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GUIAS TÉCNICOS
CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE
INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS
AO CICLO URBANO DA ÁGUA
Dídia Covas (Coordenação)

Em parceria com:
GUIAS TÉCNICOS
CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE
INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS
AO CICLO URBANO DA ÁGUA
Dídia Covas (Coordenação)
FICHA TÉCNICA

TÍTULO:
Custos de Construção de Infraestruturas Associadas ao Ciclo Urbano da Água
COORDENAÇÃO:
Dídia Covas (IST)
Paula Freixial, Maria José Bento Franco (ERSAR)
AUTORIA:
Dídia Covas, Marta Cabral, Alexandre Pinheiro, Valentina Marchionni, Sara Antunes,
Nuno Lopes, Luis Mamouros, Nuno Brôco
COMISSÃO TÉCNICA DE APRECIAÇÃO (ERSAR):
Paula Freixial, Maria José Bento Franco, Margarida Monte, Rute Rodrigues, Pedro
Gonçalves
AGRADECIMENTOS:
Agradece-se a colaboração das diversas organizações e entidades gestoras que
contribuíram para este guia, nomeadamente:
Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR):
Financiou a elaboração do estudo “Custos de referência de infraestruturas do ciclo
urbano da água, de valorização de resíduos sólidos urbanos e de proteção da orla
costeira” realizado em 2014/2015. Um agradecimento muito especial ao Eng.º Luís
Santos pela confiança, apoio e incentivo para o desenvolvimento deste estudo.
Instituto Superior Técnico (IST): A elaboração deste guia contou ainda com a
colaboração da Eng.ª Susana Lopes, do Eng.º David Figueiredo e do Eng.º Marco
Pereira (no tratamento e análise de dados), do Prof. José Saldanha Matos (com
contributos para a versão final do guia), do Prof. António Monteiro (no lançamento
do estudo e com contributos para a versão final do guia), da Prof. Maria da
Conceição Amado e Eng.ª Maria Silva (na análise estatística dos dados), Eng.ª Rita
Amaral (sugestões diversas) e do Prof. António Trigo Teixeira (no componente dos
emissários submarinos).
Grupo Águas de Portugal (AdP): A elaboração deste guia contou com a colaboração
da Eng.ª Joana Pena (na análise de dados de estações de tratamento de águas e
águas residuais), da Dr.ª Sandra Santos (com contributos para a versão final do
guia), do Eng.º Pedro Laginha e do Eng.º André Azevedo (na recolha e
disponibilização da informação utilizada).
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC): Eng.ª Helena Alegre, Eng.ª Dália
Loureiro, Eng.ª Adriana Cardoso.
Outras colaborações: Eng.º João Feliciano (AGS), Eng.ª Rita Almeida (AGS), Eng.ª
Maria Santos Silva (AdCL), Eng.º Abel Luís (EPAL), Eng.º Alfredo Afonso (Etermar).
Entidades gestoras: Empresas do Grupo AdP, serviços municipalizados e câmaras
municipais que disponibilizaram os mapas orçamentais e informação
complementar, essencial para a realização desse estudo.
EDIÇÃO:
Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos
FINANCIAMENTO
A elaboração deste guia técnico foi financiada pela ERSAR, pelo POSEUR e pelo
Programa Operacional COMPETE 2020.
CONCEÇÃO GRÁFICA:
Brand Practice
COMPOSIÇÃO E PAGINAÇÃO:
-
IMPRESSÃO E ACABAMENTOS:
-
TIRAGEM:
-
LOCAL E DATA DA EDIÇÃO:
Lisboa, 11 de dezembro de 2018
REVISÃO:
31 de janeiro de 2020
ISBN (VERSÃO DIGITAL):
978-972-98996-4-5
DEPÓSITO LEGAL:
-
PREFÁCIO DA ERSAR

No contexto dos novos estatutos da ERSAR, em que se verifica o


reforço dos poderes e da independência orgânica e funcional da
entidade reguladora, num quadro de universalização da regulação,
tornam-se necessários instrumentos de regulação económica
eficazes, que permitam consolidar uma intervenção em matéria de
fixação de preços, promovendo a eficiência produtiva do setor.
Concretamente, a aplicação efetiva do regulamento tarifário dos
serviços de águas às entidades gestoras do setor imporá a
necessidade de a ERSAR conhecer, aprofundadamente, os custos de
investimento das infraestruturas dos serviços de águas, que serão
materializados através de custos unitários de referência.
Nesse sentido, a ERSAR considerou fundamental estabelecer um
quadro de custos de investimento de referência, baseados na
melhor informação disponível, que possam servir de comparação
com os valores apresentados pelas entidades gestoras de
abastecimento público de água e de saneamento de águas residuais
urbanas.
Para o efeito, o Instituto Superior Técnico, em parceria com a ERSAR,
elaborou o presente Guia Técnico que reúne funções de custo de
construção de vários tipos de infraestruturas do ciclo urbano da
água. Procurou-se que essas funções de custo fossem
representativas do panorama nacional, tendo sido desenvolvidas
com base em orçamentos de um conjunto alargado de empreitadas
de abastecimento público de água e de saneamento de águas
residuais urbanas e pluviais realizadas nos últimos anos.
Pretende-se, ainda, que este Guia Técnico constitua um documento
que apoie a estimativa de custos de construção e de investimento
de infraestruturas do ciclo urbano da água (incluindo os serviços de
abastecimento público de água, saneamento de águas residuais
urbanas e de águas pluviais) na fase de planeamento de sistemas.
O Guia Técnico deverá ser utilizado em complementaridade com a
aplicação informática que lhe está associada e que é disponibilizada
pela ERSAR no seu sítio de internet.

PREFÁCIO DA ERSAR |V
Sendo este documento um instrumento de apoio à decisão, é
expetativa da ERSAR que o presente Guia Técnico contribua para
apoiar o setor no planeamento de sistemas e que contribua para a
maior eficiência das entidades gestoras e dos parceiros do setor.
Orlando Borges
(Presidente do Conselho de Administração da ERSAR)
Ana Barreto Albuquerque
(Vogal do Conselho de Administração da ERSAR)
Paulo Lopes Marcelo
(Vogal do Conselho de Administração da ERSAR)

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VI CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
PREFÁCIO DO IST

O presente Guia Técnico sobre custos de construção de


infraestruturas associadas ao ciclo urbano da água vem colmatar
uma importante lacuna de informação. Trata-se de um precioso
auxiliar para o planeamento e conceção de sistemas,
nomeadamente nas fases iniciais de projeto, e que complementa de
modo coerente outros guias da mesma série, com destaque para os
Guias Técnicos (GT) 16, 17 e 21, sobre Gestão Patrimonial de
Infraestruturas (GPI), e o GT 22, sobre a terceira geração de
avaliação da qualidade de serviço.
A boa gestão de longo prazo das infraestruturas de águas, objeto
nuclear da GPI, é fundamental para a sustentabilidade dos serviços
prestados e para a qualidade de vida e desenvolvimento da
sociedade. Desde há vários anos que, em Portugal, tem vindo a ser
desenvolvido um trabalho coordenado dos principais agentes do
setor nestas matérias, com destaque para a Entidade Reguladora
dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), o Laboratório nacional de
Engenharia Civil (LNEC), o Instituto Superior Técnico (IST) e todas as
entidades gestoras e parceiros tecnológicos participantes nas
iniciativas nacionais de GPI, promovidas pelo LNEC. Conjuntamente,
tem sido possível sensibilizar, produzir conhecimento, capacitar,
incentivar a evolução legislativa, ganhar experiência e alterar a
cultura e as práticas. A GPI tem em vista assegurar um equilíbrio
entre desempenho, risco e custo. Em Portugal, o deficiente
conhecimento sobre custos constitui, naturalmente, uma barreira
ou limitação importante no que respeita ao apoio à decisão e à
evolução sustentada do setor. O presente Guia vem dar um
contributo de grande valia para reduzir essa limitação. Baseado nos
custos reais de um conjunto muito alargado de obras que tiveram
lugar em Portugal nos últimos anos, discriminados por rubrica, o
estudo contemplou uma análise muito sólida e detalhada dos dados
disponíveis, recorreu a exigentes mecanismos de validação e
desenvolveu custos unitários médios de referência para os
principais componentes dos sistemas de abastecimento de água e
de gestão de águas residuais. A estreita colaboração, no seio do IST,
entre as competências de engenharia civil e de estatística e o teste

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PREFÁCIO DO IST
alargado, nomeadamente no âmbito das iniciativas nacionais de GPI
(projeto iGPI 2015), contribuíram para a qualidade final do trabalho.
O Guia foi elaborado no âmbito de um acordo entre o Instituto
Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, e a Entidade
Reguladora de Serviços de Águas e Resíduos. O estudo contou,
ainda, com o apoio do Programa Operacional para a
Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR), com o
apoio técnico e de fornecimento de dados de base da AdP – Águas
de Portugal, e com um leque muito alargado de outras
colaborações. É assim com muito gosto que o LNEC, que desta vez
apenas teve contribuições pontuais, vê confirmada a continuação
da produção de guias que possam contribuir para a melhoria da
qualidade dos serviços de abastecimento de água e de drenagem e
tratamento de águas residuais.
O IST tem como missão contribuir para o desenvolvimento da
sociedade, promovendo um ensino superior de qualidade e
dinamizando atividades de investigação e inovação essenciais para
o progresso do conhecimento. No âmbito do Saneamento, têm
assumido relevo as atividades nos domínios das infraestruturas e
serviços urbanos de abastecimento de água, de drenagem de águas
residuais e pluviais, e de tratamento de águas residuais e de gestão
dos seus subprodutos, designadamente no que respeita ao uso
eficiente da água, energia e nutrientes e à reabilitação e
beneficiação de sistemas. A colaboração do IST com a ERSAR tem-se
revelado nomeadamente ao nível do apoio a publicações,
recomendações e elaboração de pareceres técnicos. O IST
participou igualmente do projeto AWARE-P, em conjunto com o
LNEC e a ERSAR, e na elaboração do Guia Técnico 16.
A ERSAR tem como um dos seus objetivos estratégicos contribuir
para a maior eficiência das entidades gestoras e dos parceiros do
setor, através de parcerias com instituições técnicas e científicas,
razão pela qual a ERSAR tomou a iniciativa, em parceria com o
PO SEUR, de elaboração deste Guia com o IST.
O PO SEUR constitui-se, por sua vez, como um dos programas
criados para a operacionalização da Estratégia Portugal 2020,
pretendendo-se que contribua especialmente na prioridade de
crescimento sustentável, respondendo aos desafios de transição

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VIII CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
para uma economia de baixo carbono e que naturalmente também
interessam ao setor das águas. A informação relativa a estimativas
de custo de investimento dos vários componentes do ciclo urbano
da água será muito útil para o PO SEUR, nomeadamente no âmbito
da verificação e análise de Estudos de Viabilidade Económico-
Financeira (EVEF), para a proposta de decisão de atribuição de
fundos, dado o peso que esse componente assume nesse tipo de
estudo.
Tal como no caso dos anteriores Guias, pretende-se, igualmente,
proporcionar um instrumento de trabalho para as entidades
gestoras e consultoras desse tipo de serviços, contribuindo para a
criação de um ambiente favorável para uma evolução eficiente e
sustentável dos sistemas e serviços de águas em Portugal.

Arlindo Limede de Oliveira


(Presidente do IST)
José Saldanha Matos
(Professor Catedrático, DECivil, IST)
Maria Helena Colaço Alegre
(Diretora do Departamento de Hidráulica e Ambiente do LNEC)

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PREFÁCIO DO IST
ÍNDICE GERAL

1. INTRODUÇÃO ........................................................................... 3
2. METODOLOGIA ...................................................................... 15
3. UNIVERSO DA AMOSTRA........................................................ 35
4. CAPTAÇÕES DE ÁGUA ............................................................ 41
5. ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA .................................. 65
6. ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUA ........................................ 89
7. RESERVATÓRIOS..................................................................... 97
8. CONDUTAS DE ADUÇÃO, DE DISTRIBUIÇÃO E RAMAIS ........ 117
9. CONDUTAS ELEVATÓRIAS, EMISSÁRIOS GRAVÍTICOS E
SUBMARINOS ............................................................................... 149
10. COLETORES DOMÉSTICOS E PLUVIAIS E RAMAIS ................. 175
11. ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUAS RESIDUAIS ................... 197
12. ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS ............ 215
13. CUSTO FINAL DE CONSTRUÇÃO ........................................... 263
14. VALOR DO INVESTIMENTO................................................... 283
15. VALOR ATUAL DA INFRAESTRUTURA ................................... 287
16. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................... 297

ÍNDICE GERAL |XI


ÍNDICE DETALHADO

PARTE I - ENQUADRAMENTO GERAL E METODOLOGIA

1. INTRODUÇÃO ........................................................................... 3
1.1. Enquadramento ............................................................... 3
1.2. Âmbito de aplicação......................................................... 5
1.3. Estrutura do documento ................................................ 10
1.4. Destinatários .................................................................. 12
1.5. Metodologia de consulta ............................................... 12
2. METODOLOGIA ...................................................................... 15
2.1. Abordagem adotada ...................................................... 15
2.2. Recolha, seleção e processamento de dados................. 15
2.3. Atualização dos custos à data de referência .................. 17
2.4. Estabelecimento das rubricas de custo e identificação
dos parâmetros caraterísticos ................................................... 19
2.5. Cálculo dos custos de construção .................................. 27
2.6. Validação dos custos e elaboração de recomendações
finais ....................................................................................... 31
3. UNIVERSO DA AMOSTRA........................................................ 35
PARTE II - SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

4. CAPTAÇÕES DE ÁGUA ............................................................ 41


4.1. Tipos de captações......................................................... 41
4.2. Caraterização dos componentes .................................... 44
4.2.1. Nota introdutória ................................................... 44
4.2.2. Captações superficiais ............................................ 44

ÍNDICE DETALHADO |XIII


4.2.3. Captações subterrâneas ........................................ 46
4.3. Custos de construção de captações .............................. 48
4.3.1. Nota introdutória................................................... 48
4.3.2. Captações superficiais ........................................... 49
4.3.3. Captações subterrâneas ........................................ 56
5. ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA ................................. 65
5.1. Tipos de água................................................................. 65
5.2. Níveis e etapas de tratamento ...................................... 66
5.3. Caraterização dos componentes ................................... 71
5.4. Custo de construção de estações de tratamento .......... 74
5.4.1. Nota introdutória................................................... 74
5.4.2. ETA Tipo I ............................................................... 75
5.4.3. ETA Tipo II .............................................................. 79
5.4.4. ETA Tipo III ............................................................. 86
5.4.5. Análise geral do custo de ETA ................................ 87
6. ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUA ........................................ 89
6.1. Constituição de uma estação elevatória........................ 89
6.2. Caraterização dos componentes ................................... 89
6.3. Custo de construção de estações elevatórias................ 92
7. RESERVATÓRIOS .................................................................... 97
7.1. Tipos de reservatórios ................................................... 97
7.2. Caraterização dos componentes ................................... 98
7.2.1. Nota introdutória................................................... 98
7.2.2. Reservatórios apoiados ......................................... 98
7.2.3. Reservatórios apoiados associados a estações
elevatórias ............................................................................. 99

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XIV CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
7.2.4. Reservatórios elevados ........................................ 101
7.2.5. Caraterização geral: rubricas de custo ................. 102
7.3. Custo de construção de reservatórios ......................... 103
7.3.1. Nota introdutória ................................................. 103
7.3.2. Reservatórios apoiados ........................................ 104
7.3.3. Reservatórios apoiados associados a estações
elevatórias............................................................................ 108
7.3.4. Reservatórios elevados ........................................ 111
7.3.5. Comparação do custo de reservatórios ............... 115
8. CONDUTAS DE ADUÇÃO, DE DISTRIBUIÇÃO E RAMAIS ........ 117
8.1. Tipos de componentes ................................................. 117
8.2. Caraterização dos componentes .................................. 120
8.2.1. Caraterização geral .............................................. 120
8.2.2. Condutas de adução ............................................ 120
8.2.3. Condutas de distribuição ..................................... 122
8.2.4. Ramais de ligação domiciliários ........................... 123
8.3. Custo de construção de condutas adutoras, de
distribuição e ramais ................................................................ 124
8.3.1. Nota introdutória ................................................. 124
8.3.2. Condutas de adução ............................................ 126
8.3.3. Condutas de distribuição ..................................... 133
8.3.4. Ramais de ligação domiciliários ........................... 142
PARTE III - SISTEMAS DE GESTÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS E PLUVIAIS

9. CONDUTAS ELEVATÓRIAS, EMISSÁRIOS GRAVÍTICOS E


SUBMARINOS ............................................................................... 149
9.1. Tipos de componentes ................................................. 149

ÍNDICE DETALHADO |XV


9.2. Caraterização dos componentes ................................. 150
9.2.1. Caraterização geral .............................................. 150
9.2.2. Condutas elevatórias ........................................... 151
9.2.3. Emissários gravíticos ............................................ 153
9.2.4. Emissários submarinos ........................................ 155
9.3. Custo de construção de condutas elevatórias, emissários
gravíticos e submarinos ........................................................... 155
9.3.1. Nota introdutória................................................. 155
9.3.2. Condutas elevatórias ........................................... 157
9.3.3. Emissários gravíticos ............................................ 163
9.3.4. Emissários submarinos ........................................ 171
10. COLETORES DOMÉSTICOS E PLUVIAIS E RAMAIS ................. 175
10.1. Tipos de componentes ................................................ 175
10.2. Caraterização dos componentes ................................. 177
10.2.1. Caraterização geral .............................................. 177
10.2.2. Coletores gravíticos domésticos .......................... 178
10.2.3. Ramais de ligação domiciliários ........................... 180
10.2.4. Coletores gravíticos pluviais ................................ 181
10.3. Custo de construção de coletores domésticos e pluviais e
ramais 182
10.3.1. Nota introdutória................................................. 182
10.3.2. Coletores gravíticos domésticos .......................... 185
10.3.3. Ramais de ligação domiciliários ........................... 190
10.3.4. Coletores gravíticos pluviais ................................ 191
11. ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUAS RESIDUAIS .................. 197
11.1. Tipos de estações elevatórias ...................................... 197

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XVI CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
11.2. Caraterização dos componentes .................................. 200
11.3. Custo de construção de estações elevatórias de águas
residuais ................................................................................... 203
11.3.1. Nota introdutória ................................................. 203
11.3.2. Tipo I .................................................................... 203
11.3.3. Tipo II ................................................................... 206
11.3.4. Tipo III .................................................................. 209
11.3.5. Análise geral do custo de estações elevatórias de
águas residuais ..................................................................... 212
12. ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS ............ 215
12.1. Tipos de tratamento .................................................... 215
12.1.1. Tipos de ETAR....................................................... 215
12.1.2. Tratamento extensivo .......................................... 219
12.1.3. Tratamento intensivo: nível de tratamento
apropriado ........................................................................... 221
12.1.4. Tratamento intensivo: nível de tratamento
secundário ........................................................................... 222
12.1.5. Tratamento intensivo: nível de tratamento
terciário ............................................................................. 229
12.2. Caraterização dos componentes .................................. 229
12.3. Custos de construção de estações de tratamento de
águas residuais ......................................................................... 232
12.3.1. Nota introdutória ................................................. 232
12.3.2. ETAR compactas ................................................... 233
12.3.3. ETAR de leito de macrófitas ................................. 236
12.3.4. ETAR de leito percolador...................................... 242

ÍNDICE DETALHADO |XVII


12.3.5. ETAR por lamas ativadas em arejamento
convencional ....................................................................... 245
12.3.6. ETAR por lamas ativadas em arejamento prolongado
sem desinfeção .................................................................... 247
12.3.7. ETAR por lamas ativadas em arejamento prolongado
com desinfeção ................................................................... 254
12.3.8. Análise geral do custo de ETAR............................ 257
PARTE IV - CUSTO DE CONSTRUÇÃO, VALOR DO INVESTIMENTO E
VALOR ATUAL

13. CUSTO FINAL DE CONSTRUÇÃO........................................... 263


13.1. Nota introdutória ........................................................ 263
13.2. Custo de pavimentação ............................................... 264
13.2.1. Peso relativo dos custos de pavimentação .......... 264
13.2.2. Largura de vala .................................................... 267
13.2.3. Custos de marcação e corte ................................ 270
13.2.4. Custos de levantamento e reposição de
pavimento ........................................................................... 270
13.2.5. Síntese dos custos de pavimentação ................... 273
13.3. Custo associado a trabalhos especiais ......................... 274
13.4. Custo associado a arranjos exteriores ......................... 277
13.5. Custo de perfurações horizontais ................................ 279
13.6. Custo de construção de condutas, coletores e
emissários ................................................................................ 281
13.7. Custo de construção de infraestruturas verticais e
instalações ............................................................................... 282
14. VALOR DO INVESTIMENTO .................................................. 283
14.1. Nota introdutória ........................................................ 283

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XVIII CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
14.2. Custo final da obra ....................................................... 283
14.3. Custo associado a outras atividades ............................ 284
14.4. Cálculo do valor do investimento................................. 286
15. VALOR ATUAL DA INFRAESTRUTURA ................................... 287
15.1. Nota introdutória ......................................................... 287
15.2. Valor atual de cada ativo e da infraestrutura............... 287
15.3. Custo de substituição ................................................... 288
15.4. Vida útil técnica............................................................ 289
15.5. Índice do valor da infraestrutura ................................. 293
PARTE V - NOTAS FINAIS

16. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................... 297


16.1. Nota introdutória ......................................................... 297
16.2. Principais resultados .................................................... 297
16.3. Recomendações finais ................................................. 307
16.3.1. Pressupostos subjacentes .................................... 307
16.3.2. Obtenção de custo final de construção, valorização
de infraestruturas e estabelecimento de preços base ......... 311
BIBLIOGRAFIA............................................................................... 313
ANEXO 1 – SÍNTESE DAS FUNÇÕES DE CUSTO
ANEXO 2 – FICHAS TÉCNICAS
ANEXO 3 – EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

ÍNDICE DETALHADO |XIX


ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 – Estrutura geral do guia ............................................... 11


Figura 2.1 – Metodologia adotada para a obtenção dos custos de
construção ..................................................................................... 15
Figura 2.2 – Representação geográfica NUTS II 2013 (Fonte: Pordata)
............................................................................................... 17
Figura 2.3 – Evolução do IHPC e do fator de atualização acumulado
entre 2000 e 2016 ......................................................................... 19
Figura 2.4 – Exemplos de funções de custo com indicação dos
domínios de aplicação e de extrapolação ...................................... 31
Figura 2.5 – Identificação de elementos atípicos: (a) resíduos versus
valores ajustados; (b) Q-Q plot; (c) resíduos padronizados versus
valores ajustados; (d) distância de Cook ........................................ 33
Figura 3.1 – Distribuição de elementos do sistema de abastecimento
de água por: (a) componentes; (b) NUTS II; (c) anos de
adjudicação .................................................................................... 36
Figura 3.2 – Distribuição de elementos do sistema de gestão de
águas residuais e pluviais por: (a) componentes; (b) NUTS II; (c) anos
de adjudicação ............................................................................... 38
Figura 4.1 – Captação superficial: (a) em albufeira por torre
(Beliche); (b) em rio (Captação de Valada Tejo, Cartaxo)............... 42
Figura 4.2 – Captação subterrânea: (a) tubagem da perfuração;
(b) grupo eletrobomba .................................................................. 43
Figura 4.3 – Variação percentual da amostra inicial de captações
superficiais: (a) NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos.... 45
Figura 4.4 – Distribuição da amostra final de captações superficiais
de água por rubricas de custo........................................................ 46

ÍNDICE DE FIGURAS |XXI


Figura 4.5 – Variação percentual da amostra inicial de captações
subterrâneas: (a) NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos 48
Figura 4.6 – Custo unitário de construção de captações superficiais
em rio: (a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e
instalações elétricas ...................................................................... 50
Figura 4.7 – Captações superficiais em rio: (a) custo unitário; (b)
custo de construção ...................................................................... 51
Figura 4.8 – Custo unitário de construção de captações superficiais
por jangada: (a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e
instalações elétricas ...................................................................... 53
Figura 4.9 – Captações superficiais por jangada: (a) custo unitário;
(b) custo de construção ................................................................. 54
Figura 4.10 – Custo unitário de construção civil e de equipamento e
instalações elétricas de diferentes tipos de captações
superficiais..................................................................................... 56
Figura 4.11 – Custo unitário de construção civil e de equipamento e
instalações elétricas associado às captações superficiais (excluindo
captações por torre) ...................................................................... 56
Figura 4.12 – Custo de construção da Fase I de captações
subterrâneas expresso por metro de profundidade em função: (a)
do diâmetro de perfuração; (b) da profundidade de perfuração .. 59
Figura 4.13 – Custo de construção da Fase I de captações
subterrâneas expresso em função do volume de perfuração ....... 60
Figura 4.15 – Custo unitário de construção da Fase II de captações
subterrâneas: (a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico
e instalações elétricas.................................................................... 62
Figura 4.16 – Fase II de captações subterrâneas: (a) custo unitário;
(b) custo de construção ................................................................. 63
Figura 5.1 – Arejamento em cascata ............................................. 67

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XXII CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Figura 5.2 – Remineralização: (a) depósito de armazenamento;
(b) sistema de preparação de água de cal; (c) adição de CO2;
(d) sistema de brita calcária (Fonte: AdP – Águas de Portugal,
S.A.) 68
Figura 5.3 – Etapas de tratamento: (a) coagulação; (b) floculação 69
Figura 5.4 – Decantadores ............................................................. 69
Figura 5.5 – Filtros de areia: (a) em operação; (b) em lavagem ..... 70
Figura 5.6 – Ozonizadores .............................................................. 70
Figura 5.7 – Filtro de carvão ativado granular ............................... 71
Figura 5.8 – Variação percentual da amostra inicial de ETA por: (a)
NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos ............................. 73
Figura 5.9 – Distribuição da amostra final de ETA por rubricas de
custo .............................................................................................. 74
Figura 5.10 – ETA do Tipo I ............................................................ 76
Figura 5.11 – Esquema de tratamento de ETA do Tipo I (Fonte: AdP
– Águas de Portugal, S.A.) .............................................................. 76
Figura 5.13 – ETA do Tipo I: (a) custo unitário; (b) custo de
construção ..................................................................................... 79
Figura 5.14 – ETA do Tipo II (Fonte: AdP – Águas de Portugal,
S.A.) 80
Figura 5.15 – Esquema de tratamento de ETA do Tipo II ............... 80
Figura 5.16 – Amostra final (construção civil, equipamento e
instalações elétricas) de ETA do Tipo II com e sem a etapa de pré-
ozonização ..................................................................................... 81
Figura 5.17 – Custo unitário de construção de ETA do Tipo II sem
pré-ozonização: (a) construção civil; (b) equipamento
eletromecânico e instalações elétricas .......................................... 82
Figura 5.18 – ETA do Tipo II sem pré-ozonização: (a) custo unitário;
(b) custo de construção ................................................................. 83

ÍNDICE DE FIGURAS |XXIII


Figura 5.19 – Custo unitário de construção de ETA do Tipo II com
pré-ozonização: (a) construção civil; (b) equipamento
eletromecânico e instalações elétricas .......................................... 84
Figura 5.20 – ETA do Tipo II com pré-ozonização: (a) custo unitário;
(b) custo de construção ................................................................. 85
Figura 5.21 – ETA do Tipo III (Fonte: AdP – Águas de Portugal,
S.A.) 86
Figura 5.22 – Esquema de tratamento de ETA do Tipo III ............. 86
Figura 5.23 – Custo unitário total de construção de ETA .............. 88
Figura 6.1 – Estações elevatórias de sistemas de abastecimento . 89
Figura 6.2 – Distribuição da amostra final das estações elevatórias
de água: (a) amostra total; (b) detalhe para Q  50 l/s ................. 90
Figura 6.3 – Variação percentual da amostra inicial de estações
elevatórias por: (a) NUTS II; (b) anos de adjudicação dos
contratos ....................................................................................... 91
Figura 6.4 – Distribuição da amostra final de estações elevatórias por
rubricas de custo ........................................................................... 92
Figura 6.5 – Custo unitário de construção de estações elevatórias de
água: (a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e
instalações elétricas ...................................................................... 94
Figura 6.6 – Estações elevatórias de água: (a) custo unitário; (b)
custo de construção ...................................................................... 95
Figura 7.1 – Reservatórios apoiados de uma célula e de duas células
97
Figura 7.2 – Reservatórios elevados: um e dois reservatórios ...... 98
Figura 7.3 – Variação percentual da amostra inicial de reservatórios
apoiados: (a) NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos ....... 99

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XXIV CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO
DA ÁGUA
Figura 7.4 – Distribuição dos valores de altura de elevação em
função do caudal das estações elevatórias associadas aos
reservatórios apoiados................................................................. 100
Figura 7.5 – Variação percentual da amostra inicial de reservatórios
apoiados associados a estação elevatória: (a) NUTS II; (b) anos de
adjudicação dos contratos ........................................................... 101
Figura 7.6 – Variação percentual da amostra inicial de reservatórios
elevados: (a) NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos ..... 102
Figura 7.7 – Distribuição percentual das rubricas de custo da
amostra final de reservatórios (expressa em termos do custo
total) ............................................................................................ 103
Figura 7.8 – Custo unitário de construção civil sem arranjos
exteriores para reservatórios apoiados com uma e duas células 105
Figura 7.10 – Reservatórios apoiados sem estação elevatória: (a)
custo unitário; (b) custo de construção ....................................... 107
Figura 7.11 – Custo unitário de construção de reservatórios
apoiados associados a estação elevatória: (a) construção civil sem
arranjos exteriores; (b) equipamento eletromecânico e instalações
elétricas........................................................................................ 109
Figura 7.12 – Custo de construção de reservatórios apoiados com
estação elevatória ........................................................................ 111
Figura 7.13 – Custo de construção de reservatórios elevados:
(a) construção civil sem arranjos exteriores; (b) equipamento
eletromecânico e instalações elétricas ........................................ 113
Figura 7.14 – Custo de construção de reservatórios elevados..... 115
Figura 7.15 – Comparação do custo de construção de reservatórios
apoiados com e sem estação elevatória associada ...................... 116
Figura 8.1 – Condutas adutoras: (a) conduta no interior do aqueduto
das águas livres (Lisboa); (b) Jovim, Nova Sintra (Gondomar) ..... 118
Figura 8.2 – Instalação de condutas: (a) PVC; (b) PEAD; (c) FFD .. 119

ÍNDICE DE FIGURAS |XXV


Figura 8.3 – Ramais de ligação domiciliários: (a) instalação de ramais;
(b) ramais provisórios .................................................................. 119
Figura 8.4 – Distribuição da amostra final de condutas de adução por
rubricas de custo ......................................................................... 122
Figura 8.5 – Distribuição da amostra final de condutas de
distribuição por rubricas de custo ............................................... 123
Figura 8.6 – Variação do custo unitário em função da extensão de
rede: (a) condutas adutoras; (b) condutas de distribuição .......... 125
Figura 8.8 – Custo unitário de construção de condutas adutoras em
PEAD: (a) no domínio de aplicação; (b) incluindo extrapolação até
DN2000 ....................................................................................... 128
Figura 8.9 – Custo unitário de construção de condutas adutoras em
FFD: (a) no domínio de aplicação; (b) incluindo extrapolação até
DN2000 ....................................................................................... 129
Figura 8.10 – Comparação do custo unitário de construção dos três
materiais de condutas adutoras: (a) no domínio de aplicação; (b)
incluindo extrapolação até DN2000 ............................................ 130
Figura 8.11 – Custo unitário de construção de condutas adutoras
com trabalhos especiais e pavimentação: (a) aço; (b) PEAD; (c)
FFD 132
Figura 8.12 – Custo unitário de construção de conduta adutora
genérica com trabalhos especiais e pavimentação ..................... 133
Figura 8.13 – Custo unitário de construção de condutas de
distribuição em FFD com intervalo de extrapolação ................... 134
Figura 8.14 – Custo unitário de construção de condutas de
distribuição em PVC com intervalo de extrapolação ................... 135
Figura 8.15 – Custo unitário de construção de condutas de
distribuição em PEAD com intervalo de extrapolação: (a) zona rural
a medianamente urbana; (b) zona urbana .................................. 136

|
XXVI CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO
DA ÁGUA
Figura 8.16 – Comparação do custo unitário de construção de
condutas de distribuição em PEAD para as duas zonas ............... 137
Figura 8.17 – Comparação do custo unitário de construção dos três
materiais de condutas de distribuição: (a) no domínio de aplicação;
(b) incluindo extrapolação até DN500 ......................................... 138
Figura 8.18 – Custo unitário de construção de condutas de
distribuição com trabalhos especiais e pavimentação: (a) FFD; (b)
PVC 140
Figura 8.19 – Custo unitário de construção de condutas de
distribuição com trabalhos especiais e pavimentação: (a) PEAD em
zona rural a medianamente urbana; (b) PEAD em zona urbana .. 141
Figura 8.20 – Custo unitário de construção de conduta de
distribuição genérica com trabalhos especiais e pavimentação .. 142
Figura 8.21 – Custo unitário de construção de ramais de ligação em
PEAD com intervalo de extrapolação: (a) zona rural a medianamente
urbana; (b) zona urbana............................................................... 143
Figura 8.22 – Comparação do custo unitário de construção de ramais
de ligação em PEAD para as duas zonas ...................................... 144
Figura 8.23 – Custo unitário de construção de ramais domiciliários
com trabalhos especiais e pavimentação em PEAD em zona
urbana.......................................................................................... 145
Figura 9.1 – Emissários submarinos: (a) DN2500 (República
Dominicana); (b) DN1600 (Tunísia) (Fonte: Etermar).................. 150
Figura 9.2 – Distribuição da amostra final de condutas elevatórias
por rubricas de custo ................................................................... 152
Figura 9.3 – Distribuição da amostra final de emissários gravíticos
por rubricas de custo ................................................................... 154
Figura 9.4 – Variação do custo unitário de condutas elevatórias em
função da extensão de rede......................................................... 156

ÍNDICE DE FIGURAS |XXVII


Figura 9.5 – Variação do custo unitário de emissários gravíticos em
função: (a) extensão de rede; (b) profundidade média de vala... 157
Figura 9.6 – Custo unitário de construção de condutas elevatórias
em: (a) FFD; (b) PEAD; (c) PVC ..................................................... 159
Figura 9.7 – Custo unitário de construção dos três materiais de
condutas elevatórias: (a) no domínio de aplicação; (b) com intervalo
de extrapolação ........................................................................... 161
Figura 9.8 – Custo unitário de construção de condutas elevatórias
com trabalhos especiais e pavimentação: (a) FFD; (b) PEAD; (c)
PVC 162
Figura 9.9 – Custo unitário de construção de conduta elevatória
genérica com trabalhos especiais e pavimentação ..................... 163
Figura 9.10 – Custo unitário de construção de emissários gravíticos
em FFD: (a) em vala; (b) em travessia ......................................... 165
Figura 9.11 – Comparação do custo unitário de construção de
emissários gravíticos em FFD em vala e em travessia ................. 166
Figura 9.12 – Custo unitário de construção de emissários gravíticos
em: (a) PEAD; (b) PPc/PVC ........................................................... 167
Figura 9.13 – Custo unitário de construção dos três materiais de
emissários gravíticos no domínio de aplicação: (a) até DN1600; (b)
até DN1000 ................................................................................. 168
Figura 9.14 – Custo unitário de construção dos três materiais de
emissários gravíticos com intervalo de extrapolação .................. 169
Figura 9.15 – Custo unitário de construção de emissários gravíticos
com trabalhos especiais e pavimentação: (a) FFD em vala; (b) PEAD;
(c) PPc/PVC .................................................................................. 170
Figura 9.16 – Custo unitário de construção de emissário gravítico
genérico com trabalhos especiais e pavimentação ..................... 171
Figura 9.17 – Custo unitário de construção de emissários
submarinos em PEAD com intervalo de extrapolação ................. 172

|
XXVIII CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO
DA ÁGUA
Figura 9.18 – Comparação do custo unitário de construção de
emissários gravíticos e submarinos em PEAD .............................. 173
Figura 10.1 – Caixas e ramais de ligação domiciliários ................. 176
Figura 10.2 – Coletores gravíticos pluviais: (a) Betão; (b) PPc ..... 177
Figura 10.3 – Distribuição da amostra final de coletores gravíticos
domésticos por rubricas de custo ................................................ 180
Figura 10.4 – Distribuição da amostra final de coletores gravíticos
pluviais por rubricas de custo ...................................................... 182
Figura 10.5 – Variação do custo unitário em função da profundidade
média de vala: (a) coletores domésticos; (b) coletores pluviais ... 184
Figura 10.6 – Variação do custo unitário em função da extensão de
rede: (a) coletores domésticos; (b) coletores pluviais ................. 185
Figura 10.7 – Custo unitário de construção de coletores gravíticos
domésticos com intervalo de extrapolação: (a) PPc/PVC; (b)
FFD 187
Figura 10.8 – Custo unitário de construção dos dois materiais de
coletores gravíticos domésticos ................................................... 188
Figura 10.9 – Custo unitário de construção de coletores domésticos
com trabalhos especiais e pavimentação: (a) FFD; (b) PPc/PVC .. 189
Figura 10.10 – Custo unitário de construção de coletor doméstico
genérico com trabalhos especiais e pavimentação ...................... 190
Figura 10.11 – Custo unitário de construção de ramais de ligação em
PPc/PVC com intervalo de extrapolação ...................................... 191
Figura 10.12 – Custo unitário de construção de coletores pluviais
com intervalo de extrapolação: (a) betão; (b) PPc ....................... 193
Figura 10.13 – Custo unitário de construção dos dois materiais de
coletores pluviais com intervalo de extrapolação ........................ 194
Figura 10.14 – Custo unitário de construção de coletores pluviais
com pavimentação: (a) betão; (b) PPc ......................................... 195

ÍNDICE DE FIGURAS |XXIX


Figura 10.15 – Custo unitário de construção de coletor pluvial
genérico com pavimentação ....................................................... 196
Figura 11.1 – Estação elevatória de águas residuais compacta (Tipo
I): (a) vista exterior; (b) vista interior do poço ............................. 198
Figura 11.2 – Estação elevatória convencional sem edifício e com
grupos submersíveis (Tipo I): (a) vista exterior; (b) poço de
bombagem .................................................................................. 199
Figura 11.3 – Estação elevatória de águas residuais convencional
com edifício e com grupos instalados em poço seco (Tipo II): (a) vista
exterior; (b) vista interior (1+1) ................................................... 199
Figura 11.4 – Estação elevatória de águas residuais convencionais
com edifício e grupos instalados em poço seco (Tipos II e III): (a) 1+1;
(b) 2+1 ....................................................................................... 200
Figura 11.5 – Variação percentual da amostra inicial de estações
elevatórias de águas residuais: (a) NUTS II; (b) anos de adjudicação
dos contratos............................................................................... 201
Figura 11.6 – Distribuição da amostra final de estações elevatórias
de águas residuais por rubricas de custo .................................... 202
Figura 11.7 – Distribuição da amostra final das estações elevatórias
convencionais: (a) amostra total; (b) detalhe para Q  50 l/s ..... 203
Figura 11.8 – Custo unitário de construção de estações elevatórias
de águas residuais do Tipo I: (a) construção civil sem arranjos
exteriores; (b) equipamento eletromecânico e instalações
elétricas ....................................................................................... 205
Figura 11.9 – Estações elevatórias de águas residuais do Tipo I: (a)
custo unitário; (b) custo de construção ....................................... 206
Figura 11.10 – Custo unitário de construção de estações elevatórias
de águas residuais do Tipo II: (a) construção civil sem arranjos
exteriores; (b) equipamento eletromecânico e instalações
elétricas ....................................................................................... 208

|
XXX CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Figura 11.11 – Estações elevatórias de águas residuais do Tipo II: (a)
custo unitário; (b) custo de construção ....................................... 209
Figura 11.12 – Custo unitário de construção de estações elevatórias
de águas residuais do Tipo III: (a) construção civil sem arranjos
exteriores; (b) equipamento eletromecânico e instalações
elétricas........................................................................................ 211
Figura 11.13 – Estações elevatórias de águas residuais do Tipo III: (a)
custo unitário; (b) custo de construção ....................................... 212
Figura 11.14 – Comparação do custo unitário de construção dos três
tipos de estações elevatórias de águas residuais ......................... 213
Figura 12.1 – Sistema de lagunagem ........................................... 220
Figura 12.2 – ETAR de leitos de macrófitas (Fonte: AdP – Águas de
Portugal, S.A.) .............................................................................. 220
Figura 12.3 – Fossas sépticas ....................................................... 222
Figura 12.4 – Exemplo de um tratamento complementar de fossa
séptica.......................................................................................... 222
Figura 12.5 – ETAR baseada em sistema de tratamento biológico
modular compacto (Fonte: AdP – Águas de Portugal, S.A.) ......... 223
Figura 12.6 – Leito percolador ..................................................... 224
Figura 12.7 – Duas ETAR de lamas ativadas operadas em regime de
arejamento convencional com digestão anaeróbia das lamas e
cogeração (Fonte: AdP – Águas de Portugal, S.A.) ....................... 227
Figura 12.8 – ETAR de lamas ativadas operadas em regime de
arejamento prolongado (Fonte: AdP – Águas de Portugal, S.A.).. 229
Figura 12.9 – Variação percentual da amostra inicial de ETAR: (a)
NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos ........................... 231
Figura 12.10 – Distribuição da amostra final de ETAR por rubricas de
custo ............................................................................................ 232

