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Instituto Superior Politécnico de Songo

Licenciatura em Engenharia Hidráulica

Tema: PEÇAS ESPECIAIS E ÓRGÃOS DE MANOBRA E SEGURANÇA

Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA)


Trabalho N⁰ 1
5° Grupo

Discentes: Docente:
 Bermino Cardoso  Eng.° Edelino Gulherme Foquiço
 Délio Amós Bahule
 Rafael Zangado
 Rui das Bênçãos e Mawanda
José Francisco

Tete (Vila de Songo), Agosto de 2019


Instituto Superior Politécnico de Songo

BERMINO CARDOSO
DÉLIO AMÓS BAHULE
RAFAEL ZANGADO
RUI DAS BÊNÇÃOS E MAWANDA JOSÉ FRANCISCO

Tema: PEÇAS ESPECIAS E ÓRGÃOS DE MANOBRA E SEGURANÇA

1° Trabalho do semestre da cadeira de


Cálculo de Redes de Abastecimento de Água
(CRAA) apresentado como requisito parcial
à obtenção do grau de Acadêmico, pelo
Instituto Superior Politécnico de Songo.

Eng.° Edelino Guilherme Foquiço

Tete (Vila de Songo), Agosto de 2019


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Dedicatória

Aos nossos amigos Garcés Florindo, Rifath Francisco,


Cassimo Devá, Elías Tomás, Mistake Perreira e Edilson
Perreira, pelas oportunidades e confiança que depositam
em mim. Ao nosso docente "superpoderoso" e amigos
que, de alguma maneira, serviram de exemplo para o meu
trabalho e me ajudaram com sugestões e observações.

Agradecimento

É bem difícil escrever agradecimentos pela simples razão


de que inúmeras pessoas ajudaram com que este trabalho
fosse realizado, seja pelas críticas, seja pelas sugestões.
Aos colegas Rafael Zangado, Délio Amós, Bermino
Cardoso que sempre pacientes e compreensivo quanto às
dúvidas e debates intensivos durante a elaboração
trabalho em questão.

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IMPRESSO AOS 28 DE AGOSTO DE 2019

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Resumo

Na prática as canalizações não são constituídas exclusivamente de tubos retilíneos e de


mesmo diâmetro. Usualmente, as canalizações apresentam peças especiais (válvulas,
registros, medidores de caudal) e conexões (ampliações, reduções, curvas, cotovelos, tês) que
pela sua forma geométrica e disposição elevam a turbulência, resultando em perdas de carga.

Estas perdas são denominadas localizadas, acidentais ou singulares, pelo fato de decorrerem
especificamente de pontos ou partes bem determinadas da tubulação ao contrário do que
ocorre com as perdas em consequência do escoamento ao longo dos encanamentos.

Palavras Chaves: Choque hidráulico, O.M.S em regime permanente, Adução, O.M.S. em


regime variável, redes de distribuição de água.

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Índice Págs.

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 10
CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................................... 10
ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................ 10
METODOLOGIA ....................................................................................................................... 10
OBJETIVOS ............................................................................................................................... 11
OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................... 11
OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................................... 11
1. PEÇAS ESPECIAIS ................................................................................................................ 12
1.1. ALARGAMENTOS E ESTREITAMENTO ............................................................................... 12
1.1.1. Alargamento brusco .................................................................................................. 12
1.1.2. Estreitamento brusco................................................................................................. 13
1.2. COTOVELOS E CURVAS ..................................................................................................... 15
1.3. VÁLVULA DE PÉ COM CRIVO ............................................................................................ 17
1.4. ACESSÓRIO TÊ .................................................................................................................. 18
2. ÓRGÃOS DE MANOBRA E SEGURANÇA (O.M.S).......................................................... 20
2.1. (O.M.S) NECESSÁRIOS AO FUNCIONAMENTO EM REGIME PERMANENTE ......................... 20
2.1.1. Válvulas de seccionamento ....................................................................................... 20
2.1.1.1. Válvula de cunha ou de corrediça ...................................................................... 20
2.1.1.2. Válvulas de borboleta ......................................................................................... 23
2.1.2. Válvulas de retenção ................................................................................................. 24
2.1.3. Descargas de fundo ................................................................................................... 27
2.1.4. Ventosas (válvulas de expulsão e/ou admissão de ar) .............................................. 28
2.1.5. Dispositivos Redutores de Pressão ........................................................................... 31
2.1.6. Válvulas cilíndricas e esféricas ................................................................................. 33
2.1.6.1. Válvulas cilíndricas ............................................................................................ 33
2.1.6.2. Válvulas esféricas ............................................................................................... 34
2.1.7. Maciço de Amarração ............................................................................................... 35
2.1.8. Maciço de Ancoragem ............................................................................................... 36
2.1.9. Registo de Gaveta...................................................................................................... 38
2.1.10. Válvula de Agulha ................................................................................................... 39
2.2. (O.M.S) NECESSÁRIOS AO FUNCIONAMENTO EM REGIME VARIÁVEL............................... 40
2.2.1. Volante de Inércia Acoplado às Bombas .................................................................. 40
2.2.2. Chaminé de Equilíbrio .............................................................................................. 41
2.2.3. Reservatório de Ar Comprimido ............................................................................... 41
2.2.4. Válvulas de Segurança ou Alívio............................................................................... 42
2.2.5. Bombas Reversíveis ................................................................................................... 43
2.2.6. By-Pass ...................................................................................................................... 44
2.2.7. Hidrantes ................................................................................................................... 44
2.2.7.1. Hidrante tipo coluna ........................................................................................... 45
2.2.7.2. Hidrante tipo subterrâneo ................................................................................... 45
3. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 47
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 48

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Índice de Figuras Págs.

