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Aula 04

Direito Administrativo p/ Magistratura Estadual 2018 (Curso Regular)

Renato Borelli

71173739890 - Laura Alice Duarte


Renato Borelli
Aula 04

AULA 04

Juiz de Direito – Curso Regular

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Sumário
Direito Administrativo Para Concursos ....................................................................................................... 2
1 - Introdução ................................................................................................................................................................ 3
2 - Poderes Administrativos ................................................................................................................................ 4
2.1 - Poder vinculado .......................................................................................................................................... 5
2.2 - Poder discricionário .................................................................................................................................. 6
2.3 - Poder hierárquico ...................................................................................................................................... 8
2.4 - Poder disciplinar ...................................................................................................................................... 13
2.5 - Poder regulamentar .............................................................................................................................. 18
2.6 - Poder de polícia........................................................................................................................................ 27
3 - Deveres Administrativos............................................................................................................................. 46
3.1 - Dever de agir ............................................................................................................................................. 46
3.2 - Dever de eficiência ................................................................................................................................ 46
3.3 - Dever de prestar contas ................................................................................................................... 47
3.4 - Dever de probidade .............................................................................................................................. 47
4 - Mais questões de prova .............................................................................................................................. 48
5 - Resumão da nossa aula .............................................................................................................................. 82
6 - Questões comentadas em aula ............................................................................................................. 86
7 - Gabarito .................................................................................................................................................................103
8 – Referências bibliográficas .......................................................................................................................104

Direito Administrativo Para Concursos


Olá, futuros Magistrados!

Na aula de hoje estudaremos os Poderes Administrativos e


seguiremos o sumário acima indicado.

Ótima leitura e até o próximo encontro.

Ahh... Ficou com dúvida(s)? Mande-me um e-mail:


rcoelhoborelli@gmail.com.

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1 - Introdução
Para que o Estado alcance seus fins, o ordenamento jurídico confere
aos agentes públicos algumas prerrogativas também denominadas
poderes administrativos.
Tais poderes são considerados instrumentais, uma vez que são
concedidos com o único objetivo de possibilitar a consecução de interesses
públicos, sendo atribuídos na exata medida reputada necessária para
tanto.
Atenção: não devemos confundir os poderes administrativos com os
Poderes do Estado. Esta última expressão serve para designar os órgãos
estruturais do Estado (Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário), na
clássica divisão proposta por Montesquieu.
Outro aspecto a ser realçado é que, justamente por se caracterizar
como instrumento vinculado à concretização do interesse público, que é
indisponível, o exercício dos poderes administrativos não se constitui em
mera faculdade para o agente público, devendo ser considerado
verdadeiro poder-dever.
Assim, sempre que a consecução de um fim público depender da
utilização de uma prerrogativa legalmente atribuída a um agente público,
este não deve deixar de fazê-lo, sob pena de responder por omissão.
Sintetizando essa lição, a doutrina afirma que são características dos
poderes administrativos:
I - A irrenunciabilidade; e
II - A obrigatoriedade de exercício pelos seus titulares.

Por outro lado, apesar de se admitir que o Estado atue no


ordenamento jurídico cercado de privilégios, há de se reafirmar que o
exercício do poder estatal é limitado, devendo guardar consonância
com os direitos e garantias individuais, sendo comum a afirmativa
segundo a qual o Estado pode muito, mas não pode tudo.
Como contrapartida aos poderes administrativos (bônus), o
ordenamento jurídico estabelece deveres administrativos (ônus), em
uma clara comprovação da máxima que afirma ser o regime jurídico-

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administrativo composto de um conjunto de prerrogativas e sujeições,
conforme detalharemos a seguir.

2 - Poderes Administrativos
Consoante mencionamos, os poderes administrativos são
prerrogativas concedidas aos agentes públicos para habilitá-los à
incessante busca de fins públicos.
O saudoso professor Hely Lopes Meirelles enumera a existência dos
seguintes poderes administrativos:
1) poder vinculado;
2) poder discricionário;
3) poder hierárquico;
4) poder disciplinar;
5) poder regulamentar; e
6) poder de polícia.

A distinção entre poder discricionário e poder vinculado diz


respeito à existência ou inexistência de algum grau de liberdade para os
agentes públicos avaliarem a conveniência, a oportunidade e o conteúdo
da prática de um ato administrativo.
O poder hierárquico, por sua vez, é uma decorrência da forma
como se organiza a Administração Pública, havendo agentes ou órgãos
cujas atuações se encontram subordinadas a outros agentes ou órgãos
superiores.
Já o poder disciplinar é relativo à possibilidade de punição interna
das infrações funcionais dos servidores públicos e das demais pessoas que
se vinculam à Administração.
Por sua vez, o poder regulamentar é atinente à faculdade que tem
o Chefe do Poder Executivo de expedir decretos que, em regra, possuem
apenas a finalidade de explicar a lei.
Por fim, o poder de polícia é destinado a disciplinar, restringir ou
condicionar o exercício dos direitos individuais em prol dos interesses
coletivos.

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Sendo os poderes administrativos um conjunto de privilégios
concedidos pelo ordenamento jurídico aos agentes públicos, fica fácil
perceber que os denominados poderes vinculado e discricionário não são
na realidade poderes autônomos, constituindo-se, tão somente, em grau
de liberdade desfrutado pelos agentes públicos no exercício das
competências administrativas, inclusive daquelas em que há a
manifestação dos demais poderes administrativos.

O poder vinculado não existe como poder


autônomo; em realidade, ele configura atributo
de outros poderes ou competências da
Administração Pública.

Não obstante as ressalvas feitas anteriormente, em concursos


públicos têm sido frequentes as questões que tratam os aspectos da
vinculação e da discricionariedade administrativa da maneira exposta pela
doutrina tradicional, ou seja, como verdadeiros poderes.
Assim, nesta aula seguiremos a classificação proposta pela doutrina
tradicional, de modo a incluir a vinculação e a discricionariedade no rol
dos poderes administrativos.
Feita esta introdução, passemos a analisar de forma mais detida cada
um dos citados poderes administrativos.

2.1 - Poder vinculado


Há casos em que a Administração tem o dever de agir de
determinada forma, sendo-lhe vedada qualquer análise quanto à
conveniência ou oportunidade dos atos a serem praticados. Nessas
situações, é mínima a margem de decisão de que goza o administrador e
diz-se que ele está agindo de maneira vinculada.
O impropriamente denominado “poder vinculado” é, assim, o maior
exemplo da expressão poder-dever, pois no seu uso a Administração não
apenas pode, mas deve agir quando se depara com as situações que
ensejam sua atuação. A palavra poder aparece no sentido de prerrogativa
de uso compulsório, e não no intuito de demonstrar uma possibilidade.

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Em palavras menos congestionadas, podemos dizer que poder vinculado


(ou regrado) é aquele que a Administração utiliza na prática de atos
administrativos vinculados ou regrados.

O ato administrativo vinculado é aquele cujos elementos e requisitos


necessários à formalização são determinados pela lei, não permitindo que
autoridade decida o seu conteúdo ou exerça qualquer juízo de
conveniência e oportunidade quanto à sua produção. É o caso, por
exemplo, do agente de trânsito que, atuando nesta qualidade, presencia
uma infração de trânsito. Ele tem o poder-dever de multar o infrator, não
podendo analisar se é ou não conveniente, se é ou não oportuna a
autuação. Não lhe cabe verificar se as condições financeiras do infrator lhe
permitem pagar a multa sem prejudicar a subsistência familiar; seu
poder-dever impõe-lhe uma ação: punir o infrator.

2.2 - Poder discricionário1


Há casos em que a Administração tem liberdade para decidir como e
quando agir. São situações em que é lícito ao administrador decidir sobre
a conveniência e a oportunidade para praticar determinados atos. Nesses
casos, afirmamos que a Administração está fazendo uso do poder
discricionário, que é aquele que possibilita à Administração praticar
atos administrativos discricionários.
A título de exemplo, imaginemos que uma lei disponha que,
verificando-se que um estabelecimento comercial pôs à venda mercadoria
imprópria para o consumo humano ou com prazo de validade

1 Em recente aprovado pelo CEBRASPE, o TRF5, no concurso para preenchimento de cargos de juiz
federal substituto, cobrou o seguinte tema na dissertação: DISCRICIONARIEDADE
ADMINISTRATIVA E CONTROLE JURISDICIONAL.
Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
Discricionariedade: ideia, natureza e características.
Discricionariedade e elementos do ato administrativo. Autovinculação.
Discricionariedade e conceitos jurídicos indeterminados.
Discricionariedade e atividade técnica.
Controle jurisdicional da discricionariedade.
Discricionariedade e improbidade administrativa.

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ultrapassado, a autoridade fiscal competente deve aplicar multa e/ou
interditar o estabelecimento infrator.
Nessa situação hipotética, a autoridade estaria vinculada quanto ao
poder-dever de punir, mas poderia decidir discricionariamente entre as
punições estabelecidas em lei, estando, quanto ao conteúdo da punição,
no uso do poder discricionário.
Conforme lições do saudoso mestre Hely Lopes, a discricionariedade é
sempre relativa e parcial, porque, quanto à competência, à forma e à
finalidade do ato, a autoridade está subordinada ao que a lei dispõe, como
para qualquer ato vinculado.
O ato administrativo é constituído por cinco elementos (requisitos de
validade): competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Segundo a
doutrina tradicional, a discricionariedade, quando existente, residirá
apenas nos elementos motivo e objeto, que constituem o núcleo do que a
doutrina chama de mérito do ato administrativo. O mérito do ato é a
valoração dos motivos e a escolha de seu objeto. Os demais
elementos do ato administrativo discricionário (competência, finalidade e
forma) serão sempre vinculados (subordinados à lei).
Embora o poder discricionário confira certa liberdade à autoridade
pública para decidir sobre o aspecto meritório (motivo e objeto) do ato
administrativo, é certa também a possibilidade do controle judicial
sobre os excessos praticados no aparente uso da
discricionariedade administrativa. Para tanto, têm sido aplicados os
princípios da finalidade pública, da razoabilidade e da
proporcionalidade, sendo considerados ilegais os atos administrativos
que não os respeitem.
Nesse ponto a tradicional doutrina administrativista sempre advogou
a impossibilidade de controle judicial dos aspectos discricionários de um
ato administrativo. Há casos, contudo, em que a autoridade administrativa
pratica atos que, a rigor, estariam dentro das balizas legais, mas traindo a
própria vontade da lei (mens legis), de forma a contrariá-la e, portanto,
incidir em ilegalidade.
A título de exemplo, no caso em que a exposição à venda de
mercadoria imprópria para o consumo humano ou com prazo de validade
vencido pudesse gerar multa e/ou interdição do estabelecimento - o que
pretende tal lei? Certamente, possibilitar que a autoridade administrativa

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sopesasse as infrações, verificando a gravidade e o grau de culpabilidade
do infrator. Na esteira desse raciocínio, suponhamos que a autoridade, em
procedimento de fiscalização de hipermercado que jamais cometera
infração semelhante, descubra um frasco de iogurte com prazo de
validade ultrapassado em um dia e, utilizando a discricionariedade legal,
aplique ao infrator multa e interdite o estabelecimento. Fica fácil perceber
a falta de proporcionalidade entre a pequena infração cometida e a
aplicação cumulativa das penas. Quando a lei fornece margem para que a
autoridade tome decisões, não está autorizando que ela o faça de maneira
contrária ao bom senso, devendo a atuação administrativa ser analisada à
luz dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Atos como o exemplificado anteriormente, por contrariarem a própria
vontade da lei a pretexto de aplicá-la, são também considerados ilegais,
mesmo tendo sido aparentemente praticados dentro dos
==110463==
limites
legalmente estabelecidos. Por isso, cabe ao Judiciário, ou à própria
Administração, proclamar-lhes a nulidade.

2.3 - Poder hierárquico


O poder hierárquico é aquele conferido à autoridade administrativa
para distribuir e escalonar funções de seus órgãos, estabelecendo
uma relação de coordenação e subordinação entre os servidores sob
sua chefia.
A estrutura organizacional da Administração se baseia em dois
pressupostos fundamentais: distribuição de competências e
hierarquia.
Em razão da amplitude das competências e das responsabilidades da
Administração, seria impossível que toda a função administrativa fosse
desempenhada por um único órgão ou agente. Por isso, faz-se necessário
distribuir essas competências e atribuições entre os vários órgãos e
agentes que fazem parte da Administração.
Contudo, para que essa divisão de tarefas ocorra harmoniosamente,
os órgãos e agentes públicos são organizados em graus
hierárquicos, de forma que o agente que está no plano superior emita
ordens e fiscalize a atuação dos seus subordinados. Essa relação de
subordinação (hierarquia) acarreta algumas consequências, como o
dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de o superior

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delegar ou avocar atribuições e, também, a de rever os atos dos seus
subordinados.
Ressaltamos que o dever de obediência do subordinado não o obriga
a cumprir as ordens manifestamente ilegais (aquelas que ao senso
comum se evidenciam contrárias à lei) emanadas de seu superior
hierárquico. Além disso, o subordinado tem o dever funcional de
representar contra o seu superior quando este agir com ilegalidade,
omissão ou abuso de poder (art. 116, XII, da Lei nº 8.112/1990).
A delegação de atribuições, uma das manifestações do poder
hierárquico, é o ato de conferir a outro servidor atribuições que,
originalmente, eram de competência da autoridade delegante. De acordo
com Hely Lopes Meirelles, a delegação de atribuições se submete a
algumas regras, quais sejam:
1) Não é possível a delegação de atribuições de um Poder a outro,
salvo quando expressamente autorizado pelo texto
constitucional, o que ocorre, por exemplo, quando a
Constituição Federal autoriza o Legislativo a delegar ao Chefe
do Executivo a edição de lei, justamente por isso denominada
“lei delegada” (ex.: CRFB, art. 68);
2) Não é possível a delegação de atos de natureza política (ex.:
veto e sanção de lei);
3) Não podem ser delegadas atribuições que a lei fixar como
exclusivas de determinada autoridade;
4) A delegação não pode ser recusada pelo subordinado;
5) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a expressa
autorização do delegante.

A Lei nº 9.784/1999 (que trata do processo administrativo federal)


estabeleceu as seguintes regras relativas à delegação de competência:
1) A competência é irrenunciável, mas pode ser delegada se não
houver impedimento legal;
2) A delegação de competência é sempre parcial, uma vez que um
órgão administrativo ou seu titular não poderão delegar todas
as suas atribuições;
3) A delegação pode ser feita para órgãos ou agentes
subordinados hierarquicamente (delegação vertical) e também

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para órgãos e agentes não subordinados hierarquicamente
(delegação horizontal);
4) Não podem ser objeto de delegação:
a. a edição de atos de caráter normativo;
b. a decisão de recursos administrativos; e
c. as matérias de competência exclusiva do órgão ou
autoridade;
5) O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no
meio oficial;
6) O ato de delegação especificará as matérias e os poderes
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os
objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
ressalva de exercício da atribuição delegada;
7) O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
autoridade delegante (transferência de atribuições não
definitiva);
8) As decisões adotadas por delegação devem mencionar
explicitamente esta qualidade e serão consideradas editadas
pelo delegado.

A avocação é o procedimento inverso ao da delegação de


competência; ocorre quando o superior assume ou passa a
desempenhar as atribuições que eram originalmente de seu
subordinado. Segundo a doutrina, a regra é a possibilidade de
avocação pelo superior de qualquer competência do subordinado,
desde que a competência a ser avocada não seja privativa do
órgão subordinado.
A Lei nº 9.784/1999 estabelece que a avocação das competências do
órgão inferior somente será permitida em caráter excepcional e
temporário, devendo, para isso, haver motivos relevantes devidamente
justificados. Tal imposição legal se explica pelo fato de que a avocação
significa um desprestígio para o subordinado e, não raras vezes,
desestabiliza o normal funcionamento do serviço.
Como consequência do poder hierárquico, o superior também pode
rever os atos dos seus subordinados, para mantê-los, convalidá-los ou
desfazê-los, de ofício ou mediante provocação do interessado. A
convalidação consiste em suprir o defeito de um ato administrativo

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por meio de um segundo ato, tornando válido o ato viciado. Já o
desfazimento do ato administrativo pode ocorrer de duas maneiras:
(a) por revogação (quando a manutenção do ato válido se tornar
inconveniente ou inoportuna); ou
(b) por anulação (quando o ato apresentar vícios).

Entretanto, o uso do poder hierárquico nem sempre possibilita a


invalidação, pela autoridade superior, dos atos praticados por seus
subordinados. Conforme lição da doutrina, a revisão hierárquica
somente é possível enquanto o ato não se tornou definitivo para a
Administração ou não criou direito subjetivo para o particular.
É preciso tomar cuidado para não confundir “revisão” do ato
administrativo com “reconsideração” desse mesmo ato. A primeira
expressão, como foi visto, é atinente à avaliação pela autoridade superior
quanto à manutenção ou não de ato praticado por seu subordinado, cujo
fundamento é o exercício do poder hierárquico. Na reconsideração, a
apreciação quanto à manutenção do ato administrativo é feita pela própria
autoridade que produziu o ato, não havendo, portanto, manifestação do
poder hierárquico.
Deve ser ressaltado, também, que a relação de hierarquia é
peculiar à função administrativa, não existindo hierarquia entre os
membros do Poder Legislativo e Judiciário no desempenho de suas
funções típicas constitucionais (funções institucionais). Contudo, deve
ficar claro que os membros dos Poderes Judiciário e Legislativo também se
submetem à relação de hierarquia quando se tratar do exercício de
funções atípicas ou administrativas. Por exemplo, um juiz não está
obrigado a adotar o posicionamento do Presidente do Tribunal no
julgamento de um processo de sua competência (exercício de função
típica constitucional – função jurisdicional), mas está obrigado a cumprir
ordens daquela autoridade quando versarem sobre o horário de
funcionamento dos serviços administrativos da sua Vara.
Por fim, é importante não confundir subordinação com
vinculação administrativa. A subordinação é uma decorrência do poder
hierárquico e somente existe no âmbito da mesma pessoa jurídica, ou
seja, verifica-se entre os órgãos e agentes de um mesmo ente. Já a

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vinculação é resultante do poder de supervisão ou de tutela que a
Administração Direta exerce sobre as entidades da Administração Indireta.

Questão 01 (MPE-SP, MPE-SP, Promotor de Justiça Substituto, 2017 -


Adaptada) Julgue o item a seguir
( ) A autoridade competente para a prática de um ato administrativo tem sempre,
em razão de seu poder hierárquico, a possibilidade de delegação e avocação.

Comentário:
Nem sempre os atos administrativos podem ser avocados ou delegados, conforme
se denota do art. 13 e 15 da Lei nº 9.784/99:
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
___
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes
devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.

Gabarito: Incorreta.

Questão 02 (CEBRASPE, PG-DF, Procurador, 2013) Acerca dos atos de


improbidade administrativa e dos poderes administrativos, julgue os itens que se
seguem.
( ) Se, fundamentado em razões técnicas, um secretário estadual delegar parte de
sua competência relacionada à gestão e à execução de determinado programa
social para entidade autárquica integrante da administração pública estadual, tal
procedimento caracterizará exemplo de exercício do poder hierárquico mediante o
instituto da descentralização.

Comentário:
Não caracteriza exercício do poder hierárquico, mas tão somente descentralização,
haja vista que as entidades da administração indireta vinculam-se - e não se

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subordinam - à administração direta. Acham-se, por assim dizer, adstritas ao
controle finalístico ou supervisão ministerial.

Gabarito: Incorreta.

2.4 - Poder disciplinar


O poder disciplinar autoriza à Administração Pública a apurar
infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e às demais
pessoas sujeitas à disciplina administrativa em razão de um
vínculo específico. Dessa forma, somente está sujeito ao poder
disciplinar aquele que possui algum vínculo específico com a
Administração, seja de natureza funcional ou contratual.
Quando há vínculo funcional, o poder disciplinar é decorrência
do poder hierárquico. Em virtude da existência de distribuição
escalonada dos órgãos e servidores de uma mesma pessoa jurídica,
compete ao superior hierárquico dar ordens e exigir do seu subordinado o
cumprimento destas. Caso o subordinado não atenda às determinações do
seu superior ou descumpra o dever funcional, o seu chefe poderá (poder-
dever) aplicar as sanções previstas no estatuto funcional.
Como ressaltado, o poder disciplinar também alcança particulares que
possuam vínculo contratual com o Poder Público, como acontece com
aqueles contratados para a prestação de serviços à Administração. Nesse
caso, como não há relação de hierarquia entre o particular e a
Administração, o fundamento para a aplicação direta de sanções é o
princípio da supremacia do interesse público sobre o particular, e
não o poder hierárquico. O mesmo raciocínio se aplica em relação aos
estudantes de escolas públicas, os quais, por manterem um vínculo
específico com a Administração, sujeitam-se também ao respectivo poder
disciplinar.
O poder disciplinar não se confunde com o poder de investigar e
punir crimes e contravenções penais. Enquanto o primeiro somente se
aplica àqueles que possuem vínculo específico com a Administração
(funcional ou contratual), o segundo é exercido sobre qualquer pessoa
que viole as leis penais.

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Como visto, o poder disciplinar da Administração
é decorrência do poder hierárquico (se houver
vínculo específico funcional) ou do princípio da
supremacia do interesse público sobre o
particular (se houver vínculo específico com a
Administração que não seja funcional).

O poder disciplinar não se confunde com o poder punitivo do Estado (jus


puniendi), o qual se refere à possibilidade de o Poder Judiciário punir
aqueles que praticaram crimes ou contravenções penais. Ademais, o
poder punitivo do Estado pode atingir toda e qualquer pessoa, ao
contrário do poder disciplinar, que somente pode afetar àquelas pessoas
ligadas à Administração por um vínculo específico

Do mesmo modo, não devem ser confundidas as penalidades


decorrentes do poder disciplinar com aquelas provenientes do
exercício do poder de polícia. Embora as sanções disciplinares e as
sanções de polícia possuam natureza administrativa, estas são aplicadas a
quaisquer pessoas que estejam colocando em risco ou causando
transtornos à coletividade (aqui o vínculo entre Administração e
administrado é geral), enquanto aquelas, nos termos anteriormente
analisados, somente atingem os que possuem relação funcional ou
contratual com a Administração.
É lição comum na doutrina que o poder disciplinar é exercido de
forma discricionária. A afirmação deve ser analisada com bastante
cuidado no que concerne ao seu alcance. Caso o indivíduo sob disciplina
administrativa cometa infração, não restará qualquer opção ao gestor
senão aplicar-lhe a penalidade legalmente prevista, ou seja, a aplicação
da pena é ato vinculado. A discricionariedade, quando existente, é
relativa à graduação da penalidade ou à escolha entre as sanções
legalmente cabíveis, uma vez que no direito administrativo não
predomina o princípio da pena específica (que corresponde à necessidade
de prévia definição em lei da infração funcional e da exata sanção
cabível).
A aplicação de qualquer penalidade requer um procedimento
administrativo prévio, em que sejam assegurados ao interessado o
contraditório e a ampla defesa (art. 5.º, LV, da CRFB). Além disso, a
pena aplicada deve estar devidamente motivada (art. 50, II, da Lei nº

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9.784/1999). Caso esses aspectos não sejam observados, a punição
poderá ser invalidada administrativa ou judicialmente.