ÍNDICE DE FIGURAS |XXXI


Figura 12.11 – Custos unitários de construção de ETAR compactas:
(a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações
elétricas ....................................................................................... 235
Figura 12.12 – ETAR compactas: (a) custo unitário; (b) custo de
construção ................................................................................... 236
Figura 12.13 – Comparação entre o custo de equipamento
eletromecânico e instalações elétricas de ETAR de leito de
macrófitas com e sem recirculação de efluente.......................... 237
Figura 12.14 – Custo unitário de construção civil de ETAR de leito de
macrófitas.................................................................................... 238
Figura 12.15 – Custo unitário de equipamento eletromecânico e
instalações elétricas de ETAR de leito de macrófitas: (a) sem
recirculação de efluente; (b) com recirculação de efluente ........ 240
Figura 12.16 – ETAR de leito de macrófitas sem recirculação de
efluente: (a) custo unitário; (b) custo de construção .................. 241
Figura 12.17 – ETAR de leito de macrófitas com recirculação de
efluente: (a) custo unitário; (b) custo de construção .................. 241
Figura 12.18 – Custo unitário de construção de ETAR de leito
percolador: (a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e
instalações elétricas .................................................................... 243
Figura 12.19 – ETAR de leito percolador: (a) custo unitário; (b) custo
de construção .............................................................................. 244
Figura 12.20 – Custo unitário de construção de ETAR por LAAC: (a)
construção civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações
elétricas ....................................................................................... 245
Figura 12.21 – ETAR por LAAC: (a) custo unitário; (b) custo de
construção ................................................................................... 247
Figura 12.22 – Amostra total de ETAR por LAAP sem desinfeção com
e sem a etapa de desidratação de lamas no local ....................... 248

|
XXXII CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO
DA ÁGUA
Figura 12.23 – Custo unitário de construção de ETAR por LAAP sem
desinfeção e sem desidratação de lamas no local: (a) construção
civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações elétricas .... 249
Figura 12.24 – ETAR por LAAP sem desinfeção e sem desidratação
de lamas no local: (a) custo unitário; (b) custo de construção .... 251
Figura 12.25 – Custo unitário de construção de ETAR por LAAP sem
desinfeção e com desidratação de lamas no local: (a) construção
civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações elétricas .... 252
Figura 12.26 – ETAR por LAAP sem desinfeção e com desidratação
de lamas no local: (a) custo unitário; (b) custo de construção .... 254
Figura 12.27 – Custo unitário de construção de ETAR por LAAP com
desinfeção: (a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e
instalações elétricas ..................................................................... 256
Figura 12.28 – ETAR por LAAP com desinfeção: (a) custo unitário; (b)
custo de construção..................................................................... 257
Figura 12.29 – Custo unitário de construção de ETAR de pequena
dimensão (≤ 2 000 Hab.) .............................................................. 259
Figura 12.30 – Custo unitário de construção de ETAR de média e
grande dimensão (> 2 000 Hab.) .................................................. 259
Figura 13.1 – Percentagem do custo de pavimentação em relação ao
custo total de construção: (a) por componente; (b) por material
utilizado em componentes do sistema de abastecimento; (c) por
material utilizado em componentes do sistema de gestão de águas
residuais e pluviais ....................................................................... 266
Figura 13.2 – Valas-tipo: vala simples e vala com proteção em betão
268
Figura 13.3 – Execução de vala aberta em zonas urbanas ........... 269
Figura 13.4 – Custos unitários de marcação e corte do pavimento
270

ÍNDICE DE FIGURAS |XXXIII


Figura 13.5 – Diagrama de caixa dos custos unitários de
levantamento e reposição de pavimentos em função do tipo de
pavimento ................................................................................... 272
Figura 13.6 – Custo unitário de perfuração horizontal com cravação
simultânea de tubagem de encamisamento em aço ................... 280
Figura 13.7 – Custo unitário de tubagem de condutas................ 280
Figura 13.8 – Rácio entre o diâmetro da tubagem de encamisamento
e o diâmetro da tubagem a proteger .......................................... 280
Figura 16.1 – Comparação do custo-base de construção de condutas
adutoras e de distribuição: (a) em FFD; (b) em PEAD .................. 301
Figura 16.2 – Comparação do custo-base de construção de
emissários gravíticos e de coletores domésticos: (a) em FFD; (b) em
PPc/PVC ....................................................................................... 304
Figura 16.3 – Comparação do custo-base de construção de condutas
e coletores: (a) em todo o domínio de aplicação; (b) até DN400 307

|
XXXIV CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO
DA ÁGUA
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 2.1 – IHPC, IPC e fator de atualização para o ano 2016 .... 18
Quadro 2.2 – Rubricas de custo de componentes verticais e
instalações ..................................................................................... 21
Quadro 2.3 – Rubricas de custo de construção de
condutas/coletores ........................................................................ 22
Quadro 2.4 – Componentes de sistemas de abastecimento de água:
custos e respetivos parâmetros caraterísticos............................... 25
Quadro 2.5 – Componentes de sistemas de gestão de águas
residuais: custos e respetivos parâmetros caraterísticos............... 26
Quadro 2.6 – Natureza das variáveis por cada componente e tipo de
análise utilizada.............................................................................. 28
Quadro 3.1 – Amostra de elementos dos sistemas de abastecimento
de água .......................................................................................... 35
Quadro 3.2 – Amostra de elementos dos sistemas de águas residuais
e pluviais ........................................................................................ 37
Quadro 4.1 – Caraterísticas dos contratos analisados de captações
superficiais ..................................................................................... 44
Quadro 4.2 – Caraterísticas dos contratos analisados de captações
subterrâneas .................................................................................. 47
Quadro 4.3 – Caraterização das instalações de captações superficiais
por torre e por poço ...................................................................... 55
Quadro 5.1 – Caraterísticas dos contratos analisados de ETA ....... 72
Quadro 6.1 – Caraterísticas dos contratos analisados de estações
elevatórias de água ........................................................................ 90
Quadro 7.1 – Caraterísticas dos contratos analisados de
reservatórios apoiados................................................................... 99

ÍNDICE DE QUADROS |XXXV


Quadro 7.2 – Caraterísticas dos contratos analisados de
reservatórios apoiados associados a estação elevatória ............. 100
Quadro 7.3 – Caraterísticas dos contratos analisados de
reservatórios elevados ................................................................ 102
Quadro 7.4 – Recomendações para a estimativa dos custos de
reservatórios associados a estação elevatória fora do domínio de
extrapolação ................................................................................ 110
Quadro 7.5 – Recomendações para a estimativa do custo de
reservatórios elevados fora do domínio de aplicação ................. 114
Quadro 8.1 – Caraterísticas dos contratos analisados de condutas de
adução, de distribuição e ramais de ligação ................................ 121
Quadro 8.2 – Resumo das caraterísticas das amostras finais de
condutas de adução .................................................................... 121
Quadro 8.3 – Resumo das caraterísticas das amostras finais de
condutas de distribuição ............................................................. 123
Quadro 8.4 – Resumo das caraterísticas das amostras finais de
ramais de ligação de água ........................................................... 124
Quadro 9.1 – Caraterísticas dos contratos analisados relativos a
infraestruturas de transporte e descarga final de águas
residuais ...................................................................................... 151
Quadro 9.2 – Resumo das caraterísticas das amostras finais de
condutas elevatórias ................................................................... 152
Quadro 9.3 – Resumo das caraterísticas das amostras finais de
emissários gravíticos.................................................................... 154
Quadro 9.4 – Resumo das caraterísticas da amostra final de
emissários submarinos ................................................................ 155
Quadro 10.1 – Caraterísticas dos contratos analisados relativos a
redes de drenagem ..................................................................... 178

|
XXXVI CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO
DA ÁGUA
Quadro 10.2 – Resumo das caraterísticas das amostras finais de
coletores gravíticos domésticos ................................................... 179
Quadro 10.3 – Resumo das caraterísticas das amostras finais de
ramais de ligação domiciliários de águas residuais ...................... 181
Quadro 10.4 – Resumo das caraterísticas das amostras finais de
coletores gravíticos pluviais ......................................................... 181
Quadro 11.1 – Tipos de estações elevatórias de águas residuais 198
Quadro 11.2 – Caraterísticas dos contratos analisados de estações
elevatórias de águas residuais ..................................................... 201
Quadro 12.1 – Síntese dos tipos de tratamento de águas
residuais ....................................................................................... 218
Quadro 12.2 – Caraterísticas dos contratos analisados de estações
de tratamento de águas residuais................................................ 230
Quadro 13.1 – Descrição geral dos tipos do pavimento .............. 271
Quadro 13.2 – Síntese dos custos de pavimentação ................... 274
Quadro 13.3 – Trabalhos especiais associados aos componentes
lineares em sistemas de abastecimento de água......................... 275
Quadro 13.4 – Trabalhos especiais associados aos componentes
verticais em sistemas de abastecimento de água ........................ 276
Quadro 13.5 – Trabalhos especiais associados aos componentes
lineares em sistemas de gestão de águas residuais e pluviais ..... 277
Quadro 13.6 – Arranjos exteriores associados aos componentes
verticais em sistemas de abastecimento de água ........................ 278
Quadro 13.7 – Arranjos exteriores associados aos componentes
verticais em sistemas de gestão de águas residuais e pluviais ..... 278
Quadro 14.1 – Valor final da obra versus valor do contrato
adjudicado ................................................................................... 284
Quadro 14.2 – Peso relativo de custos diversos em relação ao custo
da obra (%)................................................................................... 285

ÍNDICE DE QUADROS |XXXVII


Quadro 15.1 – Vidas úteis médias ............................................... 291
Quadro 16.1 – Recomendações relativas a captações ................ 309
Quadro 16.2 – Recomendações relativas a condutas e coletores 310
Quadro 16.3 – Recomendações relativas a estações elevatórias 311
Quadro 16.4 – Recomendações relativas a ETAR ........................ 311

|
XXXVIII CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO
DA ÁGUA
SIMBOLOGIA

CA Custo de acessórios por unidade de comprimento [€/m]


Ca Custo atualizado do componente a preços do ano 2016 [€]
Cadjn Custo de adjudicação da empreitada a preços do ano n [€]
Ccc Custo unitário de construção civil [€/unidade de parâmetro]
Ce Custo unitário de equipamento eletromecânico e instalações
elétricas [€/unidade de parâmetro]
CE Custo de movimento de terras por unidade de volume [€/m 3]
Ci Custo de construção no ano i [€]
CMaterial Custo unitário da tubagem [€]
Cn Custo de construção da empreitada a preços do ano de
construção n [€]
CPav Custo de levantamento e reposição de pavimento [€/m]
Cperf Custo unitário da perfuração horizontal [€/m]
Cp5 Curva de predição 5%
Cp95 Curva de predição 95%
CSi Custo de substituição do ativo i [€]
CSi,t Custo de substituição do ativo i no ano t [€]
Ctotal Custo de construção total [€]
CTub Custo de tubagem por unidade de comprimento [€/m]
Cu Custo de construção total unitário [€/parâmetro]
CuR Custo unitário dos ramais [€/unidade]
D Diâmetro [mm]
De Diâmetro exterior [mm]
DN Diâmetro nominal [mm]
DNe Diâmetro da tubagem de encamisamento [mm]
DNt Diâmetro da tubagem a inserir [mm]
Dp Diâmetro de perfuração [mm]
Fan Fator de atualização correspondente ao IHPC/IPC anual
acumulado entre o ano de adjudicação n e o ano de 2016 [-]
fCd Fator multiplicativo associado a outros custos [-]
fTE Fator multiplicativo associado aos trabalhos especiais [-]
fAE Fator multiplicativo associado aos arranjos exteriores [-]
h Altura de fuste [m]
H Altura de elevação [m c.a.]; profundidade da vala [m]
L Comprimento de tubagem [m]
LV Largura de vala [m]
Lp Largura de área pavimentada [m]
Lperf Comprimento de tubagem com perfuração horizontal [m]
M Percentil 50% (mediana)
n Número de elementos [-]

SIMBOLOGIA |XXXIX
N Número total de ativos [-]
NR Número de ramais de ligação [unidade]
p Parâmetro caraterístico [unidade do parâmetro]
p* Profundidade acima do extradorso superior da tubagem [m]
P População equivalente [Hab.]
Pe Potência hidráulica do escoamento [kW]
pp Profundidade de perfuração [m]
P5 Percentil 5%
P95 Percentil 95%
Q Caudal [l/s]
R2 Coeficiente de determinação [-]
R2adj Coeficiente de determinação ajustado [-]
ti Taxa de inflação no ano de adjudicação i [-]
V Volume [m3]
Vi Valor atual do ativo i [€]
Vri Vida útil residual do ativo i [ano]
Vui Vida útil técnica total do ativo i [ano]
var Largura adicional de pavimentação para cada um dos lados
da vala [m]
Vp Volume de perfuração [m3]
Xi Variável independente [-]
ωi Peso relativo do elemento i [-]
Yi Variável dependente [-]
 Coeficiente estimado [-]
i Coeficiente estimado [-]
 Peso volúmico da água [N/m3]

|
XL CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
LISTA DE ACRÓNIMOS

AdP Águas de Portugal, S.A.


AM Lisboa Área Metropolitana de Lisboa
CA Carvão Ativado
CAG Carvão Ativado Granular
CAP Carvão Ativado em Pó
CCP Código dos Contratos Públicos
CCTV Closed-Circuit Television (circuito fechado de televisão)
EE Estação Elevatória
EG Entidade Gestora
EM Estrada Municipal
EN Estrada Nacional
ERSAR Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos
ETA Estação de Tratamento de Águas
ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais
EVEF Estudos de Viabilidade Económico-Financeira
FC Fibrocimento
FFD Ferro Fundido Dúctil
FT Ficha Técnica
IHPC Índice Harmonizado de Preços no Consumidor
IPC Índice de Preços no Consumidor
IST Instituto Superior Técnico
IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado
LAAC Lamas Ativadas em Arejamento Convencional
LAAP Lamas Ativadas em Arejamento Prolongado
LM Leitos de Macrófitas
LP Leito Percolador
LR Levantamento e Reposição do pavimento
MBR Membrane Bio Reactor (bioreator de membranas)
NSW New South Wales Government (Governo de Nova Gales do
Sul)
NTU Nephelometric Turbidity Units (unidades nefelométricas de
turbidez)
NUTS Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins
Estatísticos
PAB Preço Anormalmente Baixo
PB Preço Base
PE Polietileno
PEAD Polietileno de Alta Densidade
POSEUR Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso
de Recursos

INTRODUÇÃO |XLI
PN Pressão Nominal
PP Polipropileno
PPc Polipropileno corrugado
PVC Polyvinyl Chloride (Policloreto de vinilo)
PVCc Policloreto de vinilo corrugado
SBR Sequential Batch Reactor (reatores biológicos sequenciais)
SIG Sistema de Informação Georreferenciada
US EPA United States Environmental Protection Agency (Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos)

|
XLII CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO
DA ÁGUA
PARTE I – ENQUADRAMENTO GERAL E METODOLOGIA
1. INTRODUÇÃO

1.1. Enquadramento
A gestão sustentável das infraestruturas de abastecimento de água
e de gestão de águas residuais e pluviais requer uma abordagem
integrada que envolva toda a organização e que vise assegurar o
equilíbrio entre as dimensões de custo, desempenho e risco numa
perspetiva de longo prazo. Incide sobre a gestão de infraestruturas
compostas por ativos fixos tangíveis que estão diretamente
associados à prestação do serviço público, como sejam as condutas
e coletores, os reservatórios, as estações elevatórias e as estações
de tratamento (Alegre e Covas, 2010).
A avaliação dos custos globais associados a infraestruturas deve
incluir os custos tangíveis (e.g., investimentos, custos de operação
e manutenção, indemnizações), os custos intangíveis para a
entidade gestora (e.g., degradação da imagem perante o exterior ou
perda de motivação dos funcionários) e as externalidades (i.e.,
perturbações causadas a consumidores ou terceiros, sem custos
para a entidade), durante o período de análise, e os custos de
desativação no final da vida útil dos seus componentes (Skipworth
et al., 2002). Se o período de análise for inferior à vida útil (técnica)
de algum dos componentes do investimento, deve ser descontado
o valor residual desse componente estimado com base nessa vida
útil.
Podem ser seguidas duas abordagens na avaliação económica
sistematizada do custo. A abordagem de custos no ciclo de vida (life
cycle costs), estabelecida na norma ISO 15686-5: 2008, contempla,
tipicamente, todos os custos ao longo do ciclo de vida de um
componente, sem incluir a fase de conceção e planeamento. A
abordagem de custos na vida completa (whole life costs) inclui todos
os custos e benefícios, tangíveis e intangíveis, na vida completa de
um componente ao longo de um período de análise (Alegre e Covas,
2010). Estas abordagens podem ser aplicadas como ferramentas de
gestão, para apoiar o processo de tomada de decisão, ou integradas

INTRODUÇÃO |3
no sistema de gestão, cuja operação contínua determina que
responsabilidade, pela gestão de ativos, deve ser mantida (Kishk et
al., 2003).
Têm sido desenvolvidos vários estudos a nível nacional e
internacional que incidem na construção de modelos de custos
tangíveis associados ao investimento em infraestruturas do ciclo
urbano da água, expressos em função de variáveis caraterísticas dos
seus componentes. A nível internacional, no âmbito das águas
residuais, foram desenvolvidas funções de custo de emissários,
coletores e condutas elevatórias em função do diâmetro da
tubagem e da profundidade de escavação (Gupta et al., 1976; Nzewi
et al., 1985; Li e Matthew, 1990; Ouyang, 2003) ou da capacidade
de transporte (Hanke et al., 1980), incluindo custos de caixas de
visita em função da profundidade (Mays e Yen, 1975; Shuang-Fu Yeh
et al., 2009). Outros autores obtiveram funções de custo de
estações elevatórias em função do caudal elevado (Bester et al.,
2010), do caudal e altura de elevação (OECD EAP, 2005) ou da
potência instalada (Shuang-Fu Yeh et al., 2009). Bester et al. (2010)
desenvolveram funções de custo para diferentes componentes dos
sistemas de águas residuais na África do Sul.
No âmbito das infraestruturas de abastecimento de água,
destacam-se os trabalhos de Lindsay e Walski (1982) e de
Walski (1980) que desenvolveram uma metodologia e
implementaram uma aplicação computacional para a estimativa do
custo de diferentes alternativas de intervenção. Clarke et al. (2002)
utilizaram uma base de dados de custos fornecida pela US EPA
(United States Environmental Protection Agency), para desenvolver
um modelo de regressão para estimar os custos de construção,
expansão, reabilitação e reparação de sistemas de distribuição de
água. Swamee e Sharma (2008) desenvolveram funções de custo
para vários componentes dos sistemas de abastecimento (i.e.,
estações elevatórias, condutas e reservatórios). Walski (2012)
apresentou uma síntese das funções de custo publicadas a nível
internacional para estações elevatórias de águas e de águas
residuais, incluindo recomendações de aplicação. NSW (2014)
publicou um guia técnico com custos de construção e vidas úteis de

|
4 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
referência para a avaliação dos componentes do ciclo urbano da
água no estado de Nova Gales do Sul (New South Wales), na
Austrália.
A nível nacional, saliente-se uma publicação de referência, pioneira
nesta temática, Lencastre et al. (1995), intitulada “Custos de
Construção e Exploração”, integrada na série guias técnicos de
“Gestão de Sistemas de Saneamento Básico”, promovida pela
Direção Geral do Ambiente. Esta publicação tem como âmbito os
custos médios de investimento e de exploração dos sistemas de
abastecimento e de saneamento e apresenta funções de custo de
construção de diferentes componentes dos sistemas urbanos de
águas e de águas residuais baseadas em mapas orçamentais
realizados a nível de projeto, assim como estimativas de custos de
exploração. Posteriormente, o Grupo AdP Serviços, S.A. – Direção
de Engenharia iniciou um estudo nesta temática, que resultou na
publicação de três relatórios internos de caráter confidencial (AdP,
2004; 2005; 2007). Tiveram como objetivo coligir e analisar os
preços unitários das obras adjudicadas nas diferentes empresas do
Grupo e obter funções de custo de construção para previsão de
valores de investimento associados a novas infraestruturas. Lopes
(2014) continuou o estudo realizado pela AdP e desenvolveu
funções de custo de construção de condutas de adução e de
distribuição, ramais, reservatórios e estações elevatórias.

1.2. Âmbito de aplicação


O presente guia técnico incide única e exclusivamente na análise de
custos de construção de diferentes infraestruturas do ciclo urbano
da água. Tratam-se de valores associados a investimentos, sendo,
portanto, valores amortizáveis em termos contabilísticos. Não inclui
custos de manutenção, associados a encargos referentes à
conservação das infraestruturas (mão-de-obra, materiais,
equipamentos, acessórios e transportes), nem custos de operação,
que contemplam os encargos com pessoal, energia e reagentes,
suportados pelas entidades gestoras durante todo o período de
funcionamento das infraestruturas. Não inclui também custos de
reabilitação que não correspondam à construção em novo.