Figura 01: Alargamento brusco……………………...……………………………………………………12


Figura 02: Estreitamento brusco…………………………………………………………………………..13
Figura 03: Passagem de um reservatório para uma tubulação…………………………………………….14
Figura 04: Passagem em aresta viva de uma conduta para um reservatório………………………………15

Figura 05: Curva circular de raio r e ângulo ∝…………………………………………………16

Figura 06: Cotovelo de ângulo ∝………………………………………………….……….....16

Figura 07: Válvula de Pé com Crivo………………………………………………………………………17


Figura 08: Válvula de cunha………………………………………………………………………………21
Figura 09: Comando de válvulas de seccionamento………………………………………………………22
Figura 10: Válvula de seccionamento com “by-pass” ……………………………………………………22
Figura 11: Válvula de borboleta…………………………………………………………………………..23
Figura 12: Válvula borboleta………………………………………………….…………………………..23
Figura 13: Válvula de retenção……………………………………………………………………………24
Figura 14: Válvula de retenção tipo portinhola…………………………………………………………...25
Figura 15: Válvula de retenção tipo plugue ou disco……………………………………………………..26
Figura 16: Válvula de retenção tipo dupla portinhola……………………………………………...……..26
Figura 17: Detalhes da instalação da descarga de fundo……...…………………………………………..27
Figura 18: Detalhes da instalação da descarga de fundo……...…………………………………………..28
Figura 19: Ventosa simples……...…………………………………………………………….…………..29
Figura 20: Ventosa dupla……...…………………………………………………………………………..30
Figura 21: Ventosa de admissão……...………………………………………………………….………..31
Figura 22: Válvula redutora de pressão……...……………………………………………………..……..32
Figura 23: Câmara de perda de carga……...……………………………………………………….……..33
Figura 24: Válvula cilíndrica……...………………………………………………………………………34
Figura 25: Válvula esférica……...……………………………………………………………….………..35
Figura 26: Definição da forma dos maciços de amarração……...…………………………….…………..36
Figura 27: Maciço de ancoragem……...…………………………………………………………………..37
Figura 28: Registo de gaveta……...……………………………………………………………………….38
Figura 29: Válvula de Agulha……...…………………………………………………………….………..39
Figura 30: Volante de Inércia Acoplado às Bombas……...………………………………..……………..40
Figura 31: Funcionamento de uma chaminé de equilíbrio……...…………………………………..……..41
Figura 32: Funcionamento de um reservatório de ar comprimido……...…………………………..……..42
Figura 33: Corte esquemático de uma válvula de alívio……...………………………………...…..……..43
Figura 34: Funcionamento esquemático de uma bomba reversível……...…………..……………..……..43

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Figura 35: Esquema de um “by pass” à bomba……...……………………………………………..……..44


Figura 36: Detalhes da instalação do hidrante de coluna……...…………………..………………..……..45
Figura 37: Detalhes da instalação do hidrante subterrâneo……...……………………………..…..……..46

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Índice de Tabelas Págs.

Tabela 01: Valores do coeficiente K para alargamento brusco…………………………………12


Tabela 02: Valores do coeficiente K para reduções bruscas……………………………………13
Tabela 03: Valores do coeficiente K para passagem de um reservatório para uma tubulação….14
Tabela 04: Valores do coeficiente K para Cotovelos e Curvas…………………………………16
Tabela 05: Dimensões…………………………………………………………………......……17
Tabela 06: Valor do coeficiente K………………………………………………………………18
Tabela 07: Valores de K para válvulas de cunha completamente abertas………………………20
Tabela 07: Valor do coeficiente K………………………………………………………………18
Tabela 08: Tabela de perdas e Tê…………………………………………………………….…19
Tabela 09: Valores de K para válvulas de cunha completamente abertas………………………21
Tabela 10: Valores de K para válvulas de borboleta completamente abertas Dn (mm)………..24
Tabela 11: Valores de K para válvulas de retenção de batente completamente abertas………..25
Tabela 12: Valores de K para válvulas cilíndricas em função do ângulo de fecho……………..34
Tabela 13: Valores de K para válvulas esféricas em função do ângulo de fecho……………….35
Tabela 14: Valores de K para registo de gaveta parcialmente fechado…………………………38

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Introdução

No presente trabalho abordar-se-á acerca das Peças Especiais e Órgãos de


Manobra e Segurança, procurando, de formas exemplificativas, fazer o desenvolvimento
aquilo que concerne ao meio de utilização de peças tanto como os órgãos. Desta forma,
sabe-se que as instalações de transporte de água sob pressão, de qualquer porte, são
constituídas por tubulações montadas em sequência, de eixo retilíneo, unidas por peças
especiais e órgãos de manobra e segurança de natureza diversa, como válvulas, curvas,
derivações, registros ou conexões de qualquer tipo.

