Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O FUTURO
DO TRABALHO
AS PESSOAS QUE
AS EMPRESAS PROCURAM
As competências e os perfis mais valorizados no momento da retoma
Para onde vai o emprego | O trabalho em tempo de pandemia | O papel da tecnologia
Os desafios para a cultura das empresas | Como vamos funcionar daqui para a frente
O talento e as mudanças sociais | Entrevista com a ministra do Trabalho
Exame
Nº440 . 12/20
66
GIRL TALK
Ana Paula Rafael e Jessica de
Seixas von Haff falam de negócios
ditos tradicionais, de inovação,
de liderança e de gestão na estreia
da nova rubrica da EXAME
14
QUE EMPREGOS?
A pandemia causou uma profunda
alteração das necessidades nos
mercados de trabalho atual
e futuro. A EXAME foi à procura
de respostas para o ajudar a nave-
gar nestas águas turbulentas
Proprietária/Editora:
TRUST IN NEWS, UNIPESSOAL LDA.
Sede: Rua da Fonte da Caspolima – Quinta da Fonte
Edifício Fernão de Magalhães, 8
POR 2770-190 Paço de Arcos. NIPC: 514674520
Gerência da TRUST IN NEWS: Luís Delgado,
TIAGO FREIRE Filipe Passadouro e Cláudia Serra Campos
Diretor Composição do Capital da Entidade Proprietária: 10 000,00 euros
Principal acionista: Luís Delgado (100%)
Publisher: Mafalda Anjos
Renasceremos Exame
www.exame.pt
N
Infografia Álvaro Rosendo e Manuela Tomé
Revisão Maria João Carvalhas, Rui Carvalho, Margarida Robalo,
o meio do medo e (não deixando de aproveitar as lições Sónia Graça e Teresa Machado
da incerteza, é im- e as partes boas que fomos forçados a Secretariado Sofia Vicente (direção), Teresa Rodrigues (coordenadora), Ana
Paula Figueiredo e Luís Pinto
portante valorizar descobrir neste tempo tão especial). A REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS COMERCIAIS
Rua da Fonte da Caspolima – Quinta da Fonte
as boas notícias, e economia é feita, em grande parte, de Edifício Fernão de Magalhães, 8, 8A e 8B, 2770-190 Paço de Arcos
Tel.: 21 870 5000
elas existem. No úl- confiança, e é importante que valori- Delegação Norte: Rua Roberto Ivens, 288, 4450-247 Matosinhos
timo mês, a derrota de Donald Trump zemos este passo. Tel.: 22 099 5200 / 22 099 3810
Marketing
marcou um retrocesso no caminho do As primeiras indicações vão no Marta Silva Carvalho (diretora) mscarvalho@trustinnews.pt
Marta Pessanha (gestora de marca) mpessanha@trustinnews.pt
autoritarismo populista que parecia ter sentido de que na primavera possamos Publicidade
apenas um sentido. Mais do que es- estar em condições de voltar às ruas, Tel.: 21 870 5000
Vânia Delgado (diretora comercial) vdelgado@trustinnews.pt
querda ou direita, ou até de medidas aos almoços, aos convívios, às viagens, Manuel Geraldes (diretor coordenador de publicidade)
mgeraldes@trustinnews.pt
concretas, a saída do republicano deve às reuniões presenciais. No fundo, a Mónica Ferreira (gestora de marca) mferreira@trustinnews.pt
Mariana Jesus (gestora de marca) mjesus@trustinnews.pt
saudar-se pela simples razão de que poder viver como queremos, sem ter Rita Roseiro (gestora de marca) rroseiro@trustinnews.pt
não se discute economia ou qualquer de pensar duas vezes a cada momen- Florbela Figueiras (assistente comercial Lisboa) ffigueiras@trustinnews.pt
Elisabete Anacleto (assistente comercial Lisboa) eanacleto@trustinnews.pt
outra coisa sem que haja, na base, uma to. O desafio é ver o que conseguimos Delegação Norte – Tel.: 22 099 0052
Margarida Vasconcelos (gestora de marca) mvasconvelos@trustinnews.pt
prática de valores fundamentais: os Di- manter vivo até a sociedade poder res- Rita Gencsi (assistente comercial Porto) rgencsi@trustinnews.pt
reitos Humanos, a não discriminação pirar de novo. Estamos há muito tem- Parcerias e Novos Negócios
Pedro Oliveira (diretor) poliveira@trustinnews.pt
racial ou outra, a preservação do am- po a conter a respiração, e há danos Branded Content
Rita Ibérico Nogueira (diretora) rnogueira@trustinnews.pt
biente e a defesa da Ciência, a liberdade que, infelizmente, são irreversíveis. Tecnologias de Informação
João Mendes (diretor)
de informação, o respeito pelo outro, Produção, Circulação e Assinaturas
mesmo que seja um adversário político. Nota: Estreamos este mês a nova Vasco Fernandez (diretor)
Pedro Guilhermino (coordenador de produção)
Mas a melhor notícia não foi essa rubrica da EXAME, a que chamámos Nuno Carvalho, Nuno Gonçalves e Paulo Duarte (produtores)
Isabel Anton (coordenadora de circulação)
e sim o avanço aparentemente decisi- Girl Talk. Terá uma newsletter mensal Helena Matoso (coordenadora de assinaturas)
vo em vários dos muitos projetos de e presença garantida na revista em pa- Serviço de apoio ao assinante. Tel.: 21 870 5050 (Dias úteis das 9h às 19h)
Impressão Lisgráfica – Casal de Sta. Leopoldina, 2745, Queluz de Baixo
vacina contra a Covid-19. Os produto pel e pretende trazer para a discussão Distribuição VASP – MLP, Media Logistics Park, Quinta do Grajal,
Venda Seca, 2739-511, Agualva-Cacém, Tel.: 21 433 7000
desenvolvidos por várias farmacêuti- pública mulheres que se destacam no Pontos de Venda contactcenter@vasp.pt
Tel.: 808 206 545 – Fax: 808 206 133
cas estão perto de cruzar a meta nes- campo das empresas e não só. O nome Tiragem 7 200 exemplares. Registo na ERC
ta corrida, decisiva para a Humanida- é assumidamente provocador, porque com o nº 113 709, de 14/04/1989
Depósito Legal nº 24 202/89
de. Há muitos desafios ainda, desde queremos demonstrar que as “conver- Estatuto Editorial disponível em visao.sapo.pt/
informacaopermanente/2018-01-01-Estatuto-editorial-da-EXAME
os testes finais ao posterior processo sas de raparigas” não têm de ser sobre
“A TRUST IN NEWS, UNIPESSOAL, LDA. não é responsável pelo conteúdo
logístico de produção, distribuição e coisas fúteis ou apenas do âmbito fa- dos anúncios nem pela exatidão das características e propriedades dos
produtos e/ou bens anunciados. As respetivas veracidade e conformidade
vacinação de milhões de pessoas em miliar. As mulheres já são peças-chave com a realidade são da integral e exclusiva responsabilidade dos anunciantes
todo o mundo. Mas há uma esperan- na nossa sociedade. O que queremos e agências ou empresas publicitárias.” Interdita a reprodução, mesmo parcial,
de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer
ça, uma preciosa esperança, que não é que falem, se mostrem, partilhem fins, inclusive comerciais.
NOTÍCIAS . FOCO
O TRIUNFO DO DIGITAL
O comércio eletrónico já representa mais de 16% do total das vendas a retalho
feitas em todo o mundo. Com o aproximar do Natal, a meio de uma pandemia,
este método poderá ganhar ainda mais relevância no próximo mês. No total,
32%
em todo o mundo, deverão ser feitas compras através de método digital no valor
de 3,5 biliões de euros, em 2020.
Texto Paulo M. Santos
FREQUÊNCIA
Dos
consumidores
online fazem
67%
GERAÇÃO
O APELO DAS COMPRAS ONLINE
2,14 MIL
taxa duplicou em 2020, atingindo uma 20%
subida de 32%. Além da conveniência 20 18,10%
para o comprador, as lojas digitais 16,20%
conseguem, em muitos casos, praticar
15 14,10%
preços mais concorrenciais e apelativos 12,20%
para os consumidores. Por um lado, têm 10,40%
custos de operação mais reduzidos, pois 10 8,60%
não necessitam de tantos funcionários 7,40%
nem de pagar as rendas dos espaços
MILHÕES
5
físicos. Por outro, conseguem agregar
um maior número de clientes, pois estão
Consumo presentes a qualquer hora e à distância 0
Número de compradores digitais de um dedo sempre que alguém 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
necessita de fazer uma compra.
9%
em todo o planeta em 2021 Fonte: Statista
EM ASCENSÃO
350 305
A par do cartão de crédito, o PayPal é um dos métodos preferidos para
300 fazer os pagamentos das compras online. Nos primeiros seis meses 267
deste ano, o número de subscritores ativos do PayPal cresceu
250 mais do que na totalidade de 2019, atingindo quase 229
os 350 milhões, o que representa uma subida
197
200 de 21% face a igual período do ano anterior.
179
Valores em milhões 161,5
150 142,6 FUNCIONALIDADE
122,7
106,3
100 97,7 Dos utilizadores
84,3 do comércio online
50 usam comandos
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 de voz para fazer
Fonte: PayPal as suas compras
Dos grandes
retalhistas em todo
o mundo usam
as redes sociais
para vender
PLATAFORMAS 55%
Dos utilizadores de redes sociais na
China admitem que fazem compras
produtos online através dessas redes
68,8%
DESISTÊNCIA
Percentagem de abandono
do “carro de compras”
online (local nos sites onde
se guarda os produtos
55%
51%
CUSTO
BOUTIQUE OMEGA
Av. da Liberdade, 192A • Lisboa
Enter Distinções
Além dos prémios referentes às 500 Maiores
& Melhores Empresas, será também entregue
o Prémio Excelência na Liderança deste ano
ALEMANHA COM
QUOTAS OBRIGATÓRIAS
NAS ADMINISTRAÇÕES
Os conselhos
de administração
de empresas cotadas
alemãs que contem
mais de três pessoas vão
passar a ter de integrar,
pelo menos, uma mulher
na sua composição.
A quota obrigatória nos
boards resulta de um
acordo entre a CDU/CSU
LUÍS BARRA
e o SPD, depois
de o sistema voluntário
de contratações
12,8%
as melhores empresas por setor Como sempre, esta inicia- conhecer todos os pormenores
e premiada a empresa do ano, a tiva será a base de uma revista desta iniciativa. E
Leon
Nova SEAT
Campanha válida para ENI e frotas para a nova Leon Sportstourer 2.0 TDI FR 150 Cv com caixa de velocidades
automática DSG com um valor final da viatura de 27.490,00€. Não é válida para cliente Rent-a-Car. Imagem não
contratual. Consumo (l/100km): 4,4 - 5,1; Emissões de CO2 (g/km): 117 - 133. Oferta limitada ao stock existente. seat.pt/NovoLeon
PROXIMIDADE E PREVENÇÃO: A APOSTA
DA SEGURADORA
Hoje, mais do que nunca, reconhecemos o risco como parte inerente das nossas vidas e novas necessidades pedem
soluções adaptadas aos contextos emergentes. A Ageas Seguros procura disponibilizar soluções adequadas a todos os
momentos. Uma marca de proximidade com a prevenção no ADN.
As alterações dos modelos empresa- que pretende despertar a curiosidade para os alunos, quer para os forma-
riais, a automação e a cada vez maior e incentivar as crianças a encontrar dores. Quisemos perceber como as
utilização da Inteligência Artificial no o seu caminho e a pensar de uma experiências funcionavam no digital.
mundo dos negócios terão um forte maneira diferente. E o pensamento Tivemos cinco mil famílias a aderir”,
impacto na organização laboral como criativo será uma das ferramentas conta Manuel Câmara. O êxito desta
hoje a conhecemos. Um estudo do mais importantes para que pos- ferramenta digital levou-os a serem
Fórum Económico Mundial admite sam enfrentar o futuro mercado de selecionados pelo Impact EdTech,
que 65% das crianças que estão agora trabalho”. programa da União Europeia lançado
a entrar na escola básica vão trabalhar Em apenas quatro anos de existência, no contexto da Covid-19 para resolver
em profissões que ainda não existem. a The Inventors já deu formação a problemas de aprendizagem e ensino
Para tentar dar resposta a este proble- 28 mil crianças, desenvolveu 400 à distância.
ma, dois portugueses decidiram criar mil experiências e tem atividade em Agora, pensam levar este conceito
a The Inventors, uma empresa que 170 escolas nacionais. O sucesso em para as universidades. Manuel Câmara
desenvolve conteúdo educativo des- Portugal levou-os a experimentar o diz que “muitas faculdades não estão
tinado a preparar as novas gerações conceito no estrangeiro. Há cerca de a acompanhar a disrupção que está a
para esta realidade. “Nós criámos, um ano, entraram em duas escolas do acontecer no mercado de trabalho”.
de raiz, experiências educativas que Reino Unido – bastaram-lhes poucas “Hoje em dia, para estar a um nível
despertem a curiosidade das crianças semanas para começar a desenvolver competitivo no mercado de trabalho,
e lhes permitam desenvolver capaci- trabalhos em mais 23. “Estávamos a um aluno terá de fazer uma boa parte
dades que não são estimuladas nas crescer no mercado britânico quando da aprendizagem fora da universida-
escolas”, diz José Malaquias, um dos surgiu a pandemia, o que nos obrigou de. Sobretudo no lado prático.”
sócios da The Inventors. a refrear os projetos”, diz Manuel Com a rápida transformação e evo-
Estas experiências vão desde a cons- Câmara, outro dos fundadores. lução tecnológica, Manuel Câmara
trução de um piano até ao desenvol- Mas, por outro lado, foi a mesma sublinha que uma das ferramentas
vimento de um filme de animação. O pandemia que os colocou sob os ho- mais importantes para o futuro será
fundamental, explica José Malaquias, lofotes da Europa. “Em março, assim a de “aprender a aprender”. E é essa
“é que tenham sempre associadas a que se começou a falar de confina- capacidade de aprendizagem perma-
criatividade, a engenharia e as artes. mento, começámos a desenvolver nente que a The Inventors pretende
Nós temos uma postura disruptiva, ferramentas de ensino remoto, quer transmitir às novas gerações. P. M. S.
TELETRABALHO
É A “PONTA
DO ICEBERGUE”
Painel de especialistas tentou ante-
cipar as competências que vão ser
necessárias num contexto laboral
que nunca mais voltará ao que era
Texto Margarida Vaqueiro Lopes
A
daptabilidade, flexibilidade, dele-
gação de tarefas, responsabilização.
Tudo palavras que soavam bem, mas
diziam pouco, e que agora as empre-
sas foram mesmo obrigadas a levar a
sério, sobretudo as que sabem que não podem perder
o comboio que passou, ainda mais veloz, durante esta
pandemia. O aviso foi feito pelo painel de especialis-
tas que se reuniu virtualmente no último dia de O Fu-
turo do Trabalho, para falar sobre como serão
as novas formas de o fazer, lembrando ainda
que o teletrabalho pode ser a face mais visível Formação ao longo chamam] Covid 1.0, as pessoas perceberam
de uma série de mudanças que serão sempre que o chefe não só não achava mal como até
muito mais profundas e muito mais alargadas da vida e um regime conseguiam trabalhar bem ou até melhor,
do que parecem à primeira vista. “Chamámos laboral adaptado ao em casa. Penso que, portanto, isto pode ter
a esta segunda fase a Covid 2.0. Ninguém ti- que é a diversidade vindo para ficar”, considera. Na Talkdesk,
nha verdadeiramente experiência de gestão de o trabalho remoto já era algo relativamente
pandemias em Portugal e, portanto, no início, geracional que normal – nos EUA, 40% das equipas foram
fizemos tudo o que podíamos com o que sa- compõe o tecido contratadas nesse pressuposto, e, com 80%
bíamos, mas, desta vez, já nos pudemos pre- laboral do País dos postos em solo nacional a estarem li-
para um bocadinho mais”, começou por dizer gados a funções tecnológicas, foi algo facil-
Catarina Horta, diretora de Capital Humano são inevitáveis mente acomodado pelos trabalhadores. “A
do Novo Banco. A responsável explicou que a nossa vontade era deixar as pessoas o mais
possibilidade de trabalhar remotamente já existia na à vontade possível para escolherem onde querem estar
instituição, dentro de um pacote chamado “Dividen- a trabalhar – muitas voltaram para a Madeira, para Co-
do Social”, mas que apesar de haver iniciativas que são imbra, para os Açores, lugares de onde tinham vindo só
muito bem acolhidas – como entrar mais tarde à segun- para trabalhar”, realça Francisca Matos, Talent Direc-
da-feira e sair mais cedo à sexta-feira ou ter oportuni- tor na Talkdesk. “Neste momento, os nossos escritórios
dade de levar para casa, a um preço reduzido, refeições encontram-se encerrados. Algumas pessoas estão com
do refeitório –, o teletrabalho tinha muito pouca adesão, opção de coworking; outras criaram um escritório em
“porque basicamente as pessoas acreditavam que o che- casa – a Talkdesk montou um pack de equipamento que
fe ia achar mal. Nos primeiros 15 dias [da época a que as pessoas podiam recolher e levar”, e a empresa tentou
O GRANDE TESTE
À CULTURA
DAS EMPRESAS
Organizações que tenham construído
culturas fortes têm maior probabilidade
de superar esta crise que colocou
desafios que poucos esperavam
Texto Rui Barroso
P
ode não ser consensual que as crises
sejam os momentos certos para criar as
culturas das empresas. Mas o que apa-
renta ser certo é que as empresas com
culturas fracas saem fragilizadas em
tempos de crise. Já as que conseguiram construir cul-
turas fortes, ao longo dos últimos anos, tenderão a sair
reforçadas. Os novos padrões de trabalho gerados pela
pandemia serviram como uma espécie de teste do algo-
dão à solidez das culturas e das lideranças empresariais.