INTRODUÇÃO |5
O conhecimento dos custos de construção permite a estimativa do
valor atual da infraestrutura, conhecidos os anos de construção ou
instalação e as vidas úteis (técnicas) dos seus componentes, caso
não exista registo histórico de custos na entidade gestora. Permite
também prever o custo de substituição dos seus componentes.
Pode igualmente ser utilizado na avaliação dos custos globais
associados a alternativas de intervenção em diferentes níveis de
planeamento. A nível estratégico, numa perspetiva de longo-prazo,
permite a estimativa de valores totais de investimentos para
elaboração de planos estratégicos nacionais e específicos das
entidades gestoras dos serviços de águas (NSW, 2014). A nível tático
e operacional, numa perspetiva de curto-médio prazo, é importante
para a valorização do património atual e futuro (para entidades sem
registo histórico de custos), a elaboração de planos táticos de
investimento e a validação de orçamentos de contratos de
construção.
Este guia técnico, promovido pela Entidade Reguladora dos Serviços
de Águas e Resíduos (ERSAR) com o apoio do Programa Operacional
Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR),
apresenta os resultados de um estudo detalhado sobre “Custos de
construção de infraestruturas associadas ao ciclo urbano da água”
realizado em Portugal, entre 2014 e 2017, pelo Instituto Superior
Técnico (IST), com a colaboração da empresa Águas de Portugal, S.A.
(AdP), com vista à obtenção de custos de construção de diferentes
componentes das infraestruturas dos serviços de águas. Durante o
seu desenvolvimento, este estudo deu origem a várias publicações
técnicas (Covas et al., 2015a,b, 2016) e científicas (Lopes et al.,
2013; Marchionni et al., 2014a,b, 2015, 2016) onde foram sendo
divulgados os resultados obtidos à data. Em 2017, a análise foi
estendida a um conjunto mais alargado de dados e as funções de
custo foram consolidadas e atualizadas ao ano de 2016, sendo o
resultado final o que se encontra publicado no presente
documento.
Este guia tem como âmbito, apenas, os sistemas associados ao ciclo
urbano da água, nomeadamente os sistemas de abastecimento de
água e os sistemas de gestão de águas residuais e pluviais, embora

|
6 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
os estudos anteriores incluíssem infraestruturas associadas à
valorização de resíduos sólidos urbanos e associadas à orla costeira
(Covas et al., 2015a,b). Estes sistemas são constituídos por um
conjunto de infraestruturas que asseguram a prestação de um
serviço público de primeira necessidade à saúde e bem-estar das
populações e à economia da sociedade, cuja continuidade é
necessário garantir, devendo cada componente manter-se
funcional enquanto se justificar o serviço a que se destina. Os
sistemas de abastecimento incluem infraestruturas de captação, de
tratamento, de transporte, de armazenamento e reserva e de
distribuição. Os sistemas de gestão de águas residuais e pluviais
incluem as infraestruturas de drenagem, de transporte, de
tratamento e de descarga final em meio recetor.
As infraestruturas são constituídas, por sua vez, por um conjunto de
ativos fixos que são tratados, neste estudo, de forma mais ou menos
agregada. São divididos em componentes verticais e instalações,
por exemplo, estações de tratamento, reservatórios e estações
elevatórias, que correspondem a um conjunto de ativos cuja
condição é suscetível de ser diretamente avaliada por inspeção, e
em componentes lineares ou horizontais, constituídos por ativos
enterrados, não facilmente inspecionáveis, como sejam condutas e
coletores, e cuja condição é, em geral, inferida através de
indicadores de desempenho (e.g., número de roturas por ano ou
volume de perdas de água). As infraestruturas, constituídas por
diferentes componentes, têm uma vida infinita, enquanto se
justificar a prestação do serviço para o qual foram construídas,
sendo os seus componentes, ou parte deles, substituídos quando
chegam ao fim da sua vida útil ou quando apresentam desempenho
inadequado.
Os custos de construção são, aqui, expressos em função de
parâmetros caraterísticos de natureza hidráulica (e.g., caudal,
potência do escoamento), sanitária (e.g., tipo de tratamento, carga
orgânica) e infraestrutural (e.g., volume, diâmetro, material,
profundidade, área), à luz do que foi efetuado em estudos
anteriores. Para as componentes verticais e instalações, são

INTRODUÇÃO |7
discriminados em custos de construção civil e custos de
equipamento eletromecânico e instalações elétricas.
Os custos de construção objeto do presente documento foram
obtidos com base em contratos de construção de obras adjudicadas
realizadas em Portugal continental entre 2005 e 2016 (data de
adjudicação), com exceção dos contratos relativos a Estações de
Tratamento de Água (ETA) e Estações de Tratamento de Águas
Residuais (ETAR), para os quais se alargou o período para 2004 e
para 1998, respetivamente. Também para os emissários gravíticos
em PEAD e emissários submarinos se alargou o período dos
contratos, com datas de construção entre 1998 e 2015 e entre 1985
e 2013, respetivamente. A razão deveu-se ao facto de uma grande
maioria das obras destes componentes datarem desses períodos.
Os custos de construção aqui apresentados não correspondem aos
valores dos custos dos componentes utilizados para definir o Preço
Base (PB) de uma empreitada. De acordo com o Código dos
Contratos Públicos (CCP) em vigor de 2008 até ao final de 2017
(aprovado pelo Decreto-Lei nº 18/2008, de 29 de janeiro), não
deviam ser admitidas propostas de empreitadas de obras públicas
com valores inferiores ao Preço Anormalmente Baixo (PAB),
geralmente estabelecido em 60% do PB de lançamento do
concurso, exceto se devidamente fundamentadas. A experiência
mostrou que o valor das propostas adjudicadas para a construção
de infraestruturas do ciclo urbano da água, com Projeto de
Execução da responsabilidade do Dono de Obra (à exceção das
infraestruturas de tratamento), era da ordem de 60 a 70% do PB
nesse período. O lançamento dos concursos de infraestruturas de
tratamento, tipicamente efetuado em regime de conceção-
construção, traduzia-se, nesse período, em valores de adjudicação
superiores, da ordem de 75 a 85% do PB. Estas considerações são
válidas apenas para os custos de infraestruturas analisados no
presente estudo com datas de adjudicação entre 2008 e 2016. A
legislação referente ao CCP foi alterada com a publicação do
Decreto Regulamentar n.º 111-B/2017 de 31 de agosto, tendo o
novo CCP entrado em vigor em 1 de janeiro de 2018 e mantendo-se
os conceitos de Preço Base e de Preço Anormalmente Baixo.

|
8 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Acresce ainda que as condições que determinaram os valores
adjudicados de cada uma das intervenções consideradas podem
hoje, e no futuro, não coincidir integralmente com as condições de
mercado vigentes à data dos contratos analisados, pelo que este
aspeto deve ser, também, considerado na análise dos resultados
decorrentes da utilização do presente guia técnico.
Os custos de construção retirados dos mapas orçamentais não
incluem IVA à taxa legal em vigor no ano de lançamento do
concurso, devendo este componente ser adicionado quando se
pretende efetuar uma análise ilíquida de IVA.
Para efeitos de padronização da avaliação dos investimentos das
infraestruturas, devem ser acrescidos aos custos de construção,
obtidos com base em mapas orçamentais de obras adjudicadas, os
custos associados a trabalhos a mais, conforme as restrições
impostas pela legislação em vigor, e outros custos associados a
estudos e projetos, à fiscalização, a assessorias diversas, à aquisição
de terrenos, a expropriações e servidões. O valor assim obtido
designa-se por valor do investimento. O presente documento
apresenta, também, valores recomendados para estes custos,
expressos em termos de percentagem do custo de construção (valor
de adjudicação) do componente. De notar que, sem a inclusão
destes custos, não se estará a efetuar uma análise suficiente dos
gastos de investimento, com as respetivas consequências de erro
em análises subsequentes de desempenho e benchmark. Acresce
que a inclusão destes custos não pode ser descontextualizada da
intervenção específica em análise.
Este guia técnico pretende constituir um instrumento de apoio à
gestão dos serviços de águas, e, assentando em bases técnicas
sólidas e atuais, tem um carácter essencialmente prático, sendo os
custos de construção materializados sob a forma de quadros e de
funções matemáticas de fácil utilização.

INTRODUÇÃO |9
1.3. Estrutura do documento
O documento está organizado em cinco partes e três anexos
(Figura 1.1):
Parte I – Enquadramento geral e metodologia;
Parte II – Sistemas de abastecimento de água;
Parte III – Sistemas de gestão de águas residuais e pluviais;
Parte IV – Custo de construção, valor do investimento e valor
atual;
Parte V – Notas finais.
Na Parte I, constituída por três capítulos (Capítulos 1 – 3), define-se
o âmbito e justifica-se a relevância da determinação de custos de
construção de diferentes componentes dos serviços de águas e de
águas residuais, descreve-se a metodologia adotada para o cálculo
dos custos de construção e apresenta-se a caraterização geral da
amostra de elementos analisados.
A Parte II, constituída por cinco capítulos, incide nos custos de
construção de diferentes componentes do sistema de
abastecimento de água. Inclui captações de água (Capítulo 4),
estações de tratamento de água (Capítulo 5), estações elevatórias
(Capítulo 6), reservatórios apoiados com e sem estação elevatória e
reservatórios elevados (Capítulo 7) e condutas de adução e de
distribuição e ramais de ligação domiciliários (Capítulo 8).
A Parte III, constituída por quatro capítulos, incide no estudo de
diferentes componentes do sistema de gestão de águas residuais e
pluviais. Inclui as infraestruturas de transporte, como condutas
elevatórias, emissários gravíticos e emissários submarinos
(Capítulo 9), redes separativas de drenagem constituídas por
coletores domésticos e pluviais e os ramais de ligação domiciliários
(Capítulo 10), estações elevatórias (Capítulo 11) e estações de
tratamento de águas residuais (Capítulo 12).

|
10 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Para cada um dos componentes referidos dos sistemas inclui-se a
caraterização da amostra utilizada para a obtenção dos custos de
construção e a apresentação dos custos de construção obtidos.
A Parte IV inclui custos associados a outros trabalhos, como sejam
levantamento e reposição de diferentes tipos de pavimento em
condutas e coletores, trabalhos especiais, arranjos exteriores e
perfurações horizontais (Capítulo 13). Aos valores obtidos devem
ser acrescidos os custos associados a trabalhos a mais e os custos
associados a estudos e projetos, fiscalização, entre outros, por
forma a estimar o valor do investimento (Capítulo 14). Caso se
pretenda estimar o valor atual das infraestruturas, o custo de
substituição deverá ser sujeito a depreciação em função dos valores
de vidas úteis técnicas dos componentes da infraestrutura
(Capítulo 15).

Figura 1.1 – Estrutura geral do guia

INTRODUÇÃO |11
A Parte V inclui a síntese dos custos obtidos e um conjunto de
recomendações de aplicação (Capítulo 16).
O documento inclui três anexos: um quadro síntese das funções de
custo obtidas (Anexo 1), a síntese dos custos de construção na
forma de quadros e de gráficos (Anexo 2) e exemplos de aplicação
para diferentes componentes (Anexo 3).

1.4. Destinatários
Este guia técnico tem como principais destinatários os técnicos das
entidades gestoras das infraestruturas do ciclo urbano da água e os
técnicos da entidade reguladora. Pode, também, ser utilizado por
todos os intervenientes no processo de planeamento, conceção e
gestão dos sistemas (e.g., políticos, entidades financiadoras,
projetistas).
Constitui um contributo não só ao nível de planeamento e projeto,
para prever o custo de construção de infraestruturas novas, como
também a nível da gestão técnica de sistemas de águas e de águas
residuais, para avaliar o valor atual das infraestruturas existentes,
contribuindo para uma gestão mais sustentável a curto, médio e
longo prazo.

1.5. Metodologia de consulta


Recomenda-se que o presente guia técnico seja utilizado, pelo
menos uma vez, como um texto de leitura sequencial, sendo
particularmente relevante a leitura dos capítulos transversais a
todos os componentes (Capítulos 1 – 2, 13 – 15 e 16), por forma a
que o utilizador das funções de custo aqui apresentadas conheça os
pressupostos e princípios subjacentes ao seu desenvolvimento e à
forma como as pode utilizar para estimar valores de investimento
de obras novas, estabelecer preços base de lançamento de
concurso e estimar o valor atual das infraestruturas existentes.
Para uma utilização corrente das funções de custo, o guia técnico
pode ser utilizado como um documento de consulta rápida dos
Anexos 1 e 2, onde constam a lista-síntese das funções de custo e

|
12 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
um conjunto de fichas técnicas com gráficos e quadros para cada
componente. Não deverão ser esquecidos os custos adicionais a
acrescer às funções constantes nestes anexos, conforme explicado
nos Capítulos 13 e 14.

INTRODUÇÃO |13
2. METODOLOGIA

2.1. Abordagem adotada


A metodologia adotada para o cálculo dos custos unitários de
construção das diferentes componentes das infraestruturas, assim
como das respetivas funções de custo, é constituída por cinco
etapas conforme Figura 2.1.

Figura 2.1 – Metodologia adotada para a obtenção dos custos de construção

Nas secções 2.2 a 2.6, descrevem-se as cinco etapas da abordagem


metodológica preconizada nos aspetos que são transversais às
diferentes infraestruturas.

2.2. Recolha, seleção e processamento de dados


A informação utilizada para a obtenção dos custos de construção
teve por base contratos de construção de obras adjudicadas e
realizadas em Portugal continental, fornecidos por entidades
gestoras nacionais, pela ERSAR e pelo POSEUR.
Os contratos analisados incluem a construção dos diferentes
componentes dos sistemas associados ao ciclo urbano da água,
nomeadamente os sistemas de abastecimento de água e os
sistemas de gestão de águas residuais e pluviais. O universo de
contratos analisados apresenta o intervalo temporal entre 2005 e

METODOLOGIA |15
2016 para praticamente todos os componentes. Os emissários
submarinos referem-se a contratos realizados entre 1985 e 2013 e
os emissários gravíticos em PEAD referem-se a contratos realizados
entre 1998 e 2014.
Os contratos a analisar foram selecionados por forma a serem
representativos da realidade nacional, nomeadamente estarem, na
medida do possível, uniformemente distribuídos pelas diferentes
regiões do país, serem preferencialmente de obras realizadas na
última década, e cobrirem, de modo equilibrado, todos os
componentes dos sistemas.
Uma vez selecionados os contratos, procedeu-se à análise dos
mapas orçamentais, por forma a recolher informação relativa aos
custos de construção de cada componente, e ao desenvolvimento
de uma base de dados por tipo de componente onde foi incluída a
identificação do componente, a origem da informação, as suas
principais caraterísticas físicas e hidráulicas, a data do contrato e os
respetivos custos discriminados por rubricas ou de forma agregada.
Os contratos analisados foram associados à região do país onde
foram realizados, utilizando a Nomenclatura das Unidades
Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS), que corresponde ao
sistema hierárquico de divisão do território em regiões. Este
subdivide-se em três níveis (NUTS I, NUTS II e NUTS III), definidos de
acordo com critérios populacionais, administrativos e geográficos.
No presente documento foram utilizados os NUTS II referentes ao
ano de 2013 (Figura 2.2): Norte, Centro, Área Metropolitana de
Lisboa, Alentejo e Algarve.
Uma vez recolhida e tratada a informação disponível por
componente e construídas as bases de dados, procedeu-se à
caraterização e análise da amostra, identificando a distribuição da
mesma pelo país, a distribuição temporal no período de análise e a
distribuição pelas diversas rubricas de custo.
Os custos de construção assim obtidos, atualizados de acordo com
a metodologia que seguidamente se explica, discriminados por
rubricas ou de forma agregada (custos totais), constituem uma
amostra de dados representativa das obras realizadas em território
nacional no período em análise.

|
16 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Figura 2.2 – Representação geográfica NUTS II 2013 (Fonte: Pordata)

2.3. Atualização dos custos à data de referência


Os contratos apresentam datas de construção diferentes, entre
1985 e 2016, devendo os custos das infraestruturas ser atualizados
a uma mesma data de referência. Adotou-se, no presente caso, o
ano de 2016.
A atualização de custos foi efetuada tendo por base os valores do
Índice Harmonizado de Preços no Consumidor1 (IHPC M12,12) de
1997 até 2016 e Índice de Preços no Consumidor (IPC M12,12) para
os anos anteriores a 1996, disponibilizados pelo Banco de Portugal.
No Quadro 2.1 e na Figura 2.3 apresenta-se a evolução destes
índices e do fator de atualização entre o ano de construção de 1985
e 2016. Os fatores de atualização de custos considerados no
presente estudo foram, portanto, os apresentados no Quadro 2.1.

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1 A adoção do IHPC (M12, 12) como indicador de inflação decorre do facto de este
ser o indicador utilizado pela ERSAR para a atualização de preços; IHPC M12, 12
significa o valor do índice anual calculado no mês 12.

METODOLOGIA |17
Quadro 2.1 – IHPC, IPC e fator de atualização para o ano 2016

IHPC / IPC Fator de


Ano
(%) atualização para ano 2016 (-)
1985 19,73% 3,862
1986 12,59% 3,430
1987 9,75% 3,125
1988 9,93% 2,843
1989 12,49% 2,527
1990 13,59% 2,225
1991 11,79% 1,990
1992 9,56% 1,817
1993 6,78% 1,701
1994 5,42% 1,614
1995 4,22% 1,548
1996 3,07% 1,502
1997 1,90% 1,474
1998 2,20% 1,443
1999 2,20% 1,412
2000 2,80% 1,373
2001 4,40% 1,315
2002 3,70% 1,268
2003 3,20% 1,229
2004 2,50% 1,199
2005 2,10% 1,174
2006 3,00% 1,140
2007 2,40% 1,113
2008 2,70% 1,084
2009 -0,90% 1,094
2010 1,40% 1,079
2011 3,60% 1,041
2012 2,80% 1,013
2013 0,40% 1,009
2014 -0,20% 1,011
2015 0,50% 1,006
2016 0,60% 1,000

Os custos de construção foram atualizados para o ano 2016, com


base nos fatores de atualização acumulados, através da seguinte
fórmula:

|
18 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Ca = Cn×Fan (2.1)

sendo Ca, o custo atualizado do componente a preços do ano


2016 (€); Cn, o custo de construção da empreitada a preços do ano
de construção n (€); e Fan fator de atualização correspondente ao
IHPC/IPC anual acumulado entre o ano de construção n e o ano de
2016 (-), descrito pela seguinte fórmula:
2016
Fan   1  ti  (2.2)
i=n+1

sendo n, o ano de construção (no presente caso, materializado pelo


ano de adjudicação da empreitada) e ti, o índice de preços anual
(IHPC/IPC), entre o ano seguinte em que foi construída a empreitada
e o ano 2016.
200% 10%

Taxa de inflação anual


4,4% 3,7% 3,6% 2,8%
175% 3,2% 2,5% 5%
2,8% 2,1% 3,0% 2,4% 2,7% 1,4%
0,4% 0,5% 0,6%
150% 0%
-0,9% -0,2%
Fator de inflação acumulado

125% -5%

100% -10%

75% -15%

50% -20%

25% -25%

0% -30%
2001

2002

2005

2008

2009

2012

2013

2016
2000

2003

2004

2006

2007

2010

2011

2014

2015

Ano

Figura 2.3 – Evolução do IHPC e do fator de atualização acumulado entre 2000 e


2016

2.4. Estabelecimento das rubricas de custo e


identificação dos parâmetros caraterísticos
A definição dos custos de construção e a determinação das funções
de custo por tipo de componente requereu, previamente, a
organização dos custos por rubricas e a análise dos parâmetros
representativos de cada um dos componentes. Esta tarefa
constituiu um dos passos mais importantes do estudo e do qual
dependem fortemente os resultados da análise.

METODOLOGIA |19
As principais rubricas de custo de construção das infraestruturas
resultaram da estrutura dos mapas orçamentais de obras
adjudicadas. Foram organizadas em dois grupos, componentes
verticais e instalações (e.g., reservatórios, estações elevatórias,
estações de tratamento) e componentes lineares (e.g., condutas e
coletores).
As rubricas de custo associadas aos componentes verticais e
instalações são estaleiro, construção civil, equipamento
eletromecânico, instalações elétricas, arranjos exteriores e
trabalhos especiais, cuja descrição se apresenta no Quadro 2.2 nos
aspetos transversais a todos os componentes dos sistemas.
Os custos de construção associados aos componentes verticais e
instalações são, por sua vez, desagregados em: custos de
construção civil, Ccc, incluindo movimento de terras, fundações,
estruturas, arquitetura e outros trabalhos de construção civil; custos
de equipamento eletromecânico e instalações elétricas, Ce,
incluindo os custos com os circuitos hidráulicos e componentes
eletromecânicos e instalações elétricas; custos de arranjos
exteriores (apenas para reservatórios e para estações elevatórias);
e custos associados a trabalhos especiais (caso existam).
Os custos de construção de componentes lineares (condutas e
coletores) são organizados nas rubricas de custo que se apresentam
no Quadro 2.3, nomeadamente em estaleiro (idêntico a
infraestruturas verticais e instalações), pavimentação, movimento
de terras, tubagem, órgãos e acessórios, construção civil, ramais e
trabalhos especiais.

|
20 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Quadro 2.2 – Rubricas de custo de componentes verticais e instalações
Rubrica Descrição

Estaleiro Os custos associados ao estaleiro incluem a montagem,


desmontagem e manutenção do estaleiro, trabalhos preparatórios
diversos no terreno, elaboração de cartazes, vedações e telas.
Incluem também a elaboração e implementação dos planos de
segurança e saúde, de gestão de resíduos de construção e de
demolição, de qualidade e de gestão ambiental.

Construção civil Os custos associados à construção civil incluem os custos de


movimentos de terras, fundações e estruturas, impermeabilizações,
pinturas e revestimentos, serralharias e caixilharias, estruturas
diversas e sistemas de drenagens.

Equipamento Os custos associados ao equipamento eletromecânico incluem os


eletromecânico custos de circuitos hidráulicos (incluindo tubagens, acessórios,
válvulas, ventosas e juntas), grupos eletrobomba, equipamentos de
medição, sistemas de ventilação, sinalização e segurança.

Instalações Os custos associados às instalações elétricas incluem os custos de


elétricas instalação da alimentação e distribuição de energia no exterior e no
interior, iluminação, sistema de para-raios, tomadas de usos gerais,
tomadas de corrente, iluminação normal e de emergência.

Arranjos Os custos associados aos arranjos exteriores incluem os custos de


exteriores instalação de portão e vedação, construção de pavimentos
exteriores, placas identificadoras, fornecimento e colocação de
terra vegetal sobre os taludes, execução de muros, espécies
arbustivas, fornecimento e assentamento de enrocamento.

Trabalhos Os custos associados a trabalhos especiais podem incluir custos de


especiais instalação de sistema de telegestão, telemetria, desvios e ligações
provisórias, demolições de infraestruturas já existentes e inclusão
de sistema de tratamento (apenas no caso dos reservatórios).

Os custos de construção associados às condutas e coletores são


divididos em: custos de construção sem pavimentação, que incluem
movimento de terras, tubagem, instalação de caixas de visita,
órgãos e acessórios; custos de pavimentação; e custos associados a
trabalhos especiais (caso existam). Optou-se pela separação do
custo de pavimentação, que inclui o levantamento e reposição do
pavimento, dado este depender fortemente do tipo de
pavimentação e da largura da área a pavimentar (e.g., largura da

METODOLOGIA |21
vala ou a largura total do arruamento), não podendo ser expresso
apenas em função dos parâmetros caraterísticos (e.g., em função do
material ou do diâmetro nominal).