Questão 03 (FCC, TJ-SC, Juiz Substituto, 2017) Sobre o exercício do poder


disciplinar da Administração Pública, é correto afirmar que tal poder
a) é exercido somente em face de servidores regidos pelas normas estatutárias, não
se aplicando aos empregados públicos, regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho.
b) admite a aplicação de sanções de maneira imediata, desde que tenha havido
prova inconteste da conduta ou que ela tenha sido presenciada pela autoridade
superior do servidor apenado.
c) é aplicável aos particulares, sempre que estes descumpram normas
regulamentares legalmente embasadas, tais como as normas ambientais, sanitárias
ou de trânsito.
d) é extensível a sujeitos que tenham um vínculo de natureza especial com a
Administração, sejam ou não servidores públicos.
e) não contempla, em seu exercício, a possibilidade de afastamentos cautelares de
servidores antes que haja o prévio exercício de ampla defesa e contraditório.

Comentários:
a) INCORRETA. O poder disciplinar destina-se a agentes públicos e a particulares
que estabeleçam vínculo jurídico específico com a Administração Pública. Em assim
sendo, é de se reconhecer que os empregados públicos, apesar de não ostentarem
vínculo estatuário com a Administração, mas sim celetista, celebram contrato de
trabalho, o qual constitui, sim, vínculo especial, a autorizar que se submetam à
disciplina interna da Administração.
A propósito do tema, registramos:
"EMBARGOS INFRINGENTES. DIREITO ADMINISTRATIVO. EMPREGADO
PÚBLICO. MÉDICO. DEMISSÃO. IMPROBIDADE. PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO. Evidenciada em regular procedimento administrativo a prática
de atos de improbidade por parte de médico contratado pelo regime celetista para a
prestação de trabalho perante o extinto INAMPS, restando confirmado inclusive o
cometimento de faltas graves na forma do Regulamento do Pessoal Empregado das
Autarquias do SINPAS, merece julgamento pela improcedência a ação visando à
desconstituição dos atos de lavra da Administração no exercício do poder
disciplinar." (TRF4, EIAC 9604525204, Segunda Seção, rel. Des. Fed. Marga Inge
Barth Tessler, DJ 22.11.2006)

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b) INCORRETA. A presente alternativa cogita da admissibilidade, ainda, do instituto
da verdade sabida, o qual permitia, justamente, que servidores fossem punidos de
forma sumária, sem direito, portanto, a prévia defesa, nas hipóteses em que seu
superior hierárquico tomasse conhecimento, de maneira direta, do cometimento de
infração disciplinar, dispensando-se, assim, a produção de outras provas.
É claro, contudo, que tal proceder não mais se revela compatível com a atual ordem
constitucional, no bojo da qual as garantias fundamentais da ampla defesa, do
contraditório e do devido processo legal, estão plenamente asseguradas (CF/88, art.
5º, LIV e LV), inclusive em sede administrativa. Com efeito, para a aplicação de
qualquer penalidade, é necessária a instauração de regular processo administrativo,
em ordem a oportunizar o pleno exercício do direito de defesa, sem o quê, qualquer
punição se mostrará inválida.
c) INCORRETA. O poder disciplinar não se aplica, em relação aos particulares, em
todo e qualquer caso de descumprimento de normas administrativas, ainda que
legalmente embasadas. É necessário, na verdade, que entre o particular e a
Administração exista um vínculo jurídico específico, em ordem a que tais particulares
submetam-se à denominada disciplina interna administrativa. É o que ocorre em
relação aos concessionários de serviços públicos, bem como no tocante aos alunos
de escolas e universidades públicas, apenas para citar dois exemplos.
Refira-se, por fim, que nas hipóteses referidas nesta alternativa (normas ambientais,
sanitárias ou de trânsito), eventuais sanções aplicadas a particulares não teriam por
base o poder disciplinar, mas sim o exercício do poder de polícia, este sim apoiado
na supremacia geral da Administração, o que abarca a generalidade das pessoas.
d) CORRETA. Como comentado na opção "c", acima, o poder disciplinar, de fato,
destina-se a particulares (portanto, não servidores) que mantenham vínculo jurídico
específico com a Administração, bem assim aos servidores públicos. As sanções
eventualmente impingidas a delegatários de serviços públicos (multas, suspensões
do direito de contratar com a Administração, etc) têm origem, precisamente, no
poder disciplinar.
e) INCORRETA. Existe, sim, a possibilidade de afastamento cautelar de servidores
públicos, acaso se entenda, fundamentalmente, que exista risco de virem a interferir
na apuração da verdade dos fatos, caso permaneçam na ativa. Refira-se que tal
afastamento preventivo não constitui antecipação de pena, de sorte que não há que
se falar em violação ao contraditório ou à ampla defesa.
Exemplificativamente, confira-se o que estabelece a Lei nº 8.112/90, em seu art.
147, a propósito do afastamento preventivo:
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na
apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá
determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta)
dias, sem prejuízo da remuneração. Parágrafo único. O afastamento poderá ser
prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
concluído o processo.

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Como se vê, cuida-se de possibilidade que conta com expresso amparo legal, bem
assim que não agride a Constituição, pelas razões acima esposadas.

Gabarito: Letra “D”.

Questão 04 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014) Em relação aos


poderes administrativos, julgue os itens subsecutivos.
( ) A aplicação das penas de perda da função pública e de ressarcimento integral
do dano em virtude da prática de ato de improbidade administrativa situa-se no
âmbito do poder disciplinar da administração pública.

Comentário:
O exercício do poder disciplinar destina-se à aplicação de sanções administrativas a
servidores públicos e a particulares que mantenham vínculo jurídico específico com
a Administração Pública, como os delegatários de serviços públicos (vínculo
contratual), alunos de escolas e de universidades públicas (vínculo decorrente da
matrícula), internos de penitenciárias, dentre outros. Tais pessoas estão submetidas
ao que se denomina de disciplina interna da Administração. A Lei nº 8.429/1992, por
sua vez, ao regulamentar os atos e as sanções decorrentes da prática de
improbidade administrativa, destina-se não apenas a agentes públicos, mas também
a particulares, e inclusive àqueles que não possuam qualquer vínculo jurídico
específico com a Administração. Veja-se, a propósito, o teor do art. 3º do
mencionado diploma. Qualquer particular que induza ou concorra para a prática de
um ato ímprobo, ou ainda dele se beneficie, direta ou indiretamente, será punido nos
termos da lei. Daí já se pode verificar que as penalidades previstas na Lei de
Improbidade Administrativa não poderiam ter como fundamento de validade o poder
disciplinar, como equivocadamente afirmado. Afinal, conforme visto, este se destina
a categorias peculiares de pessoas: servidores públicos e particulares que ostentem
vínculo específico com a Administração. Ademais, a Administração não está
autorizada a aplicar, sponte própria, as sanções elencadas na Lei de Improbidade,
diferentemente, uma vez mais, do que se dá quando exercido o poder disciplinar.
Deve, isto sim, postular sua aplicação pelo Poder Judiciário, valendo-se, para tanto,
da propositura de ação específica, nos moldes do art. 17, da Lei nº 8.429/1992 (LIA).

Gabarito: Incorreto.

Questão 05 (CEBRASPE, PGE-PE, Procurador do Estado, 2009) Julgue o item


que segue:
( ) O poder disciplinar, que confere à administração pública a tarefa de apurar a
prática de infrações e de aplicar penalidades aos servidores públicos, não tem
aplicação no âmbito do Poder Judiciário e do MP, por não haver hierarquia quanto

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ao exercício das funções institucionais de seus membros e quanto ao aspecto
funcional da relação de trabalho.

Comentários:
O poder disciplinar está previsto em todos os órgãos do Poder Judiciário e do
Ministério Público, pois quando estes exercem função administrativa está presente a
hierarquia.

Gabarito: Incorreta.

2.5 - Poder regulamentar


Considerações iniciais
O exercício do poder regulamentar encontra fundamento no art. 84,
IV, da Constituição Federal, consistindo na competência atribuída aos
Chefes de Poder Executivo para que editem normas gerais e abstratas
destinadas a detalhar as leis, possibilitando a sua fiel execução
(regulamentos).
Não há unanimidade na doutrina quanto ao uso da expressão poder
regulamentar. Há autores que, à semelhança do conceito anteriormente
proposto, a utilizam apenas para se referirem à faculdade de editar
regulamentos conferida aos Chefes do Executivo. Outros usam uma
acepção mais ampla, englobando também os atos gerais e abstratos
emitidos por outras autoridades, como resoluções, portarias, regimentos,
deliberações e instruções normativas. Há ainda quem se refira a todas
essas providências gerais e abstratas editadas sob os auspícios da lei com
o objetivo de possibilitar-lhe o cumprimento como manifestações do
poder normativo.
Em que pese a referida controvérsia, a posição da doutrina tradicional
utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir apenas à
competência exclusiva dos Chefes de Poder Executivo para editar
regulamentos, reservando a expressão “poder normativo” para os demais
atos normativos emitidos pelas demais autoridades da Administração
Direta e Indireta, a exemplo de Ministros e dirigentes de agências
reguladoras.
Os regulamentos são publicados por meio de decreto, que é a forma
de que se revestem os atos editados pelo chefe do Poder Executivo. O

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decreto pode ter por conteúdo um regulamento ou a adoção de
providências distintas. Como exemplo desta última situação, podemos
citado um decreto que dá nome a um prédio público.
Em virtude de os regulamentos serem editados sob a forma de
decreto, é comum denominá-los decretos regulamentares, decretos
de execução ou regulamentos de execução. Existem três espécies
diferentes de regulamentos:
a) regulamento executivo;
b) regulamento independente (ou autônomo);
c) regulamento autorizado.

Regulamento executivo
Há leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições suficientes
para sua execução, enquanto outras reclamam um regulamento para
serem executadas. Contudo, em tese, qualquer lei poderá ser
regulamentada, até mesmo aquelas cuja execução não dependa de
regulamento, bastando que o Chefe do Poder Executivo entenda
conveniente detalhar-lhe a execução.
O regulamento executivo é norma geral e abstrata. É geral
porque não tem destinatários determinados ou determináveis, atingindo
quaisquer pessoas que se ponham nas situações reguladas; é abstrata
porque dispõe sobre hipóteses que, se e quando verificadas no mundo
concreto, gerarão as consequências abstratamente previstas. Assim,
podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo material de lei, mas
com ela não se confunde sob o aspecto formal.
O regulamento executivo possui importantes funções, quais sejam:
1.º) disciplinar a discricionariedade administrativa; e
2.º) uniformizar os critérios de aplicação da lei.

Quanto à primeira função, recordamos que existe discricionariedade


quando a lei confere ao agente público certa margem de liberdade para o
exercício da função administrativa. Fica fácil perceber que tal margem
acaba sendo reduzida quando se edita um regulamento executivo

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estipulando regras de observância obrigatória, determinando como os
agentes devem proceder no fiel cumprimento da lei.
É dizer: o Chefe do Poder Executivo, ao disciplinar por meio de
regulamento o exercício da discricionariedade administrativa, acaba
por voluntariamente limitá-la, estabelecendo verdadeira autovinculação,
diminuindo assim o espaço para casuísmos e atuações administrativas
fundadas em meros caprichos.
A segunda função do decreto meramente regulamentar (regulamento
executivo) é enxergada no contexto da primeira, pois o regulamento, ao
disciplinar a forma como a lei deve ser fielmente cumprida, estipula os
critérios a serem adotados nessa atividade, impedindo variações
significativas nos casos sujeitos à lei aplicada.
Como exemplo do cumprimento de tais funções pelo regulamento,
podemos citar o desenvolvimento dos servidores na carreira de Policial
Rodoviário Federal. A Lei nº 9.654/1998 criou a carreira, estabeleceu as
respectivas classes e afirmou que a investidura no cargo de Policial
Rodoviário Federal se daria no padrão único da classe de Agente, em que
o titular permanecerá por pelo menos três anos ou até obter o direito à
promoção à classe subsequente (art. 3º, § 2º).
Como é consabido - inclusive citado em praticamente todos os
estatutos de servidores públicos -, a antiguidade e o merecimento são os
principais requisitos para que os servidores públicos sejam promovidos.
Contudo, a palavra “merecimento” é carregada de certo subjetivismo, o
que poderia abrir a possibilidade de que os responsáveis pela promoção
dos servidores, alegando discricionariedade, agissem com base em
critérios obscuros e casuístas, promovendo perseguições e privilégios. Daí
a necessidade de regulamentação dos requisitos de promoção, como deixa
entrever o próprio estatuto dos servidores públicos civis federais (Lei nº
8.112/1990, art. 10, parágrafo único).
Regulamentando a matéria, foi editado o Decreto nº 8.282/2014, que
detalha os requisitos e estabelece os critérios para promoção dos Policiais
Rodoviários Federais. Entre tais requisitos encontramos a obtenção de
“resultado satisfatório na avaliação de desempenho no interstício
considerado para a progressão” (art. 4.º, II, “b”). Como também a
expressão “resultado satisfatório” é carregada de subjetividade, o § 3º do
mesmo dispositivo regulamentar estipulou que para o efeito de promoção

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seria considerado satisfatório o alcance de oitenta por cento das metas
estipuladas em ato do dirigente máximo do órgão.
A discricionariedade do dirigente máximo da PRF continua existindo,
por exemplo, no estabelecimento das metas, mas foi sensivelmente
reduzida no que concerne à avaliação da suficiência de desempenho dos
servidores para efeito de promoção.
Apesar de sua enorme importância prática, os regulamentos de
execução gozam de hierarquia infralegal, não podendo inovar na ordem
jurídica, criando direitos ou obrigações, nem contrariar, ampliar ou
restringir as disposições da lei regulamentada. São, em suma, atos
normativos secundários editados pelo Chefe do Executivo com o objetivo
de detalhar a execução dos atos normativos primários elaborados pelo
Parlamento (leis).
Realçando a subordinação dos regulamentos executivos à lei, a
Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Nacional sustá-
los no que exorbitem do poder regulamentar (CRFB, art. 49, inciso V).
Trata-se do que a doutrina denomina de “veto legislativo”, em uma
analogia com o veto que o Chefe do Executivo pode apor aos projetos de
lei aprovados pelo Parlamento. A aproximação terminológica tem suas
limitações, sendo necessário recordar que o veto propriamente dito
(Executivo) pode se dar em virtude de o Presidente da República entender
que o projeto de lei é incompatível com a Constituição Federal (veto
jurídico) ou contrário ao interesse público (veto político). Por sua vez, o
“veto legislativo” só pode se dar por exorbitância do poder regulamentar,
sendo sempre jurídico. Não há, aliás, como imaginar que o Parlamento
suste um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao interesse
público, pois tal norma somente deve detalhar como a lei – elaborada pelo
próprio Legislativo – será fielmente cumprida. Assim, se o Parlamento
entende que o decreto editado dentro do poder regulamentar é contrário
ao interesse público, deve revogar a própria lei que lhe dá sustento.
Ademais, os regulamentos se submetem ao controle de legalidade, de
forma que a nulidade decorrente da exorbitância do poder regulamentar
também pode ser reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe
do Poder Executivo (no exercício da autotutela).

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Regulamento independente (ou autônomo)
A segunda espécie de regulamento, que também adota a forma de
decreto, é o regulamento independente ou autônomo. Este,
diferentemente do regulamento executivo, não se presta a detalhar uma
lei, podendo inovar na ordem jurídica, da mesma forma que uma lei. O
regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado ato normativo
primário porque retira sua força diretamente da Constituição.
A Constituição Federal, na sua redação original, acabou com a figura
do decreto autônomo no direito brasileiro. Entretanto, com a Emenda
Constitucional 32/2001, a possibilidade foi reinserida na alínea a do inciso
VI do art. 84.

Embora haja controvérsias, a posição dominante na


doutrina é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo
permitida no direito brasileiro é a albergada no citado dispositivo
constitucional, que estabelece a competência do Presidente da República
para dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos.
Ressaltamos, por oportuno, que a autorização, prevista na alínea b do
mesmo dispositivo constitucional, para que o Presidente da República,
mediante decreto, extinga cargos públicos vagos, não é caso de
regulamento autônomo. Trata-se de uma esdrúxula hipótese de abandono
do princípio do paralelismo das formas. Expliquemos melhor: em
decorrência do princípio da hierarquia das normas, se um instituto jurídico
é criado por intermédio de determinada espécie normativa, sua extinção
somente pode ser veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou por um de
superior hierarquia.
Nessa linha, se os cargos públicos são criados por lei (CRFB, art. 48,
X), somente a lei poderia extingui-los (paralelismo das formas). Todavia,
desconsiderando essa premissa, o legislador constituinte derivado
permitiu que, estando vago o cargo público, a extinção se dê por decreto.
Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas
jamais um regulamento autônomo, pois tal decreto não goza de
generalidade e abstração, não regulamentando (disciplinando, regendo)

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determinada matéria. Trata-se, portanto, de um ato de efeitos
concretos, desprovido de natureza regulamentar.
Ao contrário do decreto meramente regulamentar (regulamento
executivo), editado para detalhar a fiel execução da lei, o decreto
autônomo (regulamento independente) está sujeito a controle de
constitucionalidade. O que justifica a diferenciação é o fato de o conflito
entre um decreto regulamentar e a lei que lhe serve de fundamento
configurar ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto é
inconstitucional porque exorbitou do poder regulamentar
(inconstitucionalidade reflexa). Se há agressão direta à Constituição, a lei
pode ser considerada inconstitucional, e não o decreto que a regulamenta.
Já o decreto autônomo é norma primária, fundamentando-se no próprio
texto constitucional, de forma a ser possível uma agressão direta à Magna
Carta, legitimando assim a instauração de processo de controle de
constitucionalidade. Nesse sentido, podemos citar a pedagógica lição do
Supremo Tribunal Federal:
Com efeito, o que é preciso demonstrar é que o decreto do Chefe do
Executivo decorre de competência direta da Constituição, ou tire seu
fundamento da Carta Magna. Nessa hipótese, caso o regulamento
não se amolde ao figurino constitucional, caberá análise de
constitucionalidade pelo Supremo. Caso contrário, será mero vício de
inconstitucionalidade reflexa, afastando o controle concentrado em
ADI porque, como salienta Carlos Velloso: “é uma questão de opção.
Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou isso
claro. E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle
difuso, quando estabeleceu que não se conhece de
inconstitucionalidade indireta. Não há falar-se em
inconstitucionalidade indireta reflexa. É uma opção da Corte para que
não se realize o velho adágio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma
jurisdição’” (ADI 2.387, Rel. Min. Marco Aurélio).

Por fim, conforme já destacamos, o art. 13, I, da Lei nº 9.784/1999


proíbe expressamente a delegação de atos de caráter normativo.
No entanto, como verdadeira exceção a essa regra, o decreto
autônomo, diferentemente do que acontece com o decreto meramente
regulamentar (que é indelegável), pode ser objeto de delegação aos
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República e ao

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Advogado-Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo
único do art. 84 da CRFB.

Regulamento autorizado (ou delegado)


Além das espécies anteriores de regulamento, a doutrina também faz
menção à existência do regulamento autorizado (ou delegado).
Segundo a doutrina tradicional, não pode o legislador ordinário, fora
dos casos previstos na Constituição, delegar integralmente a função de
legislar, típica do Poder Legislativo, aos órgãos administrativos.
Contudo, em face da complexidade das atividades técnicas da
Administração, modernamente, embora haja controvérsias quanto ao
aspecto da constitucionalidade, a doutrina majoritária tem aceitado que as
competências para regular determinadas matérias sejam transferidas pelo
próprio legislador para órgãos administrativos técnicos. Trata-se do
fenômeno da deslegalização, pelo qual a normatização sai da esfera da
lei para a esfera do regulamento autorizado.
Com efeito, o regulamento autorizado não se limita apenas a explicar,
detalhar ou complementar a lei, ele na realidade inova o ordenamento
jurídico ao criar normas técnicas não contidas na lei, o que faz em razão
de expressa determinação legal.
O regulamento autorizado não se confunde com o regulamento
autônomo porque, enquanto este último retira sua força jurídica da
Constituição, aquele é dependente de expressa autorização contida
na lei. Também se diferencia do decreto de execução porque, apesar de
ser um ato normativo secundário (retira sua força jurídica da lei), pode
inovar a ordem jurídica, ao contrário deste último que se destina apenas
a detalhar a lei para a sua fiel execução.
Segundo a jurisprudência, não é admitida a edição de
regulamento autorizado para matéria reservada à lei, a exemplo da
criação de tributos ou da criação de tipos penais, visto que afrontaria o
princípio da separação dos Poderes (por estar o Executivo substituindo a
função do Poder Legislativo).
No entanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa disposição
constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido aceita a utilização de
regulamentos autorizados, desde que a lei que o autorize estabeleça as

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condições e os limites da matéria a ser regulamentada. É nesse
contexto que eles têm sido frequentemente adotados para a fixação de
normas técnicas, a exemplo daquelas determinadas pelas agências
reguladoras.

Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos


Para a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, é possível fazer,
ainda, a distinção entre regulamentos jurídicos (ou normativos) e
regulamentos administrativos (ou de organização).
Os regulamentos jurídicos (ou normativos) criam normas para fora da
Administração Pública, que vinculam todos os cidadãos de maneira geral,
tais como as normas inseridas no poder de polícia. Já os regulamentos
administrativos (ou de organização) estabelecem normas sobre a
organização administrativa ou relacionadas aos particulares que possuem
um vínculo específico com o Estado, tais como os concessionários de
serviços públicos ou que possuem um contrato com a Administração.
Segundo a ilustre professora, outra nota distintiva entre os
mencionados institutos é que os regulamentos jurídicos, por se referirem
à liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação específica com
a Administração, são elaborados com menor grau de discricionariedade
em relação aos regulamentos administrativos.

Questão 06 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2015) Foi editada portaria


ministerial que regulamentou, com fundamento direto no princípio constitucional da
eficiência, a concessão de gratificação de desempenho aos servidores de
determinado ministério.
Com referência a essa situação hipotética e ao poder regulamentar, julgue o próximo
item.
( ) Na hipótese considerada, a portaria não ofendeu o princípio da legalidade
administrativa, tendo em vista o fenômeno da deslegalização com fundamento na
CF.

Comentário:

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Deslegalização ocorre quando o Legislativo rebaixa hierarquicamente determinada
matéria (que antes era tratada por lei) para que ela possa vir a ser tratada por
regulamento.

Gabarito: Incorreta.

Questão 07 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2015) Foi editada portaria


ministerial que regulamentou, com fundamento direto no princípio constitucional da
eficiência, a concessão de gratificação de desempenho aos servidores de
determinado ministério.
Com referência a essa situação hipotética e ao poder regulamentar, julgue o próximo
item.
( ) As portarias são qualificadas como atos de regulamentação de segundo grau.

Comentário:
Inicialmente, é preciso pontuar que a assertiva a ser julgada, a despeito do que
consta do enunciado da questão, é aquela que se encontra proposta logo abaixo,
vale dizer: "As portarias são qualificadas como atos de regulamentação de segundo
grau."
Referida classificação encontra fundamento na doutrina de José dos Santos
Carvalho Filho, que assim se manifesta sobre o assunto:
"Há também atos normativos que, editados por outras autoridades
administrativas, podem caracterizar-se como inseridos no poder regulamentar. É o
caso de instruções normativas, resoluções, portarias etc. Tais atos têm
frequentemente um círculo de aplicação mais restrito, mas, veiculando normas
gerais e abstratas para a explicitação das leis, não deixam de ser, a seu modo,
meios de formalização do poder regulamentar.
Por esse motivo é que, considerando nosso sistema de hierarquia normativa,
podemos dizer que existem graus diversos de regulamentação conforme o patamar
em que se aloje o ato regulamentador. Os decretos e regulamentos podem ser
considerados como atos de regulamentação de primeiro grau; outros atos que a eles
se subordinem e que, por sua vez, os regulamentem, evidentemente com maior
detalhamento, podem ser qualificados como atos de regulamentação de segundo
grau, e assim por diante. Como exemplo de atos de regulamentação de segundo
grau, podemos citar as instruções expedidas pelos Ministros de Estado, que têm por
objetivo regulamentar as leis, decretos e regulamentos, possibilitando sua
execução."
O detalhe, contudo, é que o enunciado da questão narrou hipótese em que a
portaria ministerial teria sido editada com apoio direto na Constituição, de sorte que,
em tal situação específica, não teria caráter de ato de regulamentação de segundo
grau, eis que ausente até mesmo lei a ser regulamentada, quanto mais um primeiro
ato regulamentar (de primeiro grau).

