Você está na página 1de 181

ACIDENTE DE TRÂNSITO

Autoria: Maria Tereza Ferrabule Ribeiro

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2019


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

R484a

Ribeiro, Maria Tereza Ferrabule

Acidente de trânsito. / Maria Tereza Ferrabule Ribeiro. – Indaial: UNI-


ASSELVI, 2019.

181 p.; il.

ISBN 978-85-7141-304-7

1.Acidente de trânsito - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da


Vinci.

CDD 341.376

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO...........................................................................05

CAPÍTULO 1
O Cenário do Acidente de Trânsito............................................. 9

CAPÍTULO 2
Os Envolvidos no Acidente de Trânsito................................... 65

CAPÍTULO 3
Classificação e Definições de Acidente de Tráfego............. 121
APRESENTAÇÃO
Prezado estudante, o livro Acidente de Trânsito tem como objetivo oferecer
a você subsídios para que consiga identificar e compreender as consequências
legais que envolvem os acidentes de trânsito.

A análise do acidente de trânsito perpassa por uma série de fatores que


contribuem para sua ocorrência, e para tanto a presente obra, será um guia para a
compreensão deste infortúnio, bem como avaliar de forma precisa como ocorreu,
e qual lei deverá ser aplicada frente ao ilícito.

A presente obra será dividida em três capítulos, onde serão apresentados


os conteúdos, atividades de estudos, participações em fóruns, sugestões e
recomendações.

No primeiro capítulo, você conhecerá a legislação que norteia os acidentes


de trânsito, o histórico do Código de Trânsito Brasileiro, sendo possível verificar
que a legislação se desenvolve conforme a população cresce e os meios de
transportes evoluem.

Os acidentes de trânsito são desencadeados pelos diversos tipos de


locomoção, sejam desde o movimento realizado pelo homem com as suas
próprias pernas, como por veículos de tração animal, e por força motora.

O homem, ao longo da sua evolução, procurou desenvolver inventos que


pudessem facilitar a sua mobilidade, percorrendo distâncias em tempo menor e
transportando produtos de diversos tipos de pesos e quantidades.

A necessidade dos deslocamentos, possibilitados pelos inúmeros meios de


transporte que atualmente conhecemos, são extremamente importantes para o
desenvolvimento econômico das sociedades, bem como a sensação de prazer e
liberdade oportunizado pelo poder de ir e vir, pelos diversos caminhos possíveis e
existentes que são disponibilizados principalmente pelos entes públicos, que são
as vias de circulação públicas.

Quando estes deslocamentos ocorrem de forma consciente e,


preventivamente, as possibilidades dos riscos e perigos são mitigadas,
proporcionando uma aventura segura ao dirigir veículo automobilístico, bicicleta, e
andando com as próprias pernas.

Nesta linha de raciocínio o primeiro capítulo identificará as diversas


possibilidades de acidentes, os envolvidos, e as responsabilidades que irão advir
destas ocorrências.

Os ordenamentos legais são os norteadores para determinar as metodologias


a serem realizadas no local do acidente de trânsito em conformidade com a
tipificação, para que possam revelar os causadores dos infortúnios, e os que
apesar de não terem concorrido diretamente com o evento também serão
identificados para que assumam a sua respectiva responsabilidade seja na esfera
administrativa, civil e criminal.

Normalmente os acidentes de trânsito têm mais de um fator envolvido, por


exemplo: provocados por defeitos, má conservação de vias, falta de iluminação,
pessoas não habilitadas ou incapacitadas fisicamente para dirigir, seja por
meio de tração humana, animal ou motorizada, mas o fator humano, conforme
estudaremos, ainda é a principal causa provocadora dos acidentes.

De acordo com estas condições é que o aplicador das leis, analisará e


identificará a responsabilidade das respectivas indenizações dos prejuízos
ocasionados, e qual a punição que será imputada ao transgressor, e no segundo
capítulo serão identificados os demais envolvidos, e os fatores principais que
fazem parte dos acidentes.

O segundo capítulo também apresentará os profissionais e os órgãos legais


responsáveis pelo tráfego, e os peritos que fazem a identificação do local do
acidente.

São vários os profissionais envolvidos na segurança do trânsito, de forma


que possam pensar de maneira preventiva desde a consecução de uma estrada,
analisando de forma técnica a área geográfica e respeitando as necessidades
regionais, como do traçado das vias, as placas de sinalizações e as suas local-
izações.

As vias por onde se transita são elementos fundamentais para a aplicação


de ações preventivas, devendo os profissionais técnicos de trânsito torná-las
cada vez mais eficientes propiciando o deslocamento de forma segura e rápida.

O terceiro capítulo fará com que você compreenda as classificações e


as definições que envolvem os acidentes de trânsito. Serão apresentadas as
principais sinistralidades das estradas brasileiras, por meio dos indicadores que
são publicados anualmente pelos órgãos de trânsito, sendo possível verificar que
apesar das diversas campanhas realizadas, os índices de acidentes estão cada
vez maiores, levando o país a ter milhares de mutilados e mortos.

O acidente de trânsito é um vilão, que assombra a vida das pessoas, que


destrói famílias, causando grandes transtornos e tristezas. A identificação dos
motivos que provocaram o acidente é de extrema importância, para criar ações
preventivas, a fim de coibir ocorrências futuras.

Os meios de locomoção sofrem um acelerado desenvolvimento, ficando mais


velozes e autossuficientes como, por exemplo, os carros autônomos, ou seja, o
homem não necessitará mais dirigir o seu próprio veículo, o futuro nos dirá se
isto será melhor ou não, pois qualquer tecnologia envolve melhorias e riscos ao
homem, mas é importante a identificação destes riscos, para nortear as ações
preventivas, pois a vida humana e a segurança devem sempre ocupar o primeiro
lugar.

A proposta não é parar a escalada do desenvolvimento, mas ao criar


novas formas de mobilidade, a segurança e a ergonomia, devem ser estudadas
concomitantemente, levando o homem a percorrer grandes distâncias,
conhecendo lugares longínquos, já que é da natureza do ser humano ser criativo
e destemido, possibilitando o seu retorno ao ponto de partida vivo e ileso.
C APÍTULO 1
O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Conhecer a legislação concernente ao acidente de trânsito.

 Identificar os envolvidos e as principais responsabilidades frente ao


ordenamento jurídico respectivo.

 Apresentar as legislações a serem aplicadas aos diferentes casos de ocorrência


do acidente de trânsito.

 Determinar o tipo de metodologia a ser realizada no local do acidente de trânsito


de acordo com a sua tipificação.
Acidente de Trânsito

10
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste primeiro capítulo será possível estudar nas respectivas seções os
seguintes temas a respeito de acidentes de Trânsito; legislações; os envolvidos no
acidente de trânsito; Boletim de Ocorrência de Trânsito - BOAT - e a metodologia
do levantamento do local do acidente, possibilitando que você compreenda as
legislações que fazem parte do cenário dos acidentes de trânsito, prescrevendo
punições e responsabilidades em consonância com os ordenamentos jurídicos
para cada caso.

Assim, destaca-se as principais normativas aplicados ao trânsito como: o


Código de Trânsito Brasileiro – CTB -, o Código Civil, Código Penal, bem como
conhecer os princípios basilares constantes em nossa Carta Magna, e demais
ordenamento jurídicos respectivos a matéria, que tratam da responsabilidade
civil, ou seja, as indenizações que as vítimas deverão receber em conformidade
com a transgressão, e a responsabilidade criminal no que couber, e tipificar se foi
cometido pelos diversos tipos de culpa ou dolo, e ainda se o agente cometeu a
transgressão com negligência, imperícia e imprudência.

Vamos conhecer os atores que se encontram envolvidos nos acidentes de


trânsito, que serão revelados de acordo com a descrição detalhada do local do
acidente, por meio dos diversos métodos, o que possibilitará identificar quais
foram os fatores que levaram a tal infortúnio, e a participação do fator principal o
humano, pois o trânsito são as pessoas, para que se possa aplicar a respectiva
lei, aos efetivos transgressores, e o mais importante a ação preventiva para que
tal evento não volte a se repetir.

Os relatos sobre o local e o momento do acidente, dependerá da metod-


ologia e as técnicas empregadas pelo perito, estabelecendo uma prévia análise
para identificar aquela que melhor retrate as condições do momento da ocorrência
do acidente.

Você verificará que o boletim de ocorrência é um instrumento técnico im-


portante para que fique registrado formalmente o local e as condições do acidente,
contudo há vários outros instrumentos, dependendo da gravidade do infortúnio,
assim diversas outras técnicas serão empregadas, para descrever o acidente de
trânsito, ou seja, o método, por meio de descrições, desenhos, provas colhidas no
local, fotografias a identificação das testemunhas e etc., para elucidar com preci-
são, no caso de futuras contendas judiciais, o magistrado necessita destas provas
irrefutáveis, para a justa aplicabilidade da lei, que permeia os princípios fundamen-
tais do Direito, sendo um deles a garantia da segurança jurídica.

11
Acidente de Trânsito

2 LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO
TEMA ACIDENTE DE TRÂNSITO
Nesta seção será apresentada a evolução histórica do Código Trânsito
Brasileiro – CTB -, e as responsabilidades a serem aplicadas aos transgressores
em consonância com a legislação respectiva, onde será possível também
identificar se o causador do acidente concorreu ou não para o infortúnio.

Vamos conhecer as principais medidas punitivas impostas pelo CTB que nos
últimos anos tornaram-se rigorosas, objetivando coibir e minimizar o número cada
vez maior de acidentes de trânsito, onde aplicação da lei levará em consideração
a tipificação do ato, sendo mais severa para os que cometem por dolo, do que por
culpa, que serão analisadas detalhadamente.

O CTB inovou, para além das punições, o fator consciência e educação no


trânsito, passando a ser um dos princípios fundamentais deste ordenamento
legal, para garantia da segurança da vida humana.

Serão apresentados alguns fatos curiosos e históricos que fazem parte da


trajetória histórica brasileira, como os primeiros carros que vieram para o Brasil, e
o lento desenvolvimento das vias públicas.

2.1 O CÓDIGO NACIONAL DE


TRÂNSITO E A SUA EVOLUÇÃO
Fazendo-se uma breve retrospectiva histórica, conforme Mitidiero (2015, p.
20), desde a Pré-História quando o homem começou a tocar o solo, iniciam-se os
primeiros traços da “circulação extratrânsito e trânsito”, conforme a lei da física
dois corpos não consegue ocupar ao mesmo tempo o mesmo lugar, por esta
premissa, o respeito está implícito, na consciência de cada um dar passagem ao
outro, regra que surge espontaneamente.

Conforme o homem progressivamente vai desenvolvendo métodos de facilitar


e propiciar conforto, cria novos meios de transporte, por exemplo em carregar a
caça, armas, alimentos retirados da plantação, são estratégias de locomoção que
viabilizam a mobilidade.

12
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

A história revela que nesta fase pré-histórica, a mulher foi a


A história revela
primeira a transportar cargas, ou seja, por meio de tração humana, que nesta fase
carregando os utensílios domésticos, quando dos deslocamentos pré-histórica, a
para outras regiões onde seriam fixados novos locais de moradia, que mulher foi a primeira
futuramente passaram a ser realizados por outros tipos de animais a transportar
(MITIDIERO, 2015). cargas, ou seja,
por meio de tração
humana, carregando
Segundo Della Torre (1984, p. 164), as invenções são frutos de os utensílios
um indivíduo, contudo a sociedade é quem fornece a “base”, motivada domésticos, quando
pela necessidade de criar novas possibilidades e conforto, a autora dos deslocamentos
cita exemplos referenciando algumas invenções que foram de extrema para outras regiões
relevância, não somente no país de origem, mas para os demais onde seriam
fixados novos
países, como: roldana que foi inventada pelos assírios no Século VIII
locais de moradia,
a.C; os escoceses que inventaram a bicicleta; o inglês James Watt que futuramente
que inventou a máquina vapor desencadeando a primeira Revolução passaram a
Industrial a partir do Século XVIII, estimulando gerações futuras em ser realizados
outras invenções como a do automóvel com motores a combustão, por outros tipos
e os americanos inventaram o bonde elétrico, ou seja, um transporte de animais
(MITIDIERO, 2015).
coletivo, e movido por outro tipo de energia, a eletricidade.

Na trajetória do desenvolvimento, o homem não parou mais, as Na trajetória do


invenções no que concerne a mobilidade alçaram para muito além desenvolvimento, o
homem não parou
das trações humanas e pelos animais, surgindo motores cada vez
mais, as invenções
mais potentes movidos por combustão, elétricos e eletricidade. no que concerne a
mobilidade alçaram
No Brasil, a Associação do Automóvel Clube do Brasil, apresenta para muito além das
uma série de curiosidades a respeito da história automobilística trações humanas
brasileira, que contou como baluarte o inventor Santos Dumont, que e pelos animais,
criou a respectiva associação em 27/09/1907, na cidade do Rio de surgindo motores
cada vez mais
Janeiro, objetivando atender os primeiros donos de veículos no
potentes movidos
Brasil, Santos Dumont além do seu amor pelas aeronaves, cultivava por combustão,
o fascínio pelos veículos sendo que em 1891 trouxe para o Brasil o elétricos e
“primeiro veículo a combustão e pneus de borracha”. eletricidade.

FONTE: <http://www.automovelclubedobrasil.org.br/Associacao/HistoriaAutomovel>.

Assista ao vídeo “Como nasceu o primeiro carro brasileiro”, e


conheça mais sobre a nossa história automobilística. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Fv5dXzOJ6Kk> Acesso em: 4
nov. 2018.

13
Acidente de Trânsito

Nesta trajetória, o Automóvel Clube do Brasil, relata que no ano de


1911, Brasília possuía 908 veículos, o que consequentemente impulsionou
o surgimento da necessidade de mais motoristas, que eram denominados
de “Chauffer”, sendo que alguns europeus vinham para o Brasil ensinar os
interessados nesta nova profissão, consequentemente nascia as primeiras
“Autoescola e oficinas mecânicas do país”.

No que concerne No que concerne às regulações de Trânsito, vamos localizar


às regulações de o primeiro Decreto de n° 8.324, de 27 de outubro de 1910,
Trânsito, vamos tendo sido escrito por Nilo Peçanha que era o então Ministro e
localizar o primeiro Secretário da Viação e obras Públicas, cujo Caput se lê: “Aprova
Decreto de n° 8.324,
o regulamento para serviços subvencionado de transporte por
de 27 de outubro
de 1910, tendo automóveis”.
sido escrito por Nilo
Peçanha que era Estes serviços indicados no Decreto se referem aos
o então Ministro e realizados por transportes coletivos e os de cargas, da iniciativa
Secretário da Viação privada e pública, regulando a locomoção entre os Estados da
e obras Públicas.
União ou aqueles que fossem realizados dentro do mesmo
Estado.

O objetivo do Decreto era o de “facilitar” os transportes dentro do Brasil. O


cenário do país no âmbito da infraestrutura automotiva desta época, conforme
os estudos de (FERRAZ, 1975), esclarece que a nível nacional, havia uma
linha férrea de 2.577 Km, aumentando para 3.224 Km em 1923.
Com o final da
Interessante observar que a malha viária era inexpressiva,
primeira Guerra
Mundial em 11 de pois no período de 1910 a 1920 o Brasil contava com 13.000
novembro de 1918, km de estradas, e no ano de 1916 com 3.211 automóveis, o que
o Brasil começou a indicava que havia um automóvel para cada 1.692 habitantes
ter um leve aumento (FERRAZ, 1975).
no número de
automóveis que Com o final da primeira Guerra Mundial em 11 de novembro
rodavam o país,
de 1918, o Brasil começou a ter um leve aumento no número de
ou seja, em 1924
haviam 6.500 carros automóveis que rodavam o país, ou seja, em 1924 haviam 6.500
em circulação carros em circulação (FERRAZ, 1975).
(FERRAZ, 1975).
Conforme os dados da FENABRAVE – PR, o primeiro carro a
chegar no Brasil foi no ano de 1896, e no ano de 1910, iniciou-se os processos
de importação, onde comercializavam o carro antes mesmo deles estarem

14
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

em solo brasileiro. Para aquisição de um veículo, o interessado


A Perua DKW
necessitava ter dinheiro, e muita vontade de possuir um carro, F-91 Universal,
devido as burocracias e dificuldades da época. No ano de 1920, de produção da
surgem as primeiras revendedoras e montadoras, sendo que o empresa Alemã Auto
Estado de São Paulo no ano de 1929 importou 43.657 automóveis Union, foi o primeiro
e 25.858 caminhões. veículo fabricado
em solo brasileiro,
rodando nas vias
A Perua DKW F-91 Universal, de produção da empresa Alemã de nosso país em
Auto Union, foi o primeiro veículo fabricado em solo brasileiro, 1957, com boa parte
rodando nas vias de nosso país em 1957, com boa parte dos dos componentes
componentes produzidos dentro do território nacional (BRANDÃO, produzidos dentro
2011). do território nacional
(BRANDÃO, 2011).

FIGURA 1 - DKW- VEMAG 1000.

FONTE: <http://4rturbo.blogspot.com/2012/07/revista-quatro-
rodas-agosto-de-1961.html>. Acesso em: 26 nov. 2018.

No Brasil, o Decreto 858 de 15 de abril de 1902, estabelecia


a obrigatoriedade do exame para a condução de veículos, porém
os primeiros exames para os motoristas surgiram no ano de 1906
(BASILEIS, 2016, p. 30).

15
Acidente de Trânsito

O Brasil teve um rápido crescimento automotivo, a partir de 1924, contando


com 6.500 carros em circulação, em cinco anos a frota de automóveis passou
para 43.657, ou seja, um aumento aproximado de 500%.

O progresso acelerado brasileiro, exigiu tipos específicos de circulação


viária, para atender este modal, impulsionando também a criação de vias públicas
para os demais transeuntes, o que tecnicamente faz surgir o denominado trânsito,
cuja palavra no Dicionário Jurídico de Plácido e Silva (2014, p. 2.150), significa
“do latim transitus (passagem), conduzindo a ideia de movimento e de mudança,
trânsito exprime o que é de passagem, o que está em circulação, o que está em
andamento, ou que não chegou a seu destino”.

E, ainda ensina que na “terminologia jurídica”, para os órgãos de trânsito


será:

Na linguagem da Polícia Administrativa, para designar todo o


movimento, ou a circulação de pessoas e veículos nas ruas
de uma cidade, ou vila, ou nas estradas que lhe dão acesso.
E Conselho de Trânsito, entende-se o conjunto de serviços
destinados à fiscalização e direção do movimento de veículos
e de pessoas em uma certa jurisdição. A Lei n° 9.503, de
23/09/07, instituiu o Código de Trânsito Brasileiro – CTB,
criando o sistema Nacional de Trânsito – SNT. O Decreto n°
2.327, dispôs sobre a coordenação do SNT e da composição
do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN (SILVA, 2014,
s.p).

O atual Código
Nacional de O atual Código Nacional de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997),
Trânsito Brasileiro define trânsito em seu artigo 1°, § 1°, como: “Considera-se trânsito
(BRASIL, 1997), a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou
define trânsito em em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,
seu artigo 1°, § 1°, estacionamento e operação de carga ou descarga”.
como: “Considera-se
trânsito a utilização
das vias por As vias são construídas para as pessoas, pois como já
pessoas, veículos dissemos, o trânsito são as pessoas, seja andando com os seus pés,
e animais, isolados denominadas de pedestres, seja em veículos ou animais, devendo
ou em grupos, ser garantido consciência de quem a transita promovendo, respeito,
conduzidos ou segurança e responsabilidade.
não, para fins de
circulação, parada,
estacionamento e O Capítulo III do Código de Trânsito Brasileiro, estabelece
operação de carga “Das Normas Gerais de Circulação e Conduta”, iniciando pelo Artigo
ou descarga”. 26, contendo 67 (sessenta e sete) artigos, e diversos incisos, que
regulamentam e orientam de que forma os condutores e pedestres
devem se comportar quando estiverem transitando pelas vias públicas, sejam
em áreas urbanas ou rurais. O legislador em 2012, incluiu o Capítulo III-A, para

16
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

normatizar e regulamentar a conduta dos chamados “motoristas


A leitura deste
profissionais”. Capítulo,
possibilitará a
A leitura deste Capítulo, possibilitará a compreensão das compreensão
normativas, que têm como princípio orientar os condutores de veículos das normativas,
e pedestres a circularem nas vias de forma defensiva, ou seja, que têm como
princípio orientar
procurar estar sempre em alerta antevendo os possíveis acidentes.
os condutores de
veículos e pedestres
Exemplificando, quando estamos dirigindo próximo a escolas, a circularem nas
ou ponto de ônibus, a atenção deverá ser redobrada, normalmente vias de forma
estão sinalizadas a certa distância, antes da chegada nestes locais, defensiva, ou seja,
justamente para que o condutor possa em tempo hábil reduzir a procurar estar
sempre em alerta
velocidade, pois são áreas que denotam de um trânsito maior de
antevendo os
pessoas, e principalmente no caso das escolas que tenham como possíveis acidentes.
público as crianças, que irão atravessar a via, a atenção sem
dúvida é tanto para os que estão conduzindo o veículo, como para os que estão
atravessando a via, mas é certo que a preferência de travessia será do menor,
e aqui se entende o pedestre, prevalece sobre o maior, sendo aqueles que
estiverem conduzindo o veículo, para que seja garantindo a segurança.

Vários são os artigos do CTB, que orienta os condutores de como deverá ser
a sua conduta no trânsito, conforme se observa pelo Artigo 31:

O condutor que tenha o propósito de ultrapassar


Os entes públicos,
um veículo de transporte coletivo que esteja
parado, efetuando embarque ou desembarque de
por sua vez
passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo deverão estabelecer
com atenção redobrada ou parar o veículo com vistas manutenções
à segurança dos pedestres (BRASIL,1997). preventivas nas
áreas públicas
O Capítulo III do CTB tem como fundamento prescrever a respeito da de circulação,
instalando
Direção Defensiva, exigindo que os que fazem parte do trânsito dirijam ou
instrumentos
andem de forma a antever os possíveis acontecimentos, o DENATRAN, de segurança
ensina o significado de Direção Defensiva como a forma de dirigir, que como as placas
permite a você reconhecer antecipadamente as situações de perigo e de sinalização,
prever o que pode acontecer com você, com seus acompanhantes, com limpeza e cortes
seu veículo e com os outros usuários da via (DENATRAN, 2005). de vegetação no
entorno das pistas,
propiciar áreas
Os entes públicos, por sua vez deverão estabelecer manutenções
de descanso,
preventivas nas áreas públicas de circulação, instalando instrumentos de iluminação,
segurança como as placas de sinalização, limpeza e cortes de vegetação etc., pois as
no entorno das pistas, propiciar áreas de descanso, iluminação, etc., vias concedem
pois as vias concedem uns dos direitos fundamentais de locomoção uns dos direitos
preconizada em nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5° fundamentais de

17
Acidente de Trânsito

locomoção inciso XV, garantindo a liberdade e a igualdade, pois o Estado de


preconizada em Direito faz com os entes públicos em caso de sinistros provocados
nossa Constituição por falta de manutenções, fiscalizações e demais ações garantidoras
Federal de 1988, em
da segurança pública, respondam com as respectivas indenizações,
seu artigo 5° inciso
XV, garantindo e demais aplicação legal devida às vítima.
a liberdade e a
igualdade, pois o A título de ilustrar a responsabilidade civil do Estado, a seguir
Estado de Direito está reproduzido um exemplo de julgado nesta vertente:
faz com os entes
públicos em Apelantes: DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM
caso de sinistros
DO ESTADO DE SÃO PAULO - DER; CONCESSIONÁRIA
provocados por falta
de manutenções, DAS RODOVIAS AYRTON SENNA E CARVALHO PINTO S/A -
fiscalizações e ECOPISTAS Apelado: LEONARDO RODRIGUES CAMARGO
demais ações Comarca: Cruzeiro - 1ª V. Cível (Proc. 1000300-40.2015).
garantidoras da EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE
segurança pública, TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA JULGADA PARCIALMENTE
respondam com
PROCEDENTE. NECESSIDADE. NÃO HAVENDO NOS AUTOS
as respectivas
indenizações, e INDÍCIOS DE EVENTUAL INSOLVÊNCIA PATRIMONIAL DA
demais aplicação CONCESSIONÁRIA E NÃO SE TRATANDO DE QUALQUER
legal devida às DISCUSSÃO SOBRE EVENTUAL MÁ ESCOLHA DA
vítima. CONCESSIONÁRIA OU OMISSÃO DO PODER CONCEDENTE
QUANTO AO SEU DEVER DE FISCALIZAÇÃO, FORÇOSO
RECONHECER-SE A INVIABILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO
SOLIDÁRIA OU MESMO SUBSIDIÁRIA DO D.E.R., DEVENDO O
PROCESSO SER EXTINTO EM RELAÇÃO A ELE, NOS TERMOS
DO ART. 485, VI, DO CPC. QUANTO. À CONCESSIONÁRIA-CORRÉ,
A RESPONSABILIDADE É OBJETIVA. ENTENDIMENTO DE QUE
É DE CONSUMO A RELAÇÃO ENTRE USUÁRIO DE RODOVIA E
CONCESSIONÁRIA E QUE SUA RESPONSABILIDADE PERSISTE
NOS CASOS DE ACIDENTES CAUSADOS PELA PRESENÇA DE
OBJETOS (RESSOLAGEM DE PNEU) EM RODOVIAS SOB SUA
CONCESSÃO. PRECEDENTES. AUSENTE CAUSA EXCLUDENTE
DA RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA. VALOR DA
CONDENAÇÃO MANTIDO. AFASTADA A MULTA APLICADA EM
RAZÃO DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Recurso de apelação do D.E.R. provido e parcialmente
provido o recurso da concessionária. Apelação - Nº 1000300-
40.2015.8.26.0156.

FONTE: Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.


do?cdAcordao=12007305&cdForo=0>. Acesso em: 18 nov. 2018.

18
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

No julgado anteriormente apresentado, o Magistrado afastou a


responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São
Paulo, em responder, porque a rodovia foi terceirizada para uma concessionária
que presta serviços para o ente público. Por força de contrato a concessionária é
quem responderá pelas devidas indenizações causadas pelo acidente de trânsito,
decorrentes de objetos que estavam na via. Veja que o Magistrado destacou que
a concessionária tem condições em arcar com os prejuízos, haja vista, que se não
tivesse o D.R.E./SP, responderia solidariamente.

Diniz (2018), ainda esclarece que o Estado por meio de seus prepostos
age em seu nome, inclusive os que fazem parte da administração indireta, e os
auxiliares contratados, e indica o Artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988,
que regulamenta a questão:

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa (BRASIL, 1988).

Caso a interpretação no referido julgado fosse à condenação em indenizar


o particular, pelo D.R.E. SP, a este ente caberia ação regressiva, como se lê no
parágrafo 6°, portanto o direito alcança a todos, quando se trata em reparar os
danos provocados a quem quer que seja, conforme explicito na CF/88 - Artigo 5°:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…).

O DENATRAN –
O DENATRAN – Departamento de Trânsito, destaca quatro Departamento de
princípios que devem ser seguidos pelas pessoas objetivando o Trânsito, destaca
“relacionamento e a convivência social no trânsito”, o qual passamos quatro princípios
a descrever: que devem ser
seguidos pelas
pessoas objetivando
1 - Dignidade humana: conforme apresenta-se na Constituição
o “relacionamento e
Federal do Brasil/1988, como princípio fundamental, em seu artigo a convivência social
1°, Inciso III, exigindo o respeito, entre todas as pessoas, não sendo no trânsito”.
admitido discriminações de qualquer natureza;
2 - Igualdade de Direitos: princípio também esculpido e fundamentado em nossa
Carta Magna em seu artigo 5°, conforme já apresentado:
3 - Participação: a necessidade da participação e conscientização da sociedade
para os problemas que ocorrem no trânsito.

19
Acidente de Trânsito

4 - Corresponsabilidade pela vida social: este princípio convoca toda


a sociedade, inclusive os entes públicos parah “a vida social”, atitudes,
comportamentos, responsabilidade, para que se possam evitar tantos acidentes,
sendo a segurança responsabilidade daqueles que constroem as vias, como
daqueles que a trafega.

Para que seja Para que seja efetivamente observado pelas pessoas e os
efetivamente entes públicos estas garantias, uma das alternativas são as criações
observado pelas de leis específicas, com as consequentes medidas punitivas nas
pessoas e os entes relações entre as pessoas no convívio do trânsito.
públicos estas
garantias, uma das
alternativas são Com relação à trajetória dos ordenamentos jurídicos, conforme
as criações de leis demonstrado no Quadro 1, referente à legislação de trânsito,
específicas, com a primeira a regular o assunto conforme já apresentado no início
as consequentes desta seção foi em 1910, e o primeiro Código Nacional de Trânsito
medidas punitivas foi o de janeiro do ano 1941, que perdurou somente por oito meses,
nas relações entre
o atual Código vigente no Brasil, foi criado pela Lei 9.503 de 1997,
as pessoas no
convívio do trânsito. que entrou em vigor no ano de 1988, e vem sofrendo diversas
alterações, principalmente no que tange a aplicação de punições
mais severas, objetivando coibir os altos índices de acidentes.

QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DOS CÓDIGOS DE TRÂNSITO BRASILEIRO

ORDENAMENTOS
DATA OBSERVAÇÕES
JURÍDICOS
Tendo sido revogada após 8 (oito)
Decreto-Lei nº 2.994 28/01/1941
meses, de sua publicação.
Criado o CONTRAN – Conselho Nacio-
Decreto-Lei nº 3.651 25/09/1941
nal de Trânsito.
Devido ao desenvolvimento das cidades
e aumento de veículos, foi necessária
Lei nº 5.108 21/09/1966 uma ampla revisão da legislação, fican-
do designado como Código Nacional de
Trânsito.
Foi designado como Código de Trânsi-
to Brasileiro – CTB; trazendo as orien-
tações e obrigações de como deverá ser
Lei nº 9.503 23/09/1997 a forma de circulação, e com segurança.
Com um capítulo específico sobre edu-
cação no trânsito”, e 11 (onze) artigos
tipificando os crimes de trânsito.
FONTE: Adaptado da obra de OLIVEIRA, 2015.

20
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Pela apresentação do Quadro 1, percebe-se que o legislador procura


acompanhar a evolução da sociedade, o atual Código de Trânsito Brasileiro,
vem sofrendo diversas alterações, com o objetivo de tornar cada vez mais
rigorosa aplicação de punições aos infratores, mas sem perder de vista o que é
mais significativo que é a educação e a conscientização no trânsito, conforme o
Capítulo VI do CTB, em seu artigo 74, que dispõe: “A educação para o trânsito
é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema
Nacional de Trânsito” (CTB, 1997).

Estudaremos, ainda, os vários fatores que culminam nas mazelas


desencadeadas no trânsito, na trajetória histórica brasileira, uma das
consequências foi à ampliação do número de veículos e de estradas, tornando
o Brasil um dos países que mais possui estradas de rodagens, deixando em
segundo plano os demais modais, como ferrovias, aeronaves e hidrovias.
Conforme Correia (2009), este acelerado crescimento automobilístico e
rodoviário, impossibilita que as legislações de trânsito e os órgãos responsáveis,
consigam acompanhar no mesmo tempo, tornando-se incapazes da adequação
as necessidades deste modal, seja na infraestrutura das rodovias, seja na
segurança das pessoas, o Código Nacional de Trânsito de 1997, como vimos,
procurou amparar algumas fragilidades, como delegar autonomia aos municípios
para aplicação e regularização das necessidades de sua região geográfica,
porém é cediço que ainda não conseguiu resolver o grande número de infortúnios,
mas está caminhando na direção de capacitar e regular os órgãos públicos
responsáveis pelo trânsito, porém é necessário novamente salientar que falta
conscientização das pessoas, sejam na condição de pedestre como na condição
de motorista, de nada adiantará uma legislação moderna, órgãos equipados
e atuantes se as pessoas continuarem a utilizar o veículo como uma forma de
expressar poder, tornando-o uma arma, ou mesmo, dirigindo sem condições
físicas, estando sonolentas, alcoolizadas ou até mesmo sob efeito de drogas, o
veículo não é lugar de desabafos, onde por meio do excesso de velocidade quer
resolver as mágoas e depressões, ou mostrar a sua coragem e valentia.

O escritor Walcyr Carrasco, em sua crônica “Fúria no trânsito”, identifica bem


a atitude dos motoristas que se transformam quando estão ao volante, conforme
exemplifica o trecho a seguir:

Existe uma forma simples de avaliar o grau de evolução do


ser humano. Basta observar dois sujeitos após uma batida.
Saem dos veículos arrebentando as portas. Olhares ferozes.
Torsos inclinados para a frente. Mãos crispadas. Batem boca.
Bastaria mudar o cenário, trocar os ternos por peles e entregar
um porrete para cada um. Estaríamos de volta à pré-história,
poucas atividades humanas despertam tanto o espírito
selvagem como a guerra no trânsito” (...) (CARRASCO, 2010.
p. 121)

21
Acidente de Trânsito

Se você é condutor de algum tipo de veículo de tração motora,


defina que tipo de motorista você é. E, estando na condição de
pedestre ou ciclista como você se comporta nas vias públicas?

Fazendo-se ainda
uma última análise
do atual Código de Fazendo-se ainda uma última análise do atual Código de
Trânsito Brasileiro, Trânsito Brasileiro, a última alteração ocorreu em 19 de dezembro
a última alteração de 2017, pela Lei n° 13.546, onde dispõe “sobre os crimes cometidos
ocorreu em 19 na direção de veículos automotores” (BRASIL, 2017).
de dezembro de
2017, pela Lei
n° 13.546, onde Esta normativa altera alguns dos dispositivos do CTB, com
dispõe “sobre os intuito de ser mais rigoroso em relação aos infratores, no que
crimes cometidos na concernem as punições daqueles que conduzem o veículo, da
direção de veículos seguinte forma:
automotores”
(BRASIL, 2017).
QUADRO 2 – ALTERAÇÕES DO CTB - 1997.
Artigo Alterações REDAÇÃO 12/2017
alterado
§ 3º (VETADO).
§ “4º O juiz fixará a pena-base segundo as dire-
Acrescenta os
trizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848,
291 parágrafos 3º e
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando

especial atenção à culpabilidade do agente e às
circunstâncias e consequências do crime” (NR).
§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a
influência de álcool ou de qualquer outra substân-
Acrescenta o cia psicoativa que determine dependência: Penas
302
parágrafo 3º - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou
proibição do direito de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor." (NR).
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão
de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras pe-
nas previstas neste artigo, se o agente conduz o
Acrescenta o veículo com capacidade psicomotora alterada em
303
parágrafo 2º razão da influência de álcool ou de outra substân-
cia psicoativa que determine dependência, e se do
crime resultar lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima." (NR).

22
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Participar, na direção de veículo automotor, em via


pública, de corrida, disputa ou competição auto-
Nova redação. mobilística ou ainda de exibição ou demonstração
308 de perícia em manobra de veículo automotor, não
autorizada pela autoridade competente, geran-
do situação de risco à incolumidade pública ou
privada:
FONTE: Adaptado do CTB (1997) e Lei n° 13.546/2017.

É possível concluir que o legislador tem procurado ampliar as tipificações,


e aplicar penas restritivas de liberdade, para inibir os infratores no acometimento
de ilícitos no trânsito, que vamos estudar de forma detalhada no item 2.3 sobre a
responsabilidade que advêm dos crimes de trânsito.

Leia o Código de Trânsito Brasileiro (CTB-1997), no Capítulo


III – “Das Normas Gerais de Circulação e Conduta, e responda as
seguintes questões:

1 Quais as atitudes que os usuários deverão ter quando utilizarem as


vias terrestres?
2 Quando o condutor resolver fazer uma viagem, quais medidas
preventivas deverão ser adotadas com relação ao seu veículo?
3 Quais normas o condutor do veículo deverá adotar quando utilizar-
se das vias terrestres abertas à circulação?
4 Antes do condutor realizar uma ultrapassagem em relação a outro
veículo, quais medidas deverão ser adotadas?
5 Cite quais são as vias designadas como abertas à circulação e a
velocidade máxima permitida?

Na sequência, vamos entender como ocorre a responsabilidade civil,


objetivando a reparação patrimonial ou moral do dano causado a vítima.

23
Acidente de Trânsito

2.2 A RESPONSABILIDADE CIVIL NOS


ACIDENTES DE TRÂNSITO
O acidente de O acidente de trânsito pode ser definido, de maneira geral,
trânsito pode ser como um fato imprevisto, e na maioria das vezes não intencional,
definido, de maneira provocando danos físicos, materiais e por vezes morais.
geral, como um fato
imprevisto, e na A responsabilidade civil tem como premissa reparar os danos
maioria das vezes
ocasionados, seja na esfera patrimonial como moral, por meio de
não intencional,
provocando danos indenizações, buscando restituir os prejuízos a quem foi lesionado
físicos, materiais e no statu quo ante (DINIZ, 2018).
por vezes morais.
O primeiro acidente de trânsito em solo brasileiro que se tem
notícias, ocorreu no Estado do Rio de Janeiro pelo veículo do abolicionista José
do Patrocínio que se encontrava no carona, na companhia de Olavo Bilac que
estava aprendendo a dirigir, e não possuía habilitação legal, e acabou por bater
em uma árvore, e felizmente não ocasionou lesões físicas aos ocupantes (GAZIR,
1998).

Conforme apresentado no item 2.1, Santos Dumont foi o primeiro a trazer um


veículo para o Brasil, em 1891, e o segundo carro seria o do José do Patrocínio,
importado em 1897, da França.

1 Leia o Artigo 163 do CTB, analise e responda: se o acidente


tivesse ocorrido nos dias atuais, José do Patrocínio teria cometido
que tipo de infração perante a normativa, ao permitir que Olavo
Bilac, que não possuía habilitação, conduzisse o seu veículo?

Na esfera civil a responsabilidade pelos danos ocasionados, no caso


apresentado, seria do condutor, e o proprietário do veículo, responderia
solidariamente, portanto os dois deveriam arcar com a indenização que deram
causa, conforme previsto no artigo 942 do Código Civil (BRASIL, 2002).

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do


direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado;
e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os
autores os coautores e as pessoas designadas no artigo. 932.

24
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

A culpa objetiva
Neste caso, como houve a participação direta do proprietário passou a figurar na
para a ocorrência do fato, agindo com culpa, entregando a direção a responsabilidade
quem não estava apto a conduzir o veículo, outros exemplos clássicos civil, objetivando
que se pode mencionar: proprietário responde concomitantemente à proteção das
com o condutor, quando entrega o veículo a pessoa visivelmente pessoas pelos
ordenamentos
alcoolizada, ou ao menor de idade.
jurídicos, frente ao
desenvolvimento
Contudo, o proprietário estaria isento em responder, se o tecnológico, como
condutor estivesse legalmente habilitado a conduzir o veículo, ou ocorrem nas
seja, o mero empréstimo do veículo não imputaria a responsabilidade indústrias, e o
indenizatória ao legítimo proprietário, pois não estaria presente a número cada vez
maior de veículos
culpa objetiva ou subjetiva, conforme prevê o nosso Código Civil,
automotores nas
pois a culpa objetiva tem como base a teoria do risco, que não estaria vias públicas,
presente ao emprestar o veículo a quem está legalmente habilitado, fazendo com que as
como prevê o artigo 927 do Código Civil (BRASIL, 2002). pessoas se tornem
vulneráveis aos
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano riscos produzidos
a outrem, fica obrigado a repará-lo. por estas atividades,
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o veja que o artigo
dano, independentemente de culpa, nos casos 927 do Código Civil,
especificados em lei, ou quando a atividade deixa bem claro que
normalmente desenvolvida pelo autor do dano
aquele que vier a
implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.
ocasionar o dano,
independentemente
de culpa, terá
A culpa objetiva passou a figurar na responsabilidade civil,
a obrigação de
objetivando à proteção das pessoas pelos ordenamentos jurídicos, indenizar. Trata-
frente ao desenvolvimento tecnológico, como ocorrem nas indústrias, se de uma forma
e o número cada vez maior de veículos automotores nas vias de fazer com
públicas, fazendo com que as pessoas se tornem vulneráveis aos que o autor do
riscos produzidos por estas atividades, veja que o artigo 927 do ilícito tome todas
as providências
Código Civil, deixa bem claro que aquele que vier a ocasionar o
cabíveis de
dano, independentemente de culpa, terá a obrigação de indenizar. segurança, para
Trata-se de uma forma de fazer com que o autor do ilícito tome evitar prejuízos
todas as providências cabíveis de segurança, para evitar prejuízos patrimoniais, ou
patrimoniais, ou lesões físicas, presente a obrigação de agir de lesões físicas,
forma defensiva, antever situações que possam colocar em risco a presente a
obrigação de agir
segurança das pessoas (DINIZ, 2018).
de forma defensiva,
antever situações
Passando a analisar a situação na culpa subjetiva, a base está na que possam
culpa ou dolo, havendo a necessidade de provar a responsabilidade colocar em risco
do infrator, onde terão que estar presente os elementos da culpa, a segurança das
dano e o nexo causal, conforme prevê o Artigo 186 do Código Civil: pessoas (DINIZ,
2018).
‘Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência

25
Acidente de Trânsito

ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente


moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002).

Em regra geral, quando o agente pratica a ação de forma consciente e


voluntária, o ilícito foi praticado com dolo, enquanto que na culpa o agente não
tinha intenção da efetivação do ato, sendo que a culpa tem graduações podendo
ser grave, leve e levíssima, conforme estabelece o Artigo 944 do Código Civil:
“A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver
excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização” (BRASIL, 2002).

A culpa vem acompanhada das atitudes do agente que age de forma


voluntária, ação de dirigir, mas que pode gerar uma conduta não esperada,
assim para que seja efetivamente imputado a responsabilidade civil, com a justa
indenização a quem de direito, se faz necessário apresentar os pressupostos
legais previstos no Direito Civil, e que são utilizados também nos ordenamentos
legais de Trânsito, conforme Lourenço (2012), e que serão analisados na
sequência:

Passando a analisar a situação na culpa subjetiva, a base está na culpa


ou dolo, havendo a necessidade de provar a responsabilidade do infrator, onde
terão que estar presente os elementos da culpa, dano e o nexo causal, conforme
prevê o Artigo 186 do Código Civil: ‘Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002).

Em regra geral, quando o agente pratica a ação de forma consciente e


voluntária, o ilícito foi praticado com dolo, enquanto que na culpa o agente não
tinha intenção da efetivação do ato, sendo que a culpa tem graduações podendo
ser grave, leve e levíssima, conforme estabelece o Artigo 944 do Código Civil:
“A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver
excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização” (BRASIL, 2002).

