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Tema: Proteção das estruturas: corrosão e incêndio

SELEÇÃO CORRETA DE TINTAS INTUMESCENTES PARA PROTEÇÃO CONTRA FOGO


CELULÓSICO EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM AÇO *

Gabriel Esteban Zenobi¹


Lucas Cesar Coelho Soares²

Resumo

O desenvolvimento de tintas intumescentes para proteção passiva contra fogo e as diferentes


plataformas tecnológicas deve levar em consideração a grande variedade de parâmetros
utilizados nos projetos de construção civil, tais como o local de aplicação e o usuário final.

Isso é de extrema importância para garantir a proteção contra corrosão do aço, o


funcionamento da proteção passiva contra fogo, além dos aspectos estéticos necessários nos
projetos de construção em aço.

O estudo usou a metodologia que explora os parâmetros utilizados para a seleção correta dos
esquemas de proteção passiva contra fogo incluindo recomendações específicas, levando em
consideração desempenho comprovado, melhores práticas do mercado, dados técnicos de
testes dos produtos em laboratório próprio, assim como experiência de aplicação.

O estudo auxilia as pessoas envolvidas nos projetos a entender as implicações e ser capaz de
fazer uma avaliação baseada em risco para escolher o correto esquema de revestimento para
proteção passiva contra fogo.

Palavras-chave: Proteção-Passiva contra Fogo; Fogo Celulósico; Revestimentos Intumescentes.

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* Contribuição tecnocientífica ao Construmetal 2016 – Congresso Latino-americano da
Construção Metálica – 20 a 22 de setembro de 2016, São Paulo, SP, Brasil.
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CORRECT SELECTION OS INTUMESCENTE COATINGS FOR CELLULOSIC FIRE FOR STEEL
CONSTRUCTION

Abstract
The development of intumescent coatings for passive fire protection and the differing
technology platforms must consider a number of a wide-ranging parameters used on steel
construction, including point of application and end-use. This is extremely important to
guarantee steel corrosion protection, besides the aesthetic aspects necessary for steel
construction projects. The study used the methodology that explores the parameters utilized
for the correct selection of passive fire protection schemes including specific
recommendations, taking into consideration track record, market best practices, laboratory
product test data and application experience. This study helps people involved on projects to
understand the implications and to do a risk based assessment in order to choose the correct
intumescent coating for cellulosic fire passive protection.

Keywords: Passive Fire Protection; Cellulosic Fire, Intumescence.

¹ Gerente em Proteção Passiva Contra Fogo da AkzoNobel da América do Sul/Engenheiro Eletricista pelo
Instituto de Tecnologia de Buenos Aires/Certificado pela Associação Americana de Engenheiro de
Corrosão NACE 2.
² Analista Técnico Negócios em Proteção Passiva Contra Fogo da AkzoNobel da Brasil/Formando de
Engenheira Mecânica pela ENESA/Certificado pela Associação Americana de Engenheiro de Corrosão
NACE 2 e O-CAT.

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* Contribuição tecnocientífica ao Construmetal 2016 – Congresso Latino-americano da
Construção Metálica – 20 a 22 de setembro de 2016, São Paulo, SP, Brasil.
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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de tintas intumescentes para proteção passiva contra fogo e as diferentes


plataformas tecnológicas deve levar em consideração a grande variedade de parâmetros
utilizados nos projetos de construção civil, tais como o local de aplicação e o usuário final.

1.1 – Ponto de Aplicação


Tintas intumescentes de proteção passiva contra fogo são aplicadas tanto “onsite” (no local da
construção) com o projeto totalmente ou parcialmente edificado, ou “offsite” (em fabricantes
de estruturas metálicas) para depois serem transportados para o local final da construção.

1.1.1 – Aplicação “Offsite”


A aplicação “offsite” de tintas intumescentes apresentam os seguintes benefícios:
Construção mais rápida, melhor controle de qualidade, redução de interrupções,
benefícios ambientais, melhoria nas condições de segurança. As aplicações normais
“offsite” envolvem a aplicação do esquema do revestimento intumescente e a
transferência do material revestido para um local de armazenamento no dia seguinte.
O local de armazenamento é geralmente a parte externa das instalações do fabricante
de estrutura metálica.

1.1.2 – Aplicação Onsite


A aplicação onsite pode acontecer em qualquer estágio de construção do projeto e
precisa ser considerada no momento da seleção do melhor revestimento
intumescente. Por exemplo, um prédio a ser protegido contra fogo deve estar
completamente edificado ou já está em operação. Caso contrário, o projeto pode estar
nos estágios iniciais de montagem apenas na estrutura primária exposta as condições
ambientais presentes.

