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2012 1º

EPIDEMIOLOGIA
SEMESTRE

DEFINIÇÃO.......................................63

HISTÓRIA........................................63
Grécia.........................................63
Idade média...............................63
Idade moderna...........................63
Revolução industrial...................63
Cidades do séc. 19......................63
Avanços recentes.......................63
PERSONALIDADES..........................64
John Snow..................................64
John Graunt................................64

SAÚDE E DOENÇA.............................64

Processo saúde doença..............64


HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA....64
Fase inicial..................................64
Fase patológica pré-clinica........64
Fase clínica.................................65
Fase de incapacidade residual...65
CONCEITO DE PREVENÇÃO.............65
Prevenção primária....................65
Prevenção secundária................65
Prevenção terciária....................65
Conceito de causa......................65
Teoria da unicausalidade.............65
Teoria da multicausalidade.........65

PROCESSO EPIDÊMICO.....................66

Endemia.....................................66
Epidemia....................................66
Pandemia...................................66
Surto epidêmico.........................66
Incidência...................................66
Frequência absoluta....................66
Frequência relativa......................66
Taxa de incidência.......................66
Prevalência.................................67
Casos autóctones.......................67
Casos alóctones..........................67
TEMPO E ESPAÇO...........................68
Tempo........................................68
Distribuição das doenças no tempo68
Variações cíclicas.........................68
Variações sazonais......................68
Tendência histórica.....................68
Variações irregulares...................68

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA..........69

NOTIFICAÇÃO.................................69

SAÚDE PÚBLICA................................70

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)......71

CARACTERÍSTICAS...........................71
Princípios....................................71
Universalidade............................71
Equidade.....................................71
Integralidade...............................71
Organização...............................71

DEFINIÇÃO
Ciência que estuda os padrões de ocorrência de
doenças, em populações humanas, fatores
determinantes, propondo medidas de prevenção
ou controle e erradicação de doenças e
indicadores, que sirvam de suporte ao
planejamento e avaliação da saúde. É uma
disciplina voltada para a compreensão do
processo saúde doença no âmbito de populações,
que tem por objetivo o estudo desses mesmos
processos, mas em termos individuais. Como
ciência, fundamenta-se no raciocínio causal, como
disciplina preocupa-se em desenvolver estratégias
para as ações voltadas para a proteção e
promoção da saúde da comunidade. Ela também
é um instrumento para o desenvolvimento de
políticas no setor da saúde.

HISTÓRIA
Grécia
Na antiguidade, religião politeísta acreditava-se
que a saúde era dádiva e a doença castigo dos
deuses, com o decorrer dos séculos e com o
advento das religiões monoteístas a dádiva da
saúde e o castigo da doença passou a ser da
responsabilidade de um único Deus.
A mais de 2000 anos atrás Hipócrates, foi um
dos primeiros a fazer observações de que os
fatores ambientais influenciavam na ocorrência de
doenças. A Teoria dos Humores diziam que o bem
estar do indivíduo seria mantido entre os quatro
humores: sangue, fleuma, bílis negra e bílis
amarela. Cada um desses quatro humores teria
uma qualidade o sangue quente e úmido, a fleuma
fria e úmida, a bílis negra fria e seca e bílis

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amarela, quente e seca. As doenças deveriam ser
um desequilíbrio entre os humores.

Idade média
Com a desintegração do império romano do
ocidente, no séc. 5 e com a queda de
Constantinopla teve fim o império romano do
ocidente, no séc. 15. A doença mais comum na
época era a Lepra. As pessoas infectadas eram
chamadas de Leprosos e tinham que viverem
afastadas das cidades e proibidos de entrarem
nelas. Outras doenças como sarampo,
tuberculose, disenteria e varíola não tinham cura.
A doença mais temida na idade média era a Peste
Negra, vinda do oriente, matou de 20 a 40% da
população europeia. Na idade média, prevaleceu
a Teorias dos Miasmas, a qual considerava que
a doença era causada por certos odores
venenosos, que se originavam na atmosfera ou a
parti do solo.
PERSONALIDADES
John Snow
Identificou o local de moradia de cada pessoa,
Idade moderna que morreu por cólera em Londres, e notou uma
Teve início após a tomada de Constantinopla, até associação entre a origem da água usada para
seu término com a Revolução Francesa, em 14 de beber e as mortes ocorridas.
julho de 1789. Com o fim do Feudalismo, veia a Ele comparou o número de óbitos por cólera em
formação das cidades e o início da concentração áreas abastecidas por diferentes companhias, e
da população por volta do séc. 17 problemas e verificou que a taxa de morte foi mais alta entre as
sanitários começaram a afligir as cidades. pessoas que consumiam água fornecida por uma
determinada companhia.
Revolução industrial O trabalho de Snow relembra que medidas de
A partir da segunda metade do séc. 18 iniciou-se saúde pública, tais como melhorias nos
a mecanização industrial desviando a acumulação abastecimento de água e saneamento, trazem
de capitais da atividade comercial para o setor de enormes contribuições para a saúde das
produção. Nessa época as cidades cresciam populações.
desordenadas com precários serviços sanitários e
moradias ruins, que facilitavam a proliferação de
doenças. O ambiente das fabricas eram sujos,
escuros e perigosos. As doenças mais comuns
eram a Tuberculose, Cólera, Tifo, Varíola e as
DST´s.

