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AULA

FISIOLOGIA DA CABELEIREIRO BÁSICO


FIBRA CAPILAR
INTRODUÇÃO
Olá! Nesta aula vamos falar sobre a pele e sua estrutura. O maior órgão do corpo humano e que nada
mais é do que um colchão de tripla espessura que impede a entrada de bactérias, vírus e fungos. A
pele tem três camadas:

Epiderme

Derme

Hipoderme

A epiderme, mais externa, que contribui na resistência à água, na regulação da temperatura e na


sensibilidade aos fatores externos. Ela é mais fina do que a derme e suas células se renovam conti-
nuamente.
Temos a derme, que é a camada intermediária da pele. Funciona como uma ponte, juntando os nu-
trientes da hipoderme para enviar para a epiderme. Nessa camada são encontrados os vasos sanguí-
neos e linfáticos, glândulas sudoríparas e sebáceas, terminações nervosas, nervos e folículos pilosos.
E por fim temos a hipoderme, que é a camada mais interna da pele. Consiste de veias, artérias, vasos
linfáticos, células de gordura, papila capilar e terminações nervosas. Ela desempenha funções muito
importantes, como fixar a pele aos órgãos e outras estruturas, assim como realizar a absorção térmi-
ca e mecânica.

FIBRA CAPILAR
Você sabe quais são as funções fisiológicas do cabelo? Algumas delas são de aquecimento, embele-
zamento do rosto e proteção do couro cabeludo contra os raios solares.
Folículo capilar Músculo eretor

Glândula sebácea

Glândulas sudoríparas
Papila dérmica

Capilares sanguíneos

Na cabeça humana há cerca de 100 mil folículos capilares que se desenvolvem através da derme e da
epiderme. Essa é a estrutura capilar interna.
Assim, vamos primeiro tentar entender a raiz do cabelo. Esta é a parte viva e é constituída por:
• Folículo capilar ou folículo piloso;
• Bulbo capilar;
• Papila dérmica.

O cabelo nada mais é do que uma estrutura que penetra na epiderme, chamada de folículo piloso. É
o ponto de onde o cabelo cresce, e cada folículo tem em média até 25 ciclos de vida.
O bulbo capilar está localizado dentro do folículo piloso. É no bulbo que nosso cabelo é formado. Ele
produz e distribui as células germinativas responsáveis pelo crescimento do cabelo. Para que isso
aconteça, por meio da corrente sanguínea, vasos capilares enviam para a papila dérmica os nutrien-
tes necessários para o bom desenvolvimento do cabelo.
A papila dérmica, que fica logo abaixo do bulbo capilar, é responsável pelo repasse dos nutrientes e
regula o ciclo de vida do cabelo. Ela é ricamente vascularizada, e as células que a recobrem formam
a raiz do cabelo.
Além da estrutura capilar, temos os capilares sanguíneos, que são vasos muito finos que se organi-
zam em redes complexas. Eles fazem as trocas gasosas e nutritivas para a haste capilar.
As glândulas sebáceas são anexas a cada haste capilar e secretam uma matéria oleosa, chamado
de sebo. É a produção de sebo nessa glândula sebácea que traz hidratação, oleosidade e proteção
para o couro cabeludo e para o cabelo.
Os nervos possibilitam a percepção das sensações, são responsáveis pela inervação sensitiva do
cabelo, da papila dérmica e inervação motora do músculo eretor.
E por fim temos as glândulas sudoríparas, que produzem o suor. Com isso regulam a temperatura
do organismo e do couro cabeludo, e eliminam as substâncias tóxicas. O pH dessas glândulas tem
propriedades antissépticas e antifúngicas.
COURO CABELUDO
O couro cabeludo, que é a pele da nossa cabeça, também possui uma frágil permeabilidade natural
que faz a proteção contra a entrada de agentes químicos.

