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Tecnologia da Informação e Comunicação

XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ)


(TIC)

Simulações, Vídeos e Animações: Contribuições da Web para o


Ensino de Química.
Miguel de Araújo Medeiros (PG)*

*mmedeiros@ufmg.br
Departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras Chave: Ensino a distância, ensino via Web, Simulações.

RESUMO: Neste trabalho foi realizada uma pesquisa na Web, listando e analisando alguns sítios com conteúdos que
podem contribuir de maneira significativa para o ensino de química. Vídeos, simulações e animações foram os alvos
do trabalho. Percebeu-se que há muito material para ser aplicado no ensino de química, em português, e que é
importante a participação do professor, no processo de ensino-aprendizagem, desde a escolha do material até a
aplicação, pois o computador ou a Internet, por si só, não promovem melhoras no ensino.

INTRODUÇÃO

A interface amigável da Internet, a Web, é uma poderosa biblioteca com informações


diversas sobre conteúdos curriculares. E para o conteúdo de química, isso não é diferente. É
possível encontrar na Web, desde textos informativos sobre os mais diversos assuntos de
química até mesmo animações, simulações sobre fenômenos químicos e vídeos sobre
experimentos e fenômenos.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, “é necessário para o estudante


reconhecer e avaliar o desenvolvimento tecnológico contemporâneo, suas relações com as
ciências e seu papel na vida humana, sua presença no cotidiano e seus impactos na vida social”,
e isso pode ser atingido através da aplicação de conteúdos encontrados na Web. Para o conteúdo
de química, podem-se encontrar diversos materiais que promovem a melhor compreensão e
associação dos avanços tecnológicos com as descobertas na Química. Um exemplo para isso, é a
série de vídeos “Mundos Invisíveis” disponibilizada no portal da Rede Globo de Televisão
(http://globo.com). Esses vídeos retratam a evolução do estudo da compreensão da constituição
da matéria e suas relações com os avanços tecnológicos, do mundo contemporâneo, tais como:
televisão, Internet, componentes eletrônicos e até mesmo os benefícios da radioatividade na
medicina.
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Algumas simulações e animações disponibilizadas na Web, também permitem a melhor


compreensão de alguns fenômenos químicos, presentes ou não em nosso dia-a-dia. Os vídeos
sobre experimentos químicos podem ser fundamentais para uma prática de ensino baseada na
experimentação, quando as escolas não disponibilizam de laboratórios de ensino, o que é
bastante comum nas escolas de ensino básico no Brasil. Ao utilizar vídeos sobre experimentos
químicos, os professores podem abordar, por exemplo, o conteúdo reações químicas, de uma
maneira mais expressiva, pois torna possível a melhor compreensão do conteúdo lecionado.
Além de possibilitar ao estudante a criação de modelos, na tentativa de entender e/ou explicar o
fato ou fenômeno observado. Já a utilização de simulações pode ser benéfica no ensino de
conteúdos abstratos, tais como isomeria, entropia, efeitos da pressão em um sistema gasoso, ou
até mesmo o efeito da temperatura ou radiações em sistemas moleculares. As simulações podem
promover nos estudantes, a habilidade de “enxergar” em nível molecular, promovendo o
entendimento do conteúdo que é proposto, tornando mais fácil a estruturação do conhecimento.

Tendo em vista as possibilidades que a Web pode prover para o ensino de química,
foram realizadas uma análise e avaliação de sítios que fornecem simulações, vídeos e animações,
de forma a mostrar algumas fontes de recursos, em idioma português, para aplicação de maneira
significativa no ensino.

RESULTADOS E D ISCUSSÃO

Este trabalho objetivou avaliar e analisar vídeos, animações e simulações que podem
contribuir de maneira significativa para o ensino de química, no Ensino Médio. Como Ponte
(1992) e Pachane (2003) observa m, o computador (ou a Web) por si só podem ser tanto uma
contribuição positiva como negativa para o processo de ensino-aprendizagem, em sala de aula,
pois é a maneira como eles são utilizados que determinará a sua contribuição. Sendo assim,
propomos algumas alternativas para que os professores possam selecionar, avaliar e determinar
se a contribuição que o material oferece é o que ele propõe para o ensino.