A culpa vem acompanhada das atitudes do agente que age de forma


voluntária, ação de dirigir, mas que pode gerar uma conduta não esperada,
assim para que seja efetivamente imputado a responsabilidade civil, com a justa
indenização a quem de direito, se faz necessário apresentar os pressupostos
legais previstos no Direito Civil, e que são utilizados também nos ordenamentos
legais de Trânsito, conforme Lourenço (2012), e que serão analisados na
sequência:

26
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

a) Conduta Humana: ações realizadas de forma voluntária, que podem


ocasionar atos lícitos ou ilícitos, sendo estes produzidos por negligência,
imprudência e imperícia, que resultam em prejuízos a parte ofendida, abaixo
segue explicação destes três elementos que evidenciam a falha humana, e
que na maioria das vezes desencadeiam o acidente de trânsito: a negligência,
traduzida pela falta de cuidado com relação ao veículo. O proprietário sabe que
tem que manter o veículo em boas condições de uso, mas não o faz, como trocar
os pneus quando estes perdem o tempo de validade, conforme especificado
no próprio pneu que determina o seu tempo de vida, ou seja, é aquela pessoa
relaxada e que ainda em certos casos não presta a devida atenção no que está
fazendo, por exemplo andar com a porta semiaberta. A imprudência consiste em
negligenciar a legislação de trânsito, ao ultrapassar um veículo em local proibido,
por exemplo. E, finalmente, a imperícia, é quando o condutor de um automóvel
não possui as habilidades necessárias para dirigir o veículo, o que é muito comum
em motoristas iniciantes.

b) Nexo de Causalidade: as consequências negativas produzidas pelo ato


ilícito deverão ter conexão, direta com a conduta, e que são evidenciadas pela
análise pormenorizada do local do acidente e das evidências que são A civilista Diniz
coletadas no local. (2018, p. 53)
também entende
c) Dano: o dano nada mais é que a consequência do ato que para a
realizado pelo agente sendo intencional ou não, e que na maioria dos caracterização da
casos gera a necessidade de indenização para que o dano material responsabilidade
civil se faz
seja reparado.
necessário, a
“existência de uma
d) Culpa: importante salientar que o Código Civil, atribui a ação”, portanto
responsabilidade ao agente independentemente se agiu ou não presente os atos da
com culpa, conforme preconiza o artigo 927 do referido dispositivo, conduta humana
conforme já apresentado. sendo licitas ou
ilícitas, podendo
ser comissiva
A civilista Diniz (2018, p. 53) também entende que para a
ou omissiva,
caracterização da responsabilidade civil se faz necessário, a entendendo que
“existência de uma ação”, portanto presente os atos da conduta comissão “é a
humana sendo licitas ou ilícitas, podendo ser comissiva ou omissiva, prática de um ato
entendendo que comissão “é a prática de um ato que não deveria que não deveria se
se efetivar”, enquanto que a omissão, se dá quando o agente não efetivar”, enquanto
que a omissão, se
observa as condições de segurança, agindo de forma negligente,
dá quando o agente
imprudente e imperito. não observa

27
Acidente de Trânsito

Outro grande aliado nas ações de indenizações patrimoniais e morais, a


favor da vítima, encontra guarida no Direito do Consumidor, conforme se observa
na decisão a seguir:

Tema: Ação de indenização por danos materiais e compensação


por danos morais. Acidente de trânsito. Segurança. Graves
lesões. Mecanismo de segurança. Risco inerente. Produto
defeituoso.
A comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air
bag em acidente automobilístico em baixíssima velocidade,
que extrapolam as expectativas que razoavelmente se espera
do mecanismo de segurança, ainda que de periculosidade
inerente, configura a responsabilidade objetiva da montadora
de veículos pela reparação dos danos ao consumidor.
REsp 1.656.614-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 23/5/2017, DJe 2/6/2017. FONTE:
Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/
informativo/?acao=pesquisar&livre=ACIDENTE+
TRANSITO&operador=e&b=INFJ&thesaurus=
JURIDICO&p=true?>. Acesso em: 27 nov. 2018.

Neste caso a montadora do veículo é quem responderá pelas lesões


ocasionadas na vítima, os danos que se verificarem no veículo, e ainda
compensações por danos morais, uma vez que agiu de forma omissiva, pela falta
de observar que o air bag apresentava problemas, é possível inferir que não foram
realizados os testes adequados em diversas velocidades, para que a abertura do
dispositivo de segurança, não viesse ocorrer como no caso fático apresentado,
em “baixíssima velocidade”.

É importante destacar as “modalidades” da culpa que também concorrem na


aferição da responsabilidade de quem pratica os atos ilícitos, conforme ensina
Fuga (2018, p. 15), e que será feito referências ao julgado apresentado.

1. Culpa in elegendo: trata-se da figura do preposto, aquele que irá


executar ou responder por algumas tarefas em nome do empregador, por
exemplo na Ação de Indenização acima apresentada, o profissional que deveria
fazer os testes para assegurar que o dispositivo de segurança não viesse a abrir
em determinada velocidade, porém quem responderá pela respectiva indenização
será a montadora, porque a ela cabe capacitar e contratar pessoas que executem
as suas atividades com zelo, prudência e perícia.

2. Culpa in vigilando: utilizando ainda como exemplo a Ação de Indenização,


faltou por parte do empregador “fiscalizar”, se as tarefas estavam sendo
realizadas em conformidade com o grau de qualidade que se exige na fabricação
de veículos, para evitar futuramente situações como as descritas. O Artigo 932
do Código Civil apresenta algumas situações, em que a responsabilidade será

28
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

daquele que mantém a guarda, como dos filhos menores, cita inclusive no inciso
III, a responsabilidade do empregador ou “comitente”, e aqui poderia ser o gerente
de uma empresa que detêm procuração para agir como se dono fosse, e o artigo
933, do Código Civil, destaca que: “As pessoas indicadas nos incisos I a V do
artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos
atos praticados pelos terceiros ali referidos” (BRASIL, 2012).
Fica claro por este dispositivo a responsabilidade objetiva das pessoas dos
incisos I a V, mesmo que não foi ela quem praticou o ilícito.

3. Culpa in committendo: onde o agente, não observa as normas de


montagens obrigatórias por exemplo, para evitar que terceiros possam ser
prejudicado pela sua imprudência.
O autor ainda
4. Culpa in omittendo: caso em que o agente por exemplo não destaca outras
presta socorro à vítima, quando poderia fazê-lo. modalidades
que devem ser
observadas no
5. Culpa in contrahendo: quando o agente sabe que
caso de ilícitos
determinado contrato poderia trazer futuramente prejuízo a vítima, provocados no
mas não a alerta a respeito. trânsito: como a
culpa contra a
O autor ainda destaca outras modalidades que devem ser legalidade, quando o
observadas no caso de ilícitos provocados no trânsito: como a culpa agente não observa
as normativas,
contra a legalidade, quando o agente não observa as normativas, por
por exemplo que
exemplo que se encontram no Código de Trânsito Brasileiro -CTB. se encontram no
Código de Trânsito
A necessidade do princípio da confiança, pois ao conduzir Brasileiro -CTB.
o veículo acredita-se que os demais motoristas vão observar as
legislações, dirigindo com prudência, respeito, e que o seu veículo se encontra
em situação regular para circular as vias públicas. Culpa presumida, quando as
evidências são tão claras que não há necessidade de provas, como na ocorrência
de um veículo vir a bater em outro carro que está estacionado em Destaca-se ainda
local próprio devidamente sinalizado. A culpa concorrente conforme que a culpa
dispõe o artigo 945 do Código Civil, situação em que a vítima também consciente prevê
agiu com culpa na ação ilícita, praticando concomitantemente com o a possibilidade do
agente, assim a indenização será mitigada (FUGA, 2018, p. 18). evento, porém o
agente não acredita
que realmente se
Destaca-se ainda que a culpa consciente prevê a possibilidade efetivará, ou que
do evento, porém o agente não acredita que realmente se efetivará, ele conseguirá
ou que ele conseguirá evitá-la; e a culpa inconsciente o agente não evitá-la; e a culpa
prevê o resultado, apesar de ser previsível. inconsciente o
agente não prevê o
resultado, apesar de
ser previsível.

29
Acidente de Trânsito

Os elementos da culpa, bem como as suas modalidades e demais princípios,


culminam no levantamento do quanto será devido a pessoa prejudicada, e quem
será o responsável por esta indenização, e nesta apuração, será levado também
em consideração, conforme o caso, o dano emergente e o lucro cessante, de
acordo com Diniz (2018), o dano emergente será o que efetivamente perdeu-se,
e o lucro cessante aquilo que deixou de ganhar, conforme dispõe os artigos 402 e
403 do Código Civil.

A título de exemplificar na prática, o direito de pleitear o lucro cessante


e o dano emergente, apresenta-se o seguinte julgado: Decisão do Tribunal de
Justiça de São Paulo, em grau de Apelação n. 1007212-58.2015.8.26.0704
Origem: 1ª Vara Cível do Foro Regional XV Butantã, (situação em que houve
uma batida de um carro particular, em um carro táxi, o dono do taxi alegou
que a condutora realizou manobra sem a devida atenção, e portanto requer
a indenização de seu veículo, bem como o lucro cessante pelos dias que o
veículo teve que ficar parado para os devidos consertos. No entanto, a ação foi
julgada improcedente tanto na primeira instância, como na apelação no Tribunal,
os julgadores entenderam que o boletim de ocorrência não foi prova suficiente
para dar procedência ao pedido, mesmo as fotos que foram carreadas aos autos
conseguiram identificar a culpabilidade do agente, a testemunha apresentada pelo
autor mostrou-se confusa não conseguindo discorrer sobre o ocorrido de forma
a elucidar satisfatoriamente. O Magistrado ainda fundamentou que o pedido de
lucros cessantes deve estar cabalmente provado, indicando irrefutavelmente o
tempo que efetivamente ficou sem receber os valores devido, o qual o autor não
conseguiu provar (FONTE: Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.
do?conversationId=&cdAcordao=11996250&cdForo=0&uuidCaptcha=sajcaptch
a_1a47e20577a943e583cdb3ed1391214f&vlCaptcha=zSUC&novoVlCaptcha>=
>). Acesso em: 17 nov. 2018.

Neste caso, verifica-se que faltou elementos comprobatórios desde o momento


da ocorrência do fato, boletim de ocorrência pormenorizado, evidenciando a
manobra incorreta, fotos que foram tiradas, mas que também não conseguiu
comprovar a ilicitude, e finalmente a testemunha que não conseguiu
Fica claro a
relatar os fatos. Assim, é possível inferir em duas hipóteses: ou de
importância de
retratar fielmente fato a agente não teve culpa, realizando a manobra de forma correta,
o momento da e o taxista não observou preventivamente a ação, ou a ocorrência foi
ocorrência de um ilícita, mas o autor não conseguiu comprovar o que dizia.
acidente, as provas
devem ser precisas, Fica claro a importância de retratar fielmente o momento da
pois o julgador tem
ocorrência de um acidente, as provas devem ser precisas, pois o
que ter certeza de
dar o direito a quem julgador tem que ter certeza de dar o direito a quem de direito.
de direito.

30
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

No caso em tela apresentou-se um acidente ocorrido entre um


Que o Código Civil
proprietário de veículo particular, e um de transporte coletivo o qual no Capítulo XIV,
seria o taxista, desta forma é importante destacar, conforme indica dos artigos 734 ao
Diniz (2018), que o Código Civil no Capítulo XIV, dos artigos 734 ao 756 dispõe sobre
756 dispõe sobre a responsabilidade dos diversos tipos de transportes a responsabilidade
(pessoas e coisas), na ocorrência de acidente de trânsito com dois dos diversos tipos
de transportes
veículos particulares, será denominado de responsabilidade aquiliana
(pessoas e coisas),
ou extracontratual, e quando da ocorrência em transportes coletivos na ocorrência de
a denominação será o da responsabilidade contratual e delitual em acidente de trânsito
consonância com este Capítulo do Código Civil, conforme disposto no com dois veículos
artigo 734 do Código Civil: particulares, será
denominado de
O transportador responde pelos danos causados responsabilidade
às pessoas transportadas e suas bagagens, aquiliana ou
salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer extracontratual,
cláusula excludente da responsabilidade. e quando da
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a ocorrência em
declaração do valor da bagagem a fim de fixar o transportes coletivos
limite da indenização (BRASIL, 2012).
a denominação
será o da
Por este artigo fica determinado a relação contratual entre o responsabilidade
passageiro e a respectiva transportadora, também é importante contratual e delitual
transcrever o artigo 735, deste mesmo dispositivo legal: “A em consonância
responsabilidade contratual do transportador por acidente com o com este Capítulo
passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação do Código Civil,
conforme disposto
regressiva”.
no artigo 734 do
Código Civil.
Por esta redação o legislador deixou uma brecha, caso o dono
da transportadora, queira, futuramente ver ressarcido do prejuízo advindo por
ato ilícito ocasionado pelo motorista, por exemplo, que tenha dado causa ao
acidente, e tendo sido evidenciado os elementos da culpa, poderá entrar com
ação regressiva.

É comum em empresas de transporte, que tenham, código de normas ou de


conduta, estabelecer, que na ocorrência de multas dos veículos de propriedade
da transportadora, estas indicarem os respectivos condutores, e cobrar as multas
na folha de pagamento, como forma de coibir os trabalhadores motoristas em
cometer infrações de trânsito, e ainda informar a respeito das possíveis ações
regressivas.

Muitas empresas sérias e responsáveis, além das aplicações punitivas,


possuem programas de capacitação, como forma de educar seus trabalhadores
nas relações de convivência no trânsito, com cursos de Direção Defensiva, Ética,

31
Acidente de Trânsito

relações interpessoais e outras que vão ajudar não somente a empresa, mas
também a sociedade.

Analise o seguinte caso e responda as questões a seguir: A


locadora de veículos “X”, loca o veículo para “B”, que está habilitado,
e em perfeitas condições físicas, porém vem a colidir com outro
veículo porque não prestou atenção na placa de “PARE” (Parada
Obrigatória). O acidente acabou por vitimar o condutor do outro
veículo, levando-o a óbito.

1 Qual será a responsabilidade da locadora neste acidente?


2 O condutor “B” agiu com negligência, imprudência ou imperícia?

Os pressupostos apresentados são a base para que se possa indicar o


responsável pela reparação do dano, independentemente de ter sido por culpa ou
dolo, contudo as provas devem ser irrefutáveis, na seção seguinte será estudado
o acidente de trânsito no âmbito criminal, ou seja, na esfera civil a reparação é
pecuniária, mas este pagamento não eximirá o agente de responder também na
esfera criminal.

O Código de
Trânsito Brasileiro, 2.3 A responsabilidade criminal
estabelece as
punições aos nos acidentes de trânsito
infratores de acordo
com a situação, A reparação material nos acidentes de trânsito é considerada
podendo ser por
como justa, porém não repara de forma alguma os sentimentos
culpa ou dolo, e
tem como princípio dolorosos que deixam nas vítimas e parentes, quando o dano resulta
básico a proteção em mutilações e mortes.
das pessoas,
procurando O Código de Trânsito Brasileiro, estabelece as punições aos
impedir que sejam infratores de acordo com a situação, podendo ser por culpa ou dolo,
cometidas infrações
e tem como princípio básico a proteção das pessoas, procurando
que possam
resultar em danos impedir que sejam cometidas infrações que possam resultar em
físicos, protegendo danos físicos, protegendo a vida humana, a segurança no trânsito e
a vida humana, a preservação do meio ambiente.
a segurança
no trânsito e a De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro - CTB -, em
preservação do
seu artigo 161, infração de trânsito é conceituada como a falta de
meio ambiente.
observação aos preceitos legais relacionados ao trânsito como

32
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

o próprio Código, legislações complementares e as resoluções do CONTRAN,


ficando o infrator sujeito as penalidades e as medidas administrativas
estabelecidas para cada caso.

No item 2.2 estudamos a culpa os seus pressupostos e as diversas


modalidades, agora passaremos a estudar os tipos e espécies penais relativos
aos crimes dolosos. De acordo com Capez (2018), o dolo é a ação voluntária
do agente em querer conscientemente produzir um ato delituoso, nas diversas
tipificações que o compõe, e que, portanto, deverão estar presentes os elementos:
consciência e vontade. As condutas do agente se divide entre duas fases a interna
quando o agente está pensando e preparando o ato, como escolher um veículo
que seja veloz objetivando por exemplo atropelar determinada pessoa, e a fase
externa será a consecução do ato, ou seja, efetivamente praticar o atropelamento.
Seguem transcritos as “espécies de dolo”:

1. Dolo natural: trata-se como designado natural, fazendo parte da


teoria finalista, provido simplesmente dos elementos consciência e da vontade,
desprovido da ilicitude, e isento da culpabilidade.

2. Dolo Normativo: enquanto que no dolo natural encontra-se os dois


elementos consciência e vontade, no normativo acrescenta-se um terceiro
elemento a consciência da ilicitude.

Para Capez (2018), apesar de esclarecer os dois tipos de dolo, entende que o
normativo se encontra “ultrapassado”, e que o dolo a ser considerado é o natural,
uma vez que o agente tem os elementos consciência e vontade e, portanto,
presente o dolo e acrescenta: “querer algo bom ou querer algo ruim configura
dolo do mesmo jeito, pois o dolo consiste em um querer, uma pura manifestação
psicológica” (CAPEZ, 2018, p. 279).

3. Dolo direto ou determinado: este tipo de dolo o agente procura efetivar


a conduta ilícita.

4. Dolo indireto ou indeterminado: este tipo de dolo iremos encontrar o


dolo alternativo e o eventual. No dolo alternativo o agente aceita qualquer tipo
de resultado, e no dolo eventual o sujeito tem consciência, consegue prever o
resultado mesmo não querendo, não se importa se vier a ocorrer.

A seguir, se reproduz a decisão de processo onde está presente o dolo


eventual, veja que o Magistrado desconsiderou a tipificação dolo eventual, e
tipificando o caso como homicídio culposo por entender que não se pode para
qualquer caso, imputar ao agente delituoso responder como dolo eventual, caso
este que seria julgado frente a um júri popular, e exemplifica que consideraria

33
Acidente de Trânsito

como dolo eventual, caso agente estivesse propositalmente dirigindo de forma


perigosa, ou se estivesse totalmente embriagado.

Tema: Homicídio. Embriaguez ao volante. Dolo eventual. Ausência de


circunstâncias excedentes ao tipo. Desclassificação. Homicídio culposo.

De início, pontua-se que considerar que a embriaguez ao volante, de per


si, já configuraria a existência de dolo eventual equivale admitir que todo e
qualquer indivíduo que venha a conduzir veículo automotor em via pública com a
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool responderá por
homicídio doloso, ao causar, por violação a regra de trânsito, a morte de alguém.
Não se descura que a embriaguez ao volante é circunstância negativa que deve
contribuir para a análise do elemento anímico que move o agente. Todavia, não
é a melhor solução estabelecer-se, como premissa aplicável a qualquer caso
relativo a delito viário, no qual o condutor esteja sob efeito de bebida alcóolica,
que a presença do dolo eventual é o elemento subjetivo ínsito ao comportamento,
a ponto de determinar que o agente seja submetido a Júri Popular mesmo que não
se indiquem quaisquer outras circunstâncias que confiram lastro à ilação de que
o acusado anuiu ao resultado lesivo. O estabelecimento de modelos extraídos
da práxis que se mostrem rígidos e impliquem maior certeza da adequação
típica por simples subsunção, a despeito da facilidade que ocasionam no exame
dos casos cotidianos, podem suscitar desapego do magistrado aos fatos sobre
os quais recairá a imputação delituosa, afastando, nessa medida, a incidência
do impositivo direito penal do fato. Diferente seria a conclusão se, por exemplo,
estivesse o condutor do automóvel dirigindo em velocidade muito acima do
permitido, ou fazendo, propositalmente, zigue e zague na pista, ou fazendo
sucessivas ultrapassagens perigosas, ou desrespeitando semáforos com sinal
vermelho, postando seu veículo em rota de colisão com os demais apenas para
assustá-los, ou passando por outros automóveis “tirando fino” e freando logo
em seguida etc. Enfim, situações que permitissem ao menos suscitar a possível
presença de um estado anímico compatível com o de quem anui com o resultado
morte. Assim, não se afigura razoável atribuir a mesma reprovação a quem
ingere uma dose de bebida alcoólica e em seguida dirige em veículo automotor,
comparativamente àquele que, após embriagar-se completamente, conduz
automóvel na via.
Processo: Resp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por maioria,
julgado em 21/11/2017, Dje 26/03/2018. Direito Penal.
FONTE: Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/
externoinformativo/?acao=pesquisar&livre=ACIDENTE+D
E+TR%C2NSITO&operador=e&b=INFJ&thesaurus=JURI
DICO&p=true>. Acesso em: 27 nov. 2018.

34
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Leia a decisão e responda: Você tem o mesmo entendimento


do Magistrado, considera que o agente que dirigir após ter ingerido
algumas doses de bebida alcóolica, não deve ser enquadrado com a
tipificação dolo eventual e, sim, como homicídio culposo?

Mirabete e Fabrini (2018, p. 48), em seus estudos indicam que a jurisprudência


tem se posicionado, a respeito do tema, onde será possível tipificar como o dolo
eventual nos casos em que o agente se apresentar “totalmente alcoolizado”.

Após conhecermos alguns tipos de dolos, vamos estudar a culpa na tipificação


penal, que será precedida de um julgamento de valor, pois seria impossível o
legislador descrever todas as condutas delituosas e, portanto, neste caso estamos
diante da denominada culpa aberta, da mesma forma que será necessário que o
resultado ocorra de forma involuntária, necessitando ser materializado, conforme
Capez (2018, p. 182), são seis os elementos que identificam o fato típico culposo:

1. Conduta voluntária.
2. Resultado involuntário.
3. Nexo causal.
4. Tipicidade.
5. Previsibilidade objetiva.
6. Atitudes de negligência, imprudência e imperícia.

Será tipificado como homicídio culposo qualificado, de acordo com o


que dispõe o Código Penal no artigo 121 parágrafos quarto, onde a pena será
aumentada caso o agente delituoso não prestar de imediato socorro, ou ficar
configurado que agiu sem observar a “regra técnica da profissão”, e responderá
por homicídio doloso quando o agente poderia ter evitado a morte da vítima, com
a prestação de socorro e não o faz (MIRABETE; FABRINI, 2018).

O artigo 291 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB -, esclarece que caso


não haja tipificação no referido Código, deverá ser utilizado as normas gerais do
Código Penal, do Código de Processo Penal e a Lei n° 9.099 de 26/09/1995, que
trata dos juizados Especiais Cíveis e Criminais.

O CTB, procurou tipificar o máximo possível os atos ilícitos provocados pelos


condutores de veículos, ficando para o Código Penal e Processual Penal, alguma
situação que não esteja contemplada no referido ordenamento jurídico, pois é
impossível o legislador determinar todas as tipificações delituosas, e dependendo

35
Acidente de Trânsito

do caso, serão utilizados juízo de valor, para determinar a medida punitiva a ser
aplicada ao infrator.

1 Cite três exemplos de infrações de trânsito onde o infrator poderá


responder criminalmente com detenção.

Como vimos na Seção 2, item 2.1, o Código de Trânsito Brasileiro


vem evoluindo objetivando reduzir as infrações de trânsito, e com
isto a prevenção da vida humana. No Quadro a seguir vamos estudar
as tipificações dos crimes e das penalidades que são atribuídas aos
agentes delituosos em consonância com o referido Código.

QUADRO 3 – CRIMES DE TRÂNSITO

ARTIGOS TIPIFICAÇÃO PENAS


Detenção, de dois a quatro anos, e
suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir
Homicídio culposo
veículo automotor.
§ 1° No homicídio culposo cometido
na direção de veículo automotor, a
pena é aumentada de 1/3 (um terço)
à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Diri-


gir ou Carteira de habilitação;

II Praticá-lo em faixa de pedestres Parágrafos e incisos incluídos pela Lei


ou na calçada; 12.971 de 2014.

III - deixar de prestar socorro, quan-


do possível fazê-lo sem risco pes-
302 soal, à vítima do acidente;

IV - no exercício de sua profissão ou


atividade, estiver conduzindo veículo
de transporte de passageiros
Penas - reclusão, de cinco a oito anos,
§ 3o Se o agente conduz veículo e suspensão ou proibição do direito de
automotor sob a influência de álcool se obter a permissão ou a habilitação
ou de qualquer outra substância psi- para dirigir veículo automotor.
coativa que determine dependência:
Incluído pela Lei n° 13.546 de 2017.

36
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Detenção, de seis meses a dois anos


Lesão corporal culposa na direção e suspensão ou proibição de se obter a
de veículo automotor. permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um
terço) à metade, se ocorrer qualquer
das hipóteses do § 1o do art. 302.
§ 2o A pena privativa de liberdade é
303 de reclusão de dois a cinco anos,
sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo, se o agente
conduz o veículo com capacidade Estes parágrafos foram incluídos pela
psicomotora alterada em razão da Lei n° 13.546 de 2017.
influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine
dependência, e se do crime resultar
lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima.
Deixar de prestar socorro, ou solici-
tar auxilio a autoridade pública.
Parágrafo único. Incide nas penas Detenção, de seis meses a um ano, ou
previstas neste artigo o condutor do multa, se o fato não constituir elemento
304 de crime mais grave.
veículo, ainda que a sua omissão
seja suprida por terceiros ou que
se trate de vítima com morte in-
stantânea ou com ferimentos leves.
Afastar-se o condutor do veículo do
local do acidente, para fugir à re- Detenção, de seis meses a um ano, ou
305
sponsabilidade penal ou civil que lhe multa.
possa ser atribuída:

37
Acidente de Trânsito

Conduzir veículo automotor com Detenção, de seis meses a três anos,


capacidade psicomotora alterada multa e suspensão ou proibição de
em razão da influência de álcool ou se obter a permissão ou a habilitação
de outra substância psicoativa que para dirigir veículo automotor.
determine dependência:
§ 1o As condutas previstas no ca-
put serão constatadas por:
I - concentração igual ou superior a
6 decigramas de álcool por litro de
sangue ou igual ou superior a 0,3
miligrama de álcool por litro de ar
Incluída pela Lei n° 12.760 de 2012
alveolar; ou
II - sinais que indiquem, na forma
306 disciplinada pelo Contran, alteração
da capacidade psicomotora.
§ 2o A verificação do disposto neste
artigo poderá ser obtida mediante
teste de alcoolemia ou toxicológico,
exame clínico, perícia, vídeo, prova
testemunhal ou outros meios de pro-
va em direito admitidos, observado o
direito à contraprova. Incluída pela Lei 12.971 de 2014
§ 3o O Contran disporá sobre a
equivalência entre os distintos testes
de alcoolemia ou toxicológicos para
efeito de caracterização do crime
tipificado neste artigo.
Conduzir veículo mesmo estando Detenção, de seis meses a um ano e
suspenso ou impedido legalmente multa, com nova imposição adicional
de dirigir. de idêntico prazo de suspensão ou de
Parágrafo único. Nas mesmas pe- proibição.
307 nas incorre o condenado que deixa
de entregar, no prazo estabelecido
no § 1º do art. 293, a Permissão
para Dirigir ou a Carteira de Habili-
tação.

38
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Participar, na direção de veículo au- Detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três)


tomotor, em via pública, de corrida, anos, multa e suspensão ou proibição
disputa ou competição automobilísti- de se obter a permissão ou a habilita-
ca ou ainda de exibição ou demon- ção para dirigir v e ícu l o automotor.
stração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada
pela autoridade competente, geran-
do situação de risco à incolumidade
pública ou privada:

O Caput deste artigo sofreu alter-


ação pela Lei n° 13.546 de 2017.
§ 1o Se da prática do crime previsto
no caput resultar lesão corporal de
natureza grave, e as circunstâncias
308
demonstrarem que o agente não
quis o resultado nem assumiu o ris-
co de produzi-lo, a pena privativa de
liberdade é de reclusão, de 3 (três) a
6 (seis) anos, sem prejuízo das ou-
tras penas previstas neste artigo. Parágrafos incluídos pela Lei 12.971
de 2014.
§ 2o Se da prática do crime previsto
no caput resultar morte, e as cir-
cunstâncias demonstrarem que o
agente não quis o resultado nem as-
sumiu o risco de produzi-lo, a pena
privativa de liberdade é de reclusão
de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem
prejuízo das outras penas previstas
neste artigo.
Conduzir veículo sem Carteira Na-
Detenção, de seis meses a um ano, ou
309 cional de Habilitação, ou tendo sido
multa.
cassado.
Entregar a direção para condutor
não habilitado, cassado, suspen- Detenção, de seis meses a um ano, ou
310
so, alcoolizado, ou seja, que sem multa.
condições física ou psíquica.
Conduzir o veículo acima dos limites
legais em locais próximos a grandes Detenção, de seis meses a um ano, ou
311
circulações de pessoas, como esco- multa.
las e hospitais.
Alterar de forma artificial o local de
acidente com intuito de levar a erro,
o agente policial, perícia e juiz.
Parágrafo único. Aplica-se o dispos- Detenção, de seis meses a um ano, ou
312
to neste artigo, ainda que não inicia- multa.
dos, quando da inovação, o proced-
imento preparatório, o inquérito ou o
processo aos quais se refere

39
Acidente de Trânsito

Para os crimes relacionados nos


arts. 302 a 312 deste Código, nas
situações em que o juiz aplicar a
substituição de pena privativa de
liberdade por pena restritiva de di-
reitos, esta deverá ser de prestação
de serviço à comunidade ou a en-
tidades públicas, em uma das se-
guintes atividades:

I - trabalho, aos fins de semana, em


equipes de resgate dos corpos de
bombeiros e em outras unidades
móveis especializadas no atendi-
mento a vítimas de trânsito; Artigo incluído pela Lei n° 13.281 de
312-A
2016.
II - trabalho em unidades de pron-
to-socorro de hospitais da rede
pública que recebem vítimas de
acidente de trânsito e politrauma-
tizados;

III - trabalho em clínicas ou institu-


ições especializadas na recuper-
ação de acidentados de trânsito;

IV - outras atividades relacionadas


ao resgate, atendimento e recuper-
ação de vítimas de acidentes de
trânsito.
FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997).

O Código de
Trânsito Brasileiro,
O Código de Trânsito Brasileiro, além das punições aplicáveis
além das punições
aplicáveis conforme conforme descrito no Quadro 2, os motoristas infratores ainda
descrito no Quadro serão passíveis de multas pecuniárias de acordo com a categoria,
2, os motoristas e pontuações que levam estes condutores a terem que fazer cursos
infratores ainda de reciclagens e ainda cassação ou suspensão do direito de dirigir,
serão passíveis de conforme demonstrado no Quadro a seguir:
multas pecuniárias
de acordo com
a categoria, e
pontuações que
levam estes
condutores a terem
que fazer cursos
de reciclagens e
ainda cassação ou
suspensão do direito
de dirigir.

40
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS PONTOS E MULTAS


PONTOS
INFRAÇÃO Multa pecuniária² em 10/2018
Artigo 259
Artigo 259 CTB¹ Artigo 258 e incisos CTB
CTB
GRAVÍSSIMAS 7 R$293,47
GRAVES 5 R$195,23
MÉDIAS 4 R$130,16
LEVE 3 R$88,38
FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997).
¹CTB – Código de Trânsito Brasileiro
²Conforme Artigo 319-A-(CTB), os valores das multas poderão ser corrigidos pelo
CONTRAN, respeitado o limite de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), no exercício anterior.

O Quadro 4, fixa as multas que deverão ser pagas pelo agente


O Quadro 4, fixa as
delituoso de acordo com a gradação do ilícito cometido, se cometer multas que deverão
uma infração “gravíssima”, sofrerá fatores multiplicadores, de 2 ser pagas pelo
(duas) vezes, por exemplo, no caso de dirigir veículo com Carteira agente delituoso
Nacional de Habilitação, de categoria somente “B”, e estar dirigindo de acordo com a
uma moto que é de categoria “A” - (Artigo 162 inciso III, CTB/1997) gradação do ilícito
cometido.
- o valor a ser pago neste caso será de R$ 586,94. Outro exemplo
é a hipótese do artigo 165-A, quando o agente se nega a realizar o
famoso “bafômetro”, ou testes e exames clínicos para verificar, por exemplo, o
teor de alcoolemia, a infração é gravíssima, com o fator multiplicador em 10 (dez)
vezes, e suspensão de dirigir pelo período de 12 (doze) meses, cabendo ainda à
aplicação de medida administrativa, com o recolhimento da Carteira de habilitação
e a retenção do veículo, e caso o agente venha a rescindir no prazo de 12 (doze)
meses nesta mesma infração, a multa será dobrada, ou seja, o fator multiplicador
passa a ser de 20 (vinte) vezes.

Estes fatores multiplicadores podem chegar a até 60 (sessenta vezes), cujo


valor atualmente chegaria em R$ 17.608,20, ou seja, nos casos de reincidências,
os valores vão dobrando.

A suspensão de dirigir pode ser por somatória de pontos, quando o infrator


atingir a contagem de 20 (vinte) pontos, no período de doze meses, conforme
dispõe o artigo 261 do CTB/1997, podendo a suspensão ser de 6 (seis) meses a
1 (um) ano, de acordo com a infração cometida, e da mesma forma sendo de 8
(oito) meses a 2 (dois) anos.

41
Acidente de Trânsito

A suspensão será
direta, quando o
infrator em um
único ato delituoso
consegue atingir os A suspensão será direta, quando o infrator em um único ato
20 (vinte) pontos, delituoso consegue atingir os 20 (vinte) pontos, um exemplo seria a
um exemplo seria
ocorrência de disputas de corridas em vias públicas sem autorização
a ocorrência de
disputas de corridas do órgão público competente.
em vias públicas
sem autorização
do órgão público
competente.

Leia o Capítulo XV – Das Infrações do Código de Trânsito


Brasileiro, e conheça as infrações, penalidades e medidas
administrativas, acessando ao link: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L9503.htm>.

Agora que já compreendemos como são responsabilizados os agentes


infratores nas esferas criminais, cíveis e os enquadramentos do CTB, vamos
conhecer, na próxima seção os envolvidos nos acidentes de trânsito.

3 CONSIDERAÇÕES GERAIS E OS
ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE
TRÂNSITO
Nesta Seção vamos estudar quais são os envolvidos no acidente do trânsito,
cujo destaque será o fator humano concorrendo para a efetivação do sinistro.

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS


Nas duas Seções iniciais da presente obra, foi possível analisar e
compreender a aplicação de medidas disciplinares para aqueles que cometem
alguma ação infratora, punições que alcançam as pessoas que deram causa ao

42
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

referido ato, bem como o quantum indenizatório objetivando a reparação do dano


patrimonial ou até mesmo moral, e agora vamos passar para a verificação do
local do acidente.

Como vimos, a investigação dos acidentes de trânsito, deverá ser o mais


preciso possível, devendo ser mapeado de forma pormenorizada, o local do
acidente e o seu entorno, o tipo de acidente, com vítimas ou sem vítimas, e quem
são os envolvidos, em caso de vítimas a situação que se encontram, e se houver
diversos envolvidos se há riscos de explosões e vazamento.

Desta forma, nesta Seção, vamos analisar o principal fator que provoca os
acidentes de trânsito: o Fator Humano.

3.2 OS ENVOLVIDOS NOS


ACIDENTES DE TRÂNSITO
Com relação aos envolvidos nos acidentes de trânsito, será
É possível verificar
analisado o fator humano, se voltarmos na Seção 2 da presente que o legislador
obra, no Quadro 2, é possível verificar que o legislador em relação em relação ao
ao Código de Trânsito Brasileiro, procurou apresentar diversas Código de Trânsito
hipóteses que envolvem o condutor no acidente de trânsito, como Brasileiro, procurou
dirigir alcoolizado ou sob dependência de substâncias que alterem a apresentar diversas
hipóteses que
sua psique, que consequentemente reduzem os reflexos.
envolvem o condutor
no acidente de
Esta relação de hipóteses de forma alguma é taxativa, pois com trânsito, como dirigir
certeza haverá outras que não estejam neste rol, mas que o infrator alcoolizado ou
deverá responder, como por exemplo provocar acidente porque sob dependência
estava sonolento, mesmo não estando sob o efeito de qualquer de substâncias
medicamento ou droga, o motorista deve conhecer e respeitar os que alterem a
sua psique, que
limites do seu corpo, pois caso contrário, estará sendo negligente
consequentemente
ignorando a sua condição, e se colocando em risco, bem como reduzem os reflexos.
colocando em risco as demais pessoas que possam a vir se envolver
no sinistro.

Segundo o Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN -, quando


o veículo se encontra em uma velocidade 80 km/h, o percurso percorrido pelo
veículo será de 22 (vinte e dois) metros, em um segundo. Se houver a ocorrência
de algum imprevisto, e o condutor tiver que frear o veículo, serão necessários 44
(quarenta e quatro) metros, necessitando das habilidades técnicas para a parada
completa do veículo, bem como tomar a decisão correta para impedir o acidente,

43
Acidente de Trânsito

assim se o motorista não estiver em condições físicas adequadas


Conduzir o veículo
para este momento, com certeza ocorrerá o infortúnio.
não é tão simples
como parece,
depois de estarmos Conduzir o veículo não é tão simples como parece, depois de
habituados, a dirigir estarmos habituados, a dirigir por exemplo todos os dias, somos
por exemplo todos imbuídos de uma falsa segurança, no qual nos permite pensar
os dias, somos que podemos dirigir de qualquer forma, mesmo cansados, depois
imbuídos de uma
de ter ingerido bebida alcóolica, ou estando sob o efeito de uso de
falsa segurança,
no qual nos medicamentos, cuja bula adverte para a restrição de concentração,
permite pensar que sair com o veículo após ter participado de discussões que nos deixa
podemos dirigir de profundamente abalado, a ingestão de alimentos que provocam
qualquer forma. sonolência, atender o celular, assistir televisão, ficar olhando para
o GPS, ouvir música com o volume tão alto impossibilitando escutar
os sons de dentro do próprio veículo, dentre diversos outros fatores
A Organização que comprometem a nossa capacidade de concentração ao dirigir
Mundial da Saúde (DENATRAN, 2005).
- OMS -, identificou
que 90% (noventa
por cento), dos A Organização Mundial da Saúde - OMS -, identificou que
acidentes de trânsito 90% (noventa por cento), dos acidentes de trânsito com mortes, em
com mortes, em países de baixa e média renda, são motivados por fatores humanos,
países de baixa o estudo também mostrou que os acidentes de trânsito representam
e média renda, o principal fator de mortalidade, dentre as dez principais causas
são motivados por
de morte, no mundo, de jovens na faixa etária entre 15-29 anos,
fatores humanos,
o estudo também ocorridos no ano de 2012 (OMS, 2015. p. 1-2).
mostrou que os
acidentes de trânsito
representam o
principal fator de
mortalidade, dentre Conheça mais sobre a situação sobre
as dez principais acidentes de trânsito, em nível mundial,
causas de morte, no acessando ao relatório da Organização
mundo, de jovens Mundial da Saúde - OMS - disponível no
na faixa etária link: <http://www.who.int/violence_injury_
entre 15-29 anos,
prevention/road_safety_status/2015/
ocorridos no ano de
2012 (OMS, 2015. Summary_GSRRS2015_POR.pdf>.
p. 1-2).

Por meio desta pesquisa é possível verificar que a falha humana está
presente na maioria dos acidentes de trânsito, impulsionadas pelos atos
inseguros praticados pelos condutores de veículos, assim cada vez mais se faz
importante a educação no trânsito, como o próprio Código Nacional de Trânsito
Brasileiro, dispõe no Capítulo VI, artigos 74 ao 79, defendendo a importância

44
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

da conscientização dos atuais e futuros condutores, para que seja


O condutor precisa
possível mudar este cenário triste que assola o nosso país e de outros compreender
também, pois de acordo com os indicadores apresentados pela OMS, a necessidade
verifica-se que trata-se de um problema universal. de dirigir
defensivamente,
De nada adianta veículos e vias mais seguras se o homem não mantendo atenção
para que possa
mudar a sua conduta ao volante. O condutor precisa compreender
perceber com
a necessidade de dirigir defensivamente, mantendo atenção para antecedência
que possa perceber com antecedência segura a possibilidade de um segura a
possível acidente, condição que o possibilitará agir preventivamente possibilidade de um
e promover a necessária correção a fim de impedir o acidente. possível acidente,
condição que o
possibilitará agir
Avançando nestas análises, no que concerne o fator humano,
preventivamente
encontramos além do condutor também os passageiros, pedestres e e promover a
os condutores de veículos sem tração motorizada. necessária correção
a fim de impedir o
acidente.

Imagine você dirigindo o seu veículo, e no seu interior ocorre


uma desordem ou até mesmo briga entre os passageiros, qual seria
a sua conduta?

Os passageiros devem se portar de forma a não perturbar, ou tirar a atenção


do condutor, assim também cabe ao condutor antes de iniciar a viagem verificar
por exemplo se tiver que transportar crianças se estão corretamente sentadas
em cadeirinhas e afiveladas ao cinto de segurança, conforme prevê o Código
Nacional de Trânsito - CNT - em seus artigos 64 e 65, e a Resolução CONTRAN,
n° 277, de 28 de maio de 2008, que crianças menores de dez anos deverão ser
transportadas no banco traseiro, conforme os sistemas que são apresentadas na
referida Resolução (BRASIL, 2008).

O CTB ainda prevê em seu artigo 168 que o transporte irregular de crianças
menores de 10 (dez) anos, importará em infração gravíssima, multa e a retenção
do veículo até que sanada a irregularidade (BRASIL, 1997).

Com relação ainda aos passageiros, o condutor deverá verificar em


conformidade com o CRV Certificado de Registro do Veículo - o limite de pessoas

45
Acidente de Trânsito

que poderão ser transportadas, pois configura infração caso seja


É importante
destacar que o desrespeitado estes limites, em relação as motocicleta, motoneta e
Brasil, com relação ciclomotor, o artigo 244 do CTB, dispõe sobre as infrações que serão
aos transportes imputadas aos condutores quando desrespeitarem os equipamentos
coletivos e de segurança como o capacete, e o transporte de passageiros
cargas, possui a (BRASIL, 1997).
Agência Nacional
de Transportes
Terrestres - ANTT É importante destacar que o Brasil, com relação aos transportes
-, criada pela Lei coletivos e cargas, possui a Agência Nacional de Transportes
n° 10.233 de 5 de Terrestres - ANTT -, criada pela Lei n° 10.233 de 5 de junho de 2001,
junho de 2001, presente em todo território nacional, e se fazendo presente por meio
presente em todo de Unidades Regionais e Postos de Fiscalização, o seu objetivo
território nacional,
é regular, supervisionar, e fiscalizar as prestações de serviços e
e se fazendo
presente por meio de exploração de transportes, que são concedidas a terceiros,
de Unidades assim este órgão possibilitará além das necessárias regulações e
Regionais e Postos concessões, procederá pesquisas e análises de indicadores para
de Fiscalização. auxiliar na adequação dos diferentes tipos de modais coletivos
presentes no Brasil. (BRASIL, 2001).

Estes são alguns exemplos que devem ser respeitados pelos condutores no
que se refere ao transporte de passageiros, agora vamos analisar alguns casos
que se relaciona aos pedestres, ou seja, pessoas que podem se envolver em
acidentes que estão circulando em vias públicas.

O Código de
O Código de Trânsito Brasileiro no Capítulo IV, dispõe a respeito
Trânsito Brasileiro
no Capítulo IV, da conduta a ser seguida pelos pedestres, e os condutores de
dispõe a respeito veículos sem tração motora, artigos 68 ao 71.
da conduta a ser
seguida pelos Estes artigos evidenciam a imposição da ordem e respeito
pedestres, e os que deverão ser seguidas nas vias de circulações, objetivando a
condutores de
segurança dos que estiverem em posição vulnerável, em relação aos
veículos sem tração
motora, artigos 68 que estiverem conduzindo veículos, é uma forma de fazer com que
ao 71. haja uma convivência pacifica e harmoniosa conforme representada
na Figura a seguir:

46
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

FIGURA 2 – CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES.

FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997).

O artigo 68 nos demais incisos e letras orienta os pedestres de como deverão


proceder enquanto estiver circulando em vias, cruzamentos, interseções, bem
como obedecendo as placas e faixas de sinalizações.

Os artigos 69 e 71 ensina os pedestres qual deve ser a conduta correta em


caso de cruzar pista de rolamento, conforme demonstrado na figura a seguir:

FIGURA 3 – PISTA DE ROLAMENTO.

FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997).

Interessante observar que o ciclista quando estiver empurrando


Interessante
a bicicleta deverá atender a legislação na condição de pedestre. observar que o
(BRASIL, CTB, Art. 68 § 1°). ciclista quando
estiver empurrando
Por estas orientações é possível concluir que o Código de a bicicleta deverá
Trânsito Brasileiro, não somente impõe penalidades e multas, mas atender a legislação
na condição de
também orienta os condutores de veículos e pedestres, a circularem
pedestre. (BRASIL,
pelas vias públicas de forma segura, no próximo item passaremos a CTB, Art. 68 § 1°).
analisar quando não observados estas orientações, as pessoas se

47
Acidente de Trânsito

colocam em condições de risco, podendo provocar o acidente, e na ocorrência


do evento, de que forma deverá ser procedido a formalização do acidente,
possibilitando por meio de levantamentos técnicos analisar quais os fatores que
contribuíram para o acidente de trânsito.