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Reconhecendo que tal constatação poderia ensejar dúvidas nos candidatos,
convenho que, neste caso, o gabarito adotado pela Banca está correto, tendo em
conta que a afirmativa objeto de análise refere-se ao enunciado apenas como uma
correlação do assunto central versado, isto é, "poder regulamentar", mas sua
redação foi proposta de maneira absolutamente genérica, sem ligação direta,
portanto, com a hipótese específica tratada no enunciado.
O caráter genérico da assertiva pode ser bem extraído pela própria colocação
da palavra portaria no plural, o que deixa evidenciado que não se está tratando,
especificamente, daquela portaria hipotética referida no enunciado, mas sim das
portarias em geral.

Gabarito: Correta.

Questão 08 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2015) Foi editada portaria


ministerial que regulamentou, com fundamento direto no princípio constitucional da
eficiência, a concessão de gratificação de desempenho aos servidores de
determinado ministério.
Com referência a essa situação hipotética e ao poder regulamentar, julgue o próximo
item.
( ) A portaria em questão poderá vir a ser sustada pelo Congresso Nacional, se
essa casa entender que o ministro exorbitou de seu poder regulamentar.

Comentário:
De fato, o Congresso Nacional, nos termos no art. 49, V, ostenta competência para
sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar
os dos limites da delegação legislativa.
Assim sendo, e considerando a inexistência de lei instituidora da hipotética
gratificação (visto que foi editada a portaria com apoio direto na Constituição),
estaria o Congresso amplamente respaldado para sobrestar os efeitos do
mencionado ato normativo infralegal.

Gabarito: Correto.

2.6 - Poder de polícia


Conceito
Entre os princípios basilares que dão os contornos do regime jurídico-
administrativo está a supremacia do interesse público sobre o interesse
privado. Tal princípio, além de justificar a concessão à Administração de

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um conjunto de prerrogativas que verticalizam suas relações com os
administrados, permite ao Estado restringir o exercício de direitos e
garantias individuais em benefício de interesses da coletividade.
Nessa linha, recordemos, por oportuno, que não existe qualquer direito ou
garantia absoluto, sendo possível o estabelecimento de limitações, que,
em última análise, se destinam a facultar a própria convivência em
sociedade.
Com efeito, podemos afirmar que o poder de polícia consiste na
faculdade conferida ao Estado de estabelecer regras restritivas e
condicionadoras do exercício de direitos e garantias individuais,
tendo em vista o interesse público.
Considerando que o exercício regular do poder de polícia é um dos
fatos geradores das taxas (espécie tributária), é o Código Tributário
Nacional que, no seu art. 78, define tal espécie de poder, nos termos a
seguir transcritos:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Nesse ponto devemos esclarecer que o exercício regular do poder de


polícia pode dar ensejo à cobrança de taxas, mas não pode servir para
cobrança de tarifas, que é adequada para remunerar serviços públicos em
sentido estrito (energia, transporte, água canalizada etc.), e não para
custear o exercício do poder de polícia.
A Administração exerce o poder de polícia em qualquer área que
possa afetar os interesses da coletividade, sendo meramente
exemplificativa a enumeração constante do dispositivo supratranscrito. O
poder de polícia administrativa é, em princípio, discricionário, mas será
vinculado se a norma legal que o rege estabelecer o modo e a forma de
sua manifestação.

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A seguir, apresentamos alguns exemplos que demonstram a
dimensão da multiplicidade de situações em que o poder de polícia é
empregado:
a) Apreensão de mercadoria estragada em depósito alimentício;
b) Suspensão de atividades lesivas ao meio ambiente;
c) Fiscalização exercida sobre pessoas físicas ou jurídicas pelos
conselhos de fiscalização profissional;
d) Apreensão de mercadoria ilegal na alfândega;
e) Interdição de um estabelecimento que viole normas sanitárias;
f) Aplicação de uma multa a restaurante que infringiu normas
ligadas à proteção da saúde pública;
g) Lavratura de auto de infração contra empresa que violou
normas relativas à vigilância sanitária;
h) Demolição de edifício particular que ameaçava ruir;
i) Expedição de porte de arma de fogo;
j) Vistoria de imóvel com o objetivo de eliminar focos dos
mosquitos Aedes aegypti que transmitem doenças como
dengue, zika e chikungunya;
k) Fiscalizar locais proibidos para menores.

Sentidos amplo e estrito


É lição corrente na doutrina que o poder de polícia se reparte entre o
Legislativo e o Executivo. Por isso, há autores, como Celso Antônio
Bandeira de Mello, que trabalham a expressão poder de polícia em dois
sentidos: um amplo e um estrito.
Sentido amplo – o significado mais amplo da expressão
corresponderia tanto aos atos do Executivo quanto aos do Legislativo
(edição de leis) que condicionem a propriedade e a liberdade do indivíduo
em prol do interesse coletivo.
Sentido estrito – nesse sentido a expressão poder de polícia
corresponderia unicamente aos atos do Poder Executivo que impliquem
limitação da propriedade e da liberdade individual em favor da
coletividade, quer estes sejam intervenções gerais e abstratas (como os
regulamentos), quer sejam concretas e específicas (como as licenças e
autorizações).

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Distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária
Antes de avançarmos no exame desse ponto, é necessário distinguir
a polícia administrativa, que será objeto deste estudo, da polícia
judiciária.
O principal aspecto que se costuma apontar para diferenciar a polícia
administrativa da polícia judiciária é o caráter preventivo da primeira em
contraposição ao caráter repressivo da segunda.
No entanto, tal distinção não é absoluta, pois a polícia administrativa,
apesar de ter uma natureza predominantemente preventiva (por exemplo:
quando o poder público concede licença para a condução de veículos
automotores), também pode ser exercida para reprimir abusos (por
exemplo: quando apreende a carteira e o veículo do condutor que faz
racha). Por outro lado, apesar de predominar o aspecto repressivo da
polícia judiciária (por exemplo, quando prende o autor de um crime), esta
também atua de forma preventiva quando, por exemplo, realiza
policiamento preventivo em áreas de alta incidência de roubos.
Outro aspecto referido pela doutrina para diferenciar os dois tipos de
polícia é que a polícia administrativa incide sobre bens, direitos e
atividades, enquanto a polícia judiciária atua apenas sobre as pessoas.
Além disso, a polícia judiciária é privativa de corporações
especializadas (polícia civil, polícia militar, polícia federal), enquanto a
polícia administrativa é exercida por diversos órgãos da Administração,
inclusive pelas próprias corporações policiais especializadas.
Não obstante os critérios apontados anteriormente, o que melhor
permite diferenciar os dois tipos de polícias é o fato de que a polícia
administrativa se destina a prevenir ou reprimir ilícitos administrativos,
enquanto a polícia judiciária tem por objetivo prevenir ou reprimir ilícitos
penais.

A polícia administrativa atua sobre bens, direitos


ou atividades, enquanto a polícia judiciária atua
sobre pessoas.

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Distinção entre poder de polícia e serviço público
Registramos que alguns autores fazem a distinção teórica entre poder
de polícia e serviço público em sentido estrito. Nessa linha, Celso Antônio
Bandeira de Mello aponta que, enquanto os serviços públicos se
destinam a fornecer comodidades ou utilidades aos administrados
(por exemplo: energia elétrica, água encanada, gás, etc), o poder de
polícia, diferentemente, visa a restringir a atuação livre dos
particulares, de modo que seja possível um bom convívio social.

Técnicas de ordenação
As técnicas de atuação do poder de polícia podem ser divididas em
três grandes categorias:
1ª) técnica de informação;
2ª) técnica de condicionamento; e
3ª) técnica sancionatória.

Pela técnica da informação, o Estado invade a liberdade das


pessoas e exige que elas prestem informações sobre a sua própria
pessoa (física ou jurídica) ou sobre atividades por elas desenvolvidas.
Como exemplo de técnica de informação temos:
a) a necessidade de registro das pessoas naturais e das pessoas
jurídicas nos registros competentes;
b) a obrigação de apresentação da declaração anual de imposto de
renda;
c) o dever de os médicos comunicarem aos órgãos de saúde a
ocorrência de certas doenças contagiosas;
d) o dever de as empresas de capital aberto publicarem balanço etc.

Pela técnica do condicionamento, o Estado impõe aos cidadãos o


cumprimento de uma série de exigências legais para que possam
exercer livremente certas atividades. Como exemplo de técnica de
condicionamento apontamos:

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a) as exigências de diploma de bacharel em Direito, de aprovação no
Exame da Ordem e de inscrição na OAB, como condição para que o
profissional possa exercer a advocacia;
b) a aprovação na prova do DETRAN como condição para obtenção da
licença para dirigir;
c) a necessidade de cumprir os requisitos exigidos na legislação para
obtenção de autorização para portar armas, etc.

Por fim, em face da técnica sancionatória, o Estado impõe


sanções aos particulares que violem regras necessárias ao
desempenho de determinadas atividades. A técnica sancionatória é
utilizada para dar efetividade às técnicas da informação e do
condicionamento. Assim, aqueles que não prestarem as informações
exigidas ou desempenharem determinadas funções sem cumprir as
exigências legais requeridas sofrerão as punições previstas na lei.
Competência
Em regra, a competência para exercer o poder de polícia é da mesma
pessoa que possui competência para regular a matéria. De modo geral,
pode-se afirmar que as questões de interesse nacional se sujeitam às
normas de regulação e ao poder de polícia da União, as questões de
interesse regional estão submetidas ao disciplinamento e ao poder de
polícia dos Estados e do Distrito Federal, e, por fim, as questões de
interesse local se subordinam às normas e ao poder de polícia dos
municípios e do Distrito Federal (que, recordemos, não pode ser dividido
em municípios).
De acordo com o sistema de partilha das competências previsto na
Constituição Federal, algumas competências legislativas ou para a prática
de certas atividades (competências materiais) são privativas e outras são
exercidas de forma concorrente pelos entes federativos.
No caso de competência privativa, somente o ente que possui tal
competência poderá exercitar o poder de polícia naquela área. É o caso,
por exemplo, da competência para editar normas relativas às atividades
nucleares, que é privativa da União (CRFB, art. 22, XXVI). Por
conseguinte, a competência para exercer o poder de polícia relativo a
atividades nucleares é privativa da União. Assim, será inválido eventual

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ato de polícia praticado por agente de pessoa federativa que não detém
competência para regular determinada matéria.
Já no caso de competências concorrentes, a matéria envolvida poderá
dar ensejo ao exercício conjunto do poder de polícia por pessoas
federativas diversas, tal como ocorre com o poder de polícia na área
ambiental, que é deferido de forma concorrente aos entes federativos.
Registramos que algumas situações têm ensejado discussões na
doutrina e na jurisprudência sobre qual seria o ente responsável pelo
exercício do poder de polícia. Por exemplo, o STF considerou que, por se
tratar de assunto local, os municípios seriam competentes para exigir que
bancos instalem porta eletrônica com detector de metais e vidros à prova
de bala (STF, RExt 240.406). Pela mesma razão, o STF deixou assentado
na Súmula nº 645 (convertida na Súmula Vinculante nº 38) que: “é
competente o município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial”. Por sua vez, o STJ registrou na Súmula 19
que:
“A fixação de horário bancário, para atendimento ao público, é da
competência da União”.

No tocante ao exercício do poder de polícia para fiscalização do


trânsito, registramos que o STF decidiu que é constitucional a atribuição
às guardas municipais do exercício do poder de polícia de trânsito,
inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas
(RExt 658.570). Na oportunidade, a Corte deixou assentado que a
fiscalização de trânsito, com aplicação de sanções legalmente previstas, se
constitui em mero exercício do poder de polícia, e que dentro de sua
esfera de atuação, delimitada pelo Código de Trânsito Brasileiro, os
Municípios podem determinar que o poder de polícia que lhe compete seja
exercido pela guarda municipal.

Meios de atuação
Conforme afirmado anteriormente, o poder de polícia, em seu sentido
amplo, abrange tanto atividades do Poder Legislativo quanto do Executivo.
Assim, os meios de atuação do poder de polícia compreendem a edição de
atos normativos gerais e abstratos, estabelecendo restrições ao exercício

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de atividades, à utilização de bens, ao exercício de direitos e garantias e,
também, aos atos administrativos e operações materiais de aplicação das
normas criadas aos casos verificados no mundo concreto.
Conforme Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os meios de atuação do
poder de polícia são:
1) os atos normativos em geral; e
2) os atos administrativos e operações materiais de aplicação da lei
ao caso concreto.

1) Atos normativos: por meio da edição de leis, o Legislativo cria


limitações administrativas ao exercício de direitos individuais;
além disso, o Executivo pode disciplinar a aplicação das leis aos
casos concretos, editando decretos, resoluções, portarias,
instruções normativas;
2) Atos administrativos e operações materiais de aplicação
ao caso concreto: consiste na adoção de medidas
preventivas para evitar que o indivíduo descumpra a lei, tais
como: fiscalização, vistoria e concessão de autorização ou
licença; e de medidas repressivas, que objetivam obrigar o
infrator a cumprir a lei, a exemplo da interdição de
estabelecimentos comerciais, apreensão de mercadorias
estragadas, dissolução de reunião, demolição de prédio que
ameaça desabar ou internação de pessoa com doença
contagiosa.

Ciclo de polícia
A função de polícia é exercida em quatro fases: pela ordem de
polícia, pelo consentimento de polícia, pela fiscalização de polícia e
pela sanção de polícia.
A ordem de polícia vem a ser a norma legal que estabelece a
obrigação de fazer ou deixar de fazer algum comportamento em razão do
interesse público. Já o consentimento de polícia é o ato administrativo de
anuência do Poder Público, que possibilita a utilização da propriedade
particular ou o exercício de alguma atividade privada, em conformidade
com a ordem de polícia. Por sua vez, a fiscalização de polícia consiste em

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verificar se estão sendo cumpridas as normas relativas aos bens e
atividades que receberam consentimento de polícia. Finalmente, se forem
verificadas infrações às ordens de polícia, aplicam-se as sanções de
polícia, que têm o objetivo de repreender o infrator e restabelecer o
atendimento do interesse público.
Nota-se que a abordagem proposta pelo referido autor forma uma
sequência cronológica de atos – 1.º) ordem de polícia; 2.º) consentimento
de polícia; 3.º) fiscalização de polícia; e, por fim, 4.º) sanção de polícia –
que ficou apelidada na doutrina de ciclo de polícia.

Nem todas as atividades se submetem ao consentimento de polícia, que


se constitui num consentimento prévio para que a pessoa possa praticar
um ato ou utilizar um bem, como no caso da autorização para portar arma
de fogo ou da autorização para dirigir veículo automotor. Por exemplo,
uma pessoa não precisa de autorização prévia do poder público
(consentimento de polícia) para pedalar uma bicicleta. Todavia, se a
mesma pessoa pretender invadir com sua bicicleta uma área permitida
apenas ao trânsito de pedestres, poderá ter sua bicicleta apreendida
(sanção de polícia). Note que, no exemplo fornecido, o ciclo de polícia se
aperfeiçoou sem que estivesse presente a fase do consentimento de
polícia. Nesse caso, o ciclo de polícia foi formado pela seguinte sequência
cronológica de atos: 1.º) ordem de polícia (existência de placa proibindo o
tráfego de bicicletas em determinado local); 2.º) fiscalização de polícia
(guardas de trânsito encarregados de verificar o cumprimento da ordem
de polícia); e, por fim, 3.º) sanção de polícia (apreensão da bicicleta que
trafegava em local proibido).
Portanto, o consentimento de polícia é fase que pode ou não estar
presente na atuação da polícia administrativa.

Atributos
A doutrina dominante aponta alguns atributos peculiares ao poder de
polícia, quais sejam: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a
coercibilidade. No entanto, vale ressaltar que nem todas essas
características estão presentes simultaneamente em todos os atos de
polícia, como será visto a seguir.

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Discricionariedade
A discricionariedade consiste na liberdade de escolha da autoridade
pública sobre a conveniência e oportunidade do exercício do poder de
polícia. No entanto, embora a discricionariedade dos atos de polícia seja a
regra, em algumas situações o exercício do poder de polícia é vinculado,
não deixando margem para que a autoridade responsável possa fazer
qualquer tipo de opção.
A título de exemplo, comparemos os atos de concessão de alvará de
licença e de autorização, respectivamente. No caso do alvará de licença,
o ato é vinculado, o que significa que a licença não poderá ser negada
quando o requerente preencher os requisitos legais para sua obtenção. É
o que ocorre com a licença para dirigir, para construir ou para exercer
certas profissões. Já na hipótese de alvará de autorização, ainda que o
requerente atenda aos requisitos legais, a Administração poderá ou não
conceder a autorização, uma vez que esse ato é de natureza
discricionária (sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade da
autoridade administrativa). É o caso, por exemplo, da autorização para
porte de arma e para produção de armamento bélico.
Registramos que em concursos públicos já foram consideradas
corretas afirmações genéricas de que a discricionariedade é um dos
atributos do poder de polícia e, de modo aparentemente contraditório,
também foram tidas como verdadeiras assertivas que davam conta de que
o poder de polícia pode ser discricionário ou vinculado.

Autoexecutoriedade
O atributo da autoexecutoriedade consiste na faculdade de a
Administração decidir e executar diretamente sua decisão por seus
próprios meios, sem intervenção do Judiciário. Por exemplo, se um
estabelecimento comercial estiver vendendo alimentos deteriorados, o
Poder Público poderá apreendê-los e incinerá-los, não necessitando para
tanto de qualquer ordem judicial. Entretanto, tal fato obviamente não
impede o particular, que se sentir prejudicado pelo excesso ou desvio de
poder, de recorrer ao Poder Judiciário para fazer cessar o ato de polícia
abusivo.

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No entanto, nem todas as medidas de polícia são dotadas de
autoexecutoriedade. É lição corrente na doutrina que a
autoexecutoriedade só existe em duas situações:
I - Quando estiver prevista expressamente em lei; ou
II - Mesmo não estando prevista expressamente em lei, se houver
situação de urgência que demande a execução direta da
medida.

Não sendo cumprido um desses requisitos, o ato de polícia


autoexecutado é abusivo. Como exemplo de ato de polícia que não
possui autoexecutoriedade, é possível citar o caso da aplicação de uma
multa por desrespeito a normas sanitárias. Nessa hipótese, se o poder
público pretender cobrar o referido valor, não poderá fazê-lo diretamente,
precisando promover a execução judicial da dívida.
A professora Maria Sylvia Z. Di Pietro revela que alguns autores
desdobram o atributo da autoexecutoriedade em dois: a exigibilidade
(privilège du préalable) e a executoriedade (privilège d’action d’office).
Nesse sentido, a exigibilidade seria a possibilidade de a Administração
Públicatomar decisões executórias (que imponham obrigações aos
administrados ainda que estes não concordem), e a executoriedade, a
faculdade de executar diretamente essas decisões (sem necessidade de
intervenção do Poder Judiciário), valendo-se, quando necessário, do
emprego direto da força pública. A título de exemplo, imaginemos um
imóvel que ameaça desabar. A Administração pode determinar que o
proprietário promova a sua demolição (exigibilidade). Caso a ordem não
seja cumprida, a própria Administração pode mandar seus servidores
demolirem o imóvel (executoriedade). Ainda, de acordo com a ilustre
professora, enquanto a exigibilidade está relacionada à aplicação de
meios indiretos de coação, tais como a aplicação de multa ou a
impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não pagas as multas
de trânsito, a executoriedade se consubstancia na utilização de meios
diretos de coação, a exemplo da apreensão de mercadorias, da
interdição de estabelecimento, da demolição de prédio ou da dissolução de
reunião. Por fim, cabe advertir que a exigibilidade está presente em
todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade, que

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somente se apresenta nas hipóteses previstas em lei ou em
situações de urgência.

O atributo da exigibilidade, presente no exercício


do poder de polícia, ocorre quando a
administração pública se vale de meios indiretos
de coação para que o particular exerça seu
direito individual em benefício do interesse
público, tal como a não concessão de
licenciamento do veículo enquanto não forem
pagas as multas de trânsito.

Coercibilidade
A coercibilidade é o atributo do poder de polícia que faz com que o
ato seja imposto ao particular, independentemente de sua concordância.
Em outras palavras, o ato de polícia, como manifestação do ius imperii
estatal, não depende da concordância do particular para que seja válido e
eficaz. A coercibilidade é indissociável da autoexecutoridade, e o ato de
polícia só é autoexecutável porque dotado de força coercitiva.
Com efeito, a coercibilidade (ou imperatividade), definida como a
obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, se confunde com a
definição dada de exigibilidade (resultante do desdobramento do atributo
da autoexecutoriedade).

Poder de polícia originário e poder de polícia delegado


A doutrina costuma fazer a distinção entre o poder de polícia
originário e poder de polícia derivado. O poder de polícia originário é
aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, cujo
fundamento é a própria repartição de competências materiais e
legislativas constante na Constituição Federal.
Por sua vez, fala-se em poder de polícia delegado para fazer
referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito público
da Administração Indireta, delegação esta que deve ser feita por meio
de lei do ente federativo que detém o poder de polícia originário.

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Como uma das mais claras manifestações do princípio segundo o qual
o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no exercício do
poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações e omissões
independentemente das suas vontades. Tal possibilidade envolve exercício
de atividade típica de Estado, com clara manifestação de potestade (poder
de autoridade). Assim, estão presentes características ínsitas ao regime
jurídico de direito público, o que tem levado o STF a genericamente negar
a possibilidade de delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de
direito privado, ainda que integrantes da administração indireta (ADI
1.717).
Contudo, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça guarda
importantes notas distintivas daquele esposado pela Suprema Corte.
Nesse contexto, passamos analisar interessante julgado da lavra do STJ
admitindo exercício de parcela do poder de polícia por parte de uma
pessoa jurídica de direito privado.
O caso concreto envolvia a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo
Horizonte (BHTrans), sociedade de economia mista, integrante da
administração indireta da Capital mineira. A municipalidade, entendendo
que o art. 24 do Código de Trânsito Brasileiro lhe permitia delegar o
exercício do poder de polícia relativo à fiscalização de trânsito no seu
território, conferiu à BHTrans tal atribuição.
Na análise da matéria, a Corte da Cidadania relembrando a teoria do
“ciclo de polícia”, identificou as fases em que se decompunha o exercício
do poder de polícia no âmbito da limitação ao exercício da propriedade e
da liberdade no trânsito. Nessa linha, foram separadas as seguintes
atividades:
a) a criação da legislação contendo normas genéricas e abstratas
para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação – CNH (ordem de
polícia);
b) a emissão da CNH (consentimento de polícia);
c) a instalação de equipamentos eletrônicos para verificar se há
respeito à velocidade estabelecida em lei (fiscalização de polícia); e
d) a imposição de punições a quem descumpre a legislação (sanção
de polícia).