(i) Vídeos

Na escola os conceitos, muitas vezes, são apresentados de forma abstrata e distanciados


do contexto que lhe deram orige m (Munford e Lima, 2007). Ocorre assim uma separação entre o
que é aprendido do modo como esse conhecimento é aprendido e utilizado (Brown et al., 1989).
Acredita-se que para minimizar esses problemas, pode-se usar de aulas experimentais, nas quais

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os estudantes podem visualizar os fenômenos e criar as suas próprias “teorias” para explicar o
observado. A partir daí, o professor pode trabalhar a idéia do aprendiz, de maneira a explicar o
fenômeno observado e mostrar os erros e acertos na teoria. Entretanto, na maior parte das
escolas, de educação básica do país, não há laboratórios de ciências, o que poderia frustrar a
idéia de experimentação, se não fosse a possibilidade de visualização de vídeos, presentes na
Web.

É possível encontrar, na Internet, uma grande quantidade de vídeos de demonstrações de


experimentos e fenômenos químicos. A partir desses vídeos, o professor pode trabalhar muitos
conceitos abordados nos livros didáticos do Ensino Médio, o que pode facilitar o entendimento
do conteúdo e auxiliar na estruturação do conhecimento. Além destes materiais poderem ser
utilizados no ensino distância, uma nova tendência nos últimos anos. A Tabela 1 apresenta
alguns desses sítios da Web que fornecem vídeos de experimentos químicos, gratuitamente.

Tabela 1: Sítios da Web que disponibilizam vídeos sobre fenômenos químicos.

Num. Endereço do Sítio da Web Descrição


É uma página que estrutura dezenas de
vídeos, de acordo com os capítulos do livro
http://www.oup.com/uk/orc/bin/ “Inorganic Chemistry” de Atkins e Shriver
1 (2006). Nas páginas dos vídeos, há uma
9780199264636/01student/video/ descrição do experimento e reações que
ocorrem. Os vídeos, normalmente, duram
menos de um minuto.
A página apresenta um texto com uma
breve discussão sobre solubilidade, soluto,
http://www.cwrl.utexas.edu/%7Ebump/ solvente e solução de sais e propõe
2
E388M2/students/christie/experiment.html experiências simples de dissolução de sais,
para acompanhar cada experimento, vídeos
são usados.
Nesta página é possível “realizar
experimentos”, ou seja, podem-se escolher
http://www.chem.ox.ac.uk/vrchemistry/ os reagentes e assistir o vídeo da mistura,
3
livechem/transitionmetals_content.html ou reação, caso os íons reajam entre si. É
possível combinar dezenas de reagentes
entre si.
Página do Laboratório de Pesquisa em
4 http://www.lapeq.fe.usp.br/labdig/sequens/ Ensino de Química e Tecnologias
Educativas, da USP, que fornece algumas
seqüências de ensino, mostrando vídeos

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contextualizados.

É interessante notar que embora alguns destes sítios apresentem textos no idioma inglês,
uma barreira para muitos, os vídeos não possuem locução, sendo de fácil entendimento. E
aqueles que possuem algum texto no idioma inglês, podem oferecer uma boa oportunidade de
interdisciplinaridade com o conteúdo de inglês, também lecionado na educação básica.

É válido destacar que os vários vídeos disponibilizados na página Num. 1 permitem a


abordagem de diversos conteúdos na educação básica, tais como, reatividade dos metais
alcalinos e alcalinos terrosos, redução e oxidação de metais e compostos orgânicos (e.g. açúcar),
reações químicas, diferenças de densidade entre sólidos de H2 O e D2 O e até mesmo teorias ácido
e base. Além de poder encontrar reações como: KI + Pb(NO3 )2 , que fornece o popular
precipitado amarelo de PbI2 . Já a página Num. 3 torna possível a “criação” de experimentos, ou
seja, a combinação de reagentes fica a escolha e critério dos usuários, que podem combinar
dezenas de reagentes, obtendo como conseqüência, centenas de reações.

Ao abordar o conteúdo soluções, com os tópicos, soluto, solvente e solubilidade, mais


uma página da Web (além da já citada na Tabela 1) pode fornecer vídeos para facilitar o
entendimento dos conceitos. Esta página pode ser acessada a partir do endereço:
http://nautilus.fis.uc.pt/bl/conteudos/42/pags/videosdivulgcientifica/solubilidade.html. Nesta
página é possível encontrar mais de dez vídeos sobre solubilidade. Esse material é referente ao
processo de dissolução de substâncias iônicas e moleculares em solventes polares (água e etanol)
e também em solventes apolares (tetracloreto de carbono). Os vídeos têm locução em português
(de Portugal) e trazem algumas explicações sobre aspectos importantes relacionados ao processo
visualizado. Além disso, podem-se encontrar, na mesma página dos vídeos, textos explicativos e
equações químicas envolvidas no processo.

