As Formas geométricas básicas e seus

significados

“Acaso não sabeis que os geômetras utilizam as formas visíveis e falam delas, embora não se trate delas,
mas de coisas de que são um reflexo, e estudam o quadrado em si, e a diagonal em si, e não a imagem
que eles desenham? E assim sucessivamente podem vislumbrar em todos os casos o que realmente
procuram e podem vislumbrar estas realidades que apenas podem ser complementadas pela mente”
Platão, A REPÙBLICA.

“Todas as formas matemáticas têm uma primeira permanência na alma, de tal modo que, antes do
invisível, ela contém números com sua dinâmica própria, figuras vitais antes das aparentes, razões
harmônicas antes de coisas harmonizadas e círculos invisíveis antes dos corpos que se movem em
círculos” Thomas Taylor.

Rodrigo Guerra – Famalicão 05/2020

 Todo o universo e suas estruturas são compostos por formas geométricas básicas,
podendo ser criadas ou reconstituídas sem medição, quase nenhuma complexidade, devido ao
seu caráter natural e sua presença em todos os reinos, orgânicos ou não.

Uma das formas de evidenciarmos a aplicação da Geometria Sagrada e suas formas é

fazendo a observação dos edifícios e sítios sagrados, pois apesar das diferenças culturais,
regionais e das distâncias continentais, todos tem em sua base nas leis de proporção da
natureza.

É também um pensamento pacífico, de que a geometria é reconhecidamente uma

expressão do plano divino, um padrão metafísico que determina o padrão físico e assim sendo,
esta realidade interior que transcende a forma exterior, ao longo de toda a história, nas diversas
ordens arquitetônicas e seus estilos, continua a ser o modelo base de todas as estruturas
sagradas ou profanas modernas.

É possível afirmar que todas as formas geométricas são dotadas de propriedades únicas
e detém um simbolismo esotérico que permaneceu imutável ao longo da história humana,
existindo e resistindo nas formas geométricas, um complexo sistema notacional e invocacional
que são considerados por algumas escolas como mistérios sagrados e por isso mesmo, ocultados
daqueles que não tem instrução para utilizá-los.

Todas as formas básicas da Geometria podem ser obtidas por dois instrumentos simples,
que todo aqueles que buscam explicações matemáticas para o enigma de Deus e até o mais
esclarecido dos Geômetras, deverá saber manejar, a régua e o compasso. Com eles formaremos
o Círculo, o Quadrado, o Triangulo e o Hexágono, figuras que a partir de agora passo a descrever.

O Círculo é a forma geométrica mais desenhada e conhecida por toda a humanidade,

tem permeado nossas civilizações desde sempre e a natureza nos faz observá-lo
constantemente, no Sol, na Lua, em Pedras e animais, das ocas indígenas, às cabanas da Europa
Neolítica, dos círculos de pedra até os templos redondos, a forma circular destas construções é
uma imitação do horizonte visível, criando assim, dentro de cada construção desta um pequeno
mundo em si mesmo.

Esotéricamente o círculo significa o Sol, o Universo, Deus e o Todo, a Unidade, o zero, a

eternidade (linha sem início e fim), porém sempre relacionados a Deus e à criação. Significa
também, a totalidade, abrangência, a perfeição e o retorno ao um. Em algumas religiões é o
símbolo do ciclo da vida.

De posse das ferramentas básicas (régua e compasso), utilizando o círculo como matriz
“geradora”, podemos extrair o quadrado, o triângulo, o hexágono, o pentágono, e todas estas
mantêm uma relação mágica com as outras.

O Quadrado, geometricamente é uma figura especial, pode ser dividido com precisão
por dois e por múltiplos de dois. Também pode ser dividido em quatro quadrados quando se faz
uma cruz que define exatamente o centro do quadrado.

É uma forma rica em arestas, pode ser associado ao domínio da racionalidade, da

impessoalidade e da neutralidade. Por sua figura angulosa e contrastante é a forma mais ligada
ao mundo tridimensional, ao plano objetivo. O quadrado agrega significados esotéricos, como
firmeza, organização, solidez, sobriedade, repouso, passividade, estrutura, estabilidade, ordem
etc.

Por essas características é considerado o símbolo da terra (quadrado) em oposição ao

céu (círculo). É o universo criado, manifestado. Enquanto o céu simboliza o incriado, o
imanifesto.

De acordo com o pensamento de Platão, o quaternário relaciona-se com a

materialização das idéias. A materialização exprime a criação dos fenômenos do mundo que
ocorrem no espaço. Ele está associado à matéria e a criação de formas imperfeitas,
condicionadas ao mundo material, diferente das Formas Perfeitas, da qual o quadrado é uma
expressão física.

Por essas razões, muitos templos antigos, quando não construídos em forma circular,
eram construídos em forma de um quadrilátero, tentando expressar ou simbolizar, este ponto
de transição entre o céu e a terra, algumas ordens esotéricas têm no quadrado um simbolismo
que se relaciona com a atuação no mundo sensório-físico. Por isso, dentro do templo sagrado
dessas organizações, os adeptos devem caminhar sempre seguindo em ângulos de 90o, que é a
angulação constitucional do quadrado. O motivo deste rito é expressar a ordem que devemos
buscar no trato com o mundo.