4 O BOAT - BOLETIM DE
OCORRÊNCIA DE TRÂNSITO E A
METODOLOGIA DO LEVANTAMENTO
DO LOCAL DO ACIDENTE
Neste item vamos conhecer o Boletim de Ocorrência de Trânsito denominado
de BOAT, e BAT Boletim de Acidente de Trânsito, que se trata de importante
ferramenta que são utilizadas para diversas finalidades.

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - NBR


10697, o Acidente de Trânsito é descrito da seguinte forma:

“Acidente de trânsito é todo evento não premeditado de que


resulte dano em veículo ou na sua carga e/ou lesões em
pessoas e/ou animais, em que pelo menos uma das partes está
em movimento nas vias terrestres ou áreas abertas ao público.
Pode originar-se, terminar ou envolver veículo parcialmente na
via pública”.

Assim, passaremos a analisar estes eventos que acabam por resultar


em acidente de trânsito, com ou sem vítimas, e que serão necessários serem
relatados em um documento técnico por meio de análise detalhada, identificando
os fatores que levaram a sua ocorrência.

4.1 O BOLETIM DE OCORRÊNCIA DE


TRÂNSITO – BOAT
O Boletim de Ocorrência de Trânsito tem como objetivo descrever de forma
pormenorizado as circunstâncias do acidente, e que servirá para compor os dados
estatísticos que são disponibilizados pelos respectivos órgãos de trânsito, bem
como para ser utilizado como prova no caso das vítimas para requerer reparação,
caso necessário pelas vias judiciais, e para as necessárias indenizações no caso
de acionar o seguro particular caso tenha, e também para o DPVAT – Seguro de
Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres, trata-se

48
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

de um seguro obrigatório que é pago anualmente com a primeira parcela do IPVA


– Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, e que dará direito a uma
indenização para os herdeiros em caso de vítima fatal, pedestres, passageiros e
os condutores de veículos, indenizando em caso de lesões leves ou graves, e que
possam ter trazido algum tipo de invalidez, reembolso das despesas médicas
e hospitalares, pois é financiado pela taxa de licenciamento do DETRAN, os
que tiverem direito a estas indenizações terão o prazo de 3 (três) anos contados
a partir da data do acidente em caso de vítima fatal, e nos casos de invalidez
permanente a partir da data que tomou ciência da invalidez (BRASIL, 1974).

Saiba mais sobre Seguro DPVAT, acessando ao link: <https://


www.seguradoralider.com.br/seguro-dpvat/Perguntas%20
Frequentes>.

O Boletim de Ocorrência de Trânsito também fará o registro dos condutores


que possam ter acarretados danos ao meio ambiente, carros oficiais e ao
patrimônio público.

É importante salientar que o Boletim de Ocorrência de É importante


Trânsito não indica os culpados, mas realiza o registro do acidente salientar que
descrevendo detalhadamente a situação que foi evidenciada no local, o Boletim de
Ocorrência de
assim este instrumento será utilizado como prova para a imputação
Trânsito não indica
das respectivas penas e indenizações. os culpados, mas
realiza o registro
O CTB em seu primeiro Capítulo dispõe em seu artigo 1°, do acidente
§ 3° que os respectivos órgãos e as “entidades componentes do descrevendo
Sistema Nacional de Trânsito”, tem como competência “adotar detalhadamente
a situação que
medidas”, garantindo a todos os interessados um trânsito seguro,
foi evidenciada
desta forma o BOAT, é um formulário utilizado em todo o Brasil, onde no local, assim
cada órgão executivo rodoviário do Estados e o Distrito Federal, este instrumento
irão disponibilizar e orientar a forma de sua confecção, e a sua será utilizado
disponibilização, conforme determina o artigo 22 do CTB (BRASIL, como prova para
1997). a imputação das
respectivas penas e
indenizações.
Conforme esclarecido, o BOAT, será obrigatório quando
na ocorrência do acidente de trânsito com vítimas, sequelas ou
lesões leves, e nos acidentes que há envolvimento de carros oficiais, e os que
ocasionaram danos ao meio ambiente e ao patrimônio público, outra situação que

49
Acidente de Trânsito

deverá ser acionado os órgãos de trânsito, mesmo que não haja danos físicos,
nos casos do condutor estar apresentando estado de alcoolemia ou drogas, ou
não tenha habilitação, e nos casos dos menores de idade, pois estes condutores
estão colocando em risco a sociedade, e infringindo outros dispositivos legais.

O Código de Trânsito Brasileiro, estabelece em seu artigo 176, inciso V,


que será infração gravíssima com multa de cinco vezes, e ainda recolhimento
da habilitação com a consequente suspensão de dirigir quando o condutor que
se envolver em acidente com vítima deixar de identificar-se ao policial e recusar-
se a prestar as devidas informações para que seja feito o boletim de ocorrência
(BRASIL,1997).

Outra atitude a ser penalizada, quando o condutor envolvido no acidente se


evadir do local com o propósito de não ser responsabilizado nas esferas cíveis
e criminais, o artigo 305 do CTB/97, impõe pena de detenção, de seis meses a
um ano e multa, e o Código Penal em seu artigo 135 corrobora com o CTB/97,
tipificando como omissão de socorro, aquele que:

Quando o acidente Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem


somente ocasionou risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
danos materiais nos pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
veículos é facultativo
autoridade pública – pena de detenção de um a seis meses ou
a abertura do BOAT, multa (BRASIL, 1940).
porém caso os
condutores tenham
Quando o acidente somente ocasionou danos materiais nos
seguro, com certeza
a seguradora veículos é facultativo a abertura do BOAT, porém caso os condutores
exigirá o Boletim de tenham seguro, com certeza a seguradora exigirá o Boletim de
Ocorrência, para Ocorrência, para as necessárias indenizações. Sendo que o Boletim
as necessárias de Ocorrência de Trânsito nestes casos poderá ser preenchido por
indenizações. Sendo qualquer pessoa, não necessariamente pelos condutores que deram
que o Boletim de
causa ao acidente.
Ocorrência de
Trânsito nestes
casos poderá Outra medida a ser adotada, obrigatoriamente pelos condutores
ser preenchido quando não há vítimas ou lesões graves e leves, é a remoção
por qualquer dos veículos da via, para que seja desobstruído o local, quando
pessoa, não o condutor não o faz, estará infringindo a legislação de trânsito e,
necessariamente
portanto, passível de multa, e caracterizado como infração leve,
pelos condutores
que deram causa ao conforme estabelece o Artigo 178 do CTB/97.
acidente.
Os acidentes de trânsito em rodovias federais, ocorridos
conforme os casos abaixo identificados, o formulário a ser preenchido é
denominado de Boletim de Acidente de Trânsito - BAT -, que deverá ser preenchido
obrigatoriamente, no momento da ocorrência perante a autoridade competente,

50
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

que se apresentar como responsável, conforme orientação da Polícia Rodoviária


Federal, no prazo de 60 (sessenta dias):

• Acidentes com vítimas fatais e lesões corporais leves e graves;


• Quando tiver mais de cinco veículos envolvidos;
• Ocorrência de danos ao patrimônio público;
O BAT é
• Ocorrência com carros oficiais; disponibilizado via
• O acidente tenha ocorrido com veículos que estejam o link da Polícia
transportando cargas perigosas. Federal, no site:
<www.prf.gov.br/
O BAT é disponibilizado via o link da Polícia Federal, no site: novobat/consultar>,
no qual o
<www.prf.gov.br/novobat/consultar>, no qual o interessado deverá
interessado deverá
digitar o número do protocolo, que é fornecido pela autoridade digitar o número
competente que atendeu a ocorrência. do protocolo,
que é fornecido
No caso de o acidente de trânsito não estar enquadrado nos pela autoridade
casos anteriores, é possível proceder a descrição da ocorrência via competente
que atendeu a
internet preenchendo a Declaração de Acidente de Trânsito - DAT -,
ocorrência.
que pode ser acessada no site: <https://www.prf.gov.br/declarante/
publico/duvidas.jsf>.
O Boletim de
As competências da Polícia Rodoviária Federal encontram-se Ocorrência De
descritas no CTB, no artigo 20 e seus incisos, o inciso IV estabelece Trânsito, poderá ser
que uma destas competências é o de “efetuar levantamento dos feito na presença da
locais de acidente de trânsito e dos serviços de atendimento, socorro autoridade policial,
ou seja, no local do
e salvamento das vítimas” (BRASIL, 1997).
acidente, em uma
delegacia policial,
O Boletim de Ocorrência De Trânsito, poderá ser feito na ou via internet
presença da autoridade policial, ou seja, no local do acidente, em nos respectivos
uma delegacia policial, ou via internet nos respectivos órgãos que tem órgãos que tem
competência para a sua confecção, atualmente é comum na maioria competência para
a sua confecção,
dos estados o registro via Delegacias Virtuais.
atualmente é
comum na maioria
O prazo para a abertura do Boletim de Ocorrência de Acidente de dos estados
Trânsito segue a regra estabelecida no Código de Processo Penal em o registro via
seu artigo 38: Delegacias Virtuais.

Salvo disposições em contrário o ofendido, ou seu representante


legal, decairá no direito de queixa ou representação, se não o
exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em
que vier a saber quem é o autor do crime ou no caso do Artigo
29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento de
denúncia (BRASIL,1941).

51
Acidente de Trânsito

Analise os casos a seguir, e identifique qual o boletim que


deverá ser preenchido, e se é obrigatório ou não:

1 Acidente sem vítimas e sem danos materiais, ocorrido na SC-


435.
2 Acidente com vítimas e sem danos materiais, ocorrido na BR-101

Conclui-se, o quanto é importante os formulários BOAT e BAT, tanto para


os órgãos competentes, como para as vítimas, para que possam utilizá-lo
futuramente em possíveis demandas, ou para o recebimento dos respectivos
seguros, e auxiliando os órgãos públicos, com indicadores, para aplicação de
ações preventivas.

No próximo item vamos estudar quais os métodos que deverão ser utilizados
nos casos de acidente de trânsito, para o levantamento do local do acidente.

4.2 METODOLOGIAS DO
LEVANTAMENTO DO LOCAL DE
ACIDENTE
Nos itens anteriores foi possível compreender as principais
Sobre o
levantamento do legislações que envolvem o trânsito, e as obrigações dos que
local do acidente de circulam em vias públicas e federais sejam em áreas urbanas e rurais,
trânsito, que é um agora vamos conhecer sobre o levantamento do local do acidente
ato investigativo de de trânsito, que é um ato investigativo de alta complexidade, que
alta complexidade, exigirá dos profissionais conhecimento de diversas áreas como as
que exigirá dos
legislações de trânsito, Matemática, Física e Engenharia de tráfego,
profissionais
conhecimento de ou seja, uma formação que permita a estes profissionais condições
diversas áreas como de identificar o acidente e as suas causas de forma precisa (PMRV
as legislações de - SC).
trânsito, Matemática,
Física e Engenharia O consultor técnico Aragão (2015, p. 5), explica que para o
de tráfego. levantamento do local do acidente, será necessário preliminarmente,
responder três questões:

52
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

1 - O que houve? Ao ser identificado o que houve, deverá ser utilizado para
a sua descrição as nomenclaturas técnicas usuais conforme descritas na tabela
abaixo:

QUADRO 5 - NOMENCLATURAS TÉCNICAS UTILIZADAS


NOS RELATÓRIOS DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

NOMENCLATURA CONCEITO
Quando o veículo se choca contra obstáculos fixos
CHOQUE
como árvores, muros, casas, placas, etc.
Quando por diversos motivos, o veículo gira em torno
CAPOTAMENTO de seu eixo vertical e ao parar ficará na posição da
capota virada para baixo e as rodas para cima.
Quando por diversos motivos, o veículo gira em torno
TOMBAMENTO de seu eixo vertical, e ao parar ficará posicionado lat-
eralmente.
PRECIPITAÇÃO OU Representa a queda livre do veículo por consequência
QUEDA de diversos motivos como manobra brusca.
Quando o veículo sozinho sai para fora da pista, e que
SAÍDA DE PISTA poderá capotar, ou se chocar em algum obstáculo físi-
co, ou até mesmo ocasionar atropelamentos.
Quando dois veículos que estando em movimento
COLISÃO
venham a colidir.
Quando o veículo em movimento vem a se chocar
ABALROAMENTO
com outros veículos que se encontram parados.
Quando o veículo vem a se chocar com pedestres,
animais, serão também serão considerados pedestres
ATROPELAMENTO quando o ciclista, motociclista, ou condutores de car-
roças de tração animal, estiverem empurrando estes
veículos sem tração mecânica.
COLISÃO EM CADEIA Quando envolve diversos veículos é o popularmente
OU SUCESSIVA chamado de “engavetamento”.
FONTE: Adaptado de ARAGÃO (2015, p. 6).

2 - Como aconteceu? Trata-se especificamente da descrição detalhada do


acidente, reproduzindo por meio das narrativas dos envolvidos e de testemunhas,
procurando ser o mais fiel possível em consonância com os fatos efetivamente
ocorridos, que serão transferidos para desenhos e croquis.

3 - Por que aconteceu? Por meio da análise das diversas provas colhidas,
serão identificados quais foram os fatores envolvidos para que o acidente pudesse
ser consumado.

Respondendo a estes questionamentos será possível coletar os dados


dos fatos, como os envolvidos no acidente, os nomes do condutor, passageiro,
pedestres, placa do veículo, as condições climáticas e ambientais no momento do
acidente, as condições da via, as condições psíquicas e físicas do condutor, ou

53
Acidente de Trânsito

seja, a reprodução fiel do momento do incidente, situações que serão descritas


fielmente no BOAT ou BAT, conforme estudado no item 4.1 da presente obra.
Outras informações são de grande importância como identificar se haviam placas
de sinalização no local, ou sinalização semafórica, para que se possa identificar
se um dos condutores poderia ter transgredido um destes dispositivos legais.

Os peritos criminais irão utilizar de dispositivos técnicos para auxiliar na


elucidação do acidente como medidas, fotografias, croquis e exames detalhados.
Para a análise
e investigação Para a análise e investigação dos acidentes de trânsito,
dos acidentes de poderão ser utilizados os princípios das três leis do inglês físico e
trânsito, poderão matemático Isaac Newton, conforme demonstrado no Quadro 5,
ser utilizados os abaixo, que por meio de fórmulas matemática, identificará a força
princípios das três exercida por um objeto em relação ao movimento realizado por este,
leis do inglês físico
que no caso dos acidentes de trânsito determinará qual a velocidade
e matemático Isaac
Newton. se encontrava o veículo no momento do impacto:

QUADRO 6 – LEIS DE NEWTON


Um corpo em repouso ou em movi-
mento retilíneo uniforme permanecerá
1- LEI DA INÉRCIA
nesse estado, se a resultante das
forças que nele atuam for nula.
A taxa de variação temporal da quanti-
dade de movimento de um corpo é igual
2- LEI FUNDAMENTAL DA DINÂMICA
à força resultante nele exercida, e tem a
direção dessa força
Para cada ação existe uma reação igual
3- LEI DA AÇÃO E REAÇÃO
e oposta.
FONTE: Adaptado de ARAÚJO (2013, p. 1).

De acordo com Kleer, Thielo e Santos (1997), sem adentrar na especificidade


dos cálculos, apresenta-se alguns elementos denominados de vestígios do
acidente, onde são utilizados os princípios básicos da matemática e da física em
casos de acidentes de trânsito:

a) Atrito - Pneus com a estrada: utilização dos freios. Dependendo da


forma e a velocidade que serão acionados os freios, bem como analisando o
tipo de freio do veículo, poderá este com o impacto da desaceleração, derrapar e
perder o contato com a via.

b) Colisões: pode ser utilizado o Princípio da Conservação Linear – desde


que seja determinado a trajetória e a velocidade no momento, e posterior ao
impacto dos veículos, e são as marcas da derrapagem que contribuirão com a
velocidade após a colisão.

54
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

c) Projéteis de um veículo: também será possível prever a velocidade do


veículo no momento do impacto, por meio da distância em que foi arremessado
os projéteis do veículo.

d) Frenagem: marca pneumática impressa na superfície asfáltica produzida


pelo aquecimento ao utilizar os freios para a parada do veículo.

e) Derrapagem: a derrapagem é diferente da frenagem – Enquanto na


derrapagem o veículo estará sob ação de dois movimentos, um na direção
longitudinal e o outro na direção transversal, o que ocasionará um movimento
oblíquo.

f) Fricção: são as marcas de contato das partes metálicas do veículo com a


superfície por exemplo do asfalto.

g) Líquidos: verificação de derramamento de óleo, combustível e água


auxiliando identificar qual a trajetória do veículo no momento do acidente.

h) Material Orgânico: neste caso, são materiais desprendidos dos corpos


humanos ou animais envolvidos no acidente.

i) Cargas: materiais perigosos e inflamáveis, que acarretam perigo


eminente no local do acidente, como também implica em poluição, caso haja nas
proximidades por exemplo, córregos e lagos (KLEER; THIELO; SANTOS, 1997).

Estes elementos são extremamente importantes quando os Estes elementos


são extremamente
peritos dos órgãos de trânsito estiverem realizando a descrição
importantes quando
técnica no BOAT ou BAT, ou seja, um processo investigativo do os peritos dos
acidente, devendo ser evitado por estes profissionais a suas órgãos de trânsito
próprias convicções a respeito do acidente, devendo utilizar os estiverem realizando
termos técnicos, como já dissemos este relatório técnico não tem a descrição técnica
como objetivo identificar os culpados, mas relatar os fatos em no BOAT ou BAT, ou
seja, um processo
conformidade com as provas coletadas, que estão sendo analisados
investigativo do
in loco, portanto devem ser objetivas e precisas. acidente, devendo
ser evitado por estes
O relatório também deverá contemplar croquis e fotografias profissionais a suas
objetivando reproduzir o cenário local, ou seja o que está em seu próprias convicções
entorno e que podem ter contribuído para o acidente como as a respeito do
acidente, devendo
características da via, os projéteis que foram arremessados pelo
utilizar os termos
veículo, se há vestígios de derrapagens e frenagens e demais técnicos.
condições a serem reproduzidos por meio de desenhos, ilustrações e
gráficos (ARAGÃO, 2015).

55
Acidente de Trânsito

Para que os peritos possam fazer o levantamento preciso


Para que os peritos
possam fazer o da ocorrência é importante que sejam acionados o mais rápido
levantamento possível os órgãos competentes, para que possam evidenciar no
preciso da local os vestígios do acidente, bem como trocar informações com
ocorrência é outros profissionais que estiverem fazendo o atendimento como
importante que os bombeiros e testemunhas. É fundamental que o local não
sejam acionados
tenha sofrido muitas interferências e alterações, oportunizando as
o mais rápido
possível os órgãos reproduções por meio de fotografias por exemplo (PAULA, 2008).
competentes,
para que possam O Código de Processo Penal (BRASIL, CPP 1941), estabelece
evidenciar no local que a autoridade policial deverá logo que receber a notícia, por
os vestígios do exemplo de um acidente com vítimas, que se desloque para o local
acidente, bem como
para a garantia da preservação, conforme se lê: Artigo 6° - Logo
trocar informações
com outros que tiver conhecimento da prática de infração penal, a autoridade
profissionais que policial deverá: I- Dirigir-se ao local, providenciando para que não
estiverem fazendo o se alterem o estado e conservação das coisas até a chegada dos
atendimento como peritos criminais;
os bombeiros e
testemunhas. A Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina, descreve
uma sequência de procedimentos que serão realizados por esta
autoridade no local do acidente, estas ações podem ser alteradas conforme a
característica do acidente, e em casos de acidentes com produtos perigosos
serão realizados outros procedimentos:

1. Segurança/sinalizar o local;
2. Socorrer as vítimas;
3. Precauções para evitar a extensão do acidente;
3.1 Desligar cabos da bateria se necessário
3.2 Bloquear vazamento de combustível
3.3 Postes com fio ou linhas energizadas;
3.4 Curiosos afastados;
4. Isolar o local (quando houver vítima fatal);
5. Comunicar as autoridades competentes (quando houver vítimas fatais);
6. Marcação:
6.1 Ponto de impacto;
6.2 Posição de repouso final;
6.3 Indícios de vestígios detritos;
7. Remoção dos veículos
8. Limpeza da pista;
9. Liberação do tráfego;
10. Confecção do BOAT;
11. Prender em flagrante quem incorrer em crime.

56
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Para que este roteiro seja seguido com precisão, exige o


É interessante
deslocamento de imediato das autoridades competentes para garantir destacar que na
a segurança das pessoas envolvidas no acidente, bem como para sequência do
a circulação dos demais transeuntes. É interessante destacar que procedimento
na sequência do procedimento está indicado o “afastamento dos está indicado o
curiosos”, que por vezes acabam por gerar outros acidentes, ou até “afastamento dos
curiosos”, que por
mesmo querendo ajudar acaba comprometendo a condição física
vezes acabam
do acidentado, de acordo com as principais premissas de primeiros por gerar outros
socorros, é não movimentar ou retirar as vítimas dos locais de acidentes, ou até
acidente, a não ser que haja risco eminente como o veículo estar mesmo querendo
prestes a pegar fogo, porém sem colocar a sua vida também em risco. ajudar acaba
Outra situação que é comum são os “curiosos”, na intenção de ajudar, comprometendo a
condição física do
retira o capacete do motoqueiro vitimado, acreditando estar dando
acidentado.
uma condição mais confortável, porém o que pode ocorrer é um
deslocamento do pescoço que poderá lesionar de forma irreparável
a coluna.
Assim antes da
Assim antes da chegada das autoridades competentes, é chegada das
necessário que as pessoas tenham consciência de suas atitudes autoridades
competentes, é
para não ocasionar mais infrações e riscos, se estiver envolvido no
necessário que as
acidente, mantenha a calma, garanta a sua segurança e das pessoas pessoas tenham
que estiverem com você, e procure sinalizar o local. consciência de
suas atitudes para
Alguns telefones são importantes para serem utilizados para não ocasionar
as chamadas de socorro dos profissionais habilitados, agilizando na mais infrações e
riscos, se estiver
prestação do atendimento às vítimas:
envolvido no
acidente, mantenha
TELEFONES AUTORIDADES COMPETENTES a calma, garanta
198 Acidentes vias estaduais a sua segurança e
191 Acidentes vias federais das pessoas que
192 SAMU – Acidentes sem vítimas estiverem com você,
SIATE ou bombeiros – são especializados e procure sinalizar
193 o local.
e equipados.

Analise a figura e responda as questões. Serão utilizadas


as legendas/convenções, conforme orientações da Polícia Militar
Rodoviária de Santa Catarina (PMVR-SC, p. 9).

57
Acidente de Trânsito

LEGENDA/CONVENÇÕES:

Questões:

1 Tipo de acidente?
2 Tipo de pista?
3 Descreva os veículos envolvidos.
4 O que houve?
5 Como aconteceu?
6 Por que aconteceu?
7 Cite qual será a autoridade competente para atender ao acidente.

58
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste Capítulo, você conheceu os ordenamentos jurídicos pertinentes à
legislação de trânsito, analisando os principais artigos do Código de Trânsito
Brasileiro - CTB/1997 -, onde foi possível verificar o quanto o estudo deste Código
se faz importante para os enquadramentos das tipificações tanto na esfera Cível
e Criminal.

Foi possível analisar como o fator humano é o principal ator no que diz
respeito ao acidente de trânsito, não sendo o único, como será possível estudar
nos Capítulos seguintes, uma vez que o acidente é a soma de vários fatores, mas
o ápice está na figura humana, que, por vezes, não toma as necessárias ações
preventivas para que pudesse evitar ou mitigar o acidente.

Outros agentes também foram identificados e o seu envolvimento no acidente


de trânsito, como os pedestres e os passageiros dos veículos, que também
contribuem para os acidentes, quando não respeitam o condutor.

O legislador brasileiro tem procurado aprimorar a legislação de trânsito,


buscando deixá-la mais rigorosa, objetivando a segurança das pessoas que é o
bem maior de uma nação.

O CTB de 1997, sofreu diversas alterações nos últimos anos, e tem se


tornado um grande aliado no combate as infrações de trânsito, aumentando o
campo das tipificações, que se alteram de acordo com o desenvolvimento social
e econômico.

Com certeza ainda serão necessárias outras mudanças, já que a tecnologia,


principalmente no campo automobilístico tem avançado a passos largos, mas o
mais importante como já salientamos são as pessoas, que devem mudar as suas
atitudes e, principalmente, estarem conscientes da necessidade de uma exaustiva
educação de trânsito, e mudança nos comportamentos agressivos.

Foi possível identificar, também, como a metodologia a ser utilizada no local


do acidente de trânsito, é um diferencial, quando realizada de forma meticulosa,
objetiva e precisa, para que a descrição do BOAT e do BAT, pelas autoridades
competentes, possam cumprir com a sua missão de relatar o momento do
acidente, auxiliando na elucidação das aplicações das normativas legais.

No Capítulo seguinte, será possível identificar os demais órgãos de trânsito e


o profissional perito e suas atribuições.

59
Acidente de Trânsito

REFERÊNCIAS

ARAGÃO, Ranvier Feitosa. Investigação Pericial em locais de Acidentes de


Trânsito. 1. ed. São Paulo/Campinas: Millenium, 2015.

ARAÚJO, Mariana de. Leis da dinâmica de Newton. Revista de Ciência


Elementar. Volume 1. Outubro a dezembro de 2013. Ciências da Universidade do
Porto. Portugal. Disponível em: <https://www.fc.up.pt/pessoas/jfgomes/pdf/vol_1_
num_1_12_art_leisDinamicaNewton.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.697: Pesquisa


de Acidentes de Trânsito. Junho/1989.

AUTOMÓVEL CLUBE DO BRASIL. Curiosidades históricas da ACDB.


Disponível em: <http://www.automovelclubedobrasil.org.br/Associacao/
HistoriaAutomovel>. Acesso em: 14 out. 2018.

BRANDÃO, Ramon de Lima. O automóvel no Brasil entre 1955 e 1961: a


invenção dos novos imaginários na era JK. Dissertação (Mestrado em História).
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011. Disponível em: <https://
repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf /2476 >. Acesso em: 3 nov. 2018.

BRASIL. Decreto n° 8.324, de 27 de outubro de 1910. Aprova o regulamento


para o serviço subvencionado de transportes por automóveis. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1910-1919/decreto-8324-27-outubro-
1910-527901-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 14 out. 2018.

______. Decreto-Lei n° 2.848 de 7 de dezembro de 1940. Código


Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del2848compilado.htm>. Acesso em: 2 nov. 2018.

______. Decreto-Lei n° 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo


Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 2 nov. 2018.

______. Lei 6.194 de 19 de dezembro de 1974. Dispõe sobre Seguro Obrigatório


de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por
sua carga, a pessoas transportadas ou não. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L6194.htm>. Acesso em: 2 nov. 2018.

______. Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm>.
Acesso em: 14 out. 2018.

60
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

______. Lei n. 10.233 de 5 de junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação


dos transportes aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração
de Políticas de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, a
Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes, e dá outras providências. Disponível em: <http://
www.antt.gov.br/institucional/index.html>. Acesso em: 28 out. 2018.

______. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>.
Acesso em: 20 out. 2014.

______. DENATRAN. Ministério das Cidades. Cartilha Direção Defensiva.


Trânsito Seguro é um direito de todos. Fundação Carlos Chagas. Maio 2005.
Disponível em: <http://detran.am.gov.br/wp-content/uploads/2015/09/direcao_
defensiva.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2018.

______. DENATRAN. Resolução CONTRAN n° 277, de 28 de maio de 2008.


Dispõe sobre o transporte de menores de 10 anos e a utilização do dispositivo
de retenção para o transporte de crianças em veículos. Disponível em: <http://
www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_277.pdf>.
Acesso em: 28 out. 2018.

______. Departamento Nacional de Trânsito. 100 anos de Legislação de


Trânsito no Brasil: 1910 - 2010/Ministério das Cidades, Departamento Nacional
de Trânsito, Conselho Nacional de Trânsito. Brasília: Ministério das Cidades,
2010. Disponível em: <http://www.capacidades.gov.br/biblioteca/detalhar/id/112/
titulo/100-anos-de-legislacao-de-transito-no-brasil-1910---2010#prettyPhoto>.
Acesso em: 30 out. 2018.

______. Lei n° 13,546 de 19 de dezembro de 2017. Altera dispositivos da Lei


no 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para dispor
sobre crimes cometidos na direção de veículos automotores. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13546.htm>.
Acesso em: 3 nov. 2018.

______. Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Ministério da Segurança


Pública. Boletim de Acidente de Trânsito. Disponível em: <https://www.prf.gov.
br/portal/atendimento-a-acidentes/CopiaBAT>. Acesso em: 1° nov. 2018.

BASILEIS, Alexandre. Centro de Formação de Condutores. História, Funções


e Responsabilidades. Clube de Autores. 2016.

61
Acidente de Trânsito

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Volume 1, parte geral. 22 ed. São
Paulo: Saraiva, 2018.

CARRASCO, Walcyr. Fúria no trânsito. Histórias para sala de aula: crônicas


do cotidiano. São Paulo: Moderna, 2010.

CORRÊA, J. Pedro. 20 anos de lições de trânsito no Brasil / J. Pedro Corrêa;


ilustrações Juan Enrique Frias Justiniano. — Curitiba: Volvo, 2009. Disponível
em: <https://pvst.com.br/livro/Livro_20_Anos_de_Licoes.pdf>. Acesso em: 14
out. 2018.

DEELA TORRE, Maria Benedita Lima. O homem e a sociedade: uma introdução


à sociologia. 12. Ed.. São Paulo: Editora Nacional, 1984.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil.


32. Ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

FENABRAVE PARANÁ. Histórico. Disponível em: <http://www.fenabrave-pr.com.


br/institucional/historico/>. Acesso em: 14 out. 2018.

FERRAZ, José M. O desenvolvimento socioeconómico durante a Primeira


República (1910-26). Análise Social. Vol. XI (2.º-3.º), N.º 42-43, 1975.

FUGA, Bruno Augusto Sampaio. Acidentes de Trânsito: responsabilidade civil e


danos recorrentes. 3. Ed. Ver., atual e ampl. Londrina, PR: Editora Thoth, 2018.

GAZIR, Augusto. Trombada histórica. Folha de São Paulo, 22 de janeiro de


1998. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj220116.htm
>. Acesso em 14 out. 2018.

KLEER, Ana Alzira; THIELO, Marcelo Resende; SANTOS, Arion de Castro Kuriz.
A Física utilizada na investigação de acidentes. Departamento de Física
– UFRG – Rio Grande –RS. Cad. Cat. Ens. Fis., v.14,n2: p.160-169, Agosto
1997. Disponível em: <http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/3653/A%20
F%C3%ADsica%20utilizada%20na%20investiga%C3%A7%C3%A3o%20de%20
acidentes%20de%20tr%C3%A2nsito.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2018.

LÍDER, Seguradora. Boletim Estatístico – Seguradora Líder-DPVAT – Ano


8 - Agosto de 2018. Disponível em: <https://www.seguradoralider.com.br/
Documents/boletim-estatistico/BOLETIM-VOL08-AGOSTO-2018.pdf>. Acesso
em: 23 out. 2018.

LÍDER, Seguradora. Seguro DPVAT, Perguntas Frequentes. Disponível em:

62
Capítulo 1 O CENÁRIO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO

<https://www.seguradoralider.com.br/seguro-dpvat/Perguntas%20Frequentes>.
Acesso em: 2 nov. 2018.

LOURENÇO, Ruben Leonardo Nunes. Breves considerações sobre a


responsabilidade civil no trânsito. Publicado em 22/05/2012. Disponível em:
<http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/breves-considera%C3%A7%C3%B5es-
sobre-responsabilidade-civil-no-tr%C3%A2nsito>. Acesso em: 2 nov. 2018.

MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal:


Volume 2: parte especial: arts. 121 a 234-B do CP. 34. ed. Ver e atual. São
Paulo: Atlas, 2018.

MITIDIERO, Nei Pires Crimes de Trânsito. E de circulação extratrânsito,


comentários à parte penal do CTB. São Paulo: Saraiva, 2015.

OLIVEIRA, José Afonso de Sá. Dolo Eventual nos crimes de trânsito


praticados por autor alcoolizado. Monografia apresentada no Curso de Direito
do Centro de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Federal de Campina
Grande. 2015. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/pdf/cj053295.
pdf>. Acesso em: 2 nov. 2018.

OMS - Organização Mundial de Saúde. Relatório Global sobre o Estado da


Segurança Viária 2015. Impresso na França. Disponível em: <http://www.who.
int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2015/Summary_GSRRS2015_
POR.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2018.

PAULA, Max Ernani Borges de. Investigação de Acidentes de Trânsito fatais.


São Paulo: Companhia de Engenharia de Tráfego, 2008. Disponível em: <http://
www.cetsp.com.br/media/56546/btcetsp42.pdf>. Acesso em 3 nov. 2018.

REVISTA BRASILEIRA DE AUTOMÓVEIS E TURISMO. QUATRO RODAS.


Nossos Testes: o DKW. São Paulo, ano 2, Ed 13. p. 80, ago. 1961. Disponível
em: <http://4rturbo.blogspot.com/2012/07/revista-quatro-rodas-agosto-de-1961.
html>. Acesso em 3 nov. 2018.

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA DO CIDADÃO. Polícia


Militar. Batalhão de Polícia Militar Rodoviária. Acidente de Trânsito. Com e Sem
Vítimas. Confecção do BOAT Envolvendo Produtos Perigosos. Estado de Santa
Catarina. Disponível em: <http://intranet.pmrv.sc.gov.br
/jsp/procedimentos.do?method=getDocumento&cd
Publicacao=184&nuSeq=1&nmArquivo=BOAT%20-%20Apostila>.
Acesso em 3 nov. 2018.

63
Acidente de Trânsito

SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico/atualizadores: Nagib Slaibi Filho e


Priscila Pereira Vasques Gomes. 31. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

VÍDEO. Como nasceu o primeiro carro brasileiro (1962). Canal Dana.


Publicado em 20 de março de 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=Fv5dXzOJ6Kk> Acesso em: 4 nov. 2018.

64
C APÍTULO 2
OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE
TRÂNSITO

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Conhecer os envolvidos quando da ocorrência do acidente de trânsito.

 Conhecer os principais fatores que fazem parte dos acidentes.

 Identificar os profissionais e órgãos legais responsáveis pelo tráfego e a perícia.

 Diferenciar os tipos de fatores que concorrem para a ocorrência do acidente de


trânsito.

 Especificar os atores e as atividades desempenhadas pelos profissionais e


órgãos do trânsito.
Acidente de Trânsito

66
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste segundo capítulo vamos identificar outros fatores que são fundamentais
para avaliação do que ocasionou determinado acidente de trânsito. Conforme
analisamos no Capítulo 1, o primeiro fator que se destaca para a ocorrência dos
acidentes de trânsito é o fator humano, e não há como ser diferente, já que o ser
humano é quem se encontra na condição de condutor dos diferentes tipos de
veículos, sejam de tração motora ou animal, pedestre, ciclista, passageiro etc.

Para evitar os sinistros, as pessoas devem seguir as normativas de trânsito,


caso contrário estará agindo com negligência imperícia ou imprudência, como
dirigir o veículo sem condições psíquicas e físicas ou até mesmo quando resolve
emprestar o veículo para uma pessoa que não possui habilitação ou para um
menor de idade.

Os acidentes no trânsito não estão somente ligados às ações do condutor,


podendo ser causados também pela ação do passageiro que se comporta no
interior do veículo de forma inadequada, tirando a atenção e a concentração do
condutor, do pedestre que atravessa a rua sem a devida cautela ou de um animal
silvestre que atravessa a noite em rodovia de intenso tráfego de veículos.

De qualquer forma, é possível perceber que todas estas condições exigem


do condutor uma atenção redobrada e, para tanto, o condutor deverá dirigir
preventivamente, devendo antever os possíveis acontecimentos, a previsibilidade
é a grande aliada para a redução de acidentes provocados por falha humana.
O condutor é quem está no comando, devendo agir como líder dentro do seu
veículo, impondo que os passageiros se comportem, exigindo, por exemplo, o uso
do cinto de segurança.

Contudo há outros fatores que, somados a estas falhas, contribuem para


aumentar situações de risco no trânsito, como quando o veículo apresenta algum
defeito de fábrica, carros usados necessitando de manutenção ou a malha viária
sem condições de circulação, situações climáticas como chuva, neblina ou a noite
quando a visibilidade se torna reduzida em relação ao dia, como passaremos a
analisar com fulcro na Norma Brasileira Regulamentadora - NBR -, específica
para os acidentes de trânsito.

Depois, passaremos a estudar os órgãos competentes do trânsito, que têm


como objetivo informar, educar e advertir os condutores que estejam transgredindo
os ordenamentos jurídicos, são profissionais que manterão a ordem e a disciplina
no trânsito, para que a circulação seja segura. E, finalmente, compreenderemos

67
Acidente de Trânsito

as atribuições do perito criminal atuando nos acidentes de trânsito, e quais a


principais características necessárias para esta função.

2 OS FATORES DO ACIDENTE DE
TRÂNSITO
Antes de iniciarmos os nossos estudos é importante destacar o uso das
Normas Técnicas Brasileiras - NBR -, definidas pela ABNT, Associação Brasileira
de Normas Técnicas, como:

É o documento, estabelecido por consenso e aprovado por


um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e
repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades
Objetivo do ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de
uso de normas ordenação em um dado contexto (ABNT, s.d., s.p.).
padronizadas,
é para que os Analisando esta definição, percebe-se que o objetivo do uso
resultados de de normas padronizadas, é para que os resultados de determinado
determinado
relatório ou laudo técnico alcance eficiência, com alto grau de
relatório ou laudo
técnico alcance qualidade e precisão, como a utilização nos casos de acidentes
eficiência, com alto de trânsito pelas autoridades competentes, para que a mesma
grau de qualidade interpretação e termos técnicos sejam de fácil identificação, por
e precisão, como todos os envolvidos, como é destacado pela NBR 10.697/1989,
a utilização nos que tem como objetivo “definir os termos técnicos na preparação
casos de acidentes
e execução de pesquisas relativas a acidentes de trânsito e
de trânsito pelas
autoridades elaboração de relatórios”.
competentes, para
que a mesma No Brasil, a utilização das Normas Técnicas não é obrigatória,
interpretação e contudo, elas são extremamente úteis para que haja uma
termos técnicos compreensão homogenia por todos os envolvidos. Dessa forma,
sejam de fácil
nos próximos itens passaremos a identificar as definições técnicas
identificação.
da NBR 10.697 (1989, p. 4), em seu item 3.5, que ensina sobre os
“classificadores dos fatores geradores de acidentes”. O primeiro fator indicado é o
fator humano, que já estudamos no capítulo primeiro, e na sequência analisaremos
outros três fatores que influenciam nos acidentes de trânsito: veículo, via e fator
climático.

2.1 FATOR VEÍCULO


De acordo com as estatísticas do Portal Trânsito BR (s.d.), 75% dos
acidentes são causados por falha humana, 12% pelo fator veículo, 6% fator

68
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

via e 7% outros fatores. Os veículos automotores fazem parte dos diversos


tipos de transportes utilizados para viabilizar a locomoção, na execução das
atividades desempenhadas pelas pessoas, podendo atender desde necessidades
relacionadas aos trabalhos profissionais como as destinadas ao lazer.

Segundo Magalhães (2010), as pessoas, sozinhas ou em grupos, para


satisfação das suas necessidades, previamente vão escolher o meio de
locomoção, que pode ser realizada de diversas formas em consonância com
o que se pretende alcançar, levando-se em conta o tempo necessário para a
efetivação da ação, conforme se demonstra na figura a seguir:

FIGURA 1 - TRANSPORTE E SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES

FONTE: Adaptado de Magalhães (2010).

Os vários tipos de transportes apresentam características e legislações


próprias, nesta obra o foco é apresentar os veículos automotores, porém de forma
genérica serão apresentados os três principais transportes do Brasil, por meio do
estudo realizado pela Confederação Nacional de Transportes - Plano CNT de
Transporte e Logística de 2018, que seguem reproduzidos no quadro a seguir:

69
Acidente de Trânsito

QUADRO 1 - PRINCIPAIS MODAIS

Na evolução da quantidade de
passageiros-quilômetros pa-
Código Brasileiro de Aeronáu- gos transportados, no mercado
tica – Lei 7.565/1986 doméstico no período de 2007-
Aéreo 2017 aumentou em 91,4%.
Determina a infraestrutura, (p.37).
e o sistema aeroportuária.
Aeródromos são as áreas
destinadas a pouso, deco-
lagem e movimentação das
aeronaves.
O Brasil no que se refere a este
tipo de transporte, utiliza mais
A Lei nº 9.432/1997 dispõe para servir as indústrias na parte
sobre este transporte, e os de carregamento de cargas.
cinco tipos de navegação:
O Brasil possui 37 portos públi-
1- Longo curso – dos Por- cos organizados, em 17 estados.
tos brasileiros aos es- Dentro do território brasileiro
trangeiros; encontra-se 41.630 km de vias
navegáveis.
Aquaviário 2- Cabotagem – entre portos
do território brasileiro. Para fins de transporte de pas-
sageiros o destaque fica para a
3- Navegação interior – em Região Norte. p.38-39.
percurso nacional ou inter-
nacional.

4- Apoio Marítimo – apoio


logístico para as embar-
cações e instalações em
águas nacionais (Zona
Econômica).

5- Apoio Portuário – realiza-


da somente nos portos e
terminais aquaviários.
Transporte regulado pela Foi um dos principais transportes
Agência Nacional de Trans- do Brasil no Século 19 e início
portes (ANTT). A União por do Século 20. Atualmente con-
meio de licitação concedeu ta com uma extensão total de
em 1996, o período de 30 29.074 km, percorrendo 22 uni-
(trinta) anos que as oper- dades da Federação, em todo o
ações sejam realizadas por território Nacional. Modal mais
meio de empresas privadas. utilizado para cargas. (p.43).
Ferroviário

FONTE: Adaptado do Plano CNT de Transporte e Logística (2018).

70
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Assista ao vídeo “Transporte de cargas do Brasil é um dos mais


caros e ineficientes do mundo”. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=MXYquyXkg0c>. Acesso em: 10 dez. 2018.

Pelo quadro observa-se que estes transportes atendem


Com relação
principalmente a parte de cargas, excetuando a via aérea, que além ao transporte
do transporte de carga, é um importante meio de transporte de público urbano, é
passageiros. necessário destacar
que 50,2% dos
Com relação ao transporte público urbano, é necessário deslocamentos em
território nacional,
destacar que 50,2% dos deslocamentos em território nacional, são
são realizados por
realizados por meio de transporte individual e o coletivo 49,8%, ou meio de transporte
seja, praticamente meio a meio (CNT, 2018, p. 47). individual e o
coletivo 49,8%, ou
A seguir, vamos tratar com mais profundidade sobre a malha seja, praticamente
viária, pois trata-se de outro importante modal no escoamento de meio a meio (CNT,
2018, p. 47).
produção e de circulação das pessoas.

Se você já teve oportunidade de viajar nos diversos tipos de


transportes para passageiros no Brasil, qual ou quais você considera
mais seguro? E, quais deles apresentou melhor infraestrutura tanto
no que diz respeito à circulação, como os aspectos físicos dos locais
de embarque?

A respeito dos veículos automotores, a Associação de Entidades Oficiais da


Reparação de Veículos do Brasil - SINDREPA -, no Anuário 2018, apresentou
indicadores referentes ao total da frota do Brasil em dez anos, onde se observa
crescimento de 32% de veículos automotores, enquanto que a população brasileira
cresceu 9%, ficando evidente que a frota de veículos automotores, cresce mais
que a população, trata-se de um indicador relevante para entendermos porque
existem tantos acidentes de trânsito em nosso país, e de acordo com o que já foi
apresentado, infelizmente a maioria dos acidentes se deram por falha humana,
o que nos leva a concluir que há muita falta de conscientização por parte das

71
Acidente de Trânsito

pessoas, a facilidade em comprar um veículo, retrata ao mesmo tempo a falta de


condição das pessoas em conduzi-los. Nos quadros a seguir é possível identificar
a fabricação de veículos e o crescimento populacional em dez anos.

