez seja o
teor alcoólico. Enquanto a cerveja tem em média um teor alcoólico de 5% a 11%, o
uísque tem em média de 40 a 75%.
Um estudo divulgado na publicação acadêmica de medicina BMJ Open indica que as
bebidas também proporcionam diferentes efeitos. A pesquisa indica que a cerveja traz
um sensação de relaxamento. Já os destilados a sensação de energia, confiança e
agressividade. Mas a única coisa que sabemos pela boca do próprio Tommy, sobre o
que ele pensava acerca do uísque, era: “Uísque é o Soro da verdade”. Tom acreditava
que o uísque tinha a capacidade de fazer pessoas confessarem coisas, que sóbrias
jamais diriam. Por isso nunca o usava em serviço e principalmente em negociações.

Agora vamos analisar outra concepção de Tommy acerca das drogas.

1º Temporada / Episodio 4

- Por que razão quer fumar isso? – questiona Tommy.


- Pela mesma que você, dor de cabeça – responde John.

2º Temporada / Episodio 2

- Arthur. A coca é combustível para as corridas, viu? Você já viu como uma cavalo
drogado fica depois da corrida – diz Tommy.
- Já vi – responde Arthur.
- É só para grande aberturas e corridas, meu irmão – conclui Tommy.

3º Temporada / Episodio 4

- Você tem cocaína? – indaga Tommy.


- Não – responde Ada.

Durante a primeira temporada é exposto a luta de Tommy contra seus traumas


deixados pela guerra. Toda noite tem dificuldades em pegar no sono, parece que
sempre no momento onde ele pode relaxar sua mente, as coisas pioram. Para ele se
faz jus aquele ditado: “Mente vazia, oficina do Diabo”. Além das dificuldades em pegar
no sono, quando o faz, é atormentado por pesadelos.
3º temporada / Episodio 3

- Tenho um filho. Tenho uma empresa. Eu preciso dormir – diz Tommy.

Tommy sabia que uma boa noite de sono era essencial para seu bom rendimento físico
e intelectual no trabalho. Visando isso, ele recorria ao ópio. Não era para se divertir,
não o usava em nenhum momento durante o dia. Usava com um único e exclusivo
objetivo: Dormir bem para conseguir manter um alto desempenho durante as suas
atividades. Interessante que o único dia em que não precisou de ópio para dormir e
que não teve pesadelos durante a noite, se deu quando dormiu com Grace. Tommy
encontrou nela a “cura”.

Logo depois na segunda temporada nos deparamos com outro momento interessante.
Tommy aconselha Arthur, sobre o uso de cocaína. Deixa bem claro que acredita que a
cocaína deve ser usado apenas em “grandes aberturas e grandes corridas”. A cocaína
melhora o estado de alerta, os movimentos, acelera os pensamentos, tira o sono e
suprime o apetite. Da uma sensação de poder, força e euforia.

Tommy tem ciência que a primeiro momento a cocaína poderia parecer extremamente
benéfica no caso de Arthur, afinal ele estava com sérios problemas psicológicos e
Tommy não conseguia contar com ele como gostaria. Mas a longo prazo o efeito dela
seria danoso. “Já viu como ficam os cavalos depois da corrida?”, diz Tommy. Ele não
queria que Arthur se tornasse dependente da cocaína para enfrentar as tarefas do dia -
a-dia. Porém, isso acabou acontecendo, logo depois Arthur já estava viciado, gastando
dinheiro da empresa para sustentar seu vício.

Agora na terceira temporada observamos pela primeira vez o próprio Tommy fazendo
o uso de cocaína. Tinha apanhado muito dos capangas do Padre Hughes. Se
encontrava com os ossos quebrados, hemorragia interna, crânio esmagado e outras
sequelas. Porém tinha obrigações a cumprir. Duas reuniões em que deveria estar
presente, o futuro dos seus planos dependia disso. Nesse momento recorre a cocaína,
pois se vê em uma condição humanamente impossível de realizar qualquer coisas.
Nesse momento recorre ao “turbo”. Usa a cocaína pois sem ela não conseguiria
realizar o seu trabalho.

Podemos aqui ter uma percepção do conceito de Tommy acerca das drogas. Via elas
como prejudiciais. Enquanto em sua época estava na moda usar drogas como a
cocaína de forma recreativa, ele a rejeitava. Durante o momento em que se dedicava a
sua empresa, sempre prezava por estar em pleno juízo. Rejeitava drogas como uísque
que prejudicaria sua capacidade de raciocinar com clareza e razão, mas também
rejeitava a cocaína que teoricamente o ajudaria a pensar melhor e produzir mais.
Tommy sabia que o melhor estado para tomar decisões é o da sobriedade. Porém
quando chegava à conclusão de que certas drogas se faziam necessárias para que ele
conseguisse realizar o seu trabalho, não hesitava em usa-las. Como vimos, recorria ao
ópio pois sabia da importância de uma boa noite de sono para seu rendimento.
Recorreu a cocaína apenas quando era humanamente impossível trabalhar sem ela.
Quando precisava produzir, e notava que era impossível por suas próprias forças,
concluía que era justo usa-las. Mas essas situações a princípio eram raras.

Tommy sempre incentivou que Arthur e Polly se livrassem do uso continuo de


remédios, que “dopassem” sua mente.

2º Temporada / Episodio 1

– 7h00, 12h00, 10h00 se ainda estiver sóbrio. O médico me receitou, é para me


deixar bem calminho – diz Arthur.
- É o mesmo que nos davam nas trincheiras para ninguém se masturbar – afirma
Tommy.

Joga fora remédio de Arthur. Quer que ele se mantenha em seu estado natural.

4º Temporada / Episodio 1

- Mantenha o uísque longe dela, jogue os comprimidos fora. E pare de dar cocaína
a ela – diz Tommy.

Polly depois de quase ir pra forca, fica traumatizada e começa a usar remédios
“controlados”. Tommy manda que Michael os jogue fora. Sabia que os remédios mais
tiravam sua sanidade, do que a ajudavam.

3º Temporada / Episodio 5

– Por isso que joguei aquele remédio fora – diz Tommy.

Após ficar alguns meses no hospital, volta para casa. Seu médico receita morfina para a
dor. Mas no dia em que decide voltar a trabalhar, joga todo remédio pela pia do
banheiro. Tinha visões com a morfina e no trabalho tinha que estar com a mente
totalmente consciente.

É interessante que em uma época onde se havia pouca discriminação ou alertas contra
o uso de drogas, Tommy sempre foi consciente a seu respeito.
Conhecemos hoje grandes gênios que já admitiram terem buscado inspiração em
algumas substancias psicoativas, por exemplo:

Freud: Cocaína
Thomas Edson: Elixir de Cocaína
Paul Erdös: Anfetaminas
Steve Jobs: LSD
Bill Gates: LSD
John C. Lilly: LSD e Ketamina
Richard Feynman: LSD, Maconha e Ketamina
Kary Mullis: LSD
Carl Sagan: Maconha

Porem na série, a genialidade de Tommy não é relacionada ao estimulo de nenhuma


droga.

Mas esse é o Tommy das três primeiras temporadas. Nas temporadas posteriores ele
já começa a demonstrar que não está mais no controle de sua mente, e aos poucos,
vai perdendo o controle por completo.

Na terceira temporada já acontece algo inédito. Quando vai negociar com Alfie
Solomon, Tommy está bebendo Uísque. Mas o seu colapso total ocorre na quinta
temporada.

5º Temporada / Episodio 1

- O que sou eu? Um gênio? Você me convoca com sua garrafinha de droga – diz o
“fantasma” de Grace.

Tommy logo no início da temporada aparece usando um “remedinho”, todo o dia e a


todo momento. Por acaso era ópio, o mesmo remédio que ele tomava para dormir, e
impedia que Arthur e Polly usassem com frequência. Agora o usava durante o dia e
não vivia sem ele.

5º Temporada / Episodio 3

– Não deveríamos ter conversado com bebidas – diz Jessie Eden.


Tommy marca uma reunião com Jessie Eden. Quando ela chega para a reunião, ele
está totalmente embriagado. Acaba falando tanta besteira que Eden decide que não é
possível negociar e vai embora.

5º Temporada / Episodio 5

– Além disso, Shelby, beba menos – diz Oswald Mosley.

Chega ao ponto do próprio Tommy ser repreendido por beber demais. Surpreendente,
estava totalmente fora de controle.

Tommy sucumbe a aquilo que ele combatia. Se torna exatamente o queria que Arthur
e Polly não se tornassem. Consome uísque durante negociações e ópio durante o dia, e
assim sacrifica seu desempenho e sua capacidade de raciocínio. Se torna escravo das
drogas. Claramente isso se dá pois seus traumas agora fogem do seu controle

No fim, assim como Arthur e Polly, Tommy não consegue travar a batalha contra sua
mente, e sucumbi a “muleta” dos entorpecentes.
Psicologia do Vestuário – Capítulo 8

4º Temporada / Episodio 2

- Ouvi falar que se vestia bem... – admite Luca Changretta.

Como fica evidente por toda a série, Tommy fazia jus à fama que tinha. Sempre
desfilava elegantemente trajado, com ternos feitos sob medidas. Também sempre
estava com o cabelo bem cortado, de acordo com seu penteado típico, os lados bem
aparados, juntos com a barba sempre bem feita.

Com certeza Tommy sabia que uma boa aparência era um elemento importante para o
sucesso. Hoje em dia muitas pesquisas cientificas vem confirmando esse fato. Assim
como também muitos homens e mulheres de sucesso. “Quanto a mim, eu não
somente sabia que o fato de estar bem-vestido impressiona favoravelmente os outros,
como também sabia que isso produziria um estado de confiança em mim mesmo”, diz
Napoleon Hill em seu livro “A Lei do Triunfo”.

É fato que quando sabemos que estamos bem adornados, também sentimos que
nossa autoconfiança aumenta. E o inverso também é verdadeiro também. Quem
nunca se sentiu desconfortável em alguma ocasião devido sua aparência? Quando
devido a um imprevisto percebemos que aconteceu algo com nossas roupas, como se
sujarem, rasgarem ou amarrotarem em demasiado, ou notamos que por algum motivo
não estamos exalando um cheiro assim tão bom, ou com o cabelo um tanto rebelde,
não conseguimos ser nós mesmo, acabamos nos retraindo.

É fato que estar contente com sua aparência é uma maneira mágica e rápida de
adquirir autoconfiança. E isso se transmite em nossa maneira de falar e agir. Por
exemplo o Dr. Adam D. Galinsky e seu colega Hajo Adam, professores da Escola de
Administração Kellogg da Universidade Northwestern, de Illinois, em estudo que foi
publicado na Revista de Psicologia Social Experimental, tiraram conclusões sobre os
efeitos das roupas em nossos comportamentos. Galinsky diz uma algo interessante:
“As roupas que você usa se infiltram no tecido de sua psique!”. Continua ele: “Isso
acontece porque as roupas que vestimos, desde que estejam no nosso corpo, são
incorporadas pela nossa mente juntamente com o significado que damos a elas. Em
outras palavras se você acha que pessoas inteligentes e importantes usam terno e
você começar a usar, sistematicamente, ternos, a sua mente vai incorporar esse
significado a sua construção de quem você acredita ser.” Assim, fica claro que as
roupas podem ser uma das “armas” usadas para alavancar o potencial de alguém.
Um estudo analisou o impacto da vestimenta durante uma grande negociação. Este foi
realizado pelo professor Michael W. Kraus, da Yale School of Management. O estudo
contou com a participação de 128 homens de 18 a 32 anos de idade, com diferentes
origens e níveis de renda. Através de simulações de negociações sobre a venda de uma
hipotética fábrica, foi observado como as diferentes vestimentas afetavam os
resultados. Esses homens foram divididos em três grupos, um de terno e sapatos
formais, outro grupo de camisetas brancas, calças e sandálias e um terceiro grupo
neutro que usou as roupas com as quais chegou ao estúdio. Os negociadores
receberam valores de mercado para a suposta fábrica, juntamente com outras
informações úteis para a hora de negociar. No final, aqueles que usaram ternos se
mostraram muito menos dispostos a ceder durante as negociações, baixando seu
preço em apenas US$ 830 mil ao venderem, e, quando compraram, lucraram 2.1
milhões de dólares, enquanto os que usavam roupas informais perderam até 2.81
milhões de dólares nas negociações. Assim, uso de vestimenta formal em uma
negociação gerou lucros de mais de 2 milhões de dólares, contra perdas de quase 3
milhões de dólares em negociações com roupas informais. Ficou evidente, que aqueles
que são mais informais em suas roupas de trabalho, cedem mais facilmente nas
negociações. Tommy sempre era presença garantida em grandes negociações, e nunca
deixava de estar perfeitamente trajado.