Poderíamos ainda falar sobre a quadratura do círculo e a harmonia universal, mas isto
deve ser tema de outro trabalho, para já, vale a ciência de sua existência.

O Hexágono, assim como o quadrado, pode ser obtido a partir do círculo, produzida pela
divisão da circunferência de um círculo por meio de seus raios. São facilmente observadas nas
fervuras e misturas de líquidos conforme provado pelo físico Francês Bernard, durante suas
experiências de difusão em líquidos, verificando que os padrões Hexagonais apareciam com alta
frequência em condições de perfeito equilíbrio. Devido a estas experiências, as formações
hexagonais foram nomeadas de células de Bernard.

O hexágono natural que é mais facilmente reconhecido é o favo de mel, objeto de

estudo de diversos filósofos, que viam nestes favos, uma manifestação da harmonia divina.
Pappus, o Alexandrino, afirmava que as abelhas tinham uma intuição geométrica.

O Hexágono, esotericamente está ligado a formação das moléculas, a harmonia entre

os opostos e a androginia, e a relação entre o hexágono e o círculo está ligada a uma outra
propriedade interessante, segundo a qual os vértices alternados desta figura podem ser
conectados por linhas retas para a produção do hexagrama.

O hexagrama por sua vez é composto por triângulos equiláteros que se interpenetram,
simbolizando a fusão dos princípios opostos, masculino e feminino, quente e frio, água e fogo,
terra e ar sendo, portanto, o símbolo do poder divino da criação.

Por último e não menos importante e mesmo sendo um dos símbolos geométricos mais
simples e fundamentais, o triângulo!

É o símbolo da trindade dos deuses - Santíssima Trindade - nas culturas cristã, hindu,
egípcia e babilônica e, por ser formado por três segmentos, o triângulo faz alusão também às
tríades início, meio e fim e corpo, alma e espírito etc. Como símbolo poderíamos fazer um
trabalho somente sobre ele e não seria pouco.
 Franz Bardon dizia: No mundo mental simboliza a força de vontade, intelecto e
sentimento, no mundo astral simboliza poder, legalidade e vida, e no mundo físico simboliza,
como já dito acima, o Plus, o Minus e o neutro.

Desta forma ele representa esotericamente o equilíbrio transcendente, a entrega e a

divinização da vida.

Na Alquimia, os quatro elementos são representados por triângulos equiláteros, o

triângulo que aponta para cima, simboliza o fogo, o triângulo que aponta pra cima e que é
cortado por uma linha horizontal, simboliza o ar, o triângulo que aponta para baixo, simboliza a
água e o triângulo que aponta para baixo e que é cortado por uma linha horizontal, simboliza a
terra, assim todos eles combinados formam o pentagrama, poderoso símbolo alquímico.

Vale destacar que o triângulo equilátero pode simbolizar algo distinto, mas no geral
simboliza a harmonia e a divindade.

O triangulo equilátero voltado para cima, além de simbolizar o elemento fogo,

representa também o órgão sexual masculino. Para os Hititas, esse símbolo representava o Sol,
a fertilidade e a saúde, enquanto que para os Maias, simbolizava a montanha sagrada na arte
Pueblo.

Por outro lado, voltado para baixo simboliza o elemento água e a mulher, sendo que nas
culturas romanas, gregas e indianas, representa o púbis ou órgão sexual feminino.

Em algumas culturas, dois triângulos equiláteros unidos pela base, simbolizam as fases
crescente e minguante da lua, enquanto que dois triângulos equiláteros unidos pelas pontas
representam a união do feminino e do masculino, tal qual representado no símbolo do Yin Yang.

Existe muito ainda o que falar e descobrir, sobre a geometria e suas formas, a forma
como ela se expressa na natureza e como podemos relacionar isso ao divino e ao sagrado.

Palavras, números e formas, são símbolos e todo símbolo esboça uma informação e
informação pode nos levar ao conhecimento. Todo o universo gira em torno das bases
geométricas divinas e estão para nossa disposição e uso, façamos deste conhecimento o que de
melhor pudermos para evoluirmos, porque “Deus Geometriza”.

Fontes de Consulta:

https://www.personare.com.br/o-poder-da-geometria-sagrada-na-harmonizacao-de-
pessoas-e-ambientes-m46680

https://www.geometriasagrada.pt/

Geometria Sagrada – Nigel Pennick

Geometria sagrada: simbolismo e intenção nas estruturas religiosas – Nigel Pennick

https://www.revistaplaneta.com.br/geometria-sagrada-no-mundo-das-formas-
perfeitas/

Palestra - Hermetismo e Geometria Sagrada

Palestrante: Carlos Brasílio Conte

https://www.youtube.com/watch?v=_5X7Y9xyVCc