Contextualização

A presença de cada peça e órgão, necessários para a operação do sistema, concore


para que haja alteração de módulo ou direção da velocidade média, e conseuqentemente
de pressão, localmente. Isto reflete-se em uma acréscimo de turbulência que produz
perdas de carga que devem ser agregadas às perdas distribuidas, devido atrito, ao longo
dos trechos retilíneos das tubulações.

Estrutura do trabalho

O trabalho está estruturado em 3 partes. A primeira parte é a parte pré-textual que


inclui a capa, folha de rosto, dedicatória, agradecimento, índice de figuras, índice de
tabelas e por fim o objectivo do trabalho. A segunda parte é a parte textual e é composta
de introdução, desenvolvimento e conclusão do trabalho. A terceira e a última parte é a
parte pós- textual e é composta de referência bibliográfica.

Metodologia

O trabalho baseia-se em pesquisa bibliográfica, análise da literatura já publicada


em forma de livros, e informações disponibilizada na Internet. Obtenção de ideias e
sugestões junto de pessoas com conhecimentos na área, com o objetivo de esclarecer
alguns conceitos, de forma a ter uma visão mais ampla do tema que baseia a minha
pesquisa.

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Objetivos

Objetivo geral

 Abordar acerca das principais peças especiais e Órgãos de manobra e segurança em


SAA.

Objetivos específicos

 Identificar as peças especiais e órgãos de manobra;


 Descrever as peças especiais e órgãos de manobra;
 escrever a localização de cada peça/acessório e órgão de manobra no sistema;
 Descrever o funcionamento de cada peça/acessório e órgão de manobra;
 Indicar a função de cada peça/acessório e órgão de manobra.

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1. Peças Especiais

1.1. Alargamentos e Estreitamento

A mudança de diâmetro em uma linha de tubulação pode ser feita de modo brusco ou
gradual, seja por aumento (alargamento) ou diminuição (estreitamento) da secção transversal.

1.1.1. Alargamento brusco

Neste caso a perda localizada ocorre pela desaceleração do fluido no trecho curto
entre as secções 1 e 2, de áreas A1 E A2, respetivamente.

Como foi referido, a mudança de diâmetro de uma tubulação pode ser de maneira
gradual ou brusca. Quando essa mudança ocorre na forma de um alargamento brusco, a perda
de carga se dá pela desaceleração do fluido no trecho.

Figura 01: Alargamento brusco


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

Aumentos bruscos de secção podem ocasionar perdas de carga, cujos valores são
apresentados na tabela abaixo.

D/d 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.5 3.0 4.0 5.0 10.0 ∞
K 0.10 0.24 0.37 0.47 0.55 0.66 0.77 0.85 0.89 0.98 1.00
Tabela 01: Valores do coeficiente K para alargamento brusco
Fonte: Manual de Pascoal Silvestre (Hidráulica Básica)

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1.1.2. Estreitamento brusco

No estreitamento brusco, o fluido se afasta da fronteira sólida na forma de uma


contração do jato e, então se expande para preencher totalmente a secção de menor diâmetro
a jusante.

Figura 02: Estreitamento brusco


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

Os coeficientes de perda de carga localizada em uma contração (estreitamento)


brusca(o) são dados na Tabela a seguir, em relação à velocidade no trecho de menor diâmetro.

A2/A1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
K 0.50 0.46 0.41 0.36 0.30 0.24 0.18 0.12 0.06 0.02 0.0

Tabela 02: Valores do coeficiente K para reduções bruscas


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

Quando a relação A2/A1 se aproxima de 0, significa que a área de montante é maior


que de jusante, caso da transição de um reservatório para tubulação de um certo diâmetro, o
valor K tende para 0,50.

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No caso de um alargamento ou contração gradual, conforme a figura abaixo, a perda


de carga depende, evidentemente, da geometria da peça. O coeficiente de perda de carga é
função do ângulo de abertura do alargamento ou de fechamento da contração e da relação de
áreas ou diâmetros das secções extremas. Devido à grande área de contacto do fluido com a
peça, o coeficiente de perda de carga K engloba os efeitos de atrito na parede e do
turbilhonamento de grande escala. Para um alargamento gradual com ângulo central de
abertura pequeno, o coeficiente K depende exclusivamente do atrito de superfície e, à medida
que este ângulo cresce, o efeito predominante passa a ser o de deslocamento da veia e
consequente formação de grandes turbilhões.

Figura 03: Passagem de um reservatório para uma tubulação


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

r/D 0,05 0,1 0,2 0,3 0,4


K 0,25 0,17 0,08 0,05 0,04

Tabela 03: Valores do coeficiente K para passagem de um reservatório para uma tubulação
Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

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Na passagem em aresta viva de uma conduta cilíndrica para um reservatório de


grandes dimensões (caso particular de perda de Borda em que a velocidade é nula no trecho
de maior secção), perde-se toda a altura cinética (vindo K igual à unidade), ou seja, K = 1.

Figura 04: Passagem em aresta viva de uma conduta para um reservatório


Fonte: Manual de António de C. Quintela (Hidráulica)

1.2. Cotovelos e Curvas

Para Porto (2006), tais conexões, muito utilizadas nas diversas instalações de
transporte de água, produzem perdas localizadas devido à mudança de direção de
escoamento. Pelo efeito da inércia, os filetes tendem a conservar seu movimento retilíneo e
são impedidos pela fonteira sólida da conexão. Esta mudança de direção provoca uma
modificação substancial no perfil de velocidade e, consequentemente, na distribuição de
pressão, de modo que ocorre um aumento de pressão na parte externa da curva com
diminuição da velocidade, e o inverso na parte interna da curva, o que gera um movimento
espiralado das partículas, que persiste por uma considerável distância a jusante da curva
(Ibid).