Alguns outros experimentos de química também podem ser encontrados em um blog da


Web (http://ensinofisicaquimica.blogspot.com/), que traz também algumas simulações de
fenômenos químicos. Os vídeos são em inglês, mas com legendas em português, o que pode
facilitar o entendimento.

Além dos vídeos que abordam experimentos químicos, podem-se encontrar também na
Web, dezenas de vídeos que abordam fenômenos químicos presentes no cotidiano.

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A série “Mundos Invisíveis” é um exemplo, pois mostra a relação dos avanços


tecnológicos do mundo contemporâneo com a evolução das idéias sobre o átomo. Nestes vídeos,
a evolução dos modelo s atômicos, passando pelos filósofos gregos, por Dalton até chegar a
Thompson (quem propôs a existência do elétron) é relacionada com as tecnologias presentes no
cotidiano das pessoas, tais como televisão, internet e componentes eletrônicos. Além de citar
fenômenos da radioatividade e alguns de seus benefícios para a sociedade. Esses vídeos podem
ser acessados em:
http://video.globo.com/Videos/Busca/0,,7959,00.html?b=mundos%20invisíveis&p=undefined&
o=4.

Outra fonte de vídeos na Web, que pode conter materia is úteis para o ensino de química
é o sítio YouTube (http://www.youtube.com). Entretanto, é necessário uma busca avançada no
sistema YouTube, para conseguir localizar os vídeos desejados.

Para todos os sítios da Web que oferecem vídeos sobre experimentos ou fenômenos
químicos, é necessária uma avaliação criteriosa pelos professores, pois erros conceituais podem
ser transmitidos. Além disso, é fundamental que os professores ao buscarem os vídeos, façam
uma seleção e adequação dos materiais aos objetivos que se desejam atingir, ao projeto
pedagógico adotado e também, às características dos estudantes. Essa é uma atitude essencial,
pois os professores terão em suas mãos uma valiosa biblioteca de vídeos, que tem a possibilidade
de fornecer um grande auxílio no processo de ensino aprendizagem de química, desde que
utilizada no momento certo.

(ii) Simulações

No ensino de Ciências na educação básica, as simulações são ferramentas auxiliares


importantes. O objetivo didático das simulações é motivar os alunos, para a aprendizagem de
conceitos abstratos, evitando assim, que eles decorem conceitos sem o seu entendimento (Vieira
e Silva, 2003).

Na Web é possível encontrar diversas simulações que podem ser aplicadas no ensino de
química e, que podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. Algumas dessas simulações
podem ser agentes propiciadores de discussões e reflexões sobre um fenômeno ou conceito
químico, em conjunto com os colegas e o professor.

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O sítio Molecularium (http://molecularium.net/molecularium/) fornece uma série de


simulações sobre fenômenos físico-químicos, que podem ser aplicados no ensino médio. Essas
simulações permitem ao estudante interagir com o fenômeno, ou melhor, permitem simular o
fenômeno ao seu próprio ritmo e vontade, além de permitir a modificação de algumas variáveis e
parâmetros. Dessa forma, o estudante pode construir o conhecimento que fundamenta
teoricamente o conceito presente na simulação em questão.

No Molecularium, é possível encontrar simulações que abordam, por exemplo, o efeito


da temperatura no grau de agitação de um determinado gás, em nível molecular, ou ainda, o
efeito da pressão em um sistema de moléculas no estado gasoso. Além disso, encontram-se
simulações sobre o efeito da temperatura em um equilíbrio líquido-vapor, ou os efeitos que
radiações (microondas e infravermelho) provocam ao interagir com a matéria.

Ao lecionar propriedades coligativas, o professor pode utilizar de alguns recursos


encontrados na Web para tornar mais fácil a aprendizagem do conteúdo pelos alunos. Por
exemplo, o efeito de um soluto não volátil (sacarose, cloreto de sódio, cloreto de cálcio e
enxofre) na temperatura de ebulição ou de congelamento de um líquido (água, clorofórmio,
benzeno e tetracloreto de carbono) pode ser melhor compreendido através da simulação
disponibilizada no endereço:
http://www.chem.iastate.edu/group/Greenbowe/sections/projectfolder/flashfiles/propOfSoln/colli
gative.html. A partir desse material, o estudante pode testar o efeito que vários compostos
propiciam nas temperaturas de ebulição e congelamento de alguns solventes, entre eles, a água.
Essa simulação mostra ainda, em nível microscópico, os efeitos do soluto na ebulição ou no
congelamento do solvente.