Por esse motivo, diversos fatores devem ser considerados em relação ao revestimento de
proteção passiva contra fogo celulósico quando for escolhida aplicação onsite ou offsite:

· Resistência do revestimento de proteção passiva contra fogo ao intemperismo


· Resistência do revestimento de proteção passiva contra fogo a água
· Características de secagem
· Espessura da película seca do filme
· Exposição ao intemperismo durante as fases de construção
· Exposição ao intemperismo durante a fase de operação
· Regulações e limitação de meio ambiente

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1.2 – Resistência ao intemperismo
As tintas intumescentes são formuladas usando ingredientes especiais que, sob
influência de calor, como em uma situação de fogo, reagem para criar a expansão
intumescente da tinta, formando uma camada de isolante no metal. A desvantagem dos
ingredientes intumescentes é que eles tendem a ser sensíveis à umidade. A não ser que
sejam adequadamente protegidos, as tintas intumescentes podem ter resistência
limitada a condições de umidade e poderão falhar.
As tintas intumescentes possuem diferentes níveis de resistência ao intemperismo
dependendo dos ingredientes usados e da plataforma de resina que a tinta é baseada.
Quando nos referimos à resistência ao intemperismo nós estamos considerando a
resistência à água em todas as suas formas. Geralmente para resistir ao intemperismo os
produtos mais resistentes são à base de resina epóxi, que atende com sucesso aos mais
rigorosos testes de exposição externa, seguido de tintas acrílicas a base de solventes
mono componentes e depois as tintas acrílicas a base d’água mono componentes.
Mesmo dentro das tintas intumescentes acrílicas mono componentes a base de solvente,
existem variações na formulação que vão oferecer melhor resistência ao intemperismo
comparado a outros. Isto se dá, pois as tintas são formuladas usando determinadas
quantidades de materiais intumescentes com menos solubilidade em água, mas como
consequente gera maior custo.
Essas diferenças na resistência à água são importantes para se entender e considerar
quando for especificar produtos para aplicação offsite.

1.3 – Resistência prematura a água


Realizando aplicação offsite, o aplicador irá tentar fazer a aplicação e mover as peças
para a área externa, assim que possível. Isto vai permitir que a próxima batelada de
estrutura metálica seja movida para a área de aplicação. Na maioria dos aplicadores a
única área reservada para estoque das peças é uma área externa. A tinta intumescente,
portanto, tem que ter alguma resistência prematura a água no caso de chuva ou
condensação logo após a aplicação. Todas as tintas intumescentes devem ter pelo menos
24 horas de secagem em boas condições após a aplicação da última demão antes da
estrutura ser transferida para a área externa. Este período permitirá a formação de filme
e a dureza necessária para resistir a um período curto de exposição à chuva. A estrutura
revestida não deve ser movida para área externa sob chuva persistente ou condições de
condensação sem proteção adicional. Quando as tintas intumescentes de menor
resistência à água estiverem sendo aplicadas em condições offsite, a aplicação de um
acabamento é recomendada antes da movimentação e exposição das estruturas.

1.4 – Características de secagem


Em aplicações offsite, é importante que o aplicador seja capaz de movimentar a estrutura
revestida rapidamente. O fator limitante é o quão resistente a danos mecânicos o
revestimento aplicado será nas condições de manuseio das peças. A resistência de um
revestimento a danos mecânicos é determinada principalmente pelo tempo de secagem
do revestimento. Se o material aplicado seca mais lentamente e permanece macio será
mais suscetível a danos mecânicos durante a operação de manuseio das peças.
Devido à alta espessura do filme requerido para tintas intumescentes, a secagem pode
ser relativamente baixa comparado a outros tipos de tintas. Para tintas intumescentes
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sem solvente, o processo de cura depende da reação de reticulação química entre o
componente A e o componente B e, portanto, isso não é dependente da espessura do
filme. Tintas intumescentes sem solvente possuem o benefício de serem revestimentos
mais robustos do que tintas intumescentes acrílicas mono componentes para aplicação
offsite e mostram muito mais resistência a danos mecânicos durante as atividades de
construção.
Para tintas intumescentes acrílicas mono componentes, o processo de secagem depende
somente da liberação do solvente do filme de tinta, seja um solvente orgânico ou base
d’água. Quanto mais rápido o solvente for liberado, mais rápida será a secagem. A
secagem pode ser facilitada assegurando que boas condições que conduzem a secagem
sejam mantidas.
Tintas intumescentes acrílicas mono componentes a base de solventes podem ser
solubilizadas com solventes aromáticos, como Tolueno ou Xileno, dependendo da
formulação da tinta intumescente. Desses dois solventes, o Tolueno é o mais volátil e
então, as tintas intumescentes mono componentes a base de solventes que usam
Tolueno secarão mais rapidamente do que aquelas formuladas com Xileno. Onde uma
secagem mais rápida é requerida (aplicações offsite), o uso de tintas intumescentes a
base de tolueno são preferidas. As tintas intumescentes a base de xileno, oferecem
outras vantagens, por exemplo, em climas quentes onde secagem muito rápida pode
resultar em defeitos de aplicação, como overspray, descamação (delaminação) da
superfície, enrugamento e bolhas.
Em geral se a temperatura de aplicação for de 25°C tintas intumescentes contendo xileno
são preferidas para aplicação offsite. Similarmente, a aplicação onsite em climas mais
quentes, tintas intumescentes contendo xileno são recomendadas para facilidade na
aplicação.
Em baixas temperaturas a secagem de tintas intumescentes será retardada. Materiais à
base de solvente a secagem mais lenta é simplesmente o resultado da evaporação do
solvente do filme a temperaturas mais baixas. Com materiais a base d’água a liberação
de água também vai diminuir em baixas temperaturas. Entretanto um fator adicional é
que a formação do filme da resina a base d’água utilizada é também dependente da
temperatura. Abaixo de uma temperatura mínima de formação do filme, a resina não
coalesce e o resultado será o craqueamento, filmes sem as propriedades mecânicas e de
fogo necessárias. Para tintas intumescentes bi componentes a cura é dependente da
reação química entre o componente A e o componente B. Como a temperatura é
reduzida, a taxa da reação química também será reduzida, resultando em secagem mais
lenta.