No caso específico de curvas e cotovelos, como observado nas figuras abaixo, os


valores do coeficiente K podem ser determinados para o ângulo ∝, em graus, pelas equações:

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Figura 05: Curva circular de raio r e ângulo ∝


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

Figura 06: Cotovelo de ângulo ∝.


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

𝑟 −3,5 ∝
𝐾 = [0,13 + 0,16 ( ) ]√
𝐷 180𝑜

𝐾 = 67,6 ∙ 10−6 ∙ (∝)2,17

Cotovelos e Curvas K
Cotovelo de 90⁰ raio curto 0,9
Cotovelo de 90⁰ raio longo 0,6
Cotovelo de 45 ⁰ 0,4
Curva de 45⁰ 0,2
Curva 90⁰, r/D = 1 0,4

Tabela 04: Valores do coeficiente K para Cotovelos e Curvas


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

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1.3. Válvula de Pé com Crivo

As Válvulas de Pé com Crivo são instaladas nas partes inferiores das tubulações
verticais que contém sucção por bombas, com o objetivo de reter partículas sólidas e a coluna
de água, quando não houver e quando houver paralisação das bombas, respetivamente,
facilitando dessa forma sua reativação.

Figura 07: Válvula de Pé com Crivo


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

D H Massa
DN
(mm) (mm) (Kg)
75 220 205 18
100 260 250 24
150 365 347 49
200 451 420 73
250 517 565 107
300 590 680 150
400 850 823 425
500 930 1048 560
600 1120 1239 820

Tabela 05: Dimensões


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

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Válvula de Pé, mantém cheia a tubulação de sucção quando o motor não está em
funcionamento (fluxo unidirecional)

Crivo é comumente acoplado à válvula de Pé, com a finalidade de evitar a entrada de


partículas sólidas.

Peças K
Válvula de Pé com Crivo 10 (Porto)
Crivo 0,75
Válvula de Pé 1,75

Tabela 06: Valor do coeficiente K


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

1.4. Acessório Tê

Peça especial utilizada para executar ligações ou junções entre tubos e /ou conexões de igual
ou diferentes direções. A Peça do tipo Tê é uma das várias que tem a finalidade de fazer
derivações em tubulações. Os coeficientes perdas de carga destes acessórios são apresentadas
nas tabelas abaixo.

Acessório Figura K
0,6
Tê 90o passagem
direta
1,3
Tê 90o passagem
Lateral
1,8
Tê 90o saída Bilateral

Tabela 07: Valor do coeficiente K


Fonte: Manual de Rodrigo Porto (Hidráulica Básica)

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Pode se considera se também coeficiente de perda de 0,9 para Tê- passagem direta e
2,0 para saída ou passagem lateral, (PORTO,2006).

Segundo NETO (1998: 125) apresenta as perdas de carga em Tês com base nas
relações de vazões na seguinte tabela:

Tabela 08: Tabela de perdas e Tê


Fonte: Manual de Azevedo Netto (Manual de Hidráulica)

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2. Órgãos de Manobra e Segurança (O.M.S)

Para que as condutas adutoras funcionem convenientemente durante a fase de


exploração é necessário que no projecto se preveja a instalação de alguns órgãos de manobra
e de segurança (para a o presente trabalho apenas serão referidos os necessários ao
funcionamento em regime permanente e os necessários ao funcionamento em regime
variável), de entre os quais se referem os seguintes:

2.1. (O.M.S) necessários ao funcionamento em regime permanente

 Válvulas de seccionamento;  Maciço de amarração;


 Válvulas de retenção;  Maciço de ancoragem;
 Descargas de fundo;  Registo de Gaveta;
 Ventosas;  Registo de Pressão;
 Dispositivos redutores de pressão;  Válvula de Agulha

2.1.1. Válvulas de seccionamento

As condutas devem ter a possibilidade de ser divididas em troços que possam ser
devidamente isolados, por forma a evitar-se o esvaziamento, e posterior reenchimento, de
grande extensão da conduta no caso de ruptura de uma secção. Para tal, deverão instalar-se
válvulas de seccionamento nas seguintes localizações: no início e no fim das condutas, nos
pontos altos (a montante e a jusante de ventosas) e ao longo de condutas longas, de modo a
que o espaçamento entre válvulas não se torne excessivo (tipicamente adoptam-se distâncias
entre 2 á 4 km). As válvulas de seccionamento são fundamentalmente de dois tipos: de cunha
e de borboleta.

2.1.1.1. Válvula de cunha ou de corrediça

Nestas válvulas a obturação é efectuada por meio de uma comporta, em forma de


cunha (fig. 08), que é manobrável através de um parafuso, rodando num apoio fixo no corpo
de válvula. A referida cunha, quando a válvula está totalmente aberta, fica alojada na calote
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superior. Na tabela 07 indicam-se valores de K para vávulas de cunha completamente abertas.