Quadro 2.3 – Rubricas de custo de construção de condutas/coletores


Rubrica Descrição

Estaleiro Os custos associados ao estaleiro incluem a montagem,


desmontagem e manutenção do estaleiro, trabalhos preparatórios
diversos no terreno, elaboração de cartazes, vedações e telas.
Incluem também a elaboração e implementação dos planos de
segurança e saúde, de gestão de resíduos de construção e de
demolição, de qualidade e de gestão ambiental.

Pavimentação Os custos de pavimentação incluem os custos de marcação de rede


no pavimento com tinta apropriada e de corte do pavimento com
serra de disco, bem como os custos de arranque do pavimento para
abertura de vala e de reposição dos pavimentos de diferentes tipos.

Movimento de Os custos associados ao movimento de terras incluem os custos de


terras escavação para abertura de vala, incluindo todos os trabalhos
complementares, execução de almofada para assentamento da
tubagem, aterro com material da própria vala, ou material de
mancha de empréstimo e pela carga, transporte e descarga a
destino adequado dos produtos sobrantes.

Tubagem Os custos associados à tubagem incluem os custos de fornecimento,


montagem e assentamento de tubagem.

Órgãos e Os custos associados a órgãos e acessórios incluem os custos de


acessórios fornecimento, montagem e instalação de acessórios diversos (e.g.,
curvas, tês, cones) e de órgãos de operação, manobra e segurança
(e.g., válvulas de descarga, ventosas, válvulas de seccionamento) e a
realização dos trabalhos de construção civil associados aos mesmos
(e.g., construção de caixas de válvulas).

Construção civil Os custos associados à construção civil e diversos incluem os custos


e diversos de assentamento da banda avisadora para sinalização de tubagem,
travessias de linhas de água, ligações às câmaras, condutas e
derivação existente, proteção de tubagens, construção de maciços
de amarração e caixas de visita.

|
22 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Quadro 2.3 – Rubricas de custo de construção de condutas/coletores (continuação)
Rubrica Descrição

Ramais de Os custos associados a ramais de ligação domiciliários incluem os


ligação custos de fornecimento, montagem e assentamento de ramais e de
todos os órgãos e acessórios (e.g., válvulas, contadores) e de
trabalhos necessários à construção de ramais (e.g., caixas
domiciliárias nos ramais de coletores).

Trabalhos Os custos associados a trabalhos especiais de tubagens incluem os


especiais custos associados ao levantamento da conduta existente, proteção
catódica (se tubagem metálica), desvio das infraestruturas
existentes, sondagens para localização das condutas existentes,
reposição dos serviços afetados, piquetagem, instalações elétricas e
telegestão, trabalhos de entivação e contenção, cabos de fibra ótica,
demolições, travessias de linhas férreas e obras de arte, travessias
sob condutas de gás.

No caso dos ramais de ligação domiciliários, estes custos incluem


levantamento de ramais existentes, construção de ramais
provisórios, desvio das infraestruturas existentes, reposição dos
serviços afetados, piquetagem, instalação de ramais de jardim e
fontanários, alteração do local do contador incluindo desativação de
caixas existentes.

Muitos dos componentes envolvem trabalhos especiais de diferente


natureza que são expressos através de fatores multiplicativos a
aplicar aos custos de construção. Sempre que os custos associados
a trabalhos especiais nos componentes lineares representem
percentagens inferiores a 5% do custo total de construção, estes
estão integrados no custo de construção sem pavimentação do
componente.
Tendo por base estudos anteriores, a natureza das infraestruturas e
os dados disponíveis, foram estabelecidos os parâmetros
caraterísticos para cada tipo de infraestrutura, conforme
apresentado no Quadro 2.4 para os componentes dos sistemas de
abastecimento de água e no Quadro 2.5 para os sistemas de gestão
de águas residuais. Nestes quadros apresenta-se os custos
expressos em termos de custos totais e parciais. Os custos são
expressos numa base unitária, dependendo do parâmetro
caraterístico (e.g., €/m, €/m3, €/kW).

METODOLOGIA |23
Os custos unitários das condutas são expressos em função do
diâmetro nominal, DN, que corresponde à designação do diâmetro
em termos comerciais. Apesar das diversas rubricas de custo
dependerem, em rigor, do diâmetro exterior da conduta/coletor,
por uma questão de simplificação são expressos em função do
diâmetro nominal. Em condutas constituídas por materiais plásticos,
como por exemplo, por polietileno (PE), policloreto de vinilo simples
ou corrugado (PVC ou PVCc) ou polipropileno (PP), os diâmetros
nominais correspondem aos diâmetros exteriores, diminuindo o
diâmetro interior com o aumento da classe de pressão. Em condutas
de fibrocimento, ferro fundido ou betão, o diâmetro nominal
corresponde ao diâmetro interno (útil) da conduta. Alguns
materiais, como o aço, regem-se por normas próprias (e.g.,
EN 10220: 2002) que estabelecem as relações normalizadas entre
os diâmetros exteriores e as espessuras das condutas, não sendo os
DN coincidentes com os diâmetros internos ou externos.
Analisou-se estatisticamente a introdução do parâmetro
caraterístico “profundidade da vala” nos modelos de regressão de
coletores e emissários de águas residuais em simultâneo com o
parâmetro “diâmetro nominal”. A análise mostrou que os modelos
daí resultantes apresentavam igual ajustamento (i.e., iguais
coeficientes de determinação R2) aos modelos obtidos apenas com
o parâmetro “diâmetro nominal”. Estes resultados poderão ser
explicados pela dependência inerente entre os dois parâmetros
caraterísticos, sendo o “diâmetro nominal” o parâmetro mais
explicativo do custo unitário de construção de coletores e
emissários. Refira-se, a título de exemplo, o caso dos emissários
gravíticos em FFD instalados em vala, em que o coeficiente de
correlação parcial do custo de construção com o diâmetro nominal
(i.e., o coeficiente de correlação entre as duas variáveis retirando o
efeito da “profundidade de vala”) é de 85% e o coeficiente de
correlação parcial do custo de construção com a profundidade de
vala é de 32%. Consideram-se correlações razoáveis entre duas
variáveis quando superiores a 50%.

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24 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Quadro 2.4 – Componentes de sistemas de abastecimento de água: custos e
respetivos parâmetros caraterísticos

Infraestrutura Componente Parâmetros caraterísticos Custo


 Tipo e fase de construção
 Diâmetro, Dp (mm),
Profundidade, pp (m), ou Custos unitários
Captações volume, Vp (m3), de parciais* e total
perfuração (€/m), (€/kW)
 Potência hidráulica, Pe
(kW)
Custos unitários
Estações  Potência hidráulica, Pe
parciais* e total
elevatórias (EE) (kW)
(€/kW)
Captação, Custos unitários
adução e Reservatórios
 Volume, V (m3) parciais* e total
reserva apoiados
(€/m3)
Reservatórios  Volume, V (m3) Custos parciais e
elevados  Altura do fuste, h (m) total** (k€)
Reservatórios  Volume, V (m3) Custos unitários
apoiados  Potência hidráulica, Pe parciais* e total
associados a EE (kW) (€/(m3.kW))
Custo unitário
 Material
Condutas sem
 Diâmetro nominal, DN
adutoras pavimentação
(mm)
(€/m)
 Material
 Diâmetro nominal, DN Custo unitário
Condutas de (mm) sem
distribuição  Tipo de zona (zona rural a pavimentação
medianamente urbana ou (€/m)
Redes de zona urbana)
distribuição  Material
 Diâmetro nominal, DN
(mm) Custo unitário
Ramais
 Tipo de zona (zona rural a (€/unidade)
medianamente urbana ou
zona urbana)
Estação de  Tipo de tratamento (fase Custos unitários
Estações de
tratamento de líquida) parciais* e total
tratamento
água (ETA)  Caudal, Q (ls-1) (€/(ls-1))
Notas: * Dividido em custos de construção civil e custos de equipamento eletromecânico e instalações
elétricas.
** Nos reservatórios elevados são apenas apresentados custos parciais e custo total não unitários
(k€).

METODOLOGIA |25
Quadro 2.5 – Componentes de sistemas de gestão de águas residuais: custos e
respetivos parâmetros caraterísticos

Parâmetros
Infraestrutura Componente Custo
caraterísticos
 Material
Emissários Custo unitário sem
 Diâmetro nominal,
gravíticos pavimentação (€/m)
DN (mm)
Emissários  Diâmetro nominal,
Custo unitário (€/m)
submarinos DN (mm)
Infraestruturas
de transporte  Material
Condutas Custo unitário sem
 Diâmetro nominal,
elevatórias pavimentação (€/m)
DN (mm)
Custos unitários
Estações  Potência hidráulica,
parciais* e total
elevatórias Pe (kW)
(€/kW)
 Material
Coletores Custo unitário sem
 Diâmetro nominal,
domésticos pavimentação (€/m)
DN (mm)
 Material
Coletores Custo unitário sem
 Diâmetro nominal,
pluviais pavimentação (€/m)
DN (mm)
Redes de  Diâmetro nominal, Custo unitário
Ramais
drenagem DN (mm) (€/unidade)
 Material
Condutas Custo unitário sem
 Diâmetro nominal,
elevatórias pavimentação (€/m)
DN (mm)
Custos unitários
Estações  Potência hidráulica,
parciais* e total
elevatórias Pe (kW)
(€/kW)
Estações de
 Tipo de tratamento Custos unitários
tratamento de Estações de
 População parciais* e total
águas residuais tratamento
equivalente, P (hab) (€/hab)
(ETAR)
Notas: * Dividido em custos de construção civil e custos de equipamento eletromecânico e
instalações elétricas.

|
26 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Os custos unitários das estações elevatórias são expressos em
função do parâmetro caraterístico “potência hidráulica do
escoamento”, Pe (kW):

Pe = QH (2.3)

sendo , o peso volúmico da água (à temperatura de 20ºC,


 = 9810 N/m3), Q, o caudal nominal total correspondente à soma
de caudais nominais dos grupos eletrobomba instalados em
paralelo, excluindo o grupo de reserva (m3/s), e H, a altura de
elevação nominal de cada grupo (m). Considerou-se que os grupos
eletrobomba eram todos iguais, estavam instalados em paralelo e
que um desses grupos funcionava como grupo de reserva, não
sendo considerado para o cálculo da potência hidráulica do
escoamento, salvo se houvesse informação em contrário.

2.5. Cálculo dos custos de construção


Os dados processados constituem a amostra utilizada na análise
estatística para obter os custos de construção dos vários
componentes dos sistemas de abastecimento de água e de gestão
de águas residuais e pluviais. As funções de custo expressam a
relação entre os custos unitários e os parâmetros caraterísticos
associados a cada componente. Muitas funções de custo têm
implícito um significado físico associado ao cálculo das suas rubricas
de custo, como é o caso das condutas e coletores que são descritas
por funções quadráticas do diâmetro nominal em que os
coeficientes são todos positivos (Marchionni et al., 2014); outras são
as expressões matemáticas que melhor se ajustam aos dados da
amostra (e.g., polinómios, funções de potência).
No Quadro 2.6 apresenta-se a natureza dos dados da amostra e o
respetivo tipo de análise utilizada. As variáveis dependentes, Yi,
correspondem aos custos unitários de construção e as variáveis
independentes aos parâmetros caraterísticos, Xi. A regressão
polinomial pode ser considerada um caso especial da regressão
linear. As regressões lineares também podem ser utilizadas com as
relações que não são inerentemente lineares (e.g., função de

METODOLOGIA |27
potência), mas que podem ser linearizadas após uma transformação
matemática.

Quadro 2.6 – Natureza das variáveis por cada componente e tipo de análise
utilizada

Ferramenta
Sistema Componente Equação do modelo Variáveis Xi
estatística
Captações,
ETA,
reservatórios Yi    Xi  pp, Vp, Pe,
Não linear*
apoiados e ln Yi  ln    ln Xi
Q, V
estações
elevatórias

Abastecimento Linear
de água simples/
Tubagens Polinomial de Yi  1  2 Xi DN
segundo
grau** Yi  1  2Xi  3Xi 2

Reservatórios
elevados e Não linear Yi    X1  X2
apoiados V, h, Pe
associados a Múltipla*** ln Yi  ln    ln X1   ln X 2
EE
Estações Yi    Xi
elevatórias e Não linear* Pe, P
ETAR ln Yi  ln    ln Xi
Gestão de
águas residuais Linear
e pluviais simples/
Tubagens Polinomial de Yi  1  2 Xi DN
segundo
grau** Yi  1  2Xi  3Xi 2

Nas funções polinomiais de segundo grau e nas funções lineares


simples utilizadas na construção das funções de custo de condutas,
coletores e emissários, foram assumidos pressupostos para o
cálculo do valor da constante β1. Esta constante representa o custo
de abertura de vala sem instalação de tubagem, órgãos, acessórios
ou caixas de visita, o qual corresponde ao valor mediano do custo
associado ao movimento de terras para uma vala de dimensões
mínimas (largura de 0,5 m e profundidade mínima entre 1,0 e 1,4 m,
consoante o tipo de componente) acrescido do valor mediano do
custo de estaleiro.

|
28 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Para as condutas de adução e de distribuição, considerou-se uma
profundidade mínima de 1,0 m e obteve-se o valor da constante
igual a 15 €/m, à exceção das condutas de distribuição de PEAD em
zona urbana, para as quais este valor foi superior.
Para os emissários gravíticos e coletores domésticos, considerou-se
uma vala com profundidade de 1,2 m, obtendo-se o valor da
constante β1 igual a 25 €/m. Nos coletores pluviais, assumiu-se a
influência de uma maior profundidade de vala (1,4 m), obtendo-se
a constante β1 igual a 30 €/m.
Estas funções polinomiais têm coeficientes βi positivos, uma vez que
correspondem à soma de rubricas de custo que são função do
diâmetro e da seção da conduta. Registou-se uma única exceção, o
custo associado aos coletores pluviais em betão, em que o valor
estimado de β2 é negativo, por forma a garantir o melhor
ajustamento do modelo aos elementos da amostra.
Os custos de construção dos componentes lineares são,
inicialmente, calculados sem considerar o custo de pavimentação e
trabalhos especiais e, posteriormente, os custos destas rubricas são
adicionados ao custo de construção. De igual modo, assumiram-se
pressupostos para o coeficiente β1 destas funções. O custo de
trabalhos especiais foi calculado através do valor mediano para cada
material, considerando todos os elementos da amostra, enquanto
que no custo de pavimentação foi considerado um valor de 15 €/m,
correspondente ao custo de uma vala mínima para um pavimento
genérico. Estes valores foram somados ao coeficiente β1 das
funções inicialmente calculadas sem as rubricas de trabalhos
especiais e pavimentação.
Os custos associados ao levantamento e reposição do pavimento
são reportados em intervalos descritivos recorrendo a quartis; estes
são representados através de gráficos em forma de diagramas de
caixa indicando os percentis 5 e 95, os valores máximo e mínimo e
o valor mediano da amostra.
A análise estatística foi efetuada utilizando o Software R
disponibilizado gratuitamente pela “The R Foundation for Statistical
Computing” (http://www.r-project.org), que dispõe de um conjunto
integrado de ferramentas estatísticas computacionais para análise
de dados.

METODOLOGIA |29
Sempre que possível, a estimativa das funções de custo inclui a
definição de bandas de predição de 90% para a previsão de dados
futuros. Em geral, um intervalo de predição está associado a uma
probabilidade de ocorrência de um valor. Assim, um intervalo de
predição de 90% significa que a estimativa de um valor da variável
resposta Y para um determinado valor da variável explicativa X
estará nesse intervalo com um grau de confiança de previsão de
90%. A este intervalo de predição estão associadas as curvas de
predição de 5 e 95%, Cp5 e Cp95.
As funções de custo unitário expressas em termos do parâmetro
caraterístico são determinadas para cada componente; estas
funções são apenas válidas dentro do domínio de valores do
parâmetro caraterístico da amostra, designado por domínio de
aplicação.
A utilização das funções de custo obtidas fora do domínio de
aplicação deve ser efetuada com parcimónia dentro do domínio de
extrapolação, correspondente a acréscimos de cerca de 20% do
limite superior do domínio da amostra. Os intervalos de
extrapolação são representados a sombreado cinzento-claro.
Efetuam-se, também, recomendações para a realização de
estimativas de custo fora do domínio de extrapolação, representado
nas figuras pelo sombreado cinzento-escuro.
Saliente-se que as extrapolações fora do domínio de aplicação
contemplam erros de avaliação, por defeito ou por excesso, que
podem ter alguma expressão, só devendo ser efetuadas em casos
excecionais.
Na Figura 2.4 apresenta-se a título ilustrativo a representação das
funções de custo nos domínios de aplicação (a branco) e de
extrapolação (cinzento-claro) e fora do domínio de extrapolação
para dois componentes (cinzento-escuro).

|
30 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
2000
1000

Custo unitário de construção de condutas


Total (Ctu) Elementos da amostra (n=269)
de reservatórios apoiados (€/m )

adutoras em PEAD, CPEAD (€/m)


Curva de regressão (CPEAD)
3
Construção civil
Custo unitário de construção

800 Curvas de predição (5-95%)

1500
Equipamento e instalações elétricas
600

1000
2
CPEAD = 0,00041 DN + 0,1185 DN + 15
400

2
-0,426 R = 0,81
Ctu = 5958 V

500
200

2
R = 0,62

0
0

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 50 160 280 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
3
Volume, V m Diâmetro nominal, DN mm

Figura 2.4 – Exemplos de funções de custo com indicação dos domínios de


aplicação e de extrapolação

2.6. Validação dos custos e elaboração de


recomendações finais
O teste e a validação dos modelos são importantes para atribuir a
confiabilidade dos modelos. Uma vez construídos os modelos de
regressão, é importante confirmar a qualidade do ajuste do modelo
e a significância estatística do modelo e dos parâmetros estimados.
A qualidade do ajuste do modelo pode ser avaliada através do
coeficiente de determinação, R2. Este coeficiente é uma medida
descritiva que indica o quanto o modelo é capaz de se ajustar aos
dados. O seu valor pode variar entre 0 e 1 (ou 0 e 100%), indicando
o valor 1 que o modelo se ajusta completamente, conseguindo
explicar em 100% a variabilidade dos dados, e o valor 0 que o
modelo não é adequado, não conseguindo explicar nada da
variabilidade dos dados. O valor de R2 depende do número de
observações e tende a aumentar com a diminuição do número de
observações. O seu valor também tende a aumentar com a adição
de variáveis explicativas ao modelo, mas este parâmetro per si pode
não traduzir necessariamente a qualidade do modelo.
É importante calcular, também, o coeficiente de determinação
ajustado R2adj, quando o modelo tem mais que uma variável
explicativa. Este parâmetro varia no intervalo entre 0 e 1, diferindo
do coeficiente R2, uma vez que não aumenta necessariamente com
a adição de parâmetros ao modelo. Assim, um possível critério para
a seleção do melhor modelo de ajuste poderá ser escolher aquele
com o maior valor de R2adj.

METODOLOGIA |31
Devido à diversidade de modelos construídos para os vários
componentes, o cálculo do coeficiente de determinação pode variar
de acordo com o modelo escolhido. No caso dos componentes
verticais e instalações é necessário proceder a transformações
logarítmicas de forma a obter modelos lineares. Assim, o coeficiente
de determinação apresentado corresponde ao do modelo
logarítmico e não ao do modelo da amostra original de elementos.
No caso dos componentes lineares ou horizontais, foram assumidos
pressupostos para o valor da constante β1, permitindo construir
modelos lineares restritos. Nestes modelos, o coeficiente de
determinação calculado corresponde ao coeficiente não centrado,
que, geralmente, é superior ao coeficiente de determinação usual.
Uma análise estatística de regressões lineares simples ou múltiplas
implica também o estudo dos resíduos e a realização de outros
diagnósticos. Todas as ferramentas de diagnóstico visam investigar
a qualidade do modelo, a conformidade com as hipóteses
consideradas e a adequação do modelo aos dados da amostra.
Visam também identificar observações que merecem maior atenção
e consideração, como sejam observações atípicas ou valores
anómalos (outliers). Esta análise é realizada através das ferramentas
de análise estatística disponibilizadas no Software R.
Com o Software R é possível obter representações gráficas para
validar os pressupostos e identificar os valores atípicos. A Figura 2.5
ilustra alguns exemplos de identificação de elementos atípicos. O
gráfico dos resíduos versus valores ajustados (Figura 2.5a) é utilizado
para verificar a homocedasticidade do modelo, podendo indicar que
não existe uma relação linear entre as variáveis explicativas com a
variável resposta por meio de alguma tendência nos pontos. Assim,
três elementos (representados pelos números 32, 33 e 55) não
seguem a tendência da maioria dos pontos, apresentando valores
de resíduos muito superiores, sendo por isso considerados atípicos.
A Figura 2.5(b) consiste no gráfico Q-Q plot utilizado para verificar a
normalidade de distribuição de erros através da comparação dos
quartis das distribuições, na medida em que quanto mais próximo
os pontos estiverem da bissetriz do primeiro quadrante, mais
próximo os dados observados estão da distribuição considerada.

|
32 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Verifica-se, de igual modo, que os mesmos elementos são
considerados atípicos por não estarem próximos da bissetriz.
O gráfico dos resíduos padronizados versus valores ajustados
(Figura 2.5c) é usado para verificar se existem outliers no eixo dos
YY. Os mesmos elementos apresentam valores dos resíduos
padronizados elevados, não se ajustando à tendência de pontos. Por
fim, a Figura 2.5(d) apresenta o valor da distância de Cook para
todos os elementos da amostra. Consideram-se valores atípicos
todos os elementos com distâncias de Cook superiores a 1.
(a) (b)

(c) (d)

Figura 2.5 – Identificação de elementos atípicos: (a) resíduos versus valores


ajustados; (b) Q-Q plot; (c) resíduos padronizados versus valores ajustados; (d)
distância de Cook

METODOLOGIA |33
3. UNIVERSO DA AMOSTRA

Os contratos de construção analisados para a obtenção das funções


de custo correspondem a valores de adjudicação de obras
maioritariamente públicas financiadas total, ou parcialmente, por
entidades portuguesas. Na ausência de informação, recorreu-se a
outras fontes de informação (e.g., ERSAR, projetos de execução). O
universo de contratos de empreitadas apresenta o intervalo
temporal entre 2002 e 2016, à exceção dos emissários submarinos
e dos emissários gravíticos em PEAD, cujo período é mais alargado.
No Quadro 3.1 apresenta-se o resumo da amostra analisada
(número total de elementos e número de contratos analisados)
associada aos componentes dos sistemas de abastecimento de
água. Foram analisados 347 contratos relativos a 1584
componentes do sistema de abastecimento, uma vez que o mesmo
contrato inclui, tipicamente, diversos componentes.