1.5 – Espessura da película a ser aplicada


Como a secagem pode ter relação com a espessura do filme aplicado é importante
reconhecer o fato que altas espessuras de filme especificadas, particularmente com
tintas intumescentes a base de solvente e d’água, podem ter um efeito negativo na
secagem, na produtividade no canteiro de obras e no cronograma do projeto.
Por exemplo, se há uma espessura especificada para 1,0mm, a aplicação de duas demãos
de 500 µm cada, com o tempo de secagem suficiente entre as duas demãos, tem
probabilidade de secar mais rapidamente do que apenas uma demão aplicada com
1,0mm. Espessura de filme excessiva resultará em retenção de solvente, retardando

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severamente a dureza requerida do filme e isso aumenta o potencial craqueamento do
filme devido a excessivo enrugamento quando o solvente é eventualmente liberado.
Para tinta intumescente sem solvente a secagem química não é afetada pela espessura
do filme, então uma única cama de 5,0mm vai secar durante o mesmo tempo que uma
camada de 2,0mm sob as mesmas condições.

1.6 – Ambiente de exposição durante a fase de construção


Uma estrutura revestida offsite, seja uma tinta intumescente ou qualquer tipo de tinta,
estará sujeita a um grande número de estresses físicos e ambientais.
Existem muitos cenários para exposição ao intemperismos durante o armazenamento
nas premissas de um aplicador, transporte, armazenamento durante a construção e
edificação. O mesmo se aplica se a aplicação for onsite para uma estrutura metálica
aberta ou estruturas de aço periféricas.
Os períodos de exposição das tintas intumescentes sem um acabamento é em função do
tipo de tinta intumescente utilizada. Os períodos de exposição recomendados são
assumidos levando em consideração que a tinta teve tempo suficiente para secar antes
da exposição. Os resultados não são uma indicação da resistência prematura à água das
tintas intumescentes. Eles não provêm garantia que os revestimentos são adequados
para aplicação offsite, pois outros fatores também devem ser levados em consideração
neste tipo de aplicação.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foram realizados testes de exposição dos materiais intumescentes aplicados conforme a ISO
2810 [1]. Essa exposição foi realizada a fim de simular o ambiente de exposição durante as
fases de construção que podemos obter durante um projeto de construção. Posteriormente os
mesmos painéis foram submetidos ao teste de fogo, conforme a norma BS476 – parte 20 e 22
[2].
Os tipos de tintas intumescentes analisadas foram:
· Interchar 2060 – Acrílico Intumescente base solvente – até 60 minutos de fogo
· Interchar 1260 – Acrílico Intumescente base d’água – até 60 minutos de fogo
· Interchar 1190 – Acrílico Intumescente base d’água – até 120 minutos de fogo

Os testes foram realizados considerando a secagem das tintas intumescentes em pelo menos
7 dias e em boas condições antes da exposição e foram protegidas de água parada e
empoçada, água corrente, ambientes quentes e úmidos e condição de imersão em todos os
momentos.
Os tempos de exposição foram determinados levando-se em consideração os tempos de
exposição geralmente observados nos projetos de construção.
Primeiramente foram submetidas à exposição natural as tintas intumescentes menos
resistentes à água. E os resultados obtidos estão mostrados abaixo.

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Acrílico a base d’água 1 mês Acrílico a base d’água com
Acrílico a base d’água 6
de exposição natural. acabamento poliuretano 1
meses de exposição
Material sofreu danos – mês de exposição natural.
natural. Material sofreu
bolhas e enrugamento do Material intacto e sem
total deterioração do
filme. No teste de fogo não defeitos. No teste de fogo
reteve as mesmas filme – craqueamento e
manteve a resistência ao fogo.
propriedades de resistência escamação
ao fogo

Com os resultado obtidos foi construída a Tabela 1 com um resumo indicativo dos cenários
típicos nos quais uma estrutura de metal revestida com tinta intumescente pode ser exposta e
nossa recomendação.