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Para o STJ, as atividades de ordem de polícia e de aplicação de
sanções derivam de indiscutível poder coercitivo do Estado e, justamente
por isso, não podem ser delegadas a pessoas jurídicas de direito
privado. Já as atividades de consentimento e fiscalização seriam
compatíveis com a natureza de uma sociedade de economia mista, sendo,
em tese, passíveis de delegação.
No caso concreto objeto do julgado (relativo à BHTrans), a decisão
final afirmou que “permanece a vedação à imposição de sanções
pela parte embargada, facultado, no entanto, o exercício do poder
de polícia no seu aspecto fiscalizatório” (EDcl no REsp 817.534).
Registramos que, apesar de analisadas nas discussões que
conduziram à decisão final, as atribuições de ordem de polícia e de
consentimento de polícia não foram objeto do processo, pois não foram
conferidas pelo Município de Belo Horizonte à BHTrans. Aliás, seria
impossível ao Município delegá-las, pois pertencem à União tanto a
competência para legislar sobre trânsito e transporte (CRFB, art. 22, XI)
quanto para emissão da CHN, que é delegada aos Estados e ao DF
conforme previsto no art. 22, II, do Código de Trânsito Brasileiro.
De qualquer forma, a decisão é uma quebra de paradigma, pois,
mesmo com as restrições impostas, admite oficialmente o exercício de
uma parcela do poder de polícia por uma entidade de direito
privado (sociedade de economia mista), ficando a matéria a depender de
um posicionamento definitivo a ser dado pelo Supremo Tribunal Federal, o
que pode ocorrer quando do julgamento do RExt 840.230. Aos que se
preparam para provas de concurso público relembramos que a tese ainda
dominante na doutrina brasileira é a da indelegabilidade do poder de
polícia a particulares, mas é possível que uma banca examinadora,
expressamente fundada no entendimento do STJ, elabore questão
reconhecendo a possibilidade de delegação de parcela de tal poder
(consentimento e fiscalização) a uma sociedade de economia mista.

O consentimento de polícia, de acordo com a


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é
passível de delegação a um particular”.

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Limitações
Os atos praticados no exercício do poder de polícia, como todo ato
administrativo, ainda que discricionário, encontra limitações legais quanto
à competência, à forma, aos fins, aos motivos ou ao objeto. Esses
aspectos serão examinados na aula referente aos atos administrativos.
Por enquanto é importante apenas ressaltar que o ato de polícia, para que
seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de
proporcionalidade entre os meios e os fins. Dessa forma, a medida de
polícia não deve ir além do necessário para atingir a finalidade pública a
que se destina.
Imaginemos a hipótese de um estabelecimento comercial que
somente possuía licença do poder público para atuar como revenda de
veículos, mas que, além dessa atividade, funcionava como oficina
mecânica. Se os fiscais competentes, ao constatarem o fato, interditassem
todo o estabelecimento, a medida seria desproporcional, uma vez que,
para cessar a irregularidade, seria suficiente apenas interditar a parte da
oficina mecânica.
Com efeito, eventuais atos de polícia que sofram vícios de legalidade
ou que se mostrem desproporcionais devem ser anulados pelo Judiciário
(controle judicial) ou pela própria administração (exercício da autotutela).

Prescrição
A Lei nº 9.873/1999 dispõe que na Administração Pública
Federal, direta e indireta, prescreve em cinco anos a ação punitiva
para apuração da infração e a consequente aplicação da sanção de
polícia, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado (art. 1.º). No
entanto, se o fato objeto da ação punitiva da Administração Pública
também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na
lei penal (art. 1º, § 2º).
Além disso, a Lei estabelece que prescreve em cinco anos a ação
de execução da administração pública federal relativa a crédito não
tributário decorrente da aplicação de multa por infração à legislação
em vigor, contados da constituição definitiva do crédito (Lei nº
9.873/1999, art. 1.º-A).

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A referida norma prevê, ainda, a possibilidade de prescrição
intercorrente (que ocorre no curso do processo), quando o procedimento
administrativo ficar paralisado por mais de três anos, pendente de
julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou
mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração
da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso
(art. 1º, § 1º).
Vale destacar que a prescrição da ação punitiva, no caso das sanções
de polícia, se interrompe nas seguintes hipóteses (art. 2º):
1) notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por
meio de edital;
2) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do fato;
3) pela decisão condenatória recorrível; e
4) por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno
da administração pública federal.

Registramos que a lei em comento prevê a possibilidade, em algumas


situações específicas, quando o interessado cessar a prática ou corrigir a
irregularidade, de suspensão do prazo prescricional para aplicação das
sanções de polícia (art. 3º).
Por último, ressaltamos que o disposto na Lei nº 9.873/1999 não se
aplica às infrações de natureza funcional e aos processos e procedimentos
de natureza tributária (art. 5º).
O exercício de poder se dá de forma legítima quando desempenhado
pelo órgão competente, nos limites da lei aplicável, e em atendimento à
consecução dos fins públicos.
Contudo, é possível que a autoridade, ao exercer o poder, ultrapasse
os limites de sua competência ou o utilize para fins diversos do interesse
público. Quando isto se verifica, diz-se que houve abuso de poder. É
importante anotar que o abuso de poder pode ocorrer tanto por um ato
comissivo (fazer alguma coisa que não deveria ser feita) quanto por um
ato omissivo (deixar de fazer algo que deveria ser feito).
O abuso de poder se divide em duas espécies:

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a) Excesso de poder: quando a autoridade atua extrapolando os
limites da sua competência;
b) Desvio de poder (ou desvio de finalidade): quando a
autoridade pratica um ato que é de sua competência, mas o
utiliza para uma finalidade diversa da prevista ou contrária ao
interesse público.

Por fim, é preciso mencionar que o ato praticado com abuso de poder
pode ser invalidado pela própria Administração (autotutela) ou pelo
Poder Judiciário (controle judicial).

Questão 9 (CEBRASPE, TRF – 5ª Região, Juiz Federal Substituto, 2017 -


Adaptada) Julgue o item que segue:
( ) Conforme o STJ, embora seja permitido o exercício do poder de polícia
fiscalizatório por sociedade de economia mista, é vedada a possibilidade de
aplicação de sanções pecuniárias derivadas da coercitividade presente no referido
poder.

Comentário:
ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
PODER DE POLÍCIA. TRÂNSITO. SANÇÃO PECUNIÁRIA APLICADA POR
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que
não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de economia
mista, facultado o exercício do poder de polícia fiscalizatório. Precedentes: EDcl no
REsp 817.534/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado
em 25/5/2010, DJe 16/6/2010, AgRg no AREsp 539.558/MG, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 25/11/2014, DJe 3/12/2014, AgRg na Rcl
9.850/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em
14/11/2012, DJe 20/11/2012. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no
AREsp 541.532/MG, Rel. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA
CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 16/08/2016, DJe
23/08/2016)

Gabarito: Correto.

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Questão 10 (CEBRASPE, PGE-SE, Procurador do Estado, 2017 - Adaptada)
Julgue o item que segue
( ) Para o STJ, as balanças de pesagem corporal oferecidas gratuitamente a
clientes por farmácias são passíveis de fiscalização pelo INMETRO, a fim de
preservar as relações de consumo, sendo, portanto, legítima a cobrança de taxa
decorrente do poder de polícia no exercício da atividade de fiscalização.

Comentário:
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que a Taxa
de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia do INMETRO em aferir a
regularidade de balanças, visa a preservar as relações de consumo, sendo
imprescindível verificar se o equipamento objeto de aferição é essencial ou não à
atividade desempenhada pela empresa.
(...) Por não se tratar de equipamento essencial ao funcionamento e às atividades
econômicas das farmácias, as balanças utilizadas gratuitamente pelos clientes não
se expõem à fiscalização periódica do Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO. Inteligência das Leis nº 5.966/73 e
9.933/99, e da Resolução nº 11/88. (REsp 1.384.205, DJe 12/03/2015).

Gabarito: Incorreto.

Questão 11 (MPE-SP, MPE-SP, Promotor de Justiça Substituto, 2017) Assinale a


alternativa correta.
a) O poder de polícia tem como característica a discricionariedade, pelo que a
Administração, ao expedir alvarás de autorização ou de licença, aprecia livremente a
oportunidade e conveniência da medida.
b) A autoexecutoriedade, um dos atributos do poder de polícia, permite que a
Administração ponha em execução as suas decisões sem precisar recorrer ao Poder
Judiciário, independentemente de autorização legal.
c) O poder de polícia, atividade estatal que limita o exercício dos direitos individuais
em benefício do interesse público, é exercido privativamente pelo Poder Executivo.
d) O poder de polícia, exercido pela polícia administrativa, não se confunde com o
exercido pela polícia judiciária porque a primeira atua preventivamente e a segunda
repressivamente.
e) O poder de polícia é indelegável a pessoas jurídicas de direito privado por
envolver prerrogativas próprias do poder público, insuscetíveis de serem exigidas
por particular sobre o outro.

Comentários:
a) INCORRETA. Em regra, o poder de polícia tem uma atuação discricionária, mas
há exceções. De acordo com a professora Maria Sylvia Z. Di Pietro, “licença é o ato

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administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que
preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade”.
b) INCORRETA. "A autoexecutoriedade dos atos administrativos somente é
possível, entre nós, segundo doutrina uníssona, quando a lei expressamente a
autoriza ou quando a medida reclamada para a defesa do interesse público requerer
urgência que não comporte a demora normal de um pronunciamento judicial". (TRF-
5, Apelação Cível 330714).
c) INCORRETA. O poder de polícia, em seu sentido amplo, abrange tantos as
limitações impostas pelo poder executivo (atos de alcance concreto) quanto as
realizadas por meio do poder legislativo (atos de alcance geral).
d) INCORRETA. A primeira diferença existente entre a polícia administrativa e a
judiciária é o fato de a primeira atuar preventivamente e a segunda repressivamente.
Assim, a polícia administrativa teria como objetivo impedir a conduta antissocial ao
passo que a judiciária apurar os fatos já ocorridos. Todavia, essa diferenciação
carece de precisão, na medida em que a polícia administrativa também exerce
atividade repressiva ao impor, por exemplo, multas, advertências e suspender
atividades. Por outro lado, a polícia judiciária exerce atividades preventivas, como
por exemplo, inibir crimes.
e) CORRETA. A regra é de que o poder de polícia não possa mesmo ser delegado
a pessoas jurídicas de direito privado. Veja:
"O poder de polícia, por ser atividade exclusiva do Estado, não pode ser delegado a
particulares, mas é possível sua outorga a entidades de Direito Público da
Administração Indireta, como as agências reguladoras (ANA, ANEEL, ANATEL,
etc.), as autarquias corporativas (CFM, CFO, CONFEA, etc.) e o Banco Central.
Eventualmente, particulares podem executar atos de polícia, mas sob o comando
direto da Administração Pública. Ex.: destruição de armas apreendidas. Nesses
casos, não há delegação, pois o particular atua sob as ordens estritas dos agentes
públicos." (fonte: MOREIRA, Alexandre Magno Fernandes. Poder de Polícia).
No entanto existem exceções de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça:
"As atividades que envolvem a consecução do poder de polícia podem ser
sumariamente divididas em quatro grupo, a saber: (i) legislação, (ii) consentimento,
(iii) fiscalização e (iv) sanção (...) 5. Somente o atos relativos ao consentimento e à
fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam
do poder de coerção do Poder Público." (REsp 817.534).

Gabarito: alternativa “E”.

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3 - Deveres Administrativos
Seguindo as lições do mestre Hely Lopes Meirelles, podemos afirmar
que os principais deveres impostos às autoridades públicas são os
seguintes:
a) dever de agir;
b) dever de eficiência;
c) dever de prestar contas;
d) dever de probidade.

3.1 - Dever de agir


Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, a
autoridade investida em poderes administrativos, verificada a
situação que lhe exige uma ação, não pode se omitir e deixar de
praticar atos de sua competência legal.
Nessa linha, tomando conhecimento da ocorrência de um crime de
ação pública, a autoridade policial não apenas pode como deve instaurar o
inquérito competente e adotar de ofício as providências necessárias para
desvendar a autoria e comprovar a materialidade do delito. Tal
procedimento é realizado em homenagem à consecução do interesse
público, pois a severa repressão aos delitos é de necessidade indubitável
para que se assegure a pacífica convivência em sociedade.
Discorrendo de maneira pedagógica sobre o assunto, o saudoso Hely
Lopes Meirelles também acentua: “Se para o particular o poder de agir é
uma faculdade, para o administrador público é uma obrigação de atuar,
desde que se apresente o ensejo de exercitá-lo em benefício da
comunidade”.
Como consequência, a eventual omissão do agente diante dos casos
em que tem o dever de agir poderá ensejar a responsabilização da
Administração Pública e do próprio agente omisso.

3.2 - Dever de eficiência


O dever de eficiência obriga o agente público a desempenhar suas
atribuições funcionais com perfeição técnica, alta produtividade e
adequada relação custo-benefício. A EC nº 19/1998 elevou o dever de
eficiência à categoria de princípio constitucional da Administração
Pública (art. 37, caput, da CRFB). Além disso, a referida Emenda, com o

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objetivo tornar o serviço público mais eficiente, promoveu diversas
alterações no texto constitucional, dentre as quais é possível destacar:
(i) a necessidade de avaliação especial de desempenho como
condição para o servidor adquirir a estabilidade; e
(ii) a possibilidade de o servidor estável perder o cargo em razão
de desempenho insuficiente.

3.3 - Dever de prestar contas


Todas as pessoas que administrem bens e interesses de terceiros têm
o dever de prestar contas. Tratando-se de autoridades estatais, a regra
também é aplicável, tendo em vista o princípio republicano. Ora, se a
coisa é pública (res publica), o agente público gera bens e interesses
alheios, exigindo-se-lhe, como consectário, a necessária prestação de
contas.
O dever de prestar contas está previsto no parágrafo único do art. 70
da Constituição Federal, nos seguintes termos:
Art. 70. [...]
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

Atento à importância da prestação de contas, o legislador constituinte


originário não se satisfez com o mero estabelecimento do dever, e o
elevou a verdadeiro princípio constitucional sensível, ou seja, aquele
que, uma vez descumprido, pode gerar a mais extrema sanção
institucional possível em um Estado federativo, qual seja, o afastamento
temporário da autonomia do ente federado (intervenção). A hipótese foi
prevista no art. 34, VII, “d” (intervenção da União nos Estados ou no
Distrito Federal), e no art. 35, II (intervenção dos Estados nos Municípios
ou da União nos municípios localizados em Território Federal).

3.4 - Dever de probidade


O dever de probidade exige que o agente público, no exercício de
suas funções, atue com honestidade, respeitando os princípios da ética,

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da lealdade e da boa-fé. A sua inobservância acarreta as consequências
estabelecidas no art. 37, § 4º, da Constituição Federal, conforme
transcrito a seguir:
§ 4.º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Regulamentando o referido dispositivo constitucional, foi editada a Lei


nº 8.429/1992 (conhecida como Lei de Improbidade Administrativa).

4 - Mais questões de prova


Encerrando, vamos resolver mais algumas questões de prova para consolidar o
assunto:
Questão 12 (CEBRASPE, SEFAZ-RS, Auditor do Estado, 2018)
A respeito dos poderes administrativos, assinale a opção correta.
a) O exercício do poder disciplinar não admite delegação ou avocação
de atribuições.
b) O exercício do poder disciplinar pode ser observado na imposição
de multas de trânsito.
c) O poder regulamentar é o poder de a administração pública editar
leis em sentido estrito.
d) A possibilidade de a administração pública restringir o gozo da
liberdade individual em favor do interesse da coletividade decorre do
poder de polícia.
e) O poder hierárquico pode ser exercido pela União sobre uma
sociedade de economia mista da qual ela seja acionista.Parte inferior
do formulário

Comentários:
a) INCORRETA. Pois não se admite delegação ou avocação somente dos atos
normativos, de matérias de competência exclusivas e decisões de recursos
administrativos.
b) INCORRETA. Poder de polícia.
c) INCORRETA. O ciclo amplo de polícia inclui editar leis.

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d) CORRETA. Conceito de poder polícia.
e) INCORRETA. Não há hierarquia.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 13 (VUNESP, TJ-SP, Juiz Substituto, 2017)
Parte superior do formulário
A respeito dos poderes da Administração pública, é correto afirmar:
a) O poder de rever atos e decisões e de decidir conflitos de
competência entre subordinados são desdobramentos ou
decorrências do poder disciplinar.
b) As multas decorrentes do poder de polícia devem ser executadas
na via administrativa.
c) Compete privativamente ao Presidente da República dispor,
mediante decreto, sobre (i) organização e funcionamento da
Administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; e (ii) extinção de funções ou
cargos públicos, quando vagos.
d) Em matéria de poder de polícia, suspende-se a prescrição da ação
punitiva por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da
Administração pública federal.
e) É da competência exclusiva da Câmara dos Deputados sustar os
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

Comentários:
a) INCORRETA. O poder de rever atos e decisões e de decidir conflitos de
competência entre subordinados são desdobramentos ou decorrências do poder
disciplinar.
O poder disposto na assertiva é o poder hierárquico, que representa o
escalonamento de atribuições e funções dentro da estrutura interna da
Administração Pública, surgindo, assim, a possibilidade de dar ordens; rever e
fiscalizar atos de um subordinado; delegar e avocar competência. Já o poder
disciplinar é o poder da Administração Pública de apurar e punir as faltas funcionais
de seus agentes públicos ou de particulares que estejam sujeitos à disciplina
administrativa.
b) INCORRETA. As multas decorrentes do poder de polícia devem ser
executadas na via administrativa.

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Em que pese os atos administrativos sejam dotados de autoexecutoriedade,
esta característica não está presente no caso das multas administrativas, que não
podem ser executadas diretamente pelo Poder Público na via administrativa.
c) CORRETA. Compete privativamente ao Presidente da República dispor,
mediante decreto, sobre (i) organização e funcionamento da Administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos
públicos; e (ii) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Art. 84, CF/88. Compete privativamente ao Presidente da República:
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
d) INCORRETA. Em matéria de poder de polícia, suspende-se a prescrição da
ação punitiva por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de
tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da Administração pública federal.
O erro é falar que se suspende a prescrição, sendo que o correto é a
interrupção. Trata-se de previsão da Lei 9.873/99, que estabelece o prazo de
prescrição para o exercício da ação punitiva pela Administração Pública federal,
direta e indireta:
Art. 2º Interrompe-se a prescrição da ação punitiva:
(...)
IV – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de
tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública
federal.
e) INCORRETA. É da competência exclusiva da Câmara dos Deputados sustar
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa.
O erro está em afirmar que a competência para sustar os atos normativos que
exorbitem o poder regulamentar é da Câmara, quando o correto é o Congresso
Nacional, nos termos do art. 49, V, da CRFB.

Gabarito: alternativa “c”.

Questão 14 (FAPEMS, PC-MS, Delegado de Polícia, 2017)


Quanto aos poderes da Administração Pública, assinale a alternativa
correta.

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a) O Poder Hierárquico é pressuposto do Poder Disciplinar.
b) O Poder Hierárquico pode ser exercido pela regulamentação de
prática de ato em razão de interesse público concernente à
segurança.
c) O Poder Disciplinar pode ser exercido por meio do disciplinamento
de liberdade.
d) O Poder de Polícia pode ser exercido por meio da expedição de
decretos autônomos.
e) A possibilidade de delegar e avocar atribuições decorre do Poder
Disciplinar.

Comentários:
a) CORRETA. O poder disciplinar trata da atribuição pública de aplicação de
sanções àqueles que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal. Com efeito, é o
poder de aplicar sanções e penalidades, apurando infrações dos servidores –
REGRA GERAL - ou outros que são submetidas à disciplina da Administração, ou
seja, a todos aqueles que tenham vínculo de natureza especial como Estado.
b) INCORRETA. É uma decorrência do exercício do Poder de Polícia, de
âmbito administrativa (Poder de Polícia Administrativa - o Poder Público interfere na
órbita do interesse privado para salvaguardar o interesse público, restringindo
direitos individuai, é exercido, por exemplo, pela Vigilância Sanitária quando do
recolhimento de mercadorias vencidas de determinado estabelecimento comercial
do ramo alimentício).
c) INCORRETA. É uma decorrência do exercício do Poder de Polícia, de
âmbito judiciária (Poder de Polícia Judiciária - trata dos crimes e contravenções, é
exercido, por exemplo, pela Polícia Federal).
d) INCORRETA. É uma decorrência do Poder Regulamentar, que pode emitir
decretos autônomos nas hipóteses previstas ''constitucionalmente''.
e) INCORRETA. Decorrência do Poder Hierárquico que, avoca atribuições
somente de pessoas subordinadas e delega para pessoas, subordinadas ou não.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 15 (FMP Concursos, MPE-RO, Promotor de Justiça Substituto)
Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao poder de polícia.
a) É constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício do
poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções
administrativas previstas em lei.

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b) As atribuições da guarda municipal previstas na Constituição da
República são definidas em sentido exemplificativo, e não exaustivo.
c) O poder de polícia se manifesta exclusivamente por intermédio de
deveres de abstenção ou obrigações de não fazer acometidas aos
particulares.
d) O poder de polícia não se limita à atuação do Estado no
concernente à prestação de segurança pública direcionada à
coletividade.
e) Até mesmo instituições policiais podem cumular funções típicas de
segurança pública com exercício de poder de polícia.

Comentário:
DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PODER DE
POLÍCIA. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE TRÂNSITO. GUARDA
MUNICIPAL.CONSTITUCIONALIDADE. 1. Poder de polícia não se confunde
com segurança pública (letra d). O exercício do primeiro não é prerrogativa
exclusiva das entidades policiais, a quem a Constituição outorgou, com
exclusividade, no art. 144, apenas as funções de promoção da segurança
pública. 2. A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções
administrativas legalmente previstas, embora possa se dar ostensivamente,
constitui mero exercício de poder de polícia, não havendo, portanto, óbice ao
seu exercício por entidades não policiais. 3. O Código de Trânsito Brasileiro,
observando os parâmetros constitucionais, estabeleceu a competência comum
dos entes da federação para o exercício da fiscalização de trânsito. 4. Dentro
de sua esfera de atuação, delimitada pelo CTB, os Municípios podem
determinar que o poder de polícia que lhe compete seja exercido pela guarda
municipal.
5. O art. 144, §8º, da CF, não impede que a guarda municipal exerça funções
adicionais à de proteção dos bens, serviços e instalações do Município. (letra
b) Até mesmo instituições policiais podem cumular funções típicas de
segurança pública com exercício de poder de polícia. Entendimento que não foi
alterado pelo advento da EC nº 82/2014. (letra e)
6. Desprovimento do recurso extraordinário e fixação, em repercussão geral, da
seguinte tese: é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício
de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções
administrativas legalmente previstas. (letra a) (STF, RExt 658.570, red. p/ o
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015, repercussão geral, INFO
802)

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Gabarito: Letra “c”.
Questão 16 (CEBRASPE, Prefeitura de Belo Horizonte – MG, Procurador
Municipal)
Em relação aos poderes e deveres da administração pública, assinale
a opção correta.
a) É juridicamente possível que o Poder Executivo, no uso do poder
regulamentar, crie obrigações subsidiárias que viabilizem o
cumprimento de uma obrigação legal.
b) De acordo com o STF, ao Estado é facultada a revogação de ato
ilegalmente praticado, sendo prescindível o processo administrativo,
mesmo que de tal ato já tenham decorrido efeitos concretos.
c) De acordo com o STF, é possível que os guardas municipais
acumulem a função de poder de polícia de trânsito, ainda que fora da
circunscrição do município.
d) Do poder disciplinar decorre a atribuição de revisar atos
administrativos de agentes públicos pertencentes às escalas inferiores
da administração.