QUADRO 2 - VEÍCULOS AUTOMOTORES EM NÚMEROS

VEÍCULOS AUTO- % Aumento


2010 2017
MOTORES 10 dez anos
Automóveis 27.493.730 36.699.676 33%
Comerciais leves 4.149.935 5.984.074 44%
Caminhões 1.563.215 1.896.394 21%
Ônibus 418.616 526.960 26%
Motocicletas 12.384.048 15.614.702 26%
Total Geral 46.009.544 60.721.806 32%
FONTE: Adaptado do Anuário da Indústria da Reparação
de Veículos – SINDREPA (2018, p. 23-24)

QUADRO 3 – POPULAÇÃO BRASILEIRA EM NÚMEROS.

% Aumento
REGIÕES BRASIL 2010 2017
10 dez anos
Centro-Oeste 14.050.340 15.875.907 13%
Nordeste 53.078.137 57.254.159 8%
Norte 15.865.678 17.936.201 13%
Sudeste 80.353.724 86.949.714 8%
Sul 27.384.815 29.644.948 8%
Total Geral 190.732.694 207.660.929 9%
FONTE: Adaptado do Anuário da Indústria da Reparação
de Veículos – SINDREPA (2018, p.16).

Apesar da Apesar da importante função que desempenham os transportes


importante função na vida humana, somente a partir do século XX é que foram
que desempenham
estudados com maior interesse (MAGALHÃES, 2010).
os transportes
na vida humana,
somente a partir do Como estudado no início deste item, os veículos automotores
século XX é que que transitam nas vias públicas, constituí o segundo fator contribuinte
foram estudados para os acidentes, competindo ao proprietário a manutenção
com maior interesse periódica, mantendo-o em perfeitas condições para rodar pelas
(MAGALHÃES,
vias. De nada adianta a pessoa estar fisicamente preparada para
2010).
dirigir, se o veículo apresentar defeitos mecânicos ou em caso de
carregamento de cargas, seja em utilitários ou caminhões por
exemplo, se estiver acima do peso, acondicionada de forma irregular ou até
mesmo obstruindo a visão do condutor. Esses exemplos de falhas são atribuídos

72
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

ao fator humano, pois é preciso verificar as condições do veículo antes de tirá-lo


da residência e deslocá-lo para as vias públicas.

De acordo com a Resolução n° 14/98 do CONTRAN - Conselho Nacional


de Trânsito -, os veículos precisam ser dotados de equipamentos obrigatórios e
que estejam em pleno funcionamento. Contudo, muitas vezes, os condutores se
deparam com defeitos mecânicos que não deram causa, podendo ter comprado
direto da concessionária, por exemplo, um modelo zero.

O ente público ciente desta possibilidade, é fundamentado no artigo 196 da


Constituição Federal, que dispõe:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção
e recuperação (BRASIL, 1988).
À responsabilidade
Este dispositivo, remete à responsabilidade do Estado, em do Estado, em
garantir condições que venham a reduzir os riscos as pessoas, garantir condições
preservando a dignidade humana, e o bem maior tutelado pela Carta que venham a
reduzir os riscos
Magna que é a vida humana.
as pessoas,
preservando a
Desta forma, o Estado tem procurando por meio de políticas dignidade humana,
públicas auxiliar na busca destes objetivos, como estabelece, por e o bem maior
exemplo, o Código de Defesa do Consumidor (1990), em seu artigo tutelado pela Carta
10, informando que os fornecedores não poderão colocar à disposição Magna que é a vida
humana.
dos consumidores produtos que possam trazer danos físicos ou
prejuízos para as pessoas, e se após ter colocado no mercado
verificar riscos potenciais, deverá comunicar as autoridades responsáveis e a
sociedade por veiculação publicitária.

O Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, em


2018 lançou o podcast “Brasil em Movimento”, onde a cada 15
(quinze) dias, são realizados debates a respeito da infraestrutura e
desenvolvimento do país.
FONTE: <http://www.transportes.gov.br/component/content/
article/17-ultimas-noticias/7006-minist%C3%A9rio-lan%C3%A7a-
podcast-%E2%80%9Cbrasil-em-movimento%E2%80%9D.html>.
Acesso em: 30 nov. 2018.

73
Acidente de Trânsito

No que tange aos veículos automotores, trata-se dos chamados recall, que no
ano de 2015 representou 70% dos comunicados no Brasil, ou seja, em números
significou mais de 2 milhões de carros que foram instados pelas respectivas
montadoras a realizar os respectivos reparos (BRASIL, 2016).

Entenda mais a respeito de recall, lendo o Guia prático do


fornecedor. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/seus-direitos/
consumidor/saude-e-seguranca/anexos/recall-guia-pratico-do-
fornecedor.pdf>.

A seguir, veja um exemplo da atuação dos julgadores em casos de defeitos


de fabricação:

PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO RETIDO - CPC/1973,


ART. 523, § 1º - AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO -
I- NADMISSIBILIDADE Nos termos no art. 523, § 1º, do
Código de Processo Civil de 1973, para que o agravo retido
seja apreciado é imprescindível que a parte postule o seu
conhecimento nas razões recursais ou na resposta à apelação.
DIREITO DO CONSUMIDOR - VÍCIO DO PRODUTO -
CDC, ART. 18 - AUTOMÓVEL - PERÍCIA CONCLUSIVA
- DEFEITO DE FABRICAÇÃO - RESPONSABILIDADE
DA FABRICANTE - NEGATIVA DE COBERTURA PELA
GARANTIA CONTRATUAL - FALHA DO FORNECEDOR
Devidamente demonstrado por perícia técnica a existência do
vício de fabricação no bem, não sanado pelo fornecedor no
tempo cabível, mostra-se viável o ressarcimento dos danos
devidamente corrigidos e acrescidos de juros legais. VÍCIO
EM VEÍCULO - FABRICANTE - NEGATIVA DE COBERTURA
PELA GARANTIA CONTRATUAL - MERO ABORRECIMENTO
- DANO MORAL - NÃO CARACTERIZAÇÃO A constatação
de vício de fábrica em automóvel, que teve negado o pleito
de cobertura pela garantia contratual, não tem o condão de,
por si só, afetar de sobremaneira o bem-estar psicológico
do adquirente de forma a caracterizar dano moral e ensejar
a obrigação de indenizar do fornecedor. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS - CPC, ART. 85, § 2º - MINORAÇÃO DEVIDA
Em atendimento aos critérios fixados nos incisos I, II, III e IV
do § 2º do art. 85 do Código de Processo Civil, a ausência
de complexidade e a repetitividade da causa recomendam a
fixação dos honorários em 15% sobre o valor da condenação
(TJSC, Apelação Cível n. 0014176-68.2010.8.24.0008, de
Blumenau, rel. Des. Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de
Direito Civil, j. 20-11-2018).
Disponível em: <https://tj-sc.jusbrasil.com.br/

74
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

jurisprudencia/650257278/apelacao-
civel-ac-141766820108240008-blumen Estas situações
au-0014176-6820108240008>. Acesso em: 10 de produtos
dez. 2018. defeituosos,
não somente
Estas situações de produtos defeituosos, não somente com com relação aos
relação aos veículos, passaram a ser um ponto de atenção dos entes veículos, passaram
a ser um ponto
públicos, na busca de mitigar ou impedir que estes produtos continuem
de atenção dos
sendo disponibilizados para a população, tendo sido criado o Grupo entes públicos, na
de Estudos Permanentes de Acidentes de Consumo – GEPAC - por busca de mitigar
meio da Portaria 44/2008 e Portaria 487/2012 (BRASIL, 2012). ou impedir que
estes produtos
Este grupo congrega atualmente os seguintes representantes: continuem sendo
disponibilizados
para a população,
• Secretaria Nacional do Consumidor - SENACON; tendo sido criado o
• Ministério Público Federal em São Paulo; Grupo de Estudos
• Ministério Público Estadual de São Paulo; Permanentes
• Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, da de Acidentes de
Fundação Procon/SP; Consumo – GEPAC
- por meio da
• Instituto de Defesa do Consumidor – IDEC;
Portaria 44/2008 e
• Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Portaria 487/2012
Industrial INMETRO; (BRASIL, 2012).
• Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA;
• Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN;
• Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor – MPCON;
• Defensoria Pública;
• Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor – BRASILCON.

Destacando para os nossos estudos, o representante DENATRAN, atua na


análise das ocorrências de acidentes, e dentre os vários tipos de ocorrências,
aqueles provocados por defeitos mecânicos dos veículos.

Analisando os índices de acidentes ocorridos no período de janeiro a


outubro de 2018, nas rodovias federais, conforme indicadores providos pela
Polícia Rodoviária Federal (s.d.), até o mês de outubro/2018, houveram 135.457
ocorrências, sendo que 6.202 foram decorrentes de defeitos mecânicos, os
indicadores não mostram se foram provocados pela falta de manutenção do
condutor ou por defeitos de fábrica. Contudo, percentualmente respondem por
aproximadamente 5% dos acidentes de trânsito deste período. O gráfico a seguir,
elaborado com base nesses indicadores, ilustra os tipos de veículos envolvidos
nestes acidentes.

75
Acidente de Trânsito

GRÁFICO 1 – ACIDENTES DE TRÂNSITO MOTIVADOS POR DEFEITOS MECÂNICOS

FONTE: <https://www1.prf.gov.br/arquivos/index.php/s/
j9DmamWYOFhwfTB>. Acesso em: 23 jan. 2019.

Pelo gráfico apresentado, os veículos utilizados pelos passageiros,


apresentaram a maior quantidade defeitos mecânicos, o que corrobora com as
políticas públicas de determinar que os fabricantes dos veículos, sejam compelidos
a desenvolver ações preventivas.

Para que possamos Para que possamos compreender a classificação técnica dos
compreender a dos veículos a NBR 6.067/2007, apresenta os veículos rodoviários
classificação técnica automotores, seus rebocados e combinados - classificação,
dos dos veículos a
terminologias e definições.
NBR 6.067/2007,
apresenta os
veículos rodoviários Essas classificações são importantes para compreender as
automotores, nomenclaturas estabelecidas pelos respectivos órgãos competentes
seus rebocados de trânsito, assim como para a elaboração do BOAT, BAT, relatório
e combinados pericial, bem como outros tipos de relatórios que necessitem
- classificação,
identificar o tipo de veículo, o qual estão transcritos nos quadros a
terminologias e
definições. seguir, sendo que DETRAN/PR, informa que as principais partes de
um veículo automotor são: carroceria; direção e suspensão; rodas;
pneus e freios; conjunto elétrico; motor e transmissão.

76
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS AUTOMOTORES


PASSAGEIROS CARGA MISTO Tração
Ciclomotor Micrônibus Camioneta Caminhão Trans-
porte de carga,
Veículo de duas ou três ro- Transporte coletivo Transporte de com peso bru-
das, provido de um mo- com capacidade passageiros e to total cima de
tor de combustão interna, para até 20 pas- carga no mes- 3.500kg
cuja cilindrada não exceda sageiros mo comparti-
50 cm3 (3,05 polegadas cúbi- mento
cas) e cuja velocidade máxima
de fabricação não exceda 50
km/h
Motoneta Motoneta Utilitário Caminhão-tra-
tor Tem como
Com duas rodas, dirigido por Com duas rodas, di- Veículo misto objetivo tracionar
condutor em posição sen- rigido por condutor caracterizado semirreboque ou
tada, podendo ser provido em posição sentada, pela versatil- eventualmente re-
de um side-car podendo ser provido idade do seu boque.
de um side-car uso, inclusive
fora-de-estra-
da
Motocicleta Motocicleta Veícu-
lo articulado
Com duas rodas, com ou sem Com duas rodas, combinação
side-car, dirigido por condutor com ou sem side- de veículos
em posição montada car, dirigido por con- acoplados,
dutor em posição sendo um de-
montada les automotor
Automóvel Caminhonete

Transporte de passageiros, Transporte de carga


bagagens e mercadorias – ca- com peso bruto total
pacidade até oito pessoas, ex- de até 3 500 kg
clusive o condutor.
Ônibus – Utilitário

Transporte coletivo, com


capacidade para mais
de 20 passageiros, ain-
da que, em virtude de
adaptações com vista à maior
comodidade destes, transporte
número menor
Ônibus articulado

Transporte coletivo, constituído


de duas seções rígidas acopla-
das por uma junta articulada.
Os espaços de acomodação
dos passageiros situados em
cada seção rígida comuni-
cam-se entre si, possibilitando
circulação livre dos passage-
iros de uma seção para a outra

FONTE: Adaptado da NBR 6067/2007

77
Acidente de Trânsito

QUADRO 5 - VEÍCULOS RODOVIÁRIOS REBOCADOS

PASSAGEIROS CARGA
Reboque Reboque

Veículo rebocado de passageiros, tracio- Veículo rebocado de carga, tracionado me-


nado mediante engate de lança com olhal diante engate de lança com olhal ou similar,
ou similar, destinado ao transporte de pes- destinado ao transporte de carga
soas.
Semirreboque Semirreboque

Veículo de um ou mais eixos que se apoia Veículo rebocado de carga, tracionado por
na sua unidade tratora ou é a ela ligado por meio de articulação, apoiado sobre o camin-
meio de articulação. hão-trator e destinado ao transporte de carga

FONTE: Adaptado da NBR 6067/2007

1 É de grande relevância conhecer as classificações dos veículos


automotores para fins do levantamento do local do acidente. É
necessário, ainda, identificar quais os equipamentos obrigatórios
que serão exigidos no momento de uma fiscalização. Tendo
como base a Resolução n° 14/98 do CONTRAN, responda quais
os equipamentos obrigatórios que os veículos seguintes deverão
ter para circular em vias públicas?

a) Veículos automotores?
b) Os reboques e semirreboques?
c) Os ciclomotores?
d) As motonetas, motocicletas e triciclos?
e) Os quadricíclos?

FONTE: Disponível em: <www.denatran.gov.br/download/


Resolucoes/resolucao014_98.doc>. Acesso em: 23 jan. 2019.

78
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

A Seguradora Líder, em 2018, apresentou dados estatísticos até


A Seguradora
agosto/2018, onde: 75% (setenta e cinco por cento) das indenizações Líder, em 2018,
pagas no período de janeiro a agosto de 2018, em todo território apresentou dados
nacional, foram ocasionadas por acidentes de motocicletas, este estatísticos até
mesmo estudo aponta que 18% foram provocados por automóveis; agosto/2018, onde:
2% por ônibus/micro-ônibus e vans; 4% por caminhões e pick-ups e 75% (setenta e
cinco por cento)
1% por ciclomotores (SEGURADORA LÍDER, 2018).
das indenizações
pagas no período
Esses indicadores nos levam a refletir acerca da quantidade de de janeiro a agosto
vidas que são perdidas no trânsito ou que ficam mutiladas. Os atuais de 2018, em todo
veículos já saem das fábricas com uma grande quantidade de itens território nacional,
de segurança e os pesquisadores não param de desenvolver veículos foram ocasionadas
por acidentes de
mais potentes, que exigem que as vias sejam preparadas para estes
motocicletas, este
novos avanços tecnológicos, assim como as sinalizações. O futuro mesmo estudo
caminha para a criação dos carros autônomos, ou seja, aqueles que aponta que 18%
não necessitam ser conduzidos pelas pessoas, mas, sim, por meio de foram provocados
inteligência artificial. por automóveis;
2% por ônibus/
micro-ônibus e vans;
O Engenheiro e editor de notícias do MIT - Technology Review,
4% por caminhões
Jamie Condliffe, (2015), escreveu que não haverá esse tipo de carro e pick-ups e 1%
tão cedo, justificando esta constatação fazendo uma comparação por ciclomotores
entre a capacidade dos seres humanos que possuem visão e (SEGURADORA
audição, conseguindo sentir e interpretar rapidamente o que ocorre LÍDER, 2018).
ao seu redor, enquanto que os carros autônomos vão necessitar de
três habilidades:

1. Localização (onde está e para onde vai).


2. Estabelecer rota segura.
3. Movimentar-se nesta rota de forma segura.

Segundo o mesmo pesquisador, o terceiro item está suprido porque


a “tecnologia digital” consegue dar conta desta habilidade, por meio do
desenvolvimento da direção hidráulica. Com relação a localização e a rota, se
faz necessário um GPS – Global Positioning System (Sistema de Posicionamento
Global), que consiga efetivamente enxergar e interpretar como um ser humano,
este instrumento ainda carece de desenvolvimento para se tornar mais preciso, no
entanto a Google já vem desenvolvendo projetos neste seguimento, necessitando
de muitos sensores, para que os carros consigam fazer os trajetos com segurança.

É interessante notar que o artigo de Condliffe foi escrito em 2015, e em 2018


o autor volta a escrever sobre o tem, afirmando que “neste momento existem
centenas de carros autônomos nas estradas ao redor do mundo”, ainda em
estágio experimental, contudo é uma realidade. O autor ainda referencia que

79
Acidente de Trânsito

os carros desenvolvidos pela empresa automotiva americana Tesla, não podem


ser denominados como autônomos, pois a sua segurança ainda é frágil. E,
levanta uma questão importante no que se refere a responsabilidade em caso de
sinistros, se seria do fabricante, ou de quem fornece os dados para o veículo, e
constata “esta questão de responsabilidade é um dos problemas mais espinhosos
que cercam os veículos autônomos, especialmente se eles forem vendidos ao
público” (CONDLIFFE, 2018).

Conheça outros artigos publicados por Jamie Condliffe,


disponíveis em: <https://www.technologyreview.com/profile/jamie-
condliffe/>. Acesso em: 10 dez. 2018.

Por esta assertiva, percebe-se a necessidade das legislações de trânsito,


Cível e Criminal, caminharem juntas, compreendendo esta nova forma de
mobilidade e as consequências para a sociedade na ocorrência de acidentes,
para que possam identificar as responsabilidades.

Outra preocupação, refere-se à autorização de venda desses veículos para


o público em geral. Fazendo-se uma reflexão, onde inicialmente o homem pisava
com seus próprios pés, o solo, e o futuro descortinando de forma que o homem
fará estes mesmos trajetos, confortavelmente sentado dentro de um veículo que o
levará para onde quiser, por meio dos dados geográficos que ficarão armazenados
nestas máquinas autônomas.

E, você o que acha dos carros autônomos? Acredita que irão


conseguir reduzir os altos índices de acidentes da atualidade?

80
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

No próximo item analisaremos outro fator de risco, as vias, por onde os


veículos, pedestres e animais irão trafegar.

2.2 FATOR VIA


As vias públicas brasileiras são de responsabilidade da Secretaria As vias públicas
Nacional de Trânsito - DENATRAM -, que se encontrava sob a égide brasileiras são de
do Ministério das Cidades, tendo sido extinto em 1° de janeiro de responsabilidade
2019, conforme a Medida Provisória 870/2019, e as suas atribuições da Secretaria
Nacional de Trânsito
passam para o Ministério da Infraestrutura (BRASIL, 2019).
- DENATRAM -, que
se encontrava sob a
As vias públicas deverão contar com sinalização adequada, égide do Ministério
pavimentação sem defeitos e buracos, sem vegetação próxima a das Cidades, tendo
pista, que haja acostamento ao longo da pista, ou seja, a geometria sido extinto em
e manutenção adequada para que o condutor e as pessoas possam 1° de janeiro de
2019, conforme a
trafegar de forma segura, principalmente em condições climáticas
Medida Provisória
adversas, como noite, vento, chuva e neblina. 870/2019, e as suas
atribuições passam
As sinalizações são muito importantes, pois através destes sinais para o Ministério
é que será possível compreender o que devemos fazer enquanto da Infraestrutura
estivermos circulando nas vias públicas, seja na condição de pedestre (BRASIL, 2019).
ou de condutor, no que se refere à sinalização o Artigo 87 do CTB,
classifica os sinais de trânsito conforme os quadros a seguir:

QUADRO 6 - TIPO DE SINALIZAÇÕES

TIPO DE SINAL-
UTILIZAÇÃO
IZAÇÃO
São realizadas por meio de placas, nas quais os meios de comuni-
cação (sinal) estão na posição vertical, fixado ao lado ou suspenso so-
bre a pista transmitindo mensagens de caráter permanente, por meio
de símbolos ou legendas legalmente estabelecidas.
Verticais: • Sinalização de regulamentação. Exemplo: placas de Parada
Obrigatória.

• Sinalização de Advertência. Exemplo: estreitamento de pista à


esquerda.

• Sinalização de indicação. Exemplo: indicam pontos de interesse


turísticos.
São aquelas que trazem marcas no pavimento, utilizando linhas, mar-
Horizontais cações, símbolos e legendas pintados ou apostos sobre o pavimento
das vias.

81
Acidente de Trânsito

São elementos de composição, formas e cores variadas e munidos


Dispositivos de
de refletores, aplicados em obstáculos ou sobre tipo de sinalização
sinalização aux-
regulamentar, visando melhorar as condições de visibilidade e chamar
iliar
a atenção sobre as situações perigosas, de forma a tomar mais se-
guro o deslocamento da via. Por exemplo: “Área de estacionamento”;
“Aeroporto”; “Restaurante” etc.
São aquelas compostas de luzes acionadas alternada ou intermitente.

Luminosos • Sinalização Semafórica de regulamentação – objetiva con-


trolar o trânsito – Semáforo.

• Sinalização semafórica de advertência – avisa com anteced-


ência os obstáculos ou situação perigosa na via.
Sonoros Aqueles que são produzidos pelos veículos da autoridade de trânsito.

FONTE: Disponível em: <http://www.detran.pr.gov.br/arquivos/File/habilitacao/


manualdehabilitacao/manualdehabparte3.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2018.

QUADRO 7 – SINALIZAÇÃO SONORO DO AGENTE DE TRÂNSITO


O policial ou o agente de trânsito
Um silvo breve Atenção – Siga indicam a mudança de direção do
trânsito.
Para fiscalização de documentos ou
Dois silvos breve Pare!
para outros fins.
Três silvos breve Acenda a lanterna Sinal de advertência.
Solicita a diminuição da velocidade
Um silvo longo Diminua a marcha
do veículos.
Um silvo longo e um Pode ser por aproximação do Corpo
Trânsito impedido em
de Bombeiros, ambulância, veículos
breve todas as direções.
de Polícia, tropa ou carro oficial.
Nos estacionamentos, na porta de
Três silvos longos Condutores a postos
teatros, rodoviária etc.
FONTE: Disponível em: <http://www.detran.pr.gov.br/arquivos/File/habilitacao/
manualdehabilitacao/manualdehabparte3.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2018.

Além desses tipos de sinalizações ainda existem aqueles que são realizados
por gestos, tanto da autoridade de trânsito como pelo condutor, para avisar, por
exemplo, que vai dobrar a direita.

Conheça todos os sinais de trânsito obrigatórios acessando ao


site: <http://www.transitobr.com.br/index2.php?id_conteudo=16>.

82
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

De acordo com a Confederação Nacional de Transporte (2018) -,


De acordo com
atualmente o Brasil movimenta nas rodovias mais de 61% (sessenta a Confederação
e um) por cento de mercadorias e 95% (noventa e cinco por cento), Nacional de
de passageiros em transportes públicos e particulares. Com relação à Transporte (2018)
malha viária, no ano de 2016, de acordo com os dados da Secretaria -, atualmente o
Nacional de Viação (2011), Lei 12.379 de 6 janeiro de 2011, o Brasil Brasil movimenta
nas rodovias mais
apresenta: 213.453 km de rodovias pavimentadas e 1.507.248 km de
de 61% (sessenta
rodovias não pavimentadas, ou seja, somente 12,4% das rodovias e um) por cento
brasileiras se encontram pavimentadas. de mercadorias e
95% (noventa e
cinco por cento),
de passageiros em
transportes públicos
e particulares.

1 As sinalizações podem ser de regulamentação, advertência e


indicação. Observe a imagem a seguir e identifique as placas,
informando o tipo e a sua importância para o trânsito seguro.

FONTE DA IMAGEM: A autora.

A via é por onde qualquer tipo de veículo, pedestres e animais transitam,


devendo estar em perfeitas condições para evitar as ocorrências de acidentes. A
NBR 10.697 (1989, p. 4), em seu item 3.5.2, define o Fator Via com relação aos
acidentes de trânsito, da seguinte forma: “quando alguma deficiência na via ou
sua sinalização contribui para a ocorrência do acidente”.

A NBR 39.001 (2015), trata dos Sistemas de Gestão da Segurança Viária


(SV), que são requisitos com orientações para uso. Esta norma tem como objetivo
apresentar as boas práticas, para minimizar ou reduzir os acidentes de trânsito.
A manutenção das vias é de competência dos órgãos públicos, que, infelizmente,

83
Acidente de Trânsito

não têm mantido boa parte delas em condições de circulação, no entanto, a


segurança viária é de responsabilidade de todos que nela trafegam

As principais ações para uma gestão consciente, tornando seguro a


circulação nas vias, segundo a mesma norma, NBR 39.001 (2015), são: planejar,
fazer, checar e agir. A Norma, em seu item 4, apresenta a necessidade de uma
reflexão por parte das organizações a respeito da Segurança Viária, identificando,
inicialmente, a sua responsabilidade e quais as atividades executadas poderão
impactar na segurança. Em segundo lugar, quais são as partes interessadas e
as suas expectativas. E, finalmente os objetivos que pretende alcançar, como a
redução e eliminação dos acidentes.

Respondendo a esses três itens, estará criando o planejamento estratégico,


com metas e objetivos, e os monitoramentos que deverão ser realizados por meio
de indicadores para verificar se conseguiu atingir os objetivos estabelecidos. Este
tipo de gestão, possibilita a melhoria continua dos processos estabelecidos, em
conformidade com os planos de ações que devem ser realizados de acordo com
a identificação dos objetivos que não foram alcançados, oportunizando conhecer
os pontos de melhoria e as necessárias ações corretivas, bem como identificar as
A NBR 39.001, no ações que estão dando certo.
item 5 – orienta
a respeito da A NBR 39.001, no item 5 – orienta a respeito da “Liderança”,
“Liderança”, que deve estar comprometida com o sistema, destacando uma
que deve estar série de condutas a serem seguidas para efetivação da gestão,
comprometida
estabelecendo políticas e delegando funções e responsabilidades.
com o sistema,
destacando uma
série de condutas No item 6.3 da norma, é apresentado a fase de identificação dos
a serem seguidas resultados planejados, de que forma está sendo utilizada a malha
para efetivação viária, identificando o número de acidentes e a recuperação das
da gestão, vítimas, citando alguns itens com necessidade de monitoramento:
estabelecendo
políticas e • Projeto e velocidade segura da via;
delegando funções e • Vias apropriadas de acordo com o tipo de veículos e carga que
responsabilidades. irão circular;
• Equipamentos de segurança (pessoal) – Equipamentos
obrigatórios de acordo com o estabelecido na legislação de
trânsito;
• Velocidade a ser realizada conforme o tipo de via;
• Estado físico dos condutores;
• Planejamento seguro do percurso;
• Segurança dos veículos – equipamentos dos veículos se estão
em conformidade;
• Habilitação do condutor em conformidade com o veículo
conduzido;
• Remoção dos veículos em más condições;
• No caso de acidente como foi realizado os socorros, e a
recuperação e a reabilitação pós-acidente (NBR, 2015, p. 11-12).

84
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Frente a esta rápida


análise da Norma,
Frente a esta rápida análise da Norma, é possível concluir que
é possível concluir
estabelece gestão à vista, onde a organização ou órgãos públicos que que estabelece
a implemente, conseguirão analisar com profundidade, e identificar as gestão à vista, onde
ações pontuais que reduzam, ou até mesmo eliminem os acidentes a organização ou
de trânsito. órgãos públicos
que a implemente,
conseguirão analisar
Outra preocupação de extrema relevância refere-se à questão
com profundidade,
ambiental, como estudado no item anterior, o crescimento dos e identificar as
transportes é maior que o próprio crescimento da população. Por ações pontuais que
falta de maior rigor nas fiscalizações, os veículos de cargas e de reduzam, ou até
passageiros, emitem poluentes tóxicos. Vários órgãos como o Serviço mesmo eliminem
Social do Transporte – SEST – e Serviço Nacional de Aprendizagem os acidentes de
trânsito.
do Transporte - SENAT -, em conjunto com a Confederação
Nacional do Transporte - CNT -, realizam avaliações em ônibus e
caminhões, inclusive criando o “Programa Despoluir”, que conta com unidades
móveis para aferir a quantidade de gases que estes veículos soltam no meio
ambiente, verificando se estão dentro dos padrões estabelecido pela Resolução
do CONAMA 418/2009 e a instrução Normativa do IBAMA 6/2010, o programa
também promove campanhas educativas. Estando o veículo em conformidade
com as normativas recebe o “Selo Despoluir”, caso esteja fora dos padrões
são orientados do que devem providenciar para sanar o problema (CNT; SEST
SENAT, 2017, p.17)

1 Com base na NBR 39001(2015) indique três itens de


monitoramento das vias, objetivando eliminar os riscos de
acidentes.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

O Brasil ainda não possui políticas mais severas para retirar das estradas os
diversos veículos que se encontram fora dos padrões de emissão de partículas no
meio ambiente, contribuindo, por exemplo para o aquecimento global.

Nas vias públicas ainda circulam uma grande quantidade de veículos antigos
que não possuem equipamentos mais modernos para reduzir estas emissões, o
que compromete a saúde pública e o nosso futuro.

85
Acidente de Trânsito

2.3 FATORES CLIMÁTICOS


Agora que já estudamos sobre a malha viária, estudaremos a respeito
dos fatores climáticos e seus impactos nos acidentes de trânsito. É muito mais
prazeroso quando dirigimos em um dia ensolarado, do que quando dirigimos
a noite e com chuva, embora muitos condutores preferem dirigir a noite, pois
dependendo da via, bem iluminada, sinalizada e isenta de trânsito intenso acaba
por facilitar a circulação.

Algumas dicas são valiosas quando necessitamos dirigir com fatores


adversos da natureza, como atenção redobrada em situações de chuva, buscar
um abrigo caso haja rajadas fortes de ventos e queda de granizos, reduzir a
velocidade, evitar movimentos bruscos etc. A pior chuva é aquela chamada de
garoa, que acaba deixando a pista escorregadia, devido à mistura de óleo da
pista, somado a outros detritos como aqueles derrubados por caminhão que
carregam grãos. Além disso, é necessário acender os faróis, de acordo com a Lei
n°13.290, de 23 de maio de 2016, que alterou o artigo 40 do Código de Trânsito
Brasileiro, inserindo o Inciso Primeiro, e no artigo 250 a letra “b”, desta mesma
legislação, que dispõe que o condutor deverá manter os faróis acesos na posição
luz baixa, durante o dia nos túneis e rodovias. O condutor também
A Seguradora deve estar atento sobre a diferença entre a luz de posição que é
Líder (2017, p. aquela bem fraca e a luz baixa.
23), no anuário de
2017, apresentou
indicadores que A Seguradora Líder (2017, p. 23), no anuário de 2017,
revelam que 23% apresentou indicadores que revelam que 23% dos acidentes
dos acidentes ocorreram ao anoitecer, no período entre 17h00 e 19h59, fenômeno
ocorreram ao conhecido como penumbra ou lusco-fusco, situação de pouca
anoitecer, no luminosidade que ocorre também ao amanhecer, sendo que o maior
período entre 17h00
número de veículo envolvidos nesta situação foram as motocicletas.
e 19h59, fenômeno
conhecido como
penumbra ou lusco- O DETRAN/PR orienta que a luz solar ou farol alto de outro
fusco, situação de veículo em sentido contrário, prejudica a visão dos condutores,
pouca luminosidade condição adversa, que pode ocasionar ofuscamento, ou seja,
que ocorre também cegueira momentânea que não contribuí para uma boa locomoção,
ao amanhecer,
exigindo muita atenção dos condutores.
sendo que o maior
número de veículo
envolvidos nesta Outras condições atmosféricas também implicam em potenciais
situação foram as riscos para a ocorrência de um acidente, como chuva, vento,
motocicletas. granizo, neve, neblina, que fazem as vias ficarem com pontos
de alagamentos ou detritos, dificultando a frenagem rápida e de
urgência do veículo, bem como reduzindo a visão.

86
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Você prefere dirigir durante o dia ou a noite?

Voltaremos, agora, a analisar os índices de acidentes de trânsito ocorridos no


período de janeiro a outubro de 2018, nas rodovias federais, conforme indicadores
providos pela Polícia Rodoviária Federal.

Conforme verificado no item 2.1 do presente estudo, foram mostrados que


das 135.457 ocorrências, 6.202 foram decorrentes de defeitos mecânicos e os
ocasionados exclusivamente por fatores da natureza, foram 248, conforme
reproduzido no quadro a seguir, em que fica visível que o maior índice de
acidentes ocorre em dias chuvosos.

QUADRO 7 – FENÔMENOS NATURAIS

Acidentes ocasio-
Fatores
nado por fatores
climáticos
climáticos
Granizo 1
Ignorado 4
Vento 4
Garoa/chuvisco 8
Nevoeiro/Neblina 9
Nublado 10
Sol 12
Céu claro 28
Chuva 172
Totais 248
FONTE: Disponível em: <https://www.prf.gov.br/portal/dados-
abertos/acidentes/acidentes>. Acesso em: 31 jan. 2019.

87
Acidente de Trânsito

O INMET - Instituto Nacional de Meteorologia (s. d.), esclarece,


O INMET - Instituto
Nacional de por meio do glossário as terminologias técnicas dos fatores
Meteorologia (s. climáticos, esclarecendo que clima é o que ocorre na atmosfera a
d.), esclarece, por qualquer tempo, trata-se da variabilidade climática. Ainda segundo
meio do glossário o INMET (s. d.), os fenômenos naturais podem ser definidos como:
as terminologias
técnicas dos
• Granizo: são aquelas bolas de gelo, formadas dentro
fatores climáticos,
esclarecendo que das nuvens quando absorvem a humidade, levadas pelas correntes
clima é o que de ar, e quando aumentam, ficando pesadas, esta constância de
ocorre na atmosfera transformação precipitam os granizos que são arremessados em
a qualquer direção ao solo e mar. São classificadas da seguinte forma: se o
tempo, trata-se diâmetro das pedras for de cinco milímetros são denominadas de
da variabilidade
granizo, e pedaços menores de gelo são chamadas de bolas de
climática.
gelo, bolas de neve ou granizo mole.

• Garoa ou chuvisco: são precipitadas de forma uniforme, composta


exclusivamente de gotas d’agua com diâmetros aproximados de 0,5 mm.

• Vento: os ventos são classificados de diversas formas, denominações


ligadas a sua velocidade, cuja medição mais utilizada é a dos Estados Unidos
chamadas de milhas por hora. Por exemplo: “rajadas de vento”, que ocorrem
abruptamente, mudanças do vento em um tempo curto de intervalo, e com
velocidade superior a 10 km/h.

• Nevoeiro/neblina: são gotículas de água suspensas na atmosfera,


transformada em uma massa, reduzindo a visibilidade horizontal para menos
de mil metros. A sua formação é resultante da mesma, ou quase, da mesma
temperatura e condensação do ar.

• Nublado: o céu se torna encoberto por oito oitavos de camada de nuvem. O


seu cálculo é realizado na soma de todas as nuvens daquela camada específica.

• Céu claro: quando não há nuvens no céu ou coberta total menos de um


octa (1/8 de nuvens), em conformidade com o ponto de observação.

• Chuva: ocorre quando há uma condensação na atmosfera, precipitando


gotas de água em direção ao solo, a medição é feita em milímetros.

88
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Saiba mais sobre os termos técnicos a respeito dos fenômenos


naturais, acessando ao site: <http://www.inmet.gov.br>.

Por essas orientações, é possível concluir que os motoristas deverão dirigir


com atenção redobrada, quando expostos às condições adversas, por exemplo,
durante a chuva que deixa a via alagada provocando a chamada aquaplanagem
ou hidroplanagem, ou seja, o veículo perde a aderência com a pista e o acidente
poderá ser agravado, caso os pneus estiverem em mau estado.

Você acredita que se estiver dirigindo, com muita chuva, com


velocidade de 80 km/h, pista apresentando cerca de 3 mm de água e
com os pneus fora do prazo regular de uso, você conseguirá frenar,
sem derrapar?

Os acidentes, conforme apresentado, poderão ocorrer por um ou vários


fatores, e ainda pela imprudência, imperícia e negligência do condutor. No próximo
item, vamos conhecer os órgãos de trânsito, que dentre as diversas competências
delegadas pelo Código de Trânsito Brasileiro - CTB -, ainda deverão informar,
educar, advertir e fiscalizar a circulação de pessoas, veículos e animais nas vias
públicas.

3 DOS ÓRGÃOS DE TRÂNSITO


O artigo 5° do CTB, explica que o Sistema Nacional de Trânsito – SNT, é
formado pelos diversos órgãos e entidades que fazem parte dos entes federativos
brasileiros: União, Estados, Distrito Federal e os Munícipios, objetivando:

89
Acidente de Trânsito

exercer, coordenar e executar as atividades de planejamento,


O artigo 5° do
administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de
CTB, explica que
o Sistema Nacional veículos, e responsáveis pela formação, habilitação e reciclagem
de Trânsito – SNT, dos condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário,
é formado pelos policiamento, fiscalização, julgamento de infrações, recursos e
diversos órgãos aplicação de penalidade.
e entidades que
fazem parte dos
Na sequência o artigo 6°, do CTB, dispõe a respeito dos
entes federativos
brasileiros: objetivos básicos do SNT, que segue reproduzido:
União, Estados,
Distrito Federal Art. 6° São objetivo básicos do Sistema Nacional de Trânsito:
e os Munícipios, I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com
vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e
objetivando:
à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento;
exercer, coordenar II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização
e executar as de critérios técnicos, financeiros e administrativos para a
atividades de execução das atividades de trânsito;
planejamento, III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de
administração, informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim
normatização, de facilitar o processo decisório e a integração do Sistema
pesquisa, registro (BRASIL, 1997, s.p.).
e licenciamento
de veículos, e Por esse dispositivo fica claro a composição dos órgãos de
responsáveis trânsito, pelo Sistema Nacional de Trânsito - SNT -, que respondem
pela formação, na pasta do Ministério das Cidades, conforme dispõe o Código de
habilitação e
Trânsito Brasileiro - CTB -, em seu artigo 7°.
reciclagem dos
condutores,
educação, Na sequência, passaremos a estudar detalhadamente cada
engenharia, órgão e as suas especificidades em consonância com o CTB.
operação do sistema
viário, policiamento,
fiscalização,
julgamento de 3.1 ÓRGÃOS NORMATIVOS DE
infrações, recursos
e aplicação de TRÂNSITO
penalidade.

3.1.1. CONTRAN – ÂmBito Nacional


O Conselho de Trânsito - CONTRAN -, coordena o sistema,
Conselho de
Trânsito - sendo o órgão máximo consultivo e normativo, formado por nove
CONTRAN -, profissionais, a presidência compete ao DENATRAN, sendo
coordena o sistema, designados para fazer parte do conselho um representante dos
sendo o órgão seguintes Ministérios: Saúde, Educação, Transportes, Defesa,
máximo consultivo e Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Justiça, Desenvolvimento
normativo.
Indústria e Comércio, um da Agência Nacional de Transportes

90
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Terrestres - ANTT -, e o coordenador do Sistema Nacional de Trânsito - SNT -,


fazendo parte do Ministério das Cidades, cujas competências encontram-se no
Artigo 12 do Código de Trânsito Brasileiro, estabelecendo:

• Normas regulamentares referidas no CTB, e as diretrizes da


Política Nacional de Trânsito;
• Coordenação dos órgãos do Sistema Nacional de Trânsito,
proporcionando a integração de suas atividades;
• Criação de Câmaras Temáticas, que tem como objetivo
embasar o CONTRAN por meio de estudos técnicos e
científicos, para as necessárias tomadas de decisões, como
por exemplo assessoramentos veiculares e de educação para
o trânsito.
• Regimento Interno e as diretrizes para o funcionamento do
CETRAN e o CONTRADIFE;
• Diretrizes do regimento do JARI;
• Zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas
no CTB e nas resoluções complementares;
• Normas e procedimento para imposição, arrecadação e
compensação das multas de infrações cometidas nas unidades
da Federação diferente do licenciamento dos veículos;
• Respostas às consultas que lhe forem designadas,
concernentes à aplicação da legislação de trânsito;
• Normas e procedimentos referentes a aprendizagem,
habilitação, expedição de documentos de condutores, e
registro e licenciamento de veículos;
• Aprova, complementa ou altera os dispositivos de sinalização
e os dispositivos e equipamentos de trânsito;
• Aprecia os recursos interpostos contra as decisões de
instâncias inferiores conforme dispõe o CTB;
• Analisa e soluciona processos sobre conflitos de competência
ou circunscrição, ou, quando necessário, unifica as decisões
administrativas;
• Impedir conflitos sobre circunscrição e competência de
trânsito no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal
(BRASIL, 1997, s.p.).

Também são
órgãos consultivos
1.1.2 CETRANs e e normativos,
e fisicamente
CONTRADIFE - ConselHos de ficam dentro
dos DETRANS.
âmBito Estadual e Distrito O artigo 14 do
CTB, estabelece
Federal aos Conselhos
Estaduais de
Trânsito - CETRAN
Também são órgãos consultivos e normativos, e fisicamente ficam
- e ao Conselho
dentro dos DETRANS. O artigo 14 do CTB, estabelece aos Conselhos de Trânsito do
Estaduais de Trânsito - CETRAN - e ao Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
Distrito Federal - CONTRADIFE-, as seguintes competências: CONTRADIFE.

91
Acidente de Trânsito

• Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito,


em consonância com as respectivas atribuições;
• Elaboração de normas sob sua responsabilidade
• Responder as consultas relativas à aplicação da legislação e
dos procedimentos normativos de trânsito;
• Estimular e orientar a execução de campanhas educativas
de trânsito;
• Julgar os recursos interpostos contra decisões: JARI; órgãos
e entidades executivos estaduais, nos casos de inaptidão
permanente constatados nos exames de aptidão física, mental
ou psicológica;
• Indicar um representante para compor a comissão
examinadora de candidatos portadores de deficiência física à
habilitação para conduzir veículos automotores;
• Acompanhar e coordenar as atividades de administração,
educação, engenharia, fiscalização, policiamento ostensivo
de trânsito, formação de condutores, registro e licenciamento
de veículos, articulando os órgãos do Sistema no Estado,
reportando-se ao CONTRAN;
• Dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito
no âmbito municipal;
• Informar ao CONTRAN sobre o cumprimento das exigências
definidas nos parágrafos 1° e 2° do artigo 333, que dispõe
que o CONTRAN definirá em até 120 (cento e vinte) dias
após a nomeação de seus membros, as disposições previstas
nos artigos 91 e 92, devendo ser atendidas pelos órgãos e
entidades executivas de trânsito e executivos rodoviários
para exercerem as suas competências. O CONTRAN também
determinou que os atuais órgãos existentes de trânsito terão o
prazo de um ano, após a edição das normas, para adequarem
às novas disposições (BRASIL, 1997, s.p.).

Com relação às autoridades e membros para fazerem partes do CETRAN


e CONTRADIFE devem seguir o fluxo apresentado na seguinte figura, conforme
estabelece o artigo 15 e parágrafos do CTB. Os nomeados devem ser pessoas
reconhecidas e com experiência no âmbito de trânsito, os membros terão mandato
de dois anos permitindo a recondução.

FIGURA 2 - NOMEAÇÕES

FONTE: A autora.

