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O ESOTERISMO NA RITUALÍSTICA MAÇÔNICA

Nas escolas de Mistérios, como a Maçonaria, as pessoas são admitidas


por iniciação. O Maçom iniciado abre a porta para seu mundo interno e dirige
para seu coração a compreensão de um mundo superior. Então, o iniciado se
coloca em comunhão com a Força Maior e submete seu coração à chama
Eterna da Sabedoria. Precisamos, pois, entender a Maçonaria como uma
incessante busca interior e não a Maçonaria das aparências, dos ágapes, da
volubilidade, de mera convivência social. Infelizmente, muitos de nós não
viajamos para o interior de nós mesmos, mas procuramos nos satisfazer com
os adornos e paramentos frívolos de graus exteriores. O ritual maçônico,
praticado com sacralidade e conhecimento, movimenta um potencial
energético elevadíssimo, compondo uma clara relação simbólica homem-
templo-universo. Edificando justo e perfeito nosso Templo Interior
colaboramos na obra de criação do Templo Universal, aderindo, dessa
maneira, à Grande Obra ou Arte Real, ensinada e transmitida pelos iniciados
na Tradição. Um ritual pode ser definido como um cerimonial compreendendo
gestos, palavras, atitudes e dramaturgia respondendo a necessidades
essenciais.

E não nos basta ler o texto frio dos rituais, pois os ensinamentos ocultos,
invisíveis, esotéricos estão na leitura das suas entrelinhas, onde estão
conhecimentos novos, sempre possíveis de se obter, a cada releitura. Para
haurirmos os benefícios de uma cerimônia maçônica, intrinsecamente mágica,
a solenidade e a seriedade devem ser assumidas já na Sala dos Passos
Perdidos, quando, antes da entrada Ritualística no Templo, o Mestre de
Cerimônias faz uma breve preleção, convidando a todos a que se entreguem
a uma meditação, a fim de deixarem para trás, os problemas do mundo
profano de onde provêm. Infelizmente, contudo, por não dispormos de tal
espaço, junto às Lojas que se reúnem no Palácio Maçônico, essa parte da
ritualística fica prejudicada. Mas, no início das sessões de nossa Loja, temos
a prática da saudável invocação ao GADU, que visa exatamente atingir-se
esse rompimento entre as condições mentais e espirituais em que estávamos
envolvidos e as necessárias ao bom
desenvolvimento dos nossos trabalhos ritualísticos, o que requer,
contudo,uma atitude compenetrada de diálogo com o G:. A:. D:. U:. Além
disso, é conveniente que alguns costumes sejam evitados, como fumar até à
porta do Templo, mascar chicletes, manter conversas paralelas, cruzar pernas
e braços, ler textos diversos do ritual do grau, etc.

A abertura e o encerramento da sessão são a parte mágica, digamos


sacramental dos trabalhos. Quando seu desenvolvimento é bem equilibrado
liturgicamente, favorecem uma atmosfera de interiorização e paz espiritual,

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havendo possibilidade de se alcançar estados alterados do ser. Devemos ter,
durante toda a reunião, uma atitude mais espiritualizada, receptiva, todos nós
compenetrados de nossa condição de iniciados, voltados para nossa
iluminação interior, como forma de fazer parte da Grande Consciência
Cósmica, da Egrégora da Loja. Passemos, pois, a analisar a força do Ritual e
dos Símbolos.

1. O que busca o obreiro maçônico ao participar dos trabalhos em sua


Oficina?

Eduardo Carvalho Monteiro, em sua obra “O Esoterismo na Ritualística


Maçônica”, é quem responde: “o desbastar da pedra bruta, o crescimento
interior, o preparo do cidadão para atuação social seriam as respostas mais
comuns; no entanto, a cerimônia mágica que faz parte de nosso ritual
pressupõe o intento de alcançar estados alterados de consciência,
interiorização, penetração em estados sutis de energia ou ainda o
conhecimento gradual de outras dimensões de nós mesmos. Nem todos
almejam esses objetivos conscientemente, mas o fato de se interessarem por
entrar na Ordem e terem se
submetido a uma cerimônia de iniciação já indica, ao menos, o desejo
inconsciente de atingir outros níveis de consciência. E esses portais serão
transpostos graças aos símbolos e ao ritual mágico que evocam idéias sutis e
arquetípicas, a fim de conduzir o iniciado à realização espiritual. O ritual, assim
como os símbolos, é a representação de forças, idéias e energias que se
escondem atrás de sua aparência formal e simplista. Dessa forma, nossos
passos, marchas, saudações, toques, sinais, baterias e palavras revestem-se
de um sentido esotérico ou oculto que revivemos, recordamos, vivificamos e
vamos conhecendo ao praticar nossa liturgia.

