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A DINÂMICA INTERNA E OS MATERIAIS TERRESTRES

PROCESSOS INTERNOS E TEMPO GEOLÓGICO

ESTRUTURA INTERNA DA TERRA

O planeta Terra é um corpo dinâmico composto por diversos sistemas que estão sempre interagindo
entre si. A hidrosfera, a atmosfera, a biosfera e a terra sólida compõem este corpo dinâmico e as
alterações sofridas em um destes sistemas produz alterações nos demais. Podemos imaginar este
integração analisando, por exemplo, uma erupção vulcânica: A partir da erupção vulcânica são lançados
blocos de rocha e lava na superfície da Terra. Este material pode obstruir vales e criar lagos, modi cando
o sistema de drenagem da região; Grandes quantidades de gases e cinzas vulcânicas são lançadas na
atmosfera, in uenciando na quantidade de energia solar que chega à superfície da Terra. Isto pode causar
uma diminuição na temperatura do ar devido a pouca quantidade de raios solares que conseguem
atravessar a atmosfera nestas condições; Esta mudança climática certamente afetará a biosfera, além
disso, muitos organismos e seus habitats podem ser eliminados pela lava ou por cinza vulcânica. Em
1864, o escritor Jules Verne imaginou, em Jornada para o Centro da Terra , um mundo subterrâneo cheio
de serpentes marinhas gigantes e outras grotescas criaturas. Contudo, o que os cientistas conhecem hoje
sobre o interior do planeta está muito longe da fantástica estória de Verne: atualmente sabe-se que o
interior da Terra é formado por rochas e metais, sujeitos a altíssimas temperaturas e pressões,
progressivamente mais densos à medida que se chega aos níveis mais profundos. Apenas em
circunstâncias muito raras (que serão discutidas no próximo item) as rochas de regiões profundas da
Terra chegam à superfície ou próximo dela. Devido a essa di culdade, os geólogos tiveram que utilizar
mecanismos ou ferramentas que lhes possibilitasse inferir a composição interna da terra. A grande
ferramenta utilizada para conhecer a comO ramo da geologia que trata dos posição das camadas
internas da Terra é o estudo princípios físicos que ajudam a desvendar o das ondas sísmicas. Além das
ondas sísmicas, as vainterior da Terra é a geofísica. riações no uxo de calor, a gravidade e o magnetismo
também são utilizados com esta nalidade.

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A maior parte dos conhecimentos que se tem atualmente sobre a estrutura interna da Terra foi obtida
através da análise das variações na velocidade de propagação das ondas sísmicas. Estas ondas tendem a
se propagar com a mesma velocidade quando atravessam regiões mais ou menos homogêneas;
tornamse, por outro lado, mais lentas ou mais rápidas quando atravessam materiais de composição
diferente. Desta forma, através da comparação de dados coletados em estações sismográ cas em várias
partes do mundo, os cientistas puderam estimar a densidade, a composição, a estrutura e o estado físico
das diversas camadas do interior da Terra.

Crosta: a crosta é a camada rochosa mais externa do planeta e pode ser analisada a partir de amostras
coletadas nos continentes ou no fundo dos oceanos. A parte da crosta que compõe os continentes é
chamada de crosta continental, enquanto que a parte da crosta que forma o substrato oceânico é
chamada de crosta oceânica. Crosta continental: apresenta composição tipicamente granítica e tem
densidade relativamente baixa (aproximadamente 2,7g/cm3). Porém, na sua porção inferior ou basal,
mais próximo ao manto, a crosta continental apresenta composição basáltica (com densidade de cerca
de 3,0 g/ cm3), ao contrário do que ocorre mais próximo à superfície. Nos locais onde se encontra mais
estreita, tem geralmente espessura inferior a 20km, já nas regiões montanhosas pode apresentar até
70km de espessura.

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Rochas de composição granítica são chamadas de rochas félsicas; rochas de composição basáltica são
chamadas de rochas básicas.