É possível encontrar um sistema de titulação de ácidos e bases na página


http://www.chem.iastate.edu/group/Greenbowe/sections/projectfolder/flashfiles/stoichiometry/ac
id_base.html. A partir dessa simulação, podem-se estudar as reações de neutralização de ácidos e
bases, calculando os valores necessários de uma base para, por exemplo, neutralizar um ácido,
ou vice-versa.

Caso um professor de ensino médio, que irá lecionar o conteúdo cinética química,
deseje utilizar uma simulação para facilitar o entendimento do conteúdo ou para auxiliar na
construção do conhecimento, pode-se utilizar a simulação disponibilizada em:

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http://www.chem.iastate.edu/group/Greenbowe/sections/projectfolder/flashfiles/kinetics2/rxnRat
e01.html. A partir dessa simulação, pode-se calcular a velocidade da reação de decomposição de
água oxigenada, na presença de três distintos catalisadores (KI, FeCl3 e KCl), tendo como
referência, a produção de oxigênio gasoso.

Além das três ultimas simulações descritas anteriormente, uma série de outras podem
ser acessadas no sítio do grupo de pesquisa do professor Thomas J. Greenbowe, da Universidade
de Iowa, nos Estados Unidos da América, a partir do endereço:
http://www.chem.iastate.edu/group/Greenbowe/html%20%20files/resrch-simanim-content.html.
É possível encontrar simulações sobre termoquímica, lei dos gases ou eletroquímica, na qual
pode-se visualizar, de forma esquemática, a corrosão de alguns metais. Essas simulações não
apresentam sons e os textos, quando aparecem, são poucos. Dessa maneira, é necessária a
criação de um roteiro de uso para as simulações, ou a interdisciplinaridade com o conteúdo de
Inglês será bem vinda.

Ao utilizar simulações no ensino, é necessário que o professor utilize de outros recursos


para abordar o conteúdo, pois só o emprego das simulações, possivelmente, não levará ao êxito
no processo de ensino-aprendizagem. Quando o professor sentir necessidade em utilizar uma
simulação no ensino, é necessária a avaliação do momento a ser aplicada e quais serão os
benefícios que o material trará para o desenvolvimento do conteúdo, pelo estudante.

(iii) Animações

É possível encontrar diversos sítios da Web que disponibilizam animações sobre algum
conteúdo químico, entretanto, são poucos os que fornecem materiais que podem contribuir de
maneira significativa para o processo de ensino-aprendizagem de química.

Uma série de animações é disponibilizada pelo Ministério da Educação através do


projeto RIVEd (Rede Internacional Virtual de Educação), no endereço:
http://www.rived.mec.gov.br. Estas animações são denominadas “objetos de aprendizagem”, e
tem o objetivo, segundo informações presentes na própria página Web onde se encontra o
material, de estimular o pensamento crítico do estudante.

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Ao analisar as animações do conteúdo de química, percebe-se que algumas delas, por si


só não contribue m de maneira significativa para aprendizagem do conteúdo proposto. Entretanto,
todos os “objetos de aprendizagem” fornecem material de suporte aos professores, para que
possam aplicar de forma mais expressiva o material. Sendo assim, percebe-se que é necessário o
acompanhamento de perto do professor, para que os objetivos propostos sejam alcançados.

No material de suporte aos professores, podem-se encontrar propostas de atividades


para serem aplicadas com o auxílio das animações. Um exemplo é o material sobre Estrutura
Atômica, que propõe perguntas que estimulam o pensamento do estudante (“Existe um material
básico do qual tudo é feito?” “Caso exista, como ele se transforma em uma flor ou em um
animal?”) e podem propiciar discussões e reflexões sobre o assunto.