Um estudo global realizado pela consultoria norte-americana Harris Interactive, onde


foram ouvidos 514 diretores da área de recursos humanos de grandes corporações,
confirmou que, boa parte dos diretores analisam a forma como o profissional se
comporta e a roupa com a qual ele está vestido durante um processo de seleção para a
vaga de um alto executivo. Aproximadamente 90% dos participantes do levantamento
afirmaram que o visual dos candidatos é o principal aspecto que forma a primeira
opinião sobre eles. Isso porque, segundo os entrevistados, as pessoas bem arrumadas
despertam mais confiança do que aquelas que simplesmente não se importam com a
forma como se apresentam.

Isso prova que, por mais que a sociedade diga que nós não devemos julgar as pessoas
pela aparência, o nosso subconsciente está condicionado a julgar certos padrões de
vestimenta. Pessoas bem vestidas começam com um ponto a favor, chamando a
atenção positivamente. Já as mal vestidas causam uma impressão negativa antes
mesmo de apresentarem a si mesmas.

Abraham Rutchick, professor associado de psicologia na California State University e


um dos autores de um estudo publicado no Social Psychological e no Personality
Science, diz: “Roupas formais fazem você pensar melhor de maneira abstrata e mais
ampla, abandonando pensamentos muito específicos e restritivos.” Talvez por isso,
Tommy estava bem adornado, até mesmo quando estava planejando algo na solidão
de sua residência.

Fica claro então que uma boa aparência não somente causa uma impressão favorável
àqueles a quem nos dirigimos, como também tem um efeito sobre nós mesmos,
produzindo um estado de confiança. Além de expandir a capacidade de pensamento
abstrato. É, aparentemente, seu guarda-roupa foi uma parte importante no sucesso de
Tommy. Ainda bem que ele tinha facilidade em conseguir bons ternos.

1º Temporada / Episodio 3

- Quanto você pagou no terno que vai usar? – questiona Grace.


- Eu não pago por ternos, eles são por conta da casa ou a casa pega fogo –
responde Tommy.
Relacionamentos – Capítulo 9

Talvez uma das maiores dificuldades de quem começa um projeto pessoal, é lidar com
as críticas daqueles que o rodeiam. A grande maioria das pessoas, por terem
mentalidade distinta da sua, tendem a criticar, desmotivar, apontar razões pelas quais
você deveria desistir e te convencer de que você está ficando louco.

“Antes só do que mal acompanhado”; “Diga-me com quem andas e te direi quem és”;
“Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos tolos sofre aflição”;
“Não se deixe enganar. Más companhias estragam bons hábitos”. Não faltam ditados
populares, provérbios e passagens bíblicas para nos alertar quanto aos problemas que
podem advir da escolha de nossa companhias. É fato que aqueles que nos rodeiam
tem o poder de influenciar nossos pensamentos e hábitos, quer positivamente, quer
negativamente. Uma pessoa por exemplo que ambiciona grandes conquistas, deveria
se apegar a pessoas com mentalidade semelhante. Assim como também evitar
companhia com aqueles que tem mentalidade inversa.

Mas nem sempre é fácil aplicar esse conselho. Muitas vezes as pessoas que poderiam
ser uma má influência são aquelas que necessariamente temos que conviver todo dia,
temos que escutar todo dia e levar em conta a opinião. Por exemplo: A Família.

Talvez o leitor já sentiu a tristeza de não ter apoio da família. Já sentiu a decepção de
quando seus pais ou parentes mais próximos não acreditam nos seus planos. Acham
que você está “louco” e ainda apostam que você vai acabar fracassando. Se você passa
ou já passou por isso, com certeza se identificou muito com Tommy Shelby. Durante a
série, em dezenas de momentos, ele foi desencorajado por todos de sua família com
respeito seus planos.

1º Temporada / Episodio 1

- O que deu em você? Acha que podemos enfrentar os chineses e o Billy Kimber? O
Billy tem um maldito exército! – diz Arthur Shelby.

Tommy é repreendido fortemente por seu irmão, pois este acredita que Thomas está
tomando decisões muito arriscadas.
1º Temporada / Episodio 1

- Venda as armas a quem faça uso delas, e será enforcado. Jogue-as onde a polícia
possa encontra-las – diz Polly.

Depois de encher Tommy de tapas, sua tia o repreende por ter roubado armas que
tinham destino a Líbia. Tommy sabia que, apesar do risco de ficar em posse delas, as
armas poderiam trazer grandes benefícios para seus planos. Porém sua tia Polly
ordena que imediatamente se livre dela.

1º Temporada / Episodio 1

- Perdeu a porra do juízo? Não viu as ruas? Enviaram a porra de um exército atrás
disso – diz Charlie Strong - Ficou maluco, Tommy. Sempre cuidei de você como um
pai. Vai tornar sua vida um inferno.

Tommy decide não se livrar das armas, mas sim as esconder. Charlie (tio de Tommy)
fala que ele ficou maluco. Alerta ele sobre os riscos e tenta o persuadir a mudar de
ideia.

1º Temporada / Episodio 2

- Tem um belo animal, Thomas. Mas vale a pena romper com a família Lee por
causa dele? – diz Charlie Strong. - Eu te avisei, Tommy. Aqueles ciganos são uns
inimigos que você não vai querer ter.

Tommy arruma guerra com a família Lee, isso era parte de um plano maior. Charlie
questiona e desaprova a ação dele. Posteriormente quando o cavalo que Tommy
ganhou fica doente, devido a uma possível maldição da família Lee, Charlie joga na
cara o famoso: “Eu avisei”.
1º Temporada / Episodio 2

- Então puxou briga com os Lees de propósito. Tommy, não podemos brincar com
a porra do Billy Kimber – diz Arthur Shelby.

Depois de descobrir que a briga com os Lees foi parte de um plano para se aliar a Billy
Kimber, Arthur não consente e diz que não deviam se envolver com Kimber.

2º Temporada / Episodio 1

- Quando foi que votamos a favor dessa expansão em Londres? – questiona John
Shelby. – Eu vejo nossa contabilidade. Legal e ilegal. Coisas que vocês não veem.
No ano passado, a companhia Shelby limitada ganhou em média 115 libras por
dia. Não é? Todo santo dia. Ás vezes, até mais. Eu quero entender por que vamos
mudar as coisas? Polly, olha o que já aconteceu. Nem chegamos em Londres ainda
e já mandaram explodir nosso pub.

Tommy ambiciona expandir sua empresa para Londres. Seu irmão John e sua esposa
Yasmin, tentam convencer o resto da família que o plano de dele não tem sentido.
Queriam permanecer como estavam, para John já ganhavam o suficiente. Correr riscos
para ganhar mais dinheiro para eles era tolice.

2º Temporada / Episodio 1

- Vá para Londres se matar com os rapazes – diz Polly.

Polly também condena fortemente o plano de expandir para Londres. Chama Tommy
de louco e suicida.

Esses foram apenas alguns momentos onde fica claro que, para Tommy chegar onde
chegou, teve que contrariar muito o que sua família pensava. Raras vezes seus planos
foram apoiados por eles. Foi mais julgado e desencorajado do que motivado. Como ele
lidou com isso?

Tommy sempre soube que sua família o amava. Sabia que apenas no seio familiar,
encontraria verdadeiro amor e lealdade. Por isso nunca deixava se enganar. Sua família
não queria que ele se desse mal ou que fracassasse, mas queriam o seu melhor, sua
segurança e felicidade. Ter isso em mente ajudou Tommy a suportar todas as críticas, e
não destruir esse valioso laço familiar. Ele focava na intenção das palavras, não nas
palavras em si. Levava ao pé da letra aquele ditado: “O que vale é a intenção.”

Ter essa mentalidade pode ajudar a todos, que vez por outra, são vítimas de palavras
desmotivadoras desferidas por familiares. É importante se questionar: Quando minha
mãe, pai, irmãos ou cônjuge me desencorajam de fazer algo, porque ele(a) diz isso?
Porque quer o meu mal? Muito provavelmente não. O que acontece é que muitas
vezes nossos familiares não tem sabedoria acerca de certo assuntos, e acabam nos
aconselhando em ignorância. Muitas vezes os conselhos deles são reflexo de uma
mentalidade diferente, ultrapassada ou limitada. No caso de nosso pais as vezes o que
era bom e dava certo na época deles, não dê hoje. O que faltou a eles é se atualizarem
ou se inteirarem acerca de alguns assuntos. Também pode ser que nossa família não
consiga entender o tamanho de nossa ambição e de nosso propósito de vida. John não
conseguia entender porque Tommy queria expandir ainda mais, quando já ganhavam
muito dinheiro. O nosso ideal nem sempre é compreendido por todos. Muitos não vão
conseguir compreender o porquê continuamos correndo riscos para conquistar mais,
quando na opinião deles já temos mais do que o necessário para ficarmos contentes e
“relaxarmos”.

É logico que nesse longo caminho da vida, sempre se encontra pessoas mal
intencionadas. Até de dentro da família podem surgir pessoas invejosas, que
realmente não querem ver nosso sucesso. Mas é essencial saber distingui-las. As vezes
aquele “bem feito eu avisei”, não é um “estou contente que você fracassou”, mas quer
dizer “eu te avisei porque eu queria o seu bem”.

O ponto aqui é prestar atenção não no conselho em si, mas na intenção do conselho.
Isso vai ajudar a preservar um laço tão importante como o da familia. Tommy apesar
de raramente ser apoiado por sua família, nunca se apartou deles. Sabia que apenas
eles estariam do seu lado nos momentos mais difíceis.

Ter convicção
Para não ser influenciado por pessoas que cospem palavras desanimadoras, até
aquelas que o fazem com boa intenção, é importante ter convicção do que quer e do
porque o quer. Como já foi dito, muitos dão conselhos em ignorância, sem saber os
fatos.

Se os objetivos estiverem detalhadamente traçados, com plena noção dos riscos e do


que terá que se enfrentar, haverá convicção. Tendo plena convicção, ninguém será
facilmente influenciado por conselhos e palpites daqueles que não sabem afundo do
assunto e de seus planos.

A família de Tommy muitas vezes não sabia detalhes dos seus planos. Por exemplo:
quando Charlie aconselhou Tommy a não arrumar briga com a família Lee, ele não
sabia o que ele realmente planejava. Em algumas ocasiões as ações de Tommy tinham
como objetivo proteger sua família, mas nem todos se davam conta disso.

1º Temporada / Episodio 2

- Proteja o Thomas. Sei como ele é. Mas tudo que ele faz é por nós. Eu acho – pede
Polly em oração.

Visto que tinha pleno conhecimento acerca dos planos, Tommy sempre tinha
convicção do que deveria fazer, e sua família dificilmente o poderia persuadir a mudar
de ideia. Ninguém conseguia facilmente plantar em sua mente a semente da dúvida e
do medo. Como dizia Polly: “Tommy não escuta ninguém”.

Más companhias estragam bons hábitos


Mas, quando possível, o ideal é cortar vínculos. Cortar o vínculo com todo aquele que
serve de pedra de tropeço. Tommy nunca foi um cara de muitos amigos. Se rodeava
apenas da família. Evitava cultivar vínculos desnecessários com pessoas negativas e
que não lhe impulsionavam em seu projetos.

2º Temporada / Episodio 1

- Alguns de vocês já se mostram contrários. Sem problemas. Qualquer um que não


queria fazer parte dessa companhia, pode ir embora. Agora mesmo. Podem ir criar
suas galinhas – diz Tommy.

Jamais se deve permitir que, nem mesmo a família, seja um obstáculo que nos
impossibilite de buscar nossos sonhos. Quando John questionou a expansão para
Londres, Tommy foi bem firme. John podia ir viver o estilo de vida que ele quisesse,
porém a empresa continuaria a crescer e expandir. E ninguém iria mudar isso. Tommy
foi bem claro que queria a família unida, mas iria continuar atrás de suas ambições,
mesmo que alguns abandonassem o barco.
Família – Capítulo 10

Thomas demonstrava uma notável paciência, principalmente quando se tratava de sua


família. Ele era o líder da família Shelby. Esse posto não era dele por direito, pois
Arthur era o irmão mais velho. Mas visto que Arthur não as tinha as qualidades
necessárias para isso, Tommy foi empossado líder.

Não há dúvidas de que Tommy não chegaria aonde chegou sem a ajuda de sua família.
Todos ali tinham qualidades incríveis e Tommy sabia usar bem cada um deles, sempre
na função que poderiam render melhor. Porém há de se notar, que sua família
também lhe trouxe dezenas de problemas. Alguns membros da família eram difíceis de
se lidar, pois passavam constantemente por distúrbios emocionais e Tommy era
encarregado de administrar tudo isso.

Com certeza vivemos hoje em tempos onde as relações estão superficiais, passageiras
e descartáveis. As pessoas estão cada vez menos pacientes umas com as outras. A
relação está difícil? Vai cada um para seu lado. E não é assim apenas em relações
amorosas, mas na família também. Tommy porém nunca se apartou de sua família.
Apesar de ser mais inteligente que todos, e com grande possibilidade de ser bem
sucedido sozinho, sempre quis carregar sua família junto. Se Tommy decidisse
abandonar sua família, que vez por outra era um fardo para ele, a maioria deles
provavelmente não iriam muito longe sozinhos.