A tabela 1 se aplica para os diferentes tipos de tintas intumescentes


· Interchar 2060, acrílico Intumescente base solvente – proteção até 60 minutos de fogo
· Interchar 1160, acrílico Intumescente base d’água – proteção até 60 minutos de fogo
· Interchar 1190, acrílico Intumescente base d’água – proteção até 120 minutos de fogo

Exposição
Perímetro Externo
Cenários Exposição
externo abrigado Total
direta
abrigado (Interno C2)
Cenário 1 1 mês 2 meses 3 meses
Cenário 2 1 mês 2 meses 3 meses
Cenário 3 3 meses 3 meses
Tabela 1 – Produtos mais sensíveis a água

Na tabela 1, o período máximo de exposição para um tinta intumescente sem acabamento em


exposição direta ou no perímetro externo abrigado é de um mês, e o tempo máximo de
exposição, antes do acabamento ou envelopamento dentro das condições secas C1 de acordo
com a ISO 12944 [3], não deve exceder a 3 meses.

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A exceção da Tabela 1 é o Interchar 1260 (acrílico intumescente para proteção até 60 minutos)
onde o guia acima não é aplicável e onde exposição direta ou no perímetro externo abrigado
deve ser gerenciado para um período mínimo.

Segue abaixo os mesmos testes de exposição os quais foram conduzidos com o produto
Interchar 2060, acrílico intumescente à base de solvente para proteção até 60 minutos.

Interchar 2060 Interchar 2060 Interchar 2060 HFA062 (Interchar


2060 em versão mais
1 Mês de 6 meses de + acabamento resistente a água)
exposição exposição natural poliuretano @50
natural em em Newcastle. O µm 6 meses de
Newcastle. material sofreu exposição natural em
Material erosão. 6 meses de Newcastle. Material
intacto sem exposição natural intacto e sem
defeitos. No em Newcastle. defeitos. No teste de
teste de fogo Material intacto e fogo manteve as
manteve as sem defeitos. No mesmas
mesmas teste de fogo propriedades de
propriedades manteve as resistência ao fogo.
de resistência mesmas
ao fogo. propriedades de
resistência ao fogo.

Com os resultados obtidos foi construída a Tabela 2 a seguir, com um resumo indicativo dos
cenários típicos nos quais uma estrutura de metal revestida com o Interchar 2060 pode ser
exposta e nossas recomendações:

Exposição
Perímetro Externo
Cenários Exposição
externo abrigado Total
direta
abrigado (Interno C2)
3 meses
Cenário 1 6 meses 9 meses
3 meses
Cenário 2 3 meses 3 meses 9 meses
3 meses
Cenário 3 6 meses 9 meses
Tabela 2 – Produto mais resistente à água
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Em todas as circunstâncias o tempo máximo de exposição direta e de perímetro externo
abrigado não deve exceder a 6 meses, e o tempo máximo de exposição, antes do
acabamento ou selante dentro de condições secas C1, não deve exceder a 9 meses.
A exceção da Tabela 2 é o produto Interchar 212 (epóxi intumescente bi componente 100
% SV), que é desenvolvido para exposição externa e onde não há restrições de período de
exposição direta com ou sem acabamento e selante.

As seguintes definições devem ser consideradas em relação às exposições:


· Exposição direta = exposição direta as condições de intemperismo
· Perímetro externo abrigado = estrutura metálica periférica seja exposta diretamente e
deve ser tratada como exposição direta.
· Externo abrigado = estrutura metálica dentro do perímetro com os pisos acima e
devem ser tratadas como a condição interna C2.

Essas exposições são mais relevantes no clima do Norte Europeu. Em outros ambientes,
os projetos devem avaliados se os períodos acima obtidos podem ser prolongados.

A tabela 3 a seguir explica cada uma das categorias de corrosividade.

Exemplos típicos de ambiente (apenas informativo)


Categoria de Corrosividade
Exterior Interior
Prédio aquecidos com
atmosferas limpas, ex:
C1 bem baixa
escritórios, lojas, escolas,
hotéis.
Prédio não aquecidos onde
Atmosferas com abaixo nível
condensação pode ocorrer
C2 bem baixa de poluição, maioria na zona
ex: depósitos, centros
rural.
esportivos.
Atmosferas urbanas e
Salas de produção com lata
industriais, poluição
umidade, ex: processamento
C3 Média moderada por dióxido de
de alimentos, lavanderias,
enxofre. Regiões costeiras
cervejarias, leiterias.
com baixa salinidade
Áreas industriais e regiões Plantas químicas, piscinas,
C4 Alto costeiras com salinidade áreas de embarcação
moderada costeira.
Áreas industriais com alta Prédios e áreas com
C5-I Muito alto (industrial) umidade e atmosfera condensação quase
agressiva permanente e alta poluição
Prédios e áreas com
Regiões costeiras e offshore condensação quase
C5-M Muito Alta (Marítimo)
com alta salinidade permanente e com alta
poluição
Tabela 3 – Categorias de Corrosividade e Exemplo de Exposições
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Independente do tipo de tinta intumescente utilizado, todas as tintas acrílicas mono
componentes não serão resistentes à água parada ou corrente, mesmo se for aplicado
acabamento ou um selante. Defeitos como bolhas, craqueamento e descolamento de tintas
intumescentes são sinais comuns que as estruturas revestidas foram expostas a esse tipo de
situação.