Estes valores, bem como os que se vão apresentar para outros tipos de válvulas devem ser
considerados como simples indicações, diferindo muitas vezes dos resultados fornecidos por
diferentes experimentadores e fabricantes.

Figura 08: Válvula de cunha


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

Dn (mm) 65 80 100 125 150 200 250 300 350 400


K 0.208 0.170 0.140 0.110 0.090 0.065 0.050 0.040 0.040 0.037

Tabela 09: Valores de K para válvulas de cunha completamente abertas


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

a) Vantagens do uso

Tem a vantagem de serem de construção robusta e permitem manobras lentas de


abertura ou fechamento. As vávulas deste tipo são normalmente comandadas por chave ou
volante, montado directamente sobre o fuso (fig. 09)

b) Inconvenientes do Uso

O maior inconveniente apontado a estas válvulas é a dificuldade de abertura quando


se encontram sujeitas a diferenças de pressão significativas entre as suas faces. Sempre que
se preveja a possibilidade de oorrência destas circunstâncias é aconselhável a instalação de
um “by-pass” à válvula. Assim, sempre que abrir a válvula, começa a abrir a torneira do “by-
pass”, para equilibrar as pressões, e só depois se inicia a monobra (fig. 10)

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Figura 09: Comando de válvulas de seccionamento


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

Figura 10: Válvula de seccionamento com “by-pass”


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

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2.1.1.2. Válvulas de borboleta

Estas válvulas são constituídas por um corpo cilíndrico e por um disco (borboleta)
girando em voltas de um eixo, horizontal ou vertical (fig. 11).

Figura 11: Válvula de borboleta


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

Segundo Netto (1998, p, 246), a válvula borboleta é um disco preso a um eixo, que
atravessa a tubulação. Tendo um movimento de 90⁰, pode fechar a tubulação ou ficar alinhado
com o escoamento (fig. 12) (Ibid). As válvulas borboletas destinam-se a estar abertas ou
fechadas e admitem grande frequência de uso. A utilização para regular o caudal é uma
improvisação, que não será notada em baixas pressões e quando houver contrapressão
suficiente para não haver cavitação, ou seja, nesses casos não chega a ser uma improvisação,
mas uma opção económica.

Figura 12: Válvula borboleta


Fonte: Manual de Azevedo Netto (Manual de Hidráulica)

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

Dn 150 200 250 300 350 400 450 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
K 0.52 0.59 0.48 0.48 0.48 0.46 0.46 0.42 0.39 0.40 0.38 0.35 0.34 0.30 0.31

Tabela 10: Valores de K para válvulas de borboleta completamente abertas Dn (mm)


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

a) Vantagens de uso

As válvulas de borboleta ou simplesmente válvula borboleta, sobre as da cunha,


algumas vantagens, nomeadamente: ocupam menos espaço, não necessitam de “by-pass”
para compensação da diferença de pressões a montante e jusante e são mais facilmente
manobráveis, mesmo após prolongados períodos de imobilização. A utilização deste tipo de
válvulas é mais frequente em condutas de grandes diâmetros.

2.1.2. Válvulas de retenção

Neste tipo de válvulas, também chamadas de válvulas de charneiras, o obturador


circular (batente) roda em torno de um eixo (charneira) existente no interior do corpo (fig.
13). São dispositivos que impedem que o escoamento se processe no sentido contrário ao
pretendido. A sua principal aplicação em sistemas adutores é nas estações elevatórias,
instaladas a jusante e são das bombas. No caso de a válvula estar parcialmente aberta o seu
valor é função do grau de abertura. Na tabela 09 indicam-se valores de K para válvulas de
retenção completamente abertas.

Figura 13: Válvula de retenção


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

Dn (mm) 70 100 200 300 500 700


K 1.4 1.5 1.9 2.1 2.5 2.9

Tabela 11: Valores de K para válvulas de retenção de batente completamente abertas


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

Para Netto (1998), as válvulas de retenção são as que só permitem o escoamento em


uma direção. São usadas em bombeamento, em linhas por gravidade e em casos específicos.
Na verdade, é uma aplicação de diversos tipos de válvulas, havendo algumas específicas para
esse fim:

a) Tipo portinhola (“sewing check valve”) – consiste de um corpo onde báscula uma
portinhola que abre sob a pressão do escoamento de água. Normalmente pode ser
instalada na horizontal ou vertical, sendo preferível na horizontal (fig. 14).

Figura 14: Válvula de retenção tipo portinhola


Fonte: Manual de Azevedo Netto (Manual de Hidráulica)

b) Tipo disco ou plugue (“lift check valve”) – é uma válvula de globo ou disco, que a
haste não é roscada e sobe e desce com a acção de gravidade e da pressão do líquido
(fig. 15). Funciona bem quando instalada em trecho de tubo na horizontal com haste
na vertical.

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

Figura 15: Válvula de retenção tipo plugue ou disco


Fonte: Manual de Azevedo Netto (Manual de Hidráulica)

c) Válvula de dupla portinhola (“dual check”) – o tempo de fechamento das válvulas de


retenção passa a ser um problema muito importante, quando a influência do golpe de
ariete também assume importância. Existe uma mola e em paralelo dividiu-se a
portinhola em duas para que o tempo de fechamento já ficasse dividido por dois, pois
a trajetória do fechamento é a metade (fig. 16).