Crosta oceânica: a crosta oceânica é mais difícil de ser estudada devido ao fato de estar abaixo de uma
lâmina d água de cerca de 4km e de uma pilha de sedimentos marinhos que chega a 200m de espessura.
Apresenta composição basáltica e sua espessura média é de 6km, muito inferior à espessura da crosta
continental.

O limite entre a base da crosta (continental ou oceânica) e o topo do manto é marcado por uma
descontinuidade sísmica, ou seja, uma mudança abrupta na velocidade de propagação das ondas
sísmicas, chamada de Descontinuidade de Mohorovicic ou simplesmente Moho, em homenagem ao seu
descobridor, o sismólogo Andrija Mohorovicic.

Manto: o manto é a camada imediatamente abaixo da crosta e ocupa mais de 80% do volume do
planeta, se estendendo até uma profundidade de 2900 km. Devido ao aumento da profundidade, ocorre
um aumento da pressão e conseqüentemente da densidade do manto. Próximo a Moho (contato
crosta/manto) a densidade é de 3,3 g/cm3 e, próximo ao contato manto/núcleo, ca em torno de 5,5
g/cm3. As rochas que compõem o manto são constituídas por minerais ricos em ferro e magnésio
(rochas básicas), como as olivinas e os piroxênios (que serão estudados no Tema 2 deste Bloco). O
aumento da temperatura, decorrente do aumento da profundidade, tende a fundir as rochas, contudo, o
aumento da pressão tende a fazer com que as rochas quem no estado sólido. A cerca de 100km abaixo
da superfície, o grande aumento da temperatura predomina sobre o aumento da pressão e as rochas
apresentam um estado parcialmente pastoso. Esta região, de ,aproximadamente, 250 km de extensão, é
conhecida como Zona de Baixa Velocidade ( ZBV ) e representa mias uma descontinuidade sísmica.

Você sabia?

As ondas sísmicas são mais rápidas quando atravessam rochas sólidas e mostram baixa velocidade de
propagação quando atravessam rochas em estado parcialmente fundido. Na ZBV as ondas passam de
uma velocidade de 8,3 km/s quando atravessam a parte superior do manto, para menos de 8,0 km/s
nesta zona.

Núcleo: o limite entre o manto e o núcleo ocorre a 2900 km abaixo da superfície, aproximadamente a
metade da distância entre a superfície e o entro da Terra. Neste limite ocorre mais uma importante
descontinuidade sísmica: a Descontinuidade de Gutenberg. As ondas passam de uma velocidade de 13,6
km/s na base do manto, para 8,1 km/s no núcleo. No núcleo, as temperaturas são superiores a 7600 C.
Os dados sísmicos indicam duas camadas no núcleo: uma camada externa líquida (rocha fundida) de
aproximadamente 2270 km de espessura e uma camada interna sólida com o diâmetro de 1216 km.

TECTÔNICA DE PLACAS

A Terra é um planeta muito dinâmico. Os cientistas têm mostrado que as massas continentais não são
xas, elas migram ao redor do globo. E essa mobilidade gera terremotos, vulcões e cadeia de montanhas.

Saiba mais!

A teoria que descreve essa mobilidade é chamada de Tectônica de Placas.

Em 1915, o cientista alemão Alfred Wegener publicou o livro A Origem dos Continentes e dos Oceanos
apresentando a revolucionária teoria da deriva continental. Wegener sugere que, há cerca de 200
milhões de anos, existia um supercontinente que ele chamou de Pangea. Segundo a sua hipótese, este
supercontinente teria se fragmentado em pequenos continentes que teriam migrado ou derivado até as
suas posições atuais.
Fonte: http://homepage.mac.com/uriarte/triasico.jpg

