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DIREITO AMBIENTAL

PREPARATÓRIO PROMOTOR DE JUSTIÇA


Prof. Daniel Martini
Promotor de Justiça, Coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente
Master Direito Ambiental Internacional – CNR – ROMA/ITÁLIA -2008/2009;
Doutor em Direito Ambiental – Universidade de Roma3/ITÁLIA – 2008/2013
Professor de Direito Ambiental.
danielmartini@mprs.mp.br
Princípios de Direito Ambiental
• Princípio da Responsabilidade (art. 225, § 3º, CF – tríplice
responsabilidade)
– Sua premissa básica é: quem causa dano ao meio ambiente deve por ele
responder, ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas. É
aplicado como corolário da gestão antecipatória do risco ambiental, já que,
sem possibilidade de reparação do dano, as ações de precaução e
prevenção teriam pouca ou nenhuma utilidade. A responsabilização supõe
o reconhecimento de uma nova face da responsabilidade civil em matéria
ambiental: trata-se de reparar prevenindo.
REGIMES DE RESPONSABILIDADE
PELO DANO AMBIENTAL
• CF: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

• § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
REGIMES DE RESPONSABILIDADE
PELO DANO AMBIENTAL
LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o
não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos
causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a
1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de
reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já
tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos
oficiais de crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.
REGIMES DE RESPONSABILIDADE
PELO DANO AMBIENTAL
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente.
REGIMES DE RESPONSABILIDADE
PELO DANO AMBIENTAL
• “ A Tríplice Responsabilização
• “A CF/88 não se contentou com a mera reparação do dano, embora
essa também seja uma das tônicas da Lei dos Crimes Ambientais. O
art. 225, § 1º, na esteira do que já apregoava o art. 14, § 1º, da Lei
6938/81, enfatiza a possibilidade de o poluidor ser simultaneamente
responsabilizado nas esferas civil, administrativa e penal, o que desde
já exclui a conclusão de que o poluidor que posteriormente veio a
reparar o dano está isento das sanções de índole penal.”
(Marchesan, Steigleder e Cappelli, p. 226 – 6ª ed.)
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.198.727 - MG (2010/0111349-9)
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN – julgado em 14/08/12,
mas publicado em 09/052013
• .....
• 4. De acordo com a tradição do Direito brasileiro, imputar
responsabilidade civil ao agente causador de degradação ambiental
difere de fazê-lo administrativa ou penalmente. Logo, eventual absolvição
no processo criminal ou perante a Administração Pública não influi, como
regra, na responsabilização civil, tirantes as exceções em numerus clausus
do sistema legal, como a inequívoca negativa do fato ilícito (não
ocorrência de degradação ambiental, p. ex.) ou da autoria (direta ou
indireta), nos termos do art. 935 do Código Civil.
Pontos de contato entre as
instâncias na Lei 9605/98
• Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que
possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação
de fiança e cálculo de multa.
• Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível
poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o
contraditório.
Pontos de contato: Lei 9605/98
• Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de
26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a
prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo
em caso de comprovada impossibilidade.
• Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-
se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes
modificações:
• I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido
no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano
ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL
CF, art. 225, § 3º:

“As condutas e atividades consideradas


lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados .”
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REGIMES DE RESPONSABILIDADE PELO DANO
AMBIENTAL
LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981

Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados
pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000
(mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência
§ 1º -conforme
específica, Sem obstar a aplicação
dispuser dasvedada
o regulamento, penalidades previstas
a sua cobrança nesteseartigo,
pela União é oaplicada
já tiver sido
pelo Estado, obrigado,
poluidor Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
crédito;
IV -propor ação
à suspensão dedesuaresponsabilidade
atividade. civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente.

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RESPONSABILIDADE PENAL
• Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

“Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências.”
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Lei 9605/98 - Art. 2°
“Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta
Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem
como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o
auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo
da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia
agir para evitá-la.”

-1ª parte: repete o artigo 29,”caput”, do CP – aplicação subsidiária, por força


do artigo 79 da LCA

- 2ª parte: omissão penalmente relevante – art. 13, § 2º, a, do CP: dois


requisitos: conhecimento da existência do crime e poder de evitá-lo.