Quadro 3.1 – Amostra de elementos dos sistemas de abastecimento de água

N.º total de N.º de contra-


Componentes
elementos tos analisados
Captações superficiais e subterrâneas 29 16
ETA Tipo I 3 3
ETA Tipo II 26 18
ETA Tipo III 2 2
Reservatórios apoiados 126 79
Reservatórios elevados 8 8
Reservatórios apoiados associados a estações elevatórias 32 22
Condutas adutoras em aço 12 8
Condutas adutoras em PEAD 271 76
Condutas adutoras em FFD 252 87
Condutas de distribuição em FFD 31 16
Condutas de distribuição em PEAD 348 107
Condutas de distribuição em PVC 45 18
Ramais domiciliários em PEAD 337 96
Ramais domiciliários em PVC 22 16
Estações elevatórias 37 29
Total 1584 (347)

UNIVERSO DA AMOSTRA |35


Na Figura 3.1 apresenta-se a distribuição dos elementos analisados
pelos diferentes componentes do sistema de abastecimento de
água, por NUTS II e por anos de adjudicação dos contratos.
Os componentes que apresentam o maior número de elementos
correspondem às condutas adutoras (34%), seguido das condutas
de distribuição (27%) e dos ramais de ligação domiciliários (23%).
No que diz respeito à distribuição dos elementos por NUTS II,
verifica-se uma distribuição uniforme pelas regiões Norte, Centro e
Área Metropolitana de Lisboa e um menor número de elementos
para as regiões Alentejo e Algarve. Os anos de adjudicação dos
contratos analisados variam desde 2004 a 2016, com maior
predominância dos anos 2013 (37%), 2005 (13%) e 2006 (13%).
(a) (b)

2% 2% 2% Captações 3%
10%
Condutas adutoras 15%
34% 32% Norte
Condutas de
distribuição Centro
Ramais domiciliários
AM Lisboa
23%
Reservatórios Alentejo

Estações elevatórias 29% Algarve

Estações de
27% tratamento de água 21%

(c)

1%
7% 1% 2%
13% 2004 2005

2006 2007

13% 2008 2009

37% 2010 2011


3%
2012 2013
6%
2014 2015
6%
3% 2016
4% 4%

Figura 3.1 – Distribuição de elementos do sistema de abastecimento de água por:


(a) componentes; (b) NUTS II; (c) anos de adjudicação

|
36 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
No Quadro 3.2 apresenta-se o resumo da amostra estudada
(número total de elementos e número de contratos analisados)
associada aos componentes do sistema de gestão de águas residuais
e pluviais. Foram analisados 379 contratos relativos a 1404
componentes do sistema de gestão de águas residuais e pluviais,
uma vez que o mesmo contrato inclui, tipicamente, diversos
componentes.

Quadro 3.2 – Amostra de elementos dos sistemas de águas residuais e pluviais

N.º total de N.º de contratos


Componentes
elementos analisados
Emissários em FFD (vala) 55 27
Emissários em FFD (travessia) 17 10
Emissários em PEAD 87 45
Emissários em PPc e PVC 211 89
Condutas elevatórias em FFD 23 19
Condutas elevatórias em PEAD 151 94
Condutas elevatórias em PVC 31 19
Coletores domésticos em FFD 13 12
Coletores domésticos em PPc/PVC 142 82
Ramais domiciliários em PPc/PVC 99 71
Coletores pluviais em betão 29 10
Coletores pluviais em PPc 13 5
Estações elevatórias Tipo I 60 30
Estações elevatórias Tipo II 243 88
Estações elevatórias Tipo III 57 34
ETAR – Leito de macrófitas 25 10
ETAR – Leito percolador 23 2
ETAR compacta 12 5
ETAR – Lamas ativadas em
10 8
arejamento convencional
ETAR – Lamas ativadas em
89 47
arejamento prolongado
Emissários submarinos em PEAD 14 14

Total 1404 (379)

UNIVERSO DA AMOSTRA |37


Na Figura 3.2 apresenta-se a distribuição dos elementos analisados
pelos diferentes componentes do sistema de gestão de águas
residuais e pluviais, por NUTS II e por anos de adjudicação dos
contratos. Os componentes que apresentam o maior número de
elementos correspondem aos emissários gravíticos (26%) e às
estações elevatórias de águas residuais (26%), seguida das condutas
elevatórias (15%).
No que diz respeito à distribuição dos elementos por NUTS II,
verifica-se uma distribuição uniforme, no entanto, com menor
número de elementos para as regiões Alentejo e Algarve. Os anos
de adjudicação dos contratos analisados variam desde 1985 a 2016,
com maior predominância dos anos 2006 (15%), 2010 (15%) e 2005
(14%).
(a) (b)
1%
11% 10%
Emissários gravíticos
26%
Conduta elevatória
12% 36% Norte
Coletores domésticos
Centro
26% Ramais domiciliários
AM Lisboa
Coletores pluviais
18% Alentejo
Estações elevatórias
15% Algarve
Estações de tratamento
3% de águas residuais
Emissários submarinos 24%
7% 11%
(c)
0%
6% 1%
2% 1985-2004
2% 14% 2005
6%
2006
2007
7%
2008
2009
15%
2010
15% 2011
2012
2013
9% 2014
2015
12%
11% 2016

Figura 3.2 – Distribuição de elementos do sistema de gestão de águas residuais e


pluviais por: (a) componentes; (b) NUTS II; (c) anos de adjudicação

|
38 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
PARTE II – SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
4. CAPTAÇÕES DE ÁGUA

4.1. Tipos de captações


As captações de água constituem infraestruturas importantes dos
sistemas de abastecimento de água que permitem a extração da
água existente na natureza (origem) de acordo com as necessidades
das populações. O tipo de obra a considerar depende,
essencialmente, da forma como a água se encontra disponível no
ciclo hidrológico e do caudal necessário. Assim, as captações podem
ser de dois tipos:
 captações de água superficial ou captações superficiais;
 captações de água subterrânea ou captações subterrâneas.
As captações de água superficial consistem em componentes que
permitem captar água em albufeiras ou rios (Figura 4.1). Este tipo
de captações permite, geralmente, extrair maiores caudais. No
entanto, a água apresenta, tendencialmente, uma pior qualidade
em termos microbiológicos, com maiores exigências de tratamento,
e caraterísticas diferentes em termos químicos. Os tipos mais
frequentes de captações em albufeiras são por torre, poço e
flutuante, e as captações em rio por torre ou poço.
As captações superficiais em albufeira por torre (Figura 4.1a)
consistem numa torre ligada à margem por um passadiço, o qual
permite o acesso para a instalação e manutenção de equipamentos
diversos, tubagens e circuitos elétricos. A torre tem tipicamente
duas ou mais aberturas a níveis diferentes, por forma a permitir a
captação de água de acordo com o nível da albufeira; a torre é
comummente concebida para a instalação de grupos elevatórios
submersíveis.
As captações superficiais em albufeira por poço pouco diferem das
anteriores, exceto no facto de o poço não precisar de passadiço e a
admissão da água se processar, não através de aberturas, mas por
descarregadores para canais ou por tubagens. Este tipo de captação
pode ser também em poço seco, em que se podem utilizar grupos
não submersíveis.

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |41


As captações superficiais flutuantes, também designadas por
captações por jangada, consistem numa plataforma flutuante onde
se encontram instalados os grupos elevatórios.
As captações superficiais em rio (Figura 4.1b) podem ser efetuadas
diretamente no rio ou através de uma torre ou de um poço.
Atendendo a que a água está em movimento nos cursos de água,
são necessários cuidados especiais em relação à localização da torre
e do poço, normalmente localizados na margem, e às variações de
nível do curso de água. No caso de torre ou poço, normalmente
existem drenos filtrantes sob o rio na ligação à torre ou poço,
designando-se este tipo por captação sub-superficial.
(a) (b)

Figura 4.1 – Captação superficial: (a) em albufeira por torre (Beliche); (b) em rio
(Captação de Valada Tejo, Cartaxo)

As captações de água subterrânea consistem na execução de obras


que permitem a melhor recolha de águas existentes em mantos
artesianos, em quantidade e qualidade. A escolha do tipo de
captação baseia-se, fundamentalmente, em três fatores:
profundidade a atingir, processo de circulação da água subterrânea
e condições geomorfológicas (Figura 4.2).

|
42 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a) (b)

Figura 4.2 – Captação subterrânea: (a) tubagem da perfuração; (b) grupo


eletrobomba

Os mapas orçamentais analisados respeitam as empreitadas para


construção de captações por furos de sonda, uma vez que a sua
profundidade é superior a 20 ou 30 m, profundidade a partir da qual
é recomendável este tipo de captação.
Os custos de construção de captações subterrâneas são divididos
em duas fases associadas à sua execução:
 Fase I: Execução do furo e ensaio de capacidade de
extração.
 Fase II: Construção da estação elevatória.
Na Fase I procede-se à execução do furo de forma lenta, sendo
necessária a colocação de entubamento provisório para suportar as
paredes do furo. À medida que os tubos de revestimento vão sendo
colocados, o diâmetro de perfuração vai diminuindo. Terminada a
perfuração, procede-se à instalação da coluna de revestimento
definitiva e retira-se o entubamento provisório. Ainda nesta fase, é
realizado um ensaio da capacidade de extração através de
bombeamento com medição de caudais e níveis, de forma a atingir
o equilíbrio caudal/nível dinâmico. Em geral, depois de concluídos,
os furos são submetidos a extração de água com ar comprimido,
destinado a limpeza da captação, que consiste na eliminação dos
elementos mais finos das camadas aquíferas, bem como das lamas
de perfuração.

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |43


A Fase II da construção das captações subterrâneas consiste na
construção de uma estação elevatória para bombear a água captada
para um reservatório ou diretamente para o sistema adutor.

4.2. Caraterização dos componentes


4.2.1. Nota introdutória
A amostra de dados recolhidos relativos às captações de água foi
dividida em: captação superficial em albufeira (torre, poço ou
jangada) e em rio; e captação subterrânea (Fase I ou Fase II).
Nas seções seguintes apresenta-se a caraterização dos dois tipos de
captações.

4.2.2. Captações superficiais


A amostra inicial de captações superficiais de água é constituída por
nove elementos provenientes de oito contratos (Quadro 4.1). Os
contratos analisados correspondem aos anos de 2004 a 2011 e
encontram-se distribuídos pelas diversas regiões do país, com
exceção da Área Metropolitana de Lisboa e do Algarve. O caudal
varia entre 7 e 500 l/s, a altura de elevação varia entre 26 e
420 m c.a. e a potência hidráulica do escoamento entre 3 e 858 kW.

Quadro 4.1 – Caraterísticas dos contratos analisados de captações superficiais

Total: 8
Número total de contratos (Norte: 5; Centro: 1; AM Lisboa: 0;
Alentejo: 2; Algarve: 0)
Data de lançamento do concurso [2004; 2011]
Amostra inicial (n.º de elementos) 9
Caudal (l/s) [7; 500]
Altura de elevação (m c.a.) [26; 420]
Potência do escoamento (kW) [3; 858]
Percentagem de valores anómalos 0%
Amostra final (n.º de elementos) 9

|
44 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Os contratos analisados provêm de diversas regiões do país,
nomeadamente cinco contratos da região Norte (correspondendo a
67% da amostra inicial), um da região Centro (11% da amostra
inicial) e dois contratos da região Alentejo (22% da amostra inicial),
de acordo com a divisão de NUTS II (Figura 4.3a). Os anos de
adjudicação dos contratos variam entre 2004 e 2011, com maior
incidência para os anos de 2004 e 2006, com três elementos cada
(Figura 4.3b).
(a) (b)
6

3
Número de elementos

Número de elementos
4

2
2

1
11%
67%

22%

11%
33%

33%

11%

11%
0%

0%
0

0
Norte

Algarve
Centro

Lisboa

Alentejo

2004

2006

2007

2010

2011
AM

Limites territoriais NUTS II (2013) Ano de adjudicação

Figura 4.3 – Variação percentual da amostra inicial de captações superficiais:


(a) NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos

Devido à reduzida dimensão da amostra relativa às captações


superficiais, nenhum elemento foi considerado anómalo, pelo que a
amostra final corresponde à inicial, constituída por nove elementos.

A distribuição da amostra final dos quatro tipos estudados de


captações superficiais de água por rubricas de custo é apresentada
na Figura 4.4. A rubrica de construção civil apresenta o maior valor
mediano da percentagem de custo para os três tipos de captações:
53% para captações por torre, 43% para captações por poço, 41%
para captações em rio e 34% para captações por jangada. De
salientar que as amostras das captações superficiais por torre e por
poço são constituídas por um elemento cada. A segunda rubrica
com maior peso no custo total de construção das captações
superficiais corresponde aos equipamentos eletromecânicos,

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |45


variando entre 22 e 35%, seguido das instalações elétricas com uma
mediana das percentagens entre 19 e 26%. O estaleiro representa a
menor fração do custo total, entre 3 e 9%.
Albufeira - Jangada (n=4)
5%
Albufeira - Torre (n=1)
6%
Estaleiro Albufeira - Poço (n=1)
3%
Rio (n=3)
9%

34%
Construção 53%
civil 43%
41%

35%
Equipamento 22%
eletromecânico 28%
29%

26%
Instalações 19%
elétricas 25%
20%

Mediana das percentagens das rubricas de custo (%)

Figura 4.4 – Distribuição da amostra final de captações superficiais de água por


rubricas de custo

4.2.3. Captações subterrâneas


Para a caraterização dos custos das captações subterrâneas, foram
analisados nove contratos incluindo as fases de construção (Fase I e
Fase II), permitindo obter uma amostra inicial com 11 elementos na
Fase I e 9 elementos na Fase II, com datas de lançamento do
concurso desde 2005 a 2013 (Quadro 4.2).
Na Fase I são estudados três parâmetros caraterísticos: diâmetro de
perfuração correspondente à dimensão do furo que é efetuado
(variável entre 440 e 557 mm), profundidade de perfuração
(variável entre 60 e 400 m) e o volume de perfuração (variável entre
12 a 69 m3). De salientar que muitos dos furos não têm um diâmetro
constante; o diâmetro e o volume de perfuração correspondem a
valores médios ponderados tendo em conta a extensão de conduta
correspondente a cada diâmetro.
No furo é inserida uma conduta de menor diâmetro (variável entre
200 e 330 mm), constituída, na amostra analisada, por PVC ou PEAD.
O custo desta tubagem representa 17 a 24% do custo total do furo

|
46 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
na Fase I. A utilização de materiais de maior resistência, tipicamente
necessários para maiores profundidades de furos, pode representar
um acréscimo do custo total. Para profundidades superiores a
500 m ou volumes de perfuração superiores a 80 m3, este acréscimo
encontra-se implicitamente representado pelos custos unitários
fixos deste componente (ver 4.3.3).
Relativamente à Fase II, os três parâmetros analisados são: o caudal
(variável entre 10 e 125 l/s), a altura de elevação (variável entre 59
e 160 m c.a.) e a potência hidráulica do escoamento (variável entre
16 e 135 kW).
Os contratos analisados provêm de diversas regiões do país,
verificando-se a seguinte distribuição: região Centro com três
contratos (correspondendo a 20% da amostra inicial), região
Alentejo com cinco contratos (55% da amostra inicial) e região
Algarve com um contrato (25% da amostra inicial), de acordo com a
divisão de NUTS II (Figura 4.5a). Os anos de adjudicação dos
contratos variam entre 2005 e 2013, com maior número de
elementos relativos ao ano de 2011, com 9 elementos (Figura 4.5b).

Quadro 4.2 – Caraterísticas dos contratos analisados de captações subterrâneas

Total: 9
Número total de contratos (Norte: 0; Centro: 3; AM Lisboa: 0;
Alentejo: 5; Algarve:1)
Data de lançamento do concurso [2005; 2013]
Amostra inicial (n.º de elementos) 20 (Fase I: 11; Fase II: 9)
Diâmetro de perfuração (mm) [440; 557]
Profundidade de perfuração (m) [60; 400]
Volume de perfuração (m3) [12; 69]
Caudal (l/s) [10; 125]
Altura de elevação (m c.a.) [59; 160]
Potência do escoamento (kW) [16; 135]
Percentagem de valores anómalos 0%
Amostra final (n.º de elementos) 20

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |47


(a) (b)

12

10
10

8
Número de elementos

Número de elementos
8

6
6

4
4

5%

5%

5%
2

20%

55%

25%

25%

15%

45%
0%

0%
0

0
Norte

Lisboa

Algarve
Centro

Alentejo

2005

2007

2008

2011

2012

2013
AM

Limites territoriais NUTS II (2013) Ano de adjudicação

Figura 4.5 – Variação percentual da amostra inicial de captações subterrâneas:


(a) NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos

4.3. Custos de construção de captações


4.3.1. Nota introdutória
O custo de construção de captações superficiais (albufeira e rio) foi
dividido em custo de construção civil e custo de equipamento
eletromecânico e instalações elétricas, em função da potência do
escoamento. Os custos associados às captações subterrâneas foram
divididos nas duas fases de execução da obra (Fases I e II) e
expressos em função do diâmetro e profundidade de perfuração (ou
volume de perfuração) na Fase I e em função da potência hidráulica
do escoamento na Fase II.
Para as captações superficiais (albufeira e rio) e para as captações
subterrâneas Fase II, a estimativa dos custos de construção pode ser
efetuada com base nas funções associadas aos custos unitários
parciais, procedendo-se à soma do custo de construção civil com o
custo do equipamento e instalações elétricas, ou através dos custos
unitários totais. Sempre que possível, recomenda-se o cálculo
através dos custos unitários parciais.

|
48 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
4.3.2. Captações superficiais
Apesar da amostra relativa a captações superficiais em rio ser
constituída apenas por 3 elementos, estimaram-se as funções de
custo em função da potência hidráulica do escoamento (Figura 4.6).
Estas funções têm coeficientes de determinação R2 iguais a 0,997 e
a 0,991, para o custo de construção civil e para o custo de
equipamento eletromecânico e instalações elétricas,
respetivamente. Os elevados valores dos coeficientes de
determinação são explicados pela reduzida dimensão da amostra.
O domínio de aplicação das funções de custo compreende potências
do escoamento entre 3 e 27 kW. A utilização das funções de custo
fora do domínio de aplicação deve ser efetuada com parcimónia e
apenas para valores de potência entre 2 e 30 kW (domínio de
extrapolação). Os intervalos de extrapolação são representados na
Figura 4.6 pelo sombreado cinzento.
A realizarem-se estimativas de custo fora do domínio de
extrapolação, recomenda-se que sejam efetuadas da seguinte
forma:
 para valores de potência do escoamento inferiores a 2 kW,
adotar o custo total correspondente ao limite inferior do
intervalo de extrapolação (i.e., o custo total, em euros,
associado à potência de 2 kW);
 para valores de potência do escoamento superiores a
30 kW, adotar o custo unitário correspondente ao limite
superior do intervalo de extrapolação (i.e., o custo unitário,
em €/kW, associado à potência de 30 kW).
Saliente-se que estas extrapolações contemplam erros de avaliação,
por defeito ou por excesso, que podem ter alguma expressão, só
devendo ser adotadas em casos excecionais.