Comentários:

a) CORRETA. O exercício do poder regulamentar, em regra, se materializa na


edição de decretos e regulamentos destinados a dar fiel execução às leis.
b) INCORRETA. Ato ilegalmente praticado cabe à Administração anulá-lo.
Revogação está ligada à oportunidade e conveniência da Administração. Se ocorrer
revogação de um ato que já produziu efeitos concretos, seu desfazimento deve ser
precedido de regular processo administrativo.
c) INCORRETA. De fato, as guardas municipais podem acumular a função de
poder de polícia de trânsito (RExt 658.570), entretanto somente podem na
circunscrição do município, nos termos do art. 24 do CTB (“compete aos órgãos e
entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição”).
d) INCORRETA. Seria poder hierárquico, e não disciplinar. Errada, assim, a
assertiva.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 17 (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros –
Provimento, 2016)
Assinale a alternativa correta:

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( ) Pode-se conceituar o poder de polícia, de forma simplificada,
como a atividade estatal consistente em limitar o exercício do
interesse público para a preservação e proteção dos direitos
individuais, quando estes forem ameaçados pelo Estado, por conta do
princípio da proibição de excesso.

Comentário:

“...Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para


condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em
benefício da coletividade ou do próprio Estado” (MEIRELLES, 2015, p. 127).

“O Poder de Polícia é, em suma, o conjunto de atribuições concedidas a


Administração para disciplinar e restringir, em favor do interesse público adequando,
direitos e liberdades individuais” (TÁCITO, 1975, apud MEIRELLES, 2015, p. 128)

Observação: Princípio da proibição do excesso - na consecução de um fim,


deve-se utilizar o meio estritamente adequado, evitando-se todo excesso.

Gabarito: Incorreta.
Questão 18 (FCC, SEGEP-MA, Procurador do Estado, 2016)
A atividade de polícia administrativa
a) pode ser exemplificada pela atuação das corregedorias, ao
fiscalizar a atividades dos órgãos públicos.
b) sempre é exercida de forma discricionária, sendo que tal
característica é impositiva, em razão do princípio da
proporcionalidade.
c) nem sempre é prestada de forma gratuita pela Administração,
havendo situações que implicam em onerosidade de seu exercício.
d) é irrenunciável, de modo que não é possível a revogação de
medidas de polícia administrativa, uma vez que tenham sido
aplicadas pela autoridade competente.
e) é dotada do atributo de imperatividade, que consiste na
possibilidade que a Administração tem de executar suas decisões com
seus próprios meios, sem necessidade de provocação do Poder
Judiciário.

Comentário:

Quanto ao poder de polícia:

a) INCORRETA. O Poder de Polícia é exercido pela Administração em relação


aos particulares, que limita direito ou liberdade para proteger o interesse público.

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b) INCORRETA. É discricionária em regra. Há, portanto, situações em que o
poder de polícia é uma atividade vinculada, como no caso das licenças
administrativas.
c) CORRETA. A cobrança de taxa tem como fato o exercício regular do poder
de polícia, portanto pode, também, ser oneroso.
d) INCORRETA. As medidas adotadas devido à polícia administrativa não
absolutas, razão pela qual podem ser revogadas pela administração, no exercício do
poder de autotutela.
e) INCORRETA. O atributo da imperatividade significa fazer que a
Administração tem a prerrogativa de impor ao particular a sua vontade. O conceito
dado pela assertiva se refere ao atributo da autoexecutoriedade.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 19 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2015)
Sobre o poder de polícia, assinale a alternativa correta.
a) O poder de polícia é um poder discricionário por natureza,
destinado à defesa da segurança nacional.
b) A licença é um ato de consentimento administrativo plenamente
vinculado por meio do qual se faculta ao particular o exercício de uma
atividade.
c) O poder de polícia consiste na imposição de restrições,
condicionamentos e conformações a direitos individuais, mas não a
imposição de deveres aos particulares.
d) O exercício do poder de polícia configura fato gerador do tributo
denominado contribuição social.
e) A delegação de atos de polícia administrativa a particulares é, em
regra, admitida no Direito brasileiro.

Comentário:

a) INCORRETA. Destinado ao interesse público;

b) CORRETA.

c) INCORRETA. Imposição de deveres aos particulares;

d) INCORRETA. É por meio de taxa, e não contribuição social.

e) INCORRETA. Não é admitida, em regra. O STF diz que não é admissível. O


STJ, conforme estudamos, apenas admite para fiscalização e consentimento.

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Gabarito: Letra “B”.
Questão 20 (CEBRASPE, DPE-PE, Defensor Público, 2015)
Com base na jurisprudência do STJ, julgue o item seguinte.
( ) Segundo entendimento já consolidado no âmbito no STJ, a
quitação de multas de trânsito vencidas não pode ser condição para a
liberação de veículo regularmente apreendido, haja vista que a multa
não constitui punição autoexecutória.
Comentário:
Na verdade, a jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de traçar uma
distinção entre multas em relação às quais o proprietário do veículo ainda não tenha
sido notificado, ou mesmo sobre as quais ainda haja prazo para pagamento e/ou
impugnação ou interposição de recursos, sendo que tais multas não podem, de fato,
constituir óbices à liberação de veículos, sob pena de violação ao devido processo
legal, à ampla defesa e ao contraditório.
Todavia, no que se refere às multas vencidas – e foi a estas que a questão
aqui comentada se referiu – o STJ firmou posição na linha de ser legítima a retenção
do veículo, nos termos do art. 262. do Código Nacional de Trânsito, até que as
multas sejam quitadas.
Referido posicionamento pode ser encontrado, por exemplo, no REsp
1.104.775, Rel. Min..
Gabarito: Incorreta.
Questão 21 (VUNESP, DPE-MS, Defensor Público, 2014)
Sobre os poderes inerentes à Administração Pública, é correto afirmar
que
a) o poder normativo ou regulamentar atribuído à Administração
Pública permite a edição de atos normativos originários, por
competência própria, outorgada pela Constituição.
b) o exercício do poder disciplinar visa apurar infrações e aplicar
penalidades aos servidores públicos, não sendo aplicado o
contraditório e a ampla defesa no âmbito do processo administrativo.
c) a organização hierárquica é atribuição exclusiva do Poder
Executivo, havendo, portanto, somente nesse âmbito, incidência do
poder hierárquico.
d) o poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o
exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público.
Comentários:

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a) INCORRETA. O poder regulamentar do poder executivo permite que eles
editem atos normativos de caráter secundário, visto que leis de caráter primário
advêm do Poder Legislativo. Nesse aspecto, como o Poder executivo não pode
praticar atos normativos que gerem direitos, esses atos não serão primários, já que
essa característica é a mais fundamental nas leis elaboradas pelo Poder Legislativo.
b) INCORRETA. O contraditório e a ampla defesa são princípios implícitos
constitucionais que são aplicados nos Processos Administrativos, vejam:
Lei 9.784 Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios
da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
c) INCORRETA. O poder hierárquico advém de toda organização
administrativa, e como essa prerrogativa é exercida atipicamente pelos demais
poderes (Judiciário e Legislativo), ela não fica restringida somente ao Poder
Executo, o qual a exerce de forma típica.
d) CORRETA. Esquema didático sobre poder de polícia:
Atributos do Poder de polícia:
- Discricionariedade (se estiver previsto em lei, torna-se vinculado)
- Coercibilidade (=Imperatividade: se impor a terceiros independente de sua
concordância)
- Auto-executoriedade (Independe de autorização do poder judiciário)

Características:
- Atividade restritiva
- Limita liberdade e propriedade
- Natureza discricionária (regra geral)
- Atua em ilícitos administrativos
- Pode ser preventiva ou repressiva
- Regida pelo Direito Administrativo.

Abuso de poder de polícia:


- Abuso de poder
1. Excesso de poder: Incide na competência, viola a Supremacia do Interesse
Público.

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2. Desvio de poder ou finalidade: Incide na finalidade e viola os princípios da
Impessoalidade e da Moralidade
Gabarito: Letra “a”.
Questão 22 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto, 2014)
A respeito de poder de polícia, limitações administrativas, direito de
propriedade e desapropriação, assinale a opção correta.
a) A desapropriação se dará por motivos de utilidade pública ou
interesse social, uma vez que se restringe à transferência de bem
imóvel de terceiro para o poder público.
b) A prerrogativa do poder de polícia permite à administração o
condicionamento e a restrição de uso e gozo de bens, atividades e
direitos individuais e é exercida, no âmbito de cada estado-membro,
pelos órgãos de controle interno e pela polícia civil do estado.
c) No exercício da atividade de polícia, a administração pode atuar
tanto por meio de atos normativos dotados de alcance geral, quanto
por meio de atos concretos, a exemplo dos atos sancionatórios.
d) Se, em determinado município, nas obras de implantação de rede
elétrica, em certo trecho, for necessário passar o cabeamento por
baixo de um imóvel de propriedade do estado, o município poderá
instituir servidão administrativa sobre esse imóvel, em razão do
interesse público envolvido.
e) Caso um imóvel antigo, de propriedade de um cidadão, se situe no
centro histórico de um município e retrate a arquitetura de
determinada época do país, a anuência desse cidadão será condição
de procedibilidade de eventual processo de tombamento do citado
imóvel, tendo em vista que o direito constitucional de propriedade
impede que se processe ao tombamento de forma compulsória.
Comentários:
a) INCORRETA. A desapropriação não se restringe a bens imóveis, sendo
perfeitamente possível que recai sobre bens móveis, inclusive incorpóreos, desde
que apresentem valoração patrimonial, como ações ou quotas de uma dada
sociedade empresária.
b) INCORRETA. A expressão “órgãos de controle interno” já não é das mais
felizes porque parece se referir àqueles órgãos encarregados de fiscalizar a própria
atividade administrativa, internamente, e não a atuação dos particulares, os quais
constituem, na verdade, os reais destinatários do poder de polícia. Deveras, a polícia
civil atua no exercício da chamada polícia judiciária, responsável pela persecução
penal, instaurando e conduzindo inquéritos policiais com vistas à elucidação de
ilícitos penais, por meio da identificação de seus responsáveis e da colheita de

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elementos comprobatórios da materialidade do delito, em ordem a que sejam
julgados e condenados pelo Poder Judiciário. Não constitui, assim, exemplo de
órgão que exerça a atividade de polícia administrativa.
c) CORRETA. Muitas vezes o exercício do poder de polícia exige a edição de
atos normativos infralegais (decretos, resoluções, portarias, etc), visando a dar fiel
cumprimento às leis. Exemplo: Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito –
CONTRAN. Quanto à segunda parte da afirmativa, também está correta. Os atos
sancionatórios, como as multas, podem ser classificados como atos concretos,
porquanto têm destinatários certos e visam a reger determinadas situações.
d) INCORRETA. Por força do art. 40, do Decreto-lei nº 3.365/1941, aplicam-se
às servidões administrativas, no que couber, as disposições pertinentes às
desapropriações por necessidade/utilidade pública, as quais estão vazadas neste
mesmo diploma legal. Assim sendo, incide, na espécie, o que preceitua o art. 2º,
§2º, do sobredito DL, nos termos do qual os bens do domínio dos Estados,
Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e
os dos Municípios pelos Estados, desde que haja prévia autorização legislativa.
Como se vê, as pessoas políticas de maior abrangência territorial podem, em tese,
desapropriar bens de entes federativos “menores”, mas a recíproca não é
verdadeira. Transportando esta mesma regra para o âmbito das servidões
administrativas, conclui-se que um Município não está autorizado a instituir servidão
sobre bem do domínio de um Estado-membro. O oposto é que seria possível.
Errada, assim, a assertiva.
e) INCORRETA. O tombamento admite a modalidade compulsória, mesmo que
haja resistência do proprietário do bem (art. 8º, Decreto-lei nº 25/1937).
Gabarito: Alternativa “c”.
Questão 23 (CEBRASPE, PGE-PE, Procurador do Estado, 2009 - Adaptada)
Acerca do regime jurídico-administrativo e dos princípios jurídicos que
amparam a administração pública, julgue os itens seguintes.
( ) Suponha que, em razão de antiga inimizade política, o prefeito
do município X desaproprie área que pertencia a Cleide, alegando
interesse social na construção de uma escola de primeiro grau. Nessa
situação hipotética, a conduta do prefeito caracteriza desvio de
poder.
Comentário:
O desvio de poder, também chamado de desvio de finalidade, ocorre quando o
agente pratica ato com finalidade diversa do interesse público ou da previsão em lei,
ferindo o princípio da supremacia do interesse público.

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Gabarito: Correta.
Questão 24 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)
Em relação aos poderes administrativos, julgue os itens subsecutivos.
( ) Constitui exemplo de poder de polícia a interdição de
restaurante pela autoridade administrativa de vigilância sanitária.
Comentário:
Como já destacamos no estudo da presente aula, poder de polícia é a
faculdade discricionária de que dispõe a Administração Pública, para condicionar e
restringir o uso e gozo de bens ou direitos individuais, em benefício da coletividade
ou do próprio Estado. É a faculdade de manter os interesses coletivos e de
assegurar os direitos individuais feridos pelo exercício de direitos individuais de
terceiros. Visa à proteção dos bens, dos direitos, da liberdade, da saúde, do bem-
estar econômico, e constitui limitação à liberdade e os direitos essenciais do homem.
Gabarito: Correto.
Questão 25 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal, 2014)
Acerca do poder normativo da Administração Pública, é correto
afirmar:
a) Os chamados regulamentos executivos não existem no Direito
Brasileiro, que somente admite os chamados regulamentos
autorizados ou delegados.
b) É exercido por meio de decretos regulamentares, resoluções,
portarias e outros atos dotados de natureza normativa primária.
c) Não se confunde com o poder regulamentar, pois ambos têm
natureza jurídica distinta.
d) Compete ao Congresso Nacional sustar atos normativos dos
demais Poderes que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa.
Comentários:
a) INCORRETA. O Brasil admite, sim, os regulamentos executivos (art. 84, IV,
CRFB), além dos regulamentos autônomos (art. 84, VI, CRFB), para além dos
regulamentos autorizados ou delegados.
b) INCORRETA. Somente a Constituição Federal e a lei (além de espécies
normativas dotadas de mesma estatura constitucional) constituem fontes normativas
primárias. Os decretos (exceto os autônomos), as resoluções, portarias e etc são
fontes normativas meramente secundárias. No ponto, assim escreveu o professor
José dos Santos Carvalho Filho: “Sob o enfoque de que os atos podem ser

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originários e derivados, o poder regulamentar é de natureza derivada (ou
secundária): somente é exercido à luz de lei preexistente. Já as leis constituem atos
de natureza originária (ou primária), emanando diretamente da Constituição."
(Manual de Direito Administrativo, 27ª edição, 2014, p. 57).
c) INCORRETA. A distinção que se pode estabelecer entre os poderes
normativo e regulamentar reside, tão somente, no fato de que este último emana,
sempre, dos Chefes do Poder Executivo, ou seja, do Presidente da República, dos
Governadores e dos Prefeitos, bem assim é exercido sempre por meio de Decretos.
Todavia, tal especificidade não altera a natureza jurídica do poder regulamentar,
que, na essência, equivale ao poder normativo, vale dizer, consiste na edição de
atos dotados de generalidade e abstração. Quando tal poder é exercido por outros
órgãos ou entidades administrativas, que não os Chefes do Poder Executivo, estar-
se-á diante do exercício de poder normativo, mas, na essência, o objetivo é o
mesmo. A diferença, portanto, é muito mais de denominação do que propriamente
de conteúdo, de natureza jurídica.
d) INCORRETA. É a reprodução incorreta do art. 49, V, da CRFB. A
competência exclusiva do Congresso Nacional limita-se ao Poder Executivo, não
abrangendo, portanto, outros Poderes, conforme equivocadamente mencionado
nesta alternativa.
e) CORRETA. A primeira afirmativa está correta porque, regra geral, todas as
leis são executáveis a partir do momento em que adquirem vigência,
independentemente de qualquer regulamento. Apenas aquelas que já nascem
condicionadas a uma regulamentação é que, a priori, não terão eficácia desde logo,
até que sobrevenha o regulamento encomendado pelo Legislativo. Quanto à
segunda parte, de fato, em linha de princípio, a expedição de um regulamento
encontra-se na esfera de competência discricionária da Administração Pública, caso
julgue necessário regulamentar a matéria prevista em lei, visando à sua fiel
execução.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 26 (CEBRASPE, PG-DF, Procurador, 2013)
Acerca dos atos de improbidade administrativa e dos poderes
administrativos, julgue os itens que se seguem.
( ) O DF não pode delegar o poder de polícia administrativa a
pessoas jurídicas de direito privado, a exemplo das sociedades de
economia mista, mesmo que embasado no princípio da eficiência e
limitado à competência para a aplicação de multas.
Comentário:

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Segundo vimos, a doutrina entende que o poder de polícia é manifestação do
poder de império (ius imperii) do Estado, pressupondo a posição de superioridade de
quem o exerce, em relação ao administrado. Por isso, a doutrina não admite
delegação do exercício do poder de polícia a particulares. Segundo entendimento do
Supremo Tribunal Federal, poder de polícia só pode ser delegado a pessoas
jurídicas de direito público, e não a pessoas jurídicas de direito privado (ADI 1.717).
Entretanto, é possível delegar a particulares atividades materiais preparatórias ao
exercício do poder de polícia, já que elas não realizam a fiscalização em si, mas
apenas servem de apoio instrumental para que o Estado desempenhe
privativamente o poder de polícia. Exemplos: empresa privada que instala radares
fotográficos para apoiar na fiscalização do trânsito; e manutenção de presídios
administrados pela iniciativa privada. Nos dois casos, o particular realiza atividades
materiais secundárias, permitindo que o Estado exerça a fiscalização propriamente
dita.
Gabarito: Correta.
Questão 27 (CEBRASPE, PG-DF, Procurador, 2013)
Após ter sido submetido a processo administrativo em razão do
cometimento de infração disciplinar, determinado servidor público foi
removido de ofício por seu superior hierárquico, agente competente
para tanto, como forma de punição pela prática do ato.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.
( ) Embora observada a regra de competência referente ao poder
disciplinar, houve desvio de poder, já que não foi atendida a
finalidade prevista em lei para a prática do ato de remoção do
servidor.
Comentário:
Desvio de poder é sinônimo de desvio de finalidade. O abuso de poder configura-se
por uma conduta praticada pelo agente público em desconformidade com a lei e
pode se apresentar sob duas formas diferentes:
1ª) quando o agente público ultrapassa os limites da competência que lhe
foi outorgada pela lei (excesso de poder);
2ª) quando o agente público exerce a competência nos estritos
limites legais, mas para atingir finalidade diferente daquela prevista em
lei (desvio de poder ou desvio de finalidade).

Desse modo, como a remoção foi utilizada com fim diverso (punição) daquele
para a qual foi criada (suprir a carência de servidores), deverá ser anulada pela

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própria Administração ou pelo Poder Judiciário por caracterizar desvio de
finalidade/poder.
Gabarito: Correta.
Questão 28 (IPAD, PGE-PE, Direito, 2013)
Quanto ao Poder de Polícia, marque a assertiva CORRETA:
a) não é capaz de restringir a liberdade ou propriedade do particular.
b) é uma atividade exercida de forma apenas repressiva.
c) sempre pode ser exercida por particulares.
d) do seu exercício pode surgir sanção ao particular.
e) é exercido apenas pelo Poder Executivo.
Comentário:
A atividade REPRESSIVA de polícia é consubstanciada na aplicação de
sanções administrativas como consequência da prática de infrações a normas de
polícia pelos particulares a elas sujeitos.
Verificando a existência de infração, a autoridade administrativa deverá lavrar o
auto de infração pertinente e cientificar o particular da sanção aplicada.
A imposição da sanção de polícia pela administração é ato autoexecutório, ou
seja, para aplicar a sanção, a administração não necessita da interferência prévia do
Poder Judiciário.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 29 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2013)
Julgue o item a seguir, acerca do recurso hierárquico impróprio.
( ) O recurso hierárquico impróprio, na medida em que é dirigido a
autoridade de órgão não integrado na mesma hierarquia daquela que
proferiu o ato, independe de previsão legal.
Comentário:
Recurso hierárquico próprio → dirigido à autoridade ou órgão imediatamente
superior e independe de previsão legal.
Recurso hierárquico impróprio → dirigido à autoridade que não possui posição
de superioridade hierárquica em relação a quem praticou o ato e depende de
previsão legal.
Gabarito: Incorreta.
Questão 30 (FAFIPA, Câmara Municipal de Guairáça – PR, Advogado)

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No que se refere aos atributos do Poder de Polícia, assinale a
alternativa CORRETA:
a) Discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.
b) Autoritarismo, arbitrariedade e nepotismo.
c) Severidade, altivez e sujeição.
d) Exigibilidade, permissividade e parcialidade.
Comentários:
Atributos do poder de polícia:
Coercibilidade - Traduz-se na possibilidade de as medidas adotadas pela
administração pública serem impostas coativamente ao administrado.
Autoexecutoriedade - Define-se como a possibilidade de que certos atos
administrativos sejam imediata e diretamente executados pela própria administração,
independentemente de ordem judicial prévia.
Discricionariedade - A administração dispõe de uma razoável liberdade de
atuação, podendo decidir sobre a oportunidade e a conveniência de práticas os atos
correspondentes, valorar o seu motivo e escolher, dentro dos limites legais, o
respectivo conteúdo.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 31 (CEBRASPE, DPE-DF, Defensor Público, 2013)
Em relação ao direito administrativo, julgue o próximo item.
( ) Tratando-se de delegação de competência de superior para
subordinado em uma estrutura hierarquizada, a autoridade delegante
não pode exercê-la após a transferência da atribuição.
Comentário:
Numa estrutura hierarquizada e tratando-se de delegação de superior para o
subordinado, a autoridade delegante mantém o poder das instruções e o poder de
controle sobre os atos do delegado. Em princípio, mesmo tendo transferido certas
atribuições ao delegado, a autoridade delegante poderá exercê-la, tendo a faculdade
de revogar a delegação a qualquer tempo, pela mesma forma com que o editou.
Gabarito: Incorreta
Questão 32 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013 - Adaptada)
Julgue o item que segue
( ) O atributo da autoexecutoriedade está presente em todos os atos
administrativos, inclusive naqueles adotados no âmbito do poder de
polícia administrativa.