“No momento em que vivemos, que é de enorme
transformação, a cultura é o facilitador para o cresci-
mento”, defendeu Pedro Amorim. O managing director
da Experis Portugal indicou que “os líderes transparen-
tes e que conseguem gerar confiança nas suas equipas”
terão muito maior probabilidade de superar os desafios
colocados em fases como a que vivemos. O especialis-
ta considera que os gestores de “empresas que não se
adaptaram, e que tiveram a dissonância entre o que é ser
líder e ser chefe, terão muitos problemas”, até porque o
padrão de trabalho que se observava antes da pandemia
poderá nunca mais regressar.
Também Pedro Afonso defende que “estes momen-
tos da verdade põem à prova o que andámos a fazer nos
últimos anos”. O CEO da Vinci Energies Portugal realça
que “o trabalho de desenvolvimento da cultura é feito a
longo prazo, em permanência e muito antes da chegada
dos problemas”. E conclui: “Não é nesta altura que se
desenvolve a cultura.” No entanto, essa perspetiva não
é consensual. Maria de Fátima Carioca, dean da AESE
Business School, refere que “tudo aquilo por que esta-
mos a passar são momentos fortes e podem ser muito
VÍDEO
DISPONÍVEL EM
EXAME.PT
Todos temos talento. O problema é descobri-lo. Esta foi uma das principais querer e não apenas dizê-lo, sublinha. Enquanto muitas pessoas ainda não
mensagens deixadas por Juan Carlos Cubeiro, um dos maiores especi- descobriram o seu talento, os empregadores desesperam por encontrá-
alistas ibéricos em liderança, na iniciativa o Futuro de Trabalho. “Todas as -lo: em cerca de 40% das posições para as quais procuram candidatos, as
pessoas têm talento, mas só poucas descobrem o talento que têm”, afirma empresas acabam por não conseguir localizar aqueles que têm o talento
o também advisor do Human Age Institute, do Manpower Group. pretendido para as funções, observa o especialista. Na hora de contratar, as
Mas, afinal, como descobrir o talento? “Quando tens algo de que gostas, empresas olham principalmente para as competências técnicas, a aptidão
que fazes bem, que o mercado considera e paga por isso, aí é talento”, e o conhecimento, mas isso não quer dizer que as soft skills não sejam
responde Juan Carlos Cubeiro, autor de cerca de cinco dezenas de livros essenciais. No entanto, a regra, diz Juan Carlos Cubeiro, é que as empresas
sobre liderança e coaching. O especialista, que aconselha algumas das “selecionam por aptidão e despedem pela atitude”.
maiores empresas espanholas, especifica que “talento é pormos em valor Nas lideranças, competências como a autoconfiança, o autocontrolo, a ori-
aquilo que sabemos, podemos e queremos fazer”, e realça que, “quando entação para resultados, a empatia e a influência são ainda mais essenciais,
nas empresas dizemos que as pessoas são o mais importante, isso não é de forma a cultivar o talento coletivo.
propriamente verdade. O talento é o mais importante”. A pandemia forçou muitas empresas a fazer em cinco meses uma transfor-
Segundo as estimativas de Juan Carlos Cubeiro, 40% das pessoas nunca mação digital de cinco anos. Muitos trabalhadores tiveram de ficar em casa
chegam a descobrir o seu talento. Isso pode ser explicado por fatores como em teletrabalho, e a forma como este desafio está a ser encarado pode
o tipo de sociedade em que vivemos, que valoriza principalmente o espetá- fazer a diferença entre o sucesso e o insucesso das organizações. “Com o
culo e o show business. Outro entrave à descoberta de talento pode residir teletrabalho, muita gente tenta reproduzir a burocracia e o taylorismo. Mui-
na educação. Juan Carlos Cubeiro realça que, em Espanha, por exemplo, tos ficaram 14 horas por dia à frente de um ecrã, o que não é produtivo”,
a educação não aparece como uma das principais prioridades e preo- refere Juan Carlos Cubeiro. O autor ilustra com o caso de Espanha que,
cupações da opinião pública, e isso é um problema, já que “não pode tal como Portugal, é um dos países onde impera mais o “presencia-
haver desenvolvimento do talento se não houver desenvolvimento lismo”. “Ficava-se até que o chefe fosse embora, porque o capataz
da educação”. O especialista defende que “o talento é capaci- queria sentir-se capataz e ter todas as pessoas. Em algumas
dade, compromisso e contexto” e que a escola tem de ajudar a empresas ainda se espera que, quando isto terminar, se
desenvolver esse tipo de competências. regresse a este modelo. Mas o capataz não tem de regressar.
Para encontrarem o talento, as pessoas têm mesmo de que- Não aporta valor. Essa desconfiança, descontrolo e justifica-
rer fazê-lo, defende Juan Carlos Cubeiro. E querer é mesmo ção da burocracia não fazem sentido”, considera o consultor.
unitivos dentro de uma organização” e defende director da Experis Portugal esclarece que “os
que “momentos fortes são momentos para se Empresas que que construíram equipas fortes e operam, com
criar uma cultura forte”. desenvolveram integridade, as suas pessoas com culturas mui-
A pandemia colocou desafios difíceis às to orientadas para a transparência” têm mais
culturas e às lideranças empresariais. Maria culturas fortes ferramentas para lidarem com estes desafios.
de Fátima Carioca mencionou um estudo feito têm maior E é neste tipo de situações que vem ainda
pela IESE em vários países sobre as emoções probabilidade mais ao de cima a diferença entre o chefe e o
das pessoas que foram forçadas a ficar em casa. líder, entre quem pensa ter todas as certezas e
“Uns aceitaram, outros continuaram com uma de superar quem se preocupa em saber formular as per-
zanga interior devido à situação e houve quem os desafios guntas corretas. “Mostrar confiança não signi-
entrasse em depressão.” Num cenário deste causados pela fica mostrar certeza”, explica Pedro Afonso. O
tipo, indica a dean da AESE, “a primeira coi- gestor especifica que “confiança e certeza são
sa que o líder tem de fazer é gerir todas essas pandemia coisas diferentes, e se eu tenho muitas certezas
emoções que acabam por vir à tona e perceber é porque alguma coisa não está bem”. Apesar de
como é que, com uma equipa deslocalizada e virtual, se todas as exigências colocadas pela pandemia, Maria de
consegue desenvolver coletivamente a cultura única e Fátima Carioca avisa que “o verdadeiro desafio começa
a unidade entre pessoas relativamente dispersas”. Mas agora”. O mais provável é que se assista à implementa-
isso apenas pode ser assegurado se já se tiver construído ção de modelos híbridos, com algumas pessoas a tra-
uma base forte e uma liderança humilde nas organiza- balhar de forma presencial e outras de forma remota,
ções. “Não há milagres. Não é possível dizer ‘venham e será necessário assegurar uma única equipa entre os
agora para aqui uns consultores’, porque as pessoas es- que estão perto e os que estão longe. A dean da AESE
tão muito distantes”, realça Pedro Amorim. O managing conclui que “este modo híbrido é que é o desafio”. E
PA N D E M I A
UM DESAFIO
CHAMADO
DISTÂNCIA
O modelo de trabalho remoto, que
obrigou a uma rápida adaptação,
não é para todos. E traz desafios
às organizações, que vão da cultura
ao recrutamento, passando pela VÍDEO
DISPONÍVEL EM
EXAME.PT
formação e integração
Texto Paulo Zacarias Gomes
A
pandemia obrigou empresas Modelos segue fazer ‘training’ da mesma maneira. Temos
e trabalhadores a maior fle- de caminhar para um modelo mais intermédio”,
xibilidade e agilidade e criou híbridos de secundou Rogério Campos Henriques
desafios culturais, de forma- trabalho desafiam Para o CEO da Fidelidade, ter de trabalhar a
ção e integração que as orga- componentes partir de casa desfez alguns tabus junto de cola-
nizações ainda não digeriram. No longo prazo, boradores que pensavam que o teletrabalho não
as transformações trazidas por esta crise podem como o recruta- poderia ser aplicado à sua função. Mesmo com
acelerar a inovação e contribuir para aumen- mento, a seleção dificuldades iniciais: “Na altura [do confinamen-
tar a inclusão, por exemplo, através de fenó- e a integração to], dizia em jeito de brincadeira que aquilo não
menos como o trabalho remoto. “O teletrabalho era teletrabalho, era ‘teleconfusão’, cheguei a ver
abre oportunidades que não estavam na agen- na empresa crianças a pularem por cima dos pais, era difícil
da, também em termos geográficos. Podemos gerir aquela dinâmica”, descreveu. O modelo, re-
trabalhar com pessoas que não estão nos lugares ha- conheceu, não funciona de forma igual para todos, e, em
bituais e contribuir para a revitalização do Interior de alguns casos, requer muita ajuda e acompanhamento.
Portugal”, defendeu Rogério Campos Henriques, CEO Os oradores destacaram, ainda assim, a rápida res-
da Fidelidade, durante a mesa-redonda O Trabalho em posta das pessoas e dos processos nas suas organizações.
Tempos de Pandemia. “Toda a equipa acha que as coisas correram muito bem
Mas se esta deslocalização cria oportunidades para e isso resulta em mais motivação. As pessoas estão ainda
o desenvolvimento regional e para integrar colaborado- mais ligadas, dizem-me que estão ainda mais próximas”,
res com limitações, o caminho para um modelo que garantiu Cláudia Lourenço, diretora-geral da P&G Por-
alterna trabalho em casa e no escritório não está isento tugal. A adaptação obrigou a garantir a segurança e a
de sobressaltos. “Os propósitos das organizações são confiança dos colaboradores e a mobilizar as capacida-
o grande desafio para estes modelos mais híbridos de des digitais necessárias nas organizações, vertente que
trabalho. Os processos de recrutamento, de seleção e expôs ainda mais uma das necessidades do merca-
de onboarding são os mais desafiantes”, considerou Rui do: “A escassez de talento ficou vincada para o pós-
Teixeira, COO da ManpowerGroup Por- -pandemia nas áreas da digitalização, tecnologia e
tugal, que opera na seleção e gestão de modelos remotos. Num país como Portugal, com
recursos humanos. “Não se constrói cul- 90% de PME, isso traz desafios acrescidos à eco-
tura de empresa à distância e não se con- nomia”, concluiu Rui Teixeira. E
A
na Mendes Godinho diz à EXAME que, picidade. Foi dado um passo importante com os tra-
com a chegada da pandemia, “passa- balhadores a recibos verdes. Muitos tinham entrado no
ram a fazer-se coisas que pareciam sistema, mas ainda não tinham o prazo necessário para
impossíveis e de forma rápida”. Uma serem abrangidos. Há dois desafios grandes: ter relações
dessas transformações à velocidade da de trabalho e emprego sustentáveis; regular as novas for-
luz foi o teletrabalho, que nos traz muitas oportunidades, mas de prestação de trabalho. Estas duas bandeiras têm
mas também, como a ministra reconhece, a necessidade de mobilizar a sociedade, até para dar respos-
de regulação. ta aos jovens que, como sabemos, foram
dos primeiros afetados pela pandemia,
É correto concluir que os números do desemprego até porque muitos tinham contratos a
são difíceis de ler porque há muita gente cuja situa- termo. Uma terceira área são as qualifi-
ção laboral não é clara? cações e a reconversão. É o momento
Num primeiro período, sim. Tínhamos situações muito para aproveitar isso. Aposta em áreas
atípicas. Agora já conseguimos ter um retrato mais fiel económicas de futuro, seja no digi-
da realidade. A pandemia também mostrou a quantida- tal, na energia e na sustentabilida-
de de situações atípicas que tínhamos e que estas novas de ambiental, seja na área social.
formas de trabalho têm de ter uma resposta diferente. Foi
evidente o número de situações e medidas extraordiná- Sabemos o que vai marcar
rias que tivemos de criar para responder a pessoas que as prioridades estratégicas
ficavam fora do sistema. do País. Como será feito o
casamento da formação
Durante muito tempo referiu-se que Portugal tinha com essas áreas? Como
um problema de precariedade. Nesta crise, vimos se pode dirigir as pes-
os custos dessa precariedade e dessa informalidade. soas para aí?
Pode fazer mudar alguma coisa? Faz parte da liberdade
Isso leva-nos a repensar o sistema e a trazer para dentro de cada um, mas pos-
da economia formal uma quantidade de situações que so dizer que, no Progra-
estavam fora. Muitas vezes porque as próprias pessoas ma UPSkill, sentimos
não tinham identificado vantagens em fazer parte do sis- uma espetacular mo-
tema, que ficaram agora evidentes. Quantas mais pessoas bilização das pessoas.
fizerem parte dele, mais a resposta coletiva pode ser forte. O programa pretende
Mas o próprio sistema tem de se adaptar a novas formas juntar as necessidades
e relações de trabalho para conseguir enquadrar essa ati- do mercado à forma-
ção desenhada pelas instituições públicas. Um trabalho namizar o diálogo social. Dou um exemplo concreto: estes
em conjunto. Tivemos oito mil pessoas interessadas, não instrumentos de apoio à contratação podem estar associ-
só jovens. Temos de ter a capacidade de desenhar pro- ados à existência de contratação coletiva dinâmica, que
gramas à medida em conjunto com as necessidades de reflita a valorização que damos a um diálogo social eficaz.
mercado. O UPSkill tem este desenho à medida, com o
compromisso das empresas tecnológicas para integra- Esta confirmação de que em muitos setores é possível
rem parte destas pessoas, com contrato sem termo e por trabalhar sem estar no escritório pode ser uma opor-
um valor mínimo tabelado. Isto também implica uma tunidade para atrair trabalhadores de outros países?
revolução na formação que está a ser dada e no próprio Tínhamos desencadeado um estudo − um Livro Verde −
catálogo de qualificações. sobre o futuro do trabalho, exatamente para discutir as
mudanças que antecipamos e que implicam alguma re-
Tem a sensação de que isto nos levou a fazer coisas gulação. Muitas pessoas que trabalham em serviços públi-
incríveis com grande rapidez? cos de Lisboa podem viver no Interior e trabalhar remo-
Tenho a certeza. Passaram a fazer-se coisas que pareciam tamente. Isso abre oportunidades, mas é preciso regular
impossíveis e de forma rápida. Também no setor privado. para gerir equilíbrios. Isso foi evidente nas situações de
A quantidade de empresas que passou a ter sistemas mis- incerteza que surgiram. Em segundo lugar, isto abre no-
tos de trabalho, presencial e à distância. Diria que isto nos vas oportunidades extraordinárias de captação de talento
mostrou que é possível fazer as coisas com foco e resulta- para Portugal. Os famosos nómadas digitais. Isso já está
dos rápidos, recentrando-nos no essencial. a acontecer. Pessoas que olham para Portugal como um
país que, mesmo num contexto de pandemia, é um óti-
O Estado quer influenciar as melhores práticas, mas mo sítio para trabalhar remotamente. Não só estrangeiros,
não pode correr o risco de ignorar modelos de que não mas portugueses que tinham emigrado. É um mundo de
gosta. As empresas falam de flexibilida- oportunidades.
de. O segredo será uma conjugação entre Isto abre novas
menor precariedade e mais flexibilidade?