Diversas evidências contribuíram para esta hipótese: A coincidência do contorno entre a América do Sul
e a África: a grande similaridade entre as linhas de costa em lados opostos do Atlântico Sul, como um
quebra-cabeça, foi uma das primeiras evidências que sempre intrigou os cientistas. Devido à constante
modi cação das linhas de costa por eventos erosivos essa união não é perfeita, deixando ainda dúvidas
aos cientistas. Entretanto, em 1960 os cientistas produziram um mapa com o contorno da plataforma
continental até uma profundidade de 900m e observaram esta similaridade de forma ainda mais
perfeita; Evidências fósseis: os paleontólogos apontam diversos fósseis de organismos encontrados em
diferentes continentes e que não poderia ser cruzado os oceanos que separam essas massas
continentais. Um destes exemplos é o Mesosaurus, um réptil marinho cujos fósseis foram encontrados
na América do Sul e na África, indicando uma antiga união destes dois continentes; Atual distribuição de
alguns organismos: em seu livro, Wegener também cita a distribuição atual de alguns organismos que
evidenciam também a idéia da deriva dos continentes. Por exemplo, alguns organismos modernos têm
ancestrais claramente similares, como os marsupiais australianos que têm uma direta ligação fóssil com
os marsupiais encontrados nas Américas; Associação entre tipos e estruturas de rochas: além da perfeita
coincidência entre o contorno de alguns continentes, alguns desenhos encontrados nestes continentes
também coincidem. Isso ocorre em algumas cadeias de montanhas com idade, forma, estrutura e
composição rochosa similar em continentes opostos. Um exemplo desta evidência são as cadeias de
montanhas apalachianas, na América do Norte, e as cadeias de montanhas caledonianas, na
Escandinávia. Quando os continentes estavam unidos estas cadeias de montanhas formavam um único
cinturão montanhoso; Climas passados: dados paleoclimáticos também dão suporte para a teoria da
deriva continental. Wegener indicou evidências de mudanças climáticas globais severas no passado. O
estudo de depósitos glaciais em diversos continentes indicou que, a cerca de 220 a 300 milhões de anos
atrás, capas de gelo cobriam extensas áreas do hemisfério sul. Rochas de origem glacial foram
encontradas na América do Sul, na África, na Índia e na Austrália, indicando que estes continentes, nesta
época, encontravam-se unidos no pólo sul, junto à Antártica. Por outro lado, para esta mesma época
passada, existem evidências de ocorrência vegetação típica de climas tropicais em regiões do hemisfério
norte, indicando que no passado a América do Norte e a Europa estavam mais próximas do Equador.

Depósitos de origem glacial são encontrados em diversos locais do Brasil. Na Bahia, em várias localidades
da Chapada Diamantina, os geólogos encontram rochas criadas a partir do derretimento de antigas
geleiras.

Apesar de todas as evidências apontadas por Wegener, ele não conseguiu explicar o mecanismo
responsável pelo movimento das massas continentais e, por isso, cou por muito tempo desacreditado no
meio cientí co. Mais de 50 anos depois das postulações de Wegener, o avanço tecnológico permitiu o
conhecimento de dados sísmicos e do campo magnético da Terra e, com isso, surgiu a partir da teoria da
deriva continental de Wegener, a teoria da Tectônica de Placas.
Fundamentos de Geologia

De acordo com o modelo da tectônica de placas, a parte superior do manto junto com a crosta formam
uma camada rígida chamada de litosfera. Esta camada encontra-se sobre uma outra camada menos
rígida chamada de astenosfera. A litosfera é quebrada em diversos segmentos chamados de placas, que
estão constantemente se movimentando e mudando de forma e de tamanho. As sete maiores placas
que compõem a nossa litosfera são:

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As placas litosféricas se movimentam de forma lenta, mas contínua, com razões de poucos centímetros
por ano. E este movimento é responsável pela distribuição das massas continentais, gerando terremotos,
criando vulcões e grandes cordilheiras de montanhas.