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Requisitos para a responsabilização
do garante

– Conhecimento real ou potencial sobre a


situação de risco
– Dever jurídico de opor-se ao crime
– Poder de agir
– Vontade de permanecer inativo
Art. 3°
“As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto
nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida
por decisão de seu representante legal ou contratual,
ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das


pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.”

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Responsabilidade Penal da PJ
• Requisitos:
– Deliberação no âmbito da pessoa jurídica (decisão do dirigente);
– Interesse ou benefício da pessoa jurídica;
– Autor material vinculado à pessoa jurídica (deve ser identificado
na denúncia)- ??????;
– Utilização da estrutura (poderio) da pessoa jurídica;
– Atuação na esfera das atividades da pessoa jurídica.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 548.181 PARANÁ
• 06/08/2013
• PRIMEIRA TURMA RELATORA : MIN. ROSA WEBER
• RECTE.(S) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA
REPÚBLICA
• RECDO.(A/S) :PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS
• EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL. CRIME AMBIENTAL.
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA. CONDICIONAMENTO DA AÇÃO
PENAL À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO CONCOMITANTE DA PESSOA FÍSICA QUE
NÃO ENCONTRA AMPARO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. O art. 225, § 3º, da
Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por
crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese
responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária
dupla imputação.
Responsabilidade Civil Ambiental
• A responsabilidade civil é forma de proteger a autonomia privada dos
indivíduos, com o estabelecimento de limites externos.

• A ambiental está baseada no princípio da co-responsabilidade (art. 225) e


na funcionalização da autonomia privada
RESPONSABILIDADE CIVIL
• Fundamento: art. 225, parágrafo 3º, da CF, que recepcionou o artigo 14, parágrafo
1º da Lei 6938/81.
• Regime: responsabilidade objetiva
• teoria do risco integral [não admite excludentes],
• teoria do risco criado [causalidade adequada – admite excludentes].
• Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
• Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.
Pressupostos para a
Responsabilidade Ambiental
Ação ou Omissão
Nexo Causal
Dano
Responsabilidade Civil Ambiental
• Amplitude do conceito de dano ambiental
– art. 3º, II e III, Lei nº 6.938/81
– art. 14, Lei Estadual nº 11.520/2000
Responsabilidade Civil Ambiental
• Dano ambiental
– conteúdo ambivalente - significa tanto as alterações quanto os efeitos
que provoca
– Prieur - danos ecológicos propriamente ditos e danos individuais
– é autônomo em relação aos danos privados
– está indicado pelo artigo 3º, II e III, LPNMA
– “(...) deve ser compreendido como toda lesão intolerável causada por
qualquer ação humana ao meio ambiente, diretamente (...) e
indiretamente, a terceiros (...)” Morato Leite
Responsabilidade Civil Ambiental
• Dano material e imaterial (aí incluídos os danos transitórios, remanescentes
e a mais-valia ambiental)

• Dano moral difuso (dano reflexo)


– FUNDAMENTOS - art. 5º, V e X, CF; art. 6º, VI, CDC; Súmula 37 do STJ; Lei
8.884/94; Lei 7347/85 (ACP) – art. 1º
– “é a injusta lesão da esfera moral de uma dada comunidade, ou seja, é a violação
antijurídica de um determinado círculo de valores coletivos (...)” Bittar Fº
– dano moral ambiental - repara-se o sofrimento, dor, desgosto de diversas pessoas
dispersas
Dimensão Material do Dano Ambiental
• Perda ou diminuição da qualidade ambiental
• Alteração adversa das características do meio ambiente
• Violação dos padrões de emissão de poluentes
Responsabilidade Civil Ambiental
• Formas de reparação
– reparação in natura e in situ
• Art. 2º da Lei 9985/2000:
• XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais
próximo possível da sua condição original;
• XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma
condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;
• art. 225, § 1º, I - restaurar os processos ecológicos
• arts. 2º, VIII, e 4º, VI, LPNMA
• Lei nº 9.605/98
Responsabilidade Civil Ambiental
– compensação ecológica
• art. 84, CDC - resultado prático equivalente + art. 497 NCPC

– indenização
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.198.727 - MG (2010/0111349-9)
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN – julgado em 14/08/12,
mas publicado em 09/052013