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Comentário:
Apenas o atributo da presunção de legitimidade e veracidade está presente em
todos os atos administrativos, a autoexecutoriedade se divide em dois exigibilidade e
executoriedade este último não está presente em todos os atos, pois, se o cidadão
se recusar a pagar uma multa, o Estado terá que recorrer ao Poder judiciário para
efetivar essa cobrança.
Gabarito: Incorreta.
Questão 33 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013 - Adaptada)
Julgue o item que segue
( ) A remoção de determinado servidor público com o objetivo de
puni-lo configura desvio de finalidade, podendo ser invalidada pela
própria administração pública ou pelo Poder Judiciário.
Comentário:
Exemplo típico de desvio de finalidade é a remoção ex officio de servidor, como
forma de punição.
Ora, a lei prevê a remoção como modalidade de deslocamento do servidor para
atender a necessidade de serviço, e não para ser utilizada como punição (os atos
punitivos são a advertência, a suspensão, a demissão, a destituição do cargo em
comissão, a cassação de aposentadoria e a cassação da disponibilidade). Logo, não
pode o instituto ser utilizado para fim diverso (a título de punição, por exemplo).
Incorreria nesse vício, por exemplo, o administrador público que, visando a punir o
servidor, baixasse uma portaria, removendo-o, de ofício, da cidade em que estivesse
lotado para uma localidade inóspita, mesmo que nessa cidade houvesse
necessidade de pessoal.
Gabarito: Correta.
Questão 34 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013)
Assinale a opção correta a respeito dos poderes administrativos.
a) Os entes descentralizados estão submetidos ao controle
hierárquico exercido pela administração direta, já que o vínculo
existente nessa relação jurídica é o de subordinação.
b) O controle jurisdicional do poder disciplinar da administração
pública é amplo, podendo o juiz, inclusive, determinar concretamente
a sanção disciplinar aplicável ao caso.
c) A organização administrativa baseia-se nos pressupostos da
distribuição de competências e da hierarquia, razão por que o titular
de uma secretaria estadual, desde que não haja impedimento legal,
pode delegar parte da sua competência a outro órgão quando for

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conveniente em razão de determinadas circunstâncias, como a de
índole econômica, por exemplo.
d) No âmbito do poder disciplinar, a administração pública possui
discricionariedade para decidir se apurará, ou não, infração funcional
cometida por servidor.
e) Com o objetivo de melhorar a eficiência administrativa, os
estados-membros podem delegar o poder de polícia administrativa a
sociedades de economia mista, especialmente a competência para a
aplicação de multas.
Comentário:
a) INCORRETA. Os entes descentralizados (autarquia, fundação, sociedade de
economia mista, empresa pública) estão submetidos à tutela (controle finalístico,
supervisão ministerial) pelos entes da Administração Direta (União, Estados, DF,
municípios) e não subordinação.
b) INCORRETA. A banca examinadora misturou misturou conceitos! O poder
disciplinar é aquele usado pela administração para punir servidores e particulares
sujeitos as regras administrativas, já o exercido pelo juiz (Poder judiciário) diferente
do poder disciplinar somente pode ser utilizado se provocado, pois, em uma infração
administrativa o poder judiciário não pode agir de ofício.
c) CORRETA.
d) INCORRETA. Se ocorreu uma infração funcional a administração tem o
''poder - dever'' de punir, porém, a uma certa margem de liberdade na tipificação e
graduação da penalidade. Exemplo disso, é o caso de suspensão em que faculta ao
superior hierárquico aplicar uma pena de 1 a 90 dias. Outro exemplo, são os
conceitos jurídicos indeterminados como: insubordinação em serviço, falta funcional,
desídia são conceitos genéricos que dão margem de liberdade para o superior
hierárquico.
e) INCORRETA. O poder de polícia somente pode ser utilizado por pessoas
jurídicas de direito público - União, Estado, DF, Município, autarquias e fundações
públicas, como a sociedade de economia mista, que é pessoa jurídica de direito
privado não pode usar o poder de polícia.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 35 (CEBRASPE. DPE-SE. Defensor Público, 2012)
A respeito dos poderes da administração pública, assinale a opção
correta.

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a) A autoexecutoriedade, característica do poder de polícia, possibilita
ao administrador a sua atuação de forma imediata, mas sempre
dependente da atuação conjunta de outro poder.
b) O poder de polícia consiste em atividade administrativa que,
limitando ou extinguindo direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público.
c) O poder regulamentar permite que a administração pública crie os
mecanismos de complementação legal indispensáveis à efetiva
aplicabilidade da lei, sendo ilegítima a fixação, realizada pelo poder
regulamentar, que crie obrigações subsidiárias (ou derivadas) —
diversas das obrigações primárias (ou originárias) contidas na própria
lei.
d) Segundo a doutrina majoritária, são atributos do poder de polícia a
autoexecutoriedade, a presunção de legitimidade e a imperatividade.
e) Consoante a doutrina majoritária, a atribuição do poder de polícia
não pode ser delegada a particulares, sendo esse poder exclusivo do
Estado e expressão do próprio ius imperii, ou seja, do poder de
império, que é próprio e privativo do poder.
Comentários:
a) INCORRETA. As atividades da polícia estão aptas a serem executadas
independentemente de medida judicial. Bastando ordem administrativa. Lembre-se
que isso se justifica pela teoria da especialização dos poderes, em que a
administração tipicamente exercida pelo poder executivo não carece da atividade
judicial para produzir efeitos!
b) INCORRETA. O poder de polícia não pode extinguir direito! Para isso
existem as limitações do poder de polícia. Temendo o mau uso do poder de polícia
algumas medidas SÓ se executam pelas vias judiciais, ou seja, são desprovidas de
executoriedade! Isso se deve ao fato de o poder de polícia ter ênfase preventiva,
mas por conta de um de seus atributos, que é a coercibilidade, se fazer necessário
limitações quanto ao uso desse poder. Sendo assim, o poder de polícia limita, em
regra.
c) INCORRETA. Lembre-se sempre que o poder regulamentar se limita a lei.
Ele não pode alterar ou inovar ordenamentos jurídicos e dispositivos legais. O que
ele faz é apenas uma forma de "edição" de atos normativos de caráter geral e
abstrato. Entre outras palavras, ele busca um esclarecimento detalhado de uma
aplicação ou interpretação de uma lei, por exemplo.
d) INCORRETA. São em regra 3 (três) atributos de
polícia: autoexecutoriedade, discricionariedade e coercibilidade. O poder de polícia
além de discricionário, pode ser vinculado! Existem exceções, mas a regra é essa.

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e) CORRETA. O poder de polícia constitui atividade típica do estado, como
regra, conforme já entendido pelo STF, é indelegável à iniciativa privada!
Gabarito: Letra “e”.
Questão 36 (VUNESP, DPE-MS, Defensor Público, 2012)
Assinale a alternativa que discorre corretamente sobre poderes e
deveres da Administração.
a) Embora a discricionariedade esteja presente na maior parte das
medidas decorrentes do poder de polícia, nem sempre isso ocorre. Às
vezes, a lei já estabelece que, diante de determinados requisitos, a
Administração terá que adotar solução previamente estabelecida,
sem qualquer possibilidade de opção. Nesse caso, o poder de polícia
será vinculado.
b) O poder normativo ou regulamentar é exercido pelo Chefe do
Executivo quando este emite decretos que não podem contrariar a lei,
nem criar direitos, impor obrigações, proibições, ou penalidades que
não estejam previstos em lei. O controle sobre os atos normativos do
Poder Executivo é de legalidade, sendo sempre realizado no âmbito
do Poder Judiciário.
c) O poder disciplinar é vinculado, assim a Administração não tem
liberdade de escolha entre punir e não punir, pois, tendo
conhecimento de falta praticada por servidor, tem necessariamente
que instaurar o procedimento adequado para sua apuração e, se for o
caso, aplicar a pena cabível. Não o fazendo, no entanto, não incide
em crime de condescendência criminosa.
d) Decorre do poder disciplinar a prerrogativa de editar atos
normativos (resoluções, portarias, instruções), com o objetivo de
ordenar a atuação dos órgãos subordinados, sendo decorrente da
relação hierárquica, tendo efeitos internos e externos à Administração
Pública.
Comentários:
a) CORRETA. Via de regra, o poder de polícia goza da forma discricionária,
mas temos a exceção quanto às licenças administrativas que é ato vinculado, ou
seja, uma vez cumprido os requisitos previstos em lei deve ser ela concedida.
b) INCORRETA. Sem prejuízo do controle jurisdicional do poder judiciário, o
poder executivo poderá controlar, de acordo com o princípio do autotutela, sobre os
seus atos normativos.
c) INCORRETA. A abertura de processo administrativo para apurar infração
cometida por servido é imprescindível, ou seja, é ato vinculado. A aplicação de

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sanção feita pela administração não prejudicará uma possível ação penal cabível ao
ato praticado.
d) INCORRETA. Poder disciplinar apenas apura e aplica sanção a servidor ou
a particular com vínculo específico com a administração.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 37 (CEBRASPE, DPE-AC, Defensor Público, 2012)
O agente público que, ao editar um ato administrativo, extrapole os
limites de sua competência estará incorrendo em
a) desvio da motivação do ato.
b) avocação.
c) excesso de poder.
d) usurpação de função pública.
e) desvio da finalidade do ato.
Comentários:
Abuso de poder é gênero, do qual decorrem duas espécies.
A primeira é excesso de poder, e a segunda é o desvio de poder. Excesso de
Poder: é o vício no elemento/requisito competência do ato administrativo. O agente
público atua fora dos limites (extrapola) de sua esfera de competência.
Desvio de Poder: é o vício no elemento finalidade do ato administrativo.
Quando a atuação do agente, embora dentro de sua esfera de competência,
contraria a finalidade, direta ou indireta, explícita ou implícita na lei que determinou
ou autorizou a sua atuação. Observação: atos com a finalidade desviada serão
sempre nulos, enquanto os atos com a competência desviada dependerão da
situação: se a competência for absoluta serão nulos, e se for relativa, serão
anuláveis (passíveis de correção).
Gabarito: Letra “c”.
Questão 38 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2011 - Adaptada)
Assinale a alternativa INCORRETA.
a) O ato administrativo discricionário é aquele que se caracteriza por
um âmbito de livre mérito, preenchido pela oportunidade e
conveniência do agente administrativo nos limites conferidos pela lei.
b) O poder hierárquico tem por objetivo não somente ordenar, mas
também coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas,
no âmbito interno da Administração Pública.

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c) O poder disciplinar é correlato com o poder hierárquico, mas com
ele não se confunde.
d) Tradicionalmente são arrolados, pela doutrina brasileira, como
atributos do poder de polícia estatal, a discricionariedade, a auto-
executoriedade e a coercibilidade.
e) No direito administrativo brasileiro, o poder regulamentar de
expedir decretos e regulamentos para fiel execução de leis é privativo
do Presidente da República.
Comentários:
Entende-se ainda que tal prerrogativa poderá ser utilizada pela função
administrativa em caso de exercício típico ou atípico de poder. Exemplo: o chefe do
Poder Judiciário (presidente de um Tribunal) ao editar normas. É o caso das
instruções normativas, resoluções, portarias, etc. Tais atos têm, frequentemente, um
âmbito de aplicação mais restrito, porém, veiculando normas gerais e abstratas para
a explicitação das leis, também são meios de formalização do Poder Regulamentar.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 39 (CEBRASPE, DPE-MA, Defensor Público, 2011)
O conjunto de atos normativos e concretos da administração pública
com o objetivo de impedir ou paralisar atividades privadas contrárias
ao interesse público corresponde ao poder
a) disciplinar.
b) regulatório.
c) de polícia.
d) de fiscalização.
e) hierárquico.
Comentários:
a) INCORRETA. Poder Disciplinar - Está intimamente ligado ao poder
hierárquico e traduz-se na faculdade (mais correto é poder-dever) que possui a
administração pública de punir internamente as infrações funcionais de seus
servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da
administração. A doutrina aponta o poder disciplinar como exercício
caracteristicamente discricionário.
b) INCORRETA. Poder regulamentar ou normativo - Decorre de competência
diretamente extraída da constituição federal e confere ao poder executivo a
prerrogativa de editar atos normativos gerais e abstratos. Consubstancia-se na
autorização, ao chefe do executivo, para edição de decretos e regulamentos. A

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doutrina costuma classificar os decretos e regulamentações em: execução,
autônomo e autorizado.
c) CORRETA. Poder de Polícia – o saudoso mestre Hely Lopes Meirelles já
conceituava "Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a administração pública
para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais,
em benefício da coletividade ou em prol do estado". A Administração exerce poder
de polícia sobre todas as atividades que possam, direta ou indiretamente, afetar os
interesses da coletividade, sendo exercido por todas as esferas da federação.
d) INCORRETA. Poder de fiscalização - poder intimamente ligado ao poder de
polícia.
e) INCORRETA. Poder Hierárquico - caracterizado pela exigência de graus de
subordinação entre diversos órgãos e agentes. Como resultado do poder
hierárquico, a administração é dotada da prerrogativa de ordenar, coordenar,
controlar, e corrigir as atividades de seus órgãos e agentes no seu âmbito interno.
Do seu exercício decorrem as prerrogativas, do superior para o subordinado, de dar
ordens, fiscalizar, rever, delegar e avocar. Os servidores públicos têm o dever de
acatar e cumprir as ordens de seus superiores, salvo quando manifestamente
ilegais. Pelo poder-dever de fiscalização, compete ao superior estar atento aos atos
praticados pelos subordinados, a fim de corrigi-los sempre que se desviem da
legalidade.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 40 (COPS-UEL, PGE-PR, Procurador do Estado, 2011)
Leia atentamente os três enunciados que seguem, para depois
responder à pergunta:
I – a delegação de competência é o ato por meio do qual um órgão
administrativo e/ou o seu titular podem, desde que não haja
impedimento legal expresso, transferir a integralidade de sua
competência a outro órgão (ou outra pessoa), inferior ou equivalente
na escala hierárquica.
II – a avocação de competência pode ser compreendida como a
possibilidade de o superior hierárquico trazer para si, por tempo
indeterminado, a competência originalmente atribuída a órgão (ou
agente) a si subordinado.
III – não podem ser objeto de delegação, dentre outras hipóteses
definidas em lei, a decisão em recursos administrativos e as matérias
de competência exclusiva (ou privativa) do órgão ou autoridade.
Pergunta: assinale a alternativa correta:
a) os três enunciados (I, II e III) são corretos;

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b) nenhum dos três enunciados (I, II e III) é correto;
c) apenas o enunciado II é correto;
d) apenas o enunciado III é correto;
e) todas as quatro alternativas acima são incorretas.
Comentários:
Item I está INCORRETA. Na delegação ocorre a transferência de parte da
competência e não a integralidade, ou seja, transfere na maioria das vezes a
execução e não a titularidade do serviço.
Item II está INCORRETA. O prazo é determinado.
Item III está CORRETA.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 41 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
No que se refere aos poderes da administração pública, julgue o item
a seguir.
( ) O prazo prescricional para que a administração pública federal,
direta e indireta, no exercício do poder de polícia, inicie ação punitiva,
cujo objetivo seja apurar infração à legislação em vigor, é de cinco
anos, contados da data em que o ato se tornou conhecido pela
administração, salvo se se tratar de infração dita permanente ou
continuada, pois, nesse caso, o termo inicial ocorre no dia em que
cessa a infração.
Comentários:
A resposta dessa assertiva encontra-se prevista na Lei nº 9.873/1999, que é
muito cobrada em provas, especialmente pelo CEBRASPE!
É uma lei pequena, com apenas 8 artigos, e vale a leitura. Vejamos apenas o
seu art. 1º, que traz a resposta da questão: “Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação
punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de
polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da
prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que
tiver cessado”.
Gabarito: Incorreta.
Questão 42 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
No que se refere aos poderes da administração pública, julgue os
itens a seguir.

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( ) Atos administrativos decorrentes do poder de polícia gozam, em
regra, do atributo da autoexecutoriedade, haja vista a administração
não depender da intervenção do Poder Judiciário para torná-los
efetivos. Entretanto, alguns desses atos importam exceção à regra,
como, por exemplo, no caso de se impor ao administrado que este
construa uma calçada. A exceção ocorre porque tal atributo se
desdobra em dois, exigibilidade e executoriedade, e, nesse caso, falta
a executoriedade.
Comentários:
Apesar de a doutrina apontar a autoexecutoriedade como um atributo geral dos
atos de polícia, é claro que nem tudo será autoexecutório, sobretudo quando
dividimos esse atributo em exigibilidade e executoriedade.
Assim, a exigibilidade seria a possibilidade de se coagir o particular à prática de
certo ato. Um interessante exemplo é a aplicação de uma multa. Porém, caso o
particular não pague a multa, ou caso seja obrigado a construir algo, como no
exemplo da questão, não pode a administração tomar essa conduta por si mesma,
sendo indispensável, nessas hipóteses, a ordem judicial. Ou seja, há casos em que
a administração exige, mas não executa por si só, faltando, pois o atributo da
executoriedade.
Mas esteja atento: quando se fala apenas em autoexecutoriedade, se está a
falar dessa característica de modo genérico. Mas quando a questão divide nesses
dois desdobramentos, é preciso observar até onde vai a autoexecutoriedade.
Gabarito: Correta.
Questão 43 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2010)
Julgue o item abaixo, relativo aos poderes da administração.
( ) A relação hierárquica constitui elemento essencial na organização
administrativa, razão pela qual deve estar presente em toda a
atividade desenvolvida no âmbito da administração pública.
Comentários:
A relação existente dentro dos órgãos ou entre os órgãos que compõem uma
determinada pessoa jurídica pode ser de hierarquia, a relação existente entre uma
entidade que compõe a administração indireta e a administração direta é de
vinculação. Não existe hierarquia entre a Administração direta e a administração
indireta. Existe vinculação, controle finalístico, mas não hierarquia. A
descentralização cria nova pessoa jurídica e estabelece uma vinculação entre a
entidade central e a entidade descentralizada, ao passo que a desconcentração
distribui internamente competência no círculo interno da pessoa jurídica.
Gabarito: Incorreta.

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Questão 44 (CEBRASPE, PGE-PE, Procurador do Estado, 2009)
Julgue o item que segue:
( ) Na administração pública, a hierarquia constitui elemento
essencial, razão pela qual não é possível a distribuição de
competências dentro da organização administrativa mediante a
exclusão da relação hierárquica quanto a determinadas atividades.
Comentários:
A presente assertiva cobrou a literalidade da lei. Vejamos:
“Art. 12, da Lei nº 9.784/1999 - Um órgão administrativo e seu titular poderão,
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outro órgão
ou titular, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados.”
Gabarito: Incorreta.
Questão 45 (CEBRASPE, DPE-PI, Defensor Público, 2009)
Em razão da impossibilidade de que as leis prevejam todas as
contingências que possam surgir na sua execução, em especial nas
diversas situações que a administração encontrar para cumprir as
suas tarefas e optar pela melhor solução, é necessária a utilização do
poder administrativo denominado poder
a) hierárquico.
b) de polícia.
c) vinculado.
d) regulamentar.
e) disciplinar.
Comentários:
a) INCORRETA. O poder hierárquico se relaciona com o fato de a
Administração poder escalonar e distribuir competência. A questão de letra “A”, em
momento algum, refere-se à organização estrutural da máquina.
b) INCORRETA. O poder de polícia se relaciona com o fato de a Administração
possuir a faculdade de punir concretamente ou indiretamente os particulares no
momento da prática de atos que configurem a possibilidade da atuação executiva
estatal.
c) INCORRETA. Aqui a assertiva foi um tanto ardil, pois cobrou o
conhecimento de uma característica do ato, e não especificamente de um poder. O
poder pode ser vinculado ou discricionário e nesse aspecto esse conhecimento em
pouco contribui para solução dessa questão.

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d) CORRETA. Os Chefes do Executivo possuem a prerrogativa de
regulamentar em função da abstração apresentada pelas leis produzidas pelo poder
legislativo. A intenção é exatamente amenizar as contingências citadas no
enunciado. Nesse diapasão, torna-se útil, após a edição de uma lei, que ocorra a
regulamentação dela de maneira a dirimir as confusões legais. O poder executivo é
a própria administração, portanto, é muito peculiar e necessário que regulamente as
normas, haja vista que ele conhece de perto as necessidades da coletividade.
e) INCORRETA. Repete-se o que ocorre com a incorreção da assertiva “C”,
não sendo nesse momento oportuna a explicação e diferenciação entre poder
discriocinário e vinculado.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 46 (FCC, DPE-MT, Defensor Público, 2009)
Considere os dispositivos abaixo, extraídos do art. 84 da Constituição
Federal, cujo caput é "Compete privativamente ao Presidente da
República":
I. "iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição".
II. "sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução".
III. "vetar projetos de lei, total ou parcialmente".
Há exemplo de poder regulamentar da Administração Pública em:
a) II e III, apenas.
b) I, II e III.
c) I, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.Parte inferior do formulário

Comentários:
Assertiva I está INCORRETA. Não se trata do poder regulamentar, e sim da
iniciativa legislativa, ou seja, de processo legislativo,
A assertiva II está CORRETA. A primeira parte também se insere no processo
legislativo ("sancionar, promulgar e fazer publicar as leis”), porém, a parte final
(“expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução") é a aplicação do poder
regulamentar.

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Assertiva “II” está INCORRETA pois trata da fase final do processo legislativo,
que é a sanção ou veto a projeto de lei.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 47 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público, 2009)
Acerca dos poderes da administração, julgue o item abaixo.
( ) Apesar de a discricionariedade constituir um dos atributos do
poder de polícia, em algumas hipóteses, o ato de polícia deve ser
vinculado, por não haver margem de escolha à disposição do
administrador público, a exemplo do que ocorre na licença.

Comentários:
A polícia administrativa pode agir de forma preventiva, assim ela atua por meio
de normas limitadoras ou sancionadoras da conduta dos que utilizam bens ou
exercem atividades que possam afetar a coletividade, outorgando alvarás aos
particulares que cumpram as condições e requisitos para o uso da propriedade e
exercício das atividades que devam ser policiadas.
O alvará pode ser de licença ou autorização. A licença é o ato administrativo
vinculado e definitivo pela qual a administração reconhece que o particular detentor
de um direito subjetivo preenche as condições para o seu gozo. Assim as licenças
dizem respeito a direitos individuais e não podem ser negadas quando o requerente
satisfaça os requisitos legais p/ sua obtenção. Ou seja, nesse caso não há margem
de escolha à disposição do administrador público.
Gabarito: Correta.
Questão 48 (FCC, DPE-SP, Defensor Público, 2009)
Em relação aos poderes administrativos, assinale a alternativa que
apresenta ordem de ideias verdadeira.
a) O regulamento autônomo, sobre temática não prevista em lei, de
autoria dos chefes do Executivo é válido e está dentro do âmbito do
chamado Poder Regulamentar.
b) Caracterizam-se como atributos do poder de polícia discricionário o
juízo de conveniência e oportunidade, a auto-executoriedade e a
coercibilidade, obedecidos os requisitos da competência, objeto,
forma, finalidade e motivo, bem assim os princípios da administração
pública, consistentes na legalidade, moralidade, proporcionalidade e
vinculação.
c) Normas gerais e abstratas editadas pela Administração Pública de
forma independente ou autônoma em relação a regras gerais não são

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admitidas no Direito Administrativo brasileiro, ressalvadas situações
excepcionais previstas necessariamente na Constituição Federal de
1988.
d) Normas gerais e abstratas editadas pela Administração Pública
para a explicitação de conceitos legal mente previstos não são
admitidas no Direito Administrativo brasileiro, haja vista a existência
de matérias absolutamente reservadas à lei pela Constituição Federal
de 1988.
e) São atribuições da Administração Pública, decorrentes
exclusivamente do poder hierárquico, delegar atribuições, impor
prestação de contas, controlar e avocar atividades dos órgãos
subordinados, aplicar sanções disciplinares e editar atos
regulamentares.

Comentários:
a) INCORRETA. Exceto casos especiais previstos no texto da Constituição
Federal, não há regulamento autônomo, porque só a lei pode obrigar e porque os
decretos só existem para assegurar a fiel observância das leis, conforme artigo 84,
IV, da Constituição Federal:
“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;”
b) INCORRETA. Não ocorre vinculação!
c) CORRETA. Estabelece o artigo 84, VI, da Constituição Federal:
“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Nova redação dada pela EC nº 32, de
2001).
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída
pela EC nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela EC nº
32, de 2001)”

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d) INCORRETA. Normas gerais e abstratas editadas pela Administração
Pública para a explicitação de conceitos legalmente previstos são admitidas no
Direito Administrativo brasileiro.
e) INCORRETA. A atividade de aplicar sanções disciplinares decorre do poder
disciplinar.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 49 (FCC, DPE-MA, Defensor Público, 2009)
Dentre os chamados Poderes da Administração, aquele que pode ser
qualificado como autônomo e originário em determinadas situações
previstas na Constituição Federal é o poder
a) hierárquico, que permite à autoridade superior a possibilidade de
punição disciplinar independentemente de expressa previsão legal.
b) disciplinar, na medida que permite a imposição de sanções não
previstas em lei.
c) regulamentar, que permite o exercício da função normativa do
Poder Executivo com fundamento direto na Constituição Federal.
d) discricionário, que permite à Administração Pública atuar sem
expressa vinculação à lei, nos casos em que inexista disciplina
normativa para o assunto.
e) de polícia, que permite à Administração Pública a prática de atos
administrativos, preventivos e repressivos, para a disciplina de
situações não previstas pela legislação.