Cidades do séc. 19
Cidades como Londres ou Paris, cresceram sem
planejamento. Elas foram surgindo em torno das
fabricas. As ruas eram estreitas e formavam Figura 1: John Snow (1813-1958) Médico inglês, higienista e
pioneiro na utilização da anestesia. Cresceu em um dos
labirintos, as casas dos operários eram pequenas bairros mais pobre e sujo da cidade.
e miseráveis, grudadas umas as outras, os
cômodos não tinham janelas, não havia serviços John Graunt
públicos básicos de saúde, como água limpa ou Estudou a mortalidade da cidade de Londres,
rede de esgoto. Essas cidades eram feias, sujas, assim como a incidência das suas causas, natural
tristes e seus rios imundos. ou outras, apresentando, em meados do séc. 17,
dados estatísticos sobre o nascimento e mortes,
Avanços recentes apoiados na observação atenta de dados como
Atualmente a epidemiologia é uma disciplina taxas de mortalidade, morbidade e desemprego,
nova e usa métodos quantitativos para estudar a sexo, origem e tamanho das populações.
ocorrência de doenças nas populações humanas
e para definir estratégias de prevenção e controle.

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 Fase inicial ou de suscetibilidade;
 Fase patologica pré-clinica;
 Fase clínica;
 Fase de incapacidade residual.

Fase inicial
Ainda não há doença, mas condições que a
Figura 2: Jonh Graunt (1620-1674)Cientista, demográfico e
favorecem, dependendo da existência de fatores
comerciante de pequenos itens de vestuários. Morreu de de risco ou de proteção, alguns indivíduos estarão
icterícia. mais propensos a determinadas doenças do que
outros. Como exemplo: crianças que convivem
com mães fumantes estão em maior risco de
hospitalização no primeiro ano de vida.

Fase patológica pré-clinica


A doença não é evidente, mas já há alterações
patológicas, como acontece no movimento ciliar
da arvore brônquica reduzido pelo fumo e
contribuindo, para o aparecimento da DPOC.

Fase clínica
SAÚDE E DOENÇA Corresponde ao período da doença com
Para a OMS: saúde é o estado de mais completo sintomas. Ainda no exemplo da DPOC, a fase
bem-estar, mental e social, e não apenas a clínica varia deste os primeiros sinais da bronquite
ausência de enfermidade. Apesar de esse crônica, como aumento da tosse e expectoração,
conceito ser de dificuldade operacional por até o quadro de cor pulmonar alecrônica na fase
requerer uma completa, bem-estar é um horizonte final da doença.
a ser perseguido e norteado da atual
epidemiologia. Doença não pode ser Fase de incapacidade residual
compreendida apenas por meio das medições Por último se a doença não evolui a morte nem foi
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado causada, ocorrem às sequelas da mesma, ou
da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim seja, aquele paciente que iniciou fumando,
os valores e sentimentos expressos pelo corpo posteriormente desenvolveu um quadro de DPOC,
subjetivo que adoece. evolui para a insuficiência respiratória devido a
hipoxemia e passara apresentar severa limitação
Processo saúde doença funcional.
Ele representa o conjunto de relações variáveis,
que produz e condiciona o estado de saúde e CONCEITO DE PREVENÇÃO
doença de uma população, que se modificam O conceito de prevenção é definido como ação
diversos momentos históricos e do antecipada, baseada no conhecimento da história
desenvolvimento cientifico da humanidade. natural a fim de tornar improvável o progresso
posterior da doença. A prevenção apresenta-se
em três fases.
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA
Leavel e Clarck desenvolveram em 1965, o Prevenção primária
modelo da história natural da doença e seus três Seu objetivo é evitar a emergência e
níveis de prevenção, segundo eles a profunda estabelecimento de padrões de vida, que
compreensão da história natural da doença, exige aumentam o risco de desenvolver doenças, com
conhecimento das condições naturais e ações dirigidas à população ou grupo selecionado.
específicas que tais distúrbios aparecem e Suas consequências são os efeitos múltiplos em
persistem. A história natural da doença é o nome várias doenças:
dado ao conjunto de processos interativos  Legislação sobre o álcool;
compreendendo as inter-relações do agente, do  Política anti-tabagismo.
ser suscetível e do meio ambiente que afetam o
processo global e seu desenvolvimento, deste as Prevenção secundária
primeiras forças que criam o estimulo patológico Seu objetivo é a detecção precoce patológico em
no meio ambiente, passando pela resposta do doentes, seu procedimento é o rastreio. Sua
homem ao estimulo, até as alterações que levam consequência é a diminuição da incidência da
a um defeito, recuperação ou morte. doença.
É dividida em quatro fases:  Vigilância da glicemia, da lipidemia.
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 Rastreio de neoplasia.

Prevenção terciária
Seu objetivo é limitar a progressão da doença e
evitar sua reintegração no meio social. Seus
procedimentos são as medicinas curativas e
preventivas estreitamente associadas, suas
consequências é o aumento da capacidade
fundamental do indivíduo:
 Reintegração familiar e social;
 Adaptação de infra-estrutura;
 Educação social;
 Políticas de trabalho.

Conceito de causa
O entendimento das causas das doenças e PROCESSO EPIDÊMICO
agravos à saúde é importante não apenas para a Endemia
prevenção, mas também para o correto É a ocorrência de determinada doença que
diagnóstico e tratamento. O conceito de causa é acomete sistematicamente populações em
fonte de muita controvérsia em epidemiologia. espaços característicos, e determinados no
O processo pelo qual se faz inferência causal, decorrer de um longo período (temporalmente
julgamento ligando possíveis causas e seus ilimitado), e que mantém uma incidência
desfechos, é o principal tema da filosofia geral da relativamente constante, permitindo variações
ciência, tem diferentes significados em diferentes cíclicas e sazonais.
contextos.
Epidemia
Teoria da unicausalidade É a ocorrência numa comunidade ou região de
Reconhece que a causa única e fundamental da casos de natureza parecida, claramente excessiva
doença situa-se fora do organismo humano em reação ao esperado. O conceito usado na
acometido. Surgiu quando o homem não dispunha epidemiologia é uma alteração espacial e
de meios para controlar a Natureza, e buscava as cronologicamente delimitada, do estado de saúde-
causas das doenças em fatores externos, doença de uma população, caracterizada por uma
geralmente de explicação metafísica, que elevação inesperada e descontrolada dos
entrando ou saindo do corpo humano por forças coeficientes de incidência de determinada doença,
sobrenaturais, provocavam distúrbios quase sem ultrapassando valores do limiar epidêmico pré-
qualquer controle pelo próprio homem. estabelecido para aquela circunstância e doença.
A teoria da unicausalidade teve um grande
avanço na chamada era bacteriológica onde Pandemia
através da descoberta dos vários agentes Caracterizado por uma epidemia com larga
etiológicos, principalmente relacionados às distribuição. Se o gráfico atingir mais de um ou de
doenças transmissíveis, explicava o surgimento da um continente. Um exemplo é a epidemia da AIDs
doença. que atinge todos os continentes do planeta.