• 3. Ao responsabilizar-se civilmente o infrator ambiental, não se deve


confundir prioridade da recuperação in natura do bem degradado com
impossibilidade de cumulação simultânea dos deveres de repristinação
natural (obrigação de fazer), compensação ambiental e indenização em
dinheiro (obrigação de dar), e abstenção de uso e de nova lesão
(obrigação de não fazer).
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.198.727 - MG (2010/0111349-9)
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN – julgado em 14/08/12,
mas publicado em 09/052013

• 9. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura


bis in idem, porquanto a indenização, em vez de considerar lesão
específica já ecologicamente restaurada ou a ser restaurada, põe o foco
em parcela do dano que, embora causada pelo mesmo comportamento
pretérito do agente, apresenta efeitos deletérios de cunho futuro,
irreparável ou intangível.
Dimensão Extrapatrimonial do Dano
• Art. 1º, Lei 7347/85
• Lesão à qualidade de vida humana, bem-estar, sossego
• Lesão a valores imateriais significativos para a comunidade
• Lesão ao valor intrínseco do meio ambiente (valor de
existência)
Dimensão Extrapatrimonial do Dano
• Dano ambiental moral ambiental coletivo (injusta lesão da esfera moral
de uma determinada comunidade: diminuição de bem estar, da qualidade
de vida da coletividade, decorrente de uma degradação, ou destruição de
bens do patrimônio histórico-cultural).

• Dano ao valor de existência dos elementos naturais, decorrente do tempo


necessário à regeneração natural do próprio ambiente a partir da
percepção do seu valor intrínseco.
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.198.727 - MG (2010/0111349-9)
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN – julgado em 14/08/12,
mas publicado em 09/052013

• 10. Essa degradação transitória, remanescente ou reflexa do meio ambiente


inclui:
• a) o prejuízo ecológico que medeia, temporalmente, o instante da ação ou
omissão danosa e o pleno restabelecimento ou recomposição da biota, vale dizer,
o hiato passadiço de deterioração, total ou parcial, na fruição do bem de uso
comum do povo (= dano interino ou intermediário ), algo frequente na hipótese,
p. ex., em que o comando judicial, restritivamente, se satisfaz com a exclusiva
regeneração natural e a perder de vista da flora ilegalmente suprimida,
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.198.727 - MG (2010/0111349-9)
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN – julgado em 14/08/12,
mas publicado em 09/052013

• b) a ruína ambiental que subsista ou perdure, não obstante todos os esforços de


restauração (= dano residual ou permanente ), e
• c) o dano moral coletivo . Também deve ser reembolsado ao patrimônio público e
à coletividade o proveito econômico do agente com a atividade ou
empreendimento degradador, a mais-valia ecológica ilícita que auferiu (p. ex.,
madeira ou minério retirados irregularmente da área degradada ou benefício com
seu uso espúrio para fim agrossilvopastoril, turístico, comercial).
Nexo de Causalidade
Funções da Causalidade
• Imputação do dano ao responsável
• Limitar o dever de ressarcir ao dano “causado”
Teorias do Risco
Teoria do Risco Integral
• Causa é toda condição sem a qual o dano não se teria produzido (conditio
sine qua non)
• Causa = Condição
• Não admite excludentes
• (Benjamin, Édis Milaré, Nelson Nery jr., José Afonso, outros).
STJ - Resp 650.728/SC
“Processual civil e ambiental. Natureza jurídica dos manguezais e
marismas....
13. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental,
equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa
fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que façam, e
quem se beneficia quando outros fazem”.
Teoria do Risco Criado
• Teoria da Causalidade Adequada : Uma condição deve ser
considerada causa de um dano quando constituir uma consequência
normal, típica, provável daquela
• Identifica como causa aquela em condições de efetivamente produzir
o dano
• Admite excludentes de causalidade (caso fortuito, força maior)
Agentes Responsáveis
O Poluidor
• Art. 3º, inc. IV, Lei 6938/81
• Responsabilidade direta e indireta
• Pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado
• Solidariedade : arts. 258, 259 e 942 CC/2002
• Financiador: STJ 1071741/SP
STJ - RESP 647-493-SC
• “(...)5. Havendo mais de um causador de um mesmo dano ambiental,
todos respondem solidariamente pela reparação, na forma do art.
942 do Código Civil. De outro lado, se diversos forem os causadores
da degradação ocorrida em diferentes locais, ainda que contíguos,
não há como atribuir-se a responsabilidade solidária adotando-se
apenas o critério geográfico...”
Adquirente de Áreas Degradadas
• Obrigação propter rem decorrente da função social da propriedade
• Dever de evitar o agravamento do dano ambiental
• Responsabilidade pela situação do bem ambiental
NATUREZA DA OBRIGAÇÃO
• Trata-se de obrigação propter rem
– Recai sobre uma pessoa por força do direito real
– Fundamentos:
• CF, art. 5º . XXII e XXIII (dto de propriedade e função social)
• CC, art. 1228
• Estatuto da Terra (função social da propriedade)
• Novo Código Florestal (art. 7º, § 2º e 66, § 1º).
Responsabilidade do Estado
por dano ambiental
Responsabilidade por Ação
• Direito fundamental à boa administração pública
• Responsabilidade objetiva
• Arts. 37, par. 6, CF/88, e art. 14, par. 1º., Lei 6938/81
• Concessão de serviço público: responsabilidade objetiva e solidária entre
Concessionária e Poder Concedente (Resp. 28.222- STJ)
Responsabilidade por omissão
• Teoria do risco administrativo
• Leme Machado, Morato Leite, Juarez Freitas
• Responsabilidade indireta: conceito de poluidor - art. 3, IV, Lei
6938/81
• Admite excludentes de causalidade
Responsabilidade por omissão
TRÊS SITUAÇÕES:
– deficiência da fiscalização – resp. subj. (teoria do risco administrativo
– art. 37, § 6º, da CF)
– licenciamento ou autorização que cause um dano: responsabilidade
objetiva.
– Omissão nas prestações positivas: resp. obj.
• Mancuso, Machado e Milaré: sempre objetiva
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• Fundamento comum:
• CF: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
• § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• Lei 6938: Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos
inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os
transgressores:
• I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a
1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de
reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já
tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
• III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de
crédito;
• IV - à suspensão de sua atividade.
• § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente
e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• Fundamento específico:
• Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
• IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

• Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
• § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar
processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem
como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• § 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às
autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de
polícia.
• § 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de
co-responsabilidade.
• § 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado
o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• DECRETO Nº 6.514, DE 22 DE JULHO DE 2008.
• Art. 1o Este Capítulo dispõe sobre as condutas infracionais ao meio ambiente e
suas respectivas sanções administrativas.
• Art. 2o Considera-se infração administrativa ambiental, toda ação ou omissão que
viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio
ambiente, conforme o disposto na Seção III deste Capítulo.
• Parágrafo único. O elenco constante da Seção III deste Capítulo não exclui a
previsão de outras infrações previstas na legislação.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• “A responsabilidade administrativa resulta de infração a normas administrativas
sujeitando o infrator a uma sanção de natureza também administrativa:
advertência, multa, interdição de atividade, suspensão de benefícios, etc. [...]
Fundamenta-se na capacidade que têm as pessaos jurídicas de direito público de
impor condutas aos administrados. Esse poder administrativo é inerente à
Administração de todas as entidades estatais – União, Estados, Distrito Federal e
Municípios – nos limites das respectivas competências consititucionais”.
José Afonso da Silva
REGIME DA RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• Posições:
– Não é necessária culpa lato sensu, basta o comportamento voluntário – resp.
obj. (Vladimir, Paulo Affonso e outros);
– STJ: teoria do risco – resp. objetiva, como na resp. civil.;
– Cód. Estadual: resp. objetiva.
– Isolado: Ricardo Carneiro – culpabilidade
– Dec. 6514/08: Art. 3º, § 2o A caracterização de negligência ou dolo será exigível
nas hipóteses previstas nos incisos I e II do § 3o do art. 72 da Lei no 9.605, de 12
de fevereiro de 1998. Logo, nos demais casos, resp. objetiva.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.251.697 - PR (2011/0096983-6)
RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

• 7. A questão, portanto, não se cinge ao plano da responsabilidade civil, mas da


• responsabilidade administrativa por dano ambiental.
• 8. Pelo princípio da intranscendência das penas (art. 5º, inc. XLV, CR88), aplicável
• não só ao âmbito penal, mas também a todo o Direito Sancionador, não é possível
• ajuizar execução fiscal em face do recorrente para cobrar multa aplicada em face de
• condutas imputáveis a seu pai.

• 9. Isso porque a aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da


• responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas
• deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser
• cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e
• com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.

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