4º Temporada / Episodio 1

- A verdade é que eles estão todos fodidos, todos eles – diz Michael.

Na quarta temporada, isso acontece. Cansados dos riscos que corriam e querendo
levar uma vida mais tranquila, decidem deixar Tommy sozinho na empresa. Michael
descreve a situação deles: “estão todos fodidos”.
Apesar de decidirem manter distância, Tommy não deixa de se preocupar com eles.

4º Temporada / Episodio 1

- Os espíritos que ela vê são reais. Acredite nisso. Acredite junto com ela. E, um
dia, você vai tirar a memória da corda no pescoço dela. Não deixe ela beber
Whisky e jogue fora os remédios. E para de dar cocaína pra ela! – aconselha
Tommy. – Não deixe usa mãe guardar dinheiro em casa.
Mesmo quando sua família decidia ficar distante, Tommy continuava os protegendo.

Nas primeiras temporada, sua irmã Ada Shelby quer distância dele. Além de não
contribuir com os negócios da família, os atrapalhava.

1º Temporada / episódio 3

- A Ada casou com Freddie Thorne hoje. Desobedeceram você e não saíram da
cidade – diz Polly.
- Eu prometi que iria tirar o Freddie da cidade... eu disse pra polícia que o Freddie
não ia voltar, era parte do acordo – diz Tommy.

Tommy faz acordo com o agente Campbell. Um dos ternos era tirar Freddie Thorne, o
agitador comunista, da cidade. Mas Tommy tem um problema: Ada engravida de
Thorne. Agora por causa de Ada, Tommy não pode fazer nada contra Freddie, e por
isso é pressionado constantemente por Campbell.

Logo após Ada se torna uma comunista ferrenha e a convivência com ela vai para
outro grau de dificuldade. Ela começa a ter vergonha da sua família e a condenar todos
eles por seus atos. Rejeitava até o seu próprio sobrenome Shelby.

2º Temporada / Episodio 1

– Quando vão entender, que eu quero todos vocês fora da minha vida – diz Ada se
referindo a toda sua família.

2º Temporada / Episodio 3

- Sabia que eu dou conselhos na Biblioteca? Pra famílias que foram despejadas.
Nós lutamos contra homens como você – diz Ada a Tommy.
2º Temporada / Episodio 1

- Agora que o Freddy se foi, você poderia voltar a morar em Birmingham – diz
Tommy.
- Você sabe o quanto é ridículo você andar por ai com um chofer de uniforme?
Sabia que é muito injusto você ter quatro carros enquanto tem gente passando
fome no pais? – responde Ada.
- Eles te deixaram com vergonha da sua família, não é?
- Às vezes, quando eu penso no jeito em que eu vivia, eu fico com vergonha –
responde Ada – Eu não sou mais uma Shelby... eu sou livre.

Digamos a verdade, qualquer um que não desfrutasse de uma paciência gigantesca, já


teria mandado Ada Shelby “catar coquinho”. Tommy não. Mesmo ela não movendo
um dedo para ajudar na expansão da empresa e até militando contra, Tommy permitia
que ela se beneficiasse de tudo que ele conquistava, além de sempre cuidar dela.

2º Temporada / Episodio 2

- Estou ganhando muito dinheiro, e não pode ficar no banco. Meu contador disse
que a melhor coisa a fazer, é comprar alguns imóveis e colocar no nome de uma
familiar – diz Tommy.
- Uma casa? Uma casa inteira? – responde Ada.
- É toda sua. Quatro andares, oito quartos, cozinha, copa e quarto para
empregados, se sua consciência política permitir.

2º Temporada / Episodio 3

- Tommy, tem uns homens que ficam sempre vigiando minha casa – afirma Ada.
- Sim, gangster da pior laia. Mas vieram pra te proteger – responde Tommy.
- Mas tem outros também, parecem com policiais.
- Eles também estão do nosso lado.
- Eu não estou do lado de ninguém! – reclama Ada
-Ada, se ninguém estivesse te vigiando, eu não ia dormir.
2º Temporada / Episodio 4

- Eu não tenho filhos Ada, então acabei de abrir um fundo. Os beneficiários serão
os filhos do John e o Karl (filho de Ada). Preciso da sua assinatura. Eu abri uma
conta, caso eu venha a falecer o dinheiro será transferido – diz Tommy.

Ada queria distancia de sua família, principalmente por causa de sua ideologias
políticas. Porém, Tommy não a abandonava e ainda permitia que ela desfrutasse do
luxo que tanto o condenava por ter. Ele provavelmente compreendia que era só uma
fase pela qual Ada passava. Ele mesmo já tinha acreditado na “causa”.

5º Temporada / Episodio 1

-Tommy vai com calma com a Ada, ela... – argumenta Polly.


- Polly, quando é que eu não vou com “calma” com ela?

E realmente era apenas uma fase. Logo Ada abandonou sua vida de militância.

Outro que testou a paciência de Tommy foi Arthur. Principalmente porque não
conseguia guardar segredos.

1º Temporada / Episodio 4

- Deveria achar um lugar melhor para guardar os cigarros – diz Grace.


- Ele tem que ser afastado da polícia – responde Arthur.
- Por que guarda em um cais? E não em um lugar seco?
- Sempre guardamos contrabando perto dos ancoradouros dos barcos, nós
ancoramos em cruzamentos, assim temos mais de uma saída. Sem bloqueio para
podermos transportar as coisas rápido.
1º Temporada / Episodio 5

-Arthur, tem algo nesses cadernos que eu não entendo. Toda semana nós pagamos
1 libra e 10 xelins por correio pra um tal de Daniel Owen, em Londres – questiona
Grace.
- é o Danny Whizz- Bang... ele não está morto... foi um teatrinho para agradar os
italianos, o Tommy atirou um cérebro de ovelha nele – responde ele.

Visto que Arthur não conseguia controlar sua língua, acabou colocando Tommy
diversas vezes em apuros. Outro problema dele era o descontrole emocional.
Constantemente Tommy tinha que salva Arthur dele mesmo.

2º Temporada / Episodio 2

- A minha cabeça parece um barco Tommy, um barco carregado de carvão e ferro.


Às vezes, a carga desliza para uma ponta e ai o barco vira. Eu sinto tudo
deslizando. E sinto o barco virando. E não tem nada que eu possa fazer para evitar,
parece que a minha cabeça é a merda daquela barca preta Tommy! Ela fica
balançando, balançando e balançando... – desabafa Arthur – Eu acho que não
estou bem, Tommy. Tira essa arma de perto de mim!
- Para com essa merda Arthur, quer saber, eu já cansei disso. Para com essa
merda! Agora tenho que te tratar como uma criancinha é? Não deixar você chegar
perto de armas e cordas? Acha que eu não tenho problemas demais? Arthur! Você
acha que eu não tenho problemas demais? A guerra acabou, vira a página do livro
igual eu virei! – responde Tommy.

Tommy além de lidar com seus próprios problemas, que já não eram poucos, tinha que
cuidar dos de Arthur. Arthur fazia besteiras e Tommy tinha que resolve-las.

2º Temporada / Episodio 2

- Eu falei com o médico, ele disse que o garoto tinha um coração fraco. Vamos
cuidar da mãe dele, vai dar tudo certo – diz Tommy.

Enquanto Tommy estava se arriscando em Londres para expandir os negócios, Arthur


se divertia em um ringue de boxe. De repente ele surta, perde o controle e tira a vida
de um jovem, uma criança praticamente, com total covardia. Tommy tem que voltar a
Birmingham para limpar a sujeira de Arthur. Por fim, também tem que usar os fundos
da empresa para pagar uma pensão mensal para a mãe do garoto assassinado. Mas
essa não foi a única vez que Arthur deu prejuízo financeiro para Tommy.

1º Temporada / Episodio 5

- Eu estou cansado de receber ordens do Tommy, ele não é o único com jeito para
os negócios na família. O dinheiro da família, é para todos os Shelbys – desabafa
Arthur.

Quando o pai de Arthur e Tommy reaparece, Tommy aconselha que ninguém confie
nele. Arthur não escuta. Se ilude com as ideias de seu pai, como por exemplo, a de
construir um cassino na América. Pega dinheiro da empresa sem avisar Tommy, dá
para seu Pai e leva um belo de um calote. Seu pai vai embora com o dinheiro e o
abandona. Mais à frente Arthur também começa a gastar dinheiro da empresa para
sustentar seu vício em cocaína, novamente Tommy tem que o repreender.

Arthur era um grande soldado de Tommy. Extremamente eficiente no cumprimento de


várias missões, e por isso foi de suma importância para o sucesso da companhia
Shelby. Porém é inegável que era um soldado bem problemático, que exigiu paciência
da parte de Tommy. Arthur até cogitou abandonar ele. Na primeira temporada,
enquanto Tommy tinha muitos problemas e precisava de Arthur, ele estava arrumando
as malas para ir embora em direção da América com seu Pai. Só não foi, pois seu pai o
abandonou. Tommy ao contrário, jamais cogitou abandonar Arthur, ou qualquer um
de sua família.

1º Temporada / Episodio 6

- Querida Grace... a ideia de ir para Nova York é interessante... porem eu tenho


responsabilidades aqui, pessoas que eu preciso proteger e pessoas que eu amo. –
escreve Tommy.

Quando Grace convida Tommy para ir com morar em Nova York, ele recusa o convite.
Apesar de ama-la e desejar muito ir, tinha uma grande responsabilidade: Cuidar e
proteger sua família. Polly e Arthur precisavam muito dele. Eles constantemente se
sentiam fracos, e afundavam na melancolia. Fazia de tudo para ampara-los. Quando
Arthur estava depressivo, Tommy realizou o sonho dele lhe dando um Pub. Quando
Polly estava em melancolia, ele foi atrás do que ela queria: Descobrir o paradeiro de
seus filhos. Encontrou o filho que estava vivo, e deu uma casa para ela morar com ele.
Esse zelo de Tommy por sua família, tornava ela seu ponto fraco.

2º Temporada / Episodio 5

- Eu sabia que o Thomas Shelby não tem medo da morte, portanto ameaçar sua
vida não é o suficiente para garantir que você irá me obedecer na data combinada.
Eu precisava ter poder sobre a vida de sua família – diz o agente Campbell.

Campbell sabia que teria Tommy em suas mãos, se ameaçasse sua família. Ele não
mediria esforços para protege-la.

2º Temporada / Episodio 1

- Não temos nada a temer com a expansão dos negócios, contanto que a família
fique unida – diz Tommy.

Tommy tinha plena convicção que para o sucesso dos negócios, a união da família era
essencial.

1º Temporada / Episodio 6

- Homens como nós Senhor Shelby, sempre ficam sozinhos. Todo amor que nós
temos, pagamos pra ganhar – diz o agente Campbell.
- Você esqueceu inspetor, que eu tenho minha família – retruca Tommy.

Tommy não era de muitos amigos e era pessimista com respeito ao mundo. Por isso,
principalmente depois que perdeu sua amada Grace, não esperava receber amor de
nenhuma outra fonte a não ser da família.

Ele também tinha convicção que somente em sua família não conheceria a traição,
mas sim a verdadeira lealdade. Por mais que não se dessem bem as vezes, nos
momentos difíceis sabia que era eles que estariam do seu lado. E isso se fez verdade
por toda a série.
Por exemplo, Ada, que foi um estorvo para Tommy durante muito tempo, arriscou sua
vida para protege-lo quando os homens de Kimber vieram para lhe matar. Quando
Tommy perdeu Grace, Ada foi morar com ele por alguns dias, para lhe dar apoio e
cuidar de Charlie (filho de Tommy) enquanto ele não estava bem. Quando toda família
deixou Tommy sozinho na empresa, ela foi a única que continuou trabalhando com
ele. Ela foi de grande ajuda também quando ele precisou lidar com os comunistas. No
final, toda paciência que Tommy demonstrou com ela valeu a pena.

Assim como Tommy, a maioria das pessoas tem a família como a principal (ou até
única) fonte de verdadeiro amor e lealdade. É bom se perguntar: Quando eu estiver no
fundo do poço, com quem vou poder contar? A mãe chata que não me deixa em paz, o
Pai que não apoia meus planos e sonhos, o irmão ou a irmã que apenas perturba e
irrita. Se tivermos convicção de que são essas pessoas que nos amam
verdadeiramente, jamais permitamos que qualquer desavença nos aparte delas. Fazer
de tudo para manter a união e o forte laço com essas pessoas é sabedoria.