Água parada e empoçada ocorre quando as estruturas metálicas são estocadas em posição
horizontal. Água de chuva pode acumular nas superfícies horizontais da estrutura metálica
mais comumente nas abas / flanges das vigas. A estrutura deve ser estocada com uma leve
inclinação antes da edificação para deixar água da chuva escorrer.
Durante o transporte é recomendado que a estrutura metálica fique coberta com lona
encerada ou similar para evitar a exposição à água.
Água corrente continuamente sobre a tinta intumescente simula condições de imersão. Em
muitas construções depois que a estrutura metálica é montada os pisos de concreto são
instalados. Falhas comuns com intumescentes são vistas quando o concreto molhado e água
dos pisos de cima penetram nas vigas e colunas abaixo deles. Adicionalmente antes de um
prédio ser completamente protegido contra a água, chuva pode acumular nos pisos de
concreto e depois escorrer por penetração nos pisos e nas colunas e vigas.

As estruturas metálicas também devem ser protegidas de ficar sob a água. Prédios que não são
totalmente protegidos do tempo podem acumular água no piso. Se a água ficar acumulada em
volta de colunas revestidas com tinta intumescente, uma condição de imersão é criada. A água
pode penetrar na tinta intumescente por capilaridade. Os construtores devem fazer esforço
para proteger as bases das colunas se essa situação for capaz de ocorrer.

2.1 – Limitações e requerimentos de Saúde, Segurança e Meio Ambiente


Na aplicação de tintas, não somente as intumescentes, é fundamental que os riscos de SMS
sejam identificados e controlados adequadamente. Quando as tintas intumescentes são
aplicadas “offsite” (no fabricante) e “onsite” (no canteiro), todos os requerimentos que estão
válidos devem ser levados em consideração. Por exemplo, na união europeia a emissão de
VOC (Volatile Organic Compounds) das tintas atividades dentro da instalação (no canteiro) são
cobertas pela Diretriz de Emissão de Solvente (199/13/EC) [4], onde as aplicações onsite é
coberto pela diretriz de produto (2004/42/CE) [5]. Nos Estados Unidos ambas as legislações
federais e estaduais devem ser atendidas em relação à VOC e qualidade do ar.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os diferentes tipos de tintas intumescentes possuem diferentes tipos de resistência à


exposição ambiental. O tempo de exposição de tinta intumescente sem acabamento foi
detalhado previamente. Claramente não é uma ciência exata e não levam em consideração as
condições climáticas de todas as partes do mundo; entretanto a Tabela 4 provê um resumo
para a seleção de tintas intumescentes.

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Tempo
Melhor Aplicação Quando aplicar
Requerido de
Tipo de Produto Resistência Cura Rápida Recomendad demão de
Resistência ao
a Água a (Offsite) Acabamento
Fogo
Interchar 212
Onsite (no local
Intumescente epóxi bi- Até 3 horas √ √ √
de construção)
componente 100% SV
Interchar 2060 No fabricante
Até 60
Acrílico Intumescente x √ X1 de estrutura
minutos
base solvente metálica
No fabricante
Interchar 2090
Até 120 de estrutura
Acrílico Intumescente x x X1
minutos metálica
base solvente
(se aprovado)
Interchar 1260
Até 60
Acrílico Intumescente x x x NA
minutos
base d’água
No fabricante
Interchar 1190
Até 120 de estrutura
Acrílico Intumescente x x x3
minutos metálica
base d’água
(se aprovado)
Tabela 4
O tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) pode ser definido conforme NBR14432.
1
apenas recomendável para aplicação offsite se for aplicado acabamento no fabricante antes
de ser movido para uma área externa.
2
Adequado para aplicação offsite e secagem em temperaturas maiores ou iguais a 25°C.
3
Aceitável para aplicação offsite se for aplicada uma demão de acabamento no fabricante de
estruturas metálicas antes de mover para a área externa, e se uma avaliação de risco tiver sido
conduzida.

3.1 – Tempo Requerido de Resistência ao Fogo

O tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) pode ser entendido como o tempo mínimo (descrita
em minutos) onde os elementos estruturais e de compartimentação que integram as edificações, devem
resistir em uma situação de incêndio (resistir a uma ação térmica) onde por um determinado tempo o aço
não atinja a temperatura crítica. Assim seja evitado o colapso estrutural possibilitando a saída segura das
pessoas e o acesso para as operações da brigada de incêndio e Corpo de Bombeiros.

Caso a temperatura for uniformemente distribuída no elemento estrutural, a partir de


expressões de transferência de calor pode-se chegar a uma curva Temperatura X Tempo.