92
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

1 Existem vários órgãos que fazem parte do Sistema Nacional


de Trânsito, como os denominados de normativos do trânsito.
Descreva pelo menos duas das competências designadas aos
órgãos normativos do trânsito.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

1.1.2 JARI – Junta As JARIs, são


órgãos colegiados,
Administrativa de Recursos de de competência
recursal atuando
Infrações junto aos órgãos
executivos de
trânsito, composto
As JARIs, são órgãos colegiados, de competência recursal atuando no mínimo por
junto aos órgãos executivos de trânsito, composto no mínimo por três três integrantes,
integrantes, e fazem parte do Sistema Nacional de Trânsito, e seguem o e fazem parte do
Sistema Nacional de
que determina o artigo 16 e 17 do CTN, possuem regimento próprio, e
Trânsito, e seguem
tem como objetivo julgar os recursos que são interpostos pelos infratores, o que determina
contra as punições aplicadas pelos órgãos e entidades executivas de o artigo 16 e 17
trânsito ou rodoviários. do CTN, possuem
regimento próprio, e
Haverá JARIs onde houver os órgãos executivos de trânsito que tem como objetivo
julgar os recursos
tenham como competência a aplicação de punições, conforme estabelece
que são interpostos
o Regimento n° 357 do CONTRAN. A fim de que possa decidir com pelos infratores,
isonomia, poderá solicitar aos demais órgãos executivos de trânsito as contra as punições
necessárias informações relativas ao respectivo processo em curso. aplicadas pelos
órgãos e entidades
A JARI encaminha aos órgãos e entidades executivos de trânsito executivas
de trânsito ou
e executivo rodoviário informações sobre problemas observados
rodoviários.
nas autuações e apontados em recursos, naqueles casos que são
sistematicamente repetitivos.
Por se tratar de
processo que
Na prática, os recursos das respectivas infrações devem seguir os
tramitará em fase
seguintes trâmites, conforme previsto no Capítulo XVIII – Do Processo administrativa
Administrativo – Seção I do Código Nacional de Trânsito, artigo 280 até 290 do o infrator não
CTB. Por se tratar de processo que tramitará em fase administrativa o infrator necessitará de um
não necessitará de um advogado para representá-lo, conforme explicam as advogado para
instâncias possíveis de recurso, exemplificadas nas figuras a seguir. representá-lo.

93
Acidente de Trânsito

FIGURA 3 – DEFESA PRÉVIA

Expedi notificação ao
Agente de autoridade de proprietário do carro ou
ao infrator por remessa
O infrator Sim. No prazo de 15 (quin-
trânsito, constata a
infração. postal ou por qualquer recorreu? ze) dias da notificação, o
recurso seguirá para uma
outro meio hábil.
das JARI’S competente.
Obs. A notificação
O agente de trânsito, tem devolvida por
30 (trinta) dias para o envio desatualização do
da notificação. endereço do proprietário
do veículo será
considerada válida para
todos os efeitos.
Fase em que o suposto Não. Aguardar a
infrator poderá indicar segunda notificação para
o condutor que de fato o pagamento da multa
cometeu a infração. e cumprimento de pena
administrativa.

FONTE: Adaptado do Código Nacional de Trânsito (1997).

FIGURA 4 - 1ª INSTÂNCIA - JARI

A autoridade que impôs a


penalidade remeterá
O infrator o recurso ao orgão Uma das JARI’S
apresentou julgador, dentro dos dez Cabe recurso, no prazo
competente, conforme
recurso no dias úteis subsequentes de trinta dias contando
circunscrição, recebe o
prazo de 30 à sua apresentação, da publicação ou da
recurso devendo julgar no
(trinta) dias e, se o entender notificação da decisão.
prazo de 30 (trinta) dias.
contados da intempestivo, assinalará
notificação? o fato no despacho de
encaminhamento. Se, por motivo de força
maior, o recurso não for
O recurso não tem efeito julgado dentro do prazo
suspensivo. previsto neste artigo, a
penalidade, de ofício,
ou por solicitação do
Se a infração for cometida
recorrente, poderá conce-
em loclidade diversa da-
der-lhe efeito suspensivo.
quela do licenciamento do
veículo, o recurso poderá
ser apresentado junto
ao órgão ou entidade de
trânsito da residência ou
domicílio do infrator

FONTE: Adaptado do Código Nacional de Trânsito (1997).

94
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

FIGURA 5 – 2ª INSTÂNCIA CETRAN

Somente poderá recorrer nesta


instância quem tiver realizado
2ª Recurso CETRAN
recurso a JARI.

O prazo para recurso não será


inferior a 30 dias, contados a
partir do recebimento de aviso
de indeferimento do recurso à
JARI. O julgamento do recurso de
Órgão de autoridade de Órgão de autoridade de que tratam os arts. 288 e 289
trânsito - UNIÃO. trânsito – ESTADUAL; (CTB); a não interposição do
MUNICIPAL ou recurso no prazo legal; e
Nas seguintes situações: DISTRITO FEDERAL o pagamento da multa, com
• Suspensão de dirigir Outras infrações:
reconhecimento da infração e
mais de 6 (seis) meses); • Colegiado Especial;
requerimento de encerramento
• Cassação da CNH – • Coordenador geral da
CETRAN/CONTRANDIFE do processo na fase em que se
Carteira Nacional de JARI, pelo Presidente
encontra, sem apresentação de
Habilitação. da Junta que apreciou o
defesa ou recurso.
• Penalidades por recurso e por mais um
Esgotados os recursos, as
infrações gravíssimas, presidente da junta. Prazo de 30 (trinta) dias para julgar.
penalidades aplicadas nos
pelo CONTRAN termos do CTB serão
CONTRAN cadastradas no RENACH.

FONTE: Adaptado do Código Nacional de Trânsito (1997).

1.1 ÓRGÃOS EXECUTIVOS DE


TRÂNSITO O DENATRAN
– Departamento
Nacional de Trânsito
- é o órgão máximo
3.2.1 Denatran de supervisão à
nível executivo
O DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito - é o órgão de trânsito, sob
o âmbito da
máximo de supervisão à nível executivo de trânsito, sob o âmbito da
União, e as suas
União, e as suas competências encontram-se descritas no artigo 19 competências
do CTB/2015, que segue: encontram-se
descritas no artigo
• Supervisiona, à coordenação, à correição dos 19 do CTB/2015,
órgãos delegados, ao controle e à fiscalização que segue.
da execução da Política Nacional de Trânsito e
do Programa Nacional de Trânsito.
• Articula-se com outros órgãos dos Sistemas Nacionais
de Trânsito, de Transporte e de Segurança Pública, para
combater à violência no trânsito, e coordenando ações para a
preservação do ordenamento e da segurança do trânsito.
• Investiga, previne e reprime a prática de atos de improbidade
contra a fé pública, o patrimônio, ou a administração pública e
privada, no que concerne a segurança do trânsito.
• Estabelece procedimentos sobre a aprendizagem e habilitação
de condutores de veículos, a expedição de documentos de
condutores, de registro e licenciamento de veículos.
• Expede a permissão para dirigir, a Carteira Nacional de
Habilitação, os Certificados de Registro e o de licenciamento
anual, mediante delegação aos órgãos executivos dos Estados
e do Distrito Federal.
• Organizar e manter o Registro Nacional de Carteiras de
Habilitação o denominado RENACH.
• Organizar e manter o Registro Nacional de Veículos

95
Acidente de Trânsito

Automotores – RENAVAM.
• Organizar a estatística geral de trânsito no território nacional,
definindo os dados a serem fornecidos pelos demais órgãos
e promover sua divulgação. Os demais órgãos e entidades
executivos de trânsito de âmbito Federal, Estadual e Municipal,
deverão encaminhar mensalmente estes dados, que são de
grande relevância para propor ações objetivando reduzir ou
eliminar os riscos no trânsito.
• Coordena a administração da arrecadação de multas por
infrações ocorridas em localidade diferente daquela da
habilitação do condutor infrator e em unidade da Federação
diferente daquela do licenciamento do veículo.
• Fornece aos órgãos e entidades do Sistema Nacional
de Trânsito informações sobre registros de veículos e de
condutores, mantendo o fluxo permanente de informações
com os demais órgãos do Sistema.
• Promove, em conjunto com os órgãos competentes do
Ministério da Educação e do Desporto, de acordo com as
diretrizes do CONTRAN, a elaboração e a implementação de
programas de educação de trânsito nos estabelecimentos de
ensino.
• Elabora e distribui conteúdos programáticos para a educação
de trânsito.
• Promover a divulgação de trabalhos técnicos sobre o trânsito.
• Elabora, juntamente com os demais órgãos e entidades do
Sistema Nacional de Trânsito, e submeter à aprovação do
CONTRAN, a complementação ou alteração da sinalização e
dos dispositivos e equipamentos de trânsito.
• Organiza, elabora, complementa e altera os manuais e normas
de projetos de implementação da sinalização, dos dispositivos
e equipamentos de trânsito aprovados pelo CONTRAN.
• Expedi permissão internacional para conduzir veículo e o
certificado de passagem nas alfândegas mediante delegação
aos órgãos executivos dos Estados e do Distrito Federal ou a
entidade habilitada para esse fim pelo poder público federal.
• Promove a realização periódica de reuniões regionais
e congressos nacionais de trânsito, bem como propor
a representação do Brasil em congressos ou reuniões
internacionais.
• Propõe acordos de cooperação com organismos
internacionais, com vistas ao aperfeiçoamento das ações
inerentes à segurança e educação de trânsito.
• Elabora projetos e programas de formação, treinamento
e especialização do pessoal encarregado da execução das
atividades de engenharia, educação, policiamento ostensivo,
fiscalização, operação e administração de trânsito, propondo
medidas que estimulem a pesquisa científica e o ensino
técnico-profissional de interesse do trânsito, promovendo a
sua realização.
• Opina sobre assuntos relacionados ao trânsito interestadual
e internacional.
• Elabora e submete à aprovação do CONTRAN as normas e
requisitos de segurança veicular para fabricação e montagem
de veículos, consoante sua destinação.
• Estabelece procedimentos para a concessão do código marca-

96
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

modelo dos veículos para efeito de registro, emplacamento e


licenciamento.
• Instrui os recursos interpostos das decisões do CONTRAN,
ao ministro ou dirigente coordenador máximo do Sistema
Nacional de Trânsito.
• Estuda os casos omissos na legislação de trânsito e
submetê-los, com proposta de solução, ao Ministério ou órgão
coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito.
• Presta suporte técnico, jurídico, administrativo e financeiro
ao CONTRAN.
• Organizar e mantém o Registro Nacional de Infrações de
Trânsito (RENAINF – Portaria 74 de 27/08/2008 / Denatran)
(BRASIL, 2015, s.p).

3.2.2 Órgãos e entidades eXecutivos


rodoviários da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos MunicÍPios
Que agem em conformidade com a
sua comPetÊncia de circunscrição
• DNIT - Departamento Nacional Executivo Rodoviário • DNIT -
• DER/DAR - Departamento Executivo Rodoviário do Estado e Departamento
Departamento Autônomo de estradas e rodagem do Rio Grande do Nacional Executivo
Sul. Rodoviário
• DER/DAR -
Departamento
Estes órgãos executivos rodoviários tem competências Executivo
estabelecidas no Código de Trânsito Brasileiro – CTB em seu artigo Rodoviário
21: do Estado e
Departamento
• Cumprir e faz cumprir a legislação e as normas Autônomo de
de trânsito, no âmbito de suas atribuições. estradas e rodagem
• Planeja, projeta, regulamenta e opera o do Rio Grande do
trânsito de veículos, de pedestres e de animais, Sul.
e promover o desenvolvimento da circulação e
da segurança de ciclistas;
Estes órgãos
• Implanta, mantêm e opera o sistema de
sinalização, os dispositivos e os equipamentos
executivos
de controle viário. rodoviários tem
• Coleta dados e elaborar estudos sobre os competências
acidentes de trânsito e suas causas. estabelecidas no
• Estabelece, em conjunto com os órgãos Código de Trânsito
de policiamento ostensivo de trânsito, as Brasileiro – CTB em
respectivas diretrizes. seu artigo 21.
• Executa a fiscalização de trânsito, autuar,
aplicar as penalidades de advertência, por

97
Acidente de Trânsito

escrito, e ainda as multas e medidas administrativas cabíveis,


notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar.
• Arrecada valores provenientes de estada e remoção
de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas
superdimensionadas ou perigosas.
• Fiscaliza, autua, e aplica as penalidades e medidas
administrativas cabíveis, relativas a infrações por excesso de
peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como notificar e
arrecadar as multas que aplicar.
• Fiscaliza o cumprimento da norma contida no art. 95, aplicando
as penalidades e arrecadando as multas nele previstas.
• Implementa medidas da Política Nacional de Trânsito e do
Programa Nacional de Trânsito.
• Promove e participa de projetos e programas de educação
e segurança, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo
CONTRAN;
• Integra-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional
de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de
multas impostas na área de sua competência, com vistas à
unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das
transferências de veículos e de prontuários de condutores de
uma para outra unidade da Federação;
• Fiscaliza o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos
pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo
com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio às ações
específicas dos órgãos ambientais locais, quando solicitado;
• Vistoria veículos que necessitem de autorização especial
para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a serem
observados para a circulação desses veículos (BRASIL,1997).

3.2.3 Órgãos e entidades


eXecutivos de trânsito dos
Estados, do Distrito Federal Que
agem em conformidade com a sua
• DETRAN - comPetÊncia de circunscrição
Departamento
Executivo de • DETRAN - Departamento Executivo de Trânsito do Estado.
Trânsito do Estado.
Este órgão executivo de trânsito, tem competência estabelecida
Este órgão executivo no Código de Trânsito Brasileiro – CTB em seu artigo 22:
de trânsito, tem
competência • Cumprir e faz cumprir a legislação e as normas de trânsito, no
estabelecida no âmbito das respectivas atribuições.
Código de Trânsito • Realiza, fiscaliza e controla o processo de formação,
Brasileiro – CTB em aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores,
seu artigo 22. expedi e cassa Licença de Aprendizagem, Permissão para
Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação, mediante delegação

98
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

do órgão federal competente;


• Vistoria, inspeciona quanto às condições de segurança
veicular, registra, emplaca, sela a placa, e licencia veículos,
expedindo o Certificado de Registro e o Licenciamento Anual,
mediante delegação do órgão federal competente.
• Estabelece, em conjunto com as Polícias Militares, as
diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito.
• Executa a fiscalização de trânsito, autuando e aplicando
medidas administrativas cabíveis pelas infrações previstas
neste Código, excetuadas aquelas relacionadas nos incisos VI
e VIII do art. 24, no exercício regular do Poder de Polícia de
Trânsito.
• Aplica as penalidades por infrações previstas neste Código,
com exceção daquelas relacionadas nos incisos VII e VIII do
art. 24, notificando os infratores e arrecadando as multas que
aplicar.
• Arrecada valores provenientes de estada e remoção de
veículos e objetos.
• Comunica ao órgão executivo de trânsito da União a
suspensão e a cassação do direito de dirigir e o recolhimento
da Carteira Nacional de Habilitação.
• Coleta dados estatísticos e elabora estudos sobre acidentes
de trânsito e suas causas;
• Credencia órgãos ou entidades para a execução de atividades
previstas na legislação de trânsito, na forma estabelecida em
norma do CONTRAN.
• Implementa as medidas da Política Nacional de Trânsito e do
Programa Nacional de Trânsito.
• Promove e participa de projetos e programas de educação e
segurança de trânsito de acordo com as diretrizes estabelecidas
pelo CONTRAN.
• Integra-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional
de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de
multas impostas na área de sua competência, com vistas à
unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das
transferências de veículos e de prontuários de condutores de
uma para outra unidade da Federação.
• Fornece, aos órgãos e entidades executivos de trânsito e
executivos rodoviários municipais, os dados cadastrais dos
veículos registrados e dos condutores habilitados, para fins de
imposição e notificação de penalidades e de arrecadação de
multas nas áreas de suas competências.
• Fiscaliza o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos
pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo com
o estabelecido no art. 66, além de dar apoio, quando solicitado,
às ações específicas dos órgãos ambientais locais.
• Articula-se com os demais órgãos do Sistema Nacional de
Trânsito no Estado, sob coordenação do respectivo CETRAN
(BRASIL, 1997).

99
Acidente de Trânsito

3.2.4 ComPetÊncia dos Órgãos


eXecutivos de trânsito de âmBito
MuniciPal
O CTB, estabeleceu que as responsabilidades pelo trânsito é um dever de
toda a sociedade, desta forma os Municípios deverão cumprir com a sua parte,
conforme previsto no Artigo 24 do referido Código, concedendo autonomia
principalmente aos órgãos municipais, que passaram a fiscalizar o trânsito urbano
da respectiva circunscrição.

Conforme as
Conforme as orientações do DENATRAN, os municípios para
orientações do
DENATRAN, os fazerem parte do Sistema Nacional de Trânsito - SNT -, deverão criar
municípios para o órgão municipal executivo de trânsito, contemplando a seguinte
fazerem parte do estrutura: Engenharia de Tráfego; fiscalização de trânsito; educação
Sistema Nacional de trânsito e controle e análise de estatística (DETRAN, s.d.)
de Trânsito - SNT
-, deverão criar o
De acordo com o tamanho do município, será possível
órgão municipal
executivo reestruturar o órgão já existente transformado, por exemplo, em
de trânsito, uma autarquia em consonância com os objetivos da prefeitura
contemplando a e, portanto, não sendo necessário a criação exclusiva de uma
seguinte estrutura: secretaria.
Engenharia de
Tráfego; fiscalização
Esta decisão foi bem prudencial, uma vez que cada região tem
de trânsito;
educação de trânsito as suas características próprias, ou seja, cada local poderá designar
e controle e análise ações efetivas para a prevenção de acidentes de trânsito, como o
de estatística SETRAN - Secretaria Municipal de Transporte de Curitiba, e em
(DETRAN, s.d.) Florianópolis - SC, Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade
Urbana.

Para que seja efetivada a integração de determinado município ao SNT, a


prefeitura deverá encaminhar ao DENATRAN:

• Legislação de criação do órgão municipal, com a estrutura acima descrita;


• Lei respectiva criando a JARI – Junta Administrativa de Recursos de
Infrações;
• Ato de nomeação da autoridade de trânsito, do órgão executivo;
• Nomeação dos membros da JARI conforme a Resolução Contran n° 357;
• O endereço, e-mail e telefone, do órgão ou entidade executivo de trânsito
rodoviário.

100
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Acesse <http://www.cetran.ms.gov.br/wp-content/uploads/
sites/81/2015/10/Modelo-de-Of%C3%ADcios.pdf> e conheça os
documentos que a Prefeitura deverá apresentar para requerer a
integração do Município ao Sistema Nacional de Trânsito.

Para melhor compreensão das competências dos órgãos municipais de


trânsito segue relacionado as respectivas competências conforme dispõe o artigo
24 do CTB:

• Cumprir e faz cumprir a legislação e as normas de trânsito, no


âmbito de suas atribuições;
• Planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos,
de pedestres e de animais, e promove o desenvolvimento da
circulação e da segurança de ciclistas.
• Implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os
dispositivos e os equipamentos de controle viário.
• Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os
acidentes de trânsito e suas causas;
• Estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia ostensiva
de trânsito, as diretrizes para o policiamento ostensivo de
trânsito.
• Executar fiscalização de trânsito em vias terrestres,
edificações de uso público e edificações privadas de uso
coletivo, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis
e as penalidades de advertência por escrito e multa, por
infrações de circulação, estacionamento e parada previstas
neste Código, no exercício regular do poder de polícia de
trânsito, notificando os infratores e arrecadando as multas que
aplicar, exercendo iguais atribuições no âmbito de edificações
privadas de uso coletivo, somente para infrações de uso de
vagas reservadas em estacionamentos.
• Aplicar as penalidades de advertência por escrito e multa,
por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas
neste Código, notificando os infratores e arrecadando as
multas que aplicar.
• Fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medidas
administrativas cabíveis relativas a infrações por excesso de
peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como notificar e
arrecadar as multas que aplicar.
• Fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. 95,
aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele
previstas.
• Implantar, manter e operar sistema de estacionamento
rotativo pago nas vias.
• Arrecadar valores provenientes de estada e remoção
de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas
superdimensionadas ou perigosas.

101
Acidente de Trânsito

• Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas


de segurança relativas aos serviços de remoção de veículos,
escolta e transporte de carga indivisível.
• Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional
de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de
multas impostas na área de sua competência, com vistas à
unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das
transferências de veículos e de prontuários dos condutores de
uma para outra unidade da Federação.
• Implantar as medidas da Política Nacional de Trânsito e do
Programa Nacional de Trânsito;
• Promover e participar de projetos e programas de educação e
segurança de trânsito de acordo com as diretrizes estabelecidas
pelo CONTRAN.
• Planejar e implantar medidas para redução da circulação de
veículos e reorientação do tráfego, com o objetivo de diminuir
a emissão global de poluentes.
• Registrar e licenciar, na forma da legislação, veículos de
tração e propulsão humana e de tração animal, fiscalizando,
autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas
decorrentes de infrações.
• Conceder autorização para conduzir veículos de propulsão
humana e de tração animal;
• Articular-se com os demais órgãos do Sistema Nacional de
Trânsito no Estado, sob coordenação do respectivo CETRAN.
• Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos
pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo
com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio às ações
específicas de órgão ambiental local, quando solicitado.
• Vistoriar veículos que necessitem de autorização especial
para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a serem
observados para a circulação desses veículos.
• As competências relativas a órgão ou entidade municipal
serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão ou entidade
executivos de trânsito.
• Para exercer as competências estabelecidas neste artigo,
os Municípios deverão integrar-se ao Sistema Nacional de
Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste Código (BRASIL,
1997).

1 Descreva as competências dos órgãos executivos de trânsito.

R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

102
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

3.3 OUTROS ÓRGÃOS DE TRÂNSITO


O artigo 144 da Constituição Federal/1988, preleciona a respeito Para que a
da Segurança Pública que se trata de um dever do Estado, contudo segurança pública
direito e responsabilidades de todos, uma vez que as pessoas devem seja mantida, são
respeitar e seguir os ordenamentos jurídicos. delegadas aos
policiais federais,
Polícia Rodoviária
Para que a segurança pública seja mantida, são delegadas Federal, Polícia
aos policiais federais, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Ferroviária Federal,
Federal, Polícia Civis, Militares e Corpos de Bombeiros Militares, Polícia Civis,
desde as competências educadoras até as ostensivas, dependendo Militares e Corpos
da situação, objetivando reprimir as condutas infratoras. de Bombeiros
Militares, desde
as competências
Na sequência iremos conhecer estes órgãos e as suas educadoras até
competências no que concerne à manutenção da segurança e socorro as ostensivas,
no trânsito. dependendo
da situação,
objetivando reprimir
as condutas
3.3.1 PolÍcia Rodoviária Federal infratoras.

A Polícia Rodoviária Federal tem a sua competência regulada A Polícia Rodoviária


pelo Artigo 144 da Constituição Federal em seu parágrafo 2°, § 2º A Federal tem a
polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido sua competência
pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao regulada pelo Artigo
patrulhamento ostensivo das rodovias federais. 144 da Constituição
Federal em seu
parágrafo 2°.
Conforme Dutra (2016), o patrulhamento ostensivo delega a estes
agentes a atividade de combater o tráfico de pessoas, drogas, armas
Conforme
e animais, bem como realizar escoltas e os necessários atendimentos
Dutra (2016), o
em acidentes. patrulhamento
ostensivo delega
O artigo 20 do CTB, indica as competências deste órgão a estes agentes
conforme segue descrito: a atividade de
combater o tráfico
• Cumprir e faz cumprir a legislação e as normas de pessoas,
de trânsito, no âmbito de suas atribuições; drogas, armas e
• Realizar o patrulhamento ostensivo, executando animais, bem como
operações relacionadas com a segurança realizar escoltas
pública, com o objetivo de preservar a ordem, e os necessários
incolumidade das pessoas, o patrimônio da União
atendimentos em
e o de terceiros;
• Aplicar e arrecada as multas impostas por acidentes.
infrações de trânsito, as medidas administrativas
decorrentes e os valores provenientes de estada e remoção
de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de cargas

103
Acidente de Trânsito

superdimensionadas ou perigosas;
• Efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e
dos serviços de atendimento, socorro e salvamento de vítimas;
• Credenciar os serviços de escolta, fiscaliza e adota medidas
de segurança relativas aos serviços de remoção de veículos,
escolta e transporte de carga indivisível;
• Assegurar a livre circulação nas rodovias federais,
podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de medidas
emergenciais, e zela pelo cumprimento das normas legais
relativas ao direito de vizinhança, promovendo a interdição de
construções e instalações não autorizadas;
• Coletar dados estatísticos e elabora estudos sobre acidentes
de trânsito e suas causas, adotando ou indicando medidas
operacionais preventivas e encaminhando-os ao órgão
rodoviário federal;
• Implementar as medidas da Política Nacional de Segurança
e Educação de Trânsito;
• Promover e participa de projetos e programas de educação
e segurança, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo
CONTRAN;
• Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional
de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de
multas impostas na área de sua competência, com vistas à
unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das
transferências de veículos e de prontuários de condutores de
uma para outra unidade da Federação;
• Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos
pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo com
o estabelecido no art. 66, além de dar apoio, quando solicitado,
às ações específicas dos órgãos ambientais (BRASIL, 1997).

3.3.2 PolÍcia Civil


§ 4º Às polícias A Polícia Civil, está elencada no rol da Segurança Pública
civis, dirigidas conforme vimos no artigo 144 da Constituição Federal, e o parágrafo
por delegados 4° estabelece que: § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
de polícia de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União,
carreira, incumbem,
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
ressalvada a
competência da exceto as militares.
União, as funções
de polícia judiciária A Lei 12.830 de 20 de junho de 2013, diz respeito à “investigação
e a apuração de criminal conduzida por delegado de polícia”, ou seja, é a delegação
infrações penais, da competência no agir como polícia judiciária, o parágrafo 1° e 2°
exceto as militares.
da referida lei, que dispõe:

§ 1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade


policial, cabe a condução da investigação criminal por meio
de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei,
que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da

104
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

materialidade e da autoria das infrações penais.


§ 2o Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de
polícia a requisição de perícia, informações, documentos e
dados que interessem à apuração dos fatos.

A Polícia Civil no Brasil completou 210 anos no ano de 2018, e de acordo


com as pesquisas realizadas por Bretas e Rosemberg (2013), considera-se que a
Polícia Civil, surgiu em 1808 com a transmigração da família real portuguesa, com
a criação da Intendência Geral da Polícia.

Conforme será estudado no último item deste capítulo, a perícia estará sob a
égide da Polícia Civil conforme previsto no respectivo ordenamento jurídico.

3.3.3 PolÍcia Militar O Artigo 144 da


Constituição Federal
O Artigo 144 da Constituição Federal em seu parágrafo 5° em seu parágrafo
estabelece a seguinte competência para a Polícia Militar: § 5º Às 5° estabelece
polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem a seguinte
competência para
pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições
a Polícia Militar:
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 5º Às polícias
militares cabem a
Por esta definição percebe-se que a Polícia Militar não é um polícia ostensiva
órgão do trânsito, porém no que concerne à competência nesta e a preservação
esfera, encontra-se tipificado no artigo 23, inciso III, do CTB, da ordem pública;
aos corpos de
dispondo que por meio de convênio com os órgãos executivos de
bombeiros militares,
trânsito, executará ações de fiscalizações de trânsito, de acordo com além das atribuições
o convênio firmado, como agente do órgão ou entidade executivos definidas em lei,
de trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os incumbe a execução
demais agentes credenciados. de atividades de
defesa civil.
Conforme o artigo 5° e 6° do CTB, que dispõe sobre Sistema
Nacional de Trânsito, um dos objetivos refere-se à educação no trânsito, a
Polícia Militar tem um programa extremamente importante chamado PROERD -
Programa Educacional de Resistência às Drogas -, que teve seu início no Estado
do Rio de Janeiro, com a finalidade da educação preventiva de crianças da faixa
etária de 9 a 11 anos, nas redes públicas e privadas.

No Estado de Santa Catarina, o programa já completou 20 anos, as


ações foram tão positivas que a PMSC, tornou-se um Centro de Treinamento
internacional do D.A.R.E. (Drug Abuse Resistance Education - ONG que
administra o programa em nível mundial), fora dos Estados Unidos (POLÍCIA
MILITAR DE SANTA CATARINA, s.d.).

105
Acidente de Trânsito

Na página do D.A.R.E, é possível ler a seguinte frase: “O DARE prevê um


mundo no qual os estudantes em todo o mundo têm o poder de respeitar os
outros e escolher levar vidas livres de violência, abuso de substâncias e outros
comportamentos perigosos” (DARE, s.d, p. 1).

Segundo a PMSC (2017), o PROERD/SC, em seu balanço anual mostrou


que em 2017 atenderam a 94.089 de alunos matriculados no 5° ano. São estas
ações, que ao longo dos anos, irão propiciar a conscientização no que tange à
responsabilidade frente à sociedade, pois a educação iniciada com crianças é
mais efetiva.

Conheça mais sobre o PROERD/SC, acessando: <http://www.


pm.sc.gov.br/cidadao/proerd.html>.

A Constituição
3.3.4 CorPo de BomBeiros
Federal no Artigo
A Constituição Federal no Artigo 144, estabelece no parágrafo
144, estabelece
no parágrafo 6° 6° sobre o corpo de bombeiros da seguinte forma: § 6º As Polícias
sobre o corpo Militares e Corpos de Bombeiros Militares, forças auxiliares e
de bombeiros da reserva do Exército, subordinam-se, juntamente às Polícias Civis,
seguinte forma: § 6º aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
As Polícias Militares
e Corpos de
O Corpo de Bombeiros no Brasil teve o seu início oficial em 2
Bombeiros Militares,
forças auxiliares e de julho de 1856, no Estado do Rio de janeiro, por meio de Decreto
reserva do Exército, assinado pelo então Imperador Dom Pedro II, e foi a partir do ano
subordinam-se, de 1880 que os bombeiros passaram a ter organização militar,
juntamente às tendo como missão além de apagar fogo, realizar atendimentos
Polícias Civis, aos pré-hospitalares em caso de trauma e dos salvamentos em altura
Governadores dos
e em águas, de busca e defesa civil (CORPO DE BOMBEIROS/PR,
Estados, do Distrito
Federal e dos 2015).
Territórios.

106
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

3.3.5 Serviços de Atendimento MÓvel


de UrgÊncia – SAMU
O SAMU foi instituído em 27 de abril de 2004, pelo Decreto O SAMU foi
n° 5.055, devido ao alto índice de morbimortalidade, relativo às instituído em 27
urgências, traumas e violência. Os SAMUs são estabelecidos em de abril de 2004,
pelo Decreto n°
municípios e regiões do território nacional e para que o município
5.055, devido
possa contar com o SAMU deve requerer ao Ministério da Saúde e ao alto índice de
das Comunicações. morbimortalidade,
relativo às
O SAMU deverá ser acionado em situações que são urgências, traumas
consideradas de urgências ou emergências, ou seja, quando há risco e violência.
de morte, sequela ou sofrimento intenso, atendendo por exemplo
nas ocorrências de acidentes com traumas e vítimas, por meio do telefone 192
(BRASIL, 2004).

O quadro a seguir traz orientações sobre o acionamento do SAMU e


bombeiros, pois sempre há dúvidas sobre quando se deve acionar um ou outro.

QUADRO 8 - QUANDO DEVO ACIONAR O SAMU OU OS BOMBEIROS


BOMBEIRO 193 SAMU 192
Incêndios. Dores no peito de aparecimento
súbito.
Acidentes com pessoas presas nas fer- Crises convulsivas (ataques, con-
ragens. vulsão).
Tentativas de suicídio. Situações de intoxicação ou en-
venenamento.
Choques elétricos. Acidentes de trânsito com atropela-
mento.
Salvamentos aquáticos. Queimaduras graves.
Desabamentos. Traumas (tórax, crânio e fraturas).
Quedas de alturas com mais de 7 met- Trabalhos de parto com risco de
ros. morte da mãe ou do feto.
Deslizamentos de terra. Perda de consciência (desmaio).
Vazamentos de gás Queda acidental.
Sangramentos/hemorragias.
FONTE: <http://www.profissaobombeiro.com/blogs/view/58>. Acesso em: 9 dez. 2018.

107
Acidente de Trânsito

1 Descreva pelo menos duas competências de outros órgãos de


trânsito.

R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Neste item foi possível analisar a competência de cada órgão que faz parte
do Sistema Nacional de Trânsito, distribuindo as responsabilidades aos diversos
órgãos, seguindo o sistema federativo brasileiro, como infrações que sejam de
âmbito administrativo, como a emissão das Carteiras de Habilitação, ficassem
sob a responsabilidade do Estado, estacionar em locais públicos, delegada aos
Municípios, a formação de condutores, o policiamento e a fiscalização, e também
o poder de polícia na aplicação de punições e medidas administrativas, que são
de responsabilidade de cada órgão em conformidade com a sua circunscrição.

108
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

FIGURA 6 - REPRESENTAÇÃO DO SNT NA FORMA DE ESTRUTURA HIERÁRQUICA

FONTE: Disponível em: <http://www.transitoideal.com/pt/artigo/4/educador/42/


municipalizacao-do-transito>. Acesso em: 24 jan. 2019.

Na sequência, passaremos a analisar o perito que tem atribuições específicas


com relação ao levantamento do local do acidente, também será apresentado o
perfil, habilidades e conhecimentos necessários para ingressar nesta carreira.

109
Acidente de Trânsito

4 O PERITO E SUAS ATRIBUIÇÕES


O Código de
O Código de Processo Penal, no Capítulo VI, artigos 275 até
Processo Penal,
no Capítulo VI, 280 disciplinas a respeito dos peritos e intérpretes, sendo que
artigos 275 até o artigo 275 estabelece que “o perito ainda quando não oficial,
280 disciplinas a estará sujeito à disciplina judiciária”. Desta forma os peritos são
respeito dos peritos considerados como auxiliares dos poderes judiciários, contribuindo
e intérpretes, sendo com informações para a elucidação do crime.
que o artigo 275
estabelece que “o
perito ainda quando No Brasil, o atendimento dos locais de acidente de trânsito
não oficial, estará tanto nas vias públicas e federais, sejam em zonas urbanas ou
sujeito à disciplina rurais, serão realizadas pela perícia criminal em conjunto com os
judiciária”. Desta demais órgãos de trânsito, conforme apresentado no item anterior,
forma os peritos contudo, é necessário analisar que o artigo 20 - CTB, estabelece
são considerados
que a Polícia Rodoviária Federal, tem como competência em
como auxiliares dos
poderes judiciários, “efetuar levantamento dos locais de acidente de trânsito”, e artigo
contribuindo com o 21 inciso IV, o CTB, indica a respeito da responsabilidade dos
informações para a órgãos e entidades executivas rodoviárias de acordo com o ente
elucidação do crime. federativo, na coleta de dados estatísticos, e o artigo 24 do mesmo
ordenamento atribui aos municípios também a competência na
coleta dos dados estatísticos. No entanto, é cediço que no caso de
Aragão (2015, p. 3) acidentes com vítimas é obrigatório a presença do perito criminal.
explica que “coletar
dados e efetuar
levantamento de Aragão (2015, p. 3) explica que “coletar dados e efetuar
local”, tem o mesmo levantamento de local”, tem o mesmo significado, tratando de uma
significado, tratando fase inicial do exame do local do acidente, porém terá outras fases
de uma fase inicial com investigações mais aprofundadas, exigindo determinados
do exame do local protocolos e exigências que serão verificados pelos envolvidos seja
do acidente, porém
pelo perito criminal, agentes municipais ou da polícia rodoviária. O
terá outras fases
com investigações mesmo autor afirma que, os agentes municipais, rodoviários e da
mais aprofundadas, Polícia Militar quando tiverem realizado os necessários convênios,
exigindo capacitarem na arte da perícia técnica, para que a elucidação dos
determinados fatos seja relatada com precisão, sendo que o artigo 160 do Código
protocolos e de Processo Penal estabelece que:
exigências que
serão verificados Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde
pelos envolvidos descreverão minuciosamente o que examinarem, e
seja pelo perito responderão aos quesitos formulados.
criminal, agentes Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo
municipais ou da máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em
polícia rodoviária. casos excepcionais, a requerimento dos peritos (BRASIL,
1941)

110
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Desta forma é
Desta forma é possível dizer que os profissionais peritos para
possível dizer que
a execução de suas funções deverão possuir além da formação os profissionais
em curso superior, diversos conhecimentos e habilidades para que peritos para a
possam analisar com segurança os dados qualitativos e quantitativos execução de suas
do levantamento do local do crime, fazendo as necessárias anotações funções deverão
e registros fotográficos e topográficos conforme exigências do âmbito possuir além da
formação em curso
forense, e será dentro destes institutos que poderão fazer o curso de
superior, diversos
formação técnico-pericial em uma Academia de Polícia. conhecimentos e
habilidades para
Para ser perito é necessário prestar concurso público para que possam analisar
trabalhar em um dos institutos criminalísticos dos respectivos com segurança os
estados. Uma das incumbências de extrema importância dos peritos dados qualitativos
e quantitativos
é procurar preservar o local do acidente, para que a condução de
do levantamento
suas análises não fique comprometidas, requerendo, portanto, um do local do
perfil de líder. Terão que executar os exames periciais, como por crime, fazendo
exemplo vistorias dos objetos que estiverem nas rodovias, veículos as necessárias
incendiados, vítimas, e demais condições veiculares. anotações e
registros fotográficos
e topográficos
O perito também deverá criar indicadores referente às perícias
conforme exigências
realizadas, objetivando propiciar dados que possam ser monitorados, do âmbito forense,
por meio de planos de ação para prover os diversos órgãos e será dentro
executivos de trânsito, de dados para reduzir ou eliminar situações destes institutos
que concorrem para a efetivação dos acidentes de trânsito. que poderão fazer o
curso de formação
técnico-pericial em
Desta forma, o perito estudará sob o aspecto cientifico os
uma Academia de
vestígios do local do crime por meio de cálculos físicos, a dinâmica e Polícia.
as circunstâncias pelas quais concorreram o acidente.

O perito criminal aposentado Hutterer (2018) por sua experiência Desta forma, o
de longa data, diz que o trabalho do perito “não para”, pois há uma perito estudará sob
o aspecto cientifico
série de atividades que devem ser executadas, como os exames
os vestígios do local
dos locais do sinistro, exames laboratoriais, elaboração do laudo, do crime por meio
pesquisas, capacitações contínuas e as participações em processos e de cálculos físicos,
que, portanto, as atividades dos peritos podem ser resumidas, de uma a dinâmica e as
forma geral, em quatro atividades: examinar, descrever, responder circunstâncias pelas
quesitos e elaborar laudo. O autor ainda faz uma interessante quais concorreram o
acidente.
comparação entre o profissional perito e o paleontólogo, sendo
necessário um método organizado, que orienta da necessidade do uso de método
científico, por meio da observação, hipótese, experiência e raciocínio, pois muitas
vezes o local do acidente se encontra alterado, com pistas falsas, implicando na
necessidade de vasto conhecimento investigativo e técnicas específicas para
elaboração do laudo pericial.

111
Acidente de Trânsito

Hutterer (2018), ainda alerta que a prova pericial para ser fidedigna e
aprovada, é necessário que a autoridade policial se faça presente nos locais de
crime, em conformidade com o que dispõe o Código de Processo Penal.

Um exemplo de que o perito deve estar sempre estudando, foi apresentado


por um perito do Instituto Criminalístico do Alagoas, que desenvolveu um novo
método para analisar os vídeos contendo imagens de acidentes de trânsito. O
método consiste em determinar com precisão a velocidade que se encontrava
o veículo automotor no momento das colisões e atropelamentos com ou sem
vítimas fatais e explica, que tanto no Alagoas como em outras regiões do Brasil,
esta análise é reproduzida por meio de simulação, demandando mais tempo,
pois é necessário reconstituir com precisão o momento do acidente no respectivo
local. O método baseia-se no “Princípio Fermat” o qual corresponde que:

A luz escolhe os melhores caminhos, e aplicado a meios


homogêneos, tem se como consequência a propagação
retilínea da luz. Para isso, o perito criminal com apoio de um
auxiliar utiliza um software de edição de vídeo e dois tipos
de instrumentos para conferir o vídeo e aferir as medidas e
velocidade dos veículos (ALAGOAS 24 HORAS, 2018, s.p.).

O método tem sido utilizado desde 2015 no Estado do Alagoas e tem


conseguido detectar com precisão a velocidade que os veículos se encontravam
no momento do atropelamento, ocorrido em agosto de 2017, com o envolvimento
de dois veículos que ocasionaram uma vítima com lesão corporal, sendo que a
motocicleta estava a uma velocidade de 52,925km/h e o automóvel a 46,483 km/h
(ALAGOAS 24 HORAS, 2018).

Também é possível vislumbrar que decisões que são prolatadas, a perícia


é fundamental para auxiliar o juiz em seu julgamento, a exemplo do caso que
segue:

Tribunal de Justiça do Maranhão TJ-MA - APELAÇÃO


CRIMINAL: APR 215422006 MA
PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO
COM UMA VÍTIMA FATAL E OUTRA VÍTIMA DE LESÕES
CORPORAIS CULPOSA. ALEGAÇÃO DE QUE A DECISÃO
CONDENATÓRIA FOI BASEADA TÃO SOMENTE NO
DEPOIMENTO DE UMA TESTEMUNHA. OS DEPOIMENTOS
TESTEMUNHAIS NÃO SE COADUNAM COM O LAUDO
PERICIAL. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO
O laudo de exame pericial em local de acidente atendeu às
diretrizes do Artigo 160 do Código de Processo Penal e os
seus signatários-técnicos do Instituto de Criminalista – após
o estudo do local do acidente e interpretação dos vestígios
materiais encontrados, concluíram que a causa determinante

112
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

do acidente foi a imprudência do motociclista, por não circular


próximo ao meio fio da sua direita e por falta de habilidade do
condutor do Automóvel Placa _LVV – 9840/PI, ora recorrente,
por não ter domínio na direção do Veículo diante da situação
surgida.
Do exame do conjunto probatório contido nos autos conclui-
se que o apelante Miguel da Silva Morais agiu com culpa
manifesta no acidente que ceifou a vida de Solange Oliveira
Feitosa e lesionou Soraia Oliveira Feitosa.
Recurso Improvido.
Julgamento 26/02/2007. Relator: Maria Madalena Alves Serejo.
Disponível em: <https://tj-ma.jusbrasil.com.br/
jurisprudencia/4706475/apelacao-criminal-apr-215422006-
ma>. Acesso em: 24 jan. 2019.

Conclui-se, portanto, que o perito é um profissional fundamental, que por


meios técnicos científicos, vai provar de forma objetiva, o responsável pelas
infrações, e principalmente quando estas ações tiverem ocasionados, vítimas
fatais e sequelas permanentes.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, foi possível analisarmos outros fatores que provocam os
acidentes de trânsito, como veículo, via e clima, estes últimos decorrentes dos
fatores da natureza. Assim, é possível dizer, exceto o fator clima, os demais
fatores são exclusivos da habilidade e conhecimentos do ser humano, embora
os fatores climáticos também venham sofrendo a interferência da ação humana,
como no caso das emissões de partículas poluentes dos veículos que se
encontram desregulados e até mesmo pela grande quantidade de veículos que se
encontram em circulação.

O veículo é uma ferramenta necessária tanto para realizar as atividades


profissionais como para lazer, devendo ser mantido em condições de uso,
evitando os acidentes provocados por defeitos mecânicos.

Os condutores de veículos, precisam criar o hábito de deixar o veículo em


ordem, estabelecendo, por exemplo, cronograma periódico de manutenção
veicular. O veículo pode trazer inúmeros benefícios no que concerne à mobilidade,
contudo, é uma arma mortífera quando não utilizado em consonância com os
ditames legais e o bom senso.

A questão dos fatores climáticos é um ponto de atenção, tanto para os


condutores de veículos como para os pedestres que trafegam nas vias públicas,
pois num dia de neblina dificilmente será possível identificar um veículo que
esteja à frente do seu, se estiver com as luzes apagadas, da mesma forma que

113
Acidente de Trânsito

um ciclista pedalando no acostamento com roupas escuras.

Como já salientamos no Capitulo 1 desta obra, a prevenção é um dos


principais fatores impeditivos do acidente, estamos, por vezes, tão absortos
com as nossas atividades ou aquela vontade de irmos aproveitar as férias, que
deixamos passar pequenos e grandes detalhes que fazem toda a diferença para
a nossa segurança.