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |49


(a)

30
Custo unitário de construção civil, C cc (k€/kW)
Elementos da amostra (n=3)

Curva de regressão (Ccc )

25
20
15

-0,735
Ccc = 49,75 Pe
10

2
R = 0,997
5
0

2 6 10 14 18 22 26 30
Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

(b)
30
Custo unitário de equipamento eletromecânico

Elementos da amostra (n=3)


e instalações elétricas, C e (k€/kW)

Curva de regressão (Ce)


25
20
15

-0,738
Ce= 46,29 Pe
10

2
R = 0,991
5
0

2 6 10 14 18 22 26 30
Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

Figura 4.6 – Custo unitário de construção de captações superficiais em rio:


(a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações elétricas

Na Figura 4.7 são apresentadas as funções de custo total unitário e


de custo de construção de captações superficiais em rio,
correspondendo à soma do custo de construção civil e de
equipamento eletromecânico e instalações elétricas. Verifica-se que
os custos parciais de construção civil e de equipamento
eletromecânico e instalações elétricas são muito semelhantes.

|
50 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a)

60
Total (Ctu)
captações superficiais por rio (k€/kW)

Construção civil
50
Custo unitário de construção de

Equipamento e instalações elétricas


40
30

-0,737
Ctu= 96,24 Pe
20

2
R = 0,9998
10
0

2 6 10 14 18 22 26 30

Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

(b)
250
Custo de captações superficiais por rio (k€)
200

0,263
Ct= 96,24 Pe
150
100
50

Total (Ct)
Construção civil
Equipamento e instalações elétricas
0

2 6 10 14 18 22 26 30

Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

Figura 4.7 – Captações superficiais em rio: (a) custo unitário; (b) custo de
construção

Nas captações em albufeira, só foi possível obter funções de custo


para as captações por jangada (Figura 4.8). Os custos são também
expressos em função da potência hidráulica do escoamento e
verifica-se um decréscimo dos custos com o aumento do valor da
potência do escoamento, com coeficientes de determinação R2
iguais a 0,64 e a 0,18 para o custo de construção civil, incluindo o
custo de estaleiro, e para o custo de equipamento eletromecânico
e instalações elétricas, respetivamente. A elevada variabilidade do

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |51


custo de equipamento eletromecânico e instalações elétricas
explica o baixo coeficiente de determinação.
O domínio de aplicação das funções de custo compreende potências
do escoamento entre 53 e 200 kW. A utilização das funções de custo
fora do domínio de aplicação deve ser efetuada com parcimónia e
apenas para valores de potência entre 20 e 230 kW. Os intervalos
de extrapolação são representados na Figura 4.8 pelo sombreado
cinzento.
A realizarem-se estimativas de custo fora do domínio de
extrapolação, recomenda-se que sejam efetuadas da seguinte
forma:
 para valores de potência do escoamento inferiores a 20 kW,
deve ser utilizado o custo total correspondente ao limite
inferior do intervalo de extrapolação (i.e., o custo total, em
euros, associado à potência de 20 kW);
 para valores de potência do escoamento superiores
a 230 kW, deve ser utilizado o custo unitário
correspondente ao limite superior do intervalo de
extrapolação (i.e., o custo unitário, em €/kW, associado à
potência de 230 kW).
Saliente-se que estas extrapolações contemplam erros de avaliação,
por defeito ou por excesso, que podem ter alguma expressão, pelo
que só devem ser adotadas em casos excecionais.
Na Figura 4.9 são apresentadas as funções de custo total unitário e
de custo de construção de captações superficiais por jangada,
correspondendo à soma do custo de construção civil e de
equipamento eletromecânico e instalações elétricas. Verifica-se que
o custo de equipamento eletromecânico e instalações elétricas é
superior ao custo de construção civil, o qual tende a ser constante
quanto maior o valor de potência do escoamento.

|
52 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a)

4
Custo unitário de construção civil, C cc (k€/kW)
Elementos da amostra (n=4)

Curva de regressão (Ccc )


3

-0,629
Ccc = 30,85 Pe
2

2
R = 0,64
1
0

20 62 104 146 188 230


Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

(b)
4
Custo unitário de equipamento eletromecânico

Elementos da amostra (n=4)


e instalações elétricas, C e (k€/kW)

Curva de regressão (Ce)


3
2

-0,172
Ce= 5,828 Pe
1

2
R = 0,18
0

20 62 104 146 188 230


Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

Figura 4.8 – Custo unitário de construção de captações superficiais por jangada: (a)
construção civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações elétricas

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |53


(a)

7
captações superficiais por jangada (k€/kW)
Total (Ctu)
Construção civil

6
Custo unitário de construção de
Equipamento e instalações elétricas
-0,351

5
Ctu= 22,01 Pe
2
R = 0,44
4
3
2
1
0

20 62 104 146 188 230

Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

(b)
1000
Custo de captações superficiais por jangada (k€)

Total (Ct)
Construção civil
800

Equipamento e instalações elétricas


0,649
Ct= 22,01 Pe
600
400
200
0

20 62 104 146 188 230

Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

Figura 4.9 – Captações superficiais por jangada: (a) custo unitário;


(b) custo de construção

No Quadro 4.3 apresenta-se a caraterização das instalações de


captações superficiais por torre e poço, com os custos atualizados a
2016.

|
54 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Quadro 4.3 – Caraterização das instalações de captações superficiais por torre e por
poço

Potência hidráulica Custo de equipamento


Custo de construção
Tipo do escoamento eletromecânico e
civil (€)
(kW) instalações elétricas (€)

Captação por
94,5 770 228,96 539 146,21
torre
Captação por
858,4 736 671,80 849 891,91
poço

Os custos das captações por torre e por poço são apresentados


apenas pelo custo parcial do elemento obtido para cada tipo. Na
Figura 4.10 apresenta-se o custo unitário de construção dos
diferentes tipos de captações superficiais, observando-se:
 as captações em rio tendem a ser utilizadas para potências
do escoamento mais baixas;
 as captações em albufeira por jangada são utilizadas para
potências do escoamento entre 50 e 200 kW;
 as captações em albufeira por torre apresentam custos de
construção mais elevados do que as captações por jangada
para a mesma potência do escoamento, devido aos
trabalhos de construção civil;
 as captações em albufeira por poço tendem a ser utilizadas
para grandes potências do escoamento.
Uma vez que a amostra de elementos disponíveis para cada tipo de
captação superficial é reduzida, optou-se por agregar todos os
elementos dos diferentes tipos, excluindo o custo associado às
captações superficiais por torre, e por calcular as funções de custo
unitário de construção civil e de equipamento eletromecânico e
instalações elétricas. Na Figura 4.11 apresenta-se o custo unitário
de captações superficiais para as duas rubricas de custo,
verificando-se que ambas as funções apresentam um elevado
coeficiente de determinação (R2 = 0,94).

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |55


30
Captação por torre (construção civil)

Custo unitário de captações superficiais


Captação por torre (equipamento)

25
Captação por poço (construção civil)

20
Captação por poço (equipamento)
(k€/kW)
Captação em rio (construção civil)
15
Captação em rio (equipamento)
10

Captação por jangada (construção civil)

Captação por jangada (equipamento)


5
0

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Potência de escoamento (kW)

Figura 4.10 – Custo unitário de construção civil e de equipamento e instalações


elétricas de diferentes tipos de captações superficiais
30
Custo unitário de captações superficiais

Construção civil (Ccc)


25

Equipamento e instalações elétricas (Ce)


20
(k€/kW)

Ccc = 36,509 Pe-0,626


R² = 0,94
15

Ce = 29,672 Pe-0,519
R² = 0,94
10
5
0

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Potência de escoamento, Pe (kW)

Figura 4.11 – Custo unitário de construção civil e de equipamento e instalações


elétricas associado às captações superficiais (excluindo captações por torre)

4.3.3. Captações subterrâneas


Os custos associados à Fase I de construção das captações
subterrâneas incluem a execução do furo, a inserção do tubo de
revestimento e o ensaio de capacidade de extração, dependendo
dos seguintes parâmetros caraterísticos: o diâmetro de perfuração,
Dp, e a profundidade de perfuração, Pp ou, em alternativa, o volume
de perfuração, Vp. Não são divididos em custos de construção civil e
custos de equipamento, sendo tratados como um custo unitário
total expresso por metro de profundidade ou por m3 de escavação.

|
56 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Os custos associados à Fase II dependem do caudal e da altura de
elevação traduzidos pela potência hidráulica do escoamento.
Apesar da amostra inicial associada à Fase II ser constituída por 12
elementos, as funções de custo são construídas apenas por nove
elementos, dado os mapas orçamentais analisados não conterem a
informação necessária relativa aos parâmetros caraterísticos.
Na Figura 4.12 e na Figura 4.13 sintetizam-se os resultados da
análise dos custos associados à Fase I de construção de captações
de água subterrânea em função do diâmetro, profundidade e
volume de perfuração. O custo unitário por metro de profundidade
apresenta uma relação crescente com o diâmetro de perfuração, Dp,
com um coeficiente de determinação muito baixo, R2 = 0,088
(Figura 4.12a) e uma relação decrescente com a profundidade de
perfuração, Pp, com um coeficiente de determinação elevado,
R2 = 0,79 (Figura 4.12b). O custo unitário por m3 de volume de
perfuração, Vp, apresenta igualmente uma relação decrescente com
este parâmetro e com um coeficiente de determinação elevado
(R2 = 0,81) (Figura 4.13).
Ambos os parâmetros caraterísticos, profundidade e volume de
perfuração, explicam os custos unitários da Fase I, uma vez que têm
coeficientes de determinação elevados, pelo que são utilizados para
a estimativa dos custos unitários de captações subterrâneas.
Quando a informação necessária para o cálculo do volume de
perfuração não constar dos mapas orçamentais, recomenda-se a
utilização dos custos unitários em função da profundidade de
perfuração.
O domínio de aplicação das funções de custo em função da
profundidade de perfuração está compreendido entre 60 e 400 m.
A utilização das funções de custo fora deste domínio deve ser
efetuada com parcimónia e apenas para valores de profundidade
entre 50 e 500 m. O domínio de extrapolação é representado a
cinzento na Figura 4.12b.
A realizarem-se estimativas de custo fora do domínio de
extrapolação, recomenda-se que sejam efetuadas da seguinte
forma:
 para profundidades inferiores a 50 m, adotar o custo total
correspondente ao limite inferior do intervalo de

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |57


extrapolação (i.e., o custo total associado à profundidade de
50 m);
 para profundidades superiores a 500 m, adotar o custo
unitário correspondente ao limite superior do intervalo de
extrapolação (i.e., o custo unitário associado à
profundidade de 500 m).
Saliente-se que estas extrapolações contemplam erros de avaliação,
por defeito ou por excesso, que podem ter alguma expressão, só
devendo ser adotadas em casos excecionais.
O domínio de aplicação das funções de custo em função do volume
de perfuração está compreendido entre 12 e 69 m3. A extrapolação
para fora do domínio de aplicação recorrendo às funções de custo
calculadas deve ser realizada com parcimónia e apenas para valores
de volume de perfuração entre 10 e 80 m3. Os intervalos de
extrapolação são representados na Figura 4.13 pelo sombreado
cinzento.
A realizarem-se estimativas de custo fora do domínio de
extrapolação, recomenda-se que sejam efetuadas da seguinte
forma:
 para volumes de perfuração inferiores a 10 m3, adotar o
custo total correspondente ao limite inferior do intervalo de
extrapolação (i.e., o custo total, em euros, associado ao
volume de 10 m3);
 para volumes de perfuração superiores a 80 m3, adotar o
custo unitário correspondente ao limite superior do
intervalo de extrapolação (i.e., o custo unitário, em €/m3,
associado ao volume de 80 m3).
Saliente-se que estas extrapolações contemplam erros de avaliação,
por defeito ou por excesso, que podem ter alguma expressão, só
devendo ser adotadas em casos excecionais.

|
58 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a)

800
Custo unitário de construção de captações

Elementos da amostra (n=9)


Curva de regressão (Cu)
subterrâneas - Fase I, C u (€/m)

Curvas de predição (5-95%)


600
400

1,093
Cu= 0,29 Dp
2
R = 0,088
200
0

400 450 500 550 600


Diâmetro de perfuração, D p (mm)

(b)
600
Custo unitário de construção de captações

Elementos da amostra (n=9)


Curva de regressão (Cu)
500
subterrâneas - Fase I, C u (€/m)

Curvas de predição (5-95%)


400
300
200

-0,456
Cu= 3000 Pp
100

2
R = 0,79
0

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500


Profundidade de perfuração, Pp (m)

Figura 4.12 – Custo de construção da Fase I de captações subterrâneas expresso


por metro de profundidade em função: (a) do diâmetro de perfuração; (b) da
profundidade de perfuração

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |59


3000
Custo unitário de construção de captações
Elementos da amostra (n=9)
Curva de regressão (Cu)

2500
subterrâneas - Fase I, C u (€/m )
3
Curvas de predição (5-95%)

2000
1500
1000

-0,557
Cu= 11000 Vp
500

2
R = 0,81
0

10 20 30 40 50 60 70 80
3
Volume de perfuração, Vp m

Figura 4.13 – Custo de construção da Fase I de captações subterrâneas expresso em


função do volume de perfuração

Na Figura 4.14 são apresentadas as funções de custo total de


construção da Fase I de captações subterrâneas em função da
profundidade e do volume de perfuração.
A Figura 4.15 apresenta os resultados da análise dos custos da
Fase II de construção de captações subterrâneas, correspondente à
construção da estação elevatória: a Figura 4.15(a) ilustra a variação
dos custos unitários de construção civil com a potência do
escoamento e a Figura 4.15(b) a variação dos custos de
equipamento eletromecânico e instalações elétricas com a potência
do escoamento.
Considerou-se que os custos de construção civil incluíam também
os custos de estaleiro e de arranjos exteriores. Os custos de
construção civil e os custos de equipamento eletromecânico e
instalações elétricas apresentam uma relação decrescente
(potencial) com a potência do escoamento, com coeficientes de
determinação, R2, iguais a 0,63 e a 0,56, respetivamente.

|
60 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a)

120
Custo de construção de captações Elementos da amostra (n=9)
Curva de regressão (C)
100
subterrâneas - Fase I, C (k€)
80
60

0,544
40

C = 2,956 Pp
20
0

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500


Profundidade de perfuração, Pp (m)

(b)
100

Elementos da amostra (n=9)


Custo de construção de captações

Curva de regressão (C)


80
subterrâneas - Fase I, C (k€)
60

0,444
40

C = 10,493 Vp
20
0

10 20 30 40 50 60 70 80
3
Volume de perfuração, Vp m

Figura 4.14 – Custo de construção da Fase I de captações subterrâneas em função:


(a) da profundidade de perfuração; (b) do volume de perfuração

O domínio de aplicação das funções de custo compreende valores


de potência do escoamento entre 16 e 135 kW. A extrapolação para
fora do domínio de aplicação recorrendo às funções de custo
calculadas deve ser realizada com parcimónia e apenas para valores
de potência entre 10 e 150 kW. Os intervalos de extrapolação são
representados na Figura 4.15 pelo sombreado cinzento. A
realizarem-se estimativas de custo fora do domínio de extrapolação,
recomenda-se que sejam efetuadas da seguinte forma:
 para potências inferiores a 10 kW, adotar o custo total
correspondente ao limite inferior do intervalo de
extrapolação (i.e., o custo total, em euros, associado à
potência do escoamento de 10 kW);

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |61


 para valores de potência superiores a 150 kW, adotar o
custo unitário correspondente ao limite superior do
intervalo de extrapolação (i.e., o custo unitário, em €/kW,
associado à potência do escoamento de 150 kW).
Saliente-se que estas extrapolações contemplam erros de avaliação,
por defeito ou por excesso, que podem ter alguma expressão, só
devendo ser adotadas em casos excecionais.
(a)
2
Custo unitário de construção civil, C cc (k€/kW)

Elementos da amostra (n=9)


Curva de regressão (Ccc )

Curvas de predição (5-95%)

-0,599
Ccc = 5,547 Pe
1

2
R = 0,63
0

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150


Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

(b)
3
Custo unitário de equipamento eletromecânico

Elementos da amostra (n=9)


e instalações elétricas, C e (k€/kW)

Curva de regressão (Ce)


Curvas de predição (5-95%)
2
1

-0,265
Ce= 4,637 Pe

2
R = 0,56
0

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150


Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

Figura 4.15 – Custo unitário de construção da Fase II de captações subterrâneas: (a)


construção civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações elétricas

|
62 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Na Figura 4.16 são apresentadas as funções de custo total e de custo
total unitário de construção da Fase II de captações subterrâneas.
Verifica-se que o custo de equipamento eletromecânico e
instalações elétricas apresenta maior peso no custo de construção
deste tipo de instalações.
(a)
4

Total (Ctu)
captações subterrâneas - Fase II (k€/kW)

Construção civil
Custo unitário de construção de

Equipamento e instalações elétricas


3

-0,34
Ctu= 8,282 Pe

2
2

R = 0,69
1
0

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150

Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

(b)
250
Custo de captações subterrâneas - Fase II (k€)

Total (Ct)
Construção civil
200

Equipamento e instalações elétricas


150

0,66
Ct= 8,282 Pe
100
50
0

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150

Potência hidráulica de escoamento, Pe (kW)

Figura 4.16 – Fase II de captações subterrâneas: (a) custo unitário;


(b) custo de construção

Os custos de construção obtidos são também apresentados, em


anexo, para as duas fases de construção, assim como exemplos de
aplicação dos custos de construção obtidos.

CAPTAÇÕES DE ÁGUA |63


5. ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

5.1. Tipos de água


As Estações de Tratamento de Água (ETA) têm por finalidade
proceder ao tratamento das águas naturais, com origem
subterrânea ou superficial, de modo a eliminar as impurezas e
contaminantes prejudiciais e nocivos à saúde, visando a sua
potabilização e posterior distribuição pública.
Os requisitos de qualidade para a água destinada ao consumo
humano encontram-se estabelecidos no Decreto-Lei n.º 306/2007,
de 27 de agosto, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º
152/2017, de 7 de dezembro. Assim, a escolha do sistema de
tratamento de água depende, essencialmente, dos níveis de
qualidade da água do manancial, ou seja, quanto pior a qualidade
da água na origem, mais complexo será o seu esquema de
tratamento.
O tratamento de água para consumo humano tem várias finalidades
que podem ser agrupadas em diferentes categorias:
 higiénicas, destinando-se a eliminar microrganismos,
elementos venenosos ou nocivos, minerais e compostos
orgânicos em excesso;
 estéticas ou organoléticas, destinando-se a corrigir ou a
diminuir a cor, turvação, odor e sabor;
 económicas, destinando-se a corrigir a corrosividade,
dureza, cor, ferro, magnésio, etc.
O Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de agosto, estabelece uma
classificação para as águas destinadas à produção de água para
consumo humano consoante a sua qualidade na origem,
considerando três categorias a que correspondem esquemas de
tratamento distintos:

|65
ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA
Tipo A1
Uma água do Tipo A1 terá um esquema de tratamento que compreende
tratamento físico e desinfeção.

Tipo A2
Uma água do Tipo A2 terá um esquema de tratamento que compreende
tratamento físico e químico e desinfeção.

Tipo A3
Uma água do Tipo A3 terá um esquema de tratamento que compreende
tratamento físico, químico de afinação e desinfeção.

Cada esquema de tratamento incorpora operações unitárias (se


assente em princípios físicos) e processos unitários (se assente em
princípios químicos ou biológicos). O arejamento, a floculação, a
decantação ou a sedimentação são exemplos de operações
unitárias, enquanto a coagulação, a neutralização e a desinfeção são
exemplos de processos unitários.

5.2. Níveis e etapas de tratamento


No âmbito do presente estudo, as ETA encontram-se agrupadas de
acordo com a complexidade das operações e processos unitários
envolvidos, que estão diretamente relacionados com a qualidade da
água destinada à produção de água para consumo humano. Assim,
definiram-se três níveis de tratamento que compreendem os
seguintes processos e operações unitárias:
Tipo I
Uma ETA do Tipo I inclui apenas correção de pH (e.g., remineralização,
arejamento) e desinfeção final, podendo eventualmente incluir uma filtração.
Este tipo de ETA encontra-se, tipicamente, instalada em recinto próprio com
infraestruturas de construção civil, equipamentos e instalações elétricas
autónomas.

|
66 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
Tipo II
Uma ETA do Tipo II inclui correção de pH, coagulação/floculação, decantação
ou flotação, filtração e desinfeção final, podendo incluir as etapas de pré-
oxidação (por exemplo, por ozonização) e/ou carvão ativado em pó (CAP).

Tipo III
Uma ETA do Tipo III inclui uma pré-oxidação, correção pH,
coagulação/floculação, decantação ou flotação, filtração, ozonização
intermédia, filtração com carvão ativado granulado (CAG) e desinfeção final.

Descrevem-se nos parágrafos seguintes alguns exemplos das


operações e dos processos habitualmente associados a estes níveis
de tratamento.
Na etapa de arejamento, promove-se o contacto da água a tratar
com o ar atmosférico, permitindo a oxidação dos compostos de
ferro e manganês existentes na água. Este processo promove a
libertação de substâncias voláteis e gases dissolvidos em excesso,
incluindo o CO2, que confere agressividade à água, bem como o
aumento do teor de oxigénio dissolvido. A Figura 5.1 ilustra a
operação de arejamento em cascata.

Figura 5.1 – Arejamento em cascata

A remineralização visa corrigir o equilíbrio calco-carbónico da água


tratada ou conferir-lhe caraterísticas ligeiramente incrustantes, de
forma a minimizar o seu carácter agressivo e a não ser fator de
deterioração dos materiais com os quais está em contacto
(Figura 5.2). Consiste na adição de um reagente alcalino (e.g., cal) e
CO2. Pode realizar-se no início da linha de tratamento, a montante
da injeção de coagulante, e no final, a jusante da filtração.

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA |67


(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.2 – Remineralização: (a) depósito de armazenamento; (b) sistema de


preparação de água de cal; (c) adição de CO2; (d) sistema de brita calcária
(Fonte: AdP – Águas de Portugal, S.A.)

A coagulação/floculação é importante para a redução de matéria


coloidal da água, especialmente a de origem superficial, com
recurso a sais de alumínio e de ferro e floculantes. A coagulação
consiste na adição de um coagulante para desestabilizar e capturar
a matéria coloidal, sendo efetuada tipicamente numa câmara de
mistura rápida (Figura 5.3a). A floculação promove a agregação dos
flocos desestabilizados na coagulação, facilitando a sua separação
nas etapas de tratamento posteriores (Figura 5.3b). Poderá ocorrer
numa câmara com agitação lenta, mecanizada ou hidráulica ou em
linha, a montante da clarificação.

|
68 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a) (b)

Figura 5.3 – Etapas de tratamento: (a) coagulação; (b) floculação

A clarificação consiste na separação de sólidos em suspensão na


água (especialmente na de origem superficial) para permitir a
otimização da etapa subsequente, a filtração. É realizada a jusante
da etapa de coagulação/floculação, com recurso, por exemplo, a
decantadores de fluxo vertical e de manto de lamas e a
decantadores/espessadores com e sem lamelas (Figura 5.4) ou, em
alternativa, a flotadores com ar dissolvido.