Teoria da multicausalidade Surto epidêmico


Surgiu nos finais do século passado, porém É a ocorrência de dois ou mais casos
consolidou-se apenas neste, na década de 60, epidemiológicos relacionados, alguns autores
substituindo a teoria unicausal. Coloca que no seu chamam de surto epidêmico, ou surto, a
aparecimento da doença coexistem várias causas. ocorrência de uma doença ou fenômeno restrita a
Estes fatores atuam como somatória de causas, um espaço extremamente delimitado: colégio.
sem que um seja mais importante que o outro. quartel, creches, grupos reunidos numa festa, um
Desta maneira, o social é mais um fator no quarteirão etc.
aparecimento da doença, tanto quanto a
constituição psicobiológica do homem. Incidência
A incidência de uma doença num determinado
local e período é o número de casos nos da
doença que iniciaram no mesmo local e período.

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Traz ideia de intensidade com que acontece uma entre outros, do adequado preenchimento dos
doença numa população, mede a frequência ou registros, da acurácia na determinação da causa
probabilidade de ocorrência de casos nos de básica do óbito, especialmente entre idosos, nos
doença na população. A alta incidência significa quais as taxas de autópsias são frequentemente
alto risco coletivo de adoecer. baixas. Os epidemiologistas utilizam com grande
Coeficiente de incidência= nº de casos de frequência as estatísticas de mortalidade para
determinada doença num dado local e período/ avaliar a carga de doença nas populações e,
população do próprio local e período x 10 também, para avaliar mudanças na ocorrência de
Indica o número de casos novos ocorridos em doenças ao longo do tempo.
certo período de tempo em uma população Letalidade: Relaciona o número de óbitos por
específica. Refere-se à velocidade com que novos determinada causa e o número de pessoas que
eventos ocorrem em uma determinada população. foram acometidas por tal doença. Esta relação nos
Levando em conta o período de tempo em que os dá ideia da gravidade do agravo, pois indica o
indivíduos estão livres da doença, ou seja, em percentual de pessoas que morreram.
risco de desenvolvê-la. Em um estudo realizado Sobrevida: Estimativa da probabilidade de um
nos EUA, foi medida a taxa de incidência de AVC individuo não morrer ou não desenvolver o
em 118.539 mulheres com idade entre 30-55 anos desfecho sob estudo, como uma determinada
que, em 1976, não tinham história de doença doença, ao longo de um intervalo de tempo.
coronariana, acidente vascular cerebral ou câncer. Morbidade: As taxas de mortalidade são
Um total de 274 casos de AVC foi observado ao particularmente úteis na investigação de doenças
longo de oito anos de acompanhamento. A taxa com alta letalidade. Entretanto, muitas doenças
de densidade de incidência de AVC para toda a apresentam baixa letalidade, como, por exemplo,
população foi de 30,2 por100 mil pessoas ao ano a maioria das doenças mentais, doenças
de observação; a taxa foi maior entre as mulheres musculoesqueléticas, artrite reumatoide, varicela e
fumantes do que entre as não fumantes e cachumba. Nessa situação, dados de morbidade
intermediárias entre as ex-fumantes. As medidas são muito mais úteis do que as taxas de
de incidências são: mortalidade. Os dados sobre morbidade são
 Frequência absoluta; frequentemente úteis no entendimento de certas
 Frequência relativa. tendências na mortalidade. Mudanças nas taxas
de mortalidade podem ser decorrentes de
Frequência absoluta modificações no padrão de morbidade ou de
É a variação da incidência de uma determinada letalidade de determinada doença. Por exemplo, o
doença por unidade de tempo, não levando em recente declínio na mortalidade por doenças
consideração o tamanho da população. cardiovasculares em muitos países desenvolvidos
poderia ser decorrente de redução tanto da
Frequência relativa incidência (por melhoria na prevenção) quanto da
É a variação da incidência de uma determinada letalidade (por melhorias no tratamento). Uma vez
doença por unidade de tempo, e tamanho da que as estruturas etárias mudam com o tempo, as
população. análises de tendências temporais deveriam ser
baseadas em taxas de morbidade e mortalidade
Taxa de incidência padronizadas por idade. Outras fontes de dados
É a expressão com que surgem novos casos, ou de morbidade incluem:
problemas de saúde, por unidade de tempo, e  Admissões e altas hospitalares;
com relação ao tamanho de uma determinada  Consultas ambulatoriais e de atenção primária;
população. Variações do conceito de incidência:  Serviços de especialistas (como tratamentos
 Mortalidade; para acidentes);
 Letalidade;  Registros de doenças (como câncer e
 Sobrevida. malformações congênitas).
Mortalidade: Essa variação é usada quando o
evento de interesse é a morte e não o Prevalência
adoecimento. Em muitos países desenvolvidos, os Prevalecer significa ser mais, preponderar,
óbitos e suas causas são registrados nos predominar. A prevalência indica qualidade do que
atestados de óbitos, os quais, também, contem prevalece, prevalência implica em acontecer
informações sobre idade, sexo, data de permanecer existindo num momento considerado.
nascimento e local de residência. Os dados Portanto, a prevalência é o número total de casos
provenientes das estatísticas de mortalidade são de uma doença, existentes num determinado local
afetados por várias fontes de erros, mas, dentro e período.
de uma perspectiva epidemiológica, fornecem
dados valiosos sobre o estado de saúde das
populações. A utilização dos dados depende,