2. Cortar o sagrado do profano:

Ao estudarmos a etimologia da palavra templo, vemos que ela vem do latim


templum, que significa “cortar” ou “cortado”. Assim, ao ultrapassar a porta de
seu templo, podemos dizer que o fiel ou o maçom, como praticante de sua
Escola de Mistérios, está “cortando” o mundo profano do mundo sagrado, está
penetrando em seu espaço sagrado, em seu próprio cosmo, seu Universo em
miniatura, um mundo que tem um espaço e um tempo diferenciados,
simbólicos enquanto participantes de uma manifestação reveladora do
sagrado, mas reais quando personificados por meio de seus rituais. E são
esses rituais que conferem sacralidade à realidade do espaço sagrado. A porta
torna-se, assim, um símbolo cósmico. É a delimitação do espaço profano para
o espaço sagrado.
Assim, enfatizamos que o Maçom deve ter consciência de que toda vez que
transpuser a porta de seu templo estará penetrando em seu espaço sagrado
e, por isso, deve fazê-lo com solenidade, contrito, com seriedade e,
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principalmente, cobrindo seu próprio templo interior. Uma pequena
rememoração para nós sobre a Egrégora: “é a alma coletiva de um grupo
reunido por afinidades, tem existência no Plano Astral e, quando evocada num
ritual, ela se regenera, brilha com força e penetra no corpo sutil dos iniciados
criando um clima de união e força”. Quanto mais bem trabalhada a cerimônia
mágica, mais forte a corrente de pensamento de seus operadores, e tanto mais
rápida se dá a formação da Egrégora de uma Loja. A Cadeia de União evoca
e reforça a Egrégora da Loja aumentando o potencial de energia do grupo,
que o espalha em benefício da humanidade e reforça a vida interna da Loja.
Quando os irmãos se unem em atividade tão poderosa, as individualidades
desaparecem e cria-se um ser coletivo, um organismo unitário de energia e
alcance maior, pois no coletivo a força supera a soma dos elementos
individuais.

3. A Ritualística:

O Templo maçônico não é um amontoado de pedras, tijolos e massa, mas um


espaço sagrado e um dínamo que concentra considerável poder energético.
Veremos agora como os rituais de mistérios, entre os quais os maçônicos, têm
sido transmitidos desde a Antigüidade como forma de sacralizar o tempo e o
espaço. Iniciandos e oficiantes seguem regras rígidas para as cerimônias
mediante preparativos e rituais antigos e minuciosamente codificados,
transmitidos de lábios a ouvidos, incluindo vestimentas apropriadas, gestos
rituais, orações rituais, símbolos visuais e a formação da Egrégora do grupo.
A cerimônia mágica, que é a ritualística maçônica de suas sessões
econômicas, é o caminho do maçom para atingir estados alterados de
consciência e poderes que estão no transcendente, além da imediata
existência humana. Para atingir esse estágio não podemos praticar o ritual
maçônico de forma mecânica ou displicente, sob pena de estarmos
transformando uma prática iniciática milenar em uma medíocre representação
teatral, vazia em sua finalidade. Entendamos Nossa Ritualística, passo – a -
passo:

a.“Em Loja, Meus Irmãos!”

No interior de um recinto sagrado, como visto, o mundo profano é


transcendido. Numa assembléia de iniciados, está presente uma ação de
transcedência que se exprime por diversas imagens de uma fronteira entre o
sagrado e o profano. No espaço sagrado, abrem-se os portais de outra
dimensão e, através deles, os deuses descem à Terra e o homem pode subir
simbolicamente ao céu. Os obreiros se encaminham para as sessões com
propósito definido de crescimento pessoal e de doação de si mesmos para um
mundo melhor. Portanto, estando a Loja formada, os cargos preenchidos e
aguardando ordens, todos devem estar concentrados, vibrando em uníssono,
aguardando uma voz firme e amorosa vinda do Oriente: “Em Loja, meus
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irmãos!” E o malhete do V:. M:. volta-se para o coração, formando com os
Irmãos Vigilantes um ternário de proteção à Oficina, reavivando as colunas da
Sabedoria, da Força e da Beleza sobre as quais se sustentam a Loja
Maçônica. Que importância esotérica poderíamos ver em tão singelo ato da
ritualística? Da mesma forma que ao adentrar a Loja o obreiro entrou em seu
espaço sagrado e “cortou” o mundo profano, ao pronunciar tal frase o V:. M:.
interrompe a marcha dos ponteiros do relógio material e faz a Loja penetrar
em seu relógio simbólico. É quando cessam os últimos vestígios de
profanidade em nós e assumimos nossa personalidade de iniciados.