As placas se movem como uma unidade coerente e as mais signi cativas interações ocorrem nos seus
limites e não no seu interior. Ou seja, a ocorrência de eventos como terremotos, vulcanismo, geração de
montanhas, em geral ocorrem no limite das placas. De acordo com o tipo de movimento, os limites de
placas são classi cados em três tipos: LIMITE DIVERGENTE: as placas se afastam uma da outra devido ao
movimento divergente. Esta separação ocorre em média com a velocidade de 5cm/ano. O vazio deixado
por este afastamento é preenchido pelo material que ascende do manto criando um novo substrato
marinho. Esta ascensão de magma vindo do manto gera cadeias de montanhas submersas chamadas de
Dorsais Oceânicas. A partir do eixo central destas dorsais, nova crosta oceânica é continuamente
formada. Essa crosta se torna mais densa à medida que se resfria e se afasta da fonte que a criou, devido
a este movimento contínuo de separação a partir do centro da dorsal.

Você sabia?

Este mecanismo vem ocorrendo nos últimos 165 milhões de anos no atlântico sul, separando a América
do Sul da África e criando o nosso Oceano Atlântico. Aproximadamente no meio do caminho entre estes
dois continentes, no fundo do mar, ocorre, na zona de separação das placas, uma cadeia de montanhas
gerada pela atividade magmática (o magma vindo do manto extravasa continuamente neste local)
chamada de Dorsal Meso-Atlântica.

Limite convergente: as placas se movem uma em direção a outra. Neste caso, a placa mais densa
mergulha sobre a menos densa e afunda em direção ao manto sobre a crosta menos densa. Este
consumo ou destruição de crosta contrabalança a geração de novas crostas que ocorre nos limites
divergentes, mantendo a área super cial da Terra constante. Com o choque entre as crostas ocorre o
encurtamento das massas rochosas, gerando grandes cadeias de montanhas e intensa atividade
vulcânica devido á fusão da rocha que mergulha em direção ao manto. Esta convergência pode se dá de
três formas: Convergência entre crosta continental e crosta oceânica: nesta situação, a placa oceânica,
mais densa devido a sua composição basáltica (rica em ferro e magnésio), afunda sob a crosta
continental menos densa de composição granítica (rica em alumínio). Este local onde a crosta afunda ou
subducciona sobre a outra é chamada de Zona de Subducção. A medida que a crosta oceânica afunda, as
altas temperaturas do manto fazem que as rochas se fundam gerando magma. Este magma é
extravasado em vulcões no continente.

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Este mecanismo ocorre no limite oeste da América do Sul, na região dos Andes. Neste local, a placa
oceânica mergulha sob a placa continental sul-americana gerando uma zona de subducção e a formação
de cadeias de montanhas.

Convergência entre duas crostas oceânicas: nesta situação, a placa oceânica mais antiga e, portanto,
mais resfriada e mais densa, mergulha sob a placa menos densa. A atividade vulcânica ocorre de forma
similar ao caso de choque entre crosta oceânica e continental, contudo, os vulcões gerados na placa
oceânica menos densa formará ilhas vulcânicas ou arcos de ilhas.

Fundamentos de Geologia

Convergência entre duas crostas continentais: no caso de convergência entre duas crostas continentais,
devido à baixa densidade destas crostas, nenhuma das duas consegue entrar em subducção ou
mergulhar sob a outra. O resultado é a colisão entre dois blocos continentais gerando encurtamento
crustal e formando grandes cadeias de montanhas.

LIMITE CONSERVATIVO: neste limite, as placas passam uma ao lado da outra sem gerar ou destruir
litosfera. Estes limites são gerados por zonas fraturadas na crosta, em geral com mais de 100km de
comprimento, onde os segmentos de crosta se movimentam em sentidos contrários, lado a lado,
gerando as Falhas Transformantes. Nestas regiões é muito intensa a incidência de abalos sísmicos e
terremotos.