Suor
Manto hidrolipídico

Gordura

Glândula sebácea

Glândulas sudoríparas

No couro cabeludo temos o manto hidrolipídico, que depende na maior parte das glândulas sebá-
ceas, pois elas produzem e desprendem, na superfície do couro cabeludo, o sebo, uma substância
gordurosa. Enquanto isso, a glândula sudorípara também envia o suor para a superfície. Então o suor
se junta ao sebo, formam uma película protetora e lubrificam o couro cabeludo.

O CABELO OU HASTE CAPILAR


Você sabe realmente o que é o cabelo ou haste capilar? O cabelo é um adendo da pele, é forte, elás-
tico e flexível. A haste capilar é a parte visível do cabelo, um longo cilindro de células queratinizadas,
formada por três camadas: a medula, o córtex, e a cutícula.
A medula fica situada no centro da fibra capilar. Somente
os cabelos mais grossos e ásperos possuem medula, sendo
assim, os cabelos mais finos não possuem. Sua função exata Medula
no cabelo humano ainda é desconhecida.
O córtex é o principal componente do cabelo. Representa
em média de 70% a 90% da fibra capilar. É constituído por
células queratinizadas, de forma quase retangular, que re- Córtex
presentam 90% do peso total do cabelo. É o córtex quem dá
sustentação à fibra capilar e é responsável pela resistência,
flexibilidade, elasticidade e cor do cabelo, pois a cor natural Cutícula
existe em função do pigmento que está presente nele.
É no córtex que ocorre a ação da maioria dos procedimentos
químicos, como coloração, permanentes e alisamentos.
Quando o córtex é degradado, ocorre a destruição da melanina, ou seja, o cabelo fica desbotado,
perdem-se proteínas, lipídios e outros componentes do cabelo.
Fibras do córtex Cutícula

Macrofibrilas

Microfibrilas

Protofibrilas

Cadeias de queratina

No córtex temos as macrofibrilas. Elas constituem-se de microfibrilas, é aqui que se encontra a me-
lanina do cabelo, que é responsável pela cor.
Microfibrilas são fibras menores, formada por algumas protofibrilas.
Protofibrilas têm formato helicoidal, como se fosse uma corda de 2 ou 3 fios trançados.
A cutícula é formada por células da matriz do cabelo que se achatam e se alongam. É constituída de
7 a 12 camadas de células sobrepostas, incolores e semelhantes a um telhado ou escamas de peixe.
A cutícula desempenha um papel muito importante para o fio de cabelo, pois resiste a forças físicas
e químicas, além de manter as fibras capilares protegidas.

Aberta Fechada
Caso seja degradada, perde seu poder de proteção e o córtex, parte interna do fio, fica desprotegido
e fragilizado. Uma cutícula saudável ou fechada é macia ao toque e torna o cabelo brilhante e sedoso.
Já a cutícula danificada ou aberta é áspera ao toque, torna o cabelo opaco e faz com que um fio de
cabelo se enrosque no outro, danificando ainda mais a fibra capilar.
Temos ainda as cadeias de queratina. São nessas ligações que acontece a coesão das fibras do
cabelo. Elas se mantêm unidas por meio de ligações químicas. Vamos conhecê-las?
As ligações hidrógenas são facilmente rompidas pela água ou pelo calor.
As ligações salinas podem ser rompidas por produtos ácidos ou alcalinos.
Também temos as pontes dissulfeto, que são mais resistentes. Para quebrá-las, é preciso usar um
agente redutor químico, como um alisante.
E para garantir a união das partes do cabelo, temos o cimento intercelular, que nada mais é do que
uma queratina flexível. O cimento intercelular é formado por uma junção de lipídeos e proteínas. Ele
participa da estabilidade e resistência natural do cabelo.
CICLO DE VIDA DO CABELO
Como muitos outros elementos da natureza, o cabelo também possui um ciclo de vida. Ele é compos-
to de três fases que se repetem continuamente por toda a vida. São elas:

Fase Fase Fase Reinício da Fase


Anágena Catágena Telógena anágena

A anágena, fase do crescimento do cabelo. Quando está nessa fase, o cabelo encontra-se em ativa
e acelerada produção no bulbo capilar. Inicia no momento que um cabelo começa a crescer, e esse
crescimento varia de 1 a 1,5 cm por mês.
A catágena, fase intermediária. Essa é a fase de transição, onde o cabelo para de crescer. É aqui que
a produção das células fica muito mais lenta para, em seguida, cessar sua produção. O cabelo fica em
média de 3 a 4 semanas nessa fase.
E a telógena, a fase de repouso. Aqui as células cessam suas atividades e o folículo descansa por um
período de 3 a 4 semanas. Então ocorre a queda do fio.
Aí começa tudo de novo. O ciclo de vida do cabelo se repete a cada quatro ou cinco anos.

COMPOSIÇÃO DO CABELO
O cabelo é composto de, aproximadamente, 91% de queratina. Essa queratina tem uma composição
de 19 aminoácidos em média. Veja a lista deles a seguir:

Alanina Fenilalanina Leucina Treonina


Arginina Glicina Lisina Tirosina
Asparagina Glutamina Metionina Triptofano
Cisteína Histidina Prolina Valina
Citrulina Isoleucina Serina
A composição química do cabelo é:
Carbono (C) 45%
Hidrogênio (H) 7%
Oxigênio (O) 28%
Nitrogênio (N) 15%

COR DO CABELO
O pigmento que define a cor do cabelo é chamado de melanina. Ela é produzida por melanócitos,
que são células especializadas em produzir a melanina encontrada no cabelo, pele e olhos. No caso
de cabelos brancos, temos a ausência da melanina.

Melanócitos

Melanina

Esses pigmentos de melanina são fabricados na raiz do cabelo e depois injetados na fibra capilar.
A melanina pode ser classificada em dois tipos, a eumelanina e a feomelanina, que representa 1%
do total do cabelo.

Eumelanina Feomelanina
Pigmentos granulosos ou eumelanina são o tipo mais comum de melanina, variam da cor marrom
ao preto. A quantidade de pigmento no cabelo muda de acordo com a genética da família. Esses pig-
mentos são granulosos e volumosos.
Já os pigmentos difusos ou feomelanina variam do vermelho ao amarelo claro e são responsáveis
pelos cabelos loiros. Esses pigmentos são menores e difusos.
O que definem a cor do cabelo são a quantidade e proporção desses dois pigmentos. A cor ruiva dos
cabelos, por exemplo, é formada pela mistura deles.

FORMAS DO CABELO
A forma do cabelo é definida no bulbo capilar e é influenciada pela genética, seja ela lisa ou crespa.
O cabelo é classificado em três formas:
• Africana, que é a forma do crespo;
• Asiática, que é a forma do liso;
• E caucasiana, que é a forma do ondulado ou enrolado.

ASIÁTICO CAUCASIANO AFRICANO


Folículo redondo a ovalado. Folículo ovalado. Folículo achatado.
Crescimento médio Crescimento médio Crescimento médio
1,4 cm/mês. 1,2 cm/mês. 0,9 cm/mês.
Raiz perpendicular. Raiz em diagonal. Raiz em paralelo.

LISO ONDULADO CRESPO

DENSIDADE DO CABELO
A densidade do cabelo é medida através da quantidade de fios por cm² do couro cabeludo, e irá mos-
trar a quantidade de cabelo existente na cabeça de uma pessoa.