Figura 16: Válvula de retenção tipo dupla portinhola


Fonte: Manual de Azevedo Netto (Manual de Hidráulica)

a) Vantagens de uso

A válvula de retenção tem a vantagem de impedir o esvaziamento das condutas após a


paragem das bombas.

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

2.1.3. Descargas de fundo

Para permitir os esvaziamentos completos das condutas, ou troços de válvulas de


seccionamento, sempre que qualquer reparação ou outro razão o imponha, deverá dispor-se
de descargas de fundo nas seguintes localizações:

 Em todo os pontos baixos da conduta;


 A jusante ou a montante de válvulas de seccionamento, quando estas sejam instaladas
em troços ascendentes, respetivamente.

Normalmente, as descargas de fundo (Válvula de Descarga) ficam próximas de córregos


ou galerias de águas pluviais, que permitem o escoamento da água veiculada através de tubos,
porém, devidamente protegidos para evitar contacto com águas contaminadas,
principalmente quando a tubulação não estiver pressurizada. (TSUTYA, 2006)

Na prática é comum atribuir à descarga de fundo um diâmetro igual ou superior a um


sexto de diâmetro da conduta onde se encontra instalada, com um mínimo de 50 mm.

CORTE AA

Figura 17: Detalhes da instalação da descarga de fundo

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

Fonte: Manual de Milton Tsutiya (Abastecimento de Água)

PLANTA

Figura 18: Detalhes da instalação da descarga de fundo


Fonte: Manual de Milton Tsutiya (Abastecimento de Água)

2.1.4. Ventosas (válvulas de expulsão e/ou admissão de ar)

É um dispositivo de funcionamento automático para admissão e expulsão de ardas


das tubulações sob pressão. Sua necessidade é evidente para fins de enchimento e
esvaziamento de tubulações com perfil sinuoso, localizando-se as ventosas nos pontos altos
e antes ou depois de válvulas de seccionamento da linha. Também, durante o funcionamento,
tem grande utilidade: primeiro, purgando o ar que se acumula nos pontos altos, em função
do ar carreado e dissolvido pela água e que vai “flutuando”, especialmente quando há redução
de pressão.

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

Estes órgãos de segurança devem ser instalados nas seguintes localizações:

 Em todos os pontos altos da conduta;


 A montante ou a jusante das válvulas de seccionamento, quando instaladas em troços
ascendentes ou descendentes, respetivamente;
 Na secção de jusante de troços longos descendentes pouco inclinados, quando se lhes
seguem troços descendentes mais inclinados;
 A montante de redução de diâmetro;
 No início e no fim de troços horizontais.

Os fabricantes de equipamentos classificam as válvulas de expulsão de ar em dois


tipos: ventosa simples e dupla (pequeno e grande orifício).

Ventosas simples

Durante a operação normal essa ventosa é suficiente para a expulsão das pequenas
quantidades de ar, não arrastadas pelo escoamento e acumuladas nos pontos elevados. A
ventosa simples (fig. 19) é constituída de uma câmara com um flutuador.

Figura 19: Ventosa simples


Fonte: Manual de Milton Tomoyuki Tsutiya (Abastecimento de água)

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

a) Ventosa dupla

Também conhecida como ventosa de tríplice função (fig. 20), é constituída por um
corpo dividido em dois compartimentos (principal e auxiliar), cada um contendo um
flutuador esférico em seu interior, cujas finalidades são:

 Expelir o ar deslocado pela água durante o enchimento da linha (compartimento


principal);
 Admitir quantidade suficiente de ar, durante o esvaziamento da linha;
 Expulsar pequenas quantidades de ar desprendido da água e não arrasto pelo fluxo.

Figura 20: Ventosa dupla


Fonte: Manual de Milton Tomoyuki Tsutiya (Abastecimento de água)

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

Figura 21: Ventosa de admissão


Fonte: Manual de Azevedo Netto (Manual de Hidráulica)

2.1.5. Dispositivos Redutores de Pressão

Os dispositivos redutores de pressão podem ser divididos em dois grupos: as válvulas


redutoras de pressão e as câmaras de perda de carga.

As válvulas redutoras de pressão destinam-se a assegurar que a pressão a jusante das


mesmas não seja superior a um valor previamente estabelecido. Para atingir este objetivo as
válvulas provocam de perda de carga localizadas cujos valores são automaticamente adotados
em função das condições existentes.

Para uma mais fácil percepção do funcionamento deste tipo de válvulas observe-se a
figura abaixo. Se a pressão a jusante da válvula, P2, se torna superior ao valor máximo
admissível, a válvula piloto, que é um pequeno redutor de pressão, tenda a fechar-se,
aumentando a pressão P3, que por sua vez vai causar o fechamento da válvula, de modo a
reduzir P2 ao valor pré-estabelecido. Pelo contrário, se P2 diminui o piloto tende a abrir e a
fazer abrir a válvula. Ao atuar deste modo a válvula corrige qualquer perturbação, mantendo
praticamente constante a pressão a jusante.

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

Figura 22: Válvula redutora de pressão


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

As câmaras de perda de carga (fig. 23) não são mais do que pequenos reservatórios
intermédios em que uma parte da energia hidráulica do escoamento é dissipada à entrada,
sob a forma de uma perda de carga localizada, e a restante e a restante energia potencial. As
câmaras de perda de carga usam-se com frequência mos escoamentos por gravidade em que
se dispõe de um desnível excessivo.