Às vezes essa pessoa que podemos contar é um amigo ou amiga que a vida nos deu.
Tommy tinha um amigo assim: Danny Whizz-Bang. Este já tinha provado sua lealdade a
ele quando serviram juntos na guerra. Por isso Tommy dava extremo valor a essa
relação. Danny causou alguns problemas para ele: Despesas no Guerrisson, problemas
com os italianos, contou o segredo das armas para o Ira e isso quase custou a vida de
Tommy. Mas tudo isso apenas porque ele era um pouco atrapalhado e problemático.
Por isso Tommy sempre o manteve do seu lado. Teve a oportunidade de se livrar dele,
mas não o fez. E no final, Danny se atirou na frente de uma bala que era para Tommy.
Sacrificou sua vida por ele.

A lição que Tommy deixa para nós é: De valor a aqueles que lhe amam e são leais.
Fortaleça o vínculo com essa pessoas, para que desentendimentos, discussões ou
diferenças de opiniões jamais o quebre. Faça de tudo para sempre mantê-los por
perto, não os troque por nada.
A Arte da Negociação – Capítulo 11

Talvez uma das características que mais se destacam em Tommy é o seu dom pra
negociar. Ele tinha um princípio fundamental, que guiava todas as suas negociações.

1º Temporada / Episodio 2

- Vai falar com ele? – questiona Polly.


- Não. Não se negocia quando se está em desvantagem – responde Tommy.

“Nunca negociar em desvantagem”, essa era a regra principal de Tommy.

“A melhor coisa que você pode fazer é negociar em uma posição de vantagem, a
vantagem é a maior força que você pode ter”, afirma Donald Trump no seu livro “a
arte da negociação”. O que seria essa vantagem? O próprio Donald Trump explica:
“Vantagem é ter algo que o outro cara quer. Ou, melhor ainda, precisa. Ou, o melhor
de tudo, simplesmente não pode viver sem”. Tommy constantemente usava duas
estratégias ao negociar: Ter o que alguém quer, precisa ou não vive a sem, e a da
ameaça e chantagem.

Na primeira temporada Tommy precisou negociar com duas pessoas mais poderosas
que ele. Primeiro com o agente Campbell, que tinha autoridade advinda de Winston
Churchill. E logo após com Billy Kimber, do qual Tommy precisava de uma autorização
para que seus homens fizessem parte dos circuitos de corrida. Logo, para que duas
pessoas que tinham mais poder que ele, se sentissem impelidas a lhe ceder algo, ele
precisava negociar em vantagem.

1º Temporada / Episodio 2

- E o que eu ganho em troca? – questiona o agente Campbell.


- Tenho o que está procurando. Tenho as armas – responde Tommy

Em um momento de sorte, Tommy vê “cair em seu colo” dezenas de armas e


munições. Decide rouba-las, mesmo contrariando toda sua família. Agora, Campbell
estava atrás delas e Tommy podia usa-las para negociar. Tommy ameaçar vender as
armas para os inimigos da coroa britânica, e isso seria trágico para o emprego do
agente. Além disso, antes de encontra-lo para uma negociação, causou um pequeno
tumulto em sua cidade, e conseguiu que isso chegasse aos ouvidos de Churchill. Isso
fez com que Churchill pressionasse o agente Campbell, colocando em cheque seu
trabalho. E agora com toda essa pressão, o agente Campbell sabia que só conseguiria a
tão sonhada medalha, se encontrasse as armas e concluísse sua missão.
Com suas ameaças, Tommy facilmente conseguiu tirar o que queria de Campbell.

1º Temporada / Episodio 2

- Que armas? – questiona Campbell.


- Não vim aqui para brincar... – responde Tommy.
- Espere. – clama o agente Campbell.

Durante a negociação, fica claro que Tommy tem a vantagem. Por um momento
ameaça ir embora, sem fechar acordo. O agente Campbell implora que ele fique.
Tommy estava no controle daquela negociação, ele que dava as cartas. Conseguiu criar
o ambiente perfeito para negociar.

1º Temporada / Episodio 2

- Puta merda. É o Billy Kimber – diz o dono do The Garrison Pub.

Logo após negociar com Campbell, recebe a visita de Billy Kimber. Vamos relembrar o
ambiente que Tommy cultivou para essa negociação.

Primeiramente precisava de uma audiência com Billy Kimber. Isso não era fácil de
conseguir pois ele era muito importante, e os Shelbys apenas “uma gangue de ciganos
insignificantes”, como disse o próprio Kimber. Por isso Tommy manipula o resultado de
uma corrida e dá um prejuízo para Kimber. Dessa maneira Kimber viria ao seu
encontro para “arrancar sua cabeça fora”. Tommy cons eguiu a audiência. Agora só
precisava de um meio para que ele “não arrancasse sua cabeça”.

1º Temporada / Episodio 2

- Também está em guerra com os Lees, Sr. Kimber, certo? Os Lees atacam seus
agentes e roubam seu dinheiro. Seus homens não podem controlá-los. Precisa de
ajuda – afirma Tommy.
Tommy então arruma briga com uma família de ciganos: A família Lee. Essa cena é um
tanto interessante, pois vemos ele perdendo a paciência e saindo na mão por um
motivo fútil, coisa que jamais fazia. Mas era tudo planejado, queria dar início a uma
guerra entre famílias. Kimber tinha uma rivalidade com a família Lee. Agora Tommy e
Kimber tinham algo em comum: O mesmo inimigo. Ele então se oferece para cuidar
dos Lees, pois como eram igualmente ciganos, tinha informações sobre cada
movimento deles. Tinha aquilo que ele mais precisava, tanto que por fim conseguiu
que Kimber relevasse o fato dele ter manipulado uma corrida sua, e ainda conseguiu o
que queria: colocar seus homens para trabalhar nas corridas.

Tommy nesses dois casos conseguiu algo importante: Estabelecer um objetivo em


comum ou um inimigo em comum, com quem queria negociar. Tommy também usou
essa estratégia para vencer a guerra com a máfia Italiana.

4º Temporada / Episodio 4

– Um amigo meu disse um dia, que grandes fodem pequenos. Então precisei achar
alguém maior do que você. Deve saber que há duas famílias no Brooklyn querendo
assumir seu monopólio na importação de bebidas em Nova Iorque - diz Tommy.

Tommy precisava vencer uma guerra contra a máfia Italiana, mas não tinha poder pra
isso. O que fazer? “O inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Foi em busca de aliados
que também queriam derrotar os italianos. O plano deu certo, negociou um acordo
com outras gangues e assim venceu a vendetta.

Quando Tommy decidiu expandir seus negócios para Londres, teve que realizar outra
negociação importante. Duas gangues dominavam Londres: Italianos e Judeus. Os dois
lados viviam em constante guerra. Tommy precisava buscar uma aliança com um dos
lados, e escolheu o lado judeu. Por que? Porque era o lado que estava perdendo a
guerra. Iria negociar com quem precisava de algo que ele poderia oferecer, assim tinha
chance de fechar um acordo. Negociar com o lado que se já considerava
autossuficiente seria um fracasso total.

Novamente não seria fácil conseguir uma reunião para negociar com Alfie Solomon, o
líder da gangue judaica. Por isso, assim como fez com Kimber, precisava encontrar um
jeito de ganhar sua atenção. Decide invade um Pub do rival de Solomon, faz uma
algazarra no local e manda a mensagem que ambiciona fincar bandeira em Londres.
Isso desperta atenção de Solomon e este lhe faz um convite para negociar.
2º Temporada / Episodio 2

- O Sr. Sabine sempre usa policiais. É por isso ele está ganhando essa guerra em
Londres e você está perdendo- afirma Tommy.

Antes de negociar, ele pesquisa as fraquezas de Alfie Solomon, em busca do que


poderia lhe oferecer. Observou que, Sabine, o líder da gangue Italiana, se sobressaia a
Solomon pois tinha poder sobre a Polícia. Então oferece isso a Solomon. Interessante
que ele contou com uma jogada de sorte nesse momento. Alguns dias antes da
reunião com Solomon, Sabine tentou matar Tommy, mas o agente Campbell o salvou.
Então a notícia era: “Thomas foi salvo das mãos de Sabine pela polícia”. A notícia já
tinha chegado a Solomon e isso reforçou que Tommy podia lhe oferecer ajuda policial.

Ele também usava essa estratégia para negociar com seus aliados ou sua família.
Descobria o que eles queriam, e oferecia isso em troca de um acordo. Era uma das
suas armas de persuasão.

5º Temporada / Episodio 4

- Quatro barcos, quatro dias, pelo Grand Union, de Poplar até aqui. Metade da
carga é carvão e, debaixo dele, cristal de ópio puro – diz Tommy.
- Ópio? Voto contra! – retruca Polly.

Tommy se reúne com Arthur e Polly para apresentar uma excelente oportunidade de
ganharem dinheiro, uma oferta para transportarem ópio. Como era costumeiro nas
reuniões de família, para uma pauta ser aceita, havia uma votação e a vontade da
maioria era feita. Como ele já era a favor e só restavam Polly e Arthur para votar, se
mais um deles votasse a favor a causa estava resolvida. Porém ele ouve um “não” logo
de imediato, tanto de Arthur como de Polly.

5º Temporada / Episodio 4

- Polly, 250 mil libras. É metade do que Michael perdeu em Chicago. Pedirei para
ele cuidar dessa transação – argumenta Tommy.
- Vai recolocar Michael na empresa? – questionou ela.
- A quarentena dele acabara – responde Tommy.
Porém, Tommy tinha uma carta na manga. Sabia que Polly queria muito que Michael
(filho dela) recuperasse seu cargo na empresa. Queria que Tommy voltasse a confiar
nele. Então ele diz que, se ela concordasse com o transporte de ópio, Michael voltar a
trabalhar. Polly muda de ideia de imediato, e adivinha? A vontade de Tommy foi feita.

5º Temporada / Episodio 4

- Por motivos secretos, terei que manter vivo Jimmy McCavern - diz Tommy.

McCavern assassinou o filho do Aberama Gold. Gold está louco por vingança. Mas
Tommy estava fazendo negócios com McCavern, por isso pede que ele adie sua
vingança até os negócios terminarem. Como já se era de esperar, Aberama se nega a
aceitar tal pedido.

5º Temporada / Episodio 4

- É. Vai se casar e sossegar o facho – diz Tommy.


- Casar com quem, Sr. Shelby? Só quero entender. Polly faz parte do acordo? –
responde Aberama.

Novamente vai negociar sempre com uma carta na manga. Tommy está ciente da
paixão entre Aberama e Polly. Então conversa com Polly e confirma que ela aceitaria
se casar com Aberama. Então durante a negociação oferece a sua “benção” para o
casamento dos dois. Radiante com a possibilidade de casar com Polly, Aberama aceita
adiar a vingança de seu filho. Novamente Tommy consegue o que quer.

Tommy normalmente colocava em pratica seus planos, mesmo sua família


discordando. Mas, sempre que possível, usava essa tática de persuasão. Oferecia algo
que lhes fosse de interesse, em troca da sua aprovação. Dessa maneira, colocava em
pratica seus planos, e ainda conseguia manter uma boa relação com sua famíli a e
aliados. Tommy sempre dava prioridade em persuadir as pessoas para que fizessem a
sua vontade. Só quando não tinha jeito, as obrigava.

Outro método, para fechar uma negociação, era o da ameaça.


2º Temporada / Episodio 6

- Tem um parceiro meu me esperando na porta. Ele parece um coroinha da igreja,


mas na verdade é um anarquista da cidade de Kentish – diz Tommy.

Tommy faz um acordo com Solomon por telefone. Haviam negociado sobre
exportações, e o acordo dizia que Solomon ganharia 20%. Mas Tommy pressenti que
pessoalmente, Alfie tentaria mudar os termos do acordo. E é exatamente o que
acontece. Solomon tenta forçar Tommy a entregar 100% das exportações para ele.
Mas ele estava preparado. Afirma que colocou uma granada na destilaria de rum de
Solomon, e que tinha deixado um rapaz cuidando do fio dela. Se o acordo não fosse
fechado, tudo ali explodiria. Solomon não paga pra ver se Tommy está blefando ou
não, assim se vê forçado a negociar. Acabam fechando acordo em um valor que agrada
a Tommy.

Outra arma de Tommy para negociar era a chantagem.

4º Temporada / Episodio 1

-Como caralhos um marginal de Birmigham botou as mãos em uma carta escrita


pelo Rei George? – questiona o primeiro-ministro.
- Num roubo em Hampton Court, Shelby achou uma caixa com cartas. Dentre os
papéis roubados estava a carta do rei. O que prova o envolvimento do rei!

5º Temporada / Episodio 1

- Quando meu pessoal concluiu o serviço em Chinatown, eles pegaram todas as


fotografias, cartas e cheques que o preocupavam. Tudo está em um lugar seguro.
Na segunda-feira, entregará os 50 mil em espécie ou roubarei o cavalo branco em
que monta – diz Tommy a um juiz da Suprema Corte.