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Um exemplo deste tipo de limite é a Falha de Santo André, na América do Norte. Ao longo desta falha, a
Placa do Pací co se move na direção noroeste passando ao lado da Placa Norte Americana, gerando
intensa atividade tectônica na costa oeste dos Estados Unidos e Canadá.

Qual é a força responsável pelo movimento das placas?

O principal modelo criado para explicar a deriva continental e a tectônica de placas é a existência de
grandes correntes de convecção no manto.

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Plumas de material mais aquecido tornam-se menos densas e ascendem, depois começam a se resfriar,
cam mais densas e descem, criando as células de convecção dentro do manto. Este mecanismo é, grosso
modo, similar ao observado em uma panela de água fervente.

O movimento das células de convecção na astenosfera menos sólida faz com que a litosfera rígida se
movimente como se estivesse em uma esteira rolante. Segundo este modelo, a ascensão do material
geraria o afastamento da litosfera, enquanto que o uxo convectivo descendente geraria as zonas de
subducção.

Texto complementar

A terra: um planeta heterogêneo e dinâmico

Fonte: http://www.igc.usp.br/geologia/a terra.php

O planeta Terra é constituído por diversos setores ou ambientes, alguns dos quais permitem acesso
direto, como a atmosfera, a hidrosfera (incluindo rios, lagos, águas subterrâneas e geleiras), a biosfera
(conjunto dos seres vivos) e a superfície da parte rochosa. Desta superfície para baixo, o acesso é muito
limitado. As escavações e sondagens mais profundas já chegaram a cerca de 13km de profundidade,
enquanto o raio da terra é de quase 6.400km. Por isso, para se obter informações deste interior
inacessível, existem métodos indiretos de investigação: a sismologia e a comparação com meteoritos. A
sismologia é o estudo do comportamento das ondas sísmicas ao atravessar as diversas partes internas do
planeta. Estas ondas elásticas propagam-se gerando deformações, sendo geradas por explosões arti ciais
e sobretudo pelos terremotos; as ondas sísmicas mudam de veloci-

dade e de direção de propagação com a variação das características do meio atravessado. A integração
das observações das numerosas estações sismográ cas espalhadas pelo mundo todo fornece
informações sobre como é o interior do planeta, atravessado em todas as direções por ondas sísmicas
geradas a cada terremoto e a cada explosão. As Informações sobre a velocidade das ondas sísmicas no
interior da Terra permitiram reconhecer três camadas principais (crosta, manto e núcleo), que têm suas
próprias características de densidade, estado físico, temperatura, pressão e espessura. Na diferenciação
dos materiais terrestres, ao longo da história do planeta, a água, formando a hidrosfera, bem como a
atmosfera, constituída por gases como nitrogênio, oxigênio e outros, por serem menos densos, caram
principalmente sobre a parte sólida, formada pelos materiais sólidos e mais densos.