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11
1200

1000
Temperatura/°C

800

600

400

200

0 Curva de fogo Celulósico Curva de fogo Hidrocarboneto


0 10 20 30 40

3.2 – Ambiente de uso final


Recomendações são sempre solicitadas sobre o nível de exposição externa que é aceitável
para sistemas de pintura de tintas intumescentes.
A indústria de tintas de proteção é familiar com a classificação de ambientes de acordo com a
norma ISO 12944 no intuito de padronizar recomendações de esquema de pintura e essas
classificações são usadas como um meio de descrever a severidade do ambiente. Entretanto, o
fator determinante é o quanto úmido é o ambiente e não o nível de corrosividade. Por
exemplo, uma área rural, ambiente C2 externo pode estar sujeito a maior índice de chuvas do
que um ambiente C3 e C4.
É importante lembrar que as tintas intumescentes não são cobertas por essa norma de
corrosão. Deve-se tomar cuidado quando for especificar as tintas de proteção contra fogo de
que a função principal de uma tinta intumescente é prover proteção no evento de fogo. Na ISO
12944 Parte 6 os programas de testes acelerados, tintas intumescentes acrílicas mono-
componentes não vão desempenhar bem e isso não deve ser esperado; esses testes são
desenhados para testar tintas anticorrosivas, e não tintas intumescentes macias e
termoplásticas.
Para tintas intumescentes mono-componentes expostos a fogo celulósico, exposição externa
pode deteriorar a habilidade da tinta de intumescer. Como os produtos são formulados com
um nível alto de pigmentos e com ingredientes que são sensíveis a água, a resistência à
exposição à água é baixa e pode causar a lixiviação dos ingredientes ativos. Portanto, é
importante ser realista em relação ao tipo de exposição que esses produtos podem estar
sujeitos.
Em geral a maioria das tintas intumescentes pode ser exposta externamente em ambientes
classificados como não mais agressivos que C3, desde que eles sejam apropriadamente selados
e mantidos não sujeitos a água corrente, empoçamento e água parada continuamente.
Um ambiente que é geralmente classificado como C4 é aceitável, mas outros fatores externos
associados com o ambiente devem ser considerados e excluídos da especificação se
necessários. Por exemplo, centros de natação geralmente são classificados como C4.

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As tintas intumescentes podem ser usadas em áreas como essa desde que adequadamente
selados com duas demãos de poliuretano ou polisiloxano e desde que não estejam em uma
área de splash zone, isto é, não estejam sujeitas a água corrente ou respingos.
Para ambientes C4 e C5, o produto Interchar 212 epóxi intumescente bi componente 100 % SV
terá máximo desempenho e tecnicamente é a recomendação para essas condições.
A seleção do primer para ser usado com as tintas intumescentes deve ser adequada à
categoria de ambiente ao qual o sistema será exposto. Tipicamente ambientes até C3 tanto
fosfato de zinco como um primer rico em zinco são recomendados. Para ambientes C4 e acima
um primer rico em zinco deve ser especificado. Qualquer exceção a essas recomendações de
primers devem ser examinadas caso a caso.
Adicionalmente a especificação original de intumescentes, é essencial que os sistemas
intumescentes sejam parte de inspeções de segurança regulares, especificamente em
ambientes mais agressivos. Qualquer dano nas demãos selantes pode resultar em entrada de
agua e a deterioração da tinta intumescente. Essas inspeções e recomendações de reparo
devem ser incluídas como parte da especificação de proteção contra fogo.
Tintas intumescentes acrílicas a base d’água não são recomendados para exposição externa e
devem ser restringidos apenas para exposição interna que não são piores do que aquelas que
caem na classe C3. Em raras circunstancias o uso dessas tintas em uma situação de exposição
parcial ou total pode ser possível, mas precisa ser tratada caso a caso e será normalmente
restrita a uso em ambientes secos.
Deve ser notado também que, apesar da ISO 12944 referenciar sistemas operando na faixa de
-20°C a 120°C tintas intumescentes mono componente devido a sua natureza termoplástica,
são limitadas a exposição na faixa de temperatura de -20°C a 60°C. Tinta intumescente epóxi bi
componente 100 % SV é adequada para uma temperatura de operação de -40°C a 120°C

3.2 - Acabamentos
O acabamento usado deve ser adequado às condições de serviço que o sistema de pintura
estiver exposto. Os acabamentos são tipicamente aplicados de 50 a 75 micrometros de EPS
(espessura da película seca), em uma ou duas demãos, com a máxima espessura de 150
micrometros. É importante que esses acabamentos, quando aplicados, formem um filme
contínuo e fechado com a menor espessura possível. Falha ao atingir isso pode resultar em
entrada de água prematuramente e consequente dano à tinta intumescente.
Para tintas menos resistentes a água, é recomendado que a de mão de acabamento fosse
aplicada assim que o intervalo de repintura permita e antes da possível exposição a condições
externas. Para aplicações em aplicadores, isso significa antes de mover as estruturas pintadas
para o ambiente externo. Para aplicações onsite uso significa antes de a estrutura pintada ser
expostas a condições de precipitação e condensação.
Para os tipos de tintas intumescentes especificamente recomendadas para aplicação offsite
como na Tabela 1, desde que o revestimento não esteja sujeito à água corrente,
empoçamento e imersão, poderia ficar sem acabamento por um período de até 6 meses. A
exceção para essa recomendação é o Interchar 212 intumescente epóxi bi componente 100 %
SV que foi desenvolvido, testada e comprovada para uso em condições externas sem a
necessidade de acabamentos.
Note que em condições extremas os acabamentos não proverão proteção total para as tintas
intumescentes, por exemplo, água corrente contínua, empoçamento e imersão.