Comentários:
a) INCORRETA. O poder que permite a punição por parte da autoridade
superior é o poder disciplinar. Ademais, é necessária a previsão legal (princípio da
legalidade) estabelecendo a punição.
b) INCORRETA. A imposição de sanções depende de expressa previsão legal
- princípio da legalidade.
c) CORRETA. Os "decretos autônomos", trazidos pela EC nº 32/2001, que
alterou o artigo 84, VI da CRFB, e possibilitou ao chefe do executivo normatizar
sobre determinadas matérias.
d) INCORRETA. A discricionariedade administrativa não deve ser confundida
com arbitrariedade. O poder discricionário encontra limites na lei, e não é dado ao
administrador o poder de inovar, estabelecendo direitos ou deveres que não sejam
elencados pela legislação.

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e) INCORRETA. O poder de polícia permite a prática de atos repressivos e
preventivos, porém exige disciplina legal (princípio da legalidade).
Gabarito: Letra “c”.
Questão 50 (CEBRASPE, PGE-AL, Procurador do Estado, 2009)
A doutrina nacional e internacional do direito administrativo muito
critica a expressão poder de polícia. Trata-se de designativo
manifestamente infeliz. Engloba, sob um único nome, coisas
radicalmente distintas, submetidas a regimes de inconciliável
diversidade: leis e atos administrativos; isto é, disposições superiores
e providências subalternas.
Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de direito administrativo. 13.ª
ed. São Paulo: Malheiros Editores, p. 687 (com adaptações).
Ao incluir as convenções de direitos humanos na constituição da
Argentina, os juristas não podem partir do poder do Estado como
noção fundamental de um sistema. Devem partir das liberdades
públicas e dos direitos individuais. Poderá haver limitações a tais
direitos, mas aquele que explica e analisa o sistema jurídico
administrativo não pode partir da limitação para, somente depois,
entrar nas limitações das limitações.
Augustín Gordillo. Tratado de derecho administrativo. 8.ª ed. Buenos
Aires: F.D.A., 2006, cap. V, p. 2-3 (com adaptações)
Acerca do poder de polícia, assunto tratado nos textos acima,
assinale a opção correta.
a) Nenhum dos aspectos do poder de polícia pode ser exercido por
agente público sujeito ao regime celetista.
b) Diz-se originário o poder de polícia conferido às pessoas políticas
da Federação que detêm o poder de editar as leis limitativas da
liberdade e da propriedade dos cidadãos. Poder de polícia delegado é
aquele outorgado a pessoa jurídica de direito privado, desprovida de
vinculação oficial com os entes públicos.
c) No exercício da atividade de polícia, a administração só atua por
meio de atos concretos previamente definidos em lei. Esses atos
devem ser praticados sob o enfoque da proporcionalidade, de forma a
evitar a prática de um ato mais intenso e extenso do que o
necessário para limitar a liberdade e a propriedade no caso concreto.
d) Os atos de polícia podem constituir-se em consentimentos, ou
seja, quando a administração responde afirmativamente a um pedido
para o exercício de atividade econômica em via pública, está
praticando um ato de polícia. Nesse caso, apesar de consentir, o

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Estado impõe condicionantes de forma a limitar a liberdade do agente
econômico.
e) A coercibilidade é a característica do poder de polícia que
possibilita à administração praticar atos, modificando imediatamente
a ordem jurídica.

Comentários:
a) INCORRETA. Segundo lições do professor José dos Santos Carvalho Filho,
a delegação do poder de polícia pode ocorrer desde que cumpridos três requisitos:
I - a delegação do poder de polícia somente se dar por lei;
II - só se admite a delegação da fiscalização de polícia. Ordem de polícia e
sanção de polícia não podem ser delegadas;
III - quem recebe a delegação tem que ser entidade privada que integre a AP
Indireta porque ela sofre controle do PP.
Conclusão: o aspecto da fiscalização pode ser exercido por agente público
sujeito ao regime celetista.
b) INCORRETA. Poder de polícia originário é aquele exercido pelas pessoas
políticas do Estado (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Poder de polícia
delegado (outorgado) é aquele executado pelas pessoas administrativas do Estado,
integrantes da chamada Administração Pública Indireta.
c) INCORRETA. No exercício do poder de polícia, a Administração Pública
atua por meio de atos concretos previamente definidos em lei e também por meio de
atos abstratos, quando, por exemplo, normativa uma situação (poder preventivo).
d) CORRETA. Quando a Administração Pública consente numa atividade
(exemplo: concede licença para construir) e coloca condicionantes (exemplos:
respeitar o meio ambiente; não construir acima de certa altura), visando preservar o
interesse público.
e) INCORRETA. A Administração Pública nunca modifica a ordem jurídica, pois
somente pratica atos infralegais.
Gabarito: Letra “d”.

****
Bem, por hoje é só.

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Em seguida ainda tem o “Resumão” da aula, para ajudar na revisão da
matéria.

Bons estudos!

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Aula 04
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um breve
resumo do assunto.

Sugerimos que esse resumo seja estudado sempre previamente ao


início da aula seguinte, como forma de “refrescar” a memória.

Importante: trata-se apenas de apertada síntese do que foi visto, não


servindo como meio de estudos!

5 - Resumão da nossa aula


Deveres e poderes administrativos

São deveres impostos aos agentes administrativos:

a) Poder-dever de agir;
b)Dever de eficiência;
c) Dever de probidade;
d)Dever de prestar contas.

São poderes administrativos comumente falados pela doutrina:

a) Poder vinculado: é aquele que si dispõe à administração pública para a prática de atos
administrativos em que existe uma mínima liberdade de atuação (para a prática de atos
vinculados);
b)Poder discricionário: é aquele que confere à administração pública uma pequena
liberdade de atuação em situações determinadas (atos discricionários = motivo oportunidade e
conveniência; e objeto conteúdo previsto na lei. Também há discricionariedade quando a
administração pública se depara com conceitos jurídicos indeterminados.
c) Poder hierárquico: decorre da existência de subordinação entre órgãos e agentes
públicos, sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. São decorrência deste princípio as
prerrogativas, exercidas pelo superior em relação ao subordinado, dar ordens, fiscalizar,
controlar, aplicar sanções, delegar e avocar competências. Ou seja, em outras palavras, é a
prerrogativa que a Administração Pública tem de organizar, estruturar, escalonar e dispor sobre
o funcionamento da atividade administrativa, o exercício das competências e a conduta dos
agentes. O poder hierárquico aplica-se às relações funcionais de subordinação (relações
verticalizadas) ou de coordenação (relações horizontalizadas).

- O poder hierárquico permite o exercício da função política de direção em relação às esferas


Administrativas inferiores, por meio de atos concretos ou abstratos de caráter vinculante.

- O poder hierárquico permite dar ordens, rever atos, fiscalizar, controlar, revogar, anular e
convalidar os atos administrativos.

- As principais decorrências do poder hierárquico: a delegação e a avocação de competências


(arts. 11 a 15 da Lei nº 9.784/1999).

d)Poder disciplinar: é decorrente do hierárquico e permite punir infrações administrativas


cometidas por servidores públicos e particulares a ela ligados mediante algum vínculo

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específico(contratados para obras, compras ou fornecimento2; paraestatais 3º setor; alunos
em instituições públicas de ensino; delegatários de serviços públicos concessionários,
permissionários e autorizados).

e) Poder regulamentar: é exclusivo do chefe do poder executivo por previsão


constitucional. Quando os demais órgãos administrativos editam atos administrativos
normativos (do qual o regulamentar é espécie) o Presidente da República, exterioriza este poder
com a edição de decretos de execução ou regulamentares (não são passíveis de delegação, sua
edição é vinculada a existência de uma lei para detalhar seus dispositivos, são regras jurídicas
gerais, abstratas e impessoais. São ditos atos secundários; e compete ao Congresso Nacional
sustar os atos normativos do Chefe do Executivo que exorbitem o poder regulamentar; também
há previsão constitucional do chamado decreto autônomo (atos normativos primários derivados
da atuação do Presidente da República, previsto na CF). Cabe observar que a matéria reservada
ao decreto autônomo (reserva da administração competência privativa do presidente da
república) não pode ser tratado por outro poder.

Existe a figura do regulamento autorizado (ou delegado) que ocorre quando o legislativo, na
própria lei, autoriza o executivo a disciplinar determinadas situações nela não reguladas. A
existência dos regulamentos autorizados não possui previsão na constituição federal (diferente
do que ocorre com os regulamentos de execução), da mesma forma inovam o direito ( o que
também não ocorre com os regulamentos de execução); a lei autoriza a complementação legal
por parte do executivo envolvendo órgãos e entidades administrativos de perfil técnicos ligados
à área que deve ser tratada. Os regulamentos de execução, lembrando, são de competência
privativa do chefe do Executivo, indelegáveis e não se restringem a assuntos de ordem técnica,
podendo tratar de qualquer assunto administrativo. O regulamento autorizado é ato legislativo
secundário, infralegal, podendo ser modificado ou revogado por outro ato infralegal como ele.

Ressalta-se a impossibilidade de inovar no ordenamento jurídico, em razão do princípio da


reserva legal.

f) Poder de polícia: é o poder de que se dispõe a administração pública para na forma da lei,
condicionar ou restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de atividades privadas,
visando proteger interesses sociais da coletividade.
Cabe diferenciar a polícia administrativa (que é preventiva) da judiciária (é repressiva)
como características genéricas. O poder de polícia administrativa exercido de forma preventiva
se materializa pelas normas que limitam a utilização de bens ou exercício de atividades privadas.
Cabe ao particular exteriorizar interesses junto a administração e provar o preenchimento dos
requisitos legais para a administração lhe conceder o uso da propriedade ou o exercício da
atividade passiva de controle estatal; a anuência da administração é exteriorizada por meio de
alvará que pode ser de licença ou de autorização. A licença é ato vinculado e definitivo, se refere
a direitos individuais reconhecidos com o simples reconhecimento de satisfação dos requisitos
legais. A autorização é concedida a um particular que tenha interesse mais não um direito
subjetivo, é um ato discricionário e precário podendo ser revogado a qualquer tempo (ex.: porte
de arma, uso de bens públicos e o trânsito em determinados locais). Outra forma de atuar de
forma repressiva é com a aplicação de sanções administrativas (é ato auto executório). Não
existem sanções administrativas que impliquem reclusão ou detenção de pessoas. O exercício do
poder de polícia não pode ser delegado a entidades privadas. O poder de polícia possui 4 fases:

2 Art. 87, da Lei nº 8.666/1993.

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a) Ordem de polícia (legislativa): edição de atos normativos e leis que estabeleçam restrições
ou proibições ao exercício de atividades particulares;
b)Consentimento de polícia (consentimento): consiste na autorização ou liberação prévia
pela Administração, para que uma atividade individual possa ser exercida legitimamente, p. ex.
alvará, licença, porte de arma, passaporte, habilitação para dirigir;
c) Fiscalização de polícia (fiscalização): consiste em verificar o cumprimento das restrições e
proibições decorrentes do poder de polícia, p. ex. vistoria, inspeção, auditoria, aferição, pesagem,
blitz;
d)Sanção de polícia (sanção): consiste em aplicar penalidades ou medidas interruptivas de
lesão ao interesse coletivo, p. ex. multa, cassação de alvará, embargo de obra, interdição de
estabelecimento, apreensão de mercadoria;

Existe uma decisão do STJ que diz que a fase legislativa e a sancionatória por derivarem do
poder de coerção do poder público são indelegáveis ao contrário da fase de fiscalização e do
consentimento.

São atributos do poder de polícia:

a) Discricionariedade: a faculdade de ponderar os motivos para escolher a medida de


polícia mais adequada ao caso concreto, com base na conveniência e oportunidade. Quando a lei
expressamente determina a medida de polícia a ser aplicada ao caso concreto, não haverá
discricionariedade (p. ex. multa por excesso de velocidade).
b)Auto-executoriedade: É a prerrogativa que a Administração tem de executar
diretamente, por intermédio de seus próprios entes e agentes, os atos e medidas de polícia
administrativa praticados. A auto-executoriedade pode ser desmembrada em exigibilidade
(imperatividade) e executoriedade (auto-executoriedade).
c) Coercibilidade: Significa que o poder de polícia tem natureza impositiva ou cogente em
relação aos particulares, ou seja, eles devem se sujeitar, se submeter aos atos e medidas de
polícia administrativa aplicadas pela Administração Pública. Caso haja recusa pelo administrado,
a Administração poderá valer-se do uso da força pública.

- Limites ao exercício do poder de polícia:

*observância aos direitos fundamentais é possível a restrição de direito fundamental,


desde que sejam respeitados os requisitos constitucionais para tanto;

*observância dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade as medidas de polícia


administrativa não podem extrapolar o parâmetro do razoável, não podendo ser abusivas ou
excessivas;

*observância de outros limites legais leis específicas podem estabelecer restrições ao


exercício ou prática de atos de polícia administrativa (tornando-se ato vinculado, o poder de
polícia).

=>Poder de polícia X Polícia Judiciária (onde lê-se Polícia leia-se Atividade de modo a
não confundir polícia civil e federal com a atividade de polícia judiciária, que é apenas uma das
atividades das polícias).

- A finalidade do poder de polícia é restringir ou limitar a atividade do particular, em


benefício do interesse público. Já a polícia judiciária, investigar e apurar indícios de
materialidade e autoria de supostas infrações penais.

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- O objeto do poder de polícia recai sobre o ilícito administrativo, e o da polícia judiciária
recai sobre o ilícito penal.

- A competência do poder de polícia incide sobre qualquer órgão ou autarquia que, no


exercício de suas atribuições, precisar restringir ou limitar atividades particulares, em benefício
do interesse coletivo. Já a da polícia judiciária incide sobre a polícia civil, a polícia federal, e
atipicamente polícia militar.

- A natureza da atividade do poder de polícia pode ser preventiva ou repressiva. Já a da


atividade de polícia judiciária é repressiva.

Abuso de poder

O princípio da supremacia do interesse público é que fundamenta a existência dos poderes


administrativos, que consistem em prerrogativas. O exercício irregular dessas prerrogativas
caracteriza genericamente o abuso de poder que pode ocorrer por uma ação ou omissão O
abuso de poder comporta duas espécies:

a) Excesso de poder: atuação fora dos limites de sua esfera de competência.


b)Desvio de poder: ocorre quando a autoridade competente atua nos exatos limites do
poder que tem, mas o ato é praticado com finalidade diversa.

Os atos praticados com excesso de poder podem ser convalidados se referirem a


competência e esta não for exclusiva, sendo quanto a matéria será também nulo. Os atos
praticados com desvio de poder são sempre nulos. Para ocorrer convalidação não é necessário
que o ato que convalide o primeiro ato seja da mesma espécie que dele.

Obs:. a omissão também pode configurar abuso de poder, desde que o agente competente
tenha o dever de agir, condições para fazer e não o fez.

Obs. 2: silêncio da administração ocorre quando a Administração não se manifesta no


prazo legal acerca de pedido ou requerimento de um particular. O silêncio não pode ser
interpretado como manifestação de vontade (positiva ou negativa a favor da Administração
Pública), salvo nos casos em que a lei expressamente atribuir efeitos jurídicos ao silêncio.

Formas de convalidação:

a) por confirmação - ocorre quando um órgão ou autoridade hierarquicamente superior


corrige vício sanável de ato praticado por subordinado (só pode convalidar a competência ou a
forma, não sendo possível quanto a finalidade, motivo e ao objeto).

b) por ratificação ocorre quando o próprio órgão ou autoridade que praticou o ato corrige
vício sanável dele (só pode convalidar a forma).

c) por saneamento - ocorre quando a convalidação do ato somente pode ser feita por
manifestação do particular ou administrado interessado.

Convalidação X Conversão

São coisas distintas, A Conversão é a troca de um ato administrativo por outro de outra
categoria, mas com requisitos semelhantes a se encaixar melhor à situação fática. Já a
Convalidação é a preservação de um mesmo ato administrativo viciado, tornando-o adequado.
Portanto, a chamada conversão consiste em um ato privativo da administração pública mediante

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o qual ela aproveita um ato nulo de uma determinada espécie, transformando-o,
retroativamente, em um ato valido de outra categoria, pela modificação de seu enquadramento
legal.

*****

6 - Questões comentadas em aula


Questão 01 (MPE-SP, MPE-SP, Promotor de Justiça Substituto,
2017 - Adaptada)
Julgue o item a seguir
( ) A autoridade competente para a prática de um ato administrativo
tem sempre, em razão de seu poder hierárquico, a possibilidade de
delegação e avocação
Questão 02 (CEBRASPE, PG-DF, Procurador, 2013)
Acerca dos atos de improbidade administrativa e dos poderes
administrativos, julgue os itens que se seguem.
( ) Se, fundamentado em razões técnicas, um secretário estadual
delegar parte de sua competência relacionada à gestão e à execução
de determinado programa social para entidade autárquica integrante
da administração pública estadual, tal procedimento caracterizará
exemplo de exercício do poder hierárquico mediante o instituto da
descentralização.
Questão 03 (FCC, TJ-SC, Juiz Substituto, 2017)
Sobre o exercício do poder disciplinar da Administração Pública, é
correto afirmar que tal poder
a) é exercido somente em face de servidores regidos pelas normas
estatutárias, não se aplicando aos empregados públicos, regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho.
b) admite a aplicação de sanções de maneira imediata, desde que
tenha havido prova inconteste da conduta ou que ela tenha sido
presenciada pela autoridade superior do servidor apenado.
c) é aplicável aos particulares, sempre que estes descumpram
normas regulamentares legalmente embasadas, tais como as normas
ambientais, sanitárias ou de trânsito.

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d) é extensível a sujeitos que tenham um vínculo de natureza
especial com a Administração, sejam ou não servidores públicos.
e) não contempla, em seu exercício, a possibilidade de afastamentos
cautelares de servidores antes que haja o prévio exercício de ampla
defesa e contraditório.
Questão 04 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)
Em relação aos poderes administrativos, julgue os itens subsecutivos.
( ) A aplicação das penas de perda da função pública e de
ressarcimento integral do dano em virtude da prática de ato de
improbidade administrativa situa-se no âmbito do poder disciplinar da
administração pública.
Questão 05 (CEBRASPE, PGE-PE, Procurador do Estado, 2009)
Julgue o item que segue:
( ) O poder disciplinar, que confere à administração pública a tarefa
de apurar a prática de infrações e de aplicar penalidades aos
servidores públicos, não tem aplicação no âmbito do Poder Judiciário
e do MP, por não haver hierarquia quanto ao exercício das funções
institucionais de seus membros e quanto ao aspecto funcional da
relação de trabalho.
Questão 06 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2015)
Foi editada portaria ministerial que regulamentou, com fundamento
direto no princípio constitucional da eficiência, a concessão de
gratificação de desempenho aos servidores de determinado
ministério.
Com referência a essa situação hipotética e ao poder regulamentar,
julgue o próximo item.
( ) Na hipótese considerada, a portaria não ofendeu o princípio da
legalidade administrativa, tendo em vista o fenômeno da
deslegalização com fundamento na CF.
Questão 07 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2015)
Foi editada portaria ministerial que regulamentou, com fundamento
direto no princípio constitucional da eficiência, a concessão de
gratificação de desempenho aos servidores de determinado
ministério.
Com referência a essa situação hipotética e ao poder regulamentar,
julgue o próximo item.
( ) As portarias são qualificadas como atos de regulamentação de
segundo grau.
Questão 08 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2015)

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Foi editada portaria ministerial que regulamentou, com fundamento
direto no princípio constitucional da eficiência, a concessão de
gratificação de desempenho aos servidores de determinado
ministério.
Com referência a essa situação hipotética e ao poder regulamentar,
julgue o próximo item.
( ) A portaria em questão poderá vir a ser sustada pelo Congresso
Nacional, se essa casa entender que o ministro exorbitou de seu
poder regulamentar.
Questão 9 (CEBRASPE, TRF – 5ª Região, Juiz Federal Substituto,
2017 - Adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Conforme o STJ, embora seja permitido o exercício do poder de
polícia fiscalizatório por sociedade de economia mista, é vedada a
possibilidade de aplicação de sanções pecuniárias derivadas da
coercitividade presente no referido poder.
Questão 10 (CEBRASPE, PGE-SE, Procurador do Estado, 2017 -
Adaptada)
Julgue o item que segue
( ) Para o STJ, as balanças de pesagem corporal oferecidas
gratuitamente a clientes por farmácias são passíveis de fiscalização
pelo INMETRO, a fim de preservar as relações de consumo, sendo,
portanto, legítima a cobrança de taxa decorrente do poder de polícia
no exercício da atividade de fiscalização.
Questão 11 (MPE-SP, MPE-SP, Promotor de Justiça Substituto,
2017)
Assinale a alternativa correta.
a) O poder de polícia tem como característica a discricionariedade,
pelo que a Administração, ao expedir alvarás de autorização ou de
licença, aprecia livremente a oportunidade e conveniência da medida.
b) A autoexecutoriedade, um dos atributos do poder de polícia,
permite que a Administração ponha em execução as suas decisões
sem precisar recorrer ao Poder Judiciário, independentemente de
autorização legal.
c) O poder de polícia, atividade estatal que limita o exercício dos
direitos individuais em benefício do interesse público, é exercido
privativamente pelo Poder Executivo.
d) O poder de polícia, exercido pela polícia administrativa, não se
confunde com o exercido pela polícia judiciária porque a primeira atua
preventivamente e a segunda repressivamente.

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e) O poder de polícia é indelegável a pessoas jurídicas de direito
privado por envolver prerrogativas próprias do poder público,
insuscetíveis de serem exigidas por particular sobre o outro.
Questão 12 (CEBRASPE, SEFAZ-RS, Auditor do Estado, 2018)
A respeito dos poderes administrativos, assinale a opção correta.
a) O exercício do poder disciplinar não admite delegação ou avocação
de atribuições.
b) O exercício do poder disciplinar pode ser observado na imposição
de multas de trânsito.
c) O poder regulamentar é o poder de a administração pública editar
leis em sentido estrito.
d) A possibilidade de a administração pública restringir o gozo da
liberdade individual em favor do interesse da coletividade decorre do
poder de polícia.
e) O poder hierárquico pode ser exercido pela União sobre uma
sociedade de economia mista da qual ela seja acionista.
Questão 13 (VUNESP, TJ-SP, Juiz Substituto, 2017)
Parte superior do formulário
A respeito dos poderes da Administração pública, é correto afirmar:
a) O poder de rever atos e decisões e de decidir conflitos de
competência entre subordinados são desdobramentos ou
decorrências do poder disciplinar.
b) As multas decorrentes do poder de polícia devem ser executadas
na via administrativa.
c) Compete privativamente ao Presidente da República dispor,
mediante decreto, sobre (i) organização e funcionamento da
Administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; e (ii) extinção de funções ou
cargos públicos, quando vagos.
d) Em matéria de poder de polícia, suspende-se a prescrição da ação
punitiva por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da
Administração pública federal.
e) É da competência exclusiva da Câmara dos Deputados sustar os
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.
Questão 14 (FAPEMS, PC-MS, Delegado de Polícia, 2017)

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Quanto aos poderes da Administração Pública, assinale a alternativa
correta.
a) O Poder Hierárquico é pressuposto do Poder Disciplinar.
b) O Poder Hierárquico pode ser exercido pela regulamentação de
prática de ato em razão de interesse público concernente à
segurança.
c) O Poder Disciplinar pode ser exercido por meio do disciplinamento
de liberdade.
d) O Poder de Polícia pode ser exercido por meio da expedição de
decretos autônomos.
e) A possibilidade de delegar e avocar atribuições decorre do Poder
Disciplinar.
Questão 15 (FMP Concursos, MPE-RO, Promotor de Justiça
Substituto)
Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao poder de polícia.
a) É constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício do
poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções
administrativas previstas em lei.
b) As atribuições da guarda municipal previstas na Constituição da
República são definidas em sentido exemplificativo, e não exaustivo.
c) O poder de polícia se manifesta exclusivamente por intermédio de
deveres de abstenção ou obrigações de não fazer acometidas aos
particulares.
d) O poder de polícia não se limita à atuação do Estado no
concernente à prestação de segurança pública direcionada à
coletividade.
e) Até mesmo instituições policiais podem cumular funções típicas de
segurança pública com exercício de poder de polícia.
Questão 16 (CEBRASPE, Prefeitura de Belo Horizonte – MG,
Procurador Municipal)
Em relação aos poderes e deveres da administração pública, assinale
a opção correta.
a) É juridicamente possível que o Poder Executivo, no uso do poder
regulamentar, crie obrigações subsidiárias que viabilizem o
cumprimento de uma obrigação legal.
b) De acordo com o STF, ao Estado é facultada a revogação de ato
ilegalmente praticado, sendo prescindível o processo administrativo,
mesmo que de tal ato já tenham decorrido efeitos concretos.