Tommy tinha o habito de pesquisar seus inimigos e aliados. Quando encontrava algo
que poderia causar a algum deles constrangimento público, guardava isso a sete-
chaves. Usaria no momento certo para negociar algo de seu interesse. Os diálogos
acima, são de momentos em que Tommy deu a sorte de encontrar provas contra
homens poderosos. Não pensou duas vezes, as guardou e usou no momento certo.
Usando essa tática, Tommy adquiriu poder para chantagear até mesmo o próprio Rei!
Ele também usava a chantagem para garantir que acordos fossem cumpridos, assim
como fez com o juiz da Suprema Corte. Ameaçar e chantagear, duas táticas que deram
incríveis resultados para Tommy.

Agora vamos falar sobre uma qualidade essencial para um bom negociador: O
autocontrole.

Normalmente aquele que durante uma negociação permanece calmo e sereno sempre
acaba por vencer. Um proverbio Bíblico diz: “Como a cidade com seus muros
derrubados, assim é quem não sabe dominar-se”. A falta de autocontrole é trágica em
tudo na vida e não deixaria de ser em uma negociação. “A arte das negociações
coroadas de êxito nasce da paciência e do autocontrole”, diz Napoleon Hill, no livro “A
Lei do Triunfo”. O autocontrole era uma das principais qualidades de Tommy, e iremos
analisa-la mais a fundo ainda neste livro. Porem vamos citar alguns exemplos disto
aqui. Um grande negociador, que Tommy enfrentou algumas vezes, foi Alfie Solomon.
Solomon testou por diversas vezes o autodomínio de Tommy.

2º Temporada / Episodio 2

- Então, eu ouvi falar muito mal do seu pessoal lá de Birmingham. Sabia? Vocês
são ciganos, não é? Você mora em uma tenda ou em uma caravana? – diz
Salomon provocando Tommy. – Eu imaginava que você tinha uma argola de ouro
pendurada no nariz. Me desculpe, continue o que estava falando...

4º Temporada / Episodio 4

- Está tudo confirmado, não é? É, vista cansada. Faz meses que não pisca, certo?
Está cheirando a fumaça, carvão e merda de cavalo, hein? Está de volta ao seu
lugar, Tommy – diz Solomon.

5º Temporada / Episodio 6

- Santo Deus, seu distúrbio piorou pra cacete. O meu, por sua vez... Estou vivendo
nas nuvens. – provoca Solomon.

Solomon usava mil artimanhas para desestabilizar alguém durante uma negociação.
Como ilustrado, uma delas era o uso de insultos e provocações.
Uma cena marcante, acontece na quarta temporada. Solomon pressiona a buzina do
seu carro bem em frente à casa de Tommy, mantem ela pressionada mesmo quando
Tommy já estava andando ao seu encontro. Só para de buzinar, fazendo um barulho
estridente, depois de alguns segundos que Tommy já está parado a sua frente. Porém
Tommy apenas diz calmamente: “Bom dia, Alfie”.

As táticas de Solomon eram efetivas, podemos observar ao longo da série ele tirando
do sério Arthur, Luca Changretta, Aberama Gold e os Russos. Mas não Tommy. Apesar
do habito de falar em demasia e de modo aleatório, dos insultos racistas e das
provocações de Solomon, Tommy nunca perdeu a paciência. Ele, principalmente nas
primeiras temporada, demonstrava uma frieza e um autocontrole indestrutível.

Se o autocontrole é qualidade essencial durante uma negociação, a ausência dele em


seu adversário é muito bem-vinda. Assim como Solomon, Tommy usava a tática de
fazer o adversário perder o controle emocional. Um dos meios que usava para
conseguir isso foi identificado por Oswald Mosley.

5º Temporada / Episodio 4

- O conhaque antes do jantar me diverte, mas não gostei das empregadas. E


desprezo o uso de drogas. Suas estratégias são bem transparentes – diz Mosley. –
Está curioso por minha fraqueza. Descobriu que não é cocaína, nem empregadas.

Álcool, cocaína e sexo. Descubra por qual delas um homem tem uma “quedinha”, e
invista nela para lhe tirar seu autocontrole. Essa era a estratégia de Tommy.

Ele ainda tinha um poder de negociação dado pela natureza: Sua aparência. Era
extremamente atraente aos olhos das mulheres e, junto com sua fama de “gangster”
(que segundo sua irmã Ada estava em alta no momento) tinha alto poder de sedução.
Esse poder que conseguia exercer sobre as mulheres, foi extremamente útil em
negociações.

A primeira mulher que seduziu foi Grace. Ela a princípio tinha como missão entregar ao
agente Campbell todos os planos de Tommy. E entregou muitos. Porém, no momento
em que Tommy em fim cairia nas mãos de Campbell e seria o fim dele, o salvou. Se ele
não tivesse conseguido a seduzir, como policial infiltrada, ela contribuiria para a prisão
dele sem piedade nenhuma. Posteriormente seduz May Carleton. Tommy precisa que
sua égua estivesse presente na pista de Epson. Mas necessitava da aprovação do
conselho de Epson. May tem forte influência no conselho, e poderia providenciar isso.
Carleton está muito vulnerável, carente, tentando superar a perda do marido. Ele
aproveita isso, e se “prostitui” mais uma vez com sucesso. E por último Jessie Eden,
ele a seduz para ganhar sua confiança. Ganharia muito dinheiro do governo britânico
se conseguisse o nome dos que lideravam o levante comunista. Eden tinha os nomes.
Depois que dormiu com ela, conseguiu os nomes em um estralar de dedos.

Tommy tinha todos atributos de um bom negociador, até a natureza tinha o


abençoado nesse sentido. Estava sempre munido das armas necessárias para uma
negociação: A vantagem, o autocontrole, o poder de ameaçar e chantagear, e a
sedução.
Engolir Sapos – Capítulo 12

Tommy era mestre em “engolir sapos” ou “levar desaforo pra casa”. Podemos explicar
essas expressões como: sacrificar momentaneamente seu orgulho.

Talvez uma das coisas que nossos pais nos disseram em nossa juventude foi: “Meu
filho, na vida a gente tem que aprender a engolir sapos”. Isto é, em alguns momentos
é melhor aguentar calado certos desaforos, provocações, brincadeirinhas e
inconveniências. Às vezes é sábio sacrificarmos nosso orgulho no presente, buscando
obter um bem maior no futuro. Pode ser que alguns digam que engolir sapo é
característica de uma pessoa fraca, mas na verdade é o contrário.

A esse respeito, Aristóteles já dizia: "Ficar com raiva é fácil. Mas ficar com raiva com a
pessoa certa, no momento certo, pela razão certa, do jeito certo –isso não é nada
fácil". Controlar a raiva diante de uma provocação para extravasa-la apenas no
momento certo, é um desafio. Mas encontramos também essa habilidade em Tommy.

1º Temporada / Episodio 3

- Pegue isso do chão cigano – diz Billy Kimber.


-Senta, senta ai – diz Tommy a John, quando este se levanta revoltado.
- Pra consertar o teto – diz Kimber, depois de Tommy pegar a moeda.
- Obrigado Senhor Kimber – responde Tommy.

Diante de um desaforo, a reação de John é a de se esperar em um homem comum.


Com raiva iria se vingar daquele que atentava contra o orgulho de seu irmão. Porém
Tommy não era um homem comum. Era dotado de um autocontrole tremendo. Tinha
uma ambição sem limites, mas sabia que para chegar aonde queria, teria que primeiro
se humilhar. Ele se ajoelha diante de Kimber, mas já mirando o dia em que ficaria em
pé diante dele. E esse dia chegou, Tommy tomou todo império de Kimber e ele mesmo
colocou uma bala na cabeça dele.

5º Temporada / Episodio 1

- ... mas você não é Deus – diz Charlie Shelby.


- Não sou deus, não. Ainda não – responde Tommy.
A ambição de Tommy mirava os céus, queria ser “Deus”. Provavelmente no sentido de
não querer ser servo ou escravo de mais ninguém. Todos estariam aos seus pés. Porém
sabia que até chegar esse dia, teria que se sujeitar a situações desagradáveis.

2º Temporada / Episodio 2

- Você está na minha mão, Senhor Shelby. De agora em diante, você pertence a
mim – diz o agente Campbell.

3º Temporada / Episodio 6

- Você é que manda. É só me dizer o que tenho que fazer, que eu vou fazer. Eu vou
fazer tudo o que você quiser que eu faça, e não vou reclamar – diz Tommy ao
Padre Hughes.

Enquanto subia o “Olimpo”, tinha que atuar como um simples servo daqueles que
tinham mais poder. Era necessário ferir seu orgulho, e se humilhar por alguns
instantes. Porém no momento certo seria exaltado. Assim se deu contra Kimber,
Campbell e Hughes.

Conforme ia ganhando poder, Tommy poderia escolher se iria engolir ou não, certos
sapos.

5º Temporada / Episodio 3

- Arthur, a hora dele chegara – diz Tommy a Arthur, quando esse ameaça reagir as
provocações de Mosley.

Tommy decide se submeter aos insultos de Mosley. Dessa vez não era obrigado a servi-
lo, pois tinha mais poder que ele. Mas decidiu aceitar alguns desaforos, pois tinha
alguns planos em mente.
4º Temporada / Episodio 6

- Então assine, pode assinar de Joelhos, no chão. Eu quero que se ajoelhe e assine –
ordena Luca Changretta.

Depois de algum tempo vemos a cena se repetir. Tommy recendo ordens para se
ajoelhar diante de alguém. Se ajoelhou, mas agora não foi para se humilhar, como fez
com Billy Kimber. Dessa vez tinha poder, se ajoelhou para desferir um golpe imediato.
Não levou desaforo pra casa, acabou ali mesmo com o Luca.

1º Temporada / Episodio 6

- Eles tiraram meus filhos de mim e nunca contaram para onde os levaram. Só
fizeram isso porque podiam, porque eu era fraca. Mas eles nunca vão tirar seus
filhos de você. Sabe por que? Porque o Tommy não vai deixar. Porque o Tommy
não deixa que a polícia nos humilhe. Foi o Tommy que trouxe poder e força para
essa família – diz Polly abrindo seu coração a Ada.

Assim como Tommy, Polly sabia que quanto mais poder tivessem, a menos situações
humilhantes teriam que se sujeitar.

Tommy estava disposto e engolir até uma lagoa de sapos, para alcançar seus objetivos.
O sentimento de humilhação é ruim, mas algumas vezes é necessário, para que no
futuro haja exaltação. Se tivermos a capacidade de engolir os sapos certos, podemos
usa-los a nosso favor um dia. Porém para isso é necessário um grande autocontrole.

Vamos analisar por fim, outra humilhação que Tommy estava disposto a enfrentar por
seus objetivos: Se prostituir.

1º Temporada / Episodio 3

- Todo mundo se prostitui, só vendemos partes diferentes – diz Tommy.

Na segunda temporada se deitou com May Carleton. Tommy precisava que sua égua
corresse em Epson, e May poderia conseguir a aprovação junto ao conselho.
3º Temporada / Episodio 4

- Ela é uma fonte de informação excelente sobre o local das mercadorias. Eu


estava trabalhando. Trabalhando pelo bem da empresa – diz Tommy.

Na terceira temporada se deita com a Duquesa Tatiana. Queria roubar um tesouro e


Tatiana sabia onde ele estava. Então passou uma noite com ela para descobrir isso.
Quando seus irmãos e Polly tentaram o exaltar por isso, pois Tatiana era muito bela,
foi frio dizendo que estava apenas trabalhando. Com certeza a noite com a duquesa,
por mais bela que fosse, foi um inferno para Tommy. Mas tinha que fazer esse sacrifico
para o bem dos negócios.

4º Temporada / Episodio 5

- Tommy Shelby evitará a revolução com seu pinto – diz Ada.

Na quarta temporada se deita com Jessie Eden. Precisava do nome daqueles que
lideravam o movimento Comunista. Eden os tinha. Ganharia muito dinheiro
entregando-os ao governo Britânico. Depois de uma noite com Eden, os conseguiu.

Pode não parecer nenhum sacrifico ter se deitado com essa mulheres, mas o fato é
que ele se prostituiu. Até aonde se sentiu humilhado é difícil saber, mas o fato é que o
fez, pois estava disposto a qualquer sacrifício por seus objetivos.

“Os humilhados serão exaltados” essa expressão popular se cumpriu em Tommy.


Depois de ter se rebaixado algumas vezes, sobrepujou todos que lhe humilharam. Se
revidasse no primeiro desaforo com o qual se deparasse, assim como seu irmão John
fazia, não conseguiria arquitetar com tanta maestria o futuro da Companhia Shelby
LTDA.
Coragem – Capítulo 13

2º Temporada / Episodio 5

- Eu sabia que... O Thomas Shelby não tem medo da morte... – diz o agente
Campbell.

2º Temporada / Episodio 1

- O Tommy tem que zelar pela reputação – diz Irene O’Donnell.


- Uma reputação de não ter medo de nada no mundo – complementa o agente
Irlandês.

O homem que nada teme! Essa era a reputação de Tommy Shelby. Mas sabemos que
isso era uma fantasia. Ele mesmo admite isso.