O que procuramos todos é um modelo de
oportunidades Embora o que estamos a viver seja a an-
títese do modelo “picar o ponto”, não se
emprego sustentável, em que haja maior de captação pode cair na confusão total entre mundo
corresponsabilização na relação laboral e a de talento para profissional e pessoal. Como se pode re-
preocupação de garantir a conciliação com a
vida pessoal, até porque, cada vez mais,
Portugal, não gular, por exemplo, o horário de trabalho?
No momento de maior recurso ao teletra-
as empresas só vão conseguir fidelizar só estrangeiros, balho, tivemos várias situações que geraram
os trabalhadores se eles se revirem mas também dúvidas e dificuldades: [quem paga] o com-
nelas. Têm de deixar o trabalhador
envolvido e comprometido. Por ou-
portugueses que putador, o telemóvel, a cadeira, até o espaço.
Questões de conciliação da vida profissional
tro lado, é crítico ter um diálogo so- tinham emigrado com a familiar, numa altura que coincidiu
cial eficaz, seja através do alarga- com a suspensão das atividades letivas, e as
mento dos modelos típicos de diálogo a outras questões do horário de trabalho e do direito à desconexão.
formas de relação laboral que estão hoje exclu- VÍDEO São estas as áreas críticas a regular. Diferente é o traba-
DISPONÍVEL EM
ídas, seja na participação ativa nas empresas. EXAME.PT lho nas plataformas digitais: é preciso regulação. Iden-
tificámos essas áreas no Livro Verde para procurar uma
No final desta crise, a atividade sindical resposta estável.
pode sair enfraquecida porque, nestes mo-
delos remotos, há mais dificuldade para No final desta crise, podemos ter trabalhadores bas-
as pessoas se organizarem. Essa é outra tante bem e outros em situação de grande dificuldade?
das adaptações? A evolução que tivemos foi de aumento dos salários, basta
É evidente que a própria forma como a pensar no salário mínimo. O nosso objetivo é manter a va-
representação coletiva é assegurada tem lorização do SMN. Por outro lado, aumentámos o valor de
necessidade de evoluir e de estar presente entrada nos estágios do IEFP e fizemos uma majoração da
nestas novas formas de trabalho. Temos de contratação sem termo. Por outro lado, a preocupação é a
conseguir que as novas relações laborais se- qualificação. É a palavra-chave. Apostar nas qualificações
jam representadas no diálogo social. O que é fazer a diferença na oportunidade de as pessoas serem
fizemos foi garantir que nos próximos dois valorizadas e mais bem pagas. Esse é o verdadeiro instru-
anos não há denúncia de contratação co- mento de combate à pobreza. É aí que temos de colocar
letiva por caducidade, para garantir mais toda a nossa energia para garantir que damos igualdade
estabilidade. Podemos pensar em incen- de oportunidade às pessoas para serem valorizadas no
tivos positivos. Pode ser uma forma de di- mercado de trabalho. E
COMO
AS MELHORES
ENFRENTARAM
O DESCONHECIDO
Três das distinguidas nas
Melhores Empresas para
Trabalhar em 2019 partilharam
experiências sobre
a digitalização e o trabalho
à distância e os seus efeitos
VÍDEO na cultura interna
DISPONÍVEL EM
EXAME.PT
> BLIP
A
“Só um ou outro colaborador pediu –
s novas gerações de tra- falta colocar a tecnologia no centro da suplicou – para regressar” ao local de
balhadores podem pa- sua ação, algo que será mais fácil quando trabalho após o desconfinamento, notou
recer mais preparadas os elementos mais familiarizados com as Rui Magalhães. O administrador da Estoril
para lidar com a tecno- novas tecnologias “alcançarem posições Sol Digital diz que a produtividade dos
logia, mas tirar partido de comando”, acredita António Miguel colaboradores não desceu a trabalhar em
dela para melhorar a produtividade e a Ferreira, managing director da Claranet casa e quer manter o que de positivo trou-
xe a flexibilidade durante a pandemia. E
competitividade das organizações é outra Portugal. Por outro lado, para Paula Pa-
garante que a separação entre tempos de
história. “Temos a ideia de que a geração narra, diretora-geral da Microsoft Portu- trabalho e descanso é uma prioridade na
mais jovem é nativa digital, mas é muito gal, “é fundamental assegurar a formação generalidade das funções: “Não pedimos
numa perspetiva de consumo. Precisamos de todos para criar impacto” por via da às pessoas: ‘Já que estás em casa, faz lá o
de passar para a produção. Se não, o tecnologia, além de alterar culturas e jeitinho.’ Isso não existe.”
País tornar-se-á ótimo em ace- “reimaginar processos”.
> PHC SOFTWARE
der a facebooks e semelhantes, Admitindo que a digitaliza-
mas não terá capacidade de ção está para ficar num “novo
A maioria das funções pôde conciliar o
intervir além disso” alertou normal” ainda em constru- tempo de trabalho com rotinas familia-
António Leite, vice-presi- ção, o vice-presidente do res específicas durante o confinamento,
dente do IEFP, na mesa- IEFP disse que é preciso garantiu Luís Antunes. O diretor de recursos
-redonda A Tecnologia perceber, neste contex- humanos da PHC confia num futuro que
e o Trabalho. to, “o que temos de fa- traga um “better normal”, com um sistema
Já às organizações, zer para que o sistema de trabalho híbrido e mais flexibilidade. Em
Lisboa e no Porto, as equipas estão a mu-
que rapidamente en- produza mais riqueza
dar-se para edifícios maiores, onde a em-
contraram resposta e para que ela seja dis- presa quer construir a melhor experiência
digital para as limita- tribuída de forma mais de trabalho presencial e em convívio. “Vão
ções da pandemia, justa”. E ter vontade de ir para o escritório”, afiança.
EMPREGO
REGULAR
E FORMAR
O advento do teletrabalho e o impul-
so dado à “gig economy” pela crise
de saúde pública convocam o papel
regulador do Estado, que vê a forma-
ção ao longo da vida como essencial
Texto Paulo Zacarias Gomes
É
necessário acompanhar e regular
dois dos fenómenos laborais mais
evidenciados pela pandemia – o te- VÍDEO
DISPONÍVEL EM
letrabalho e as plataformas digitais EXAME.PT
UM REGRESSO EM GRANDE,
MESMO A TEMPO DO NATAL
James Martin’s, o whisky preferido dos portugueses, ganhou uma nova edição,
em exclusivo só para nós. Um whisky com uma bonita idade: 32 anos.
Reza a história que James Martin’s era o whisky Elizabeth. O “passageiro mais frequente” desses
de referência na corte de Eduardo VII, o whisky grandes transatlânticos, onde as elites europeia
eleito de sua majestade, e quem sabe se não terá e americana cruzavam os oceanos.
sido o próprio rei a pegar-nos o gosto, tal como Em 1912, a marca foi integrada na Macdo-
emprestou o nome a um famoso parque em Lis- nald e Muir, percursora da The Glenmorangie
boa? A verdade é que, com o passar dos anos, Company, hoje parte do grupo Louis Vuitton
Portugal adotou como seu este famoso blend do Möet Hennessy, o maior do mundo no seg-
melhor da Escócia, e foi assim que ganhámos, mento do luxo e onde o rigor e a qualidade são,
em exclusivo, o direito de recebermos uma edi- também, lendários. Foi, aliás, já sob a liderança
ção very rare, onde o lote mais novo conta já do atual diretor de Distilling, Whisky Creation
com 32 longos anos de maturação. Um & Whisky Stocks, o Dr. Bill Lumsden,
whisky pleno de suavidade e cremo- que a James Martin’s voltou a ser ga-
sidade, escolhido pelo master blender lardoada com mais uma medalha de
da marca. ouro no prestigiado International Wine
Este James Martin’s 32 Year Old and Spirits Competition, em 2004, tor-
Very Rare deixaria o próprio James nando-se oficialmente, no ano seguin-
“Sparry” Martin orgulhoso – “Spar- te, no whisky premium preferido dos
ry” era a sua alcunha dos seus tem- portugueses (e no mais vendido).
pos de boxeur. Comerciante de vinhos Em 2013 a Glenmorangie Com-
e bebidas espirituosas em Edimburgo, pany lançou as últimas garrafas de
Martin dedicou-se desde muito cedo à James Martin’s, para se concentrar
criação de whiskies da mais alta qua- totalmente nos Single Malt Glen-
lidade, insistindo que um bom blend morangie e Ardebeg, mas o Dr. Bill
demora tempo, 10 anos no mínimo. O Lumsden manteve e supervisionou
seu trabalho, e exigência, foram am- pacientemente alguns cascos precio-
plamente reconhecidos na altura, sos, aguardando o momento de ma-
incluindo com os Prémios de Ouro turação perfeita para honrar o nome.
e Diplomas de Honra em Bruxelas Uma seleção dos melhores whiskies,
(1888), Paris (1890) ou Antuérpia, sabiamente misturados num com-
em 1899. James Martin viria a fale- plexo balanço de suavidade, genero-
cer nesse ano, mas o legado perdurou sidade e complexidade. Um néctar
nas mãos do sócio e amigo, Edward com evidentes notas de caramelo e
MacDonald, que sempre respeitou açúcar mascavado, ainda que pon-
a alta qualidade e boa reputação do tuadas por outras mais cítricas de
nome. Mais tarde, MacDonald tor- laranja. Doce e encantador no pa-
nou-se proprietário da The Glenmo- ladar, chega-nos numa altura em
rangie Company, a que a marca ain- que tão necessitados andamos por
da hoje permanece ligada. pequenos prazeres que nos alegrem
Ao longo dos anos a fama de Ja- o espírito. Por isso, este Natal, va-
mes Martin’s consolidou-se dos dois mos brindar com um sonoro Slàinte
lados do Atlântico, e seguia sempre Mhath(!) ou “saúde!” em gaélico, e
a bordo do Queen Mary e do Queen um James Martin’s no copo.
A BRINCAR,
A BRINCAR...
... é um negócio de milhares de milhões de euros,
longe de estar apenas destinado a crianças.
Teve de se adaptar à pandemia e preparar-se
para um Natal diferente. Na era das redes sociais
e do digital, a bola está do lado das grandes
multinacionais, que fazem da Ásia a sua fábrica.
Mas, a outra escala, ainda há quem produza
(e idealize) jogos e brinquedos em Portugal
Texto Paulo Zacarias Gomes Fotos Lucília Monteiro e José Carlos Carvalho
A
A fábrica em Alfena, a poucos minutos do
Porto, chegou a ter 100 trabalhadores e a
ocupar todo um pavilhão. Hoje, tem um
terço do espaço – o resto alugou-se a uma
oficina e a um negócio de diversões – e os
cinco funcionários trabalham ao som do
lento matraquear das máquinas. Júlio Pe-
nela, bisneto do fundador, percorre com
as mãos as prateleiras da sala de visitas,
onde repousam centenas de brinquedos
de lata (reaproveitada de embalagens de
conserva), chapa, plástico ou madeira, com
maior ou menor sofisticação. Miniaturas
de carros, telefones e outros objetos como
balanças, máquinas de costura e tábuas de
engomar das marcas PePe e Jato, que inun-
davam aos milhares as bancas das feiras,
nos anos 70 e 80 – e que contam uma parte
da história da indústria do brinquedo em
Portugal, antes de as normas comunitárias
e o fabrico barato e massivo na Ásia terem
levado alguns a pôr trancas à porta.
Com origem quase centenária, a fábri-
ca faz tudo como antigamente e encon-
trou o seu lugar no nicho da saudade, em- é a produção de plásticos técnicos, como
bora os artigos que hoje vende, dados os frascos para cola e álcool-gel ou asas para
materiais e as técnicas usadas, sejam clas- caixas de vinho.
sificados como artesanato e não aconse- A dez minutos de carro dali, num dis-
lhados a crianças com menos de 10 anos. creto armazém em Moreira (Maia), traba- Chegava a fazer
Vive de encomendas restritas de miniatu- lham atualmente tantas pessoas quanto as 200 a 300 táxis
ras de táxis, aviões, carros de bombeiros que a PePe (Penela e Penela) e Jato empre-
ou carrinhas “pão de forma”, para efemé- garam nos seus tempos áureos. Das mãos para a Catarina
rides, museus ou lojas da especialidade – de dezenas de funcionárias, encarregadas Portas [lojas A Vida
como A Vida Portuguesa, de Catarina Por- de pintar cada figura a pistola e pincel, Portuguesa]; agora
tas, que recentemente fechou uma loja em sairão este ano três milhões de miniaturas
Lisboa, em plena crise no turismo. “Che- de animais e personagens do fantástico faço 36. Se fizermos
gava a fazer 200 a 300 táxis para a Catari- para o mercado internacional. “As senho- mil brinquedos por
na Portas; agora faço 36. Se fizermos mil ras aliam a perfeição à rapidez”, descreve mês, é muito!”
brinquedos por mês, é muito!”, descreve Patrícia Maia, enquanto mostra a área de
Júlio Penela. Só 10% das receitas vêm des- decoração onde as figuras circulam entre Júlio Penela
te negócio, já que o que sustenta a fábrica as mãos das funcionárias. Responsável da PePe e Jato
212
brinquedos, área que ganhou recentemen- ou a francesa Papo a escolher produzir cá
te duas máquinas de injeção robotizadas e parte dos seus produtos e a colocar-lhes a
mais eficientes, de onde saem artigos de etiqueta made in Portugal – basta entrar
praia, como baldes e pás, camiões e trato- numa papelaria e comprovar.
res de brincar ou tambores e martelos de “É um mercado muito pequeno, não te-
plástico, usados na noite de São João, no mos escala. O investimento em moldes pesa
Porto. Tal como aconteceu com a empresa muito e os preços da mão de obra são muitís-
de Júlio Penela, o cancelamento de festas e
romarias este ano, por causa da pandemia MILHÕES simo mais elevados. Não é competitivo com
a China”, explica Ricardo Feist, administra-
(a juntar à lotação limitada das praias), atin- de euros dor da Concentra, empresa que distribui
giu em cheio a época alta da IRMEL, que vai Valor do mercado de brinquedos em cerca de 50 marcas internacionais de jogos
de março a setembro. Resultado: uma que- Portugal, em 2019, segundo a GfK e brinquedos – e que também manda fazer
da esperada de 60% na faturação. a oriente os poucos artigos que desenvolve
60%
Exemplos de longevidade na produção de raiz para o mercado nacional. Outra dis-
de brinquedos em Portugal, como os da tribuidora, há quatro anos no mercado, sen-
PePe e Jato, da Maia & Borges ou da Irmãos tiu igualmente na pele o que custa produzir
Melo, não abundam. As crescentes exigên- no País, quando lançou o jogo de tabuleiro
cias de segurança, as necessidades de mo- Go Master, hoje adaptado a 14 países. “Pro-
dernização tecnológica, as mudanças na duzimos cá a primeira edição, mas depois
procura, a dimensão do País e a concorrên- optámos pela China, porque a qualidade do
cia de colossos na Ásia foram arrumando produto e o preço não têm comparação. As
para o lado e colocando no baú do esque- Vendas
fábricas cá não estão preparadas”, justifica
cimento dezenas de pequenos fabricantes Contributo mínimo dos meses que Carlos Ávila, diretor comercial da Creative
durante as últimas décadas (ver caixa “Fá- antecedem o Natal – outubro Toys, que, entre outros, distribui o Monopoly.
bricas de memórias”). Mesmo que ainda a dezembro – para o negócio anual É naquele país que serão feitos também os
haja multinacionais como a alemã Schleich dos brinquedos, em Portugal outros jogos que a sua área de desenvolvi-
Cobertura de risco de créditos comerciais · Apoio para um crescimento rentável · Assessoria à internacionalização · Seguros de caução
Criada na Maia em 1986, a Minibri A Steiff - Brinquedos, sediada Criada em 1987 na Marinha Conhecida sobretudo por marcas
– Indústria de Brinquedos, Lda. em Oleiros e detida pela alemã Grande e com atividade suspensa como Tucha (“A boneca que faz
fabricou miniaturas de carros de Margarete Steiff, GMBH, fabrica- desde 1993, a Fanabri - Fábri- o que tu fazes”, que foi produzida
metal. A empresa terá sido extinta va em Portugal mais de 100 mil ca Nacional de Brinquedos era nas versões mergulhadora ou al-
no início da década de 2000, ursinhos de peluche por ano. Criada detida em praticamente 50% pela pinista e por isso apelidada muitas
fornecendo até aí a francesa Norev em 1993, a empresa durou duas brasileira Gulliver – Manufacturas vezes de “barbie portuguesa”),
e vendendo com marcas próprias décadas no País até que fechou de Brinquedos, S.A., (fundada em Sandra (a boneca que andava e
como Vitesse – hoje propriedade portas em 2013, em plena altura de 1969 por um espanhol), a que se movia a cabeça “sem pilhas”), ou
da Macau Sky Star Toys Company intervenção da Troika. Deslocalizou juntavam sócios portugueses. Gavi (o boneco que “toma biberão
Limited –, SM Super Models, Retro então a produção para a Tunísia, A empresa produzia para venda e faz xixi”), a Brintói – Sociedade
Vitesse, Onix, Quartzo, Victoria ou deixando 103 pessoas no desem- no País, entre outros, miniaturas Produtora de Brinquedos, S.A. foi
City. Era detida através da Cinerius, prego, na sua maioria mulheres. A de barcos e carros fabricados fundada em 1976 na Figueira da
criada por sócios portugueses câmara local ainda apelou a Angela em plástico (vendidas avulso), Foz. Os brinquedos chegavam ao
e franceses em 1982, que tinha Merkel para que impedisse o fecho, bem como figuras, veículos de mercado através da participada
ainda participação numa empresa mas sem sucesso. Cada urso de combate, armas e acessórios da Jugal – Sociedade Nacional de
de moldes (Compasso) e numa peluche chega a custar 300 euros, gama S.O.S. Commandos, além Brinquedos. Suspendeu a ativida-
de serigrafia (Seridecal). Parte da no caso das edições limitadas e em do jogo de futebol de mesa Onze, de em 1993. Comercializava ainda
produção chegou a ser feita na leilões atinge valores na ordem dos adaptado neste caso aos principais bonecos de chiar como Topo Gigio
China. milhares de euros. clubes portugueses. ou Abelha Maia.
