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AO JUÍZO PLANTONISTA E/OU TITULAR DA VARA DE FAZENDAS

PÚBLICAS E REGISTROS PÚBLICOS DA XXXXXXXX

URGENTE – PLANTÃO [se for o caso]

XXXXXXXXXXXX, nacionalidade, profissão, estado civil,


portador(a) do RG nº XXX XX/PA, CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, telefone para
contato (XX) XXXXX-XXXX, não possui e-mail, residente e domiciliado(a) na
XXXX, n. XX, bairro XXX, cidade XXX, CEP XXXX, [grau de parentesco com o
falecido] do(a) falecido(a) XXXXXXX, data do nascimento XX.XX.XXXX., data
do óbito XX.XX.XXXX., RG, CPF, vem por intermédio da DEFENSORIA
PÚBLICA DO ESTADO, CNPJ nº 34.639.526/0001-38, solicitando os
benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, pelo(a) Defensor(a) Público(a)
que subscreve, requerer a expedição de ALVARÁ DE
SEPULTAMENTO/CREMAÇÃO DO CORPO, pelos substratos fáticos e
jurídicos a seguir expostos:
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
A parte Requerente pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita
assegurados pela CRFB/88, artigo 5º, LXXIV, e artigos 98 e 99, § 3º, do
CPC/15, por não ter condições de arcar com custas, despesas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
conforme atestado de hipossuficiência econômica em anexo, indicando a
Defensoria Pública do Pará para o patrocínio da causa. 
DAS PRERROGATIVAS LEGAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA
A DEFENSORIA PÚBLICA possui as prerrogativas legais da dispensa
de apresentação de mandato e prazos em dobro, intimação pessoal, além de
outras, (cf. Lei Complementar Federal n.º 80/94; Lei Complementar Estadual
n.º 54/2006 e CPC/15).

I DOS FATOS

[ADAPTAR AO CASO]

NOME E SOBRENOME faleceu em XX de XXXXXX de XXXXX, por


volta das XXX horas, na cidade XXXXXXXXXXXXXX, conforme
certidão/atestado/documento de óbito anexa(o), em decorrência da gravidade
da doença respiratória causada pelo coronavírus (COVID19).
O corpo está [indicar o local], e tendo em vista a gravidade da doença e
os altos níveis de contágio que podem ser elevados mais ainda durante o
processo de sepultamento, é necessário que o corpo seja sepultado/cremado
de imediato, a fim de evitar o contágio comunitário.

II DA URGÊNCIA DE EXPEDIÇÃO DO ALVARÁ


A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, em 30 de janeiro de
2020, que o surto do novo coronavírus constitui uma Emergência de Saúde
Pública de Importância Internacional (ESPII). E em 11 de março de 2020, a
OMS caracterizou o COVID-19 como pandemia.
Além disso, a situação de calamidade pública e o desconhecimento
técnico e científico de ordem mundial sobre quais são riscos de contaminação
pós-óbito de pessoas com suspeita e infecção do coronavírus, torna necessária
a aplicação das recomendações do Gabinete Integrado de Acompanhamento
da Epidemia da Doença do Coronavírus-19 (GIACCOVID-19), instituído pelo
Procurador-Geral da República e da nota técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº
04/2020 no que tange aos cuidados com os corpos de falecidos suspeitos e
confirmados com o COVID 19.
No caso em análise, configura-se o periculum in mora em razão da
possibilidade real e concreta de dano irreversível à saúde pública, uma vez que
existe risco evidente de contágio em âmbito exponencial da população em
razão da demora no manejo do corpo, devido ao elevado grau de
contaminação que o vírus possui.
Já o fumus boni juris caracteriza-se em razão da verossimilhança
apresentada por esta petição, por meio dos fatos aqui relatados e a correlação
com o atual ordenamento jurídico brasileiro.
Assim, ante a documentação juntada e a fundamentação acima exposta,
torna-se devidamente justificada e fundamentada a URGÊNCIA na expedição
do Alvará Judicial de Sepultamento/Cremação.

III DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


O Cenário de pandemia local requer diversas medidas para a realização
de um controle efetivo sobre a contaminação causada pela doença, sobretudo
após a morte da pessoa infectada. A Lei Nº 6.015, de 31 de Dezembro de
1973, que regula os registros públicos, bem como a cremação dos corpos, em
seus artigos 77, §2º, e 78 dispõe que:
Art. 77. Nenhum sepultamento será feito sem certidão do
oficial de registro do lugar do falecimento ou do lugar de
residência do de cujus, quando o falecimento ocorrer em local
diverso do seu domicílio, extraída após a lavratura do assento
de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar,
ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que
tiverem presenciado ou verificado a morte.
[...]
§ 2º A cremação de cadáver somente será feita daquele que
houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no
interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido
firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista e, no
caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade
judiciária.
Art. 78. Na impossibilidade de ser feito o registro dentro de 24
(vinte e quatro) horas do falecimento, pela distância ou
qualquer outro motivo relevante, o assento será lavrado depois,
com a maior urgência, e dentro dos prazos fixados no artigo 50.