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Casos autóctones do estudo é o de que, nas populações onde a
São autóctones, ou seja, se reproduzem em seus exposição é mais frequente, a incidência e
próprios territórios. O exemplo da gripe suína. mortalidade são as medidas mais usadas para
quantificar a ocorrência de doenças nesse estudo.
Casos alóctones Os estudos ecológicos são conhecidos como
Quem ou que veio de fora é o caso confirmado ESTUDOS DE CORRELAÇÃO é frequente o uso
que foi detectado em um local diferente daquele de dados secundários para os estudos ecológicos,
onde ocorreu a transmissão. pois seria muito dispendioso e demorado realizar
uma pesquisa para obterem-se dados primários
em grandes grupos. O estudo ecológico pode usar
dados primários, quando, por exemplo, o propósito
do estudo é averiguar difusão de doença
infecciosa.

Inquéritos tipo corte-transversal (seccionais)


É um tipo de estudo que examina as pessoas
num determinado momento, fornecendo dados
de prevalência; aplica-se, particularmente, a
doenças comuns e de duração relativamente
longa. Envolve um grupo de pessoas expostas
a determinados fatores de riscos, sendo que
algumas dessas apresentarão desfecho a ser
estudados e outras não. A ideia central do estudo
transversal é que a prevalência da doença deverá
ser maior entre os expostos do que entre os não-
expostos, se for verdade que aquele fator de risco
causa a doença. As VANTAGENS dos estudos
transversal são a rapidez, o baixo custo, a
identificação de casos e a detecção de grupos de
risco, entretanto algumas DESVANTAGENS
existem, como, por exemplo, a da causalidade
reversa, exposição e desfecho são coletados
simultaneamente e frequentemente não se sabe
qual deles precedeu o outro. Nesse tipo de
estudo, episódio de doença com longa duração
estão sob representados e doenças com duração
curta estão sob representadas (o chamado viés
de sobrevivência). Outras DESVANTAGENS é
que se a prevalência da doença a ser avaliada for
muito baixa, o número de pessoas a ser estudada
precisara ser grande. A medida de ocorrência dos
estudos transversais é a medida da prevalência,
expressa da seguinte forma:

nº casos a+c
Prevalência = =
total N
A pesquisa de bronquite crônica, na cidade de
ESTUDOS ECOLÓGICOS Pelotas, no ano de 2000 revelou o seguinte
Abordam áreas geográficas, analisando (dados não-publicado):
comparativamente indicadores globais, quase
sempre por meio de correlação entre variáveis
ambientais (ou socioeconômicas) e indicadores
de saúde. Nos estudos ecológicos, a unidade de
observação é um grupo de pessoas, e NÃO 308
indivíduos, como nos outros tipos de estudos Prevalência = = 15,5%
1985
esses grupos podem ser turmas de alunos em
escolas, fabricas, cidades, países etc. O princípio
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Para obtermos uma melhor estimativa da medida prevalência, ou seja, o método usado para se
de prevalência, usamos a MEDIDA DE fazer avaliação em certo período de tempo ou
INTERVALO DE CONFIANÇA de 95% (IC-95%). um ``recorte no tempo´´, como dia, semana,
Ao estudar-se uma amostra da população, e, não mês ou trimestre. Envolve a observação e
todos os habitantes, a medida da prevalência avaliação de todos os pacientes no período de
pode ter uma variação. No exemplo da bronquite tempo analisado. O método transversal possui
crônica, essa prevalência pode variar de 13,9% a as seguintes características:
17,1% dentro de uma margem de 95% de certeza.  Reduz o tempo necessário á vigilância;
 Baixa eficácia;
 Não fornece índices endêmicos;
IC 95%=P± 1,96 √ (P 1−9)/ N  Dificuldade para identificar surtos;
A medida de efeito comumente usada em estudos  Dificuldade para interpretação dos estados (poucos
transversais, é a razão de prevalência, ou seja, a casos).
expressão numérica da comparação do risco de  Alternativa (c) incorreta: O método
adoecer entre um grupo exposto a um retrospectivo, como o nome já sugere, analisa
determinado fator de risco e um grupo não- a história passada dos doentes. Um aspecto
exposto. marcante neste tipo de método é a analise de
prontuário de pacientes pós-alta hospitalar.
Razão de prevalência = Possui as seguintes desvantagens:
 Dependência da qualidade das informações escritas
Prevalência nos expostos pelos profissionais nos prontuários ou fonte de dados;
Prevalência nos não expostos  Identificação dos pacientes;
Seguindo o mesmo exemplo da bronquite  Demanda muito tempo para a revisão dos prontuários;
 Não detecta o aparecimento de surtos.
crônica:
 Alternativa (d) incorreta: Não constitui um
dos métodos de vigilância epidemiológicas.
 Alternativa (e) incorreta: A vigilância global é
um tipo de vigilância epidemiológica e não um
método de investigação consiste na avaliação
sistemática de todos os pacientes internados
A razão de prevalência entre fumantes e não-
em todas as clínicas do hospital.
fumantes é de:
26,9 %
Razão de prevalência = = 2,7. Estudo de caso controle
9,9 % É um estudo retrospectivo onde se procura
verificar a frequência de um determinado agravo
Ou seja, os fumantes têm 2,7 vezes mais na presença ou ausência de um determinado
bronquite crônica dos que os não-fumantes. fator condicional/determinante (exposição)
distinguindo-se do estudo de coorte pelo fato de
Ex.: 1: Considerando os métodos aplicáveis à que as pessoas foram escolhidas por estar
vigilância epidemiológica, preconizados pelo doentes. Ou seja, no estudo de caso controle o
MS, quanto à ``avaliação de todos os pacientes pesquisador investiga a exposição a determinados
internados no hospital ou numa unidade num fatores no passado por pessoas que possuem
determinado período ou tempo (dia, semana, mês, determinada doença e pessoas saudáveis. O
trimestre) trata-se do MÉTODO: estudo de casos e controles parte do desfecho (do
a. Prospectivo; efeito ou da doença) para chegar a exposição. O
b. Correta: Transversal; grupo, tanto de casos quando de controles, não
c. Retrospectiva; pode ser subgrupos de pessoas, desde que
d. Horizontal; atendam aos critérios de elegibilidade previamente
e. Global. estabelecidos pelo pesquisador.
Resp.: Devemos ler a portaria 2616/98, que em
seu anexo 3 traz os métodos aplicáveis à  Ex.: O proposito do investigador pode ser o estudo de
vigilância epidemiológica; pacientes com asma grave que requeiram
 São indicados os métodos prospectivos, retrospectivos hospitalização. A população de origem dos casos,
e transversais, visando determinar taxas de incidência portanto, é a população de asmáticos, e desta mesma
ou prevalência. população devem originar-se os controles. Os controles
 Alternativa (a) incorreta: O método devem representar a população de onde se originara os
casos, e não a população geral.
prospectivo envolve os seguintes aspectos:
 Monitorar a ocorrência de infecção enquanto o paciente
está internado;  Definição de casos: Necessita de critérios
 Avaliar o grau de risco no momento de sua admissão; objetivos, se o projeto pretende estudar câncer
 Visitar periodicamente o paciente; de pulmão, é preciso que os casos sejam
 Visão global das afecções que afetam o individuo.
confirmados através de laudos
 Alternativa (b) correta: O método transversal
anatomopatológicos, e não casos possíveis ou
é o método usado para estudos de
prováveis. O outro cuidado nesse tipo de
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estudo, refere-se a duração da doença; se os A coorte histórica ou RETROSPECTIVA é
casos estudados forem casos prevalentes na quando a exposição é medida através de
amostra com casos incidentes, não ocorre informações colhidas do assado e o desfecho é
esse problema. medido daquele momento em diante.
 Uma alternativa, se quisermos incluir casos O estudo de coorte é EXCELENTE para avaliar
prevalentes, é estipular que somente poderão várias exposições e doenças ao mesmo tempo;
entrar no estudo casos que tenha sido estão indicados para doenças frequentes e
diagnosticados há, no máximo, por exemplo, doença que levam à seleção dos mais saudáveis
seis meses, e não casos diagnosticados há por outro lado, sendo estudos caros e demorados,
muito tempo. as perdas de acompanhamento podem distorcer o
 Fontes dos controles podem ser: estudo, não servem para doenças raras e as
Controles hospitalares (ou de serviços associações podem ser afetadas por variáveis de
saúde): Pessoas hospitalizadas nos mesmos confusão.
hospitais dos casos, mas com outros
diagnósticos; casos novos
Incidência cumulativa = .
Controles comunitários ou populacionais: as poulação inicial
pessoas são selecionadas da mesma
comunidade de onde se originaram os casos, Densidade de incidência =
de forma aleatória. casos novos
Os estudos de caso-controle têm como .
pessoas( ano emrisco)
VANTAGENS o fato de que são estatisticamente
eficiente, permite testar hipótese, pode ser rápidos
A medida de efeito no estudo de coorte é a razão
e baratos, estudarem doenças raras e comuns e,
de taxa de incidência, comumente referida como
se forem de base populacional, permitirem
risco relativo (RR). O RR pode ser interpretado
descrever a incidência e características da