Figura 5.4 – Decantadores

A filtração tem por objetivo a remoção de partículas em suspensão


com recurso a diferentes tipos de órgãos, nomeadamente filtros
mono ou multicamada com diferentes meios de enchimento,
gravíticos ou pressurizados (Figura 5.5). A localização desta etapa na
linha de tratamento depende das caraterísticas da matéria em

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA |69


suspensão a tratar, podendo ser: à entrada do tratamento, a jusante
da etapa de coagulação/floculação (filtração direta) e a jusante da
etapa de decantação. Os sólidos retidos são removidos por lavagens
em contracorrente com água filtrada ou tratada.
(a) (b)

Figura 5.5 – Filtros de areia: (a) em operação; (b) em lavagem

O processo de ozonização (Figura 5.6) consiste na oxidação da


matéria orgânica com ozono, através do contacto do agente
oxidante com as substâncias a oxidar, em particular as que dão
origem a sabor, cheiro e cor. A sua utilização como etapa de
afinação, após a filtração, permite aumentar a biodegradabilidade
da matéria orgânica natural.
Tipicamente, num sistema de tratamento de águas, o ozono é
aplicado na água bruta à entrada da estação de tratamento (pré-
ozonização) ou após sedimentação (ozonização intermédia). A
qualidade da água bruta, a sua turvação e a necessidade de ozono
(i.e., a quantidade de ozono para satisfazer as exigências de todas as
oxidações) são os parâmetros a utilizar para a determinação do local
mais adequado para aplicação desta etapa.

Figura 5.6 – Ozonizadores

|
70 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
A adsorção por Carvão Ativado (CA) consiste na transferência de
compostos solúveis na água para uma fase sólida. É utilizada para a
remoção de compostos orgânicos, incluindo os que dão origem a
sabor, cheiro e cor, os subprodutos da ozonização e da desinfeção
com cloro e dióxido de cloro, os solventes, os pesticidas, os fenóis,
os hidrocarbonetos, algumas toxinas e outros compostos
inorgânicos (e.g., cloro, arsénio, mercúrio, crómio). O CA pode ser
utilizado por doseamento em pó (CAP), para utilizações
descontínuas, ou em filtros granulares (carvão ativado granular,
CAG) mais comum em instalações com necessidades contínuas
(Figura 5.7). Consoante o tipo de utilização, o CA pode envolver
processos físicos (filtração), químicos (adsorção e reações redox) e
biológicos.

Figura 5.7 – Filtro de carvão ativado granular

A desinfeção tem por objetivo garantir a redução de


microrganismos potencialmente nocivos para a saúde dos
consumidores. Este processo consiste na adição de um agente
oxidante para inativação de microrganismos, sendo o cloro na sua
forma gasosa o agente mais utilizado. Realiza-se no final do
tratamento, denominando-se pós-cloração. Deve ser orientada de
forma a garantir um residual desinfetante à saída da ETA, em função
das especificidades dos sistemas.

5.3. Caraterização dos componentes


O universo de ETA analisado foi dividido por tipo de tratamento em
ETA do Tipo I, Tipo II e Tipo III, verificando-se a seguinte distribuição
de instalações por tipo: 10% (três instalações) correspondem a ETA

|71
ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA
Tipo I; 84% (26 instalações) correspondem a ETA Tipo II; e 6% (duas
instalações) correspondem a ETA Tipo III.
O número total de contratos analisados de ETA foi de 23, permitindo
obter o número total de elementos de 31, com diferentes datas de
lançamento de concurso (Quadro 5.1). O número total de
elementos foi dividido por tipo de ETA: para o Tipo I e Tipo III foram
considerados apenas três e dois elementos, respetivamente. Para o
Tipo II, a amostra inicial tem 26 elementos com uma percentagem
de valores anómalos de 12%. Relativamente à capacidade das
instalações de tratamento, verifica-se que os caudais de projeto
variam entre 20 e 556 l/s nos contratos analisados.

Quadro 5.1 – Caraterísticas dos contratos analisados de ETA

Total: 23
Número total de contratos (Norte: 11; Centro: 4; AM Lisboa:0;
Alentejo: 8; Algarve:0)
Data de lançamento do concurso [2004; 2013]
31 (Tipo I: 3; Tipo II: 26; Tipo III: 2)
Amostra (n.º de elementos)

Caudal (l/s) [20; 556]


Percentagem de valores anómalos 12%
Amostra final (n.º de elementos) 28

Os contratos analisados provêm de diversas regiões do país,


verificando-se a seguinte distribuição: região Norte com 11
contratos (correspondendo a 52% da amostra total), a região Centro
com quatro contratos (22% da amostra total) e a região Alentejo
com oito contratos (26% da amostra total), de acordo com a divisão
de NUTS II (Figura 5.8a)
Relativamente aos anos de adjudicação dos contratos, estes variam
entre 2004 e 2013, sendo que o ano de 2004 tem 10 elementos
(Figura 5.8b).

|
72 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a) (b)
16

10
8
12
Número de elementos

Número de elementos
6
8

4
4

3.2%

3.2%
2

32.3%

6.5%

6.5%

6.5%

6.5%
52%

22%

26%
0%

0%
0

0
Norte

Algarve
Lisboa
Centro

Alentejo

2004

2006

2008

2010

2011

2012

2013
AM

Limites territoriais NUTS II (2013) Ano de adjudicação

Figura 5.8 – Variação percentual da amostra inicial de ETA por:


(a) NUTS II; (b) anos de adjudicação dos contratos

A distribuição da amostra final de ETA por rubricas de custo é


apresentada na Figura 5.9.
As rubricas de construção civil e equipamento eletromecânico
apresentam maior peso no custo total de construção de estações de
tratamento de água, variando entre 26 e 32% para a rubrica de
construção civil e 34 e 63% para o equipamento eletromecânico. A
elevada percentagem da rubrica de equipamento eletromecânico
para ETA do Tipo I deve-se ao facto de um dos três elementos
corresponder a uma reabilitação com substituição integral dos
equipamentos, mas sem reabilitação do edifício (associado à rubrica
de construção civil), contribuindo para o aumento da mediana da
percentagem do equipamento. As restantes rubricas apresentam
menor peso no custo total de construção, verificando-se as
seguintes variações: 4 a 6% de estaleiro, 2 a 6% de terraplenagens e
arranjos exteriores e 7 a 15% de instalações elétricas.

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA |73


4%
Tipo I (n=3)
Estaleiro 6%
4% Tipo II (n=26)
Tipo III (n=2)
Terraplenagem 6%
e arranjos 4%
exteriores
2%

26%
Construção
civil 41%
32%

63%
Equipamento
eletromecânico 34%
47%

7%
Instalações
elétricas 14%
15%
Mediana das percentagens das rubricas de custo (%)

Figura 5.9 – Distribuição da amostra final de ETA por rubricas de custo

5.4. Custo de construção de estações de tratamento


5.4.1. Nota introdutória
Os custos de construção de ETA são definidos por caudal de água
tratada (l/s), em função da qualidade da água a tratar. Atendendo
às grandes diferenças em termos do tipo de intervenção de
construção civil e equipamentos e tecnologias inerentes a cada tipo,
foram calculados custos para cada tipo de tratamento.
O custo total das ETA é dividido em custo de construção civil,
incluindo o custo de estaleiro, arranjos exteriores e terraplenagens,
e em custo de equipamento eletromecânico e instalações elétricas,
ambos expressos em função do caudal de água a tratar no ano
horizonte de projeto.
A estimativa dos custos de construção de estações de tratamento
de águas pode ser efetuada com base nas funções associadas aos
custos unitários parciais, procedendo-se à soma do custo de
construção civil e equipamento e instalações elétricas, ou através
das funções associadas aos custos unitários totais. A diferença dos
custos obtidos pelas diferentes funções é resultante do ajustamento

|
74 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
da função de custo aos elementos de cada uma das amostras,
apresentando um erro sem significado. Sempre que possível,
recomenda-se o cálculo através dos custos unitários parciais.
Embora a maior parte dos contratos de estações de tratamento de
água correspondam a empreitadas de conceção-construção, na
presente análise não foram contabilizados os custos de conceção e
elaboração do projeto de execução, nem os custos do arranque da
instalação para verificação das garantias de funcionamento. Estes
custos de projeto e de arranque da infraestrutura representam
entre 5 a 12% e 2 a 5% dos custos de construção, respetivamente,
dependendo do tipo e dimensão da ETA em causa.
Existem, ainda, sistemas de tratamento de pequena dimensão,
constituídos por sistemas de injeção de reagentes (e.g., hipoclorito
de sódio, carbonato de sódio, hidróxido de sódio), instalados em
edifícios ou recintos de outros componentes (e.g., captações,
reservatórios). Estes sistemas são compostos por bomba doseadora
de reagente, depósito de armazenamento de reagente e bacia de
retenção, sendo todos estes componentes associados à rubrica de
custos de equipamento eletromecânico. Não requerem, em geral, a
realização de trabalhos de construção civil e a instalação de
componentes elétricos próprios, uma vez que se encontram
associados a outros componentes. Estes sistemas não são
considerados ETA no presente guia técnico, sendo designados por
sistemas autónomos de injeção.
Analisaram-se mapas orçamentais que incluíam a instalação de um
a sete sistemas autónomos de injeção, para caudais de água a tratar
variáveis entre 3,4 e 60 l/s, e com custos totais de equipamento
variáveis entre 500 e 2 300 €. Caso se pretenda incluir este
componente, recomenda-se a utilização de um valor mediano igual
a 1 150 € por sistema de injeção. De salientar que para os
reservatórios apoiados, este componente já se encontra incluído
nos custos associados a trabalhos especiais (13.3).

5.4.2. ETA Tipo I


Quando a água bruta a tratar é de boa qualidade, com classificação
do Tipo A1, a estação de tratamento apresenta uma sequência de
operações e processos unitários muito simples, correspondente a

|75
ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA
uma ETA do Tipo I, sendo composta apenas por uma etapa de
correção de pH (e.g., remineralização e/ou arejamento) e uma etapa
de desinfeção final, incluindo eventualmente uma etapa de
filtração. Uma vez que este tipo apresenta uma amostra muito
reduzida, apenas três elementos, não é possível realizar uma análise
estatística para a determinação de valores anómalos.
Na Figura 5.10 apresenta-se uma vista geral de uma ETA do Tipo I e
na Figura 5.11 o respetivo esquema de tratamento.

Figura 5.10 – ETA do Tipo I

Figura 5.11 – Esquema de tratamento de ETA do Tipo I


(Fonte: AdP – Águas de Portugal, S.A.)

A amostra final de ETA do Tipo I inclui dois elementos na função de


custo de construção civil (Figura 5.12a) e inclui três elementos na
função de custo de equipamento eletromecânico e instalações
elétricas (Figura 5.12b), devido ao elemento com reabilitação
integral de equipamentos. O custo de construção civil inclui os
custos de estaleiro, arranjos exteriores e terraplenagem.
O domínio de aplicação das funções de custo compreende caudais
entre 26 l/s e 556 l/s. A utilização das funções de custo fora do
domínio de aplicação deve ser efetuada com parcimónia e apenas

|
76 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
dentro do domínio de extrapolação alargado até valores de caudal
entre 15 l/s e 600 l/s, representando este valor um acréscimo de
cerca de 20% do limite superior do domínio da amostra. Os
intervalos de extrapolação são representados a sombreado na
Figura 5.12.
A realizarem-se estimativas de custo fora do domínio de
extrapolação, recomenda-se que sejam efetuadas da seguinte
forma:
 para valores de caudal inferiores a 15 l/s, adotar o custo
total correspondente ao limite inferior do intervalo de
extrapolação (i.e., o custo total, em euros, associado ao
caudal de 15 l/s);
 para valores de caudal superiores a 600 l/s, adotar o custo
unitário correspondente ao limite superior do intervalo de
extrapolação (i.e., o custo unitário, em €/(l/s), associado ao
caudal de 600 l/s).
Saliente-se que estas extrapolações contemplam erros de avaliação,
por defeito ou por excesso, que podem ter alguma expressão, só
devendo ser adotadas em casos excecionais.
A Figura 5.13(a) apresenta o custo total unitário de construção de
estações de tratamento de água do Tipo I e a Figura 5.13(b) o custo
total de construção, ambas em função do caudal a tratar.

|77
ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA
(a)

Custo unitário de construção civil, C cc [k€/(l/s)]


4
Elementos da amostra (n=2)
Curva de regressão (Ccc )

3
2

-0,45
Ccc = 11,217 Q

2
R =1
1
0

0 100 200 300 400 500 600


Caudal, Q (l/s)

(b)
5
Custo unitário de equipamento eletromecânico

Elementos da amostra (n=3)


Curva de regressão (Ce)
e instalações elétricas, C e [k€/(l/s)]
4
3
2

-0,766
Ce = 60,540 Q

2
R = 0,95
1
0

0 100 200 300 400 500 600


Caudal, Q (l/s)

Figura 5.12 – Custo unitário de construção de ETA do Tipo I: (a) construção civil; (b)
equipamento eletromecânico e instalações elétricas

|
78 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a)

10
Total (Ctu)
Construção civil
Custo unitário de construção

Equipamento e instalações elétricas


de ETA Tipo I [k€/(l/s)]
6
4

-0,612
Ctu = 54,701 Q

2
R = 0,98
2
0

0 100 200 300 400 500 600

Caudal, Q (l/s)

(b)
700

Total (Ct)
Custo de construção de ETA Tipo I (k€)
600

Construção civil
Equipamento e instalações elétricas
500

0,388
Ct = 54,701 Q
400
300
200
100
0

0 100 200 300 400 500 600

Caudal, Q (l/s)

Figura 5.13 – ETA do Tipo I: (a) custo unitário; (b) custo de construção

5.4.3. ETA Tipo II


A grande maioria das ETA construídas em Portugal são do Tipo II, o
que também se verifica na amostra analisada. A linha de tratamento
da fase líquida mais frequentemente implementada é constituída
por uma etapa de correção de pH e remineralização, seguida de
coagulação/floculação, decantação (ou, menos frequentemente,
flotação), filtração em areia e, por fim, desinfeção final. Neste nível
de tratamento é possível a existência de tratamentos com base em
injeção de carvão ativado em pó (GAP) e sistemas de pré-oxidação.

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA |79


A maior parte das ETA possui ainda uma linha de tratamento das
lamas produzidas (lamas químicas), composta por uma etapa de
espessamento, seguida de desidratação mecânica das lamas,
geralmente realizada em centrífugas ou filtros prensa.
Na Figura 5.14 apresenta-se uma vista geral de uma ETA do Tipo II e
na Figura 5.15 o respetivo esquema de tratamento.

Figura 5.14 – ETA do Tipo II (Fonte: AdP – Águas de Portugal, S.A.)

Figura 5.15 – Esquema de tratamento de ETA do Tipo II

Para as ETA deste tipo é frequente existirem casos em que é


aplicada uma etapa de pré-oxidação. Quando esta etapa é realizada
por pré-ozonização, os custos de construção são mais elevados, pelo
que a existência desta tecnologia em alguns elementos da amostra
pode explicar a grande variabilidade de custo deste tipo de ETA
(Figura 5.16). Deste modo, foram obtidas funções de custo em
separado para as ETA do Tipo II sem e com etapa de pré-ozonização.

|
80 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
80
Tipo II com pré-ozonização (n=8)
Tipo II sem pré-ozonização (n=18)
Custo unitário total [k€/(l/s)]
60
40
20
0

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550
Caudal (l/s)

Figura 5.16 – Amostra final (construção civil, equipamento e instalações elétricas)


de ETA do Tipo II com e sem a etapa de pré-ozonização

ETA Tipo II sem a etapa de pré-ozonização


Para instalações sem a etapa de pré-ozonização, apresenta-se na
Figura 5.17(a) o custo unitário de construção civil e na Figura 5.17(b)
o custo unitário de equipamento eletromecânico e instalações
elétricas de estações de tratamento de água do Tipo II, em função
do caudal de água a tratar. O custo de construção civil inclui também
os custos de estaleiro, arranjos exteriores e terraplenagem.
Na Figura 5.18(a) apresenta-se o custo total unitário de construção
de estações de tratamento de água do Tipo II e na Figura 5.18(b) o
custo total de construção, ambas em função do caudal de água a
tratar.
O domínio de aplicação das funções de custo compreende caudais
entre 20 e 222 l/s. A utilização das funções de custo fora do domínio
de aplicação deve ser efetuada com parcimónia e apenas dentro do
domínio de extrapolação alargado até valores de caudal de 250 l/s.
Os intervalos de extrapolação são representados a sombreado
cinzento na Figura 5.17 e na Figura 5.18.
A realizarem-se estimativas de custo fora do domínio de
extrapolação, recomenda-se que sejam efetuadas da seguinte
forma:
 para valores de caudal inferiores a 20 l/s, adotar o custo
total correspondente ao limite inferior do intervalo de
extrapolação (i.e., o custo total, em euros, associado ao
caudal de 20 l/s);

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA |81


 para valores de caudal superiores a 250 l/s, adotar o custo
unitário correspondente ao limite superior do intervalo de
extrapolação (i.e., o custo unitário, em €/(l/s), associado ao
caudal de 250 l/s).
Saliente-se que estas extrapolações contemplam erros de avaliação,
por defeito ou por excesso, que podem ter alguma expressão, só
devendo ser adotadas em casos excecionais.
(a)
40
Custo unitário de construção civil, C cc [k€/(l/s)]

Elementos da amostra (n=15)


Curva de regressão (Ccc )
Curvas de predição (5-95%)
30

-0,51
Ccc = 114,664 Q

2
R = 0,43
20
10
0

0 50 100 150 200 250


Caudal, Q (l/s)

(b)
40
Custo unitário de equipamento eletromecânico

Elementos da amostra (n=15)


Curva de regressão (Ce)
e instalações elétricas, C e [k€/(l/s)]

Curvas de predição (5-95%)


30

-0,902
20

Ce = 560,455 Q

2
R = 0,84
10
0

0 50 100 150 200 250


Caudal, Q (l/s)

Figura 5.17 – Custo unitário de construção de ETA do Tipo II sem pré-ozonização:


(a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações elétricas

|
82 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a)

70
Total (Ctu)
60 Construção civil
Custo unitário de ETA Tipo II

Equipamento e instalações elétricas


sem pré-ozonização [k€/(l/s)]
50
40

-0,7
Ctu = 505,204 Q
30

2
R = 0,72
20
10
0

0 50 100 150 200 250

Caudal, Q (l/s)

(b)
4000
Custo de ETA Tipo II sem pré-ozonização (k€)

Total (Ct)
Construção civil
Equipamento e instalações elétricas
3000

0,3
Ct = 505,204 Q
2000
1000
0

0 50 100 150 200 250

Caudal, Q (l/s)

Figura 5.18 – ETA do Tipo II sem pré-ozonização: (a) custo unitário;


(b) custo de construção

ETA Tipo II com a etapa de pré-ozonização


Para instalações com a etapa de pré-ozonização, apresenta-se na
Figura 5.19(a) o custo unitário de construção civil e na Figura 5.19(b)
o custo unitário de equipamento eletromecânico e instalações
elétricas de estações de tratamento de água do Tipo II em função
do caudal. O custo de construção civil inclui também os custos de
estaleiro, arranjos exteriores e terraplenagem.

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA |83


(a)

100
Custo unitário de construção civil, C cc [k€/(l/s)]
Elementos da amostra (n=8)
Curva de regressão (Ccc )

80
Curvas de predição (5-95%)

60

-0,828
Ccc = 843,640 Q
40

2
R = 0,45
20
0

0 100 200 300 400 500


Caudal, Q (l/s)

(b)
40
Custo unitário de equipamento eletromecânico

Elementos da amostra (n=8)


e instalações elétricas, C e [k€/(l/s)]

Curva de regressão (Ce)


Curvas de predição (5-95%)
30

-0,568
Ce = 206,788 Q
20

2
R = 0,57
10
0

0 100 200 300 400 500


Caudal, Q (l/s)

Figura 5.19 – Custo unitário de construção de ETA do Tipo II com pré-ozonização:


(a) construção civil; (b) equipamento eletromecânico e instalações elétricas

Na Figura 5.20(a) apresenta-se o custo total unitário de construção


de estações de tratamento de água do Tipo II com a etapa de pré-
ozonização e na Figura 5.20(b) o custo total de construção, ambas
em função do caudal.

|
84 CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURAS ASSOCIADAS AO CICLO URBANO DA
ÁGUA
(a)

100
Total (Ctu)
Construção civil
80
com pré-ozonização [k€/(l/s)]
Custo unitário de ETA Tipo II

Equipamento e instalações elétricas


60
40

-0,713
Ctu = 919,360 Q

2
20

R = 0,55
0

0 100 200 300 400 500

Caudal, Q (l/s)

(b)
8000
Custo de ETA Tipo II com pré-ozonização (k€)

Total (Ct)
Construção civil
Equipamento e instalações elétricas
6000

0,287
Ct = 919,360 Q
4000
2000
0

0 100 200 300 400 500

Caudal, Q (l/s)

Figura 5.20 – ETA do Tipo II com pré-ozonização: (a) custo unitário;


(b) custo de construção

O domínio de aplicação das funções de custo compreende caudais


entre 63 e 500 l/s. A utilização das funções de custo fora do domínio
de aplicação deve ser efetuada com parcimónia e apenas dentro do
domínio de extrapolação alargado até valores de caudal iguais a
20 l/s. O intervalo de extrapolação é representado nas figuras pelo
sombreado cinzento.

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA |85


A realizarem-se estimativas de custo fora do domínio de
extrapolação, recomenda-se que sejam efetuadas da seguinte
forma:
 para valores de caudal inferiores a 20 l/s, deve ser utilizado
o custo total correspondente ao limite inferior do intervalo
de