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Categoria de Exemplos típicos de
Recomendação
Corrosividade ambiente Recomendação Tipo de
de tintas
de acabamentos acabamento
Exterior Interior intumescentes
Prédios
aquecidos com Todos os tipos Mono-
Acabamento é
atmosferas de componente a
C1 – Muito opcional e para
limpas, ex: intumescentes base d’água e
baixa fins decorativos
escritórios, para áreas acrílicos a base
somente
lojas, escolas, internas de solvente
hotéis
Tipicamente Interior:
Interior: todos uma demão; Mono-
Prédio não
Atmosferas os tipos pode ser componente a
aquecido onde
com abaixo Exterior: opcional para base d’água e
condensação
nível de intumescentes a alguns locais; acrílicos a base
C2 bem baixa pode ocorre,
poluição, base de solvente duas demãos de solvente
ex: depósitos,
maioria na e Interchar 212 devem ser Exterior:
centros
zona rural (epóxi consideradas Poliuretano
esportivos
intumescente) para área acrílico bi
externa componente
Atmosferas
Salas de
urbanas e
produção com Interior: todos
industriais,
lata umidade, os tipos, exceto
poluição
ex: 1260 Poliuretano ou
moderada
processament Exterior: base Duas demãos polisiloxanos
C3 Média por dióxido
o de solvente e são requeridas bi
de enxofre.
alimentos, Interchar 212 componentes
Regiões
lavanderias, (epóxi
costeiras
cervejarias, intumescente)
com baixa
leiterias
salinidade
Áreas
Plantas Base solvente
industriais Poliuretano
químicas, com resistência
e regiões acrílico ou
piscinas, áreas a água e Duas demãos
C4 Alto costeiras polisiloxanos
de Interchar 212 são requeridas
com bi
embarcação (epóxi
salinidade componentes
costeira intumescente)
moderada
Áreas Prédios e
Poliuretano
industriais áreas com Acabamento é
Interchar 212 acrílico ou
C5-I Muito alto com alta condensação opcional e para
(epóxi polisiloxanos
(industrial) umidade e quase fins decorativos
intumescente) bi
atmosfera permanente e somente
componentes
agressiva alta poluição

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Prédios e
Regiões áreas com Poliuretano
Acabamento é
C5-M Muito costeira e condensação Interchar 212 acrílico ou
opcional e para
Alta offshore quase (epóxi polisiloxanos
fins decorativos
(Marítimo) com alta permanente e intumescente) bi
somente
salinidade com alta componentes
poluição
Tabela 5 – Guia de acabamentos para intumescente

3.3 - Acabamento e Reparo onsite


As tintas intumescentes, especificamente as acrílicas mono componentes, são suscetíveis a
danos mecânicos durante a fase de construção do projeto. Isso ocorre geralmente quando a
aplicação é offsite onde a movimentação das estruturas revestidas (usando correntes e cintas)
e as atividades de edificação podem resultar em danos ao revestimento. Vários controles
podem ser adotados pelo aplicador e fabricante de estruturas para reduzir o dano, incluindo
cintas acolchoadas em vez de correntes para içamento das estruturas e espaçadores entre as
estruturas evitando o contato direto entre as estruturas metálicas.
A seleção do tipo de tinta intumescente deve ser considerada. Tinta intumescente epóxi bi
componente 100 % SV tem o benefício de ser um intumescente mais robusto do que um
acrílico mono componente para aplicação offsite e mostra maior resistência a danos
mecânicos durante as fases de construção.
Para grandes áreas de danos o esquema de pintura original deve ser reconstituído, e um
sistema intumescente alternativo não deve ser utilizado. Para áreas pequenas de reparo de
intumescentes a base de solvente e a base d’água, uma massa com agregado pode ser
apropriado. Outras massas com agregados não devem ser utilizados, exemplo para reparo de
rachaduras. Essas massas devem ser usadas somente se forem aprovadas pelo fabricante da
tinta intumescente.
Depois da edificação de estruturas revestidas offsite é crítico assegurar a continuidade do
filme para que o seu desempenho de fogo seja mantido. Regiões soldadas ou de parafusos que
foram deixadas sem revestimento devem ser reparadas de acordo com a taxa de fogo
requerida. Tipicamente isso significa a aplicação do sistema no local. Alternativamente capas
de parafusos de material intumescente podem ser usadas nas cabeças de parafusos.

3.4 – Manutenção
É importante que o sistema de proteção contra fogo seja adequadamente mantido. O dono do
empreendimento deve estabelecer inspeções periódicas e manutenções preventivas do
sistema intumescente especialmente onde o ambiente de exposição é mais agressivo do que a
categoria C1 conforme a ISO 12944.
Qualquer dano ao acabamento será um ponto de ingresso de umidade, levando a degradação
da pintura intumescente. Quaisquer áreas de danos devem ser reparadas com os
procedimentos recomendados pelo fabricante.