3º Temporada / Episodio 1

- Estou com medo, Grace... É assim que eu fico quando eu tenho medo. Você não
está acostumada, mas eu sou assim. Eu fico, eu fico com muito medo... – confessa
Tommy.

É obvio que Tommy tinha medo. O medo é algo natural, faz parte de todo ser humano
saudável. O medo é um estado de alerta extremamente importante para a
sobrevivência humana. Como disse Jean-Paul Sartre: “Todos os homens têm medo.
Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem”. Em vista
disto, quando diziam que Tommy era o homem que nada temia, queriam dizer que ele
na verdade era um homem corajoso. Coragem (do latim coraticum) é a capacidade de
se agir diante do medo. Coragem, não quer dizer ausência de medo, mas a ação apesar
deste. “Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. O
homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas o que conquista esse medo”,
disse Nelson Mandela.
3º Temporada / Episodio 1

- Eu fico, eu fico com muito medo, e ai sigo em frente... – diz Tommy.

Nessa fala de Tommy, se caracteriza a coragem. Sentir medo é característica comum


de todo ser humano, eles apenas se diferem na maneira como reagem a ele. Alguns
diante do medo se retraem, recuam e muitas vezes fogem de suas responsabilidades.
Esses são adjetivado como covardes. Porém há aqueles que diante do medo não
deixam se deter, continuam a avançar e enfrentam aquilo que sabem ser inevitável.
Esse é o corajoso. Tommy está entre estes. Sentia muito medo e então... seguia em
frente.

A coragem de Tommy o capacitava a enfrentar situações de alto risco. Tinha grandes


ambições, e queria alcança-las com relativa agilidade. Em poucos anos passou de um
agente de apostas ilegais, para um membro do parlamento Britânico, dono de
centenas de negócios, imóveis, etc. Foi um salto imenso, em pouco tempo. E parece
ser uma lei da vida que, quanto maior o ganho em menor período de tempo, maior o
risco. Somos rodeados por exemplos dessa verdade. Todo investimento, seja em ações
da bolsa de valores ou em algum empreendimento, que visa um grande lucro em
pouco tempo, sempre é extremamente arriscado. Não foi diferente com Tommy, afinal
teve que arriscar até sua própria vida para dar esse gigantesco salto.

Porém ter coragem para correr riscos não significa ser imprudente, e isso Tommy não
era. Seus planos eram arriscados, porém cada detalhe era planejado e friamente
calculado. Notamos que em determinadas ocasiões gastava dias, se necessários meses,
detalhado um plano. Sobre isso Greene, em seu livro “As 48 Leis do Poder”, diz: “A
maioria dos homens segue o coração, não a cabeça. Seus planos são vagos e, diante de
obstáculos, eles improvisam. Mas a improvisação o levará você até a próxima crise e
não substitui, jamais, a previsão das próximas etapas e o planejamento até o final.”

Greene destaca a importância de “planejar até o fim”, considerando todas as


consequências, obstáculos, e reveses que poderiam surgir no caminho. Dessa maneira
se evita o excesso de surpresas no meio do caminho e de improvisações. Quanto
menos agir pela emoção quando está sob pressão, melhores serão as decisões. Se já
tiver previsto de antemão coisas que poderiam acontecer, saberá como como reagir a
elas.

Fica claro que o imprevisto sobreveio a Tommy algumas vezes. E logico, algumas
habilidades como conseguir manter a calma e raciocinar sob pressão o ajudaram
nesses momentos. Porém no todo, fica claro que seus planos eram minimamente
arquitetados. Alguns eventos que a princípio parecem surpresas, coisas que não
estavam nos planos, na verdade já tinham sidos calculados por Tommy. Greene
destaca algo importante em alguém que busca o poder: “Ter uma visão mais aguçada
do futuro, capacidade de decifrar todas as variáveis possíveis que podem ocorrer
durante a realização do seu plano”. Definitivamente Tommy tinha essa habilidade.

Ele também tinha consciência de que, por seus planos por serem arriscados, tinham
sim a probabilidade de não darem certo. Tinha uma visão realista, não fantasiosa e
tolamente otimista das coisas. Esperava o melhor, mas se preparava para o pior.

2º Temporada / Episodio 4

- Eu não tenho filhos Ada, então acabei de abrir um fundo. Os beneficiários serão
os filhos do John e o Karl (filho de Ada). Preciso da sua assinatura. Eu abri uma
conta, caso eu venha a falecer o dinheiro será transferido – diz Tommy.

2º Temporada / Episodio 6

- ...Caso eu morra, ele precisa ser levado a justiça. Se você está lendo isso eu já
estou morto... – diz Tommy em carta, se referindo a Campbell.

Muitas vezes, antes de colocar em ação seus planos altamente arriscados, Tommy
tomava algumas precauções. Greene diz: “Elas (pessoas) podem acreditar que estão
pensando em tudo até o fim, mas estão na verdade focalizando apenas o final feliz, e
se iludindo com a força do seu desejo.” Tommy não era imprudente. Não agia pela
emoção, pela fé ou pelo desejo de um “final feliz”. Sabia que um plano bem feito, lhe
daria boas chances de conseguir o que queria. Mas ainda havia a possibilidade de não
dar certo, e ele se preparava também para isso.

Além da sua grande capacidade planejar, Tommy contou com outro fator em muitas
ocasiões, que foi de suma importância para o sucesso dos seus ideais: A sorte. Mas
como diria Nicolau Maquiavel, no seu livro “A Arte da Guerra”: “Ela (a sorte) é sempre
amiga dos jovens, pois são menos cautelosos mais ferozes e a dominam com mais
audácia.” E também, como afirmou Alexandre, o Grande: “A sorte favorece os
audazes”. Tommy só teve a oportunidade de ser agraciado pela sorte, pois teve
coragem e ousadia.

Sem dúvidas, a coragem, que nada mais é do que domar seus medos, foi qualidade
essencial para Tommy sobrepujar seus adversários e alçar ao sucesso.

“Já descobrimos também que o homem que domina o medo pode triunfar em
qualquer empreendimento, sejam quais forem os esforços reunidos para derrotá-lo. O
desenvolvimento da confiança em si mesmo ou autoconfiança começa com a
eliminação desse demônio que se chama medo, o qual segreda nos ouvidos das
pessoas: “Não podes fazer isso. Tens medo de experimentar. Temes a opinião pública.
Tens medo de fracassar. Tens medo de não possuir habilidade.” O demônio do medo,
porém, anda esgueirando-se. A ciência encontrou uma arma para empregar na batalha
contra esse velho inimigo do progresso”, diz Napoleon Hill.
Frio e Calculista – Capítulo 14

O atributo de maior destaque em Tommy, sem dúvida alguma, é sua capacidade de


gerenciar suas emoções. O famoso “frio e calculista”. Durante momentos em que
qualquer pessoa comum ficaria abalada, ele mantinha-se frio e calmo.

Mas será que se portava assim por mero autodomínio evoluído ou porque sofria de
alguma desordem psicológica? Existe pessoas que agem friamente diante de situações
cotidianas devido a algum transtorno de personalidade antissocial ou desordem
psicológica (sociopatia ou alexitimia, por exemplo). Um sociopatia tem como
característica a ausência de sentimentos superiores como piedade, compaixão e
altruísmo. Um absoluto egoísmo. As pessoas com a alexitimia são muitas vezes
descritas por outros, como frios e distantes. Eles são severamente carentes de
habilidades empáticas e têm grande dificuldade em entender e responder eficazmente
aos sentimentos de outras pessoas. Será o caso de Tommy? Aparentemente não. Por
exemplo, o Psiquiatra Forense Guido Palomba, diz que uma das características de um
sociopatia é a capacidade de maltratar animais, sem nenhum remorso ou peso na
consciência.

1º Temporada / Episodio 2

- Sabe, na França... Na França, me acostume a ver homens morrendo. Nunca me


acostumei a ver cavalos morrendo. Eles morrem de maneira terrível – confessa
Tommy.

Fica claro que Tommy não se enquadra nessa descrição de Guido Palomba, pois tirar a
vida de um animal era uma grande tortura emocional para ele. Isso fica evidente
quando ele precisa sacrificar seus cavalos. Tommy é um turbilhão emoções, nem de
longe seria diagnosticado como um sociopata. Por mais que tentasse camuflar suas
emoções elas ficam bem evidentes durante a série.

1º Temporada / Episodio 5

- Sai daqui... Essa família precisava de você há dez anos, e você nos abandonou.
Agora não. Sai dessa casa – ordena Tommy ao seu pai.
- Ele é nossa pai – retruca Arthur
- Ele é um canalha egoísta – diz Tommy.
3º Temporada / Episodio 4

- Essa carta diz que nosso pai morreu... – Esse cervo é para lembrar dele. Vamos
comer e nos esquecer dele. Ele não precisa de perdão, combinado? Então o nome
dele vai morrer. Já está na família a muito tempo, mas agora morreu. Isso.
Acabou. Que se foda. – diz Tommy.

Tommy e seus irmãos tiveram alguns problemas com o seu Pai. Parece que este
abandonou a família e egoistamente foi viver sua vida. Pelas palavras e ações de
Tommy, parecia que ele pouco se importava com isso. Indicava que seu pai era
insignificante na sua vida e já tinha o esquecido. Aparentemente, no alto do seu
sucesso, o fato de seu pai ter lhe abandonado era irrelevante. Arthur, diferentemente,
demonstrava que sentia falta do pai e tinha o desejo da reconciliação. Porém se
Tommy aparentava indiferença por fora, não era reflexo do seu interior.

Uma característica de Tommy, que o permeia por toda serie, era sofrer com sonhos
ou alucinações relacionados a emoções pendentes. Por exemplo, durante toda
primeira temporada, sonhava com os traumas da guerra. Após a morte de Grace,
começou a ter alucinações com ela. Parece que todos seus traumas emocionais
reprimidos, se tornavam em sonhos ou alucinações.

3º Temporada / Episodio 4

- Ada, vá. Seja rápida, não consigo enxergar. Não consigo enxergar... Menos você,
pai. Estou vendo você – diz Tommy.

Em determinado momento, quando está extremamente machucado, Tommy começa a


ter alucinações. E a primeira coisa que vê é o fantasma de seu pai. Sinal de que este
ainda o assombrava. Apesar de agir friamente, fica claro que tinha emoções pendentes
quanto a seu pai. E estas ainda o atormentavam.

1º Temporada / Episodio 6

- Irá atrás dela? – Tommy é questionado acerca de Grace.


- Ela faz parte do passado. E não me importo com o passado... – responde ele.
As ações e palavras de Tommy não correspondiam ao que sentia. Apesar de afirmar
que não se importava com decepções do passado, como as que passou com Grace e
com seu Pai, na verdade elas ainda o assombravam.

Tommy até queria ser um sociopata, igual seu companheiro de partido Oswald Mosley,
mas não era.

Temporada 5 / Episodio 4

- Somos rebeldes, não? Botamos pra quebrar na câmara. E, a seguir, nos aliviamos
nos corpos de quem escolhermos. Dois homens a quem é proibido proibir – diz
Oswald Mosley.

Mosley acreditava piamente que nada lhe era proibido. Qualquer mal que fazia não lhe
atormentava. Em sua mente doentia, tinha o direito de fazê-lo. Podia fazer o que
queria sem remorso, tanto que era fascista.

Temporada 5 / Episodio 4

- O Dr. Brook disse que você não foi a consulta, Tom. – diz Ada se referindo ao
psicólogo de Tommy.
- Não. Não há nada em seus livros que sirva pra mim. Eles falam sobre culpa. Que
porra de culpa? ... Mosley tinha razão. Ele disse: “Para nós, é proibido proibir.”
Podemos fazer qualquer coisa. Nada pode nos impedir. Só que há uma parte de
mim que não conheço... – diz Tommy.

Tommy queria ser frio igual a Mosley. Queria enfiar em sua mente a ideia de que podia
fazer o que quisesse, sem enfrentar sentimento de culpa. Ele tinha poder, nada devia
lhe ser proibido. Mas não conseguia alcançar esse nível de frieza. Não podia matar,
magoar, trapacear, sem que sua consciência o atormentasse por isso. Era um fardo
que tinha que levar, o fardo por todas suas ações. E com o passar do tempo, esse fardo
foi se tornando insuportável.

Fica claro que, diferentemente de Mosley, Tommy não era um sociopata ou coisa do
tipo. Não era um Michael Myers dos filmes do Halloween, que podia matar sem sentir
um pingo de remorso ou culpa. Sim, carregava o fardo emocional por casa ação. Ser
frio quando se é impossibilitado de ter emoções é fácil. Esse não era o caso de Tommy,
era um turbilhão de emoções e isso o torna ainda mais incrível. A atitude “fria e
calculista” de Tommy era 100% proveniente de um autocontrole incrível. Sentia a forte
carga emocional, mas a dominava.