como ``quantas vezes maior´´ é o risco entre os
doença. A logica do estudo de caso-controle
expostos é 50% maior [(RR-1)x100%] do que
estabelece que se o fator de risco causa a doença
entre os não-expostos quando se estudam fatores
em estudo, o ODDS de exposição entre os casos
de proteção, o RR será menor que um.
será maior do que entre os controles. ODDS e
uma palavra inglesa que se refere q um quociente.  Ex.: O estudo das hospitalizações por pneumonia até
um ano de idade nas crianças da coorte de 1993, em
Estudo de coorte Pelotas, mostrou um risco de 0,20 para as crianças de
O termo coorte tem origem no império romano e classe social mais alta, e relação ás crianças de
classes baixas, o que significa que houve uma
designava unidade do exercito que possuíam redução da incidência de 80% nas hospitalizações por
equipamentos e uniformes homogêneo. O pneumonia nessas crianças [(1-RR)x100%].
estudo de Coorte é um tipo de estudo em que um
grupo de pessoas com alguma coisa em comum Ex.: 1: Com o objetivo de saber se o uso de
(nascimento, exposição a um agente, computador no trabalho acarreta maior incidência
trabalhadores de uma indústria etc.). é do uso do óculos, o médico do trabalho fez um
acompanhado ao longo de um período de tempo projeto de pesquisa em que seriam
para observar-se a ocorrência de um desfecho. acompanhados dois grupos de indivíduos por dez
anos. O estudo era composto por indivíduos que
 Ex.: uma coorte de nascimento pode ser um grupo de não usavam óculos no inicio do estudo sendo um
pessoas que nasceram no mesmo ano, e, a partir daí
grupo composto por odontologistas que não
são acompanhadas por um período para avaliar-se
um desfecho como a mortalidade infantil, as usavam computador na sua atividade de trabalho
hospitalização no primeiro ano de vida, a duração da este tipo de estudo é chamado:
amamentação ou outro desfecho qualquer a. Correta: Coorte;
b. Caso-controle;
Sendo a dimensão tempo a base do estudo de c. Transversal;
coorte, torna-se possível determinar a incidência d. Ensaio clinico;
de doenças. O PRINCIPIO lógico do estudo de e. Ensaio comunitário.
coorte é a IDENTIFICAÇÃO DE PESSOAS Resp.:
SADIAS, a classificação das mesmas em  Alternativa (a) correta: Parte da exposição ao
expostas e não-expostas ao fator de risco e o fator de risco até o desenvolvimento da
acompanhamento destes dois grupos por um doença;
período de tempo suficiente longo para que haja o  Alternativa (b) incorreta: analisa dois grupos
aparecimento da doença. A analise do estudo será (doentes e não doentes)e busca identificar as
a comparação da incidência da doença em estudo causas do aparecimento da doença;
entre os indivíduos expostos e entre os não
expostos. Esse tipo de coorte é o coorte
prospectiva.
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 Alternativa (c) incorreta: Estudo seccional, a informação depende da memoria.
analisa apenas um ponto na linha do tempo. Geralmente, os doentes tendem a ter melhor
Não faz acompanhamento de indivíduos; memoria que os controles, sobre o objeto do
 Alternativa (d) incorreta: Estudo de estudo, além disso, frequentemente nos
intervenção muito usado para o estudo de estudos de casos e controle.
novas drogas;
 Alternativa (e) incorreta: Estudo de Ex.: 4: Dentre os diferentes usos da
intervenção em grupos. epidemiologia, propostas por Morris, incluem-se:
1. Diagnósticos a situação da saúde de uma
Ex.: 3: Sobre as característica dos estudos comunidade;
epidemiológicos, numere a coluna da direita de 2. Identificar possíveis associações causais de
acordo com os tipos de delineamento doenças;
apresentados na coluna da esquerda. 3. Estimar os r individuais e as probabilidades
de adoecer;
4. Avaliar os serviços de saúde.
Desses usos, estão mais vinculados ao
planejamento em saúde.
a. Todos
b. Correta: Somente 1, 3 e 4;
Marque a sequência CORRETA: c. Somente 1, 2 e 4;
a. 4-1-3-4-3-1; d. Somente 1 e 4;
b. Correta: 2-1-1-3-4-2; e. Somente 3 e 4.
c. 2-4-1-3-2-3;
d. 1-3-4-1-1-2. Ex.: 5: A epidemiologia é uma prática da saúde
Resp.: pública com aplicadores diferenciados, tais como
Alternativa 1: Os estudos de Caso-controle exceto:
são úteis para avaliação de risco de doenças a. Avaliar o quanto os serviços de saúde
raras porque já partem do desfecho. O respondem aos problemas e necessidades das
pesquisador identifica os casos-controles e populações;
com o estado é avaliado se uma exposição b. Testar a efetividade e o impacto de estratégia
está associada a esse desfecho. No caso de de intervenção que controlam, previnem e
doenças raras, essa modulagem é a ideal, tratam os agravos de saúde na comunidade;
pois já se tem os desfechos. c. Prever tendências;
Alternativa 2: A incidência É a fração de um d. Incorreta: Identificar apenas fatores de risco
grupo de pessoas que inicialmente não de forma isolada;
possuía a doença e que desenvolve num e. Descrever o aspecto clinico da doença e sua
determinado período de tempo. Refere-se história natural.
então a novos casos de uma doença que
aparecem numa população os estudos de Ex.: 6: A epidemiologia visa ao estudo da
coorte, como são estudos longitudinais, de frequência e distribuição dos eventos relacionados
acompanhamento; à saúde a seus determinantes. A respeito desse
Alternativa 3: Os estudos de coorte como são assunto, analise as afirmações abaixo:
estudos longitudinais e avaliam as 1. A epidemiologia permite realizar o diagnóstico
associação em risco de forma simultânea de de saúde de uma população;
varias exposições; 2. O objetivo principal dessa ciência é o estudo
Alternativa 4: Estudos investigativos clínicos das epidemias e sua propagação;
epidemiológicos ou experimentais 3. Estudos epidemiológicos não permitem
objetivam descrever fenômenos ou comparar conhecer a história natural de uma doença.
o comportamento de variáveis em subgrupos Após análise das afirmações acima podemos
de uma população. Para tanto, não se realiza concluir que:
o estudo de todo o universo populacional, a. Todas estão corretas;
usualmente porque não é necessário quando b. Corretas: Apenas 1 está correta;
se dispõe de uma amostra representativa c. Apenas 1 e 2 estão corretas;
para a realização de inferências à população d. Apenas 2 e 3 estão corretas.
alvo;
 Alternativa 5: O estudo transversal pode ser
usado como um estudo analítico, ou seja, para
avaliar hipóteses de associações entre
exposição ou característica e eventos;
 Alternativa 6: O viés de memória é
característica dos estudos retrospectivos, pois
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TEMPO E ESPAÇO
O processo saúde doença em nível coletivo
consiste em buscar distribuir a ocorrência do
problema, segundo as suas características
representadas por uma ou mais de uma variável
circunstancial. Análise de padrões da distribuição
das doenças e de seus determinantes nas
populações, no espaço e no tempo é fundamental
na epidemiologia.