Ainda analisando o material de suporte do “objeto de aprendizagem” sobre Estrutura


Atômica, pode-se perceber que há sugestões de abordagens para o tema, sempre levando os
estudantes a pensar e discutir sobre o assunto. Além de atividades práticas simples, que podem
auxiliar no estímulo da imaginação e desenvolver a habilidade de criação de modelos, a partir de
algumas observações físicas. Essas atividades podem incitar o entendimento sobre o método
investigativo e científico empregado no desenvolvimento do conhecimento sobre estrutura
atômica, ao longo dos séculos.

Estes materiais (objetos de aprendizagem) incentivam o pensamento dos estudantes,


levando-os a discussões sobre os conteúdos abordados, mas é de fundamental importância a
participação do professor em todas as etapas do processo, para que haja uma real contribuição no
processo de ensino-aprendizagem.

Outras animações que podem contribuir no processo de ensino-aprendizagem de


conteúdos químicos, são as encontradas na página Web do Laboratório Didático Virtual
(LabVirt), uma iniciativa da Universidade de São Paulo, que podem ser acessadas em:
http://www.labvirtq.fe.usp.br/indice.asp.

No LabVirt é possível encontrar mais de cem animações, que abordam conteúdos


químicos. Estas animações estão separadas por conteúdos, tais como: ”Reconhecimento das
transformações químicas”, “modelos de constituição da matéria” e “transformações químicas”.

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Um exemplo de animação encontrada no LabVirt é a intitulada “Acidez no estômago”,


presente na seção “reconhecimento das transformações químicas”, que tem o objetivo de
esclarecer a necessidade de neutralização da acidez do estômago, pela ingestão de um antiácido e
descreve- la. Neste material, como na maioria das outras animações, o assunto é abordado na
forma de uma história com alguns personagens. Ao usuário, cabe a responsabilidade de ler os
textos que aparecem na forma de fala dos personagens e acionar o botão “prosseguir”. À medida
que o conteúdo (reação de neutralização) avança, aparecem termos novos, tais como: ácido, meio
alcalino, íons e reação de neutralização, que são explicados em janelas que se abrem de acordo
com a necessidade e vontade do usuário.

Na parte final da animação, há a associação da reação de neutralização com algumas


atividades humanas (correção da acidez dos solos, para a agricultura e controle do pH de águas
residuais de indústrias), mas não há o aprofundamento. Além de propiciar uma ligação com uma
outra animação (“ácido no nosso dia a dia ”), que mostra algumas fontes causadoras da acidez
estomacal.

Acredita-se que as animações contidas no LabVir t podem contribuir para o processo de


ensino-aprendizagem de conteúdo de química. Entretanto, é necessária uma grande atenção por
parte dos professores, pois a sua utilização deve ser complementar à outros materiais, como por
exemplo, o livro didático. Alé m da importância da seleção, análise prévia e estudo do momento
de aplicação do material, para que ele possa colaborar de maneira significativa para a construção
e estruturação do conhecimento químico.

CONCLUSÃO

Na Web são encontrados os mais diversos tipos de materiais que podem auxiliar, de
maneira significativa, no processo de ensino-aprendizagem de química. Entre esses recursos,
pode-se citar: os vídeos, as simulações e as animações, que são encontrados gratuitamente e
rodam em quaisquer computadores com acesso à Internet e que possuam alguns plugins
gratuitos, disponibilizados quando necessário, na própria página do material.

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É importante perceber que a utilização do computador ou dos recursos da Internet, deve


ser bem planejada e desenvolvida, para que haja experiências vá lidas para os estudantes, e não
apresentem apenas um caráter recreativo ou ilustrativo (Hasse, 1999).

REFERÊNCIAS
_____. Ministério da Educação – MEC, Secretaria de Educação Média e Tecnológica – Semtec.
PCN + Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/Semtec,
2002.
Munford, D., Lima, M.E.C.C. Ensinar ciências por investigação: em quê estamos de acordo?
Ensaio – Pesq. Educ. Ciênc. vol. 9, nº 1, jul. 2007.
Viera, S.L., Silva, D. Simulação de fenômenos de química e física para o ensino médio. II
Seminário de Teses e Dissertações da Faculdade de Educação (Unicamp), outubro, 2003.
Ponte, J. O computador: um instrumento da educação. Lisboa: Texto, 1992.
Pachanne, G. G. Educação Temática Digital, Campinas, vol.5, nº 1, 40 – 48, dez. 2003.
Hasse, S. H. Informática na educação:mito ou realidade? In: Lombardi, J.C. Pesquisa em
educação: história, filosofia e temas transversais. Campinas: Ed. Autores Associados,1999.

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