b. ”Ir:. 1º Vigilante, qual é o primeiro de vossos deveres em Loja?


“Verificar se o Templo está a coberto!”

“É função obrigatória para que estejam os maçons a salvo das indiscrições


profanas. Parece um simples ato de rotina, mas não o é, porque a Loja que
está iniciando seus trabalhos ocupa seu espaço sagrado, onde se desenrola
uma outra reunião num mundo paralelo, uma usina de energia que começa a
reativar sua egrégora e, portanto, o lacre material proporcionado pela Bat:.
também encontra ressonância na outra dimensão. Dessa maneira “cobrir o
templo” significa também espiritualmente lacrá-lo das más influências e das
perturbações do mundo invisível. Daí a importância de todos os irmãos
auxiliarem mentalmente nessa cobertura, fechando nosso arquétipo do
universo a vibrações negativas para que os trabalhos aconteçam justos (sob
a influência do L:. da L:. ) e perfeitos (com a presença de no mínimo 7 M:. M:.
). Como também somos um templo, o Tabernáculo da Alma, o ritual nos pede
que também cubramos o nosso templo interior, para darmos um mergulho no
nosso EU Superior, para sanearmos esse Templo Interior, preparando-o para
receber as vibrações da cerimônia mágica, prestes a se iniciar, de maneira
harmônica e com melhor assimilação. Essa cobertura do Templo Interior, na
realidade deveria começar ao nos levantarmos, no dia da reunião. Mas, como
nossas atividades profanas, preocupações de toda ordem, nos assolam o
tempo todo, é aconselhável que essa cobertura se inicie ao cair da tarde, para
adentrarmos ao Templo com o espírito desarmado e isento de todo e qualquer
stress. Para se atingir tal estado, basta-nos leve concentração, pensamentos
fraternos, mentalização dos fatores positivos da reunião, olvidamento de
tensões familiares, profissionais, pessoais e entre irmãos. Se o maçom entra
em uma reunião para “vencer paixões e intransigências, à fiel obediência dos
sublimes princípios da Fraternidade” e para “ levantar templos à virtude e cavar
masmorras aos vícios”, nada mais coerente que comece a praticar essa ética
em pensamento na sua vida diária e nos momentos que antecedem a sua
cerimônia maçônica. Até aqui se falou da cobertura pelo seu lado espiritual,
mas não menos importante é a cobertura material de nosso Templo Interior.
Para isso é recomendável a diminuição, se impossível a supressão do
tabagismo nas horas que antecedem a ritualística. Álcool? Nem pensar!

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Comida leve ou jejum também são indicados, pois favorecerão sobremaneira
as práticas esotéricas da
cerimônia maçônica. “Cobrir”, portanto, é estabelecer uma proteção material e
espiritual. Segundo Rizzardo da Camino, Em Simbolismo do Primeiro Grau,
espiritualmente, essa cobertura mística se dá pela presença do G:. A:. D:. U:.”
Ele afirma também que “só o 1º Vigilante possui a sensibilidade de, após
obtida a informação do Guarda do Templo, sentir se realmente a Loja se
encontra a coberto de toda influência profana, refugiando-se os Irmãos num
recinto que realmente deve ser um Templo, onde os trabalhos serão
encetados sob os auspícios do G:.A:.D:. U:. A sua resposta, autoriza o V:.M:.
a prosseguir nos trabalhos.

c. “Qual o segundo dos vossos deveres, Irmão 1º Vig:. ?”– “Verificar e


se todos os Irmãos são maçons”.

