Na sua saída para a caça de dragões, Rudolph se sentia magoado e triste com a atitude de Lendsor,
seu melhor amigo. Eles que juntos sempre compartilharam seus valores e suas críticas do mundo, se
sentavam em belas noites estreladas bebendo seu elixir preferido, rindo e se sentindo revigorados
após suas conversas agora tinham uma relação de meros colegas.
Seria esse o fim da amizade pelo destrato do couro de dragão? Será que toda amizade possui um
prazo de validade? Durante sua saga, esses pensamentos eram os que mais incomodavam Rudolph,
que agora estava sozinho arriscando sua vida pelo seu objetivo maior.
– O dia em que me tornar um aviador real, Lendsor se arrependerá de ter destratado de mim. Ele
perdeu a oportunidade de ser o melhor amigo de um aviador real. É uma criança! Infantil e imaturo.
Não é um homem de verdade.
Pensamentos de ódio arrancavam a paz de Rudolph todos os dias. Seu dia até iniciava
bem, mas durante as horas, seus pensamentos mudavam seu estado interno, limitando-o
em suas ideias e o fazendo focar na falha de Lendsor.
Em uma noite de muita chuva, decidiu se abrigar numa caverna sentido Doragain, a
terra dos dragões. Essa caverna era muito diferente das demais que já havia se abrigado
anteriormente. Repleta de cristais reluzentes de tons azulados, roxos e amarelos, essa
caverna lhe transmitia curiosidade e como a chuva levaria certo tempo para cessar,
decidiu explorar esse espaço tão peculiar. Acendeu seu lampião e assim seguiu caverna
adentro. Cada passo que dava se sentia feliz, curioso e imaginava como Lendsor estava
perdendo a oportunidade de saber dessa maravilhosa caverna, pois com certeza não lhe
contaria nada sobre seu sucesso.
Após alguns minutos de caminhada, Rudolph encontrou um baú sobre um altar que
parecia ter sido construído sob medida e proposital. Examinou cada canto do espaço
para saber se não havia armadilhas o esperando, afinal se os melhores amigos traem,
quem dirá outros seres humanos.
Não identificando nada, ele abriu o baú e encontro um espelho empoeirado com um
bilhete que dizia: “Não tenhais medo. Olhe bem” Era até bonito, mas a poeira era tanta
que quase não refletia seu rosto.
– Que grande tesouro! Mais uma idiotice barata do ser humano para roubar tempo. Do
que eu teria medo? De olhar pra mim? HÁ-HÁ-HA
Irritado, Rudolph resolveu desafiar-se e ficou encarando o espelho, até que um brilho
começou a surgir do meio do espelho, eliminando a grossa camada de poeira e então
refletindo a imagem de uma bela mulher, delicada com vestes angelicais e de um rosto
tão belo quanto as princesas mais belas do reino.
– Finalmente teve coragem Rudolph. Eu sou Midriona, a fada do espelho da verdade.
– Espelho da verdade?
– Sim. Eu existo para mostrar a verdade para todos aqueles que vêm até mim.
– Da verdade sobre a humanidade que povoa essa terra. Você também deve achar sua
raça desprezível, mentirosa e cruel não é?
– Pois bem, vou lhe mostrar o que acontece. Você só tem olhado o mundo sob seus
próprios olhos Rudolph. Não tem levado em consideração o olhar dos outros e por isso
se revolta com todos.