Também tivemos a oportunidade de conhecer o Sistema Nacional de


Trânsito, que é formado por um grande aparato de órgãos sendo normativos
e executivos, órgãos estes preocupados em criar ordenamentos jurídicos, que
possam refletir a realidade no que concerne a circulação por toda a sociedade. E,
órgãos que estão ligados às questões da segurança pública, e os peritos que são
aqueles que, infelizmente, irão identificar as condições dos sinistros.

Assim, é possível concluir que estamos amparados por órgãos que estão
trabalhando preventivamente e aqueles que ficam aguardando serem chamados
para prestar o respectivo socorro, como aqueles que irão investigar a ocorrência.
E, nós cidadãos que temos uma participação crucial, em agirmos com consciência
e preventivamente.

REFERÊNCIAS
ALAGOAS 24 HORAS. Perito criminal cria método para determinar a
velocidade de veículos em acidentes de trânsito. Maceió, 2018. Disponível
em: <http://www.alagoas24horas.com.br/1135716/perito-criminal-cria-metodo-
para-determinar-velocidade-de-veiculos-em-acidentes-de-transito/>. Acesso em:
9 dez. 2018.

ARAGÃO, Ranvier Feitosa. Investigação Pericial em locais de Acidentes de


Trânsito. 1. ed. São Paulo/Campinas: Millenium, 2015.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. O que é Norma Técnica?


Disponível em: <http://abnt.org.br/informacao/duvidas-frequentes>. Acesso em: 7
nov. 2018.

______. NBR 10.697: Pesquisa de Acidentes de Trânsito. Junho/1989. Disponível


em: <https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=7661>. Acesso em: 7 nov.
2018.

______. NBR 6.067: Veículos rodoviários automotores, seus rebocados e

114
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

combinados – Classificação, terminologia e definições. Maio/2007. Disponível


em: <https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=740>. Acesso em: 8 nov.
2018.

______.NBR 39.001: Sistemas de gestão da segurança viária (SV). 2015.


Disponível em: <https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=346433>.
Acesso em: 7 nov. 2018.

BRASIL. Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo


Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.
htm>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do


consumidor e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm>.
Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Decreto 5.055 de 27 de abril de 2004. Institui o Serviço de Atendimento


Móvel de Urgência – SAMU, em Municípios e regiões do território Nacional.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/
Decreto/D5055.htm>. Acesso em: 9 dez. 2018.

______. Resolução CONAMA n. 418/2009. Dispõe sobre critérios para a


elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular - PCPV e para a
implantação de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M
pelos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente e determina novos limites
de emissão e procedimentos para a avaliação do estado de manutenção de
veículos em uso. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=618>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Lei n. 12.379, de 6 de Janeiro de 2011. Dispõe sobre o Sistema


Nacional de Viação - SNV; altera a Lei no 9.432, de 8 de janeiro de 1997; revoga
as Leis nos 5.917, de 10 de setembro de 1973, 6.346, de 6 de julho de 1976,
6.504, de 13 de dezembro de 1977, 6.555, de 22 de agosto de 1978, 6.574, de
30 de setembro de 1978, 6.630, de 16 de abril de 1979, 6.648, de 16 de maio de
1979, 6.671, de 4 de julho de 1979, 6.776, de 30 de abril de 1980, 6.933, de 13
de julho de 1980, 6.976, de 14 de dezembro de 1980, 7.003, de 24 de junho de
1982, 7.436, de 20 de dezembro de 1985, 7.581, de 24 de dezembro de 1986,
9.060, de 14 de junho de 1995, 9.078, de 11 de julho de 1995, 9.830, de 2 de
setembro de 1999, 9.852, de 27 de outubro de 1999, 10.030, de 20 de outubro

115
Acidente de Trânsito

de 2000, 10.031, de 20 de outubro de 2000, 10.540, de 1o de outubro de 2002,


10.606, de 19 de dezembro de 2002, 10.680, de 23 de maio de 2003, 10.739,
de 24 de setembro de 2003, 10.789, de 28 de novembro de 2003, 10.960, de 7
de outubro de 2004, 11.003, de 16 de dezembro de 2004, 11.122, de 31 de maio
de 2005, 11.475, de 29 de maio de 2007, 11.550, de 19 de novembro de 2007,
11.701, de 18 de junho de 2008, 11.729, de 24 de junho de 2008, e 11.731, de 24
de junho de 2008; revoga dispositivos das Leis nos 6.261, de 14 de novembro de
1975, 6.406, de 21 de março de 1977, 11.297, de 9 de maio de 2006, 11.314, de
3 de julho de 2006, 11.482, de 31 de maio de 2007, 11.518, de 5 de setembro de
2007, e 11.772, de 17 de setembro de 2008; e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12379.htm>.
Acesso em: 31 jan. 2019.

______. Ministério da Justiça. Portaria 487/2012. Disciplina o procedimento


de chamamento dos consumidores ou recall de produtos e serviços que,
posteriormente a sua introdução no mercado de consumo, forem considerados
nocivos ou perigosos. Disponível em: <http://www.defesadoconsumidor.gov.br/
images/Legisla%C3%A7%C3%A3o/Portaria_487_de_2012.pdf>. Acesso em: 25
nov. 2018.

______. Lei n. 12.830 de 20 de junho de 2013. Dispõe sobre a investigação


criminal conduzida pelo delegado de polícia. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12830.htm>. Acesso em: 9
dez. 2018.

______. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de


Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Lei n. 13.290, de 23 de maio de 2016. Torna obrigatório o uso, nas


rodovias, de farol baixo aceso durante o dia e dá outras providências. Disponível
em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2016/lei-13290-23-maio-2016-
783132-publicacaooriginal-150408-pl.html>. Aceso em: 09 de dez. 2019.

______. Ministério das Cidades. Boletim de Recall. Veículos. 2016. Disponível


em: <http://www.denatran.gov.br/images/Arquivos/Boletim_de_Recall_-_Veículos.
pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018.

______. Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento. Instituto Nacional


de Meteorologia – INMET. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.
php?r=home/page&page=glossario>. Acesso em: 7 dez. 2018.

______. Ministério da Justiça. SENACON. Secretaria Nacional do Consumidor.

116
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

Guia Prático do Fornecedor. Recall. Disponível em: <http://www.justica.gov.


br/seus-direitos/consumidor/saude-e-seguranca/anexos/recall-guia-pratico-do-
fornecedor.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018.

______. Ministério da Saúde. Quando chamar o SAMU 192. Disponível em:


<http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/samu/quando-chamar-o-
samu-192>. Acesso em: 9 dez. 2018.

______. Ministério da Segurança Pública. Polícia Federal. (s.d). Dados abertos/


Acidentes. Disponível em: <https://www.prf.gov.br/portal/dados-abertos/
acidentes/acidentes>. Acesso em: 25 nov. 2018.

______. Medida provisória n. 870, de 1º de janeiro de 2019. Estabelece a


organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/
mpv870.htm>. Acesso em: 31 jan. 2019.

CONDLIFFE, Jamie. Por que não teremos carros autônomos tão cedo.
Publicado em 20 de maio de 2015. GIZMODO Brasil. Disponível em: <https://
gizmodo.uol.com.br/por-que-nao-teremos-carros-autonomos-tao-cedo/>. Acesso
em: 30 nov. 2018.

______. One way to get self-driving cars on the road faster: let insurers
control them. MIT Technology Review. April 30, 2018. Disponível em: <https://
www.technologyreview.com/s/611003/one-way-to-get-self-driving-cars-on-the-
road-faster-let-insurers-control-them/>. Acesso em: 30 nov. 2018.

BRETAS, Marcos Luiz; ROSEMBERG, André. A história da polícia no Brasil:


balanço e perspectivas. Topoi, v. 14, n. 26, jan./jul. 2013, p. 162-173. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/topoi/v14n26/1518-3319-topoi-14-26-00162.pdf>.
Acesso em: 9 dez. 2018.

CNT; SEST/SENAT. Despoluir: 10 anos de sustentabilidade no transporte.


Brasília, 2017. Disponível em: <http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20
CNT/despoluir_10_anos_sustentabilidade_transporte.pdf>. Acesso em: 1 dez.
2018.

CNT. Confederação Nacional de Transporte. Boletim Estatístico. Disponível em:


<http://www.cnt.org.br/Boletim/boletim-estatistico-cnt>. Acesso em: 4 dez. 2018.

CNT. Confederação Nacional de Transporte. Pesquisa CNT de Rodovias. 2018.


Disponível em: <http://pesquisarodovias.cnt.org.br/>. Acesso em: 31 jan. 2019.

117
Acidente de Trânsito

CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ. Histórico do corpo de bombeiros no


Brasil. 2015. Disponível em: <http://www.bombeiros.pr.gov.br/modules/conteudo/
conteudo.php?conteudo=2>. Acesso em: 9 dez. 2018.

DARE. The Most Comprehensive Drug Prevention Curricula in the World.


Disponível em: <https://dare.org/>. Acesso em: 26 jan. 2019.

DENATRAN. Resolução CONTRAN n. 14 de 06/02/1998. Disponível em: <https://


www.legisweb.com.br/legislacao/?id=96437>. Acesso em: 7 dez. 2018.

DENATRAN. Resolução CONTRAN n. 357. Estabelecer diretrizes para a


elaboração do Regimento Interno das Juntas Administrativas de Recursos
de Infrações -- JARI. Disponível em: <http://www.denatran.gov.br/download/
Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_357_10.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.

DETRAN/PR. O que é e quais são as condições adversas. Disponível em:


<http://www.educacaotransito.pr.gov.br/pagina-118.html>. Acesso em: 1 dez.
2018.

______. Manual de Habilitação. Veículo. Disponível em: <http://www.detran.


pr.gov.br/arquivos/File/habilitacao/manualdehabilitacao/manualdehabparte3.pdf>.
Acesso em 10 dez. 2018.

DUTRA, João Carneiro Neto. Os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito e


o exercício do poder da polícia administrativa. 2016. Disponível em: <https://
www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10016/Os-orgaos-do-Sistema-Nacional-de-
Transito-e-o-exercicio-do-poder-de-policia-administrativa>. Acesso em: 9 dez.
2018.

FANTÁSTICO/REDE GLOBO. Vídeo. Transporte de cargas do Brasil é um dos


mais caros e ineficientes do mundo. 27/05/2018. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=MXYquyXkg0c>. Acesso em: 10 dez. 2018.

HUTTERER, Paulo. A atividade do perito criminal. 2018. JOTA CARREIRA.


São Paulo. Disponível em: <https://www.jota.info/carreira/a-atividade-do-perito-
criminal-02112018>. Acesso em: 9 dez. 2018.

INMET. Glossário. (s.d.). Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.


php?r=home/page&page=glossario#G>. Acesso em: 26 jan. 2019.

LASMAR, Maria Teresa; MORAES, Bernardo Moeller; INOUYE, Tiago Inada;


BACALTCHUCK, Paulo Brukirer; PAMBOUKIAN, Sergio Vicente. Identificação e
classificação de pontos críticos de acidentes de trânsito. Revista Mackenzie

118
Capítulo 2 OS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE DE TRÂNSITO

de Engenharia e Computação. São Paulo, v 17, n 1, p. 85-100,2017.

MAGALHÃES, Marcos Thadeu Queiroz. Fundamento para a pesquisa


em transporte: Reflexões filosóficas e contribuições da antologia de
Bunge. Terse de Doutorado em Transporte. Publicação T.D. 001A/2010.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília.
Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/8375/1/2010_
MarcosThadeuQueirozMagalhaes.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018.

POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA. O Proerd em Santa Catarina.


Disponível em: <http://www.pm.sc.gov.br/cidadao/proerd.html>. Acesso em: 9
dez. 2018.

PMSC. Balanço Proerd. 2017. Disponível em: <http://www.pm.sc.gov.br/


cidadao/proerd.html?id=23>. Acesso em: 26 jan. 2019.

SINDREPA, Associação de Entidades Oficiais de Reparação de veículos do


Brasil. Anuário da Indústria da reparação de veículos. 2018. Disponível em:
<https://pt.calameo.com/read/005648254b5537fcd436a>. Acesso em: 25 nov.
2018.

SEGURADORA LÍDER. Relatório Anual. Seguradora Líder - DPVAT, 2017.


Disponível em: <https://www.seguradoralider.com.br/Documents/Relatorio-Anual/
Relatorio-Anual-Seguradora%20Lider_2017.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.

SEGURADORA LÍDER. Boletim Estatístico. 2018. Disponível em: <https://


www.seguradoralider.com.br/Pages/Boletim-Estatistico.aspx>. Acesso em: 7 dez.
2018.

TRÂNSITO BR. Acidentes Causa. (s.d.). Disponível em: <http://www.transitobr.


com.br/index2.php?id_conteudo=8>. Acesso em: 10 dez. 2018.

119
Acidente de Trânsito

120
C APÍTULO 3
CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE
ACIDENTE DE TRÁFEGO

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Compreender as classificações e definições do acidente de trânsito.

 Conhecer para interpretar as causas dos acidentes que ocorrem no Brasil.

 Diferenciar os diversos tipos de acidentes de tráfego.

 Especificar de forma técnica as áreas que ficam danificadas com o acidente de


trânsito.
Acidente de Trânsito

122
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Nos dois primeiros capítulos desta obra, estudamos os acidentes de
trânsito, os fatores que contribuem para a sua ocorrência, levantamento do
local do acidente e as autoridades de trânsito que agem de maneira consultiva,
preventiva e atuante no momento da ocorrência de sinistros, neste último capítulo
vamos retomar alguns conceitos já apresentados que serão combinados com as
classificações gerais de trânsito, áreas danificadas pelos acidentes de trânsito, e
a apresentação dos indicadores e cenários dos acidentes no Brasil e no mundo.

Assim, este capítulo final terá o condão de fazermos uma reflexão a respeito
dos efeitos nefastos que os acidentes provocam e uma breve análise utilizando
vários estudos a respeito da questão psicológica do ser humano, pois conforme
pesquisas de vários órgãos de âmbito nacional como internacional indicam que
os acidentes são provocados em sua grande maioria por falha e comportamento
humano.

De forma simplista, por meio de alguns autores, tentaremos compreender o


que leva o ser humano a ser o principal responsável pela sua própria morte e de
outras pessoas. Devemos considerar que a nossa Carta Magna, a Constituição
Federal do Brasil de 1988, tem como princípio fundamental a preservação da vida
e da dignidade humana.

O Brasil, com a modernização do Código de Trânsito Brasileiro tem procurado


por meio de leis mais severas, imputar punições para aqueles condutores que
insistem em transgredir preceitos basilares, como se for dirigir não beba, a falta de
uso de equipamentos de proteção, ainda presente em vários acidentes, como a
falta do uso do cinto de segurança ou da cadeirinha para as crianças, o transporte
inadequado de cargas, a falta de manutenção veicular e tantas outras ações
facilmente de serem coibidas, o que nos parece um contra senso.

Os órgãos públicos e privados têm ostensivamente realizado campanhas e


programas de conscientização, sendo que os dados estatísticos revelam que o
trânsito tem ficado entre os principais casos geradores de mortalidade e sequelas
permanentes. É fato que a vida humana tem que ser o foco principal de atenção,
contudo, também se faz necessário mostrar em termos de perdas materiais, o
quanto é dispendioso manter tantos profissionais empenhados em salvar vidas,
reconstruir áreas de preservação ambiental e de vias públicas, valores que
poderiam estar sendo utilizados em programas preventivos à saúde.

Por esta reflexão inicial, vamos procurar neste capítulo não apenas mostrar
os indicadores e as condições de sinistralidade, mas por meio de vários estudos,

123
Acidente de Trânsito

principalmente o da Organização Mundial da Saúde - OMS -, quais condições e


ações possíveis para reduzir estes dados alarmantes, a fim de propiciar um futuro
seguro no trânsito.

2 CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS


ACIDENTES DE TRÁFEGO
No Capítulo 1, apresentamos a definição de acidente de trânsito como um
fato imprevisto e, na maioria das vezes, não intencional, provocando danos
físicos, materiais e por vezes morais.
De acordo com
o DETRAN/PR
(s.d.), acidente De acordo com o DETRAN/PR (s.d.), acidente evitável é aquele
evitável é aquele em que se deixou de fazer tudo o que razoavelmente poderia ter
em que se deixou feito para evitá-lo.
de fazer tudo o
que razoavelmente
Assim, ao mesmo tempo que encontramos a definição do
poderia ter feito para
evitá-lo. acidente como um fato imprevisto, não intencional, na maioria
das vezes poderia ter sido evitado e , portanto, previsível, já que o
homem tem a capacidade de pensar e prever futuras sinistralidades, respeitando
as leis de trânsito, mantendo um comportamento defensivo, e não somente na
condução de veículos automotores, mas também como pedestre e nas demais
formas de condução, como andar bicicleta, assim, com certeza teríamos um
trânsito mais humanizado.

Antes de apresentarmos a classificação geral dos acidentes de trânsito,


vamos compreender o que é ser pedestre.

2.1 PEDESTRES
Na condição de pedestres, situação comum a todas as pessoas, o CTB
trouxe algumas inovações que serão apresentadas e o mesmo ordenamento legal
dispõe de diversos dispositivos que tantos os condutores de veículos deverão se
atentar para garantir a segurança dos pedestres, e as normativas
O CTB/97 tem um que os pedestres também deverão seguir.
princípio basilar
contido em diversos
O CTB/97 tem um princípio basilar contido em diversos artigos
artigos que o menor
tem preferência que o menor tem preferência sobre o maior, conforme disposto nos
sobre o maior. seguintes artigos:

124
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Artigo 38 - Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via


ou em lotes lindeiros, o condutor deverá:

Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de direção,


o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas,
aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista da
via da qual vai sair, respeitadas as normas de preferência de
passagem.

Artigo 39 - Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá


ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio de
sinalização, quer pela existência de locais apropriados, ou,
ainda, em outros locais que ofereçam condições de segurança
e fluidez, observadas as características da via,
do veículo, das condições meteorológicas e da A título de
movimentação de pedestres e ciclistas. esclarecimento o
CTB/97, em seu
Artigo 44 - Ao aproximar-se de qualquer tipo Anexo I, apresenta
de cruzamento, o condutor do veículo deve os “Conceitos e
demonstrar prudência especial, transitando em Definições”, que
velocidade moderada, de forma que possa deter são utilizados
seu veículo com segurança para dar passagem no presente
a pedestre e a veículos que tenham o direito de
ordenamento, como
preferência (BRASIL,1997)
no caso do “Lote
Lindeiro – aquele
A título de esclarecimento o CTB/97, em seu Anexo I, apresenta
situado ao longo
os “Conceitos e Definições”, que são utilizados no presente das vias urbanas
ordenamento, como no caso do “Lote Lindeiro – aquele situado ao ou rurais e que com
longo das vias urbanas ou rurais e que com elas se limita”. elas se limita”.

1 Observe os desenhos a seguir, e coloque-os na ordem numérica


correta de acordo com o princípio de preferência estabelecido
pelo CTB/97.

125
Acidente de Trânsito

O CTB/97 reservou ainda o Capítulo IV – “Dos pedestres e condutores de


veículos motorizados”, prevendo a segurança dos pedestres contidos nos artigos
68 ao 71.

No Capítulo 1, você encontra outros detalhamentos a respeito


da circulação de pedestres nas áreas urbanas e rurais.

Os pedestres, deverão ainda, observar, as seguintes proibições legais:

QUADRO 1 – PROIBIÇÕES AOS PEDESTRES.


I- Permanecer ou andar nas pistas de rola-
mento, exceto para cruzá-las onde for per-
mitido.
II- Cruzar pistas de rolamento nos viadutos,
pontes, ou túneis, salvo onde exista per-
missão.
Artigo 254. III- Atravessar a via dentro das áreas de cru-
zamento, salvo quando houver sinalização
para esse fim.
É proibido ao pedestre:
IV- Utilizar-se da via em agrupamento, capazes
de perturbar o trânsito, ou para a prática
de qualquer folguedo, esporte, desfiles e
similares, salvo em casos especiais e com a
devida licença da autoridade competente.
V- Andar fora da faixa própria, passarela, pas-
sagem aérea ou subterrânea.
VI- Desobedecer à sinalização de trânsito espe-
cífica.
FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997).

De acordo com este artigo os pedestres infratores estarão cometendo infração


leve, tendo como consequência a penalidade de multa, em 50% (cinquenta por
cento) do valor da infração da natureza leve.

Ainda no que se refere à aplicação de punições aos pedestres infratores


encontraremos o seguinte artigo e parágrafos:

Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de advertência por


escrito à infração de natureza leve ou média, passível de ser
punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma
infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade,
considerando o prontuário do infrator, entender esta providência
como mais educativa.

126
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

§ 1º A aplicação da advertência por escrito não elide o


acréscimo do valor da multa prevista no § 3º do art. 258,
imposta por infração posteriormente cometida.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se igualmente aos pedestres,
podendo a multa ser transformada na participação do infrator
em cursos de segurança viária, a critério da autoridade de
trânsito (BRASIL, 1997).

Pelo parágrafo segundo é possível concluir, que frente às Pelo parágrafo


dificuldades de impor multa pecuniária ao pedestre infrator, este segundo é possível
poderá ser obrigado a participar dos cursos de segurança viária, concluir, que frente
como punição ao seu comportamento pela autoridade competente. às dificuldades
de impor multa
Inclusive foi instituído o dia 8 de agosto como o Dia Internacional do
pecuniária ao
Pedestre, como forma de conscientizar os condutores de veículos pedestre infrator,
automotores na atenção e cuidados necessários com relação às este poderá ser
pessoas que se encontram nas vias públicas caminhando. obrigado a participar
dos cursos de
Os pedestres, por sua vez, além das proibições contidas no segurança viária,
como punição ao
artigo 254 do CTB/97, deverão dispender os necessários cuidados
seu comportamento
ao trafegar nas ruas e vias públicas, como evitar o uso de fones pela autoridade
de ouvidos e celulares, bem como outros meios que possam tirar a competente.
sua atenção. Respeitar as faixas de segurança, atravessar somente Inclusive foi
nos locais seguros e sinalizados, e verificar se os veículos estão lhe instituído o dia 8
vendo. de agosto como o
Dia Internacional
do Pedestre,
O CTB/97, também apresenta vários artigos prevendo os como forma de
cuidados necessários com os pedestres, como o artigo 21 inciso II e conscientizar
artigo 24 Inciso II, atribuindo responsabilidade aos órgãos e entidades os condutores
executivos rodoviários dos entes federativos, em consonância com de veículos
a sua circunscrição, no planejamento, construção e regulações automotores na
atenção e cuidados
normativas, propiciando segurança no trânsito de veículos, pedestres
necessários com
e de animais. relação às pessoas
que se encontram
A Organização Pan-Americana da Saúde, em 2013, lançou nas vias públicas
Cartilha, com princípios estratégicos visando um caminhar seguro caminhando.
para os pedestres, conforme quadro a seguir.

127
Acidente de Trânsito

QUADRO 2 – ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA A GARANTIA DO CAMINHAR SEGURO


ESTRATÉGIAS AÇÕES
Mobilidade Acesso às áreas de circulação públicas, onde todas as
pessoas independentemente da sua condição física, faixa
etária, sexo, origem cultura e étnica, possam trafegar livre-
mente sem barreiras.
Espaços para os pedestres Locais públicos que possam propiciar as pessoas qualidade
bem projetados e geridos. de vida, sem poluição e prazerosas.
Melhor integração das re- Locais públicos conectados, onde as pessoas tenham
des. acesso, por exemplo, a lojas, escolas, parques, locais de
transportes públicos, seguros e confortáveis.
Planejamento do espaço e Projetar locais para o caminhar seguro, sem que haja de-
uso do solo. pendência do uso de veículos automotores.
Redução do perigo no trân- Promulgação de leis que possam garantir que as pessoas
sito. andem com segurança, e ruas planejadas para este fim.
Menos crime e medo do Reforço no policiamento garantindo que as pessoas pos-
crime. sam caminhar pelas vias públicas sem medo de serem
abordadas por criminosos.
Autoridades mais solidárias. Autoridades que promovam, apoiam e salvaguardam a ca-
pacidade de escolha das pessoas em andar, por meio de
políticas e programas para melhorar a infraestrutura e for-
necer informações e inspiração para caminhar.
Uma cultura de caminhar. Despertar nas pessoas por meio de todas as ações descri-
tas, o prazer de caminhar com a família e amigos, tornar-se
hábito, fazendo parte da cultura das pessoas.
FONTE: Adaptado do Manual de Segurança de pedestres OPAS (2013, p. 115).

Se estas estratégias e ações se tornarem realidade, com certeza teremos


mais pessoas caminhando e andando de bicicleta, por exemplo, do que utilizando
os veículos automotores para fazerem os deslocamentos de seus habituais
percursos.

Agora que já conhecemos os direitos e proibições na condição de pedestre,


vamos analisar o que é necessário para se tornar condutor de veículo motorizado.

2.2 CONDUTOR DE VEÍCULO


MOTORIZADO
O artigo 140 do CTB/97, apresenta os requisitos preliminares necessários
antes mesmo de se pensar em submeter ao processo de habilitação:

I - Ser penalmente imputável;


II - Saber ler e escrever;
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente.
Parágrafo único. As informações do candidato à
habilitação serão cadastradas no RENACH (BRASIL,
1997)

128
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Conforme, CTB/97,
Conforme, CTB/97, em seu Anexo I, na parte dos “Conceitos e em seu Anexo I, na
Definições”, esclarece o significado de RENACH: “Registro Nacional parte dos “Conceitos
de Condutores Habilitados”, que será tratado oportunamente. e Definições”,
esclarece o
significado
Para que possamos compreender os requisitos necessários para de RENACH:
a obtenção da habilitação na condução de veículos automotores, “Registro Nacional
vamos estudar detalhadamente cada inciso do referido artigo. de Condutores
Habilitados”.
O inciso I estabelece que para ser condutor é necessário capacidade plena,
como por exemplo, ter maioridade penal, que no Brasil se adquire ao
completar 18 (dezoito) anos e, portanto, capaz de responder pelos Na esfera criminal
seus atos, contudo no caso de necessitar de CNH cujas classificações é condição sine
qua non o tempo
sejam D ou E, é necessário possuir 21 (vinte e um) anos e possuir
do crime, conforme
habilitação anterior nas outras classificações (B ou C). Capez e Prado
(2016), como no
Na esfera criminal é condição sine qua non o tempo do crime, caso do menor de
conforme Capez e Prado (2016), como no caso do menor de idade idade que provoca
que provoca acidente de trânsito, trazendo como consequência acidente de trânsito,
trazendo como
danos ou até mesmo a morte da vítima, este menor não responderá
consequência danos
pelo delito, devido a sua condição de inimputabilidade quando da ou até mesmo a
ocorrência do fato, este dispositivo é corroborado pelo Artigo 104 do morte da vítima,
Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/1990: este menor não
responderá pelo
Art. 104. São penalmente inimputáveis os delito, devido a
menores de dezoito anos, sujeitos às medidas sua condição de
previstas nesta Lei. inimputabilidade
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve quando da
ser considerada a idade do adolescente à data do ocorrência do fato,
fato (BRASIL, 1990).
este dispositivo é
corroborado pelo
Segue reproduzido Acórdão do TJ-PR, de situação análoga que Artigo 104 do
ocorreu com menor, e quem teve que responder foi a proprietária do Estatuto da Criança
veículo, sua mãe, que deveria ter tomado os necessários cuidados e do Adolescente –
para evitar que o filho que era inimputável viesse a dirigir seu veículo: Lei 8.069/1990.

Acórdão
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ 1ª TURMA
RECURSAL - PROJUDI Rua Mauá, 920 - 28º andar - Alto da
Glória - Curitiba/PR - CEP: 80.030-200 - Fone: 3017-2568
Recurso Inominado nº 0000107-36.2015.8.16.0054 Juizado
Especial Cível de Bocaiúva do Sul Recorrente (s): SUSANE
DE FATIMA DE BRITO CORLLECTO Recorrido (s): DAILON
MIGUEL CARON EROSA Relator: Leo Henrique Furtado Araújo

129
Acidente de Trânsito

RECURSO INOMINADO. RECLAMAÇÃO. RESSARCIMENTO


POR DANOS MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE
TRÂNSITO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO
INICIAL E PROCEDÊNCIA DO PEDIDO CONTRAPOSTO,
COM A CONDENAÇÃO DA AUTORA AO PAGAMENTO DE
R$ 5.700,00 A TÍTULO DE DANOS MATERIAIS E R$ 2.700,00
A TÍTULO DE LUCROS CESSANTES. INCONFORMISMO
RECURSAL DA RECLAMANTE. TESES DE NULIDADE DA
SENTENÇA POR FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO, CULPA
EXCLUSIVA DO RECLAMADO NO SINISTRO QUE COLIDIU
PROPOSITADAMENTE COM O VEÍCULO DA AUTORA,
AUTOMÓVEL ESTE QUE ERA CONDUZIDO POR SEU
FILHO (MENOR NÃO HABILITADO), INEXISTÊNCIA DE
PRESUNÇÃO PELO FATO DE O CONDUTOR SER MENOR
DE IDADE E DE NÃO COMPROVAÇÃO DOS DANOS
MATERIAIS. REQUER A REFORMA DO JULGADO. TESES
RECURSAIS RECHAÇADAS. SENTENÇA QUE EMBORA
SEJA SUCINTA, APRESENTA OS FATOS E FUNDAMENTOS
JURÍDICOS PARA A IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL
E PROCEDÊNCIA DO PEDIDO CONTRAPOSTO, NÃO
PADECENDO DE NULIDADE. PRELIMINAR REJEITADA.
RESPONSABILIDADE CIVIL. JUÍZO SINGULAR
DESTINATÁRIO DA PROVA. DEPOIMENTOS COLHIDOS
EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. LIMITAÇÃO COGNITIVA
RECURSAL. INEXISTÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS
QUE AUTORIZEM A REAVALIAÇÃO DOS FATOS PELO
COLEGIADO. PRINCÍPIO DA ORALIDADE. PARTE AUTORA
QUE NÃO LOGROU ÊXITO EM COMPROVAR FATO
CONSTITUTIVO DE SEU DIREITO, NOS TERMOS DO
ARTIGO 373, I DO CPC. VEÍCULO CONDUZIDO POR MENOR
DE IDADE. PRESUNÇÃO DE CULPA DAQUELE QUE NÃO
ESTÁ HABILITADO PARA DIRIGIR QUE NÃO FOI AFASTADA.
RESPONSABILIDADE DA GENITORA E PROPRIETÁRIA DO
VEÍCULO. EVASÃO DO LOCAL PELO CONDUTOR MENOR
NÃO HABILITADO. DIREÇÃO COM IMPRUDÊNCIA. FALTA
DE HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR
E A MENORIDADE COMO CAUSAS DETERMINANTES
PARA O ACIDENTE. INTELIGÊNCIA DO DISPOSTO NOS
ARTIGOS 5º E 6º DA LEI 9.099/95. DANOS MATERIAIS
COMPROVADOS, CONFORME SE VERIFICA PELOS
DOCUMENTOS ANEXADOS À CONTESTAÇÃO. SENTENÇA
MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
Recurso conhecido e desprovido. Relatório dispensado nos
termos do Enunciado 92 do Fonaje. Voto. O recurso deve ser
conhecido vez que presentes os pressupostos processuais
de admissibilidade. O voto, portanto, é conhecimento e
desprovimento do recurso, mantendo-se a sentença por
seus próprios fundamentos, nos termos do artigo 46 da
Lei 9.099/95. Não logrando o recorrente êxito em seu recurso,
deve arcar com o pagamento das custas processuais e
honorários de sucumbência, os quais fixo em 15% sobre o
valor da condenação, nos termos do previsto no art. 55 da Lei
nº 9.099/95. Sendo beneficiário da justiça gratuita, deverá ser
observado o disposto no art. 98, § 3º, do CPC. Dispositivo ante
o exposto, esta 1ª Turma Recursal resolve, por unanimidade

130
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

dos votos, em relação ao recurso de SUSANE DE FATIMA DE


BRITO CORLLECTO, julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito
- Não-Provimento nos exatos termos do voto. O julgamento
foi presidido pelo (a) Juiz (a) Leo Henrique Furtado Araújo
(relator), com voto, e dele participaram os Juízes Fernanda De
Quadros Jorgensen Geronasso e Siderlei Ostrufka Cordeiro.
Curitiba, 20 de outubro de 2016 Leo Henrique Furtado Araújo
Juiz Relator. Disponível em: <https://tj-pr.jusbrasil.com.br/
jurisprudencia/400019697/processo-civel-e-do-trabalho-
recursos-recurso-inominado-ri-10736201581600540-pr-
0000107-3620158160054-0-acordao>. Acesso em: 25 dez.
2018.

Outro caso interessante, foi julgado pela 6ª Turma da Vara Cível do Paraná,
negando indenização de seguro DPVAT, pleiteada pelos pais de adolescente que
veio a óbito devido a acidente de trânsito, motivado por estar fugindo dos policiais
após cometimento de roubo.

O patrono dos autores alegou que não havia provas que comprovasse que o
menor tivesse cometido ação delituosa e, se assim fosse, deveria ser enquadrado
em ato infracional e não crime, devido a sua condição de menor de idade. No
entanto, não logrou êxito, uma vez que ficou confirmado pelos agentes policiais o
delito.

Conforme decisão do Magistrado a condição de inimputabilidade, “não retira


o caráter ilícito da conduta que causou o acidente”, pois a indenização do DPVAT
tem como objetivo a proteção das vítimas em relação aos acidentes de trânsito
dentro da normalidade e o julgador ainda justifica que “não se qualificam como
beneficiários/dependentes aqueles cuja vítima deu causa ao sinistro quando do
cometimento de ato ilícito sob pena de locupletarem-se da torpeza de outrem”
(TJDFT, 2018).

Por este entendimento jurisdicional, percebe-se que apesar do infrator


estar na condição de inimputabilidade não poderá se esquivar das suas
responsabilidades, para auferir privilégios, nem mesmo aqueles que se tornam
beneficiários.

Pelo contrário, devem ser responsabilizados pelos danos causados, como


no caso do primeiro julgado apresentado onde a mãe teve que arcar com os ônus
dos danos provocados pelo filho.

131
Acidente de Trânsito

1 Em conformidade com as regras do Código de Trânsito Brasileiro,


quais as categorias de CNH, uma pessoa com idade de 18
(dezoito) anos pode requerer?
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Continuando a análise dos pré-requisitos para se tornar condutor de


veículo motorizado, o inciso II, do Artigo 140 do CTB/97, deixa claro que uma
pessoa analfabeta não poderá se habilitar para dirigir veículo automotor, já que
ficará impossibilitada de ler, e realizar as provas técnicas aplicadas aos futuros
condutores.

Conforme dados do Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


Instituto Brasileiro
- IBGE -, o Brasil em 2017, apresentou 7% de analfabetismo em
de Geografia e
Estatística - IBGE pessoas maiores de 15 anos, aplicando-se o percentual do número
-, o Brasil em 2017, estimado da população brasileira, em 208.494.900 (2018), teremos
apresentou 7% de aproximadamente vinte milhões de analfabetos.
analfabetismo em
pessoas maiores de Por estes dados é possível concluir a necessidade de ações
15 anos, aplicando-
públicas para erradicação do analfabetismo no Brasil. Contudo, há
se o percentual do
número estimado da exceções e como tal devem ser tratadas de forma apropriada, por
população brasileira,exemplo, o julgado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,
em 208.494.900 onde no caso do pretenso condutor ser disléxico. De acordo com
(2018), teremos a Associação Brasileira de Dislexia (2016), a dislexia se refere às
aproximadamente pessoas que possuem um transtorno específico de aprendizagem
vinte milhões de
de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no
analfabetos.
reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de
decodificação e em soletração.

O entendimento do TJRS, é que estas pessoas poderão prestar os cursos


respectivos para habilitação, bem como dos demais testes de aptidões física e
mental, conforme segue transcrito no referido julgado:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO. AÇÃO ORDINÁRIA.


CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO. DISLEXIA.
RELEITURA DO CTB À LUZ DO ESTATUTO DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE
ALIJAMENTO SUMÁRIO DOS DIAGNOSTICADOS COM

132
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

TAL TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM. RESOLUÇÃO


456/2012 DO DETRAN/RS E N.º 572/2015 DO CONSELHO
NACIONAL DE TRÂNSITO. ANÁLISE DO CASO CONCRETO.
1. Inquestionável a exigência legal no sentido de que o condutor
de automóveis, para obtenção de habilitação, consiga ler,
conforme dispõe expressamente o artigo 140, II, do CTB e
artigos 1º e 2º da Resolução n.º 456/2012 do DETRAN/RS 2.
Impõe-se, todavia, o exame da questão também sob o prisma
da Resolução n.º 572/2015, do Conselho Nacional de Trânsito,
que trata dos cursos para habilitação de condutores de veículos
automotores e dá outras providências, com relação à dislexia e
à realização de exame de aptidão física e mental. 3. Orientação
administrativa, em que pese não se questione a força
normativa do CTB, que leva em consideração, modernamente,
a necessidade de concessão de condições especiais para
realização do exame por candidatos que, como o autor, têm o
diagnóstico da dislexia, sem pretender, diversamente, alijá-los
do procedimento. 4. Dificuldade de leitura que é ínsita à dislexia,
consistindo em importante sintoma, como apontam estudos
médicos sobre o transtorno. Fato que não impediu o Conselho
Nacional de Trânsito de publicasse Resolução disciplinando
a prestação do exame por pessoas com tal diagnóstico. 5.
Caso concreto em que, embora seja certa a necessidade de
preenchimento dos requisitos legais, o apelante, recebendo
atendimento individualizado para realização da prova teórica,
logrou ser aprovado na fase teórica com 23 (vinte e três)
acertos, obtendo, em sequência, êxito no exame prático à
obtenção de Permissão para Dirigir. Exame pericial neurológico
indicativo de aptidão, não revelando impedimento do ponto de
vista médico para dirigir automóveis se aprovado, como foi,
nas provas prévias à obtenção da CNH. RTH Nº 70072508559
(Nº CNJ: 0014970-05.2017.8.21.7000) 2017/CÍVEL 2 ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA EM CONTINUIDADE DE JULGAMENTO, NOS
TERMOS DO ART. 942 DO CPC, DERAM PROVIMENTO
AO APELO, POR MAIORIA. APELAÇÃO CÍVEL SEGUNDA
CÂMARA CÍVEL Nº 70072508559 (Nº CNJ: 0014970-
05.2017.8.21.7000) COMARCA DE SANTA MARIA ASN
APELANTE DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO -
DETRAN APELADO. Disponível em: <https://www.conjur.com.
br/dl/acordao-tj-rs-reforma-sentenca-negou3.pdf>. Acesso em:
25 dez. 2018.

O inciso III do mesmo artigo do CTB/97, exige que o candidato apresente


a carteira de identidade, documento este que identifica civilmente os cidadãos
brasileiros.

133
Acidente de Trânsito

Em 11 de maio de 2017, foi promulgada a Lei n° 13.444, que


institui o documento de Identificação Civil Nacional (ICN), que de
acordo com o Artigo 1°, terá como objetivo “identificar os brasileiros
em suas relações com a sociedade e com os órgãos e entidades
governamentais e privados”. A sua base de dados será a mesa
da Justiça Eleitoral. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13444.htm>. Acesso em: 29 dez.
2018.

E, por último o Parágrafo Único estabelece que aqueles que obtiverem a


CNH, após os cursos e processos de habilitação serão inscritos no RENACH,
Registro Nacional de Condutores habilitados, registro este de responsabilidade do
DENATRAN - órgão máximo executivo de trânsito, conforme dispõe o Artigo 19,
inciso VIII do CTB: VIII - organizar e manter o Registro Nacional de Carteiras de
Habilitação – RENACH (BRASIL, 1997).

Com relação ao acesso ao RENACH, é regulamentado pela Portaria n° 15,


de 18 de janeiro de 2016, que:

Estabelece os procedimentos para o acesso aos dados dos


sistemas e subsistemas informatizados do Departamento
Nacional de Trânsito – DENATRAN, e dá outras providências.

O RENACH, é
o prontuário do O RENACH, é o prontuário do condutor onde ficará armazenado
condutor onde todos os seus dados desde a sua identificação da Carteira
ficará armazenado Nacional de Habilitação, os exames a que será submetido
todos os seus e resultados, como os atos a que vier praticar enquanto na
dados desde a sua condição de condutor de veículos automotores, o que facilitará
os demais órgãos de trânsito, como por exemplo, a polícia ao
identificação da
fazer uma blitz verificar no prontuário eletrônico do condutor,
Carteira Nacional via on-line, se tanto ele como o veículo estão em condições
de Habilitação, de trafegar nas vias públicas. Também poderá constatar in
os exames a que loco se possui CNH, e se possuir, se está vigente conforme
será submetido e preceitua o Artigo 150 no parágrafo 6° do CTB, dentre outras
resultados, como condições que podem ser identificadas de imediato. Trata-se de
os atos a que vier segurança administrativa, bem como na esfera da segurança
praticar enquanto pública, retirando da sociedade aqueles agentes que vivem à
na condição de margem da lei (BRASIL, 2016).
condutor de veículos
automotores.

134
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Conheça quem poderá ter acesso aos sistemas e subsistemas


do DENATRAN, acessando ao link: <http://www.denatran.gov.br/
images/Portarias/2016/Portaria0152016_nova2.pdf>. Acesso em: 26
dez. 2018.

Essas condições preliminares, como já especificadas, são


Essas condições
utilizadas para identificar quem poderá prestar os exames e preliminares, como
provas para se tornar condutor de veículo automotor, e depois de já especificadas,
preenchidos os requisitos desta primeira fase, poderá prosseguir para são utilizadas para
ser submetido a provas e testes de aptidões, onde será verificado se o identificar quem
candidato a condutor reúne todas as qualidades para os necessários poderá prestar os
exames e provas
enfrentamentos das condições normais e adversas provocadas pelo
para se tornar
trânsito. condutor de veículo
automotor, e depois
Antes de passarmos para segunda fase do processo de habilitação, dese faz
preenchidos os
requisitos
necessário identificar as sutis diferenças que existem entre o trânsito e o tráfego, desta
enquanto o trânsito, como bem define o CTB, trata-se do local a ser utilizadoprimeira
pelas fase,
poderá prosseguir
pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, o tráfego é efetivamente os
para ser submetido
movimentos realizados por estes agentes identificados: pedestres, veículos a provas oue testes
animais. de aptidões, onde
será verificado
Fazendo-se uma análise no âmbito social, é o local onde estarão reunidas se o candidato a
várias pessoas com objetivos diversos, propiciando a satisfação de sentimentos, reúne
condutor
todas as qualidades
como visitar um familiar que há muito tempo não vê, deslocar-se para o trabalho
para os necessários
ou viajar em férias, o que corrobora na necessidade dos que pretendam enfrentamentos
conduzir veículo automotor, estejam, psicologicamente, fisicamente e legalmentedas condições
habilitadas. normais e adversas
provocadas pelo
trânsito.

Apresentamos inicialmente conforme a legislação brasileira,


quem poderá ser condutor de veículo automotivo, agora, com relação
às pessoas na condição de pedestres circulando nas vias públicas,
você acha que também deveriam ser submetidos a algum tipo de
formação técnica, para identificar se estão aptas a trafegarem nestas
vias?

135
Acidente de Trânsito

Conforme os estudos de Capez e Prado (2016), na esfera criminal existe o


princípio da confiança, que também poderá ser aplicada no que concerne o trânsito,
pois as pessoas deverão confiar umas nas outras de que irão circular nas vias
públicas respeitando e seguindo as respectivas normativas, independentemente
da forma que escolher para fazer o seu trajeto.