A Fábrica de Plásticos Radar, Lda. A fábrica de plásticos Henriques A Nelson & Dias da Rocha, que A marca, cujo logótipo está asso-
produzia miniaturas de carros, & Irmão (ou Luso-Celulóide), detinha a Luso-Toys, fábrica portu- ciado à imagem de um elefante,
barcos e utensílios domésticos em criada nos anos 1940, em Espinho, guesa de miniaturas, foi constituída foi criada pela UPLA - Fábrica Uni-
plástico, além de bolas de futebol. iniciou-se mais tarde no fabrico três meses depois do 25 de Abril de versal de Plásticos Lda., fundada
Foi criada em 1965 na Maia pela de brinquedos. Aqueles que eram 1974 em Gueifães, Maia, no mesmo na Marinha Grande em 1956. Entre
família Vilas Boas e está atual- produzidos em plástico levavam local que é hoje indicado como os artigos Jamba fabricados estão
mente dada como extinta. Outras a marca Osul (pistolas, miniaturas sendo a sede da Minibri. Nos anos desde carros e bonecos a pistolas
fábricas de plásticos também se de carros e também de eletro- 1970 e 1980, a empresa da Maia e esporas de cowboy, comboios,
adaptaram à produção de brin- domésticos como máquinas de vendeu, sob a marca Luso-Toys, gaitas e até baloiços de corda.
quedos, casos das algarvias IPAF lavar, fornos ou frigoríficos), a que modelos em plástico e, mais tarde, Além da marca Jamba, a empresa
ou Faplastal (surgidas em 1958 se viria a juntar a marca Meto- em zamac (liga metálica de zinco, também vendia brinquedos com a
e 1972, em Faro) ou a fábrica de sul, aplicada aos brinquedos em alumínio, magnésio e cobre), para insígnia própria, UPLA. Em 1997, a
pentes Ribeirinho, de Guimarães, metal, essencialmente miniaturas carros clássicos, de rali e Fórmula UPLA fundiu-se com a Grandarte,
que em determinada altura pro- de carros como camiões e táxis. A 1. A insígnia foi aplicada também a dando origem à Grandupla - Fá-
duzia “bonecas, berços, carrinhos, atividade da empresa está atual- jogos de tabuleiro como O Tesouro brica de Plásticos, SA, que viria a
cornetas, guizos”. mente dada como extinta. ou o Jogo do Rallye. enfrentar a insolvência em 2012.
100
com as grandes superfícies. “Há 20 anos,
tínhamos uns mil clientes no comércio
tradicional; hoje, não chega a 25”, cons-
80
tata Ricardo Feist. Hipermercados, gran-
des armazéns como o El Corte Inglés ou
a relançada Toys “R” Us (de que não foi
possível obter respostas até ao fecho desta 60
edição) dominam agora 70% do mercado 2007 2020
em Portugal.
Contudo, mesmo com a dimensão e as VENDAS NA
limitações do País, há quem continue a in- MONTANHARUSSA
sistir em idealizar e vender em português. Receita total mundial
Como a OkapiBox, constituída em plena do mercado de brinquedos
O mercado ressentiu-se à escala global
pandemia e que procura navegar nas vári-
com a crise económica e financeira,
as tendências deste mercado: a promoção
mas recuperou a partir de 2014
nas redes sociais, a venda online, a apos-
ta no pré-escolar, a vertente educativa e a Fonte: Statista; valores em milhares
de milhões de dólares
90.700
componente ecológica dos brinquedos. An-
dreia Davide começou a partilhar, em 2018,
numa página no Instagram, as atividades
didáticas que fazia com a filha em casa. A
curiosidade dos seguidores sobre as técnicas
e os materiais foi tanta que criou uma caixa
com materiais e instruções para que os pais
pudessem replicar as atividades.
MILHÕES
A montagem das caixas, com materiais
ecológicos e reutilizáveis, desenhados e pro-
duzidos na sua maioria na região de Aveiro, quatro anos, a empresa dá trabalho a 12
já ocupa uma pessoa a tempo inteiro e ou- de dólares pessoas em Torres Vedras e fatura 450 mil
tras em part-time sempre que necessário. Dimensão do mercado de brinquedos euros a produzir pequenos arbustos sin-
ao nível mundial, em 2019. Um recorde
Entre kits e caixas-surpresa por subscrição, téticos (chamados tufts), para decorar es-
seguem por mês cerca de mil artigos para fa- ses tabuleiros ou aplicar em maquetes ou
8 000
mílias, escolas e terapeutas, com pedidos até 6 923 dioramas. É das poucas no mundo a fazer
de Inglaterra, Suíça e Itália. A necessidade 7 000
6 000
6 042 estes materiais. “Temos uma filosofia de
de manter entretidas as crianças “aumen-
5 000
5 000 4 720 4 505 autossuficiência, devemos ser muito tei-
tou ainda mais o interesse durante o con- mosos. Gostamos de fazer as coisas cá, de
4 000
finamento”, diz à EXAME. Muitas vezes, os criar e resolver aqui os problemas”, diz o
3 000
produtos colocados no site, no qual se fazem
90% das vendas, esgotam em horas, o que
2 000 1 574 administrador à EXAME. Este ano, tam-
bém a colher os benefícios de mais gente
1 000
leva Andreia Davide a eleger novas contrata- fechada em casa, espera duplicar as ven-
0
ções como prioridade, tal como a diversifica- das e entrar em domínios mais científicos,
ção, com a criação de produtos para crianças LEGO HASBRO TAKARA com a produção para maquetes de espaços
BANDAI MGA MATTEL TOMY
em idade escolar. “Se não tivesse página no NAMCO ENTERTAINMENT naturais como rios ou estuários, aprovei-
Instagram, não teria este negócio. Foi uma tando o embalo das preocupações com o
rampa de lançamento”, conclui.
PRINCIPAIS ambiente.
GRUPOS MUNDIAIS Tema, aliás, que também parece ter
A MÃO POR DETRÁS DO ARBUSTO DE BRINQUEDOS entrado em força nesta indústria. Em
Também a GamersGrass tem orgulho em EM RECEITAS abril, os gigantes Mattel, Hasbro e Lego
produzir em Portugal, mas aponta para EUA e Japão destacam-se apresentaram compromissos com a sus-
um público mais especializado e a viver entre os gigantes tentabilidade, que passam por usar em-
MGA Entertainment, dona do fenómeno
no estrangeiro, para onde vai mais de 99% balagens produzidas com plástico recicla-
L.O.L. Surprise!, foi uma das que mais
da produção. A paixão de Jacinto Mateus do, eliminar, em alguns casos, o plástico
faturaram no ano passado
pelos jogos de estratégia com miniaturas, de todas as embalagens, produzir artigos
do género Dungeons & Dragons, virou um Fonte: Statista e relatórios e contas, dados com resinas de origem biológica ou cortar
de 2019 ou ano fiscal terminado em março
negócio que não é brinquedo. Ao fim de de 2020, em milhões de dólares no consumo de energia.
C O N S U LT O R I A
Abrir
as portas
ao capital
A consultora integrada,
comprada em agosto pela
Ageas, quer apostar em
instrumentos como fundos de
capital de risco para dinamizar
o investimento associado
aos vistos gold no Interior do
País ou na reabilitação.
O mercado norte-americano
está no radar, sobretudo
a diáspora portuguesa, mas
é preciso garantir condições
de atratividade do investimento
em Portugal para bater
a concorrência, avisa o CEO
da Kleya
Texto Paulo Zacarias Gomes
Fotos Diana Tinoco
D
epois de cinco anos a aju-
dar quase centena e meia
de estrangeiros a virem
viver e comprar casa em rias ou apartamentos para arrendamento a Entre os investimentos que podem
Portugal, a Kleya quer baixo custo nas grandes cidades ou, ainda, ser potenciados, segundo o responsável
agora pôr pequenos investidores internacio- entrar no capital de pequenos negócios lo- da consultora, está a reconversão urba-
nais a apostar em empresas e outros projetos calizados, em particular, em zonas de baixa nística, em particular a dos espaços de
no País. Entre as ideias que poderão surgir densidade populacional. retalho e de escritórios no pós-Covid-19,
em 2021, está um fundo de capital de risco, “Tem que ver com não existir a estrutu- mas também a aplicação de Inteligência
a desenvolver em parceria com a sua casa- ração de uma oferta segura para que pes- Artificial a áreas como a produção e o con-
-mãe (o grupo segurador Ageas), outras ges- soas possam investir noutro tipo de produ- trolo de qualidade, agropecuária, eficiên-
toras de fundos ou que dão acesso a vistos tos que não o imobiliário”, justifica Vasco cia energética e saúde. Nesta área, há um
gold, bem como com autarquias e clientes Rosa da Silva à EXAME. “Desenvolviam-se parceiro estrangeiro interessado em de-
que queiram investir em Portugal. condições para que fosse usado o leque [de senvolver uma incubadora que conta com
Através deste mecanismo, já previsto na condições de acesso aos vistos gold] que uma shortlist de seis empresas nacionais.
lei, seria possível a pequenos investidores existe”, salienta o CEO da Kleya. Algo que, Numa altura em que o Governo se pre-
estrangeiros subscreverem tickets a par- acredita, teria impacto no total de investi- para para vedar o investimento em imobi-
tir dos 350 mil euros, o valor mínimo de mento captado através das transferências liário em Lisboa e no Porto como forma de
transferência de capitais que permite obter de capital. Em 2020, este valor represen- obtenção de vistos gold, Vasco Rosa da Silva
a autorização de residência para investi- tou apenas um sexto do total investido em avisa que manter a atratividade do destino
mento (ARI) ou visto gold. E, dessa forma, imobiliário para obtenção da ARI, mas o para os investidores depende de “estabili-
investir em áreas como a reabilitação ur- responsável acredita que há condições para dade” e não de criar dúvidas. “Houve em
bana, a criação de residências universitá- mais do que duplicar no próximo ano. Lisboa e no Porto uma valorização de ativos
70%
cebem que o Algarve, Évora ou o Douro PORTUGAL MAIS IMPORTANTE
ficam a poucas horas de distância de car- DO QUE BIDEN
ro. Alguns acabam por investir em ativos Havendo condições para, como pretende,
da hotelaria. desenvolver o projeto do fundo de capital de
“Cada cliente que vem para cá viver risco no âmbito dos vistos gold, o mercado
gera em média 20 a 50 mil euros por ano norte-americano deverá ser a maior aposta
em consumo no País. E, até 2019, os seus da Kleya durante os próximos anos. E mais
projetos de investimento representaram Suspensos importante do que saber o que pode signifi-
entradas de capitais próximas dos 50 mi- 50% a 70% da faturação potencial car a eleição presidencial de Joe Biden para
lhões”, refere o CEO, que descreve o mo- ficou em pausa com a pandemia, pela a relação entre os dois países, deverá ser o
suspensão de projetos adjudicados
delo de negócio da Kleya como um misto posicionamento de Portugal para concorrer
à Kleya. “A boa notícia é que não houve
de consultor, agente de relocation e con- com Irlanda, Reino Unido, Itália ou Espanha.
nenhuma desistência”, salienta Vasco
cierge. Ou seja, alguém que ajuda a en- Rosa da Silva “Qualquer que seja a administração
contrar espaço para viver e desenvolver norte-americana, os investidores norte-a-
50
negócio, presta aconselhamento legal e mericanos procuram globalmente as me-
fiscal (através de parceiros), trata da logís- lhores oportunidades para a sua expansão
tica da mudança e disponibiliza o ecossis- e cabe-nos a nós mostrar que temos todas
tema de serviços de que o cliente precisa. as condições – posição geográficas, infraes-
Todo o processo de angariação, garante, truturas, quadro legal e fiscal, recursos hu-
cumpre até em excesso com as regras para manos ou segurança – para proporcionar
prevenção e combate ao branqueamento essas oportunidades”, resume Vasco Rosa
de capitais, que prevê análises a provas de da Silva, que elege os portugueses ou luso-
fundos e a bases de dados internacionais,
como a que identificou um potencial clien-
te ligado aos Panamá Papers. Um pente
MILHÕES -descendentes a viverem nos EUA como um
dos segmentos potenciais. “Há uma diáspo-
ra enorme de empreendedores, empresá-
de euros
fino que deu azo a recusas, ainda assim re- Valor das entradas de capitais rios e académicos que seria muito bem-vin-
siduais: “Quando a pessoa em causa perce- envolvidas nos projetos de investimento da em Portugal, não só para investir cá mas
be o nosso posicionamento e como traba- fechados até 2019 por clientes da Kleya também para trazerem mais ideias e capital
lhamos, normalmente afasta-se.” que vieram para Portugal dos EUA para o nosso país.” E
Até ao final de setembro, o Ao longo dos três trimestres 70% de visitantes chegaram pioneiros no setor na utili-
Website da RE/MAX Portugal, do ano, a RE/MAX continuou via dispositivos móveis. zação de ferramentas digitais
rede imobiliária líder no mer- a destacar-se face à concor- inovadoras, tendo investido
cado nacional, ultrapassou as rência nas pesquisas do Goo- Setembro assinala o mês de bastante ao longo dos anos no
24 milhões de visitas, uma gle, de acordo com dados do lançamento do novo Site seu desenvolvimento. Desde
média superior a 2,6 milhões Google Trends. Este é um in- RE/MAX, que, além de mais muito cedo que apostámos
por mês, traduzidos em mais dicador relevante que tra- célere, alia um sistema de num Website para a promo-
de 200 mil contactos através duz a dinâmica da marca e o geolocalização e vem possibi- ção dos imóveis, tendo como
da plataforma. O número re- seu reconhecimento no setor litar visitar virtualmente mais foco proporcionar uma boa
presenta um incremento de imobiliário, onde é líder de de 20 mil imóveis disponíveis experiência de navegação a
14% face a igual período de mercado, quando compara- para as modalidades de com- quem nos visita, garantindo
2019, sendo o terceiro trimes- da com outras redes e portais pra, venda, arrendamento ou o acesso a uma oferta de qua-
tre o período mais represen- imobiliários. investimento. Este lançamen- lidade da forma mais rápida,
tativo, somando mais de 3 mi- to trouxe um aumento de 44% simples e eficaz.”
lhões de visitas em cada mês. Lançamento do novo Site em no número de páginas vistas e
Dos contactos recebidos, 64% setembro: Aumento de 44% do tempo passado na página, A responsável sublinha ain-
dos negócios foram relativos a no número de visualizações o que traduz a maior facilida- da que “Neste contexto de
compra e venda de imóveis e de de utilização, velocidade e pandemia, a tecnologia tem
36% a arrendamento. Segundo dados da RE/MAX, simplificação da navegação, sido o aliado perfeito. É mui-
julho, agosto e setembro fo- especialmente nos dispositi- to interessante o exemplo das
Do total de visitas a remax.pt ram os meses que contabili- vos móveis. Realçar também visitas virtuais e vídeo visi-
registadas de janeiro a setem- zaram mais visitas à página o facto de, até final de setem- tas, que na RE/MAX já eram
bro, mais de 3 milhões foram da consultora imobiliária, bro, terem sido transaciona- uma ferramenta diária, mas
de visitantes internacionais com um incremento de 28% dos 35% dos imóveis que fo- hoje são fundamentais, pois
que tiveram como origem ou- relativamente a igual período ram promovidos com visitas permitem uma triagem das
tros países como Estados Uni- de 2019. Cada mês do tercei- virtuais e vídeos, uma grande visitas que um cliente com-
dos, França, Alemanha, Es- ro trimestre ultrapassou as 3 inovação na qual a RE/MAX se prador quer realmente fa-
panha, Brasil, Itália, Angola, milhões de visitas, sendo se- destacou, possuindo a maior zer e assim reduzir as visitas
Reino Unido, Suíça, Canadá e tembro aquele que gerou o carteira de imóveis com este presenciais desnecessárias.