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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

Figura 23: Câmara de perda de carga


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana

2.1.6. Válvulas cilíndricas e esféricas

2.1.6.1. Válvulas cilíndricas

Nas válvulas cilíndricas a obturação é feita por uma peça cilíndrica movida
verticalmente por meio de um eixo provido de rosca. A peça do obturador tem um orifício
com diâmetro da conduta. Quando o orifício do obturador está alinhado com o eixo da
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= Cálculo de Redes de Abastecimento de Água (CRAA) =

conduta o escoamento praticamente não sofre perturbação e a perda de carga é insignificante.


À medida que se aciona o obturador os orifícios ficam desalinhados e a secção do escoamento
diminuída. Na tabela 10 apresentam-se dados que permitem quantificar o valor da perda de
carga em função do ângulo de fecho da válvula (𝜃 – ângulo que o eixo do orifício obturador
faz com eixo da conduta).

Figura 24: Válvula cilíndrica


Fonte: Manual de Azevedo Netto (Manual de Hidráulica)

𝜽
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 82
(graus)
K -- 0.05 0.29 0.75 1.56 3.10 5.47 9.68 17.3 31.2 52.6 106 206 486 ∞

Tabela 12: Valores de K para válvulas cilíndricas em função do ângulo de fecho


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

2.1.6.2. Válvulas esféricas

No caso das válvulas esféricas a diferença reside no facto de o obturador constituído


por uma peça esférica em vez de cilíndrica (fig. 25). As perdas de carga provocadas por
válvulas esféricas são semelhantes às das cilíndricas. Na tabela 11 apresentam-se dados que
permitem quantificar o valor da perda de carga em função do ângulo do fecho da válvula (𝜃
– ângulo que o eixo do orifício obturador faz com eixo da conduta).

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Figura 25: Válvula esférica


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

𝜽
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 67
(graus)
K --- 0.05 0.31 0.88 1.84 3.45 6.15 11.2 20.7 41.0 95.3 275 ∞

Tabela 13: Valores de K para válvulas esféricas em função do ângulo de fecho


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

2.1.7. Maciço de Amarração

Sempre que existam ligações de tubos cujas juntas não permitam a transmissão de
esforços longitudinais é necessário implantar maciços de amarração nos locais onde se
possam originar impulsos hidráulicos.

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Figura 26: Definição da forma dos maciços de amarração


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

2.1.8. Maciço de Ancoragem

Quando as condutas são implantadas com inclinações elevadas, principalmente se


superiores a 20%, torna-se necessário proceder à sua ancoragem, de acordo com o
representado na figura abaixo. O dimensionamento dos maciços de ancoragem deve ser
efectuado por forma a suportar a força de deslizamento.

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Figura 27: Maciço de ancoragem


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

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2.1.9. Registo de Gaveta

As condutas dispõem de mecanismos que permitem regular caudal transportado, ou


mesmo promover o fechamento total. Tais equipamentos, comumente chamados de válvulas.
Quando totalmente abertas as válvulas não produzem alterações substanciais no escoamento,
porém, quando parcialmente fechadas, provocam perdas de carga consideráveis. (PORTO,
2006)

Para o caso do registo de gaveta, de larga aplicação, cujo processo de fechamento se


dá através de uma lâmina vertical, como na figura abaixo, a tabela a seguir apresenta os
valores do coeficiente K em função do grau de fechamento da válvula.

Figura 28: Registo de gaveta


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

a/D 0 1/4 3/8 1/2 5/8 3/4 7/8


K 0,15 0,26 0,81 2,06 5,52 17,0 97,8

Tabela 14: Valores de K para registo de gaveta parcialmente fechado


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

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2.1.10. Válvula de Agulha

Também conhecida como válvula anular e “needle valve”, destina-se à regular de


caudal e fechamento final em descarga para a atmosfera. Existem desde pequeninas válvulas
para tubos de cerca de 1 cm de diâmetro até diâmetros de mais de 1 m. Este tipo de válvula
procura minimizar o efeito da cavitação quando as velocidades são muito altas, fazendo com
que o fechamento se dê após a válvula, na atmosfera, ou em uma “câmara de expansão”. São
previstas para fluxo unidirecional (figura abaixo).

Figura 29: Válvula de Agulha


Fonte: Manual de Azevedo Netto (Manual de Hidráulica)

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2.2. (O.M.S) necessários ao funcionamento em regime variável

 Volante de inércia acoplado às bombas;


 Chaminé de equilíbrio;
 Reservatório de ar comprimido;
 Válvulas de segurança ao alívio;
 Bombas reversíveis;
 By-pass;
 Hidrantes.

2.2.1. Volante de Inércia Acoplado às Bombas

A utilização do volante de inércia tem como objetivo o aumento de inércia do grupo


bomba-motor e, consequentemente, o aumento do tempo necessário à anulação/variação do
escoamento, conduzindo, assim, a valores menos desfavorável das pressões extremas, mais
principalmente nas depressões subsequentes a uma paragem do grupo. O seu efeito faz-se
sentir fundamentalmente sobre o tempo de anulação do escoamento.