É possível enfatizar É possível enfatizar que o respeito e a confiança entre as


que o respeito e a
pessoas, transcende a legislação, que tem o condão de exigir por
confiança entre as
pessoas, transcende meio dos ordenamentos normativos as regras obrigatórias de
a legislação, que comportamentos quando em sociedade, aplicando as punições
tem o condão de conforme o delito praticado. Contudo, as pessoas podem e devem
exigir por meio propiciar ambiente seguro a quem quer que seja advindo da
dos ordenamentos racionalidade humana e do senso comum, nesse seara um dos
normativos as
pioneiros brasileiro em estudar o comportamento humano no tráfego,
regras obrigatórias
de comportamentos no âmbito da psicologia, foi o do saudoso psicólogo Rozestraten
quando em (1998), que conceitua isso como um conjunto de deslocamentos
sociedade, de pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema
aplicando as convencional de normas que tem por fim assegurar a integridade de
punições conforme seus participantes.
o delito praticado.
Contudo, as
pessoas podem e Este estudioso nesta primeira concepção faz uma análise
devem propiciar técnica e objetiva, desprovida de qualquer sentimento, contudo
ambiente seguro está intrinsicamente contido a percepção da carga sentimental, e
a quem quer que do senso comum, conforme abordado, pois indica o “conjunto de
seja advindo da pessoas”, seja em grupos ou individuais, que esperam transitar pelas
racionalidade
vias públicas com segurança, remetendo novamente ao princípio da
humana e do senso
comum. confiança.

A legislação brasileira impõe uma primeira fase de identificação daqueles que


poderão ser condutores de veículos automotores, estando aptas, seguem para a
segunda fase que é o curso de formação de condutores, bem como o processo
de habilitação, conforme preceitua a Resolução n° 168, de 14 de dezembro de
2004 (CONTRAN, 2004) e CTB (1997), nos artigos 140 a 160, devendo ainda
submeterem-se a uma série de testes psicotécnicos, de acordo com o tipo de
veículo automotor que irão conduzir.

No que se refere aos testes psicotécnicos, Rozestraten (1985), em entrevista


na Revista Psicologia e Trânsito, por meio de comparações com outros países,
como as pesquisas realizadas pela Universidade de Nottingham - Inglaterra,
questionou a respeito destes testes e se de fato conseguiam prever os
comportamentos dos futuros motoristas. Nas avaliações realizadas, concluiu-se
que os testes são limitados, e que os candidatos devem viver situações práticas,
para efetivamente identificar os comportamentos.

136
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Outra questão
Outra questão levantada foi com relação à invasão de privacidade levantada foi com
das pessoas, quando são submetidas a testes comportamentais e de relação à invasão
personalidade, os países europeus como tem princípios fundados na de privacidade
liberdade, põe em dúvida a utilização de métodos obrigacionais. Desta das pessoas,
forma estes países optam por testes práticos e teóricos, deixando quando são
submetidas a testes
para segundo plano os psicológicos.
comportamentais e
de personalidade,
Segundo Rozestraten (1985, p. 22), “o Brasil é um dos poucos os países europeus
países do mundo, talvez o único, onde o teste de personalidade é como tem princípios
imposto simplesmente como condição sine qua non para aquisição de fundados na
uma carteira Nacional de Habilitação (CNH)”. liberdade, põe em
dúvida a utilização
de métodos
Decorrido mais de 30 anos da reportagem, vamos analisar quais obrigacionais. Desta
são as obrigatoriedades legais da atualidade, e como os psicólogos forma estes países
tem se posicionado nesta discussão. O artigo 147 do CTB/97, orienta optam por testes
que aqueles que tenham interesse em conduzir veículos automotores práticos e teóricos,
deverão ser submetidos aos exames que são realizados pelo órgão deixando para
segundo plano os
executivo de trânsito, e devendo seguir a seguinte ordem:
psicológicos.

1 - Aptidão física e mental


2 - Escrito - sobre a legislação de trânsito;
3 - Noções de primeiros socorros em consonância o que prescreve o
CONTRAN;
O DENATRAN,
4 - Prático – em direção veicular, realizado na via pública,
estabeleceu por
devendo o veículo estar de acordo com a categoria a qual o pretenso meio da Resolução
motorista optou, claro que esta opção fica adstrita as normas de n° 267 de 15 de
tempo que deve ficar em cada categoria. fevereiro de 2008,
5 - Os condutores das categorias C, D, E, além das condições a respeito do
acima ainda deverão ser submetidos a exames toxicológicos, tanto exame de aptidão
física e mental,
para a primeira habilitação e nas renovações.
e a avaliação
psicológica, e
O DENATRAN, estabeleceu por meio da Resolução n° 267 de 15 regulamentou
de fevereiro de 2008, a respeito do exame de aptidão física e mental, a respeito das
e a avaliação psicológica, e regulamentou a respeito das entidades a entidades a serem
serem credenciadas no âmbito da psicologia, em conformidade com credenciadas
o que estabelece o artigo 147 e parágrafos, 1° e 4° e o artigo 148 do no âmbito da
psicologia, em
CTB/97.
conformidade com
o que estabelece
O Capítulo I da referida Portaria, em seu artigo 4° estabelece o artigo 147 e
que o Exame de aptidão física e mental deverão ser submetidos aos parágrafos, 1° e 4°
seguintes procedimentos médicos, conforme exposto no quadro a e o artigo 148 do
seguir: CTB/97.

137
Acidente de Trânsito

QUADRO 3 – EXAMES DE APTIDÃO


TIPOS DE EXAMES PROCEDIMENTOS
a) Questionário.
I- Anamnese.
b) Interrogatório complementar.
a) Tipo morfológico.

II- Exame físico geral. b) Comportamento e atitude.

c) Estado geral físico.


a) Avaliação oftalmológica.

b) Avaliação otorrinolaringológica.

c) Avaliação cardiorrespiratória.

III- Exames Específicos. d) Avaliação neurológica.

e) Avaliação do aparelho locomotor – avaliação e fun-


cionalidade de cada membro e coluna vertebral.

f) Avaliação dos distúrbios do sono – para renovação,


adição e mudança das categorias da CNH C, D, E.
IV- Exames complemen- a) Exame de aptidão física e mental do candidato porta-
tares ou especializa- dor de deficiência física, devendo as Juntas Médicas
dos – de acordo com seguirem o que prescreve a NBR 14970 da ABNT.
o critério do médico.
FONTE: Adaptado da Resolução DENATRAN 267/2008 (BRASIL, 2008).

O artigo 5° da Resolução 267/2008, especifica que na avaliação psicológica,


deverão por meio de métodos e técnicas psicológicas, submeter os candidatos
aos seguintes processos psíquicos:

I- Tomada de informação;
II- Processamento de informação;
III- Tomada de decisão;
IV- Comportamento;
V- Auto avaliação do comportamento;
VI- Traços de personalidade.

O quinto item do artigo 147 do CTB/97, foi estabelecido com o advento da


Lei 13.103, de 2015, que dispõe sobre o exercício da profissão de motorista, onde
são classificados como tal os que exercem atividades em transportar passageiros
ou cargas nas rodovias.

No caso de ser a primeira habilitação, ou o condutor utilizar o veículo como


ferramenta de trabalho, deverá também de forma preliminar submeter-se aos
testes psicológicos. Esta normativa foi estabelecida pela Lei n° 10.350 de 21 de
dezembro de 2001, no que concerne aos chamados motoristas profissionais,

138
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

inclusive a informação constará em sua CNH.


É interessante
É interessante observar que no ano de 2015, foram criadas observar que no
uma série de legislações visando normatizar diversas situações, ano de 2015, foram
principalmente, no que concerne a oferecer um trânsito mais seguro, criadas uma série
para os que circulam nas vias públicas, tanto na condição de condutor de legislações
como de pedestre e passageiro. visando normatizar
diversas situações,
principalmente, no
O artigo 2° letra “b” da Lei 13.103/2015, obriga que os motoristas que concerne a
profissionais tenham jornada de trabalho controlada e registrada, para oferecer um trânsito
que façam as devidas paradas de descanso, para evitar que dirijam mais seguro, para
em estado de sonolência, ou sob efeito de drogas e remédios para se os que circulam
manterem acordados. nas vias públicas,
tanto na condição
de condutor como
É necessário ressaltar que esta regra sofreu modificações, de pedestre e
conforme dispõe o artigo 71, e seus parágrafos 5°, 6° e 7°, e vários passageiro.
outros artigos da Consolidação das Leis do Trabalho, pertinentes ao
serviço realizado por motoristas empregados, pela Lei 13.103 de 2015.

O parágrafo 2° do artigo 147 ainda estabelece que o exame de aptidão físico


e mental são condicionantes de validade temporal, sofrendo atos de renovações
a cada cinco anos, e a cada três para os condutores com mais de As pessoas que
sessenta e cinco anos. apresentarem algum
indício de deficiência
As pessoas que apresentarem algum indício de deficiência física, física, mental ou de
mental ou de progressividade da doença, que possam comprometer a progressividade da
doença, que possam
sua capacidade na condução do veículo, os prazos estabelecidos para
comprometer a
renovação da CNH será cinco e três anos, podendo ser reduzidos em sua capacidade
conformidade com o estabelecido pelo perito examinador, previsão na condução do
constante no parágrafo 5° do artigo em estudo. veículo, os prazos
estabelecidos para
No ano de 2015, por meio da Lei n° 13.146, dispõe sobre renovação da CNH
será cinco e três
a Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
anos, podendo
Deficiência), os candidatos que tenham deficiência auditiva, será ser reduzidos em
disponibilizado condições de acessibilidade para que possa fazer conformidade com
os respectivos testes, e nas demais situações necessárias, para a o estabelecido pelo
concessão de licença para dirigir, tendo sido incluído no CTB o artigo perito examinador,
147-A e parágrafos. previsão constante
no parágrafo 5° do
artigo em estudo.
Com relação às discussões no âmbito da psicologia, o Conselho
Federal de Psicologia, no ano de 2016, publicou um Catálogo com diversos
temas a respeito da Psicologia de Tráfego, dentre eles os psicólogos Costa e
Alchieri (2016, p. 16), fazem uma análise a respeito da “Avaliação Psicológica

139
Acidente de Trânsito

no Contexto do Trânsito”, dizendo que há muitos questionamentos a respeito,


da submissão dos candidatos a este tipo de avaliação. Com relação ao histórico
brasileiro informam que antes do CTB/1997, o exame era denominado de “Exame
psicotécnico”, atualmente é chamado de Avaliação Psicológico Pericial. Esta
mudança foi significativa porque o profissional apto para fazer estes exames
deverá ser psicólogo, e portar título de especialista em Psicologia do Trânsito,
devidamente regulamentado pelo Conselho Federal de Psicologia.

Apesar destas mudanças, ainda há questionamentos a respeito da


validade destes exames, e se realmente os psicólogos estão aptos em prever o
comportamento da pretenso motorista frente às situações reais que irá se deparar
no trânsito.

É possível concluir que as análises do psicólogo Rozestraten (1998), conforme


apresentado, ainda continuam presentes, permanecendo a preocupação dos
profissionais psicólogos, em buscarem estudos e métodos científicos, que possam
auxiliar e garantir um trânsito mais seguro, como a publicação em novembro/2018
do caderno de “Referências Técnicas para atuação de psicólogos(as) em políticas
públicas de mobilidade humana e trânsito”, do Centro de Referências Técnicas
em Psicologia e Políticas Públicas, no qual encontra-se inserido diversos debates
a respeito do comportamento das pessoas e as suas relações com o trânsito.

Conheça mais a respeito do Centro de referência Técnica em


Psicologia e Políticas Públicas – CREPOP. Disponível em: <http://
crepop.pol.org.br/6213_referencias-tecnicas-para-atuacao-de-
psicologas-em-politicas-publicas-de-mobilidade-humana-e-transito>.
Acesso em 20 dez. 2018.

Agora que já conhecemos a respeito do comportamento que são exigidos


dos pedestres ao circularem pelas vias públicas e quais as exigências legais
para se tornar um condutor de veículo motorizado, vamos passar a analisar as
classificações gerais dos acidentes de trânsito.

140
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES


DE TRÂNSITO
Seguindo a linha de raciocínio do âmbito legal, em que uma pessoa habilitada
em conformidade com a classificação da CNH, para conduzir determinado veículo
automotor, levando-se em consideração que está apta legalmente, fisicamente e
psicologicamente, em tese, não deveriam ocorrer acidentes.

Contudo, de acordo com as diversas estatísticas publicadas, as pessoas


continuam sendo ceifadas de suas vidas motivadas pelos acidentes de trânsito,
impedindo-as de chegar ao destino pretendido, acidentes que não poupam
as vidas de crianças, adolescentes e jovens, como será possível verificar nos
indicadores que serão apresentados no último item deste capítulo.

Relembrando o significado de acidente de trânsito, a NBR 10.697/1989 da


Associação Brasileira de Normas Técnicas, define da seguinte forma:

Acidente de trânsito é todo evento não premeditado de que


resulte dano em veículo ou na sua carga e/ou lesões em
pessoas e/ou animais, em que pelo menos uma das partes está
em movimento nas vias terrestres ou áreas abertas ao público.
Pode originar-se, terminar ou envolver veículo parcialmente na
via pública (ABNT, 1989).

Na sequência passaremos a analisar a classificação geral dos acidentes,


utilizando os estudos do perito Aragão (2015) e outros dispositivos que tratam do
assunto.

2.3.1 Acidente SimPles


Os acidentes simples são aqueles onde haverá um único veículo envolvido e
que são produzidos por choque; capotamento; tombamento; precipitações; saída
ou abandono da pista. Conforme a NBR 10.696 (2015), é possível por meio de
símbolos identificar a produção do diagrama dos acidentes da seguinte forma:

141
Acidente de Trânsito

FIGURA 1 – ACIDENTE SIMPLES

FONTE: NBR 10.696 (2015, p. 6)

Para fins de melhor compreensão de acidente simples, provocado por


choque, um exemplo disso ocorreu na data de 30 de novembro do
Para fins de melhor
ano de 2013, na Rua Hercules, Cidade de Santa Clarita, em Los
compreensão de
acidente simples, Angeles, Estado da Califórnia, que levou a morte do Ator Paul
provocado por Walker da série Velozes e Furiosos. O artista não teve tanta sorte
choque, um exemplo como no seriado que mostrava manobras extremamente perigosas
disso ocorreu na (LOS ANGELES COUNTRY, 2014).
data de 30 de
novembro do ano
De acordo com o Comandante Mike Parker da Divisão de
de 2013, na Rua
Hercules, Cidade de Patrulha do Norte do Condado do Departamento do Xerife de Los
Santa Clarita, em Angeles, a velocidade era insegura para a localidade do acidente.
Los Angeles, Estado Conforme laudo pericial, no momento do acidente o veículo Porsche
da Califórnia, que Carrera GT 2005, que estrava sendo conduzido por Roger Rodas
levou a morte do que também veio a falecer, estava entre 80 e 93 milhas por hora
Ator Paul Walker
(MPH), entre 128 e 150 km/h, atingindo um poste e várias árvores.
da série Velozes
e Furiosos. O O laudo também constatou, que os ocupantes não estavam sob uso
artista não teve de qualquer tipo de drogas ou álcool, usavam cinto de segurança, e
tanta sorte como os airs bags foram acionados. Foi concluído que o acidente não teve
no seriado que envolvimento de qualquer outro veículo, e a sua consequência foi
mostrava manobras decorrente de velocidade alta para o local, vindo o condutor perder
extremamente
o controle do veículo, chocando-se em objetos fixos e imóvel (LOS
perigosas (LOS
ANGELES ANGELES COUNTRY, 2014).
COUNTRY, 2014).

Acesse ao link <http://s3.amazonaws.com/nixle/uploads/


pub_media/user21020-1395789877-media1>, e veja o Relatório do
Acidente de Trânsito, do acidente de Paul Walker e Roger Rodas.

142
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Este tipo de acidente, é considerado simples, justamente porque há somente


um veículo envolvido no acidente de trânsito como no caso apresentado onde o
condutor perdeu o controle do veículo, sem atingir outros veículos e transeuntes,
no próximo item vamos analisar o denominado acidente complexo.

2.3.2 Acidentes comPleXo, mÚltiPlo


ou misto
Nesta classificação estarão presentes duas ou mais ocorrências como a
colisão com capotamento e atropelamento.

FIGURA 2 – ACIDENTE MÚLTIPLO – COLISÃO TRASEIRA

FONTE: NBR 10.696 (2015, p. 6).

FIGURA 3 – ACIDENTE MÚLTIPLO COLISÃO FRONTAL

FONTE: NBR 10.696 (2015, p. 6).

De acordo com Rocha (2015), as colisões, serão investigadas a fim de que


se possa identificar a absorção da energia cinética do veículo, que de acordo com
o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo (s.d.), essa absorção é o
movimento básico da produção da lesão, quando o veículo colide, sendo possível
identificar três situações:

1 - Quando o veículo colide com outro, ou em objetos fixos e imóveis;


2 - Colisão do corpo do condutor e passageiros do veículo, se por ventura

143
Acidente de Trânsito

estiverem sem o cinto de segurança, o que consequentemente irá provocar os


impactos uns contra os outros, provocando transmissão de energia.
3 - Colisão dos órgãos entre si ou contra a parede e cavidade que os contém,
ou sofrem rupturas nos pontos de fixação.

Desta forma será realizada avaliação da deformidade das estruturas internas,


sendo possível evidenciar onde a vítima colidiu, e por fim serão diagnosticadas as
lesões sofridas com o impacto, que de acordo com os estudos técnicos, o tempo
entre o impacto e a parada do veículo é estimada em um décimo de segundo
(ROCHA, 2015).

Leia outros artigos a respeito de acidentes de trânsito e suas


consequências, que são publicadas pelo Corpo de Bombeiro do
Estado de São Paulo no Blog: <www.7gcir.blogspot.com.br>.

Nos casos de atropelamentos, o médico Vanrell (2016, p. 395), informa


que devido a lesões que são provocadas por este tipo de acidente, merece ser
estudado de forma detalhada.
A palavra
“atropelamento”, A palavra “atropelamento”, tem, em sentido amplo, o significado
tem, em sentido de “passar por cima de algo”, ou de “empurrar violentamente
amplo, o significado alguém para abrir passagem”. O termo, aplicando à medicina
de “passar por forense, refere-se ao “tipo especial de violência”, que acontece
cima de algo”, como consequência do choque entre o corpo humano e um
veículo ou animal em movimento (VANRELL, 2016, p. 395),
ou de “empurrar
violentamente
alguém para abrir A NBR 10.697/1989 - da Associação Brasileira de Normas
passagem”. O técnicas - define atropelamento como acidente em, que o pedestre(s)
termo, aplicando à ou animal(s) sofre(m) o impacto de um veículo, estando pelo menos
medicina forense, uma das partes em movimento.
refere-se ao
“tipo especial de
Por estas definições, é possível dizer que os atropelamentos
violência”, que
acontece como poderão ocorrer naqueles trafegando a via na condição de
consequência do pedestre, também podendo sofrer atropelamento os animais, a NBR
choque entre o 10.697/1989, define o pedestre como toda pessoa a pé que esteja
corpo humano e um utilizando-se de vias terrestres ou áreas abertas ao público, desde
veículo ou animal que não esteja em veículo a motor, trem bonde, transporte animal
em movimento
ou outro veículo, ou sobre bicicleta ou sobre animal.
(VANRELL, 2016, p.
395).
Outra denominação, também estabelecida pela NBR

144
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

10.697/1989 para o pedestre conforme a norma é o “Veículo Pedestre”, que se


caracteriza pela seguinte condição:

Veículo acionado por pessoa, mediante a qual, um pedestre


pode deslocar-se de maneira diferente da marcha, ou mediante
o qual um pedestre pode mover outro pedestre de um lugar para
o outro. Inclui berço sobre rodas, cadeira de rodas, carrinho
deslizador de criança, patim de rodas e patinete (ABNT, 1989).

No quadro a seguir, serão reproduzidos os principais veículos que ocasionam


os atropelamentos e os tipos de lesões, que são mais graves uma vez que o
corpo humano estará absorvendo por completo o impacto do veículo.

QUADRO 4 – VEÍCULOS E LESÕES

VEÍCULO CARACTERÍSTICAS LESÕES


Pouco utilizados atualmente. Lesões externas ausentes ou
Pesado e trafega em baixa insignificantes, porém podem
velocidade. ocasionar lesões ósseas ou
viscerais (fazem parte do apa-
Tração Animal
relho respiratório e do aparelho
digestivo), como fraturas, oc-
asionadas por exemplo pelas
patas dos animais.
Peso reduzido e baixa veloci- A sua instabilidade também
dade gera alguns traumas, como
Bicicleta
lesões do crânio, fraturas ós-
seas devido à queda.
Maior peso e potência de mo- Provocam atropelamentos com
tor, levando o veículo a altas maior grau de lesões e vítimas
velocidades. fatais. Lesões ósseas que po-
Motocicleta
dem ser produzidas por todo o
corpo. Também podem provo-
car lesões viscerais.
Grande peso, alta velocidade, Provocam atropelamentos com
Automóvel e fácil de manobrar. maior grau de lesões e vítimas
fatais.
No uso de cargas e transporte Provocam atropelamentos com
de passageiros, e que tam- lesões e vítimas fatais.
Veículos de grande ton-
bém alçam grandes velocid-
elagem
ades, e maior dificuldade na
execução de manobras.
FONTE: Adaptado de Vanrell (2016, p. 400-405)

Vanrell (2016) conclui que os veículos automotores produzem lesões


significativas e podem até mesmo causar vítimas fatais, decorrentes da massa
e da velocidade. Quando estes dois componentes se encontram, reproduzidas
na fórmula M(v2) /2, e na avaliação do tipo de rodas, estabilidade e na facilidade

145
Acidente de Trânsito

ou não da execução da manobra, e ainda na análise de outros elementos, como


partes salientes do veículo, será possível identificar as lesões produzidas no
atropelado.

A NBR 10.696/2015 dispõe como deverá ser identificado os pedestres para


fins do Boletim de Ocorrência a respeito da sua condição física, conforme segue:

FIGURA 5 – ACIDENTE EM PEDESTRES

FONTE: NBR 10.696 (2015, p. 6)

Nos estudos
realizados
na Inglaterra,
Nos estudos realizados na Inglaterra, identificaram que um
identificaram que um
veículo que venha veículo que venha a atropelar uma pessoa estando a 32 km/h:
a atropelar uma 5% vão a óbito; 65% sofrem lesões e 30% saem ilesos. Estando
pessoa estando a a velocidade em 48 km/h: 45% vão a óbito; 50% sofrem lesões e
32 km/h: 5% vão a 5% sobrevivem. O veículo estando em uma velocidade de 64 km/h:
óbito; 65% sofrem 85% vão a óbito e 15% sofrem lesões. Sendo possível concluir que
lesões e 30% saem
a velocidade é mais importante que a massa (ROCHA, 2015. p. 7).
ilesos. Estando
a velocidade em
48 km/h: 45% Assim, este tipo de acidente se torna complexo ou múltiplo
vão a óbito; 50% devido ao envolvimento de vários veículos, pedestres e animais,
sofrem lesões e diferentemente do acidente simples como estudamos, o último tipo
5% sobrevivem. O de acidente é o chamado de sem contato, como passaremos a
veículo estando em
analisar.
uma velocidade de
64 km/h: 85% vão a
óbito e 15% sofrem
lesões. Sendo
possível concluir
que a velocidade é
mais importante que
a massa (ROCHA,
2015. p. 7).

146
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

2.3.3 Acidente em contato O acidente ocorre


sem contato,
quando uma
O acidente ocorre sem contato, quando uma unidade de tráfego unidade de tráfego
contribui para o
contribui para o acidente, mas não interage, não ocorre contato físico
acidente, mas
efetivo. não interage, não
ocorre contato físico
Um exemplo típico seria quando um animal atravessa a rua, efetivo.
e na tentativa brusca do condutor desviar, acaba cometendo um
acidente. Esta situação poderá ocorrer também com o pedestre que em rodovia
de grande trânsito, ao atravessar correndo, sem estimar a velocidade do veículo.
No acórdão que segue reproduzido, refere-se a uma situação em que a legislação
de trânsito considera o usuário de “skate”, como pedestre.

REPARAÇÃO DE DANOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO.


PEDESTRE QUE PERDENDO O CONTROLE DE UM
"SKATE" EM VIA PÚBLICA OBSTRUI O FLUXO NORMAL DE
TRÂNSITO. PARADA BRUSCA. COLISÃO TRASEIRA. CULPA
EXCLUSIVA DO PEDESTRE. RECURSO DESPROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71005398482, Terceira Turma Recursal
Cível, Turmas Recursais, Relator: Cleber Augusto Tonal,
Julgado em 09/04/2015).
(TJ-RS - Recurso Cível: 71005398482 RS, Relator: Cleber
Augusto Tonial, Data de Julgamento: 09/04/2015, Terceira
Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia 10/04/2015). Disponível em: <>. Acesso em: 30 dez.
2018.

Neste caso, o condutor teve o seu veículo colidido em sua traseira, por outro
veículo que ao frear bruscamente surpreendido por skatista descontrolado, foi
absolvido de pagar qualquer indenização, ficando a culpa exclusiva do pedestre,
conforme se verifica no trecho do Relatório com a seguinte fundamentação:

O recurso tenta convencer da existência de culpa do condutor


do automóvel que colidiu na traseira de outro. Ocorre que a
colisão traseira traz uma presunção apenas relativa de culpa.
Frenagens abruptas, bruscas, inesperadas, podem eximir
de responsabilidade o condutor que segue atrás, pois não
é possível exigir precisão matemática de um condutor na
manutenção de uma distância de segurança para toda e
qualquer eventualidade, apenas para o que é normal. Há que
se ter bom senso. Não é possível imaginar a todo o instante que
um “skate” apareça descontrolado sobre a via. Acórdão, Estado
do Rio Grande do Sul, Poder Judiciário – Turmas Recursais.
CAT n° 71005398482 (n° CNJ: 0010950-53.2015.8.21.9000)
2015/Cível. p. 2. Disponível em: <https://tj-rs.jusbrasil.com.br/
jurisprudencia/531639152/apelacao-civel-ac-70074377037-rs/
inteiro-teor-531639200?ref=juris-tabs>. Acesso em: 31 jan.
2019.

147
Acidente de Trânsito

1 Leia as situações a seguir e identifique qual a classificação do


Acidente: Simples, Múltiplo e sem contato.

a) O condutor ao entrar na rodovia, com o seu veículo Ford - Fusion


não se atentou a placa de sinalização de PARE, e acabou batendo
em outro veículo, vindo a capotar, e atropelar um ciclista.
R.:____________________________________________________

b) Motociclista circulando em via pública, ao deparar-se com


cachorro atravessando a rua, ao desviar perde o controle da
moto, vindo a bater em um ponto de ônibus e atropelando pessoa
que aguardava o ônibus.

R.:____________________________________________________

c) Condutor de veículo VW Gol, trafegando em via pública, em dia de


intensa chuva, perdeu a aderência com a via e ao frenar, rodou
na pista, batendo em uma árvore.

R.:____________________________________________________

De acordo com as classificações do trânsito é possível identificar quando


há apenas um envolvido no acidente, ou quando são múltiplos os envolvidos, e
aqueles que são ocasionados sem que tenha havido contato com o motivador do
acidente. No próximo item passaremos a identificar as áreas danificadas pelos
acidentes de trânsito, bem como outros tipos de situações que trazem ônus
financeiros.

3 IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS
DANIFICADAS
Como foi possível estudar, os acidentes de trânsito são extremamente
nefastos para a sociedade, além de ceifar a vida, ainda deixam milhares de
pessoas com sequelas, e acarretam prejuízos de ordem material e ambiental.

148
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Conforme a NBR 10.697/1989, os acidentes também são Conforme a NBR


classificados em simples, quando não houver vítimas e que não 10.697/1989, os
traga prejuízos ao trânsito, a via e ao meio ambiente, e será grave acidentes também
ocasionando vítimas, e prejuízos ao trânsito, via e ao meio ambiente. são classificados
em simples, quando
não houver vítimas
Nos estudos das áreas danificadas será levado em consideração
e que não traga
o estudo da “anatomia de um acidente de trânsito”, onde são prejuízos ao trânsito,
identificados os seguintes elementos: a via e ao meio
ambiente, e será
• A(s) pessoa(s) envolvida(as) – feridos, mortos grave ocasionando
e pessoas sem ferimento algum incluindo-se vítimas, e prejuízos
pedestres e transeuntes que venham a participar
ao trânsito, via e ao
do acidente;
• O(s) veículo(s) envolvido(s) – parcial ou
meio ambiente.
totalmente destruídos; com pequenos problemas
ou, ainda, sem danos algum;
• A via e o ambiente – mobiliário, bens e propriedades públicas
e privadas, além da via e seus equipamentos complementares,
bem como as condições climáticas e iluminação vegetação e
tudo o mais que compõe o ambiente;
• O aparato institucional e os aspectos socioambientais –
legislação, fiscalização e gestão da circulação de bens e
pessoas e administração da via e de seu entorno, bem como
as “regras” não inscritas e não oficiais aceitas pela maioria dos
usuários, que venham a fazer parte de cultura regional e que
possam influenciar nos acidentes (ROCHA, 2015, p. 09-10).

Por estes elementos é possível identificar que os custos dos Os custos dos
acidentes irão
acidentes irão abranger as pessoas; veículos a via e o ambiente
abranger as
onde ocorrem os acidentes. Desta forma ficou definido no Brasil pessoas; veículos
que os custos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras são a via e o ambiente
representados pelas seguintes fórmulas: onde ocorrem os
acidentes.

QUADRO 5 – FÓRMULA DOS CUSTOS DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

¾ pessoas = cuidados em saúde (pré-hospitalar + hospitalar +


PESSOAS
pós-hospitalar) + perda de produção + remoção/translado.
¾ veículos = danos materiais ao veículo + perda de carga +
VEÍCULOS
remoção/guincho ou pátio + reposição.
¾ via/ambiente = danos à propriedade pública + danos à proprie-
VIA/AMBIENTE
dade privada.
INSTITUCIONAIS ¾ institucionais = judiciais + atendimento.

FONTE: Adaptado de Rocha (2015. p. 11).

149
Acidente de Trânsito

Conforme os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017), o custo


com os acidentes de trânsito representa 1% a 3% do Produto Nacional Bruto –
PIB, na maioria dos países.

No Brasil, o custo No Brasil, o custo em 2015 atingiu a cifra de 19 bilhões de reais,


em 2015 atingiu a
gastos com óbitos e feridos, ou seja, o custo relativo as pessoas
cifra de 19 bilhões
de reais, gastos com (AMBEV, 2017).
óbitos e feridos,
ou seja, o custo Portanto, o estudo das áreas danificadas, são as resultantes
relativo as pessoas dos acidentes graves, podendo ser verificadas nos veículos como
(AMBEV, 2017). nos locais onde ocorreram os acidentes, como será analisado no
próximo item.

3.1 DANOS OCASIONADOS NOS


VEÍCULOS
Os danos ocasionados nos veículos automotores normalmente são
indenizados via seguro, caso o dono do veículo tenha contratado este tipo de
serviço. Como já vimos em alguns julgados, em uma demanda cível para
reparação dos danos materiais, estes serão estipulados de acordo com as provas
carreadas aos autos, e indicando quem de fato será o responsável no pagamento
das respectivas indenizações, bem como na esfera criminal quem responderá
por possível acidente fatal ou provocado sequelas permanentes, dentre outras.
É fato que caso o dano tenha sido provocado por problemas de infraestrutura
da via, será competente o pagamento o órgão público responsável pela via ou a
concessionária terceirizada.

A NBR 12.898/1993, dispõe do Relatório de acidente de trânsito (RAT), este


relatório tem como objetivo coletar os dados estatísticos dos acidentes de trânsito
ocorrido nas vias rodoviárias e urbanas. O relatório é uma forma de padronizar
os dados que serão coletados no local de acidente, sendo um subsídio para
auxiliar nos processos investigativos, a fim de atribuir as responsabilidades civeis
e criminais.

No próximo item será apresentado os danos que os veículos automotores

150
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

produzem no meio ambiente e a saúde humana.

3.2 DANOS OCASIONADOS AO MEIO


AMBIENTE
Os veículos
automotores geram
Os veículos automotores geram na natureza indices altos de na natureza indices
poluição como o que foi constatado pela CETESB em São Paulo, altos de poluição
onde grande parte da poluição da Capital, é gerada pelos veículos como o que foi
automotores, estimada em 2016 em 15,3 milhões de veículos, sendo constatado pela
os principais geradores da poluição os transportes públicos de CETESB em São
Paulo, onde grande
passageiros, movidos a diesel (PCPV, 2017, p. 16-18).
parte da poluição
da Capital, é gerada
Conforme estudos da Universidade de São Paulo - USP -, a pelos veículos
poluição produzida pela combustão dos veículos matam mais de 20 automotores,
(vinte) pessoas por dia (RÚBIO; SANTOS, p. 10-11, 2013). estimada em 2016
em 15,3 milhões de
veículos.
A poluição automotiva provoca chuva ácida, que por sua vez
desencadeiam danos à vegetação e ao ser humano que inala as
particulas, que podem trazer consequências como o câncer e A poluição
contaminação do solo (RÚBIO; SANTOS, p. 10-11, 2013). automotiva provoca
chuva ácida,
que por sua vez
Devido a esta situação identificada, o Governo do Estado desencadeiam
de São Paulo publicou em 2017 o Plano de Controle de Poluição danos à vegetação e
Veicular 2017/2019 - PCPV -, bem como para atender a Resolução do ao ser humano que
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 418/2009. inala as particulas,
que podem trazer
Na Cidade do México, por exemplo, a poluição veicular chega consequências
como o câncer
aos 75%, tendo sido identificada a maior incidência no horário da
e contaminação
manhã quando os pais levavam seus filhos para a escola. Frente a do solo (RÚBIO;
esta situação, o governo mexicano passou a obrigar que as crianças SANTOS, p. 10-11,
fossem para a escola de ônibus escolar. Do outro lado do mundo, a 2013).
China já não detém mais controle sobre os emissores poluentes, a
situação é tão crítica que já existem alertas para que as pessoas permaneçam em
casa em determinados horários, cujo pico da poluição chega a encobrir o céu e a
luz solar (RÚBIO; SANTOS, 2013, p. 10-11).

151
Acidente de Trânsito

O Brasil no ano de 1993 publicou a Lei 8.723, dispondo que


O Brasil no ano de
os fabricantes de veículos deverão disponibilizar dispositivos,
1993 publicou a Lei
8.723, dispondo que objetivando a redução da poluição veicular, esta lei dispõe de um
os fabricantes de cronograma a ser seguido a partir de 1997, pelas montadoras,
veículos deverão prevendo a redução da emissão de gases dos escapamentos.
disponibilizar
dispositivos, A Resolução n° 491 de 2018 do CONAMA, estabelece os
objetivando
padrões de qualidade de ar, que deverão ser atendidos por todos
a redução da
poluição veicular, os que geram fontes poluentes, ficando os órgãos ambientais
esta lei dispõe de dos respectivas regiões brasileiras, de apresentarem a cada três
um cronograma anos relatório de acompanamento, conforme preceitua o artigo 5°,
a ser seguido a parágrafo 3°, da referida Resolução.
partir de 1997,
pelas montadoras,
Os veículos ainda causam poluição ao meio ambiente quando
prevendo a redução
da emissão não há o descarte sustentável, por exemplo dos pneus, para isto
de gases dos o CONAMA por meio da Resolução 416/2009, estabelece a forma
escapamentos. correta de sua destinação.

A mesma resolução salienta que os pneus não tem tempo


Os veículos
ainda causam determinado para serem decompostos, e quando ficam depositados
poluição ao meio de forma irregular, podem virar, por exemplo, criadouros do mosquito
ambiente quando da dengue, devido à água parada em seu interior.
não há o descarte
sustentável, por Outra fonte poluidora são os transportes de produtos perigosos,
exemplo dos
quando não manipulados ou transportados corretamente podem
pneus, para isto
o CONAMA por gerar ao meio ambiente desastres de grandes proporções.
meio da Resolução
416/2009, No Brasil 61,1% das cargas são transportadas pelas vias, e
estabelece a forma 2% dos veículos pesados que circulam pelas rodovias federais
correta de sua transportam cargas perigosas. Os acidentes com este tipo de carga,
destinação.
geralmente ocorrem devido à má conservação das vias, dos veículos
e devido à falta de capacitação dos motoristas, segundo dados do
Outra fonte Plano CNT da Confederação Nacional de Trânsito, Transporte e
poluidora são Logística (CNT, 2018. p. 41).
os transportes
de produtos Vários acidentes de cargas perigosas poderiam ser evitadas se
perigosos, quando os motoristas tivessem conhecimento do que estão transportando,
não manipulados
pois saberiam identificar a forma de proceder no momento de um
ou transportados
corretamente podem possível sinistro.
gerar ao meio
ambiente desastres O CTB no artigo 145, estabelece quem poderá ser habilitado
de grandes para a condução de determinados veículos, sendo um deles o que
proporções. transportará cargas perigosas:

152
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Art. 145. Para habilitar-se nas categorias D e E ou para conduzir


veículo de transporte coletivo de passageiros, de escolares,
de emergência ou de produto perigoso, o candidato deverá
preencher os seguintes requisitos:

I - Ser maior de vinte e um anos;


II - Estar habilitado
a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou
no mínimo há um ano na categoria C, quando A Agência Nacional
pretender habilitar-se na categoria D; e de Transportes
b) no mínimo há um ano na categoria C, quando Terrestres, conforme
pretender habilitar-se na categoria E; Lei n° 10.233, de 5
III - não ter cometido nenhuma infração grave de junho de 2001,
ou gravíssima ou ser reincidente em infrações estabeleceu no
médias durante os últimos doze meses; artigo 22 Inciso VII,
IV - ser aprovado em curso especializado e em
que esta Agência
curso de treinamento de prática veicular em
situação de risco, nos termos da normatização será a responsável
do CONTRAN. para regulamentar
Parágrafo único. A participação em curso o transporte de
especializado previsto no inciso IV independe da cargas e produtos
observância do disposto no inciso III (BRASIL, perigosos em
1997, grifo nosso). rodovias e ferrovias.
O ordenamento
É interessante observar que diferentemente do condutor de jurídico brasileiro,
veículo da Categoria A; B e C, este motorista deverá ter CNH segue as
recomendações da
classificada na Categoria D ou E, e ter 21 (vinte e um) anos, e já ser
ONU oriundas do
habilitado nas outras categorias, ou seja, exige experiência prévia na Comitê de Peritos
condução de veículo automotor. em Transportes de
Produtos Perigosos,
A Agência Nacional de Transportes Terrestres, conforme Lei em conformidade
n° 10.233, de 5 de junho de 2001, estabeleceu no artigo 22 Inciso com o “Regulamento
Modelo – Orange
VII, que esta Agência será a responsável para regulamentar o
Book”, e o
transporte de cargas e produtos perigosos em rodovias e ferrovias. acordo Europeu
O ordenamento jurídico brasileiro, segue as recomendações da denominado de ADR
ONU oriundas do Comitê de Peritos em Transportes de Produtos – Accord européen
Perigosos, em conformidade com o “Regulamento Modelo – Orange relatif au transport
Book”, e o acordo Europeu denominado de ADR – Accord européen international des
marchandises
relatif au transport international des marchandises dangereuses par
dangereuses par
route, traduzindo para o português: Tratado Europeu sobre transporte route, traduzindo
internacional de mercadorias perigosas por rodovia. para o português:
Tratado Europeu
Desta forma encontraremos no Brasil, com base nestes sobre transporte
dispositivos as Resoluções: ANTT n°s 3.665/11 e 5.232/16 e demais internacional
de mercadorias
legislações pertinentes ao tema.
perigosas por
rodovia.
A ANTT, (2012, p. 6) publicou Cartilha explicativa a respeito do

153
Acidente de Trânsito

Transporte de Produto Perigoso, esclarecendo do que se trata produto perigoso


conforme segue: é considerado produto perigoso todo aquele que representa
risco à saúde das pessoas, ao meio ambiente ou à segurança pública, seja ele
encontrado na natureza ou produzido por qualquer processo.

Diferença entre Estabelece ainda que aqueles que irão realizar ou expedir
Risco e Perigo: este tipo de material deverão se atentar “a todas as prescrições
PERIGO: associado contidas nas regulamentações referentes à adequação, marcação
à determinada e rotulagem de embalagem, sinalização das unidades de transporte,
substância, é documentação, entre outros.”
avaliado em função
da sua composição
química. RISCO: No que se refere às classificações e rotulagens serão
leva-se em apresentadas nos quadros que seguem, compreendendo conforme
consideração a esclarecimentos da ANTT – a diferença entre Risco e Perigo:
maneira como o PERIGO: associado à determinada substância, é avaliado em função
perigo da substância da sua composição química. RISCO: leva-se em consideração a
relaciona-se com
maneira como o perigo da substância relaciona-se com outro fator
outro fator que pode
ser: exposição, que pode ser: exposição, transporte, contato etc.
transporte, contato
etc. Para melhor compreensão de como se deve interpretar os
Rótulos de Risco apresenta-se a seguir, um exemplo de como dever
ser procedido a leitura das sinalizações inseridas nestes Rótulos:

FIGURA 4 - LEITURA DAS SINALIZAÇÕES INSERIDAS NOS RÓTULOS

FONTE: ANTT (2012, p. 9).

154
Capítulo 3 Classificação e Definições de Acidente de Tráfego

QUADRO 6 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 1

CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO

Explosivos
1

FONTE: Adaptado ANTT – O Transporte terrestre de


produtos perigosos no Mercosul (2012, p.7)

QUADRO 7 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 2


CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO
Subclasses

2.1 Gases inflamáveis

2.2 Gases não inflamáveis,


não tóxicos
2 Gases

2.3 Gases tóxicos

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p. 7).

155

Acidente de Trânsito.indd 155 10/07/2019 17:30:27


Acidente de Trânsito

QUADRO 8 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 3

CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO

3 Líquidos e inflamáveis

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p. 7).

QUADRO 9 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 4


CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO
Subclasses

4.1 Sólidos inflamáveis

4 4.2 Substâncias sujeitas à combustão


espontânea

4.3 Substâncias que, em contato com a


água, emitem gases inflamáveis.

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p. 7).

156

Acidente de Trânsito.indd 156 10/07/2019 17:30:27


Capítulo 3 Classificação e Definições de Acidente de Tráfego

QUADRO 10 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 5


CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO
Subclasses

5.1 Substâncias oxidantes

5.2 Peróxidos orgânicos

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p. 7).

QUADRO 11 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 6


CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO
Subclasses

6.1 Substâncias tóxicas


(venenosas)

6.2 Substâncias infec-


tantes

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p. 7).

157

Acidente de Trânsito.indd 157 10/07/2019 17:30:27


Acidente de Trânsito

QUADRO 12 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 7

CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO

7 Materiais radioativos

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p. 7).

QUADRO 13 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 8


CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO

8 Corrosivos

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p. 7).

QUADRO 14 – CLASSIFICAÇÕES E ROTULAGENS – CLASSE 9


CLASSE DE
CLASSIFICAÇÕES RÓTULOS
RISCO

9 Substâncias perigosas diversas

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p. 7).

158

Acidente de Trânsito.indd 158 10/07/2019 17:30:28


Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

1 Com base nos quadros apresentados anteriormente, identifique o


Pictograma e a Classe de risco, dos Rótulos de Risco, a seguir:

R.:________________________________________________

R.:________________________________________________

Ainda, para efeitos


de sinalizações
também são
utilizados os
chamados “Painéis
Ainda, para efeitos de sinalizações também são utilizados os de Segurança”,
que são afixados
chamados “Painéis de Segurança”, que são afixados na unidade
na unidade de
de transporte, que tem como objetivo indicar o número de risco e o transporte, que
número ONU do produto perigoso transportado. tem como objetivo
indicar o número
de risco e o
número ONU do
produto perigoso
transportado.

FIGURA 5 – EXEMPLO DE PAINÉIS DE SEGURANÇA

FONTE: Adaptado de ANTT (2012, p.10).

159
Acidente de Trânsito

Entenda mais a respeito das sinalizações de cargas perigosas


acessando ao link: <http://www.antt.gov.br/backend/galeria/arquivos/
arquivo_ascom_impresso.pdf>.