1º Temporada / Episodio 4

-Em meu último dia no poder, por exemplo, eu me asseguraria que você e a escória
dos seus irmãos tivessem as cabeças esmagadas por marretas e enxadas. E sua
irmã também. O bebe dentro dela não faria nenhuma diferença para mim. O único
que pouparia seria seu irmãozinho, Finn. No entanto, ele seria preso como
delinquente juvenil, e seria jogado naquela área da prisão para adultos onde os
homens tem mais apetite para meninos como ele. Seria realmente um dia sombrio,
Sr. Shelby. – diz o agente Campbell.

Vamos ao primeiro exemplo, onde a razão sobrepujou a emoção. Campbell ameaça a


família de Tommy, detalhando o quanto seria cruel. Sabia que esse era ponto fraco de
dele. Nesse momento, Tommy vê a ira subir a sua cabeça, respira fundo, saca a sua
arma e aponta para Campbell quando este lhe dá as costas. Põe o dedo sobre o
gatilho, respira ofegante, e logo após deixa ele ir embora ileso. Há um verso bíblico
que diz: “Irai-vos, mas não pequeis”. O autodomínio de Tommy se exerceu assim.
Diante de uma provocação é difícil não se irar, mas com muito esforço é possível que
nossa ação não corrobore com a fúria que sentimos. Ficou irado, apontou a arma
e....não atirou. O coração pedia que o matasse de imediato, mas a razão dizia que não
era o momento, não era bom para os planos. A razão venceu.

Outro sentimento contra o qual Tommy teve que lutar foi o famoso “coração partido”.
A descoberta da traição de Grace, foi um dos maiores abalos emocionais que Tommy
sofreu.

1º Temporada / Episodio 5

- Não escuto as pás do outro lado da parede – diz Tommy.


- Que pás? – questiona Grace.
- Vai me ajudar?
- Ajudar com o quê? – questiona Grace sem entender nada.
- Com tudo. Com a merda toda. Com a vida, com os negócios. Encontrei você. E
você me encontrou. Vamos ajudar um ao outro.

Tommy tinha visto em Grace, a solução para todos seus problemas emocionais. Junto
com ela, todos seus traumas pareciam sumir. Sua mente ficava calma, como nunca
antes após a guerra. Tommy a amava. Quando dormiu ao lado dela, conseguiu pela
primeira vez após a guerra, dormir em plena paz, sem pesadelos ou o uso de ópio.
Logo após a noite que passou com Grace, vemos um diálogo entre ele e Arthur.
Tommy está de bom humor e bem leve. Brinca com Arthur, os dois riem juntos. Com
certeza o melhor momento dele na série. O clima está bom como nunca antes.

1º Temporada / Episodio 6

- Quem mais sabia que hoje estaria indo pra cima do Kimber? Você disse que havia
guardado segredo. A quem contou? Só uma coisa pode cegar alguém inteligente
como você, Tommy: O amor. Foi aquela garçonete – diz Polly.

Porém esse momento “nas nuvens” de Tommy passa como um relâmpago. Logo
descobre que Grace tinha o traído. Com certeza, a experiência humana mostra que
uma decepção amorosa pode ser altamente destrutível. Mas a maneira que Tommy
conseguiu reagir é impressionante. Recebeu essa porrada emocional bem no momento
onde teria que enfrentar Kimber. Para piorar, em meio àquela dor emocional tinha que
bolar um plano b, pois o principal tinha sido frustrado por Grace. Precisava agir com
destreza física e intelectual, durante uns dos seus maiores abalos emocional. E o fez
com maestria. Derrubou Kimber!

Logo após teve que se deparar com a traidora. Quando esteve frente a frente com
Grace, se manteve frio. Nem expressou ódio e desejo de vingança, nem declarou seu
amor, apenas tentou demonstrar que não estava abalado por aquilo. Quando Grace
declara que o ama, age como se estivesse indiferente a isso, apesar de também a
amar. Ela então pede que ele “jogue a sua arma no canal”, e fuja para Nova York junto
com ela.

1º Temporada / Episodio 6

- Querida Grace... a ideia de Nova York é interessante, mas trabalhei tão duro por
esse dia. Por esta vitória. Tenho responsabilidades aqui, pelas pessoas a quem
preciso proteger, pessoas que eu amo. – escreve Tommy.

Apesar de amar Grace e de ter a perdoado, recusa o convite e vê ela ir embora sem
ele. Tommy tinha responsabilidades em Birmingham, tinha que cuidar de sua empresa
e família. Não os abandonaria para viver uma “história de amor.” Novamente não
deixa suas emoções sobrepujarem a razão.
2º Temporada / Episodio 4

- Como anda sua vida, Tommy? – questiona Johnny Dogs.


- Melhorando, Johnny, melhorando – responde Tommy.
- É, mas me conta, Tommy, como anda mesmo? Você sabe que não gosto de ver
que você ainda está solteiro. Eu tenho uma prima bem bonitinha, ela ia fazer da
sua vida um inferno. Você merece ela. Não vamos a um bom casamento faz muito
tempo.

Na segunda temporada, Johnny Dogs traz à tona a situação de Tommy. Ele estava
sempre solteiro. Apesar de amar Grace, sabia que começar um relacionamento com
ela no momento, não era bom para os negócios. Precisava que seu foco total estivesse
voltado a expansão para Londres. Novamente precisava subjugar suas emoções. Tinha
que aguentar por mais um tempo as zombarias de Johnny Dogs.

1º Temporada / Episodio 2

- Já estava na hora, Tommy... Hora de arranjar uma mulher – brinca John.

E diga-se de passagem, não era a primeira vez que ele era “zoado” por seu estado de
solteiro.

Tommy também tinha que subjugar sentimentos de medo, frustração e desanimo.

2º Temporada / Episodio 5

- Então... vamos avaliar nossa nova situação. O seu irmão está em uma cela,
acusado de matar o Billy Kitchen. As acusações contra ele são fortes e não tenho
dúvidas de que o destino dele é a forca. E tem o filho da Polly, o Michael. Ele já
confessou ter ajudado o Arthur a queimar o Pub Marquis... Ou seja, o seu irmão
pode pegar pena de morte e o seu primo pode pegar cinco anos por um incêndio
criminoso. E para completar, a sua organização inteira está um caos completo em
Birmingham e em Londres – diz o agente Campbell.

Neste momento, tudo que Tommy tinha trabalhado e se arriscado para conseguir,
desmorona do dia para noite. Uma situação onde a maioria das pessoas surtariam e
declarariam derrotada. Arthur por exemplo, por coisas infinitamente menores,
surtava, caia na bebida, drogas e pensava em suicídio. Tommy realmente se abalou e
ficou um pouco desanimado nesta situação, como vai ficar claro para nós mais à
frente. Além do mais teve que lidar com forte pressão de Polly, que estava
desequilibrada emocionalmente pela prisão de Michael. Também sofreu investidas de
Esme, que o incentivava a largar tudo, desistir, fugir, ir para França e abandonar os
problemas. Mas mesmo assim, diante de uma avalanche de emoções dentro de si e
das pessoas a sua volta, conseguiu administrar tudo. Manteve o foco, construiu um
plano e rapidamente resolveu a situação. Se reconciliou com Solomon, livrou Arthur da
prisão e conquistou Sabine, assim como ambicionava.

Além de ter um domínio tremendo sobre questões emocionais, também o tinha sobre
dores e problemas físicos. Tommy tinha um nível tão elevado de autocontrole que
nenhuma dor, seja física ou emocional, o impedia de cumprir seus objetivos.

2º Temporada / Episodio 2

- Você ficou maluco, Tommy? Eles disseram que você ia ficar três semanas
internada – diz Charlie Strong.
- Eu preciso pegar um barco pra Londres. Hoje á noite – responde Tommy.

Depois de apanhar muito da gangue de Sabine, Tommy precisou ficar hospitalizado.


Sua situação era tão crítica, que os médicos estipularam que ele precisaria ficar ao
menos três semanas internado. Mas Tommy não podia ficar três semanas no hospital.
Tinha uma reunião de negócios que seria importante para o futuro de sua empresa.
Tinha conseguido o convite de Solomon, e sabia que um homem tão poderoso não lhe
daria outra oportunidade. Por isso fugiu do hospital, cheio de ossos quebrados e
ardendo de febre. Charlie o chamou de louco! Neste estado pegou um barco e realizou
o que tinha que ser feito: Comparecer no dia e hora marcado na fábrica de Solomon.

3º Temporada / Episodio 4

- Você vai explicar para os russos que se enganou sobre mim e peça desculpas para
mim na frente deles... Faça o que eu digo ou vamos matar o seu filho... Vai se
desculpar para mim amanhã e vai reparar o dano que fez – diz o Padre Hughes.

Novamente leva uma surra. Fica inconsciente por horas e sofre de hemorragia interna.
Porém mesmo neste estado físico, tem uma missão pra concluir. Comparece em uma
reunião com os russos, assim como o Padre lhe ordenou. Mas não acabou por ai. Antes
de perder por completo as forças e os sentidos, vai até a casa de Ada pois tinha
assuntos importantes para comunicar. Realizou outra reunião na casa dela. Logo após,
cai na escada, perde os sentidos e fica hospitalizado.

Mesmo com tamanha dor física, dor que com certeza serviria para a maioria das
pessoas como uma desculpa válida para deixar de realizar algo ou para terceirizar suas
responsabilidades, Tommy fazia o que tinha que ser feito. Sua ambição era forte, seu
autodomínio gigantesco. E isso o permitia fazer coisas sobre-humanas quando se
tratava de atingir suas metas. Nada o parava!

Mesmo quando Tommy tinha que lidar com seus maiores traumas psicológicos, o fazia
friamente.

3º Temporada / Episodio 6

- Ele pediu pra você descer até lá e dar uma olhada. Eu disse que nem Deus faria
você entrar em um Túnel - diz John.

Tommy não suportava ver um túnel, nem de longe. Trauma do período que esteve na
guerra. Escavava túneis e, segundo ele, era o pior serviço que se podia fazer na guerra.
Na primeira temporada, todas as noites tinha pesadelos com esse túnel. Porém em
determinado momento se viu obrigado a enfrentar seu trauma, pois era uma questão
de vida ou morte para seu filho. Enfrentou seu pior pesadelo de frente. Entrou em um
túnel estreito, quente, escuro, com pouco oxigênio e que corria risco de desmoronar a
qualquer momento. Novamente não se abalou. Fez o serviço com maestria. Cavou em
horas um túnel que os outros tuneleiros afirmavam demorar dias para ser escavado.
Não é à toa que era o melhor escavador de túneis na época da guerra.

Tommy também tinha domínio de seus impulsos sexuais.

3º Temporada / Episodio 4

- Já sei qual é a sua fraqueza – diz a duquesa fazendo uma insinuação sexual.
- Consigo trepar sempre que eu quero – responde Tommy.

Tommy afirma a duquesa que não seria manipulado pelo sexo. Esse não era seu ponto
fraco. Não deixaria se levar, nem mesmo por um duquesa lindíssima. E parece bem
claro durante a série, que esse realmente não era um ponto fraco dele. Na verdade era
ele que usava o sexo estrategicamente, para fechar negociações e extrair de mulheres
o que queria. Mas nunca foi manipulado pelo sexo. Sem dúvida, o desejo sexual é um
dos principais apetites responsáveis pela indisciplina das pessoas. Durante a série,
temos alguns exemplos de pessoas que foram manipuladas pelo seu apetite sexual.

4º Temporada / Episodio 3

- Anda, Linda. Quero dizer, foi ideia dela, não foi? A seda japonesa... Me manteve
longe da merda da reunião! Para me impedir de votar – reclama Arthur.

Linda e Polly queriam afastar Arthur da reunião onde discutiriam quem iria matar Luca
Changretta. Linda foi até o escritório de Arthur, lhe ofereceu sexo e facilmente o
fisgou. Arthur perdeu a reunião e depois ficou frustrado por isso.

2º Temporada / Episodio 6

- Lizzie, tem um homem aqui... Preciso que ele se afaste da multidão e seja levado
para um lugar mais calmo – diz Tommy.

Tommy precisa matar o general Henry Russell. Mas não o podia fazer no meio de uma
multidão, por isso precisa que ele se dirija a um lugar isolado. Usa o apetite sexual dele
como armadilha. Pede ajuda de Lizzie, ela o seduz oferecendo sexo, e o leva para o
local marcado. Lá Tommy o mata.

1º Temporada / Episodio 3

- Então vai vir a corrida? Duas libras e dez xelins. Certo... Compre algo vermelho.
Para combinar com o lenço dele – Diz Tommy a Grace.
- Lenço de quem? – Indaga ela.

Tommy reparou que Billy Kimber estava interessado em Grace. Por isso, deu dinheiro a
ela pra comprar um vestido e a levou a corrida, onde iria negociar com Kimber. E deu
certo, Kimber colocou como condição para fechar o contrato, passar algumas horas
com Grace. Foi fisgado. É digno de nota que Tommy percebeu que tanto Henry Russell
como Billy Kimber eram dois tarados. Por isso usou o sexo para fisga-los.
Tommy na contramão, tinha pleno autocontrole neste sentido. Assim como o
personagem mitológico Ulisses, Tommy conseguiu resistir ao “canto das sereias”. Não
deixava que seu apetite sexual o colocasse em ciladas ou lhe torna-se manipulável.