Holanda, que se destacaram número recorde (3.095.503). tipo de conteúdos, que os É reforçada, assim, a própria
na procura por imóveis por- A análise mostra ainda que compradores valorizam cada transparência de todo o pro-
tugueses. Em relação a igual julho, agosto e setembro ge- vez mais. cesso, trazendo uma maior
período do ano passado, estas raram 103.000 visitantes por eficiência e produtividade
visitas internacionais traduzi- dia à plataforma, 25.000 con- Para Beatriz Rubio, CEO da para todos, sejam consulto-
ram um crescimento de 15%. tactos por mês, sendo que RE/MAX Portugal, “Somos res, sejam clientes.”
Micro
PA P E L A R I A
Um caderno
é sempre
um caderno
O negócio começou com pastas
de arquivo numa loja artesanal, pela mão
dos pais. Os filhos trouxeram a gestão
e a internacionalização. No ano em que
comemora 50 anos, a Ancor diz ter
negócio para mais 20.
Texto Cesaltina Pinto Fotos Lucília Monteiro
A
pequena história costu- gócio! Porquê? Deixámos de ser credíveis.” dução, assente em todo o tipo de pastas de
ma ser lembrada como A maior parte dos pequenos industriais arquivo e cadernos. Somando aos 45% que
símbolo de persistência que quis dar o salto da internacionalização, representa o mercado nacional (em que
e tenacidade. “Em 98/99, no final dos anos 90, terá certamente uma conta com grandes distribuidores, como
por aí, eu e o meu irmão história idêntica para contar. Fernando a Staples ou o Continente), a Ancor vê-se
fizemos a primeira visita a Espanha com Correia, 47 anos, administrador da Ancor, legitimada a dizer que é líder na Penínsu-
potencial de venda. Levávamos as coisas gosta de a repetir sempre que pretende de- la Ibérica no que diz respeito à produção
orientadas daqui e praticamente fecha- monstrar como foi difícil entrar no merca- dos dois tipos de artigo em simultâneo.
das. Tínhamos uma reunião em Barcelo- do espanhol. “A primeira abertura de conta Seja como for, foi um grande passo para
na. Como sou mais ou menos fluente em que fizemos em Espanha num cliente a sé- a consolidação de uma empresa familiar,
espanhol, o encontro decorreu sempre em rio foi em 2001. Mas, a partir daí, foi sem- que este ano comemora 50 anos de exis-
espanhol. No final, o cliente apresenta-nos pre a crescer. Nunca mais parámos”, diz à tência nas mãos da segunda geração.
o contrato. Quando verificámos, dizia lá EXAME, satisfeito por ter vencido esta eta- “Foi muito difícil iniciar a internacio-
que éramos italianos. Chamámos a atenção pa, que lhe abriu portas noutras fronteiras. nalização. O mercado espanhol é tremen-
para o erro e reafirmámos que éramos por- Hoje, os grandes armazenistas de pape- damente fechado. Os espanhóis pensam
tugueses. A partir daí, não houve mais ne- laria espanhóis absorvem 35% da sua pro- dos portugueses o que os franceses pen-
75%
tiveram fechadas devido à pandemia. Mas das por um ecrã gigante – não sem antes
estávamos a crescer 5% em relação ao ano o potencial cliente receber, em mão, uma
anterior no final do 1º trimestre, mesmo caixa com exemplares do produto, para po-
com a última quinzena de março já seve- der ver e tocar, até porque há texturas que
ramente afetada pela quebra de consumo”, diferenciam o produto.
explica o gestor. Mas a Ancor nunca parou O que a pandemia não travou foi a festa
de laborar este ano e até se orgulha de não dos 50 anos realizada em fevereiro, na Alfân-
ter recorrido ao layoff ou de nem sequer dega do Porto. Tempo de relembrar o negó-
ter necessitado de despedir. “Claro que não Produção cio iniciado pelo pai, António Augusto Cor-
renovámos alguns contratos a termo, mas A maior fatia da produção está con- reia (vem daqui o nome Ancor), com uma
foi algo sem expressão”, garante. centrada na Península Ibérica: 45% em simples oficina de manualidades nas trasei-
Em espera ficou a montagem de uma Portugal e 35% em Espanha ras da Rua de Cedofeita, em plena Baixa por-
nova máquina que lhe permitirá aumen- tuense. Natural de São João da Pesqueira, no
tar a capacidade e a eficiência produtiva, Douro, António Correia (hoje com 74 anos)
15,7
automatizando o ciclo até à embalagem e foi viver, com 13 anos, para o Porto, “na casa
a colocação nas paletes – um investimento de quem o empregava”. Depois, entregou-se
de 500 mil euros. “Começámos por per- a fazer pastas de arquivo. “Ele costumava di-
der em França, Itália, Holanda, Espanha, zer: de manhã vendia, à tarde fabricava e à
até chegar a Portugal. O problema, agora, noite entregava.” Serviço militar cumprido,
é o ambiente que se vive no mercado. Está casou e foi então que juntou a sua empresa
tudo à espera para ver o que vai acontecer, à da mulher e optou pelo nome Ancor. Na
a gerir expectativas. Existe medo”, confessa segunda metade dos anos 90, o negócio foi
Francisco Correia. Neste contexto, também
os planos da Ancor “estão em banho-ma- MILHÕES passando para os filhos: primeiro, para Pe-
dro Correia, 50 anos, engenheiro mecânico,
ria”. Num negócio em que é “preciso olhar Faturação e depois para Francisco. Os dois assumiram
a longo prazo e fazer as coisas sem pressa”, Em 2019, a Ancor completava uma a direção-geral da empresa e iniciaram um
as decisões tomadas “são de meses”. década a crescer cerca de 1 milhão por plano de expansão e internacionalização.
As grandes feiras internacionais onde ano. O EBITDA oscila entre 1 e 2 milhões “Acredito que este mercado não se extingue
costumavam estar presentes foram subs- nos próximos 20 anos. A nossa obrigação é
tituídas por uma plataforma online (30 entregar à próxima geração uma empresa
mil euros de investimento), e as reuniões melhor do que a que recebemos.” E
Longe, mas
mais perto
A necessidade de distanciamento acelerou
a adoção em força de ferramentas
remotas e digitais, que não deverá nem
poderá eliminar o elemento humano
e diferenciador nos seguros
> CEO da Ageas Seguros
O
período de excelência, em que a venda ser tão forte, porque existia
confina- consultiva é fundamental e uma relação muito próxima.
mento obri- em que os mediadores rapi- Mas o distanciamento so-
gou a uma damente se adaptaram a esta cial obrigou a que se encon-
ad aptaç ão realidade e à conjugação dos trassem novas formas de con-
de comportamentos nunca dois canais para segurança dos ceção com os clientes, que
vista e que, de outra forma clientes e dos próprios. passaram pela digitalização
qualquer, demoraria anos a De forma geral, e na Ageas de ferramentas e processos.
acontecer. Foi, por isto, tam- Seguros não foi exceção, foi No período pré-Covid-19, já
bém um acelerador para o au- fundamental o ajustamen- existia uma clara aposta nos
mento da aquisição online de to para uma venda cada vez canais digitais e na formação
produtos e serviços do nosso mais remota – especialmente dos mediadores da Ageas Se-
setor. Os dados são do Obser- em dois momentos: o da pré- guros nesta evolução tecnoló-
vatório de Tendências, um in- -venda, em que, mais do que gica. E, por isso, assumimos
quérito do Grupo Ageas Portu- nunca, a proatividade passou o compromisso de colocar à
gal e a Eurogroup Consulting, a ser regra; e, obviamente, na disposição dos nossos parcei-
que refere que, à exceção das venda, em que a proximidade ros de negócio ferramentas
viagens, a preferência dos in- e a leitura da linguagem cor- adequadas para uma presen-
quiridos recai sobre a compra poral foram substituídas pela ça coerente e diferenciadora,
em loja para todas as catego- assertividade e pela relevância que lhes permite hoje, mais
rias. Mas, para as categorias do conteúdo. do que nunca, fazer parte da
como Cultura, Seguros e Pro- Não sobram dúvidas de Não sobram transformação digital.
dutos Financeiros, Educação/ que, pelo menos nestes nove dúvidas Porque acreditamos que
Formação e Produtos Tecnoló- meses, o mundo mudou e as os mediadores Ageas Segu-
gicos, mais do que 1/3 dos in- formas de trabalhar foram de que, pelo ros têm um papel fundamen-
quiridos admite preferir com- reinventadas. Todas as em- menos nestes tal na relação com o cliente, e
prar online. presas sentiram necessidade nove meses, no contexto atual ainda mais.
Para muitos serviços, esta de capacitar as equipas com Foi por isso também que qui-
tendência colocou um desa- novas competências digitais o mundo mudou semos agradecer a sua partici-
fio acrescido de um dia para e analíticas. O que acontecia e as formas pação na resposta à crise pan-
o outro; para outros, ape- num período de pré-pande- de trabalhar démica, porque continuam a
nas aumentou o volume. Mas mia, em muitas regiões do ser o ponto de união, de per-
no setor segurador, o canal País, é que não havia necessi- foram sonalização, de proximidade,
de mediação é um canal por dade de a componente digital reinventadas junto dos nossos clientes. E
C
Começamos por lhe ouvir a voz, a cha-
mar, pouco antes de sentirmos as mãos
pequeninas nas nossas pernas. Fala em
árabe, com os olhos cheios de lágrimas, e
nós insistimos em seguir caminho como
se fosse apenas um som que se mistura
com todos os outros da cidade. Ao fim de
uns metros de insistência paramos para
a ouvir – a tradução vem depois, mas o
desespero percebe-se, não importa a lín-
gua em que se fale. Damos-lhe as libras
que temos na carteira, que chegarão para
pouco mais do que para comprar um pa-
cote de seis pães árabes devido à subida
astronómica do preço dos alimentos nos
últimos tempos: 350% em apenas um
ano. Dela não guardámos o nome, mas a
história: tem 12 anos e dois irmãos mais
novos. A família fugiu da Síria, há dois
anos, à procura de paz e de uma vida em
que sobreviver não fosse a única solução.
Os pais morreram na explosão do porto
de Beirute, a 4 de agosto de 2020. Agora,
aquela pequena de olhos tristes e corpo
franzino é a imagem de um desespero que
está escondido numa cidade que continua
a fazer o possível por se reerguer. Beirute é assim, cheia de idiossincra- fugiados, uma vez que a incerteza política
Continuamos o caminho em silêncio, sias. Os refugiados sírios encontram aqui está a dificultar até a ajuda humanitária às
e sentimos o nosso próprio suspiro [de alí- paz – “o que já não é pouco!”, dir-nos-á o vítimas da explosão e da fome, generica-
vio?] quando olhamos o Mediterrâneo, a padre Rui Fernandes, jesuíta que há quase mente, no Líbano. Muitos sírios dirigiram-
menos de um quarteirão de distância. dois anos vive no Líbano –, mas “é só. Há -se à cidade para doar parte dos alimentos
Estamos na marina de Beirute, lugar pri- muito pouco para além disso”. As feridas que tinham recebido daquele organismo às
vilegiado e onde se passeiam libaneses, da guerra civil na Síria, que durante anos famílias afetadas pela detonação no porto
saudis e os poucos europeus que arriscam se alastraram pelo território libanês, ainda de Beirute, que foi só o elemento final de
uma visita turística na “Paris do Mediter- estão abertas, e é difícil para os libaneses uma tempestade perfeita. Senão, vejamos:
râneo”. Sucedem-se os restaurantes caros, afastar a memória dos acontecimentos re- depois de décadas em guerra, os conflitos
alinham-se os barcos que ostentam ban- centes. Por outro lado, vamos sabendo das armados no país só abrandaram em 2017;
deiras da Ferrari, desfilam casais com as histórias que nos últimos meses poderiam no ano passado, no meio de uma crise fi-
amas atrás. A menina de olhos tristes e ter ajudado na cicatrização: a ajuda do Pro- nanceira que já se fazia sentir, o povo saiu
corpo faminto está ali tão perto e parece grama Alimentar Mundial (WFP, na sigla à rua a gritar thawra (revolução) e conse-
que vive num outro mundo. em inglês), só chegou aos campos de re- guiu que o Governo se demitisse; no iní-
cio do ano, a pandemia fechou a porta aos ar a trabalhar para conseguir ter um país
turistas, responsáveis por cerca de 7% do melhor”, garante. A postura e o olhar de-
PIB nacional e reduziu significativamente terminados, bem como a elegância, são
as remessas dos emigrantes (que, por seu características comuns das mulheres li-
lado, representam 14% do PIB do país) que banesas – e quase nos fazem entender
alimentam muitas das famílias libanesas; porque o país não cai, apesar de todas as
em agosto, a explosão destruiu o porto de vicissitudes.
Beirute e, no início de outubro, um incên-
dio no centro da cidade danificou o edifício E AGORA, LÍBANO?
desenhado pela iraquiana Zaha Hadid, um Adivinhar o futuro é complexo, há vários
dos mais icónicos da capital. “Se querem anos. Uma cidade cosmopolita, com algu-
saber como sobreviver a tragédias, podem mas das melhores universidades do Médio
falar connosco”, diz meio a rir, meio a sé- Oriente e de olhos postos na “Paris” que
rio a irmã Lucy, da congregação das Irmãs quer continuar a ser, luta agora por mais
do Sagrado Coração. Responsável pelas um renascimento. É precisamente sobre
finanças da instituição, desdobra-se em isso que nos fala o dono do Route 961, um
reuniões com representantes do Governo, conhecido bar em plena escadaria Van-
para tentar alinhavar um futuro no qual dome, na zona equivalente ao Bairro Alto
o dinheiro escasseia na mesma proporção lisboeta. “Tinha 480 milhões de libras no
em que as necessidades aumentam. Mas banco. Dinheiro mais do que suficiente
os sorrisos ganham, mesmo que deses- para fazer a casa que queríamos (mais de
Como é que perançados. A Imprensa nacional afirma 300 mil dólares ao câmbio do ano passa-
posso ir? Este que cerca de 500 mil pessoas terão saído do do). De um dia para o outro fiquei sem
é o meu país. país em busca de uma vida melhor, nos úl- nada”, conta. Recorde-se que para fazer
timos meses, mas nem todas estão dispos- face ao enorme défice comercial acumu-
Tenho de ficar, tas a abandonar a terra que as viu crescer, lado, os bancos libaneses decidiram con-
tenho de ajudar a Pamela ainda não tem 30 anos, é fisi- fiscar as contas correntes dos depositantes,
reerguê-lo. Mas oterapeuta e tem uma clínica em Beiru- no ano passado e, incapazes de manter o
te. Faz parte da classe alta libanesa e, para câmbio fixo que tinham com o dólar des-
também, será ela, sair do país “é deixá-los ganhar [a cor- de 1997, converteram todo o dinheiro em
que podemos rupção, a injustiça, o Hezbolah, no limite]. libras libanesas. Sem dólares nas institu-
ficar?” Temos uma classe política corrupta, e já ições financeiras, a moeda nacional pode
muita gente antes de mim lutou pelo Lí- ter agora sete diferentes taxas de câmbio
Proprietário do Route 691 bano. Não me vou embora. Vou continu- no mesmo dia, no mercado negro. Durante
UM FORNO QUE
É UM ESPAÇO SEGURO
O projeto The Great Oven quer reconstruir
comunidades (e pessoas) à volta da mesa
Quando, há dois anos, é preciso juntar mais azeite porque, por exemplo, quan-
chegou a Tripoli, no norte aos tabuleiros de couve- do um hotel abre falência, o
do Líbano, James Gomez -flor que estão quase a Banco Alimentar pergunta
Thompson não sabia o que entrar no forno. À equipa de se queremos a despensa.
ia encontrar, mas tinha um base, que inclui refugiados Claro que sim!! E depois
objetivo: juntar à mesma do Sudão e antigos prisio- há a questão de como usar
mesa as pessoas que neiros do Daesh, juntam- os alimentos para retirar
ainda há poucos meses -se todos os dias novos deles o maior proveito. Este
“continuavam a tentar elementos que querem bocadinho de tecnologia
matar-se umas às outras”. ajudar, de alguma forma. E antiga do forno comunitário
O cozinheiro de ascendên- muitos precisam de ajuda, permite mesmo… ‘acres-
cia espanhola e irlandesa, também. Nour, a namora- centar mais um copo de
que durante vários anos da libanesa de James, diz água para alimentar mais
partilhou com o gastró- que é agora que o desafio pessoas’, como se diz em
nomo Nigel Slater um maior começa: “O objetivo Espanha”, explica James. “O
programa na BBC, acredita é reabilitar comunidades que fazemos é colocar os
no poder regenerador de e criar um espaço seguro ingredientes todos na mesa
uma refeição partilhada para estas pessoas”, e tentar responder à ques-
e o seu instinto tem-se sejam famílias carenciadas, tão: como é que podemos
revelado certo. Decidiu refugiados ou sem-abri- fazer disto a maior e mais
recuperar a ideia dos fornos go. Por essa razão, o The saborosa refeição? E toda a
comunitários que em Great Oven está “a tentar gente contribui com ideias.