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c) De acordo com o STF, é possível que os guardas municipais
acumulem a função de poder de polícia de trânsito, ainda que fora da
circunscrição do município.
d) Do poder disciplinar decorre a atribuição de revisar atos
administrativos de agentes públicos pertencentes às escalas inferiores
da administração.
Questão 17 (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de
Registros – Provimento, 2016)
Assinale a alternativa correta:
( ) Pode-se conceituar o poder de polícia, de forma simplificada,
como a atividade estatal consistente em limitar o exercício do
interesse público para a preservação e proteção dos direitos
individuais, quando estes forem ameaçados pelo Estado, por conta do
princípio da proibição de excesso.
Questão 18 (FCC, SEGEP-MA, Procurador do Estado, 2016)
A atividade de polícia administrativa
a) pode ser exemplificada pela atuação das corregedorias, ao
fiscalizar a atividades dos órgãos públicos.
b) sempre é exercida de forma discricionária, sendo que tal
característica é impositiva, em razão do princípio da
proporcionalidade.
c) nem sempre é prestada de forma gratuita pela Administração,
havendo situações que implicam em onerosidade de seu exercício.
d) é irrenunciável, de modo que não é possível a revogação de
medidas de polícia administrativa, uma vez que tenham sido
aplicadas pela autoridade competente.
e) é dotada do atributo de imperatividade, que consiste na
possibilidade que a Administração tem de executar suas decisões com
seus próprios meios, sem necessidade de provocação do Poder
Judiciário.
Questão 19 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2015)
Sobre o poder de polícia, assinale a alternativa correta.
a) O poder de polícia é um poder discricionário por natureza,
destinado à defesa da segurança nacional.
b) A licença é um ato de consentimento administrativo plenamente
vinculado por meio do qual se faculta ao particular o exercício de uma
atividade.

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c) O poder de polícia consiste na imposição de restrições,
condicionamentos e conformações a direitos individuais, mas não a
imposição de deveres aos particulares.
d) O exercício do poder de polícia configura fato gerador do tributo
denominado contribuição social.
e) A delegação de atos de polícia administrativa a particulares é, em
regra, admitida no Direito brasileiro.
Questão 20 (CEBRASPE, DPE-PE, Defensor Público, 2015)
Com base na jurisprudência do STJ, julgue o item seguinte.
( ) Segundo entendimento já consolidado no âmbito no STJ, a
quitação de multas de trânsito vencidas não pode ser condição para a
liberação de veículo regularmente apreendido, haja vista que a multa
não constitui punição autoexecutória.
Questão 21 (VUNESP, DPE-MS, Defensor Público, 2014)
Sobre os poderes inerentes à Administração Pública, é correto afirmar
que
a) o poder normativo ou regulamentar atribuído à Administração
Pública permite a edição de atos normativos originários, por
competência própria, outorgada pela Constituição.
b) o exercício do poder disciplinar visa apurar infrações e aplicar
penalidades aos servidores públicos, não sendo aplicado o
contraditório e a ampla defesa no âmbito do processo administrativo.
c) a organização hierárquica é atribuição exclusiva do Poder
Executivo, havendo, portanto, somente nesse âmbito, incidência do
poder hierárquico.
d) o poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o
exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público.
Questão 22 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto,
2014)
A respeito de poder de polícia, limitações administrativas, direito de
propriedade e desapropriação, assinale a opção correta.
a) A desapropriação se dará por motivos de utilidade pública ou
interesse social, uma vez que se restringe à transferência de bem
imóvel de terceiro para o poder público.
b) A prerrogativa do poder de polícia permite à administração o
condicionamento e a restrição de uso e gozo de bens, atividades e
direitos individuais e é exercida, no âmbito de cada estado-membro,
pelos órgãos de controle interno e pela polícia civil do estado.

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c) No exercício da atividade de polícia, a administração pode atuar
tanto por meio de atos normativos dotados de alcance geral, quanto
por meio de atos concretos, a exemplo dos atos sancionatórios.
d) Se, em determinado município, nas obras de implantação de rede
elétrica, em certo trecho, for necessário passar o cabeamento por
baixo de um imóvel de propriedade do estado, o município poderá
instituir servidão administrativa sobre esse imóvel, em razão do
interesse público envolvido.
e) Caso um imóvel antigo, de propriedade de um cidadão, se situe no
centro histórico de um município e retrate a arquitetura de
determinada época do país, a anuência desse cidadão será condição
de procedibilidade de eventual processo de tombamento do citado
imóvel, tendo em vista que o direito constitucional de propriedade
impede que se processe ao tombamento de forma compulsória.
Questão 23 (CEBRASPE, PGE-PE, Procurador do Estado, 2009 -
Adaptada)
Acerca do regime jurídico-administrativo e dos princípios jurídicos que
amparam a administração pública, julgue os itens seguintes.
( ) Suponha que, em razão de antiga inimizade política, o prefeito
do município X desaproprie área que pertencia a Cleide, alegando
interesse social na construção de uma escola de primeiro grau. Nessa
situação hipotética, a conduta do prefeito caracteriza desvio de
poder.
Questão 24 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)
Em relação aos poderes administrativos, julgue os itens subsecutivos.
( ) Constitui exemplo de poder de polícia a interdição de
restaurante pela autoridade administrativa de vigilância sanitária.
Questão 25 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municipal,
2014)
Acerca do poder normativo da Administração Pública, é correto
afirmar:
a) Os chamados regulamentos executivos não existem no Direito
Brasileiro, que somente admite os chamados regulamentos
autorizados ou delegados.
b) É exercido por meio de decretos regulamentares, resoluções,
portarias e outros atos dotados de natureza normativa primária.
c) Não se confunde com o poder regulamentar, pois ambos têm
natureza jurídica distinta.

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d) Compete ao Congresso Nacional sustar atos normativos dos
demais Poderes que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa.
e) Nem toda lei depende de regulamento para ser executada, mas
toda e qualquer lei pode ser regulamentada se o Executivo julgar
conveniente fazê-lo.
Questão 26 (CEBRASPE, PG-DF, Procurador, 2013)
Acerca dos atos de improbidade administrativa e dos poderes
administrativos, julgue os itens que se seguem.

( ) O DF não pode delegar o poder de polícia administrativa a


pessoas jurídicas de direito privado, a exemplo das sociedades de
economia mista, mesmo que embasado no princípio da eficiência e
limitado à competência para a aplicação de multas.
Questão 27 (CEBRASPE, PG-DF, Procurador, 2013)
Após ter sido submetido a processo administrativo em razão do
cometimento de infração disciplinar, determinado servidor público foi
removido de ofício por seu superior hierárquico, agente competente
para tanto, como forma de punição pela prática do ato.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.
( ) Embora observada a regra de competência referente ao poder
disciplinar, houve desvio de poder, já que não foi atendida a
finalidade prevista em lei para a prática do ato de remoção do
servidor.
Questão 28 (IPAD, PGE-PE, Direito, 2013)
Quanto ao Poder de Polícia, marque a assertiva CORRETA:
a) não é capaz de restringir a liberdade ou propriedade do particular.
b) é uma atividade exercida de forma apenas repressiva.
c) sempre pode ser exercida por particulares.
d) do seu exercício pode surgir sanção ao particular.
e) é exercido apenas pelo Poder Executivo.
Questão 29 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2013)
Julgue o item a seguir, acerca do recurso hierárquico impróprio.
( ) O recurso hierárquico impróprio, na medida em que é dirigido a
autoridade de órgão não integrado na mesma hierarquia daquela que
proferiu o ato, independe de previsão legal.

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Questão 30 (FAFIPA, Câmara Municipal de Guairáça – PR,
Advogado)
No que se refere aos atributos do Poder de Polícia, assinale a
alternativa CORRETA:
a) Discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.
b) Autoritarismo, arbitrariedade e nepotismo.
c) Severidade, altivez e sujeição.
d) Exigibilidade, permissividade e parcialidade.
Questão 31 (CEBRASPE, DPE-DF, Defensor Público, 2013)
Em relação ao direito administrativo, julgue o próximo item.
( ) Tratando-se de delegação de competência de superior para
subordinado em uma estrutura hierarquizada, a autoridade delegante
não pode exercê-la após a transferência da atribuição.
Questão 32 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013 -
Adaptada)
Julgue o item que segue
( ) O atributo da autoexecutoriedade está presente em todos os atos
administrativos, inclusive naqueles adotados no âmbito do poder de
polícia administrativa.
Questão 33 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013 -
Adaptada)
Julgue o item que segue
( ) A remoção de determinado servidor público com o objetivo de
puni-lo configura desvio de finalidade, podendo ser invalidada pela
própria administração pública ou pelo Poder Judiciário.
Questão 34 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013)
Assinale a opção correta a respeito dos poderes administrativos.
a) Os entes descentralizados estão submetidos ao controle
hierárquico exercido pela administração direta, já que o vínculo
existente nessa relação jurídica é o de subordinação.
b) O controle jurisdicional do poder disciplinar da administração
pública é amplo, podendo o juiz, inclusive, determinar concretamente
a sanção disciplinar aplicável ao caso.
c) A organização administrativa baseia-se nos pressupostos da
distribuição de competências e da hierarquia, razão por que o titular
de uma secretaria estadual, desde que não haja impedimento legal,

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pode delegar parte da sua competência a outro órgão quando for
conveniente em razão de determinadas circunstâncias, como a de
índole econômica, por exemplo.
d) No âmbito do poder disciplinar, a administração pública possui
discricionariedade para decidir se apurará, ou não, infração funcional
cometida por servidor.
e) Com o objetivo de melhorar a eficiência administrativa, os
estados-membros podem delegar o poder de polícia administrativa a
sociedades de economia mista, especialmente a competência para a
aplicação de multas.
Questão 35 (CEBRASPE. DPE-SE. Defensor Público, 2012)
A respeito dos poderes da administração pública, assinale a opção
correta.
a) A autoexecutoriedade, característica do poder de polícia, possibilita
ao administrador a sua atuação de forma imediata, mas sempre
dependente da atuação conjunta de outro poder.
b) O poder de polícia consiste em atividade administrativa que,
limitando ou extinguindo direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público.
c) O poder regulamentar permite que a administração pública crie os
mecanismos de complementação legal indispensáveis à efetiva
aplicabilidade da lei, sendo ilegítima a fixação, realizada pelo poder
regulamentar, que crie obrigações subsidiárias (ou derivadas) —
diversas das obrigações primárias (ou originárias) contidas na própria
lei.
d) Segundo a doutrina majoritária, são atributos do poder de polícia a
autoexecutoriedade, a presunção de legitimidade e a imperatividade.
e) Consoante a doutrina majoritária, a atribuição do poder de polícia
não pode ser delegada a particulares, sendo esse poder exclusivo do
Estado e expressão do próprio ius imperii, ou seja, do poder de
império, que é próprio e privativo do poder.
Questão 36 (VUNESP, DPE-MS, Defensor Público, 2012)
Assinale a alternativa que discorre corretamente sobre poderes e
deveres da Administração.
a) Embora a discricionariedade esteja presente na maior parte das
medidas decorrentes do poder de polícia, nem sempre isso ocorre. Às
vezes, a lei já estabelece que, diante de determinados requisitos, a
Administração terá que adotar solução previamente estabelecida,
sem qualquer possibilidade de opção. Nesse caso, o poder de polícia
será vinculado.

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b) O poder normativo ou regulamentar é exercido pelo Chefe do
Executivo quando este emite decretos que não podem contrariar a lei,
nem criar direitos, impor obrigações, proibições, ou penalidades que
não estejam previstos em lei. O controle sobre os atos normativos do
Poder Executivo é de legalidade, sendo sempre realizado no âmbito
do Poder Judiciário.
c) O poder disciplinar é vinculado, assim a Administração não tem
liberdade de escolha entre punir e não punir, pois, tendo
conhecimento de falta praticada por servidor, tem necessariamente
que instaurar o procedimento adequado para sua apuração e, se for o
caso, aplicar a pena cabível. Não o fazendo, no entanto, não incide
em crime de condescendência criminosa.
d) Decorre do poder disciplinar a prerrogativa de editar atos
normativos (resoluções, portarias, instruções), com o objetivo de
ordenar a atuação dos órgãos subordinados, sendo decorrente da
relação hierárquica, tendo efeitos internos e externos à Administração
Pública.
Questão 37 (CEBRASPE, DPE-AC, Defensor Público, 2012)
O agente público que, ao editar um ato administrativo, extrapole os
limites de sua competência estará incorrendo em
a) desvio da motivação do ato.
b) avocação.
c) excesso de poder.
d) usurpação de função pública.
e) desvio da finalidade do ato.
Questão 38 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2011 -
Adaptada)
Assinale a alternativa INCORRETA.
a) O ato administrativo discricionário é aquele que se caracteriza por
um âmbito de livre mérito, preenchido pela oportunidade e
conveniência do agente administrativo nos limites conferidos pela lei.
b) O poder hierárquico tem por objetivo não somente ordenar, mas
também coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas,
no âmbito interno da Administração Pública.
c) O poder disciplinar é correlato com o poder hierárquico, mas com
ele não se confunde.
d) Tradicionalmente são arrolados, pela doutrina brasileira, como
atributos do poder de polícia estatal, a discricionariedade, a auto-
executoriedade e a coercibilidade.

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e) No direito administrativo brasileiro, o poder regulamentar de
expedir decretos e regulamentos para fiel execução de leis é privativo
do Presidente da República.
Questão 39 (CEBRASPE, DPE-MA, Defensor Público, 2011)
O conjunto de atos normativos e concretos da administração pública
com o objetivo de impedir ou paralisar atividades privadas contrárias
ao interesse público corresponde ao poder
a) disciplinar.
b) regulatório.
c) de polícia.
d) de fiscalização.
e) hierárquico.
Questão 40 (COPS-UEL, PGE-PR, Procurador do Estado, 2011)
Leia atentamente os três enunciados que seguem, para depois
responder à pergunta:
I – a delegação de competência é o ato por meio do qual um órgão
administrativo e/ou o seu titular podem, desde que não haja
impedimento legal expresso, transferir a integralidade de sua
competência a outro órgão (ou outra pessoa), inferior ou equivalente
na escala hierárquica.
II – a avocação de competência pode ser compreendida como a
possibilidade de o superior hierárquico trazer para si, por tempo
indeterminado, a competência originalmente atribuída a órgão (ou
agente) a si subordinado.
III – não podem ser objeto de delegação, dentre outras hipóteses
definidas em lei, a decisão em recursos administrativos e as matérias
de competência exclusiva (ou privativa) do órgão ou autoridade.
Pergunta: assinale a alternativa correta:
a) os três enunciados (I, II e III) são corretos;
b) nenhum dos três enunciados (I, II e III) é correto;
c) apenas o enunciado II é correto;
d) apenas o enunciado III é correto;
e) todas as quatro alternativas acima são incorretas.
Questão 41 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
No que se refere aos poderes da administração pública, julgue o item
a seguir.

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( ) O prazo prescricional para que a administração pública federal,
direta e indireta, no exercício do poder de polícia, inicie ação punitiva,
cujo objetivo seja apurar infração à legislação em vigor, é de cinco
anos, contados da data em que o ato se tornou conhecido pela
administração, salvo se se tratar de infração dita permanente ou
continuada, pois, nesse caso, o termo inicial ocorre no dia em que
cessa a infração.
Questão 42 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2010)
No que se refere aos poderes da administração pública, julgue os
itens a seguir.
( ) Atos administrativos decorrentes do poder de polícia gozam, em
regra, do atributo da autoexecutoriedade, haja vista a administração
não depender da intervenção do Poder Judiciário para torná-los
efetivos. Entretanto, alguns desses atos importam exceção à regra,
como, por exemplo, no caso de se impor ao administrado que este
construa uma calçada. A exceção ocorre porque tal atributo se
desdobra em dois, exigibilidade e executoriedade, e, nesse caso, falta
a executoriedade.
Questão 43 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2010)
Julgue o item abaixo, relativo aos poderes da administração.
( ) A relação hierárquica constitui elemento essencial na organização
administrativa, razão pela qual deve estar presente em toda a
atividade desenvolvida no âmbito da administração pública.
Questão 44 (CEBRASPE, PGE-PE, Procurador do Estado, 2009)
Julgue o item que segue:
( ) Na administração pública, a hierarquia constitui elemento
essencial, razão pela qual não é possível a distribuição de
competências dentro da organização administrativa mediante a
exclusão da relação hierárquica quanto a determinadas atividades.
Questão 45 (CEBRASPE, DPE-PI, Defensor Público, 2009)
Em razão da impossibilidade de que as leis prevejam todas as
contingências que possam surgir na sua execução, em especial nas
diversas situações que a administração encontrar para cumprir as
suas tarefas e optar pela melhor solução, é necessária a utilização do
poder administrativo denominado poder
a) hierárquico.
b) de polícia.
c) vinculado.
d) regulamentar.

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e) disciplinar.
Questão 46 (FCC, DPE-MT, Defensor Público, 2009)
Considere os dispositivos abaixo, extraídos do art. 84 da Constituição
Federal, cujo caput é "Compete privativamente ao Presidente da
República":
I. "iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição".
II. "sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução".
III. "vetar projetos de lei, total ou parcialmente".
Há exemplo de poder regulamentar da Administração Pública em:
a) II e III, apenas.
b) I, II e III.
c) I, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.Parte inferior do formulário

Questão 47 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público, 2009)


Acerca dos poderes da administração, julgue o item abaixo.
( ) Apesar de a discricionariedade constituir um dos atributos do
poder de polícia, em algumas hipóteses, o ato de polícia deve ser
vinculado, por não haver margem de escolha à disposição do
administrador público, a exemplo do que ocorre na licença.
Questão 48 (FCC, DPE-SP, Defensor Público, 2009)
Em relação aos poderes administrativos, assinale a alternativa que
apresenta ordem de ideias verdadeira.
a) O regulamento autônomo, sobre temática não prevista em lei, de
autoria dos chefes do Executivo é válido e está dentro do âmbito do
chamado Poder Regulamentar.
b) Caracterizam-se como atributos do poder de polícia discricionário o
juízo de conveniência e oportunidade, a auto-executoriedade e a
coercibilidade, obedecidos os requisitos da competência, objeto,
forma, finalidade e motivo, bem assim os princípios da administração
pública, consistentes na legalidade, moralidade, proporcionalidade e
vinculação.
c) Normas gerais e abstratas editadas pela Administração Pública de
forma independente ou autônoma em relação a regras gerais não são

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admitidas no Direito Administrativo brasileiro, ressalvadas situações
excepcionais previstas necessariamente na Constituição Federal de
1988.
d) Normas gerais e abstratas editadas pela Administração Pública
para a explicitação de conceitos legal mente previstos não são
admitidas no Direito Administrativo brasileiro, haja vista a existência
de matérias absolutamente reservadas à lei pela Constituição Federal
de 1988.
e) São atribuições da Administração Pública, decorrentes
exclusivamente do poder hierárquico, delegar atribuições, impor
prestação de contas, controlar e avocar atividades dos órgãos
subordinados, aplicar sanções disciplinares e editar atos
regulamentares.
Questão 49 (FCC, DPE-MA, Defensor Público, 2009)
Dentre os chamados Poderes da Administração, aquele que pode ser
qualificado como autônomo e originário em determinadas situações
previstas na Constituição Federal é o poder
a) hierárquico, que permite à autoridade superior a possibilidade de
punição disciplinar independentemente de expressa previsão legal.
b) disciplinar, na medida que permite a imposição de sanções não
previstas em lei.
c) regulamentar, que permite o exercício da função normativa do
Poder Executivo com fundamento direto na Constituição Federal.
d) discricionário, que permite à Administração Pública atuar sem
expressa vinculação à lei, nos casos em que inexista disciplina
normativa para o assunto.
e) de polícia, que permite à Administração Pública a prática de atos
administrativos, preventivos e repressivos, para a disciplina de
situações não previstas pela legislação.
Questão 50 (CEBRASPE, PGE-AL, Procurador do Estado, 2009)
A doutrina nacional e internacional do direito administrativo muito
critica a expressão poder de polícia. Trata-se de designativo
manifestamente infeliz. Engloba, sob um único nome, coisas
radicalmente distintas, submetidas a regimes de inconciliável
diversidade: leis e atos administrativos; isto é, disposições superiores
e providências subalternas.
Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de direito administrativo. 13.ª
ed. São Paulo: Malheiros Editores, p. 687 (com adaptações).
Ao incluir as convenções de direitos humanos na constituição da
Argentina, os juristas não podem partir do poder do Estado como

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noção fundamental de um sistema. Devem partir das liberdades
públicas e dos direitos individuais. Poderá haver limitações a tais
direitos, mas aquele que explica e analisa o sistema jurídico
administrativo não pode partir da limitação para, somente depois,
entrar nas limitações das limitações.
Augustín Gordillo. Tratado de derecho administrativo. 8.ª ed. Buenos
Aires: F.D.A., 2006, cap. V, p. 2-3 (com adaptações)
Acerca do poder de polícia, assunto tratado nos textos acima,
assinale a opção correta.
a) Nenhum dos aspectos do poder de polícia pode ser exercido por
agente público sujeito ao regime celetista.
b) Diz-se originário o poder de polícia conferido às pessoas políticas
da Federação que detêm o poder de editar as leis limitativas da
liberdade e da propriedade dos cidadãos. Poder de polícia delegado é
aquele outorgado a pessoa jurídica de direito privado, desprovida de
vinculação oficial com os entes públicos.
c) No exercício da atividade de polícia, a administração só atua por
meio de atos concretos previamente definidos em lei. Esses atos
devem ser praticados sob o enfoque da proporcionalidade, de forma a
evitar a prática de um ato mais intenso e extenso do que o
necessário para limitar a liberdade e a propriedade no caso concreto.
d) Os atos de polícia podem constituir-se em consentimentos, ou
seja, quando a administração responde afirmativamente a um pedido
para o exercício de atividade econômica em via pública, está
praticando um ato de polícia. Nesse caso, apesar de consentir, o
Estado impõe condicionantes de forma a limitar a liberdade do agente
econômico.
e) A coercibilidade é a característica do poder de polícia que
possibilita à administração praticar atos, modificando imediatamente
a ordem jurídica.
*****

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7 - Gabarito
2) E 3) D 4) E 5) E
1) E
7) C 8) C 9) C 10) E
6) E
12) D 13) C 14) A 15) C
11) E
17) E 18) C 19) B 20) E
16) A
22) C 23) C 24) C 25) E
21) A
27) C 28) D 29) E 30) A
26) C
32) E 33) C 34) C 35) E
31) E
37) C 38) E 39) C 40) D
36) A
42) C 43) E 44) E 45) D
41) E
47) C 48) C 49) C 50) D
46) D

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Aula 04
8 – Referências bibliográficas
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª
ed. São Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São
Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões.
7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed.
JusPODIVM, 2014.

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