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3.5 – Exemplos de falhas de revestimentos intumescentes

3.5.1 – Exemplo 1
Entrada de água na tinta intumescente devido às bases das colunas estarem em água
empoçada. As fotos sugerem que o concreto deve ter sido colocado depois que a coluna de
aço estava colocada. Nenhum intumescente mono componente resistiria a esse tipo de
exposição e nenhum acabamento adequado teria fornecido proteção adequada.

A ação de remediação seria secar a área em torno da base da coluna. Raspar a tinta
intumescente desbastar, remover a poeira e resíduos e reaplicar o sistema intumescente. Essa
área é muito grande para reparar com uma massa com agregado.

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3.5.2 – Exemplo 2 – Aplicação sobre superfície porosa

A aplicação sobre superfície porosa resultou em formação de bolhas no sistema de proteção


contra fogo, pois o solvente retido tenta escapar do filme. Nessa situação o substrato recebeu
metalização. Substratos porosos como metalização pode resultar em bolhas nas tintas
aplicadas sobre ele. Um selador apropriado é necessário. O aplicador deverá utilizar um primer
adequado e seguir os procedimentos de aplicação.

A ação de remediação seria remover a tinta intumescente até o primer, desbastar as bordas.
Aplicar uma tinta adequada para selar o substrato poroso e reaplicar a tinta intumescente.

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3.5.3 – Exemplo 3 - Exposição da tinta intumescente a água corrente

Investigação posterior mostrou que a colocação de concreto foi feita no piso superior. A água
penetrou e escorreu pela coluna. Nenhuma tinta intumescente acrílica mono componente
resistiria a essa exposição e nenhum acabamento daria a proteção adequada.

Para remediar, assegurar que a penetração de água da parte superior seja selada. A
remediação é a mesma para água empoçada

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3.5.4 – Exemplo 4 - Sistema intumescente especificado erradamente

Um sistema intumescente a base d’água foi especificado para exposição externa em um local
onde havia chuva frequente e flutuações de temperatura. Apesar a tinta intumescente estar
selada, eventualmente a penetração da água ocorreu e o revestimento a base d’água não
resistiu. A não que o dano seja corrigido o dano continuará a se proliferar.

A ação de remediação seria revisar a especificação de proteção contra fogo.

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3.5.5 – Exemplo 5 - Temperatura de operação mínima

Tintas intumescentes acrílicas mono componentes são adequadas somente para uma
temperatura mínima de -20°C com temperatura de operação contínua de -10°C. Na situação
abaixo a tinta intumescente especificada ficou sujeita a uma temperatura externa de inverno
que atingiu - 40°C. Essas temperaturas fragiliza o sistema e qualquer movimento da estrutura
metálica resultará em craqueamento e delaminação da tinta intumescente.

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3.5.6 – Exemplo 6 - Bolhas devido à retenção de solvente

Grandes bolhas como a mostrada abaixo são típicas daquelas criadas pela retenção de
solvente e subsequente volatilização do solvente dentro do filme. A situação tipicamente
ocorre quando uma tinta intumescente a base de solvente foi aplicada sobre ela mesma ou
recebeu acabamento muito rápido (sem respeitar os intervalos de repintura). O solvente
retido vai se tornar vapor e expandir a temperaturas elevadas, e geralmente é causa pela
exposição da estrutura a luz solar.

A ação de remediação seria cortar a bolha nas extremidades e desbastar e recompor o


esquema de pintura.

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4 CONCLUSÃO

O processo de construção envolve diversas etapas: 1) A tinta intumescente é aplicada na


estrutura, geralmente no aplicador; 2) Depois da secagem as estruturas são movidas para a
área externa, 3) As estruturas são estocadas no local da obra antes da edificação, 4) As
estruturas pintadas, mesmo após a edificação podem ficar expostas ao ambiente externo até
que a construção esteja completa.
Esse processo pode acontecer em um período curto ou pode se estender por vários meses. É
de suma importância esse entendimento para a especificação correta das tintas
intumescentes, pois como comprovado pelo estudo, diferentes tipos de tintas intumescentes
possuem diferentes resistências à exposição à água.
Além disso, outros fatores dentro do processo de construção e edificação devem ser
considerados para evitar a falha prematura dos sistemas de proteção passiva contra fogo.
E durante o tempo de utilização da estrutura, inspeções programadas devem ser realizadas
para assegurar a manutenção do sistema, portanto, assegurar que a proteção esteja
funcionando perfeitamente.

Agradecimentos

Agradecemos a Neil Wheat, Gerente Técnico do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento


de Proteção contra fogo e isolamento da AkzoNobel – linha de produtos International –
Newcastle – Reino Unido que nos forneceu os dados da pesquisa e conduziu os testes no
laboratório.

REFERÊNCIAS

1 ISO 2810:2004. Paint and Varnishes – Natural weatheing of Coatings – Exposure and
assessment.

2 BS 476-3:2004. Fire tests on building materials and structures. Classification and method of
test for external fire exposure to roofs.

3 ISO 12944:1998. Paints and varnishes – Corrosion Protection of Steel Structures by


Protective Paint Systems.

4 NBR 14432:2001. Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de


edificações – Procedimento.

5 Solvent Emissions Directive (1999/13/EC).

6 Product Directive (2004/42/CE).

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