Durante a série, observamos algumas estratégias que Tommy usava para sempre
aparentar frieza na frente das pessoas.

2º Temporada / Episodio 1

- De agora em diante, Sr. Shelby, vai calar essa maldita boca de cigano e ouvir as
instruções – diz Irene O’Donnell.

Tommy é obrigado a fazer alguns serviços para os fenianos e fica muito bravo com isso.
Ao sair da reunião com eles, quando se vê sozinho, começa a gritar, lança pro ar seu
casaco e sai chutando objetos como um louco. Logo após, respira fundo e sai
caminhando pelas ruas com uma aparência de perfeita calmaria. Ai está a chave:
Extravasava suas emoções em particular, nunca em público. Diante das pessoas,
gostava de mostrar que estava sempre calmo e seguro, com tudo sob controle.

Outra habilidade de Tommy era saber estimular sua mente. Tinha estratégias para se
manter sempre motivado, evitando que sentimentos negativos o dominassem.

2º Temporada / Episodio 5

- O que você está fazendo, Tommy? – questiona Curly.


- Limpando coco, Curly. Igual a você – responde Tommy.
- Por que você está fazendo isso?
- Para me lembrar do que eu seria se não fosse quem eu sou.

Durante um dos seus piores momentos, quando estava atolado de problemas, Tommy
vai limpar esterco. Essa atitude surpreende a Curly e a Charlie. Mas quando ele explica
o porquê, fica claro que ele buscava um estimulo para continuar. “Para me lembrar de
quem eu seria se eu não fosse quem eu sou”, diz ele. Tommy nasceu em uma família
pobre de ciganos, que sempre foi alvo de preconceitos, perseguições e que vivia
fugindo de um lado para o outro. Ele tinha mudado essa realidade. Como disse Polly:
“Foi o Tommy que trouxe poder e força para essa família”. Todos os problemas que
Tommy teve que enfrentar proporcionaram um futuro melhor para ele e para sua
família. Ao meditar sobre o indivíduo que estava fadado a ser se não enfrentasse tudo
aquilo, recebia o estimulo que o motivava a continuar perseverando. Faria qualquer
sacrifício para não sucumbir a aquele que seria seu “destino natural”.
Mas essa situação era tão crítica, que percebeu que precisava de um estimulo maior.

2º Temporada / Episodio 5

-Acendi a lareira do quarto no segundo andar. Meu plano era sentar aqui por um
tempo e falar sobre os velhos tempos e beber uísque - diz Tommy a Grace.

Enfim decidiu que era a hora certa de se encontrar com Grace. Descobrir que ela ainda
o amava, seria combustível para continuar a travar aquela batalha. Após ter a
confirmação do amor de Grace, recebeu o estimulo necessário para continuar
perseverando. Tommy sabia estimular sua mente positivamente.

Outra cena que mostra como Tommy sabia gerenciar sua mente, acorre logo após a
morte de Grace. Como já foi analisado no capítulo sobre “Superstições”, ele foi atrás
de uma cigana em busca de uma crença para se livrar da culpa e assim continuar
tocando sua empresa. Porém uma cena no episódio três da terceira temporada chama
a atenção. Tommy mantem sua casa repleta de fotos de Grace. Mas, ao chegar no seu
escritório de trabalho, guarda as fotos dela em uma gaveta bem longe de sua
escrivaninha. Ou seja, tudo bem pensar em Grace quando estava em casa. Porém no
trabalho isso atrapalharia seu rendimento. Por isso, remove qualquer objeto que possa
trazer ela a sua mente e junto com ela um turbilhão de emoções, que por sua vez iriam
prejudicar seu rendimento e decisões no trabalho. Tommy tinha grande habilidade em
lidar com seus próprios “demônios”

“É fato indiscutível que a maioria das infelicidades humanas se origina da falta de


autocontrole”, diz Napoleon Hill. Realmente, não controlar as emoções geralmente
nos leva a fazer algumas “cagadas”, que depois nos arrependemos veementemente.
Além de nos tornar alvos fáceis de manipulação. Alguns momentos da série também
provam isso.

1º Temporada / Episodio 5

- O Hotel e Cassino Shelby. Cavalheiros e damas virão aos montes de todos os


cantos. Nova York, Chicago, Boston. Virão ao Shelby, onde estarei orgulhoso ao
lado de meus queridos filhos. E as mulheres de lá! São como pêssegos frescos.
Poderia ter uma dúzia por vez. Seríamos todos reis! – diz o pai dos irmãos Shelbys
Arthur age com a emoção. Cai no conto do vigário de seu Pai. Deseja tanto que seu pai
tenha mudado, que isso o cega a razão. Resultado: É logrado por ele. Depois de Arthur
lhe dar dinheiro para construírem o tal do cassino, ele vai embora e o abandona. Logo
após, Arthur novamente não tem controle das suas emoções e tenta se suicidar, mas
pra sua sorte a corda se rompe.

2º Temporada / Episodio 1

- O meu filho e minha filha foram levados de mim quando eram pequenos. Levados
pelas autoridades e nunca soube o que aconteceu com eles. Mas... ultimamente,
sinto uma sensação. Uma sensação... Que não sei descrever. Eu fico tendo um
sonho. Eu vejo uma menina linda com uns 18 anos. Ela está do outro lado da rua, e
me diz que acabou de morrer. Minha filha faria 18 anos esse ano. Em maio, no dia
15. Ela tem olhos escuros como os meus. E ela grita. Grita muito. E aí ela me diz:
que quer falar comigo porque sou a mãe dela. Mas eu nem sei qual nome que
deram pra ela quando ela foi roubada de mim. Mas, se ela quiser se despedir da
mãe, acho que aqui é o lugar certo – diz Polly.

Polly vê suas emoções fugirem ao seu controle. Sonha com seus filhos que foram
tirados dela e isso começa a lhe atormentar, trazendo emoções do passado à tona.
Neste momento se torna vulnerável, facilmente manipulável. Vai a uma sessão
médium para encontra respostas. Mas depois descobre que caiu em um truque, foi
manipulada. Tiraram dinheiro dela facilmente.

2º Temporada / Episodio 5

- Você é uma cigana puta e feniana – diz o agente Campbell.


- Quer fazer no chão ou na mesa, Sr. Campbell? - diz Polly.

Depois de encontrar seu filho desaparecido, Polly vê ele fugir dos seus braços
novamente. A carga emocional foi forte demais, ficou transtornada. Levada pelo
impulso, acaba se envolvendo em uma situação onde sofreu insultos, agressões e
abuso sexual. Foi manipulada por Campbell. Situação que lhe deixou vários traumas
que permaneceram por um longo tempo. Eram despertados principalmente quando
se relacionava com outros homens. Se tivesse autocontrole, Tommy com certeza teria
resolvido essa situação por outros meios, e ela não precisaria ter passado por toda
aquela situação.
3º Temporada / Episodio 2

- Mas... Vai ser difícil para o seu filho sair por ai com uma bala em cada joelho, não
é? – diz John Shelby

John era do tipo estourado, facilmente perdia o controle e tinha acessos de ira. Logo
após ameaçar a família Changretta, foi orientado por Polly para reparar a situação.
Mas John fica com raiva da ordem dela e age pela emoção, vai atrás de Angel
Changretta e corta ele. Esse ato desencadeia uma avalanche de desastres, como a
morte de Grace e pôr fim a do próprio John.

Sim, Tommy também tem culpa nesta ocasião afinal concordou com ação de John.
Também podemos encontrar alguns momentos onde Tommy não controla suas
emoções.

1º Temporada / Episodio 5

- Parece que ele foi assassinado por um animal selvagem... – diz o sargento Moss.

Tommy fez um trato com Campbell, iria entregar a ele um integrante do Ira. O acordo
era entrega-lo vivo. Porém depois de uma luta acalorada com o membro do ira,
Tommy perde o controle. Em vez de apenas o imobilizar, o mata com fortes pancadas
na cabeça. Tinha que entrega-lo vivo, mas perdeu o controle.

2º Temporada / Episodio 6

- Eu estou gravida. O bebe é seu – diz Grace – Eu amo você Tommy e não ele
(marido atual dela).

Tommy está em uma missão muito importante, quando se depara com Grace
inesperadamente. Ela então lhe conta que está gravida dele, e que não ama seu
marido, mas sim a ele. Que choque! Tommy tem que realizar um assassinato, mas essa
notícia lhe abala um pouco e tira sua concentração. Isso fica evidente pois, quando fica
frente a frente com o seu alvo, saca a arma e quando a dispara percebe que esqueceu
de a carregar. O tiro não é efetuado. Entra em uma luta corporal, e por pouco perde
sua vida. A carga emocional foi tamanha, que perdeu o foco.
Mas talvez o único momento, onde a falta de autocontrole trouxe um grande
problema para Tommy, foi no caso de Grace. Agiu pela emoção e confiou mais do que
devia nela, ficou cego as evidencias que ela dava de que era uma agente infiltrada.
Porém no seu auge, Tommy mostrava um autocontrole muito acima da média.
Quando digo no seu “auge”, é porque com o passar do tempo essa habilidade de
Tommy foi se esvaindo. Fica evidente que essa capacidade de administrar suas
emoções, vai se tornando mais difícil conforme vai acumulando traumas. Aquela
aparente tranquilidade, mesmo enfrentando um terremoto emocional por dentro, vai
sumindo. Aquele cara bem resolvido, que não precisava desabafar suas emoções vai
desaparecendo. Essa transformação começa com morte de Grace, e parece chegar no
seu estopim na quinta temporada. Nesta, Tommy já pensa constantemente em
suicídio, tem alucinações constantes, e começa a se descontrolar em situações que
normalmente agiria calmamente.

Podemos observar nesta temporada Tommy fazendo algo que raramente fazia:
Desabafar com alguém.

5º Temporada / Episodio 4

- Fui a uma ponte essa noite, Ada – diz Tommy.

Tommy de repente, aparece tarde da noite na porta de Ada. Começa a falar sobre o
que passa em sua cabeça. Isso surpreende ela. Como ela mesmo afirmou em
determinado momento: “Tommy Shelby nunca vai a lugar algum sem motivo”. Se
Tommy ia a algum lugar, era pra tratar de negócios. Ir há casa de Ada, para “Jogar
conversa fora” era algo inédito.

5º Temporada / Episodio 6

- Diga como minha mãe morreu, Charlie – pede Tommy.

Novamente sente necessidade de conversar. Liga para Ada, mas ela está dormindo e
quem atende é Karl. Tommy decide desligar. Logo após liga para Finn, mas ele também
está dormido junto com uma moça e não o atende. Então decide ligar no The Garrison
Pub, mas ninguém está lá. Vai então até o ferro velho, onde encontra Charlie. Charlie
fica surpreso de o ver ali, e já começa a balbuciar explicações. Mas não, Tommy não
estava ali para lhe cobrar algo acerca dos negócios. Queria apenas conversar. Quando
Tommy o questiona sobre a mãe, Charlie parece surpreso. Tommy pouco falava, e
quando conversava era sobre negócios. Nunca teve paciência também para escutar os
desabafos alheios, sempre era curto e grosso, principalmente com Arthur que sempre
queria desabafar com ele sobre o que sentia. Essa cena retrata que Tommy,
aparentemente um semideus, era humano e precisava de ajuda. Pelo menos de um
ouvido amigo.
Também vemos Tommy confessando coisas inéditas.

5º Temporada / Episodio 4

- Eu não tenho religião. Há noites que gostaria de ter – diz Tommy.

Entre apelos e desabafos, vemos Tommy no seu limite emocional.

Assim, chegamos à conclusão que Tommy não é um semideus ou coisa do tipo. É


apenas um homem, com suas limitações humanas. Porém possuía uma qualidade
divina extremamente evoluída: O autocontrole. “Reagir emocionalmente a uma
situação é a maior barreira ao poder, um erro que custará a você muito mais do que
qualquer satisfação temporária que possa obter expressando o que sente. As emoções
embotam a razão, e se você não consegue ver com clareza não pode estar preparado e
reagir com um certo controle da situação”, diz Robert Greene no seu livro “As 48 Leis
do Poder”. Esse provavelmente é um dos dons mais importante no sucesso de Tommy.
Seu autocontrole era tamanho, que deixava as pessoas a sua volta aturdidas.

3º Temporada / Episodio 3

Você consegue continuar com suas tarefas depois do que aconteceu (morte de
Grace), talvez você não a amasse. – diz a duquesa Tatiana.

A duquesa se admirava como Tommy conseguia continuar focado, mesmo com morte
de Grace. Até especulou que ele não devia a amar, mas estava errada. Ele a amava
muito. Realmente, seu autocontrole era espantoso.

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