Por essas classificações, fica claro a importância de saber identificar os


principais produtos perigosos. Contudo, há uma quantidade significativa destes
tipos de produtos, com certeza não há necessidade do cidadão comum decorar
todos, porém aqueles que vão transportar determinados produtos devem conhecer
a sua composição, os seus malefícios e as formas de restringir os seus efeitos no
momento da ocorrência de um sinistro, bem como saber exatamente quais são
os equipamentos de proteção que deverá utilizar para manipular e realizar o seu
transporte.

No próximo item serão apresentados os índices estatísticos de acidentes


de trânsito no Brasil e no mundo, fazendo-se uma reflexão e apresentando
expectativas para o futuro das pessoas no trânsito.

4 CAUSAS E ESTATÍSTICAS DE
ACIDENTE DE TRÂNSITO NO BRASIL
E NO MUNDO
Apesar dos cuidados para habilitar os futuros condutores de veículos,
sinalizações, legislações mais rigorosas e educação para o trânsito, como foi
possível analisar nos capítulos e itens anteriores, os dados estatísticos a nível
mundial revelam, que apesar dos índices de acidentes terem reduzidos nos
últimos anos, os números ainda são alarmantes, conforme pode se observar no
gráfico a seguir, de acordo com o Relatório Geral sobre o Estado de Segurança
Viária 2015 da OMS.

160
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

GRÁFICO 1 – ÓBITOS NAS REGIÕES DO MUNDO


PROVOCADOS POR ACIDENTES DE TRÂNSITO

FONTE: Adaptado do Relatório da AMBEV (2017, p. 9).

A Organização Mundial da Saúde - OMS - (2017, p. 8), A Organização Mundial


publicou o catálogo denominado SALVAR VIDAS, em conjunto da Saúde - OMS - (2017,
com a Organização Pan-Americana da Saúde, apresentando p. 8), publicou o catálogo
dados, onde os acidentes de trânsito representam o “nono lugar denominado SALVAR
VIDAS, em conjunto com
entre as principais causas de mortes em todas as faixas etárias
a Organização Pan-
do mundo”, sendo que quando da publicação do Relatório Americana da Saúde,
apresentado em 2015, representava a 10ª posição, e a projeção apresentando dados, onde
para 2030 se não for tomada as devidas providências, para a os acidentes de trânsito
redução dos acidentes de trânsito ficará na 7ª posição. representam o “nono
lugar entre as principais
causas de mortes em
Este ranking representa a perda de 1,2 milhões de vidas, e
todas as faixas etárias
provocam lesões em 50 milhões de pessoas em todo o mundo, do mundo”, sendo que
sendo que 49% das mortalidades atingem pedestres, ciclistas e quando da publicação do
motocicletas, na faixa etária compreendida entre 15 a 29 anos. Relatório apresentado em
2015, representava a 10ª
Em dezembro de 2018 a OMS, em novo relatório global, posição, e a projeção para
2030 se não for tomada as
mostra que o atual cenário dos acidentes de trânsito passou a
devidas providências, para
ser de 1,35 milhões de perdas de vida, um aumento considerável a redução dos acidentes
em relação ao de 2017. de trânsito ficará na 7ª
posição.

161
Acidente de Trânsito

Conheça o relatório 2018 da OMS. Disponível em: <https://


www.who.int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2018/
en/>. Acesso em: 6 jan. 2019.

Vamos passar a analisar o cenário brasileiro, dentro deste alto índice de


mortalidade provocado pelos acidentes de trânsito.

4.1 CENÁRIO BRASILEIRO


Para que possamos fazer uma análise reflexiva dos acidentes no Brasil
é importante trazermos alguns números que refletem a grandeza de nosso
país de acordo com os dados do IBGE (2017), o Brasil é o 5° maior país do
mundo com 8.515.759,090 km² (2017), composto de 5.570 municípios e com
população estimada de 208.494.900 (2018), sendo a maior parte desta população
concentrada em áreas urbanas.

No Capítulo 2, apresentamos a Frota Total de Veículos até 2017 analisando


com outros indicadores. Agora vamos apresentar o quadro até 2018, para fazer os
comparativos com os indicadores da Seguradora Líder dos Acidentes ocorridos
– DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre)
até 10/2018.

QUADRO 15 – FROTA TOTAL DE VEÍCULOS DO BRASIL


Frota Total
Crescimento
REGIÃO 2007
2007/2018%
Setembro - 2018
BRASIL 49.644.025 97.105.740 96%
Norte 1.927.008 5.074.727 163%
Nordeste 6.502.135 16.881.206 160%
Sudeste 26.272.123 47.433.832 80%
Sul 10.659.526 18.838.131 77%
Centro-Oeste 4.283.233 8.877.844 102%
FONTE CNT-2018 (p. 10); Boletim Seguradora Líder (10/2018, p. 9).

162
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Por meio dos dados apresentados, é possível fazer uma correlação


entre o aumento da frota de veículos e os acidentes, conforme os indicadores
apresentados pela CNT e os dados da Polícia Federal e o IBGE, no período de
2007 até 2017, e atualizando o aumento da frota brasileira em 96% em onze anos,
o número de acidentes no período de 2007 a 2011, houve um aumento de 37,8%,
e a boa notícia é que houve uma redução de 18,9% no período de 2011 a 2017.

Outro dado que a pesquisa revelou, foi a queda no número de acidentes com
vítimas a cada 100 mil automóveis, que em 2007 representava 105,9, e sendo
quem em 2010 atingiu 107,0, finalizando em 2017 em 60,5 vítimas a cada 100 mil
automóveis.

Apesar desta melhoria nos indicadores de mortalidade no Apesar desta


trânsito, os acidentes no Brasil representam a segunda causa de melhoria nos
indicadores de
morte não natural e que poderiam ter sido evitadas.
mortalidade
no trânsito, os
O pesquisador Rocha (2015) do Instituto de Ética e acidentes no Brasil
Comportamento no Trânsito - IECT, filiado a ONU (Organização das representam a
Nações Unidas), em setembro de 2015, fez uma série de críticas segunda causa de
ao sistema de trânsito brasileiro, como a falta de uma agência morte não natural
e que poderiam ter
nacional exclusiva para cuidar da segurança rodoviária, falta de
sido evitadas.
dados estatísticos centralizados, uma vez que há diversos órgãos
que divulgam os dados como as SSP – Secretarias de Segurança
Públicas dos Estados; a PRF – Polícia Rodoviária Federal; o DATASUS e o IPEA,
sendo que muitas vezes estes dados divergem.

O IECT tem se utilizado dos dados que são publicados pelo DPVAT (Danos
Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), justificando esta
escolha, por ser a Seguradora Líder, a responsável em proceder as devidas
indenizações às vítimas de trânsito, por meio de documentos oficiais
que são apresentados tanto pelas vítimas ou seus parentes, e demais Indenizações:
pagamento de mais
órgãos públicos.
de 268 (duzentos
e sessenta e oito
Na sequência, em continuação a apresentação dos indicadores mil) indenizações,
estatísticos, utilizando os dados atualizados da Seguradora Líder, o comparando-se ao
cenário das principais indenizações pagas, oriundas dos acidentes de mesmo período de
trânsito ocorridos no Brasil no período de janeiro a outubro de 2018. 2017, houve uma
queda de 12%, em
relação aos óbitos
Indenizações: pagamento de mais de 268 (duzentos e sessenta também ocorreu
e oito mil) indenizações, comparando-se ao mesmo período de 2017, uma redução
houve uma queda de 12%, em relação aos óbitos também ocorreu comparando-se ao
uma redução comparando-se ao mesmo período de 6%. mesmo período de
6%.

163
Acidente de Trânsito

Assim, de acordo com os dados ora apresentado do período de 2010 a 2011,


que já trazia uma redução de quase 19%, é possível vislumbrar que o Brasil
continua na rota de reduções dos acidentes.

GRÁFICO 2 – INDENIZAÇÕES PAGAS

FONTE: Adaptado do Boletim Seguradora Líder (Vol. 10 jan. a out. 2018. p. 4).

As vítimas de As vítimas de acordo com o Boletim indicam que 75% (setenta


acordo com o e cinco) por cento são homens e 25% (vinte e cinco) por cento de
Boletim indicam
mulheres, indicadores que não sofreram alterações em relação ao
que 75% (setenta
e cinco) por cento mesmo período de 2017 (janeiro a outubro).
são homens e 25%
(vinte e cinco) por Dentre o total destes vitimados 58% (156.160), concentraram-
cento de mulheres, se nos condutores dos veículos, representando 54% (17.438), das
indicadores que não indenizações em acidentes fatais e 56% em sequelas permanentes.
sofreram alterações
em relação ao
mesmo período Comparando com a estimativa da população 2018, teremos o
de 2017 (janeiro a seguinte cenário:
outubro).

QUADRO 16 – COMPARATIVO POPULAÇÃO


BRASILEIRA X ACIDENTES DE TRÂNSITO

Acidentes de
População estima-
SEXO trânsito (Jan a out %
da 2018
2018)

HOMENS 101.971.173 201.412,50 0,20%


MULHERES 106.523.727 67.137,50 0,06%
Total 208.494.900 268.550,00 0,13%

FONTE: Adaptado dos dados do IBGE e do Boletim


Seguradora Líder (Vol. 10 jan. a out. 2018. p. 6).

164
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Em segundo
Em segundo lugar ficaram os pedestres, tendo sido indenizados lugar ficaram os
29% nos acidentes fatais o que significa 9.268 óbitos, e 31% (56.183), pedestres, tendo
sido indenizados
em invalidez permanente.
29% nos acidentes
fatais o que significa
Com relação à faixa de idade dos vitimados serão encontrados 9.268 óbitos, e
os seguintes indicadores: 31% (56.183),
em invalidez
permanente.

GRÁFICO 3 – INDENIZAÇÕES PAGAS POR FAIXA ETÁRIA

FONTE: Adaptado do Boletim Seguradora Líder (Vol. 10 jan. a out. 2018. p. 6).

Com relação aos


De acordo com estes dados, é possível verificar que acidentes com os veículos
os acidentes de trânsito atingem pessoas na faixa etária motorizados se dividirmos
compreendida entre 18 a 64 anos, e as mais atingidas os que a frota (2017 - 97.091.956)
se encontram entre 18 e 34 anos. do Brasil, conforme
o Quadro 30, e pelos
acidentes ocorridos de
Com relação aos acidentes com os veículos motorizados jan. a out/2018 (268.550)
se dividirmos a frota (2017 - 97.091.956) do Brasil, conforme vamos verificar que
o Quadro 30, e pelos acidentes ocorridos de jan. a out/2018 0.28% dos veículos que
(268.550) vamos verificar que 0.28% dos veículos que circulam circulam o Brasil sofreram
o Brasil sofreram algum tipo de acidente de trânsito. algum tipo de acidente de
trânsito.

165
Acidente de Trânsito

QUADRO 17 – COMPARATIVO ACIDENTES X FROTA TOTAL BRASIL


Acidentes Jan a % acidentes X
REGIÃO FROTA 09/2018
out 2018 frota
Nordeste 81.724 16.881.206 0,48%
Sudeste 80.144 47.433.832 0,17%
Sul 47.632 18.838.131 0,25%
Centro-Oeste 32.063 8.877.844 0,36%
Norte 26.987 5.074.727 0,53%
TOTAL BRASIL 268.550 97.105.740 0,28%
FONTE: Adaptado dos dados da Frota Brasil e do Boletim Seguradora Líder (10/2018 p. 9).

Dos dados
apresentados
pelo Boletim da
Seguradora Líder, É interessante observar que o Sudeste apesar de concentrar
o que chama uma grande frota de veículos, é a região, neste comparativo, que
a atenção é a teve o menor percentual de acidentes de trânsito.
quantidade de
acidentes que
ocorreram com Dos dados apresentados pelo Boletim da Seguradora Líder, o
motocicletas, onde que chama a atenção é a quantidade de acidentes que ocorreram
houveram 202.597 com motocicletas, onde houveram 202.597 indenizações pagas
indenizações pagas por tipo de veículo o que representou 75%, apesar de representar
por tipo de veículo apenas 27% da frota nacional.
o que representou
75%, apesar de
representar apenas
27% da frota
nacional.

QUADRO 18 – NÚMERO DE ACIDENTES POR TIPO DE VEÍCULO


QUE LEVARAM A ÓBITO NAS REGIÕES DO BRASIL
Tipo de veículo NORTE NORDESTE CENTRO OESTE SUDESTE SUL
Automóveis 23% 24% 39% 42% 49%
Ônibus micro-ônibus
2% 2% 2% 5% 2%
e Vans
Caminhões e Pick-
8% 8% 14% 11% 13%
ups
Ciclomotores 1% 2% 1% 1% 1%
Motocicletas 66% 64% 44% 41% 35%
FONTE: Adaptado do Boletim Seguradora Líder (Vol. 10 jan. a out. 2018. p. 11-14).

166
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

A única região do Brasil em que houve mais acidentes com automóveis


do que com motocicletas foi a região Sul. No perfil destes acidentados com
motocicletas, a óbito foram 88% do sexo masculino e 12% do sexo feminino, e
nas indenizações por invalidez 79% foram homens e 21% mulheres.

São várias as discussões a respeito das ações que devem ser adotadas para
redução do número de acidentes com motocicletas, mas na prática ainda não se
consegue visualizar uma melhoria nestes índices.

Uma ação simples é a mudança de comportamento do condutor deste


veículo, ao praticar certas condutas, com certeza ajudará a melhorar este
indicador, muitos condutores não estão habilitados a dirigir motos acreditando na
facilidade de manobrá-la.

Para este tipo de veículo a deverá constar na CNH classificação “A”; respeitar
a legislação e a sinalização de trânsito; praticar direção defensiva; utilizar os
equipamentos de proteção principalmente o capacete, e o uso de vestuário
adequado onde os demais motoristas possam identifica-lo, principalmente à
noite. A moto deve sempre estar em condições de uso, sofrendo manutenções
periódicas. E, jamais dirija estando sob efeito de álcool, drogas ou em estado de
sonolência.

Apesar deste cenário negativo apresentado referente aos acidentes de


trânsito, muitas cidades do Brasil têm se destacado na redução dos acidentes,
inclusive a Seguradora Líder, por meio da equipe DPVAT, tem publicado no Blog
intitulado “Ranking do Bem”, as quais reproduziremos as cinco cidades que
apresentaram nos últimos dois anos os menores índices de acidentes de trânsito
(SEGURADORA LÍDER, 2017). É necessário, além de publicar os números
maléficos produzidos pelos acidentes, apresentar e incentivar as práticas
positivas, para que sirvam de exemplos para outras localidades.

QUADRO 19 – AÇÕES DO BEM PARA UM TRÂNSITO MAIS SEGURO


N° de Acidentes
CIDADE-CAPI-
RANKING nos dois últimos AÇÕES POSITIVAS
TAL
anos
Este baixo índice de acidente é o
resultado das ações da Prefeitura
como aumento da segurança nas
Vitória – Espírito ruas. A cidade também possui um
1° 765 programa denominado “Vida no
Santo Trânsito”, que analisa os acidentes
e propões ações preventivas para
minimizar ou erradicar a condição
insegura.

167
Acidente de Trânsito

A cidade por meio da Companhia


de Trânsito e Transporte de Ma-
capá (CTMac), revitalizou e in-
stalou novas faixas de pedestres
e placas de sinalizações. Implan-
2° Macapá - Amapá 949
tou um sistema de estratégico de
fiscalização. No que tange aos
futuros condutores propicia edu-
cação para o trânsito nas escolas
municipais da região
A cidade contou com apoio da Sec-
São Luís - Mara- retaria de Estado da Infraestrutura
3° 1.122 (Sinfra), para revitalização das
nhão vias. Promoveu ações educativas
de conscientização para o trânsito.
A Superintendência Municipal
de Transportes e Trânsito (RB-
TRANS), realizou campanhas de
conscientização e educação, e
4° Rio Branco - Acre 1.254
também intensificou as blitz edu-
cativas, e no ano de 2018, atuou
de forma intensiva nos motociclis-
tas.
Este Município atua preventiva-
mente e com campanhas educa-
5° Maceió - Alagoas 1.524
tiva, bem como com políticas de
segurança viária e fiscalizações.

FONTE: Disponível em: <https://www.seguradoralider.com.br/Blog/Paginas/


Postagem.aspx?IdPostagem=3027>. Acesso em: 29 dez. 2018.

Analisando o quadro apresentado, é possível identificar que as ações


realizadas pelas cidades, em sua grande maioria está centrada na educação
e conscientização, mas também fica claro que a presença dos órgãos públicos
como líderes destes processos, trazem ganhos significativos.

E, o futuro o que nos reserva? Quais são as ações do bem que


você está fazendo para que possamos ter um trânsito mais seguro?

168
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

No último item, vamos refletir as ações que alguns organismos e países estão
praticando, e as ações para o futuro, para que os acidentes de trânsito não seja
mais o vilão das mortes e sequelas que assombram o mundo, pois conforme os
dados apresentados, o mundo e destacando o Brasil, o cenário é nefasto, com as
perdas inestimáveis de vidas humanas, e a produção de sequelas permanentes.
Além destas ações que iremos apresentar, o mais importante são as pessoas e,
portanto, a conscientização é o ponto fulcral para a redução dos acidentes.

4.1 TRÂNSITO SEGURO - AÇÕES


PARA O FUTURO
De acordo com o histórico dos marcos principais para a segurança no trânsito,
conforme relatório da AMBEV (2017, p. 12), verifica-se que há uma preocupação
mundial na erradicação das mazelas produzidas pelos acidentes de trânsito, o
qual segue reproduzido:

• 2009 – Declaração de Moscou – Primeira Conferência


Ministerial e Global sobre Segurança no Trânsito da Rússia;
• 2011 – Lançada a Década de Ação para Segurança no
Trânsito 2011-2020;
• 2012 – Lançamento na Rio+20 do documento “O Futuro Que
Queremos”;
• 2015 – Aprovada pela comunidade internacional a Agenda
2030 para o desenvolvimento Sustentável com 17 objetivos de
Desenvolvimento Sustentável e um total de 169 metas.
• 2015 – Anunciada a “Declaração de Brasília”, durante a
Segunda Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança
de Trânsito.

O Brasil, no ano de 2015, por meio da “Declaração de Brasília”, em


continuação a Declaração de Moscou de 2009, onde a ONU anunciou a “Década
de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020”, a declaração resultou em
aproximadamente 30 (trinta) medidas, seguem reproduzidas as principais:

• Desenvolver e implementar planos nacionais sobre segurança


no trânsito e aplicar legislação abrangente sobre os principais
fatores de risco;
• Reforçar estratégias de fiscalização de trânsito;
• Incentivar a introdução de novas tecnologias de gestão de
trânsito e de sistemas de transportes inteligentes;
• Adotar, implementar e fazer cumprir políticas e medidas para
proteger e promover, de forma ativa, a segurança de pedestres
e a mobilidade de ciclistas;
• Desenvolver e implementar programas educacionais e de
formação abrangentes, inclusivos e baseados em evidências;
• Fortalecer os cuidados pré-hospitalares, incluindo serviços

169
Acidente de Trânsito

de saúde de emergência e reposta imediata pós-acidente,


diretrizes ambulatoriais e hospitalares para cuidado do trauma
e serviços de reabilitação;
• Fomentar o financiamento para segurança no trânsito para
apoiar pesquisas e implementação de políticas em nível global,
regional, nacional e local;
• Aprimorar a qualidade da coleta sistemática e consolidada
Nesta trajetória de dados sobre a ocorrência de eventos no trânsito (AMBEV,
para a segurança 2017, p. 12).
mundial de trânsito,
a OMS (2017),
Nesta trajetória para a segurança mundial de trânsito, a OMS
publicou objetivando
o enfrentamento dos (2017), publicou objetivando o enfrentamento dos desafios futuros,
desafios futuros, a a Agenda para 2030, propõe redução pela metade das mortes e
Agenda para 2030, lesões de trânsito até 2020. A publicação do SALVAR VIDAS, traz
propõe redução pela uma série de medidas, com base em análises técnicas e científicas,
metade das mortes auxiliando e propondo ações para que se consiga atingir à meta
e lesões de trânsito
proposta, o qual seguem descritas.
até 2020.

4.1.1 Quatro PrincÍPios de Sistema


Seguro
Estes quatro princípios devem ser seguidos pelas pessoas para a produção
de um sistema de trânsito seguro:

1 - PESSOAS – Devem prever os erros que podem ocasionar


os acidentes;
2 - CORPO HUMANO – É limitado na capacidade de absorver
os impactos gerados no acidente de trânsito;
3 - PESSOAS – Todos os envolvidos para evitar que ocorram
os acidentes de trânsito, os pedestres, condutores de veículos
e os órgãos públicos responsáveis pelas vias e a segurança
pública. Respeitar as legislações de trânsito, e aplicar o
princípio da confiança.
4 - COMBINAÇÃO DE ESFORÇOS – Se os itens acima forem
aplicados, somados a consciência de aplicar e combinar estes
princípios, será possível proteger uns aos outros no caso de
falhas de uma das partes (OMS, 2017 p. 10).

É interessante notar que as pessoas aparecem duas vezes, justamente


para alertar que as principais causas de acidentes são provocadas pelas falhas
humanas e, muitas vezes, deliberadamente como nos casos de “rachas”, ou
quando resolvem conduzir o veículo alcoolizados.

No próximo item vamos analisar as medidas técnicas que devem ser


adotadas por todos os envolvidos, para mitigar ou até mesmo neutralizar a

170
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

ocorrência dos acidentes de trânsito.

4.1.2 Medidas TÉcnicas


Segue reproduzido os elementos principais que devem ser observados, pelos
países, e as intervenções necessárias para que efetivamente se possa chegar
no ano de 2020 com a metade dos percentuais de óbitos e sequelas produzidos
pelos acidentes de trânsito.

QUADRO 20 – INTERVENÇÕES
COMPONENTES INTERVENÇÕES
• Cumprir as leis de trânsito, respeitando os limites da ve-
locidade, a nível nacional, local e urbano.

• Construção de vias prevendo moderação ao trafegar so-


bre elas, como construção de rotatórias;
GESTÃO DA VELOCIDADE
• Leis que obriguem os fabricantes de veículos instalarem
sistemas de redução de velocidade, uma forma de adap-
tar dispositivos que avisem e reduzam a velocidade con-
forme a via.
• Criação de órgãos específicos para coordenar o trânsito

• Elaboração de estratégias de segurança no trânsito

• Avaliar os impactos das estratégias de Segurança no


LIDERANÇA NA SEGU- Trânsito
RANÇA NO TRÂNSITO
• Monitorar a segurança no trânsito, por meio de indica-
dores e dados.

• Conscientizar e obter apoio público por meio da edu-


cação e de campanhas.

171
Acidente de Trânsito

• Propiciar aos transeuntes das vias, infraestrutura segura

• Implantar faixas exclusivas para bicicletas e motocicletas

• Tornar a lateral da pista mais segura como por exemplo


as áreas de escape.

PROJETO DE MELHORIA • Projetar interseções mais seguras.


DA INFRAESTRUTURA
• Separar as vias de acesso das vias de tráfego expresso.

• Priorizar as pessoas ao implantar zonas residenciais,


comerciais e escolares

• Disponibilizar rotas de transporte público melhores e mais


seguros.
• Cumprimento das legislações, bem como criar normati-
vas relacionado aos seguintes itens:

• Cintos de segurança; ancoragem do cinto de segurança;


NORMAS DE SEGU- impacto frontal; impacto lateral; controle eletrônico de es-
RANÇA VEICULAR tabilidade; proteção dos pedestres e sistemas de ISOFIX
de retenção para crianças.

• Sistemas de freio ABS e o uso de farol acesso durante o


dia para as motocicletas.
• Cumprir as legislações no que tange:

FISCALIZAÇÃO DO CUM- • À condução sob efeito de álcool


PRIMENTO DAS LEIS DE
TRÂNSITO • Uso do capacete pelas motocicletas;

• Uso dos sistemas de retenção para crianças.


• Desenvolver sistemas organizados e integrados de aten-
dimento pré-hospitalar e de atendimento hospitalar de
emergência.
SOBREVIVÊNCIA PÓS-AC-
IDENTE • Capacitar em atendimento básico de emergência os
profissionais encarregados da resposta a acidentes.

• Promover a capacitação de socorristas da comunidade.


FONTE: Adaptado da OMS (2017, p. 14).

Este quadro identifica que são medidas simples de serem adotadas pelas
pessoas, o que falta muitas vezes é o bom senso, conhecer com profundidade a
legislação de trânsito e praticá-la preventivamente. Maior empenho por parte dos
entes públicos para propiciar a população um trânsito seguro.

Com base na Declaração de Brasília (2015), onde esteve presente


representantes de 120 países, foram definidas algumas situações na busca de
um trânsito mais seguro. Essas análises estão expressas no quadro a seguir, que
complementa com outros dados e nos permite fazer uma reflexão das normativas
brasileiras.

172
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

QUADRO 21– DIAGNÓSTICOS E AÇÕES PREVENTIVAS


Componentes Diagnóstico Ação de preventiva
Foi diagnosticado que em
países de renda alta, a morte
decorrente de alta velocidade
responde por 30% dos óbitos,
e nos demais países em 50%. 47 países definiram limites de veloci-
Velocidade
dade de até 50km/hora
No caso dos atropelamentos
o risco de morte a 50km/h é
de 20%, e com velocidade a
80km/h é de 60%.
Uma concentração de álcool Leis que estabelecem concentração
Consumo de bebi- no sangue (BAC) de 0,05 g/dl, de álcool por volta de 0.02 g/dl po-
das alcóolicas o risco de acidente rodoviário dem reduzir em 24% os acidentes
aumenta drasticamente. envolvendo jovens.
44 países possuem leis que exigem o
uso de capacete por todos os motor-
O uso do capacete correta- istas e passageiros. No Brasil, desde
mente reduz em 40% o risco o ano de 2007, os capacetes devem
Uso do capacete
de morte, e 70% nos casos de possuir o certificado do INMETRO, e
lesão grava. possuir adesivos retro reflexivos de
segurança nas partes laterais e tra-
seira.
Desde novembro/2016 o CTB, esta-
beleceu que crianças transportadas
sem as cadeirinhas são autuadas
com infração gravíssima. As crianças
No Brasil cerca de 5 (cinco)
Uso da cadeirinha com até 10 (dez) anos de idade de-
crianças são vítimas dos aci-
para crianças vem ser transportadas no banco tra-
dentes de trânsito.
seiro, usando o cinto de segurança.
As crianças até 7,5 de idade devem
estar obrigatoriamente acomodadas
nas cadeirinhas.
105 países, representando 67%
De acordo com a OMS o uso do cinto
da população mundial, exigem
de segurança reduz o risco de fer-
o uso de cinto de segurança
imentos fatais em até 50% para os
em todos os ocupantes. No
Cinto de segu- ocupantes do banco dianteiro, e de
Brasil em conformidade com os
rança até 75% para os ocupantes do banco
dados da Agência Nacional de
traseiro. O Brasil desde 1999, exige o
Transportes Terrestres, apenas
acessório com três pontas no banco
2% dos passageiros de ônibus
traseiro.
usam o equipamento.
No Brasil o Ministério das Cidades
desenvolveu o aplicativo “Mãos no
volante” que bloqueia notificações e
Conforme os dados da OMS,
ligações e envia automaticamente a
o uso do celular e direção au-
mensagem: “Estou dirigindo no mo-
mentam em quatro vezes o ris-
mento. Ligo mais tarde”. Conforme
co de acidente no trânsito, isto
Uso do celular o CTB/97, o uso do celular tornou-se
porque o uso do celular distrai
infração gravíssima, auferindo o con-
o condutor na sua capacidade
dutor 7 pontos e multa de aproxima-
visual, cognitiva, física e audi-
damente R$300,00 (trezentos reais).
tiva.
A atuação é aplicada mesmo se esti-
ver parado no semáforo, segurando
o celular.
FONTE: Adaptado do Relatório da AMBEV (2017, p. 14-17).
173
Acidente de Trânsito

Observando essas medidas técnicas, é possível dizer que o Brasil por meio
de seus ordenamentos legais, tem procurado atender a estes componentes e
suas respectivas intervenções, o CTB, foi de fato um grande avanço nas ações a
serem realizadas na segurança do trânsito. É possível também identificar que nos
últimos anos várias regulamentações do CTB foram estabelecidas, com vistas a
transformar o trânsito de nosso país um lugar seguro. A própria OMS reconheceu
que o Brasil tem eivado esforços no que tange as legislações, que tem cada vez
mais se tornado rigorosas.

1 Cite dois princípios do Sistema e Seguro para o trânsito conforme


OMS (2017).
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Contudo, as ações ainda, não conseguem atender a segurança viária de


forma efetiva, atendendo todas as cidades brasileiras (AMBEV, 2017. p. 11). E,
portanto, há várias ações que deverão ser realizadas, devendo estas ações serem
uma união de esforços das pessoas e órgãos públicos.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, foi possível compreender como os pedestres devem se portar
no trânsito e com relação às proibições emanadas do Código de Trânsito Nacional.

De acordo com os dados estatísticos, ainda ocorrem muitos atropelamentos,


seja pela falta de segurança nas vias, ou pela falta dos cuidados necessários que
os pedestres devem se atentar ao circular pelas áreas públicas. Os motoristas
também, por vezes, esquecem de seguir o princípio de que menor tem privilégios
sobre o maior.

O Brasil, como pudemos analisar, é um país que exige uma série de requisitos
para que uma pessoa venha a se tornar condutor de veículo automotor, desde as
questões legais cíveis até a condição física e psíquica, dependendo do tipo de
automóvel, categorias e classificações que pretende conduzir.

174
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Há várias discussões a respeito destas exigências, contudo é certo, ainda


há muito a se fazer no que concerne a propiciar um trânsito seguro, conscientizar
as pessoas seja pedestre ou condutor que a responsabilidade de reduzir os
acidentes perpassa por nós, o ordenamento jurídico sozinho não dará conta desta
missão.

Quando ocorre o acidente do trânsito é importante identificar a sua


classificação, para que a análise possa ser precisa, como verificar se o acidente foi
simples onde houve somente um veículo envolvido, por exemplo, em uma situação
de capotamento, ou se foi misto, havendo mais envolvidos na sinistralidade. Por
vezes, quando ocorre mais de um veículo e não houve testemunhas, e há vítimas
fatais, a reconstituição do acidente se torna mais complexa, necessitando um
exame bem detalhado do local.

Esses acidentes, por vezes, acabam trazendo muitos danos ao local,


devendo ser analisado cuidadosamente os vestígios, pois se foi ocasionado com
possíveis derramamento de produtos perigosos, os peritos e demais agentes
públicos responsáveis, deverão de imediato tomar as ações necessárias para
evitarem a propagação para o meio ambiente ou vias, do respectivo material.

O conhecimento das sinalizações e rótulos dos materiais perigosos é


fundamental para os peritos e mesmo para aqueles que estão transportando os
produtos. As ações nestes casos têm que ser rápidas, pois uma contaminação,
por exemplo, em rios traz efeitos catastróficos para a natureza e para o ser
humano.

O Brasil, por meio de várias legislações, tem procurado ser mais rigorosa
com as empresas que transportam estes tipos de produtos, bem como com os
fabricantes dos demais veículos exigindo que estes já saiam das fábricas com
equipamentos antipoluentes. Ficou claro pelos estudos apresentados, que a
poluição automotiva tem deixado rastros nefastos, que tem contribuído também
com a mortalidade das pessoas, principalmente de centros urbanos que
congregam muitos veículos.

A boa notícia é que o Brasil nos últimos anos vem reduzindo os índices
de acidentes de trânsito, contudo, é necessário que estas ações possam ser
compartilhadas em todas as regiões de nosso país, pois ainda há regiões onde
os acidentes apresentam índices bem altos com relação à população residente, o
que exige uma atenção maior dos órgãos públicos locais.

O importante é que há uma atenção e um olhar a nível mundial para redução


dos acidentes de trânsito, onde o Brasil segue envolvido, como na Agenda 2030,
que a OMS e demais órgãos estão imbuídos em chegar em 2020 na metade do

175
Acidente de Trânsito

número dos acidentes, para que em 2030 estejamos usufruindo de um trânsito


mais seguro.

No entanto, para alcançar a meta estabelecida, é necessário a conscientização


de todos os envolvidos no trânsito, a prática das medidas técnicas e legais e o
seguimento do princípio fundamental do respeito à vida humana.

REFERÊNCIAS
ABD, Associação Brasileira de Dislexia. O que é dislexia? 2016. Disponível em:
<http://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/>. Acesso em: 26 dez. 2018.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.898/1993. Relatório


de Acidente de Trânsito (RAT).

______. NBR 10.697: Pesquisa de Acidentes de Trânsito. Junho/1989.


Disponível em: <https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=7661>. Acesso
em: 7 nov. 2018.

______. NBR 10.696: Símbolos gráficos dos diagramas de acidentes dos


relatórios de acidentes de trânsito. Outubro/2015. Disponível em: <https://www.
abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=344755>. Acesso em: 7 nov. 2018.

______.NBR 39.001: Sistemas de gestão da segurança viária (SV). 2015.


Disponível em: <https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=346433>.
Acesso em: 7 nov. 2018.

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT. O transporte


terrestre de produtos perigosos no Mercosul. Cartilha 2012 – Versão ANTT.
Disponível em: <http://www.antt.gov.br/backend/galeria/arquivos/arquivo_ascom_
impresso.pdf>. Acesso em 28 dez. 2018.

AMBEV. Retrato da Segurança Viária, 2017. Falconi Consultores de /resultado.


CLP Centro de Liderança Pública. Transit. Transportes Integrados do DF.Book_
ambev.indd. 15/09/2017. Disponível em: <https://www.ambev.com.br/conteudo/
uploads/2017/09/Retrato-da-Seguran%C3%A7a-Vi%C3%A1ria_Ambev_2017.
pdf>. Acesso em: 27 dez. 2018.

ARAGÃO, Ranvier Feitosa. Investigação Pericial em locais de Acidentes de


Trânsito. 1. ed. São Paulo/Campinas: Millenium, 2015.

BRASIL. Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo

176
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.


htm>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do


consumidor e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Lei n. 8.723 de 28 de outubro de 1993. Dispõe sobre a redução de


poluentes por veículos automotores e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8723.htm>. Acesso em: 27 dez. 2018.

______. Lei n. 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da


Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 25 dez. 2018.

______. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm>.
Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Lei n. 10.350, de 21 de dezembro de 2001. Altera a Lei n° 9.503, de


23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro, de forma a obrigar
a realização de exame psicológico periódico para os motoristas profissionais.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10350.
htm#art1>. Acesso em: 12 dez. 2018.

______. Lei n. 10.233, de 5 de junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação


dos transportes aquaviário e terrestre, cria o conselho nacional de integração de
políticas de transporte, a agência nacional de transportes terrestres, a agência
nacional de transportes aquaviários e o departamento nacional de infraestrutura
de transportes, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10233.htm>. Acesso em: 28 jan. 2019.

______. Decreto n. 5.055 de 27 de abril de 2004. Institui o Serviço de


Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, em Municípios e regiões do território
Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2004/Decreto/D5055.htm>. Acesso em: 9 dez. 2018.

______. Resolução CONTRAN n. 168 de 14 de dezembro de 2004. Disponível


em: <https://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_
CONTRAN_168.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Resolução CONAMA n. 418/2009. Dispõe sobre critérios para a


elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular - PCPV e para a

177
Acidente de Trânsito

implantação de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M


pelos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente e determina novos limites
de emissão e procedimentos para a avaliação do estado de manutenção de
veículos em uso. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=618>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Ministério da Justiça. Portaria 487/2012. Disciplina o procedimento


de chamamento dos consumidores ou recall de produtos e serviços que,
posteriormente a sua introdução no mercado de consumo, forem considerados
nocivos ou perigosos. Disponível em: <http://www.defesadoconsumidor.gov.br/
images/Legisla%C3%A7%C3%A3o/Portaria_487_de_2012.pdf>. Acesso em: 25
nov. 2018.

______. Lei n. 12.830 de 20 de junho de 2013. Dispõe sobre a investigação


criminal conduzida pelo delegado de polícia. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12830.htm>. Acesso em: 9 dez.
2018.

______. Lei n. 13.103 de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da


profissão de motorista; altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 9.503,
de 23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro, e 11.442, de 5
de janeiro de 2007 (empresas e transportadores autônomos de carga), para
disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional;
altera a Lei no 7.408, de 25 de novembro de 1985; revoga dispositivos da Lei
no 12.619, de 30 de abril de 2012; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13103.htm#art8>.
Acesso em: 12 dez. 2018.

______. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de


Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 26 jan. 2019.

______. Portaria n. 15, de 18 de janeiro de 2016. Estabelece os procedimentos


para o acesso aos dados dos sistemas e subsistemas informatizados do
Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.denatran.gov.br/images/Portarias/2016/
Portaria0152016_nova2.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2018

______. Resolução n. 267 de 15 de fevereiro de 2008. DENATRAN.


Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o
credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e
§§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <http://

178
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_267.pdf>.
Acesso em: 27 dez. 2018.

______. Resolução n° 416 de 30 de setembro de 2009. Conselho Nacional do


Meio Ambiente – CONAMA. Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental
causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada e
dá outras providências. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/
legiabre.cfm?codlegi=616>. Acesso em: 27 dez. 2018.

______. Resolução n°491 de 19 de novembro de 2018. Dispõe sobre padrões


de qualidade de ar. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/
legiabre.cfm?codlegi=740>. Acesso em: 29 dez. 2019.

CAPEZ, Fernando; PRADO, Stela. Código Penal Comentado. 7. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.

CENTRO DE REFERÊNCIAS TÉCNICAS EM PSICOLOGIA E POLÍTICAS


PÚBLICAS. Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) em
políticas públicas de mobilidade humana e trânsito / Centro de referências
Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas; Brasília, DF: Conselho Federal de
Psicologia, 2018. Disponível em: <http://crepop.pol.org.br/6213_referencias-
tecnicas-para-atuacao-de-psicologas-em-politicas-publicas-de-mobilidade-
humana-e-transito>. Acesso em: 20 dez. 2018

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTE – CNT. Acidentes


Rodoviários e a Infraestrutura. Brasília: CNT 2018. Disponível em:
<http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20CNT/Acidentes%20
Rodovi%C3%A1rios%20e%20Infraestrutura/acidentes_rodoviarios_
infraestrutura_web.pdf > Acesso em 29/12/2018.

CNT, Confederação Nacional do Transporte. Plano CNT de Transporte e


Logística 2018. Brasília: CNT, 2018. Disponível em: <http://www.cnt.org.br/
Paginas/plano-cnt-transporte-logistica>. Acesso em: 22 dez. 2018.

CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Colisões de Veículos.


(s.d.). Disponível em: <http://7gcir.blogspot.com/2015/09/colisoes-de-veiculos.
html>. Acesso em: 28 dez. 2018.

COSTA, Bruna Luciana Rodrigues; ALCHIERI, João Carlos. Aspectos


históricos da avaliação psicológica do trânsito no Brasil. Conselho de
Psicologia. Psicologia do Tráfego. Características e desafios no contexto do
MERCOSUL. Brasília: CFP, 2016. Disponível em: <http://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2016/08/CFP_Livro_PsicologiaTrafego_web22.pdf>. Acesso em:

179
Acidente de Trânsito

27 dez. 2018.

DECLARAÇÃO DE BRASÍLIA. Segunda Conferência Global de Alto Nível


sobre Segurança no Trânsito: Tempo de Resultados. Brasília, 18-19 de
novembro de 2015. Disponível em: <https://www.who.int/violence_injury_
prevention/road_traffic/Final_Brasilia_declaration_PT.pdf?ua=1>. Acesso em: 28
dez. 2018.

DETRAN/PR. Direção Defensiva. (s.d.). Disponível em: <http://www.detran.


pr.gov.br/modules/catasg/servicos-detalhes.php?tema=detran&id=342>. Acesso
em: 12 dez. 2018.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados por Cidade e


Estado. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/informacoes-por-cidade-e-
estado.html>. Acesso em: 28 jan. 2019.

LOS ANGELES COUNTRY. Sheriffs Departament. Cause of collision that


claimed the lives of Paul Walker & Roger Rodas. 2014. Disponível em: <http://
sheriff.lacounty.gov/wps/portal/lasd/media/detail/?current=true&urile=wcm:path:/
lasd+content/lasd+site/home/home+top+stories/walkerrodascrashrelease>.
Acesso em: 26 dez. 2018.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE – OPAS. Segurança de


pedestre: Manual de segurança viária para gestores e profissionais
da área. Brasília, DF: OPAS, 2013. Disponível em: <http://apps.
who.int/iris/bitstream/handle/10665/79753/9789275718117_por.
pdf;jsessionid=9BB0E94D98A37093AD2D6AF32C80F0D2?sequence=7>.
Acesso em: 29 dez. 2018.

PCPV. Plano de Controle de Poluição Veicular. 2017-2019. CETESB.


Elaboração Antônio de Castro Bruni (et al). São Paulo: CETESB, 2017.
Disponível em: <https://cetesb.sp.gov.br/veicular/wp-content/uploads/
sites/6/2018/01/PCPV-2017-2019.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2018.

ROCHA, Derli Valadares. Reduzir a velocidade nas vias públicas. É reduzir


o número de vítimas de acidentes de trânsito e reduzir gastos governamentais.
IECT – Instituto de Ética e Comportamento no Trânsito, filiado a ONU
(Organização das Nações Unidas). Setembro de 2015. Disponível em: <http://
iect.org.br/wp-content/uploads/2015/10/iect_artigo_custos_de_acidentes_2025_
atual.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2018.

ROZESTRATEN, Reinier J. A.. A Psicologia Social e o Trânsito. Revista


Psicologia e Trânsito. Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia. 2(1): 61,

180
Capítulo 3 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES DE ACIDENTE DE TRÁFEGO

julho de 1985. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v6n2/07.pdf>.Acesso


em: 12/12/2018.

______. Psicologia do trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo:


E.P.U./ EDUSP, 1998.

RÚBIO, Alessandro; SANTOS, Alexandre Carvalho. O carro e o meio ambiente.


Revista CESV, Ano 16, n° 83, JAN/FEV 2013. Disponível em: <http://www.
cesvibrasil.com.br/Portal/Principal/Arquivos/Revista/Upload/RC83_baixa_
pagsimples.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2018.

OMS. Salvar Vidas. Pacote de medidas técnicas para segurança no trânsito.


Organização Pan-Americana da Saúde. Organização Mundial da Saúde.
Versão oficial em português da obra original em Inglês Save LIVES – A road
safety technical package. Organização Mundial da Saúde, 2017. ISBN 978-92-
4-151170-4. Disponível em: <https://afro.who.int/pt/publications/salvar-vidas-
pacote-de-medidas-tecnicas-para-seguranca-no-transito>. Acesso em: 27 dez.
2018.

OMS. Global status report on road safety. 2018. Disponível em: <https://www.
who.int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2018/en/>. Acesso em: 31
jan. 2019.

SEGURADORA LÍDER. Boletim Estatístico Outubro de 2018. Vol. 10.


Disponível em: <https://www.seguradoralider.com.br/Documents/boletim-
estatistico/BOLETIM-VOL10-OUTUBRO-2018.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2018.

______. Relatório Anual Seguradora Líder - DPVAT 2017. Disponível em:


<https://www.seguradoralider.com.br/Documents/boletim-estatistico/Relatorio%20
AnualSeguradora%20L%C3%ADder-DPVAT%202017_Versao_02.pdf>. Acesso
em: 29 dez. 2018.

TJDFT, Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Processo n°


20170810033006. Publicado em 08/11/2018. Disponível em: <http://www.tjdft.
jus.br/institucional/imprensa/noticias/2018/novembro/acidente-causado-por-
ato-ilicito-doloso-da-vitima-exclui-obrigacao-de-indenizacao-do-seguro-dpvat>.
Acesso em: 28 dez. 2018.

VANRELL. Jorge Paulete. Manual de Medicina Legal. Tanatologia. 5ª Ed. São


Paulo, Editora: JHMIZUNO, 2016.

181

Você também pode gostar