Tempo
O conhecimento da evolução temporal pode
predizer a sua ocorrência futura. Avaliação da
evolução temporal antes e após uma intervenção
pode mostrar a efetividade das ações instituídas.

Distribuição das doenças no tempo


Fornece inúmeras informações fundamentais
para a compreensão, previsão, busca etiológica,
prevenção de doenças e avaliação do impacto de
intervenções em saúde. Conhecimento da
evolução temporal de uma determinada doença. É
possível criar modelos de predição de sua
ocorrência futura, séries temporais. Avaliação da
evolução temporal de uma doença antes e após
uma intervenção pode mostrar a efetividade
daquela medida.

11
A vigilância epidemiológica das doenças evolução temporal de uma doença obedece a um
transmissíveis é feita a partir de um padrão esperado ou apresenta alguma
acompanhamento temporal das doenças. A irregularidade.
análise de um conjunto de observações
sequenciais no tempo pode conter flutuações
aleatórias, além de quatro componentes
principais:
 Tendência histórica;
 Variações cíclicas;
 Variações sazonais;
 Variações irregulares.

Variações cíclicas
Flutuações na incidência de uma doença
ocorridas em um período maior que um ano. ex.
em grandes populações suscetíveis, o sarampo
tende a ter um aumento na incidência a cada três
anos. Esse processo pode ser explicado pelo
nascimento de crianças suscetíveis, cujo acúmulo
vai provocar um aumento progressivo no número
de casos da doença.

Variações sazonais
Variação na incidência de uma doença, cujos
ciclos coincidem com as estações do ano.Essa
variação ocorre dentro de um período de um ano.
Ex. sarampo, rubéola, IRA etc. A variação sazonal
depende de um conjunto de fatores, tais
como,radiações solares, temperatura, umidade do
ar, precipitação, concentração de poluentes no ar
etc.

Tendência histórica VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA


O estudo da tendência histórica se refere à A expressão vigilância epidemiológica passou a
análise das mudanças na frequência (incidência, ser aplicada ao controle das doenças
mortalidade, etc.) de uma doença por um longo transmissíveis na década de 50 para designar
período de tempo, geralmente décadas. uma série de atividades subsequentes, à etapa do
Não existe um critério rígido para definição do ataque da campanha de erradicação da malaria,
tempo mínimo de observação necessário para indo a designar uma de suas fases constitutivas;
detectar alterações na evolução da doença. As primeiras intervenções estatais no campo da
prevenção e controle de doenças desenvolvidas
sob bases científicos modernas datam do inicio do
séc. 20 e foram orientados pelo avanço da era
bacteriológica e pela descoberta dos ciclos
epidemiológicos de algumas doenças infecciosas
e parasitárias. Essas intervenções consistiram na
organização de grandes campanhas sanitárias
com vistas ao controle de doenças que
comprometiam a atividade econômica, a exemplo
Tabela 1: ilustra a tendência histórica das taxas de
mortalidade da tuberculose padronizadas por idade para a da febre amarela, peste e varíola. As campanhas
cidade de São Paulo. valiam-se de instrumentos precisos para o
A análise da tendência histórica de uma doença diagnósticos de casos, combate a vetores,
deve levar em consideração as possíveis imunização e tratamento em massa com
modificações nos critérios diagnósticos, na fármacos, dentre outros.
terminologia da doença, nas taxas de letalidade, A vigilância epidemiológica deve fornecer
etc. orientação técnica permanente para os
profissionais de saúde que tem a responsabilidade
Variações irregulares de decidir sobre a execução de ações controles de
Alterações inusitadas na incidência das doenças, doenças e agravos, bem como dos fatores que a
diferente do esperado para a mesma. Através de condicionam, numa área geográfica definida. A
técnicas estatísticas é possível conhecer se a
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vigilância epidemiológica constitui-se importantes
instrumentos para o planejamento, organização e
operacionalização dos serviços de saúde, bem
como a normatização das atividades técnicas
correlatos.

NOTIFICAÇÃO
É a comunicação da ocorrência de determinada
doença ou agravo à saúde, feita a autoridade
sanitária por profissionais de saúde ou qualquer
cidadão, para fins de adoção de medidas de
intervenção pertinentes.
A notificação compulsória tem sido a principal
fonte de vigilância epidemiológica, a partir da qual,
se desencadeia o processo informação-decisão-
ação, a listagem das doenças de notificação
nacional é estabelecida pelo ministério da saúde,
entre as considerações de maior relevância
sanitária para o país.
A escolha dessas doenças obedece a alguns
critérios, razão pela qual essa lista é
periodicamente revisada, tanto em função da
situação epidemiológica da doença, como pela
emergência de novos agentes, por alterações no
regulamento sanitário internacional e também
devido acordos multilaterais entre países. Os
dados coletados sobre as doenças de notificações
em computadores são incluídos no sistema
nacional de agravos notificáveis (SINAN).

Estados e municípios podem adicionar à lista


outras patologias de interesse regional ou local,
justificada a sua necessidade e definida os SAÚDE PÚBLICA
mecanismos operacionais correspondentes. Todas as pessoas têm direito a um nível de vida
suficiente para assegurar a sua saúde, o seu bem-
estar e o de sua família, especialmente para a
alimentação, o vestuário, a moradia, a assistência
médica e para os serviços sociais necessários.
(art. 25 da declaração universal dos direitos
humanos).
O art. 196 da CF estabelece que: a saúde é
direito de todos e dever do estado, garantindo
mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal igualitário e de
outros para sua promoção, proteção e
recuperação.