Fundamentos de Geologia

Dentre os materiais sólidos, os mais pesados se concentraram no núcleo, os menos pesados na periferia,
formando a crosta, e os intermediários no manto. Pode-se comparar os diferentes tipos de meteoritos
com as camadas internas da Terra, pressupondo-se que eles (os meteoritos) tiveram a mesma origem e
evolução dos outros corpos do Sistema Solar, formados como corpos homogêneos, a frio, por acresção
planitesimal. Aqueles que tinham massa su cientemente grande, desenvolveram um forte calor interno,
por causa da energia gravitacional, da energia cinética dos planetesimais quando da acresção e da
radioatividade natural. Isto ocasionou uma fusão parcial, seguida de segregação interna, a partir da
mobilidade que as altas temperaturas permitiam ao material. Os meteoritos provenientes da
fragmentação de corpos pequenos, que não sofreram esta diferenciação, são os condritos, que
representam a composição química média do corpo fragmentado e por inferência, do Sistema Solar
como um todo, menos os elementos voláteis. Não existem materiais geológicos, ou seja, terrestres,
semelhantes aos condritos. Os meteoritos provenientes da fragmentação de corpos maiores, como a
Terra, que sofreram a diferenciação interna, representam a composição química e densidade de cada
uma das partes internas diferenciadas do corpo que os originou. São os sideritos, os acondritos e ainda
outros tipos. Pela sua densidade, faz-se a correlação com as camadas da Terra determinadas pela
sismologia, e supõe-se que sua composição química represente a composição química da camada
terrestre de mesma densidade. Assim, com estas duas ferramentas indiretas, a sismologia e a
comparação com os meteoritos, foi estabelecido um modelo para a constituição interna do globo
terrestre. É importante ressaltar que todo o material no interior da Terra é sólido, com exceção apenas
do núcleo externo, onde o material líquido metálico se movimenta, gerando correntes elétricas e o
campo magnético da Terra. A uma dada temperatura, o estado físico dos materiais depende da pressão.
As temperaturas que ocorrem no manto, os silicatos seriam líquidos, não fossem as pressões

tão altas que lá ocorrem (milhares de atmosferas). Assim, o material do manto, ao contrário do que
muitos crêem, é sólido, e só se torna líquido se uma ruptura na crosta alivia a pressão a que está
submetido. Somente nesta situação é que o material silicático do manto se liqüefaz, e pode, então, ser
chamado de magma. Se o magma ca retido em bolsões dentro da crosta, forma uma câmara magmática,
e vai pouco a pouco solidi cando-se, formando um corpo de rocha ígnea plutônica ou intrusiva, Se o
magma consegue extravasar até a superfície, no contato com a atmosfera e hidrosfera, pode ser
chamado lava, enquanto estiver líquido, e seu resfriamento e solidi cação vai formar um corpo de rocha
ígnea vulcânica ou extrusiva. As rochas ígneas assim assim formadas, juntamente com as rochas
metamór cas e sedimentares, formadas por outros processos geológicos, constituem a crosta, que é a
mais na e a mais importante camada para nós, pois é sobre ela que se desenvolve a vida. A crosta
oceânica e a crosta continental apresentam diferenças entre si. A primeira ocorre sob os oceanos, é
menos espessa e é formada por extravasamentos vulcânicos ao longo de imensas faixas no meio dos
oceanos (as cadeias meso-oceânicas), que geram rochas basálticas. A segunda é mais espessa, pode
emergir até alguns milhares de metros acima do nível do mar, e é formada por vários processos
geológicos, tendo uma composição química média mais rica em Si e em AI que as rochas basálticas, que
pode ser chamada de composição granítica. A crosta oceânica e continental, junto com uma parte
superior do manto, forma uma camada rígida com 100 a 350km de espessura. Esta camada chama-se
LITOSFERA e constitui as placas tectônicas, que formam, na superfície do globo, um mosaico de placas
encaixadas entre si como um gigantesco quebra-cabeças; são as placas tectônicas ou placas litosféricas.
Abaixo da litosfera, ocorre a ASTENOSFERA, que é parte do manto superior; suas condições de
temperatura e pressão permitem uma certa mobilidade, muito lenta, mas sensível numa escala de
tempo muito grande, como é a escala do tempo geológico.

DEFORMAÇÕES GEOLÓGICAS: FALHAS E DOBRAS

Quais são as forças capazes de transformar rochas comuns em enormes estruturas montanhosas maciças
como os Alpes, os Andes ou os Himalaias? Quais forças teriam o poder de contradizer a natureza rígida
destas rochas, deformando-as e dobrando-as?

Saiba mais!

A Tectônica de Placas produz as mais importantes feições de larga-escala encontradas no planeta. Graças
a ela são geradas bacias oceânicas e cadeias de montanhas. Essa mesma força capaz de mover as placas
produz grandes rupturas na crosta, soerguimento e rebaixamento de grandes blocos rochosos. Quando
as placas interagem, nos seus limites, sejam divergentes, convergentes ou transformantes
(conservativos), as rochas que compõem a crosta cam sujeitas a um poderoso STRESS.