O volante de inércia é um dispositivo de proteção que apresenta, para além das


limitações acima apresentadas, o inconveniente do só ser praticamente aplicável em
instalações com bombas centrífugas de eixo horizontal, em configuração idênticas à da figura
abaixo, e em condutas de comprimento curto, da ordem de 1 a 2 km.

Figura 30: Volante de Inércia Acoplado às Bombas


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)
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2.2.2. Chaminé de Equilíbrio

A instalação deste dispositivo de proteção facilita a oscilação da massa de água


quando ocorre um regime variável, atenuando as sobrepressões/depressões. Os seus
principais inconiventes predem-se com a sua construção, uma vez que à chaminé se pode
desenvolver significativamente em altura, e com o respetivo custo. Para uma elevação com
uma altura geométrica de 100 metros a altura da chaminé de equilíbrio seria de 100 + ∆𝐻2
metros.

Figura 31: Funcionamento de uma chaminé de equilíbrio


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

2.2.3. Reservatório de Ar Comprimido

O reservatório de ar comprimido, RAC, é um dispositivo de proteção contra o choque


hidráulico, mas correntemente utilizado, e consiste numa câmara hermeticamente fechada,
parcialmente cheia de gás (ar), encontrando-se esse submetido à pressão manométrica do
ponto da conduta em que o dispositivo está instalado (quando a instalação está a funcionar
em regime permanente).

Um dos maiores inconvenientes deste dispositivo é a dissolução do ar na água quando


a pressão se torna superior a 100 mca. Para contornar este problema atualmente utiliza-se um
reservatório com uma membrana em borracha, no interior da qual se introduz um gás, em
geral o azoto.
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Figura 32: Funcionamento de um reservatório de ar comprimido


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

2.2.4. Válvulas de Segurança ou Alívio

Este dispositivo consiste numa válvula atuada por uma mola que se abre quando a
pressão se torna superior a um determinado valor. Assim, elas só atuam nas sobreposições,
não produzindo qualquer efeito sobre as depressões.

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Figura 33: Corte esquemático de uma válvula de alívio


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

2.2.5. Bombas Reversíveis

As bombas reversíveis são bombas que funcionam nos dois sentidos, isto é, no sentido
“normal” funcionam como bombas e em sentido inverso funcionam como turbinas.

Figura 34: Funcionamento esquemático de uma bomba reversível


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

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2.2.6. By-Pass

O “By-pass” é um conjunto de canalizações que formam um circuito paralelo à


bomba, ligando a tubagem de aspiração à de compressão, e dispõe de uma válvula de retenção
que se encontra fechada aquando do funcionamento da bomba. Assim, a depressão na
conduta de compressão e a sobrepressão na conduta de aspiração, subsequentes à paragem
brusca da bomba, são atenuadas pelo facto de o escoamento de montante para jusante se
poder processar através do “by-pass”, protegendo quer a conduta de compressão quer a de
aspiração.

Figura 35: Esquema de um “by pass” à bomba


Fonte: Manual de Marques e Sousa (Hidráulica Urbana)

2.2.7. Hidrantes

São equipamentos ligados às tubulações de abastecimento de água que permitem a


retirada de água, para serem utilizadas, principalmente, no combate a incêndio. Os hidrantes
devem ser inspecionados, regularmente, para se evitar a sua utilização indevida, como para
furto de água.

Os hidrantes podem ser de dois tipos: do tipo coluna e do tipo subterrâneo.

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2.2.7.1. Hidrante tipo coluna

Também conhecidos como hidrantes urbanos de incêndio, são os mais correntes.

Figura 36: Detalhes da instalação do hidrante de coluna


Fonte: Manual de Milton Tsutiya (Abastecimento de água)

2.2.7.2. Hidrante tipo subterrâneo

Os hidrantes tipo subterrâneos tem bocal de 60 mm e os mangotes do corpo de


Bombeiros que interligam os hidrantes aos autobombas, tem diâmetro de 100 mm ou 150
mm.

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Figura 37: Detalhes da instalação do hidrante subterrâneo


Fonte: Manual de Milton Tsutiya (Abastecimento de água)

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3. Conclusão

Feito o desenvolvimento do presente tema (Peças e Órgãos de Manobra e Segura),


conclui-se que as peças e órgãos de manobra e segurança são um conjunto indispensável no
dimensionamento de uma rede de distribuição em geral, sendo que devem ser previstos a
manutenção de todos os órgãos e peças, sem remover ou danificar a conduta. Portanto, cada
peça e órgão tem a sua finalidade no que concerne a aplicação na rede de distribuição de
água, o que torna mais fácil o seu estudo.

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4. Referências Bibliográficas

PORTO, Rodrigo de Melo. Hidráulica básica. In: Perda de carga localizada. 4⁰ Edição.
EESC-USP. São Paulo, SP – 2006. Pág. 90-98

NETTO, Azevedo; FERNANDEZ, Miguel; etal. Manual de Hidráulica. In: Acessórios


operacionais. 8⁰ Edição. EDGARD BLUCHER LTDA. São Paulo, SP – Brasil. 1998.
Pág. 245-256

TSUTIYA, Milton Tomoyuki. Abastecimento de Água. 3⁰ Edição. 05508 – 900 – São Paulo,
SP. 2006

SILVESTRE, Paschoal. Hidráulica Geral. Editora: S.A. São Paulo, SP. 1905

QUINTELA, António de Carvalho. Hidráulica. 7⁰ Edição.

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