“Como deve ser feita essa verificação? O momento também pede solenidade,
concentração e espírito de união. A começar pelo malhete, que deve ser
portado orgulhosamente sobre o coração; o Irmão 1º Vig:. deve honrar a
Coluna da Força que representa, fazendo seu giro com a coluna ereta, passos
firmes e compassados e, principalmente, fixando os irmãos das colunas olhos
nos olhos, para que eles sintam-se integrados na cerimônia mágica e
despertem dentro de si o sentimento de união e de sua importância naquele
momento. Veremos, então, a Egrégora da Loja sendo avivada, revigorada.
Rizzardo da Camino diz que ”não basta que os Irmãos estejam de pé, na
postura exigida e vestindo seu
avental e insígnias da Loja. Não é somente neste aspecto que o 1º Vig:. há de
verificar sobre se os presentes são maçons, porque isso seria muito óbvio. Ser
maçom é irradiar as qualidades mentais e espirituais adquiridas através de
uma vivência maçônica. Embora invisível ao olho comum, a sensibilidade do
1º Vig:. capta essa disposição da alma (semelhante à auréola dos Santos) e
poderá afirmar que, realmente, todos os presentes são Maçons.

d. Para que o Venerável possa “abrir” a Loja, devem existir condições:

A primeira delas é anunciada pelo Orador: “que estejam presentes, no mínimo,


sete IIr:. MM:. e que todos estejam revestidos de suas insígnias”; a segunda,
sobre se há número legal, é anunciada pelo Chanceler; a terceira, sobre se a
Loja está composta, é anunciada pelo Mestre de Cerimônias:”Sim, V:.M:., os
cargos estão preenchidos e todos os presentes se acham revestidos conforme
o uso da Loja”, significando estarem devidamente trajados e aparamentados.
Segundo Rizzardo da Camino, este anúncio de que a Loja esta composta é
transcendental, pois equivale anunciar que a “obra está completa”, visto que
a Loja representa o Universo. O Grande Arquiteto, que é Justo, criou a obra
Perfeita. Após esse anúncio, ainda que chegue titular de algum cargo, não
poderá haver substituição, sob pena de desequilibrar a obra definitiva, pois o
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Universo é uma obra definitiva do seu Criador. O Manual de Normas &
Procedimentos Ritualísticos faz exceção ao Venerável e aos Vigilantes. O V:.
M:. vai chamando ainda os 2º Diácono,1º Diácono, 2º Vig:. e 1º Vig e travando
com eles diálogos sobre os princípios éticos e morais da Maçonaria. Pensar
que esses diálogos poderiam ser dispensados demonstra desconhecimento
sobre o real sentido dos trabalhos maçônicos e a beleza contida em nossa
ritualística. Aquele que não estuda com afinco os graus da Maçonaria não
compreende sua mensagem, nem seus símbolos e nem a explicação dos seus
significados ocultos. Uma das principais obrigações do homem maçom é
combater a ignorância, a começar pela própria, e nosso ritual nos mostra isso
claramente desde o seu começo. Apesar de nossa Instituição não ser uma
religião, ela é guardiã de um idioma sagrado, a linguagem simbólica, e só não
perderá a guarda desse tesouro, se nós, maçons, nos aplicarmos na
compreensão e no significado oculto de seus símbolos e se não nos
afastarmos das raízes esotéricas que compõem nossa Doutrina.
Evidentemente que, para nós maçons, pessoas esclarecidas da sociedade,
portadores de bom-senso, críticos e que devemos pautar nosso discernimento
pela análise cartesiana, a repetição não deve ser entendida como uma forma
de condicionamento mental. Mas uma atitude esotérica.

f. “Para que nos reunimos aqui, Irmão 1º Vig:. ?”

A expressão “para combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os


erros, e glorificar o Direito, a Justiça e à Verdade, levantando templos à
Virtude e cavando masmorras ao vício”, ressoa no coração do verdadeiro
maçom como um hino de exortação à sua conduta na vida profana e não como
conceito maçante de ser ouvido repetidamente. Cada vez que se repete Entre
Colunas o ritual e nossos princípios, o homem que honra o avental que porta
cresce no mundo profano, como cidadão, chefe de família e profissional,
porque já incorporou a seu patrimônio espiritual esses valores e vela pelo seu
cumprimento. Cada reunião maçônica corresponde a um ciclo cósmico em
nossa representação do Universo. Ao se repetir esse ciclo, estamos gerando
novamente cada palavra, cada conceito ali contido, ou seja, estamos
regenerando formas-pensamento de elevação do padrão ético-moral da
humanidade. Neste mundo conturbado, de turbilhões astrais negativos e de
valores morais estranhos, toda forma-pensamento positiva lançada no cosmos
ajuda no equilíbrio e na harmonia dos planos mental e astral, favorecendo a
melhoria do padrão da humanidade. E não nos esqueçamos que essa forma-
pensamento é emitida com toda a força da Egrégora da Loja, potencializando
o seu efeito. Portanto, o maçom que assiste participando da reunião
maçônica, compreendendo cada parte do ritual, é o verdadeiro maçom que
contribui para o bem-estar da humanidade, para o progresso da maçonaria e
para seu próprio crescimento pessoal.
g. Transmissão da Palavra Sagrada:

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A mesma atitude do 1º Vigilante, durante sua circunvolução no Ocidente, para
certificar-se de que todos os presentes são maçons, deve ser praticada pelos
Irmãos 1º e 2º Diáconos, quando da transmissão da Palavra Sagrada às
Colunas. Transportada pelos Diáconos, a P:. S:. deve merecer desses a mais
absoluta solenidade, estando imbuídos de que carregam uma jóia
preciosíssima,
um tesouro. Assim, os diáconos devem se deslocar pelo templo com postura,
coluna ereta, passos firmes, cabeça erguida, com solenidade. A P:. S:. parte
do Oriente, onde nasce o Sol, berço da luz e da ciência, viaja até o Ocidente
e, finalmente, é confirmada no meridiano. Na cosmologia maçônica, a palavra
se manifesta na origem da Sabedoria e se espalha por todo o Universo,
simbolizado pelo Templo. Embora sussurrada ao ouvido, a palavra é recebida
por todos e em todos se entroniza interiormente. Chegando ao meridiano
intacta e perfeita, o 2º Vig:. anuncia ao 1º Vig:. que, por sua vez, o faz ao V:.
M:. , que a emitiu, estando tudo justo e perfeito, concluindo, assim, a
triangulação necessária à unidade da Loja. Nossas PP:. SS:. não foram
escolhidas ao acaso, mas porque carregam o poder do Verbo (significando a
palavra de Deus ou o próprio Deus) são verdadeiros mantras ou instrumento
da mente. É um som sagrado que irá ativar as três colunas de sustentação de
uma Loja Maçônica - Sabedoria, Força e Beleza. Repetindo mentalmente a P:.
S:. , cada obreiro estará acendendo em seu Espaço Interior as mesmas luzes
que passaram a iluminar a Loja. Fios condutores sutis interligam as vibrações
individuais para ajudar na formação da Egrégora da Loja. É a alma coletiva
vibrando em uníssono por um ideal comum de tornar mais feliz a humanidade.
As palavras sagradas dos graus maçônicos são partículas poderosas do G:.
A:. D:. U:. atuando em nós, liberando vibrações rítmicas e harmônicas com o
Infinito.

h. Achando-se a Loja regularmente constituída, procedamos a abertura


do Livro da Lei, invocando o auxílio do G:. A:. D:. U:.

Uma vez o Verbo realizado, com a circulação da palavra, ele se instala com a
abertura do Livro da Lei. Trata-se de um dos momentos mais solenes da
cerimônia maçônica, logo após a Transmissão da P:., o preparatório ápice
vibratório dos trabalhos que é a colocação do esquadro e do compasso. Os
Oficiais encarregados devem estar compenetrados de sua responsabilidade.
A forma piramidal ou cônica do Pálio é altamente concentradora de energias.
É recomendável que durante o ato de circulação da palavra e abertura do Livro
da Lei o Irmão M:. de H:. execute uma música suave de fundo. Procede-se,
então, à abertura do L:. L:. e faz-se a leitura do Salmo 133, que incorpora
nesse momento uma ligação espiritual entre Criador e criatura, daí os
costumes maçônicos aceitarem os Livros da Lei de qualquer religião, pois não
é a religião em si que importa, mas o caráter sagrado do Livro que propicia
simbolicamente a ligação Céu-Terra. A colocação do esquadro e do compasso
na disposição do grau sacraliza o espaço físico e temporal do Templo. É o
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instante da comunhão entre os Planos Físico e Divino, já que os dois
instrumentos símbolos da Arte Real, representando o homem maçom, são
depositados sobre a Verdade Revelada, simbolizando o G:. A:. D:. U:.

i. A Oração do Venerável Mestre:

A belíssima oração pronunciada pelo V:. M:. é um coroamento de grande


repercussão espiritual para a cerimônia de abertura, que tem o condão de
aproximar o homem do seu Eu Superior, purificando e preparando o ambiente.
Ela tem um caráter místico e altamente introdutor à espiritualidade que o
momento requer na celebração litúrgica da abertura dos trabalhos maçônicos.
Como a verdadeira oração se reveste, mais do que simples palavras, de
calorosas vibrações de nosso Ser, é essencial que ao pronunciá-la (o V:. M:.)
ou mentalizá-la (os demais Irmãos) o façamos sentido-a no coração.

j.“Em honra ao G:. A:. D:. U:. e a São João, nosso padroeiro...”