PATOLOGIAS DA PELE E PELO


Algumas doenças podem afetar nosso couro cabeludo, por isso devemos saber reconhecê-las para
tomar as medidas mais apropriadas em cada caso.
Sempre que o cliente tiver algum problema no couro cabeludo devemos, com muita sutileza, aler-
tá-lo para que procure um médico dermatologista. Jamais devemos recomendar qualquer tipo de
medicamento ou pomada, assim como não podemos realizar procedimentos químicos no cliente que
apresentar alguma patologia, pois as químicas geralmente são fortes e inapropriadas para qualquer
afecção do couro cabeludo.
Entre as doenças de pele, temos a micose que é uma doença muito comum nas épocas quentes e
úmidas do ano. Atinge principalmente as crianças, sendo raros os casos em adultos. Seus principais
sintomas são coceira e, por causa disso, causa lesão e descamação do couro cabeludo. A micose
deve ser prevenida fazendo a higiene correta do couro cabeludo e evitar dormir com o cabelo molha-
do, pois esse hábito pode causar o desenvolvimento dos fungos.

A dermatite é uma doença que causa inflamação na pele, que pode causar bolhas, vermelhidão, co-
ceira, crostas e até inchaço. A dermatite, ao contrário do que muitos pensam, não é contagiosa, mas
pode gerar um desconforto em relação à outras pessoas, por preconceito.

Pediculose nada mais é do que o famoso piolho, é uma doença parasitária contagiosa que pode sur-
gir na cabeça, cílios e região pubiana. Eles se alimentam de sangue, e a mordida causa sensação de
coceira e formigamento. A falta de higiene faz com que se proliferem mais rápido. Os piolhos fêmeas
depositam seus ovos no cabelo, as famosas lêndeas, que depois de alguns dias se transformam em
pequenos piolhos. Os mais atingidos pela pediculose são as crianças. Os piolhos podem ser elimina-
dos com um pente fino, retirada das lêndeas, shampoos e alguns produtos aplicados no couro cabelo.
Nos salões de beleza, quando um cliente vai com piolho, devemos aconselhar a procurar um médico
para eliminar os parasitas.

A escabiose é popularmente conhecida como sarna. É causada por um ácaro que penetra na pele e
deposita seus ovos. Ela é uma doença transmissível através de contato direto com o doente, assim
como roupas do infectado e relação sexual. Os sintomas são coceiras, vermelhidão, crostas espessas
e dermatite generalizada.

A tricoptilose é conhecida por grande parte das mulheres como “ponta dupla”, e só é solucio-
nada com o corte de cabelo. Ela é desencadeada devido aos procedimentos químicos realizado
nos cabelos, assim como a falta de cuidados regulares como tratamento de hidratação, nutrição
e reconstrução. Sendo assim, procure sempre tratar o cabelo de suas clientes para prevenir “pon-
tas duplas ou triplas”.

Existe também a tricotilomania, que é o hábito de arrancar cabelos ou pelos do corpo, sobrancelha
e cílios. Isso pode acontecer por ansiedade, depressão, puberdade, entre outros. É preciso orientar
essas pessoas a procurar ajuda médica, como um dermatologista, psiquiatra ou um clínico geral, para
que essa compulsão seja diagnosticada o mais cedo possível.

Tricofagia, também conhecida por Síndrome de Rapunzel, é a patologia onde as pessoas acometidas
além de arrancarem os cabelos, comem. Há casos em que é necessário fazer cirurgia para a retirada
dos cabelos do estômago, pois nosso corpo não faz a digestão dos mesmos. O diagnóstico da doen-
ça é feito por médicos, por isso devemos orientá-los a buscar ajuda. As principais causas desse mal
é a ansiedade, estresse e problemas emocionais.

A alopécia é uma doença que faz com que áreas de cabelos ou pelos caiam de maneira repentina.
Elas podem ser tão acentuadas que podem deixar verdadeiros "buracos" sem pelo algum. Existem
diversos tipos de alopécia e suas principais causas são autoimune, estresse, falta de vitamina no cor-
po, tratamento com determinados medicamentos e reação a determinados produtos químicos. Essa
doença é diagnosticada e tratada por médicos.

E ficamos por aqui. Vimos bastante coisa, não é mesmo? Ser cabelereiro é muito mais do que usar a
tesoura. Bons estudos e até a próxima!

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