Espanha eram lugar de não cair na rigidez de uma O chefe somos todos. a semana que passámos em Beirute, o va-
conversa e de convívio, e instituição de caridade” no Às vezes, conseguimos lor do dólar oscilou entre as sete mil e as
em Tripoli conseguiu que que toca a definir quem são triplicar ou quadruplicar dez mil libras, e os preços dos alimentos,
antigos inimigos partilhas- as pessoas que ajuda. “Não as quantidades. Eu tenho
refeições fora ou roupa tocam facilmente
sem refeições. Quando a vamos ter uma espécie aprendido mais com estas
os que encontramos em qualquer capi-
explosão do porto destruiu de formulário em que se pessoas do que na minha
parte de Beirute, James as pessoas não cumprem carreira toda como chefe”, tal europeia, o que torna qualquer com-
decidiu trazer o forno para todos aqueles pontos, não admite. Atualmente, o The pra praticamente incomportável, num
o sul do país para dar apoio podem ser ajudadas. Como Great Oven já se trans- país onde o salário mínimo é de cerca de
imediato às famílias com é que se mede a tragédia formou em quatro fornos 150 dólares. A título de exemplo, por uma
fome – numa altura em que alguém está a viver?”, e o objetivo é que sejam sanduíche dupla de kafta e dois copos de
que o preço dos alimentos pergunta Nour, alternando dez até ao final do ano. vinho no Route 961 pagámos cerca de 45
disparou 350% em apenas o inglês que fala connos- O primeiro foi financiado dólares. “Essa garrafa de vinho ontem cus-
12 meses, são demasiadas co com o árabe com que totalmente por James, mas tou-me 10 dólares. Mas amanhã pode cus-
a precisar de ajuda. “Sou responde às duas avós de os que estão previstos – o tar 20”, continua o proprietário em jei-
amigo do Joe Mourani, dono Achrafieh − o bairro onde valor da construção e da
to de justificação pelos preços cobrados.
do Ballroom Blitz [uma das o forno estava no dia em pintura ronda os $10 mil
“Tenho três filhos e tomo conta dos meus
mais famosas discotecas que a EXAME falou com os – são já fruto da generosi-
de Beirute], que entretanto mentores do projeto − que dade de todos os que, em pais, que também precisam de ajuda. E as
teve de fechar, por causa descascam rabanetes para redor do mundo, decidiram perguntas são, todos os dias, as mesmas:
da pandemia. Usamos o o jantar. Com a ajuda do contribuir para o projeto. E vamos comer amanhã? Vamos abrir [as
espaço para guardar o forno Banco Alimentar do Líbano, a ONU, de olho no sucesso portas] amanhã?”, conta enquanto olha
e fazer toda a preparação têm conseguido servir en- da ideia, já convidou James para os filhos, que correm alegres escada
dos alimentos. No fundo, tre 400 e 500 refeições por para uma reunião, de forma acima e abaixo, no meio dos clientes que
tem funcionado como o dia, mas o forno tem capa- a perceber como pode levar agora escasseiam. “Obrigada por virem e
nosso quartel-general”, ex- cidade para cozinhar mil. “Já o projeto para alguns países por pagarem em dólares”, diz-nos. A mu-
plica antes de perguntar se recebemos coisas incríveis, da América Central. lher, russa, pediu-lhe para voltarem para
a Europa após a explosão. “Como é que
15%
posso ir? Este é o meu país. Tenho de ficar, da de bens essenciais, o porto, continuar
tenho de ajudar a reerguê-lo. Mas será que destruído. Os hospitais e as farmácias não
podemos ficar?”, atira-nos mais em jeito têm acesso a medicamentos – o Governo
de reflexão do que de pergunta. voltou a decretar um confinamento total,
Os conflitos internos e internacionais a meio de novembro, para conseguir fazer
custam ao Líbano mais de sete mil milhões face à pandemia da Covid-19 que só veio
Remessas estrangeiras de euros e têm um impacto de 8% no PIB agravar um problema já sério, em termos
As remessas de emigrantes nacional, segundo os dados do mais recen- de prestação de cuidados de saúde – e en-
representam praticamente 15% do PIB te Índice Global da Paz. Uma fatura que já trar num supermercado de classe média é
libanês. A pandemia acabou por ninguém quer ou consegue pagar, a não uma surpresa. Os preços (e as marcas) de
penalizar este importante indicador ser que o país receba ajuda internacional – alguns produtos essenciais como massa,
7 mil
e essa está a ser ferozmente negociada por arroz, feijão ou grão não são em nada dife-
um recém-eleito Governo que tem pouca rentes do que se encontra nos supermer-
vontade de mudar um sistema que favo- cados europeus. Nas mercearias, os preços
rece as elites instaladas. descem um pouco, sobretudo nos frescos,
mas continuam a ser demasiado elevados
“WE WILL RISE AGAIN” para a grande maioria dos libaneses. Co-
Nas ruas de Beirute não se vê, generica- mer uma knafeh, um popular doce do
mente, tristeza ou sequer revolta. O que Médio Oriente que nos dá as calorias su-
62
6 2 . EXAM E . DEZEM BRO 2020
CONTEÚDO
PATROCINADO
NEGÓCIOS
NOTÍCIAS . FOCO
C
omo não podia
deixar de ser, a
primeira Girl Talk
também sofreu
os desaires de ser
lançada em plena pandemia. De-
pois de várias semanas a tentar
encontrar uma data possível para
juntar à mesa a CEO da Dielmar Paula Rafael foi o rosto de um otimismo isso mesmo, o seu grande desafio passa
e a Corporate Marketing Team Leader da moderado, numa altura em que a maior por “continuar a acordar as pessoas que
Fidelidade, a alteração do mapa epidemi- parte das empresas nacionais luta com os tenho à minha volta para continuarem
ológico acabaria por nos trocar os planos: efeitos da pandemia, numa economia que a observar o mundo, para continuarem
Ana Paula Rafael não conseguiu juntar-se estava em franca recuperação. E aprovei- a observar o estilo de vida das pessoas,
ao nosso pequeno-almoço, no Martinhal ta para afastar a ideia de que o setor em que vai mudando – olhemos para a pan-
Chiado, como estava previsto, para poder- que se move é tradicional. “Se o fosse, já demia! – e despertá-las para serem mais
mos, à boa maneira portuguesa, trocarmos tinha desaparecido do mercado!”, atira a observadoras do que antes. No passado,
ideias em redor de uma mesa. responsável da mais antiga marca de al- tínhamos de inovar todas as estações e fa-
Mas as novas tecnologias resolveram faiataria nacional. “Na verdade, é um setor zer coleções-cápsula na própria estação.
o problema e foram a peça fundamental altamente inovador, até. Neste tempo de Hoje, temos de redescobrir o estilo de vida
para permitir à EXAME ouvir as opini- pandemia, em que todos somos treinado- do novo normal, e das pessoas que estão
ões das duas profissionais sobre inovação res de bancada, eu tenho dito isto: o setor a fazer vários estilos de vida ao mesmo
em negócios considerados tradicionais, as da moda é o mais inovador que eu conhe- tempo, como disse há pouco a Jessica”,
eleições norte-americanas e a liderança de ço, desde que estou cá. Eu sou advogada e lembrava. Logo no início da conversa, a
equipas e os negócios internacionais. trabalhei em muitas empresas, como sa- responsável de marketing da Fidelidade
A partir do escritório em Alcains, com bem. E quando cheguei aqui é que validei referia como o teletrabalho tinha alterado
vários blazers como pano de fundo, Ana isso: o que este setor tem é tradição.” Por a forma de nos vestimos, sendo possível
IMPOSTOS
Uma
butique
fiscal
para
tempos
de crise
O mais recente escritório
de advocacia de Lisboa nasce
com o conceito de butique
fiscal, em contraciclo com
a crise. Os sócios, Carlos Lobo
e Sérgio Vasques, acreditam
que a recuperação económica
requer soluções fiscais
imaginativas – para quem cobra
e para quem paga impostos
Texto Clara Teixeira
Fotos José Carlos Carvalho
A
ideia amadureceu du- CARLOS LOBO um a seguir ao outro, quando o Ministério
rante o confinamento e das Finanças era dirigido por Fernando Tei-
a instalação, num am- > I DA D E xeira dos Santos (ver perfis).
plo espaço de 350 me- 49 anos Durante anos, esperaram pacientemen-
tros quadrados no Largo te que o mercado amadurecesse para rece-
de Santos, em Lisboa, fez-se a conta-gotas > CARREIRA ber o projeto que tinham em mente. Assim
durante o verão e o início do outono. Depois Professor na Faculdade de Direito da que viram chegar o momento, nem a ines-
Universidade de Lisboa e consultor
de receber obras, o alto pé-direito do edifí- perada crise pandémica os demoveu de lan-
estratégico da EY, onde teve funções
cio de estilo pombalino ficou com as condi- çar a Lobo Vasques e Associados, uma buti-
de liderança nos últimos nove anos.
ções ideais para acolher uma sociedade de Foi secretário de Estado dos Assun-
que de advogados especializada na área da
advogados a estrear, que quer ser mais do tos Fiscais entre 2008 e 2009 fiscalidade. “Sempre que há uma crise, tam-
que um vulgar escritório lançado por dois bém há uma oportunidade”, avança Carlos
sócios que também são amigos de infância. > ÁREAS DE ESPECIALIZA Lobo, convencido de que o novo escritório
Carlos Lobo e Sérgio Vasques conhecem-se Ç ÃO vai preencher “uma lacuna no mercado”.
desde que, em crianças, habitaram o mes- Fiscalidade do Setor Público e Em Portugal, segundo explica Sérgio Vas-
mo prédio nos Olivais. Mais tarde, licen- Tributação do Património. Desen- ques, as grandes sociedades de advogados
ciaram-se ambos em Direito, especializa- volveu projetos de finanças locais, de “banda larga” prestam serviços de con-
ram-se na área fiscal e ocuparam, nos dois infraestruturas e energia sultoria fiscal, mas não o fazem de forma
governos de José Sócrates, a mesma pasta: tão “profissional e sofisticada” como este
a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, tipo de butiques. Embora desconhecidas
rado na introdução do IVA na Guiné-Bissau to fiscal agressivo. Há muitos a fazerem isso. de procurar a melhor solução para as duas
e na revisão dos benefícios fiscais em Cabo E claro que vamos evitar os clientes expos- partes?”, prossegue Carlos Lobo. Para o fis-
Verde, enquanto Carlos Lobo tem acompa- tos”, diz ainda. calista, “as empresas têm o dever de pro-
nhado projetos na área fiscal em Angola e Mas, escândalos à parte, se o objetivo por a melhor solução para as duas partes,
também em Cabo Verde. dos Estados é estabelecer sistemas tribu- porque o Estado nem sempre o faz bem”. E,
Para melhor acompanhar os clientes, tários eficientes e justos, acompanhados em tempos de crise, há que saber encontrar
a Lobo Vasques vai ter parcerias locais em das melhores soluções para os cidadãos, as equilíbrios virtuosos: “O Estado precisa de
África, ao passo que, na Europa, terá liga- empresas e os Estados, “qual é então o mal receitas, mas as empresas precisam de recu-
ção a sociedades de outros países, desde perar da crise.” Uma equação de resolução
que isso não implique uma perda de inde- impossível? “Nem por isso”, sublinha Carlos
pendência. “Não queremos estar integrados Lobo. “Temos milhares de ideias sobre o as-
numa rede internacional”, diz Carlos Lobo.
Afirmando-se “preparados para criar solu-
PRINCIPAIS sunto”, acrescenta Sérgio Vasques.
O País, na atual crise, aguenta um au-
ções para os problemas mais complexos”,
à escala nacional, internacional ou local, os
APOSTAS mento de impostos em determinadas áreas
para socorrer outras? Nenhum dos sócios
sócios prometem respostas inovadoras, cri- acredita que esse seja o caminho. “O desa-
ativas e sofisticadas – mas sem nunca “per- fio é melhorar o sistema de impostos, tor-
der os princípios”. O foco será “o profissio- > A LOBO VASQUES E ASSOCIADOS nando-o ainda mais eficaz, e racionalizar a
nalismo e a excelência”. PROPÕESE FORNECER SERVIÇOS despesa pública. Tem de ser encontrado um
DE POLÍTICA FISCAL “INOVADORES
equilíbrio entre receita e despesa”, defende
E SOFISTICADOS” EM ÁREAS COMO:
OS “LEAKS” DO NEGÓCIO Carlos Lobo. E se a solução passar por redu-
Nos últimos anos, a área fiscal tem gerado Biocombustíveis zir impostos nos setores mais afetados, como
escândalos que se agigantam sempre que Bebidas alcoólicas por exemplo o IVA da restauração? “Não há
há novos leaks e papers expostos na in- Energia (hidrogénio, solar) uma análise que demonstre a eficácia dessa
ternet. Panama Papers, Swiss Leaks, Lux Banca medida”, prossegue. Mas onde há algo a fa-
Leaks ou Luanda Leaks são apenas alguns Telecomunicações zer é na despesa, tornando-a mais transpa-
exemplos que fizeram mossa em socieda- Indústria farmacêutica rente. “Temos de garantir que as despesas do
des de advogados e firmas de auditoria em Indústria extrativa Estado são eficientes e justas. Mas há falta de
Portugal e lá fora. Os sócios da Lobo Vas- (petrolífera e mineira) análise. Há quanto tempo não é produzido e
ques admitem que essa imagem, “embora > NOS PAÍSES AFRICANOS
apresentado um relatório fiscal?”, pergun-
errada”, tem “custos reputacionais para os DE EXPRESSÃO PORTUGUESA, ta ainda. Mas – insistimos – há setores fis-
dois lados”. E, neste como noutros setores, QUEREM PRESTAR CONSULTORIA calmente mais penalizados do que outros?