Alguns pensamentos a propósito desta alusão a São João: O Ir Onéas d’


Assumpção Corrêa, em sua obra “Orientação Maçônica”: “São João Batista é
um dos santos padroeiros da Maçonaria. A sua firme reprovação ao vício e a
sua contínua pregação em prol do arrependimento e da virtude fizeram dele
um bem apropriado patrono para a Instituição Maçônica. Sua festa é em 24 de
junho. São João Evangelista é também patrono da Ordem e sua festa se
realiza em 27 de dezembro. Foram as suas constantes admoestações em
suas Epístolas, para a prática do amor fraternal e a natureza de suas visões
apocalípticas que constituíram as principais razões da veneração de que é
objeto na Ordem Maçônica”; O Ir:. Jayro Boy de Vasconcelos, em sua obra “A
Fantástica História da Maçonaria”, supõe que o verdadeiro patrono da
Maçonaria é São João, o Evangelista, por ter sido “o homem, o ser humano
que mais recomendou o “amor fraternal”. Foi ele um exemplo para todos os
seres
humanos, mas para os maçons em especial ele foi um padrão de fraternidade,
que é a principal bandeira da Maçonaria, desde sua fundação. Ele não só
ensinava aos outros essa sadia de convivência, através dos seus escritos, mas
colocava em prática, na sua vida, tais ensinamentos, de tal forma que foi
inclusive chamado, pelos teólogos, o “Apóstolo do Amor”. Vejamos algumas
das suas preciosas instruções:
Aquele que diz estar na luz e odeia seu irmão, até agora está nas trevas. Aquele
que ama seu irmão permanece na luz e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém,
que odeia a seu irmão está nas trevas e anda nas trevas e não sabe para onde vai,
porque as trevas lhe cegaram os olhos.

O irmão Rizzardo da Camino reforça a tese de Jayro Boy, ao afirmar: “dos


Evangelistas, São João se destaca pelo fato de ter absorvido do Divino Mestre,
toda filosofia do amor. Fora o discípulo amado e o seu Evangelho é um cântico
de amor. A alma da Maçonaria é a dedicação que os irmãos oferecem uns aos
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outros. O amor fraterno é a luz que ilumina a Loja e, por isso, São João, o
Evangelista, passou a ser considerado o patrono da Maçonaria”.

k. O Clímax:

Pronunciada a oração, com sentimento, pelo V:. M:. esse conduz, então, os
obreiros a fazerem o sinal e a proferirem a aclamação. Após, cumprida toda a
ritualística de maneira séria, compenetrada, com sentimento, a Loja atinge o
clímax da produção de energia e os obreiros estão tão contentes em iniciar os
trabalhos, tão felizes por estarem novamente reunidos entre irmãos que,
exultantes, extravasam esse regozijo através do sinal do grau e da
exclamação
Huzzé, Huzzé, Huzzé. Segundo José Augusto de Souza, em O grau de
Aprendiz Maçom, Huzzé é o grito de aclamação do maçom escocês. Possui
origem hebraica e significa “força e vigor”. Ela é pronunciada na abertura e
no encerramento dos trabalhos. O que dizer da Egrégora nesse momento?
Está em seu clímax, atingindo alto potencial de energias cósmicas. As funções
de ordem administrativa que vêm a seguir podem, então, iniciar-se e os
pedreiros-livres estarão sublimemente preparados para desenvolver suas
peças de arquitetura e articularem, Entre Colunas, suas ações de construção
social fora de seu espaço
sagrado, a bem da Pátria e da Humanidade.

l. Circulação da Bolsa de Proposta e Informações:

O M:. de Cer:. é que irá circular com a bolsa de propostas e informações,


seguindo a ordem prevista no ritual. Pela sua posição hierárquica, o Venerável
Mestre ao colocar a mão direita emitirá todos os seus fluidos (entendidos como
poder físico, força vital, potência mental, poderes psíquicos, poderes
espirituais) em quantidade necessária ao fortalecimento de todos os
presentes. A circulação da Bolsa de Propostas e Informações é obrigatória em
todas as sessões, antes da Ordem do Dia. Nela são colocados pedidos,
propostas, convites, comunicações, etc, que os Maçons queiram apresentar à
Loja. Para serem válidas e constar do Balaústre da sessão, todas as propostas
e petições devem ser apresentadas apenas por meio dessa Bolsa. Mesmo
com a mão vazia, devesse introduzi na Bolsa, pois essa tem um efeito
esotérico, místico, de equilíbrio e harmonização entre os Irmãos, na medida
em que há um intercâmbio de fluidos, pois todos, a partir do VM, vão
depositando nela seus fluidos que se somam e simultaneamente se
distribuem, pois o que mais tem mais dá e o que pouco tem mais recebe.
Mesmo ao circular “sem formalidade”, o M:. Cer:. deve levá-la sucessivamente
ao VM, 1º Vig:., 2º Vig:., Orador, Secretário e Guarda do Templo, para,
somente após, levá-la aos demais presentes, seguindo a hierarquia (MM:.
MM:., Comp:. e Aprendizes).

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m. Circulação do Tronco de Solidariedade:

O Ir:. Hospitaleiro, que o conduz, obedece a mesma forma de circulação do


M:. Cer:., com a Bolsa de Propostas e informações. Como sua função é colher
o óbolo destinado a socorrer os necessitados, nosso desprendimento na
doação é uma demonstração de interesse social e de participação estreita com
os problemas do próximo, seja profano ou maçom.

n. “Para que ocupais esse lugar?”“.....para fechar a Loja, pagar os OOb:.


e despedí-los contentes e satisfeitos”, responde o 1º Vig:. na fase de
encerramento ritualístico dos trabalhos, e, logo após, o V:. M:. pergunta -lhe:
e os Obreiros estão satisfeitos? Como resposta todos os Irmãos, exceto as
Luzes, batem a m:. dir:. no Av:. e fazem o sinal de afirmação. Essa deverá ser
a atitude de todos os Irmãos da Loja, quando os trabalhos tiverem sido
convenientemente conduzidos. Segundo o irmão Onéas d’Assumpção Correa,
em “Orientação Maçônica”, “salário é a recompensa do trabalho e o resultado
que ele pode produzir para o operário. É a remuneração de um trabalho. Em
Maçonaria, sendo os maçons obreiros alegóricos da construção do Templo da
Verdade, da Ciência e da Razão, o salário é pago por meio de novos
conhecimentos, que visam ao aperfeiçoamento gradual do Maçom, não se
tratando, pois, de salário material, mas de Instrução Iniciática”.

4. CONCLUSÃO

Calcado basicamente na obra O Esoterismo na Ritualística Maçônica, de


Eduardo Carvalho Monteiro, procurei mostrar aqui a importância do Templo
Maçônico como espaço sagrado; que a ritualística maçônica é uma cerimônia
mágica e, como tal, penetra no terreno metafísico; os mecanismos esotéricos
da Egrégora; a necessidade da concentração e participação de todos os
membros nos trabalhos maçônicos. A Maçonaria é guardiã da cultura
esotérica das civilizações do passado, mas convive perfeitamente, como
excelso sistema, com as fantásticas inovações tecnológicas, porque seus
membros, livres investigadores da verdade, mantêm perfeita sintonia com
todos os campos de conhecimento humano.

Bibliografia Consultada:

1. Ritual do Grau de Aprendiz da GLMMG;


2. Normas & Procedimentos Ritualísticos da GLMMG;
3. O Esoterismo na Ritualística Maçônica (principal), de Eduardo Carvalho
Monteiro;
4. Orientação Maçônica, de Onéas d’Assumpção Correa e Arnaldo Pertence;
5. A Fantástica História da Maçonaria, de Jayro Boy de Vasconcelos;
6. Simbolismo do Primeiro Grau – Aprendiz, de Rizzardo Da Camino;
7. Sinopse do Grau de Aprendiz Maçom, de José Airton de Carvalho;
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8. O Grau de Aprendiz Maçom – em perguntas e respostas, de José Augusto
de Souza.

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