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A prima é "Criança encantadora", meiga e educada ("Em quem eu noto a mais sincera
estima / E a mais completa e séria educação"); é cuidadosa, dizendo ao primo "Apaga o teu
cachimbo junto às eiras"; brincalhona e vaidosa ("Colhe-me uns brincos rubros nas ginjeiras!"),
querendo enfeitar-se, como qualquer criança, com as ginjas; adora a natureza, aprecia o ritmo
dos trabalhos do campo ("Quanto me alegra a calma das debulhas!") e respeita a natureza no
seu todo, desviando-se das formigas para não as pisar ("Tu não as esmagares contra o solo!").
Usa "um chapéu de palha, desabado" e apoia-se no cabo de uma sombrinha.
O episódio das formigas pode ser visto como uma espécie de alegoria: as formigas "em
sociedade, espertas, diligentes" são uma metáfora do trabalho, da dedicação em prol da
comunidade e também do campo, enquanto o sujeito poético "ocioso, inútil, fraco / (...) de
jasmim na casa do casaco / E de óculo deitado a tiracolo!" poderá ser entendido como a
metáfora de cigarra, que canta no verão e, no inverno, quer viver à custa dos outros,
chegando, por vezes, a sucumbir... O sujeito poético, pelas características que apresenta, pode
também ser o símbolo da cidade.