EM MATÉRIA DE REFORMAS
a reputação é o maior ativo. “Essa é uma das FISCAIS EM ÁREAS COMO:
“Claro que há. O turismo, a energia, a ban-
razões por detrás da configuração do nosso ca…”, respondem, à vez. “Mexer nos impos-
projeto. Sendo pequenos e ágeis, podemos Impostos indiretos tos é sempre uma opção política”, sentencia,
controlar os processos”, considera Sérgio Impostos especiais de consumo (IVA) por seu turno, Sérgio Vasques. São palavras
Vasques. “Não vamos oferecer planeamen- Tributação aduaneira de antigos governantes… E
EM TRÂNSITO
McDonald’s com
reira na EFACEC como engenheiro conta com mais de 20 anos de
de software, passando pela experiência, tinha passado por
OutSystems, onde ocupou vários grupos como Esprit, Carrefour Es-
liderança nacional cargos nas áreas de engenharia,
gestão de produto e pré-venda.
panha e Inditex. A Salsa anunciou
a saída do executivo, agradecendo
Inês Lima substitui Thomas Ko e é a nova Em 2011, integrou a Microsoft o ambicioso plano estratégico
Portugal como Data & AI Specialist que estabeleceu para a marca,
responsável da empresa no País para o mercado empresarial. Em bem como a sua transformação
Texto Margarida Vaqueiro Lopes 2018, assumiu a função de Tech- numa referência mais virada para
I
nical Sales Diretor na Unidade de o digital e com foco na expansão
nês Lima assumiu, a 1 de novembro, o car- Soluções. para novos mercados.
go de diretora-geral da McDonald’s Portugal,
regressando assim ao País onde iniciou a sua
carreira na empresa. Desde 2014 que Inês in-
tegra os quadros da multinacional, na qual co-
meçou como diretora de Marketing e Comunicação. Desde
abril de 2019, desempenhava a função internacional de
Marketing Lead, tendo sido responsável pela estratégia de
marketing de 12 mercados: Rússia, Itália, Espanha, Poló-
ELISABETE FERREIRA PATRÍCIA PIMENTA
nia, Holanda, Áustria, Suíça, Portugal, República Checa, Fundadora e CEO da New Normal Vice-presidente de Home
Ucrânia, Bélgica e Eslováquia. linkedin.com/in/elisabeteferreira/ & Distribution da Schneider Electric
A executiva assume agora a direção-geral da McDo- Tinha assumido, em maio, o cargo linkedin.com/in/pimentapatricia
nald’s Portugal, num mercado que conta, atualmente, com de Chief Growth Officer da WPP, A nova vice-presidente da
179 restaurantes e 41 franquias. Vai assumir uma posição mas sai agora para fundar e liderar divisão de Home & Distribution
que era, desde 2018, ocupada por Thomas Ko – o gestor uma nova agência de soluções em Portugal e Espanha tem
passa a assumir a liderança de 12 mercados asiáticos. integradas de marketing e co- como objetivo desenvolver e
Licenciada em Administração e Gestão de Empresas municação, tecnologia e negócio. consolidar soluções que favore-
Foi assim que a New Normal se çam a sustentabilidade e a casa
pela Universidade Católica Portuguesa, e com um MBA
apresentou ao mercado, no início conectada, duas tendências
pelo INSEAD, Inês Lima conta com um percurso ligado
do mês de novembro, anunciando cada vez mais presentes no se-
ao Marketing, tendo estado mais de uma década na EDP, tor da habitação. Licenciada em
ainda Luís Fernandes e Luís Santos
em que desempenhou diversos cargos, nomeadamente Engenharia Eletrotécnica pelo
como fundadores da organização.
o de diretora de Marketing e Clientes. Passou ainda pela Nuno Lourenço será o diretor cria- Instituto Superior de Engenharia
Oniway – enquanto diretora de Market Insight –, bem tivo. Elisabete Ferreira passou, ao de Coimbra, iniciou a sua carreira
como pelas empresas de grande consumo Reckitt Ben- longo de décadas de carreira, pela na Schneider Electric Portugal
ckiser, Mondelez e Mars. Megamedia, PT, Brandia Central, em 2005, como Product Mana-
Atualmente, é mentora de líderes femininas na Eu- Havas Media e J. Water Thompson. ger de Automação Industrial.
ropean Professional Women’s Network. E
ECONOM IA
Injeções
de esperança
com doses
de cautela
Resultados preliminares das vacinas da Pfizer/
BioNTech e da Moderna são promissores e foram
considerados uma luz ao fundo do túnel.
Mas ainda há um caminho duro e longo a percorrer
até se encontrar a saída para a crise pandémica
Texto Rui Barroso
enfrentar no que falta percorrer até ao final vacinas da CureVac, da Sanofi-GSK e da tas vezes a expressão de se fazer um esforço
do túnel. “Infelizmente, [as vacinas] não al- Janssen Pharmaceutica. Estas farmacêu- para salvar o Natal. Mas, na frente económi-
teram o facto de no curto prazo a economia ticas têm já contratos firmados com a UE. ca, as próximas semanas serão de conten-
O AINDA
LONGO CAMINHO
DAS VACINAS
A Pfizer/BioNTech e a Moderna
contam obter autorização para
as suas vacinas ainda este ano,
nos EUA. Na Europa, a luz verde
também poderá estar para breve
TENDÊNCIAS
“Sou muito
boa só a fazer
o que interessa”
Marian Salzman é uma das mais respeitadas especialistas
em comunicação do mundo. Vice-presidente da Philip
Morris International, anti-tabaco convicta, falou à EXAME
de tendências, de gestão de tempo e de como decidiu
trocar a publicidade pelo meio corporativo
Texto Margarida Vaqueiro Lopes Fotos Jagoda Wisniewska
Q
uando abrimos o rela- político admirável.” Na mesma ocasião,
tório Trends for 2020, Marian partilhou em primeira mão com
publicado por Marian a EXAME aquelas que acredita que vão ser
Salzman no final do ano as tendências para o próximo ano (ver pá-
passado, não queríamos gina seguinte), fazendo questão de realçar
acreditar no título: Caos: o novo normal. que tinham sido todas definidas antes de
Dito assim parece quase futurologia, mas se saber quem iria ocupar a Casa Branca
a executiva garante que não tem qualquer nos próximos quatro anos. Mas, assumin-
bola de cristal. “Achei que 2020 ia ser um do-se uma trendsetter, pedimos-lhe que
ano de realinhamento político e emocio- fizesse o seu prognóstico: a vitória seria
nal. Não previ, naturalmente, que ia haver de Joe Biden, garantiu.
um vírus que vinha da China para todo o
mundo. Lembro-me, aliás, de estar num MUDAR A PERSPETIVA
jantar aqui na Suíça, com um colega chi- Salzman trabalhou, durante mais de duas
nês, em fevereiro, e perguntar-lhe o que décadas, em algumas das maiores agências
estava a acontecer”, começa por contar de publicidade do mundo. Há cerca de dois
à EXAME, numa conversa descontraída anos trocou o universo criativo pelo grupo
desde o escritório em Lausanne. Falámos Philip Morris (PMI), depois de nove meses
com a vice-presidente da Philip Morris de conversações e de muitas dúvidas sobre
International com o pelouro da comuni- se devia comunicar uma tabaqueira, depois
cação, dois dias depois das eleições nos de o pai ter falecido de cancro do pulmão
EUA, quando ainda não havia resultados. e de ela própria já ter lutado mais do que
Norte-americana com residência no Ari- uma vez contra doenças do foro oncológico.
zona, garantiu-nos que o tradicional esta- Pensar nesta mudança “foi uma viagem
do republicano iria virar democrata nes- de ceticismo”, admite. “O meu marido é de
tas eleições, sobretudo por duas razões: Direito e é especialista em Direitos Huma-
“Primeiro porque, para nós, a questão nos. Achei que ele ia ser completamente
das fronteiras não faz sentido algum. O contra isto. Mas quando lhe contei que me
México está a 20 km de minha casa. São tinham contactado, e que ia indicar outra
nossos vizinhos, não são nossos inimigos. pessoa para o cargo, o que ele me respondeu
Nós crescemos com aquelas pessoas, fa- foi: ‘Por que razão vais fazer isso? Imagina
zem parte da nossa vida e da nossa eco- o que era poderes mudar o apartheid por
nomia. E, depois, [o republicano] John dentro.’ No fundo é uma questão de pers-
McCain foi um apoiante de Obama e de petiva, da forma como se olha para a ques-
Biden. E nós respeitamo-lo demasiado”, tão. ‘Imagina a diferença que podes fazer, se
atirou com um sorriso. “Era realmente um tiveres o poder desta empresa… farás muito
A organização
“pós-pandemia”
O novo modelo, acelerado pelas circunstâncias
que vivemos, deve ser assente em equipas
multidisciplinares, ágeis e com um carácter cada
vez mais colaborativo, à volta de projetos com > Presidente da direção
resultados mensuráveis da Associação Portuguesa
de Criatividade e Inovação
– APGICO
U
m dos impe- tos de I&D. No entanto, em ge- necessário ao trabalho adi-
rativos deter- ral, trata-se de projetos limita- cional dos projetos, é preciso
minados pela dos a alguns colaboradores ou que o desempenho funcional
Covid-19 foi a restritos às áreas de engenha- e de projeto sejam integrados
necessidade ria. Quanto à sua origem, são, na avaliação do desempenho e
de adaptação rápida a novos normalmente, projetos orga- na retribuição salarial do cola-
problemas, cuja resolução, em nizados como resposta a so- borador. Se isso não acontecer,
muitos casos, não pôde ficar licitações de clientes que não a mensagem que é transmitida
circunscrita à equipa de ges- visam a inovação, sem prejuí- Pode ser é a de que o trabalho de pro-
tão nem a um departamento zo da ocorrência esporádica conveniente jeto não é importante, com as
específico da empresa. Assim, de projetos inovadores, dita- a utilização consequências inerentes.
a organização “pós-pandemia” dos pela gestão ou por algu- É este enquadramento de
vem reforçar a conveniência da ma ideia entretanto apurada de uma equipas multidisciplinares,
constituição de equipas multi- no sistema interno de suges- estrutura utilizando processos ágeis de
funcionais, cumprindo objeti- tões. O que se propõe, aqui, matricial, obtenção de resultados e ado-
vos mensuráveis e estabelecen- é a utilização de um processo tando uma cultura colabora-
do processos que permitam à que permita a produção con- simultanea- tiva, que permitirá ao sistema
organização movimentar-se tínua de projetos de inovação mente por mover-se mais rapidamente,
mais rapidamente. Para isso a partir de fóruns empresariais funções e por num ambiente cujo grau de
pode ser conveniente a utiliza- (organização de stakeholders incerteza aumentou consi-
ção de uma estrutura matricial, para um dado objetivo de ino- projetos, que deravelmente em virtude da
simultaneamente por funções vação, definido pela gestão), alie a tecnologia pandemia. Poderemos, des-
e por projetos, que alie a tecno- em que os colaboradores de- e o talento em ta forma, reinventar a forma
logia e o talento em novas for- cidem sobre os projetos em como nos organizamos e con-
mas colaborativas, geradoras que pretendem trabalhar, as novas formas seguimos que o trabalho seja
de projetos inovadores. equipas que querem integrar colaborativas, feito. A empresa veloz pode
Atualmente, é difícil en- e, eventualmente, os gestores geradoras aqui encontrar, também, um
contrar uma empresa que de projeto que querem ter. propósito mais elevado e uma
não tenha projetos a decorrer, E para que ocorra o au- de projetos saúde organizacional melho-
mesmo fora dos departamen- mento do comprometimento inovadores rada. E
Da crise
de saúde pública
à crise económica
O impacto nas PME e as medidas de apoio > Professor catedrático,
implementadas, em Portugal e lá fora Universidade de Évora
H
á cerca de não deveremos olhar mais (e A incerteza do futuro e a di- As medidas implementa-
nove me- melhor) para essas? mensão do impacto desta crise das em todo o mundo vão des-
ses, fomos Segundo alguns estudos, impõem uma atitude activa por de o suporte do Estado aos pa-
aterroriza- as PME são as empresas mais parte dos governos de todo o gamentos dos salários (layoff),
dos pela Co- afectadas pela crise económi- mundo. O Governo português ao diferimento de impostos
vid-19, pelo medo de contra- ca que vivemos, uma vez que tem, desde o primeiro minu- e contribuições, às moratóri-
ir o SARS-CoV-2. Hoje, com o não só têm um acesso mais to e muito regularmente, im- as no pagamento de dívidas, à
passar do tempo, o medo dei- limitado aos recursos como plementado medidas de apoio simplificação das garantias dos
xou de ser apenas esse. O medo também têm mais obstáculos às empresas. Mas serão essas empréstimos, à intensificação
multiplicou-se. Multiplicou-se no acesso ao capital. medidas um real apoio para as dos empréstimos directos por
do medo de ser despedido até O Facebook, em parceria empresas? Haverá outras me- meio de instituições públicas,
ao medo de despedir. Depois com a OCDE e o Banco Mundi- didas que podiam ou poderão aos subsídios e subvenções, até
da saúde, a economia foi a mai- al, lançou em Julho deste ano ser implementadas? O que an- às políticas estruturais de apoio
or vítima deste vírus. um relatório – Global State of dam a fazer os outros países? e incentivo à digitalização. A re-
O Produto Interno Bruto Small Business – sobre o im- Entre as primeiras (e prin- corrência dos governos a estas
(PIB) português teve uma que- pacto da Covid-19 nas PME, cipais) medidas tomadas pelo medidas foi intensiva e massiva
bra de 16,4% no 2º trimestre do em que Portugal se destaca, Governo português encontra- em todo o mundo.
ano, relativamente ao mesmo entre os 50 países inquiridos, mos a criação de uma linha O que andam os outros a
período do ano anterior. Foram com uma quebra de vendas na de crédito para as empresas, a fazer de diferente? Realço al-
registadas 3 145 insolvências ordem dos 70 por cento. 23% moratória de capital e de juros gumas das medidas mais im-
nos primeiros sete meses do das PME portuguesas referem à banca e o diferimento de im- pactantes tomadas por alguns
ano. No 3º trimestre, segundo que foram obrigadas a reduzir postos e contribuições. países. A exportação foi um
o Instituto Nacional de Estatís- o número de colaboradores e dos principais focos das medi-
tica (INE), registou-se uma re- 36% que o valor em caixa será Segundo alguns das de vários países, com, por
cuperação de 13,2% em relação um dos maiores problemas exemplo, a Coreia a alocar 24,6
ao trimestre anterior. Contudo, que enfrentarão brevemente. estudos, as PME mil milhões de dólares para ga-
esta “recuperação”, que ocorreu Os países onde a digitalização são as empresas rantir a exportação, 4,5 mil mi-
pela reabertura progressiva da das empresas já é algo conso- mais afectadas lhões de dólares para financiar
actividade económica, corres- lidado apresentaram melhores novo comércio e 820 milhões
ponde, na realidade, a uma re- resultados. Este relatório per- pela crise de dólares para liquidez de
dução homóloga de 5,8 por cen- mitiu ainda identificar os sec- económica que emergência.
to. O caminho ainda é longo… tores mais afectados. vivemos, uma Em Hong Kong, os impos-
Uma das principais preo- O Banco de Portugal, em tos sobre o lucro foram reduzi-
cupações do Governo foram as parceria com o INE, desenvol- vez que não só dos em 100 por cento. A Noru-
empresas. Em primeiro lugar veu um estudo longitudinal – têm um acesso ega reduziu temporariamente
(e principalmente), as gran- Inquérito Rápido e Excepci- mais limitado o IVA de 12% para 8 por cento.
des. Estas empresas têm um onal às Empresas – Covid-19 No Reino Unido, as pequenas
impacto colateral muito gran- – de acompanhamento do im- aos recursos empresas vêem os seus impos-
de – são too big to fail. No en- pacto da pandemia nas em- como também tos totalmente isentos durante
tanto, devemos ter em atenção presas portuguesas, no qual têm mais este ano.
que 99,9% das empresas por- foi também avaliado o impac- A Alemanha disponibili-
tuguesas são Pequenas e Mé- to da implementação das me- obstáculos no zou um fundo de dez mil mi-
dias Empresas (PME). Então, didas tomadas pelo Governo. acesso ao capital lhões de euros para comprar
LAZER . CONSUMO
Às artes!
Transformar momentos especiais
em ilustrações personalizadas
é a especialidade da Maria Carvão,
a marca que nasceu pela mão de
Cristina Tavares, há praticamente
dez anos. Com um traço leve e
divertido, cores suaves e muita
generosidade a ouvir os clientes –,
todo o processo pode ser feito via
email e com muita agilidade –, é
uma boa aposta para quem gosta
de surpreender com presentes
“feitos à medida”.
Preço sob
consulta
www.mariacarvao.com
Portugal
vinhateiro
O enoturismo tem ganhado cada vez
mais adeptos num País onde se bebe
muito vinho, mas nem sempre se
procura conhecer quem o faz. Oferecer
uma visita com provas de vinhos
à centenária Quinta do Sanguinhal, na
zona Oeste, com direito a piquenique
e à simpatia dos herdeiros de Abel
Pereira da Fonseca, é uma boa forma
de aprender mais sobre o tema.
€35
www.vinhos-sanguinhal.pt
Organização
Esta carteira da portuguesa Escuyer
Golden class
é feita à mão em pele de elevada Ângela Lima é a autora destes botões
qualidade e promete guardar os seus de punho (e de todas as peças)
cartões com a elegância e a ordem da Our Sins, uma marca de joalharia
necessárias para que estejam sempre nacional que prima pela elegância
à distância de um gesto. À venda e simplicidade. Feitos à mão, em prata
através do projeto colaborativo The 925 g, podem ser personalizados
Feeting Room, são outro exemplo do ao gosto do cliente.
que os artesãos portugueses fazem
€125
de melhor.