As mortes ocasionadas pela contaminação do COVID19 são de


interesse de saúde pública, portanto, devem observar o que dispõe a legislação
supramencionada. Nesse mesmo sentido, a Portaria Conjunta N° 1 de 30 de
março de 2020, ditada pelo Corregedor Nacional de Justiça e Ministro de
Estado da Saúde, explicita uma das medidas que devem ser tomadas em
relação ao sepultamento dos infectados pelo COVID19, em razão do grau
emergencial da doença:
Art. 1º Autorizar os estabelecimentos de saúde, na hipótese de
ausência de familiares ou pessoas conhecidas do obituado ou
em razão de exigência de saúde pública, a encaminhar à
coordenação cemiterial do município, para o sepultamento ou
cremação, os corpos sem prévia lavratura do registro civil de
óbito.
Há que se ressaltar que a transmissão do vírus ocorre por meio de
contato pessoal ou com superfícies contaminadas, a partir de gotículas
respiratórias da saliva ou de secreções da tosse ou espirro, as principais
medidas de prevenção, passam por evitar a aglomeração de pessoas e o
contato físico, além de higienização constante.
Além disso, devem ser observadas as recomendações da Organização
Mundial de Saúde (OMS) constantes no Documento “Prevención y control de
infecciones para la gestión segura de cadáveres en el contexto de la COVID-
19”, que versa sobre a prevenção e o controle para o manejo de corpos no
contexto do COVID19, bem como indica a rapidez com que devem ser
realizados os procedimentos até o sepultamento, conforme expresso a seguir:
Preparar y envolver el cadáver para su traslado desde la
habitación del paciente hasta la unidad de autopsia, la
funeraria, el crematorio o el lugar de sepultura
[...]
Hay que envolver el cadáver y trasladarlo lo antes posible al
depósito de cadáveres: – No es necesario desinfectar el
cadáver antes de trasladarlo al depósito; – No es necesario
utilizar bolsas para cadáveres, aunque puede hacerse por otros
motivos (por ejemplo, por una fuga excesiva de líquidos
corporales).1 [Tradução livre: Preparar e envolver o corpo para
transporte do quarto do paciente para a unidade de autópsia,
funerária, crematório ou o local do enterro:
[...] • O cadáver deve ser embrulhado e movido o mais
rápido possível para o necrotério]

Tais recomendações representam as medidas que devem ser tomadas a


nível mundial para que sejam reduzidas as possibilidades de contágio durante
o manejo do corpo e o sepultamento/cremação, bem como reforçam a
peculiaridade e urgência do caso em comento.
Por essa razão é imprescindível que seja expedido ALVARÁ para que o
corpo possa ser sepultado/cremado o mais rápido possível, a fim de atender
as exigências necessárias para que seja um mecanismo de salvaguarda da
saúde pública.

IV DOS PEDIDOS

Ante o exposto, REQUER:

1 A concessão dos benefícios da justiça gratuita e a


observância das prerrogativas processuais da Defensoria
Pública;
2 A dispensa da juntada do instrumento de mandato, bem
como seja esta a defensoria intimada pessoalmente de todos
os atos do processo, contando-se em dobro todos os prazos
(cf. Lei Complementar Federal n° 80/94; Lei Complementar
Estadual n°54/06; CPC/15);
3 A dispensa do requisito do e-mail da parte requerente,
culminando no recebimento da petição inicial, em observância
ao disposto no § 3º do art. 319 do Código de Processo Civil; [se
não houver]

1
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE LA SALUD, OMS. Prevención y control de infecciones para
la gestión segura de cadáveres en el contexto de la COVID-19: orientaciones
provisionales, 2020. Disponível em : https://apps.who.int/iris/handle/10665/331671. Acesso
em: 14 de abr. de 2020.
4 A expedição de  ALVARÁ para o sepultamento/cremação
imediato, do corpo de NOME E SOBRENOME, tendo em vista
a gravidade e os altos índices de contágio da doença;

5 A lavratura do assento de óbito após o


sepultamento/cremação, nos termos do artigo 78 da Lei Nº
6.015/73; [se for o caso]

6 Caso seja necessário, a posterior remessa dos autos ao


titular da referida Vara [se for o caso de plantão].

Protestam provar o alegado por todos os meios admitidos, mormente


pela juntada de documentos.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Cidade, dia, mês e ano.

Atribui-se à causa o valor de R$ X.XXX,XX (valor por extenso) .

Defensor(a) Público(a)

ROL DE DOCUMENTOS

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