Quando uma rocha sofre um stress, ela é deformada, mudando de forma e de volume. A análise das
estruturas deformacionais apresentadas pelas rochas, permite aos geólogos entender antigos
movimentos de placas ou outros eventos geológicos do passado. As rochas podem sofrer três tipos de
stress, cada um correspondendo a um dos três tipos básicos de limites de placas: As rochas que se
encontram em margens de placas convergentes sofrem stress compressional. Este tipo de stress reduz o
volume das rochas. As rochas que sofrem compressão geralmente são dobradas, havendo um aumento
no sentido vertical e uma diminuição lateral. As rochas que se encontram em margens divergentes
sofrem stress tencional ou de extensão. As rochas são esticadas , havendo uma diminuição no sentido
vertical e um aumento lateral da área ocupada por estas rochas após a deformação. As rochas em
margens de placas transformantes são movimentadas lateralmente em sentidos opostos, sofrendo um
stress de cizalhamento. Através deste tipo de stress, grandes blocos de rocha são movimentados
lateralmente.

Fundamentos de Geologia

Quando sujeitas ao stress, as rochas respondem de forma diferente a depender das condições de
temperatura e pressão do ambiente onde se encontram. Estas condições dependem da sua
profundidade e vão re etir em um comportamento mais ou menos plástico das rochas. As rochas que se
encontram a grande profundidades (geralmente abaixo de 20 km), sujeitas a altas temperaturas e
pressões, vão responder à deformação de forma plástica ou dúctil. As rochas mais próximas à superfície,
em geral , respondem ao stress de forma rígida ou rúptil.

Você sabia?

No nal do ano de 2005, um terremoto na região da Caxemira matou mais de 90.000 pessoas.

O que são os terremotos? Como eles são gerados? E como podem ser preditos? Qual a relação entre
estas forças capazes de gerar terremotos e as grandes cadeias de montanhas existentes no planeta?

Os terremotos são vibrações da Terra produzidas por uma liberação rápida de energia. As grandes
energias lançadas por explosões atômicas ou por erupções vulcânicas podem produzir terremotos,
contudo estes são eventos pouco freqüentes. A maior parte dos terremotos são gerados por
movimentos que ocorrem em grandes fraturas existentes na crosta terrestre chamadas de falhas. A
teoria da Tectônica de Placas mostra que a crosta terrestre está em constante movimento e essa
movimentação ao longo dos limites de placas muitas vezes se dá através de falhas. O mecanismo de
formação de terremotos foi descoberto em 1906 por H. F. Reid, que elaborou estudos a partir do
terremoto de São Francisco. Este terremoto foi acompanhado por um deslocamento horizontal de vários
metros ao longo da falha de Santo André (1.300m de fratura na região da Califórnia, que separa a Placa
da América do Norte e a Placa do Pací co). Em um único terremoto, a Placa do Pací co se deslocou 4,7m
em direção ao norte, passando pela placa norte-americana.
Epicentros dos terremotos

O local no interior da Terra onde é gerado o terremoto é chamado de foco. O local na superfície da Terra
imediatamente acima do foco é chamado de epicentro.

Saiba mais!

Instrumentos chamados sismógrafos ampli cam e registram a movimentação das ondas sísmicas. Estas
ondas se propagam em todas as direções a partir do foco do terremoto.

Cerca de 95% da energia liberada nos terremotos tem origem em uma zona relativamente restrita em
torno do oceano Pací co conhecida como Cinturão do Pací co. Esta zona inclui regiões com grande
atividade sísmica como o Japão, as Filipinas, o Chile e numerosas ilhas vulcânicas.

Os principais tipos de deformação tectônica sofridas pelas rochas são as dobras e as falhas.

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