€125
www.thefeetingroom.com
www.oursins.com
“Vamos lançar
25 carros elétricos
até 2023”
Os veículos eletrificados já representam 26% das vendas
da BMW em Portugal. À EXAME, o diretor-geral da marca bávara
revela que, em 2022, será lançado o primeiro veículo a hidrogénio
Texto Paulo M. Santos
A
marca alemã quer lançar sistemas de condução elétrica com células
nos próximos três anos de combustível de hidrogénio com o BMW
25 modelos eletrificados, i Hydrogen NEXT – em pequenas séries de
entre os quais o primeiro veículos, baseada no atual BMW X5.
veículo da BMW movido a
hidrogénio. Com a exceção do iX3, que che- Qual o investimento previsto para executar
ga ao mercado já no início do próximo ano, esse plano?
todos os outros terão um sistema operativo No que diz respeito a investigação e desen-
totalmente desenvolvido em Portugal pela volvimento, até 2025, vamos investir mais
Critical TechWorks, a joint venture criada de 30 mil milhões de euros nesta área, para
entre a BMW e a Critical Software. assegurar a nossa posição de liderança.
Em entrevista à EXAME, o diretor-geral Esta estratégia materializa-se no facto de
da marca bávara, Massimo Senatore, revela fazermos apostas concretas de investimen-
que o Grupo BMW está a investir 30 mil mi- to em tecnologia, como é o caso da nossa
lhões de euros em investigação e desenvolvi- joint venture nacional, a Critical TechWorks,
mento, só para criar soluções para esta nova que está a desenvolver – em exclusivo para
mobilidade. Na sua opinião, os portugueses a BMW – tecnologia e software com foco
estão muito recetivos a estas inovações, mas na mobilidade, condução autónoma, sof-
considera que as medidas de apoio à aqui- tware de bordo, tecnologia para veículos
sição destes veículos “estão dirigidas para conectados, análise de dados, eletrificação,
as empresas” e menos para os clientes par- produção e logística. Perto de mil talentos
ticulares. portugueses estão a trabalhar, em Lisboa e serviço que permite a ativação automática
no Porto, numa conciliação entre condu- para o modo totalmente elétrico quando o
A BMW está a fazer uma forte aposta na ção autónoma, mobilidade elétrica e conec- veículo entra em zonas de baixa emissão ou
eletrificação dos seus veículos. O que pode- tividade. Já concretizámos essa visão com o zero emissões, uma realidade já presente em
mos esperar, em termos de novos produtos protótipo que apresentámos recentemente, mais de seis países.
em Portugal, nos próximos anos? o BMW Concept i4, que ilustra como a tec- No final de 2021, lançaremos também
Há sete anos, lançámos o nosso primeiro nologia pode ser aproveitada para aumentar o novo BMW iX, que foi apresentado na se-
veículo 100% elétrico, o BMW i3, e temos o prazer da condução. mana passada no evento #NEXTGen 2020, e
feito, desde então, um grande investimento que reúne os mais recentes desenvolvimen-
em mobilidade elétrica. Este ano, apesar da A estratégia contempla também uma gran- tos da marca nas áreas de inovação estratégi-
pandemia, lançámos 12 modelos híbridos e de inovação em termos de impacto ambi- ca de design, condução autónoma, conecti-
ainda o novo Mini elétrico. Para os próximos ental? vidade e eletrificação. Além disso, o conceito
anos, mais especificamente até ao final de Com o objetivo de diminuir os níveis de do veículo e o design do novo modelo estão
2023, temos como objetivo lançar no mer- emissões poluentes dos automóveis dentro altamente conectados com uma abordagem
cado 25 modelos eletrificados e, já em 2022, das áreas urbanas, prevemos ainda alargar, abrangente de sustentabilidade. Em suma,
planeamos apresentar a próxima geração de já em 2021, o BMW eDriveZones, um novo estamos focados em criar medidas e solu-
D.R.
pessoas, visto que são elas o nosso princi-
pal foco de interesse. É essencial informar,
comunicar, partilhar e esclarecer. A infor- Ao mesmo tempo que criou, em Portugal,
mação é chave, principalmente para as ca- uma empresa para desenvolver software
madas mais jovens, que são o consumidor para a nova mobilidade, a BMW encerrou,
de amanhã. É importante investir na dispo- em Lisboa, o serviço de car-sharing. A que
nibilização de conteúdos, para que as pes- se deveu esta decisão?
soas possam avaliar e tomar uma decisão O serviço de car-sharing na cidade de Lisboa
informada. era integralmente gerido pela Brisa, e o seu
encerramento fez parte de uma estratégia
O iX3 será a montra da quinta geração da global da Share Now em diversas cidades
tecnologia eDrive da BMW. Quais as gran- A próxima geração europeias. Estamos obviamente a olhar para
des alterações que este produto traz face às O BMW i4, que será lançado no final o futuro e para novas formas de mobilidade.
gerações anteriores? de 2021, será o primeiro modelo a receber No entanto, falamos sempre de projetos a
um sistema operativo totalmente desenvolvido
Com o lançamento do BMW iX3, o BMW X3 em Portugal pela Critical TechWorks, uma longo prazo. A pandemia veio também in-
estará disponível com quatro variantes dife- parceria entre a BMW e a Critical Software troduzir novas variáveis que nos obrigam a
rentes de transmissão: diesel e gasolina efi- repensar esta estratégia.
cientes, híbrido plug-in e elétrico. Este novo
modelo está perfeitamente alinhado com a condução elétrica com células de combus- O setor automóvel tem sido um dos mais
nossa estratégia Power of Choice: disponi- tível de hidrogénio, em pequenas séries de prejudicados pela pandemia. Qual foi o im-
bilização de uma ampla oferta de motoriza- veículos, baseada no atual BMW X5. O BMW pacto na BMW Portugal?
ções que permita aos nossos clientes optar i Hydrogen NEXT antecipa uma visão ini- No início de 2020, o mercado estava a evolu-
por aquela que melhor se ajuste às suas ne- cial do que este modelo poderá vir a ser. O ir ao nível do ano anterior. Contudo, nos dias
cessidades. O BMW iX3 destaca-se por ser o BMW Group tinha como objetivo disponi- de hoje, assistimos a uma quebra da ordem
primeiro SAV [Sport Activity Vehicle] total- bilizar veículos com células de combustível dos 37 por cento. Na BMW e na Mini, apre-
mente elétrico, que oferece uma autonomia para os clientes a partir de 2025, mas com sentamos quebras de 27% e 33%, respetiva-
de 460 quilómetros e um consumo energé- a situação atual, essa concretização depen- mente, valores, ainda assim, inferiores em
tico combinado inferior a 20 kwh/100 km. derá muito dos requisitos e condicionantes relação ao mercado nacional. Desde o iní-
Este modelo dispõe de um motor elétrico do mercado, e também das infraestruturas cio desta crise, temos criado diversas medi-
com uma potência de 286 cavalos e permite, relacionadas com o desenvolvimento des- das, por forma a assegurar a rentabilidade e
em dez minutos, receber uma carga corres- ta tecnologia (armazenagem, distribuição sustentabilidade do negócio. Lançámos um
pondente a 100 quilómetros de autonomia. e abastecimento de hidrogénio), não tendo conjunto de campanhas de financiamento e
O novo BMW iX3 dispõe ainda de um sis- ainda data prevista para chegada aos con- o BMW Digital Showroom e o Mini Digital
tema adaptativo de recuperação de energia, cessionários BMW. Showroom, para auxiliar os nossos clientes
que permite maximizar a eficiência do seu na compra de um veículo, através de uma
consumo. Além da eletrificação dos carros, quais as plataforma online. Todos os nossos con-
outras apostas que a BMW está a fazer em cessionários têm plataformas digitais para
Quando teremos o primeiro BMW fuel cell novos conceitos de mobilidade? acompanhar os clientes nesta nova era, em
disponível nos concessionários? Neste momento, temos o Free Now, em con- que a digitalização é um assunto importante
No que diz respeito ao hidrogénio, há mais junto com a Daimler. No entanto, devido ao e necessário. Sabemos que estamos a atra-
de 30 anos que o BMW Group se concentra avanço da pandemia Covid-19, estamos a vessar um período de vendas bastante desa-
no seu uso enquanto fonte de energia. Como repensar a nossa estratégia referente a estes fiante ao nível global, mas estamos otimistas
referi anteriormente, planeamos apresentar conceitos de mobilidade e não conseguimos e acreditamos que, juntos, vamos superar
em 2022 a próxima geração de sistemas de adiantar mais informação nesta fase. esta crise. E
O
Formentor é o primeiro mente desenhado de raiz para dar início
Cupra que não é, tam- a este novo clã. Apesar de ser
bém, um Seat. Até ago- Este não é o primeiro caso de mar- um veículo
ra, esta designação ser- cas que ganham vida própria no seio dos
via para diferenciar as grandes construtores. Ainda recentemen- de cariz desportivo,
versões mais desportivas da marca espa- te, o Grupo PSA decidiu separar a DS da o Formentor está
nhola, como acontecia com o Cupra Ateca Citroën. A Toyota tem a Lexus e a Nissan, a concebido para
ou o Cupra Leon. No entanto, após o su- Infinity, entre outros exemplos. O objetivo
cesso que estas versões foram conhecen- destes construtores é terem uma insígnia acolher uma
do ao longo dos anos, com crescimentos paralela, com modelos mais exclusivos e família
de vendas superiores a 50%, os respon- dinâmicos, para captar um novo tipo de
sáveis da Seat decidiram criar, em 2018, público, alargando, por um lado, a base de
uma nova insígnia que funcione de for- vendas e, por outro, conseguindo margens
ma independente. O Formentor foi total- mais elevadas.
PERSONALIDADE
E ELEGÂNCIA
Com um design distinto
e arrojado, as linhas
do Cupra criam uma imagem
de exclusividade e dinamismo
A Seat espera, com esta nova marca, Com uma direção precisa, o Formentor
> DOS PÉS À CABEÇA vender meio milhão de unidades até ao é bastante eficaz em curva, o que se deve
final de 2028, uma estratégia que permi- também à tração integral permanente. A
As linhas bem vincadas, que se esten- tirá consolidar a recuperação económica caixa, bem escalonada, permite excelen-
dem ao longo do veículo, conferem-lhe da marca espanhola, que apresenta resul- tes recuperações, mesmo em regimes mais
um carácter único e dinâmico. Os faróis tados positivos desde 2017. baixos. Temos a sensação de que nunca fal-
LED, de baixo perfil, associados a duas
Se o nome Cupra já era sinónimo de di- ta motor para qualquer manobra que seja
entradas de ar de grandes dimensões,
namismo de condução e de linhas mais ar- necessária devido a um imprevisto.
reforçam ainda mais esta imagem
rojadas, com esta emancipação, os designers Este modelo possibilita vários modos
e engenheiros tiveram agora margem para de condução: estrada, mais confortável e
dar asas à sua criatividade. Em vez de tra- adaptada para viagens do dia a dia; mon-
balharem sobre um modelo já concebido, tanha, para quando é preciso que o motor
desta vez foi-lhes dada uma tela em branco nos ajude a controlar o veículo; desporti-
para conceberem um novo veículo de raiz. vo, para uma deslocação mais rápida; e,
E assim nasceu o Formentor, um cros- finalmente, o modo Cupra, no qual po-
sover, ou seja, um SUV com características demos sentir todas as emoções que este
de coupé – indo ao encontro daquelas que motor consegue transmitir aos amantes
são as duas grandes tendências atuais do da condução.
> JANTES BICOLORES mercado europeu –, com uma silhueta re- Apesar de ser um veículo de cariz des-
duzida e linhas bastante vincadas. portivo, o Formentor está bem adaptado
As jantes de liga leve de 19 polegadas O interior está bem concebido. Os para acolher confortavelmente uma famí-
reforçam o design desportivo. Desta- bancos são confortáveis e permitem um lia, pois apresenta uma boa habitabilida-
que para a cor cobre, que circunda a bom curso de regulação, adaptando-se às de, com espaço suficiente para três pes-
jante, que combina com a dos travões
mais variadas estaturas dos condutores. soas no banco traseiro, complementada
de disco e com a do símbolo da marca
Os revestimentos são agradáveis ao toque, por uma bagageira com uma capacidade
situado na grelha frontal
mas, para um veículo tão exclusivo, al- de 420 litros.
guns dos materiais utilizados poderiam O primogénito puro desta nova família
ser de melhor qualidade. Já ao volante, o será apresentado com sete motorizações:
Formentor reforça ainda mais o seu quatro a gasolina, dois híbridos e apenas
cariz desportivo. Um simples to- um diesel. Quanto a preços, o modelo mais
que no botão de arranque e co- barato, 1.5 TSI, a gasolina, de 150 cavalos,
meçamos logo a ouvir um ligei- está disponível a partir de 31,9 mil euros.
ro “roncar” do motor, 2.0 TSI, Já a versão mais musculada, de 310 cavalos,
310 cavalos, a versão mais po- com um motor 2.0 TSI – que será a primei-
tente deste veículo – que atin- ra a chegar a Portugal –, pode ser adquirida
ge os 250 km/hora e consegue por 47 mil euros. Não é um carro barato,
ir dos 0 aos 100 km/hora em mas é o custo acrescido para quem quer
menos de cinco segundos. exclusividade. E
E S TA N T E
Reflexões, versatilidade,
contabilidade e História
Texto Rui Barroso
REFLEXÕES CONTAS
EM TEMPOS DECIFRADAS
DE PANDEMIA
Um guia para perceber
Eduardo Catroga o funcionamento
analisa os desafios da contabilidade
e as oportunidades para
a economia portuguesa Os autores do livro pro-
UMA BREVE
no pós-pandemia põem um guia prático HISTÓRIA
para ajudar os empresários DA ECONOMIA
O antigo ministro das Fi- GENERALISTA OU a apreender os conceitos e o
nanças Eduardo Catroga ESPECIALISTA? funcionamento da contabi- Como a Humanidade
evoluiu da troca simples
detalha a sua visão estratégica lidade, de forma a poderem
para a próxima década neste A queda do mito tomar melhores decisões es- de bens essenciais para um
livro. Pede que, contrariamen- da especialização como tratégicas e a conseguirem sistema financeiro altamente
te ao que diz ter acontecido no o principal caminho para comunicar a situação finan- complexo e sofisticado
passado, desta vez a crise seja o sucesso ceira das organizações de
aproveitada para transformar forma mais eficaz. Apesar da Desde as trocas comer-
a economia portuguesa através O que têm em comum os complexidade e do jargão téc- ciais na Idade do Ferro
de reformas que permitam a atletas, artistas, invento- nico da contabilidade, os au- até ao comércio global em que
Portugal convergir com os pa- res e cientistas mais talento- tores, que lecionam também um tubo de pasta de dentes
íses europeus mais desenvolvi- sos? Enveredaram pelas suas seminários sobre o tema, pro- contém materiais vindos dos
dos. Uma reflexão e uma análise especializações desde cedo metem exemplos práticos em quatro cantos do mundo. Nes-
às políticas públicas e às priori- ou descobriram apenas o seu português corrente de forma a te livro, Philip Coggan, jorna-
dades que devem ser seguidas grande talento depois de ou- ajudar quem precise de se fa- lista da The Economist, conta a
para aumentar o potencial da tras experiências? David Eps- miliarizar com estes conceitos. história de como a sociedade e
economia portuguesa. tein, que integrou a equipa de TÍTULO: Contabilidade
a economia se desenvolveram
TÍTULO: Desenvolver Portugal
investigação da Sports Ilus- Descodificada: Como Ler para criar riqueza, progresso
− Reflexões em tempos trated e trabalha atualmente e Interpretar as Contas e bem-estar nos últimos dez
de pandemia na ProPublica, percorreu as mil anos. Nesta viagem, cons-
AUTOR: Rafael Franco
carreiras de pessoas que che- tata-se que algumas civiliza-
AUTOR: Eduardo Catroga e Rafael Dolores
garam ao topo e conclui que, ções antigas eram bem sofis-
EDITORA: Bertrand na maior parte dos casos, o EDITORA: Actual ticadas a nível económico e as
PVP: €16,60
sucesso e a realização pessoal PVP: €19,90
suas histórias podem ajudar a
surgiram após experiências fa- retirar lições para os desafios
lhadas, contestando o mito de com que nos defrontamos no
que a especialização é a condi- presente.
ção necessária para o sucesso. TÍTULO: A Grande História
TÍTULO: Versátil da Economia