13
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Com o fim da ditadura e o início do processo de
redemocratização do país, grupos de sanitaristas,
insatisfeitos com os avanços alcançados com as
mudanças, e influenciados por profissionais que
estiveram em ações relacionadas à pedagogia e
aos movimentos populares e socialistas da
América Latina, intensificaram a discussão em
busca de novos paradigmas para nortear as
programações de saúde e educação e procuraram
dar uma nova dimensão às políticas públicas do
setor saúde, focalizando os determinantes sócios
históricos do processo saúde-doença.
O movimento de renovação da saúde pública,
naquele momento, foi denominado de Reforma
Sanitária Brasileira dos anos de 1980 e teve
como consequência o estabelecimento do SUS,
como sistema público de saúde, adotado pela
Constituição Federal de 1988 e regulamentado
pelas Leis nº 8.080 /1990 e nº 8.142 /1990.
Profissionais da saúde envolvidos com o
movimento sanitário empenharam-se em
estabelecer programas conjuntos com os outros
ministérios e outros setores da sociedade.
Entretanto, se inicialmente a Reforma não
concretizou suas propostas, permitiu uma série de
mudanças. Vários progressos foram feitos na
perspectiva do SUS: descentralizaram-se as
decisões de saúde, favorecendo o

14
desenvolvimento de um Movimento Municipalista atenção maior aos problemas de saúde de cada
de Saúde liderado pelos Secretários Municipais de região, favorecendo as ações de vigilância
Saúde, fortalecendo a participação e controle sanitária e epidemiológica e a educação em
social da população nas questões de saúde e saúde.
ampliando conceitos e práticas de saúde. Uma outra questão da organização do sistema
está na descentralização político-administrativa,
CARACTERÍSTICAS enfatizada na forma da municipalização dos
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um modelo de serviços e ações de saúde, que significa
assistência à saúde com o objetivo de promoção, redistribuição de poder, competências e recursos
proteção e recuperação da saúde. O SUS é em direção aos municípios, para que ele exerça o
definido como ÚNICO porque segue os mesmos seu papel de gestor, para organizar ações de
princípios em todo o território nacional; está sob a vigilância à saúde, com a participação dos
responsabilidade dos governos federal, estadual e profissionais de saúde, dos usuários, de entidades
municipal. e movimentos da sociedade civil, atuando no
o SUS é formado pelo conjunto de todas as ações reconhecimento da realidade que se pretende
de serviços de saúde prestados por órgãos e mudar e na definição de prioridades. Aos
instituições públicas federais, estaduais e municípios deve caber a promoção das ações de
municipais, da administração direta e indireta e saúde diretamente voltadas aos cidadãos.
das fundações mantidas pelo poder público. a
iniciativa privada é permitida participar desse
sistema de maneira complementar.

Princípios
seus princípios apontam para a democratização
nas ações e nos serviços de saúde deixam de ser
restritas e passam a ser universais, da mesma
forma, deixam de ser centralizadas e passam a
nortear-se pela descentralização. Três princípios
norteiam o SUS:

Universalidade SUS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


A saúde é concebida como direito de todo e Como forma de melhor aproveitar os recursos
qualquer cidadão e como um dever do Estado. humanos e financeiros foi instituido na CF
promulgada em 1988 o SUS, que engloba vários
Equidade niveis. no art. 6º, da CF vemos que são direitos
As diferenças individuais (econômicas e sociais) sociais a educação, a saúde, o trabalho, a
não podem apresentar impedimentos para o moradia, o lazer, a segurança, a previdência
consumo de bens e serviços de saúde. social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados.
Integralidade No art. 196 da CF encontramos que a sáude é
O homem deve ser visto como um ser integral, direito de todos e dever do estado, garantido
portanto as ações de saúde não podem ser mediante politicas sociais e economicas que
compartimentalizadas, mas sim conjugadas de visem à redução do risco de doença e de outros
promoção, proteção e recuperação da saúde. agravos e ao acesso universal e igualitario às
ações e serviços para a sua promoção, proteção e
Organização recuperação. são de relevância pública as ações e
Quanto à organização, os serviços de saúde os serviços de saúde, cabendo ao poder público
devem ser dispostos em uma área geográfica dispor, nos termos da lei, sobre sua
delimitada, com uma população definida. As regulamentação, fiscalização e controle, devendo
unidades devem ser organizadas em níveis de sua execução ser feita diretamente ou através de
complexidade crescente e a “porta de entrada” da terceiros e, também, por pessoa física ou juridicos
população para a rede de serviços deve ser de direito privado.
através das unidades de nível mais elementar, ou As ações de serviços públicos de saúde integram
seja, os Centros de Saúde e as Unidades de uma rede regionalizada e hierarquizada e
Emergência. Os problemas que não puderem ser constituem um sistema único, organizado de
resolvidos nestas unidades devem ser acordo com as seguintes diretrizes:
encaminhados aos serviços de maior  Descentralização, com direção única em
complexidade do Sistema. Esta forma de cada esfera do governo;
organização, regionalizada e hierarquizada por
nível de complexidade crescente, permite uma

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 Atendimento integral, com prioridade para
atividades preventivas, sem prejuizo dos
serviços assistrencia;
 Participação da comunidade.
O SUS será financiado, nos termos do art. 195,
com recursos de orçamento da seguridade social,
da união0, dos estados, do DF e dos municipios,
além de outras fontes. a união, os estado, o DF e
os munícipios aplicarão, anualmente, em ações e
serviços públicos de saúde recursos minimos
derivados da aplicação de percentuais calculados
sobre receitas governamentais.
em relação à participação das empresas privadas,
o art. 199 da CFF estabelece que a assistência à
saúde é livre à iniciativa privada. as instituições
privadas poderão participar de forma
complementar aos SUS, seguindo as diretrizes
deste, mediante contrato de direito público ou
convênio, tendo preferencia as entidades
filantrópicas e os sem fins lucrativos.
é vetada a destinação de recursos públicos para
auxiliar ou subvenções às instituição privadas com
fins lucrativos é vedada também a participação
direta ou indireta de empresa ou capitais
estrangeiros na assistância a saúde no pais, salvo
nos casos previsto em lei.

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