1
Capı́tulo 1
envolvendo uma função incógnita y = y(x) e suas derivadas, onde x é a variável independente.
1
1.2.1 Classificação
i) Quanto à ordem
A ordem de uma EDO depende da derivada de maior ordem presente na equação. Assim,
seja n a ordem da derivada de maior ordem na equação, então a EDO vai ser de ordem n.
1.2.2 Solução
A solução de uma equação diferencial é toda função y = f (x) que satisfaz a equação. A
solução geral é uma função y = f (x, C) onde C é uma constante arbitrária, que satisfaz a
equação diferencial. Uma solução particular da equação é aquela obtida da equação geral,
atribuindo um valor para C. Este valor está relacionado com a condição inicial dada. Ou
seja, qualquer que seja a condição inicial y(x0 ) = y0 encontramos um C tal que y = f (x, C)
satisfaz esta condição.
O problema:
dy = f (t, y)
dt (1.3)
y(x ) = y
0 0
é chamado de problema de valor inicial (P.V.I). Sua solução é uma função y(x) definida
no intervalo, tal que y(x0 ) e sua derivada, também estão definidos nesse intervalo e satisfazem
o sistema dado pela equação (1.3).
2
Exemplo 1.8. Dada a equação diferencial
y 0 + 2y 2 = 0 (1.4)
1
Verificar que y(x) =satisfaz a equação (1.4):
2x
Exemplo 1.9. Vamos encontrar a solução do P.V.I:
dy = e3x
dx
y( 1 ) = e
3 3
dy
A solução geral da equação = e3x é o conjunto de todas as primitivas da função f (x) = e3x ,
dx
ou seja,
e3x
Z
3x
y(x) = e dx + C = +C
3
1 e
Substituindo-se o valor de x = e y = na solução geral, obtemos
3 3
1
e e3. 3
= +C ⇒e=e+C ⇒C =0
3 3
Assim, a solução do P.V.I. é
e3x
y(x) =
3
y 0 = f (x, y) (1.5)
onde C é uma constante de integração. F(x) e G(y) são denominadas primitivas de f(x) e
g(y), respectivamente.
3
Exemplo 1.10. Dada a equação diferencial
dy x
= (1.7)
dx y
A equação (1.7) pode ser escrita da forma: ydy = xdx. Por integração:
R R
ydy = xdx
y2 x2
= + c1
2 2
y 2 − x2 = C
Fator integrante
Consiste em multiplicar a EDO por uma determinada função u(x), de modo que a equação
resultante possa ser integrável, pelo método de integração ou por separação de variáveis.
Vamos considerar equações da forma (1.8).
R
p(x)dx
Seja u(x) = e . Vamos mostrar que u(x) é um fator integrante: Observe que
Z
du R
p(x)dx d
R
=e . p(x)dx = e p(x)dx .p(x) = u(x)p(x) (1.9)
dx dx
Multiplicando a equação (1.8) por u(x):
dy
u(x) + u(x)p(x)y = q(x)u(x)
dx
du
Mas como, pela equação (1.9), u(x)p(x) = , temos:
dx
dy du
u(x) + y = q(x)u(x)
dx dx
Porém, observamos que o lado esquerdo desta equação é a derivada de um produto que pode
ser reescrito como:
d
(u(x)y(x)) = q(x)u(x)
dx
4
Integrando ambos os lados da equação:
Z
u(x)y(x) = (q(x).u(x))dx + C
dy 2
Exemplo 1.11. Encontre a solução geral + .y = x
dx x
O fator integrante é:
2 2
R
dx
u(x) = e x = e2.lnx = elnx = x2
x4
1
y(x) = +C . 2
4 x
Logo, a solução do problema é:
x2 C
y(x) = + 2
4 x
5
1.3.3 EDO Exata
A diferencial total de uma função f (x, y) é dada por:
∂f ∂f
df = dx + dy
∂x ∂y
∂f ∂f
onde e são derivadas parciais de f , por exemplo:
∂x ∂y
Seja f (x, y) = x2 + y 2 ,
∂f ∂f
= 2x e = 2y
∂x ∂y
Uma equação na forma
M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0
com df = 0, ou seja:
f (x, y) = C
∂f ∂f
= M (x, y) e = N (x, y)
∂x ∂y
∂M ∂N
=
∂y ∂x
Esta condição pode ser vista, quando usando o Teorema das Derivadas Mistas de uma função
de várias variáveis, que não será abordado aqui.
∂M ∂N
=1 ; =1
∂y ∂x
6
Agora, resolvendo o problema a partir do sistema
∂f
= M (x, y)
∂x (1.12)
∂f
= N (x, y)
∂y
f (x, y) = ex + yx − x + 3ey − 7y + C
ex + yx − x + 3y − 7y = K
1.4 Atividades
1. Resolva as seguintes equações diferenciais ordinárias, usando o método de variáveis
separáveis:
1 + y2 y2
a) y 0 = − b) e−y (1 + y 0 ) = 1 c) (1 + ex )yy 0 = ey d)(1 − y)ey y 0 + =0
xy xln(x)
7
3. Resolva as seguintes equações diferenciais exatas:
a) (4x3 y 3 + 3x2 )dx + (3x4 y 2 + 6y 2 )dy = 0 b) 3x2 y 2 dx + 2x3 ydy = 0 c)3x2 ydx +
4x3 dy = 0
d)(3x + 2y 2 )dx + 2xydy = 0 e)(2xy 3 − 2x3 y 3 − 4xy 2 + 2x)dx + (3x2 y 2 + 4y)dy = 0
Aplicações:
Um isolador cerâmico está com temperatura de 400C, quando colocado para resfriar
numa sala com temperatura de 25C. Depois de 4 minutos a temperatura do isolador é
200C. Qual é a temperatura depois de 8 minutos?
5. Um corpo de massa m cai de uma altura com velocidade v. Durante a queda, o corpo
experimenta uma resistência que é proporcional ao quadrado da velocidade. Calcule a
lei de movimento do corpo.
Extra
8
2. Resolva, a seguir as equações diferenciais lineares de 1ª ordem:
1
y 0 − y = x3
x
9
Capı́tulo 2
Definição 2.1. Uma EDO de 2ª ordem faz uma relação entre a variável independente x, a
função desconhecida y e suas derivadas y 0 e y 00 , que pode ser representada por
yg = yH + yp
|{z} |{z}
Homogenea particular
10
2.0.1 EDO Linear de 2ª ordem homogênea com coeficientes cons-
tantes
Quando a(x), b(x) e c(x) são funções constantes, isto é, a, b, c ∈ R, obtemos
ay 00 + by 0 + cy = 0 (2.4)
Para que o primeiro membro seja nulo, é necessário que, para todo x ∈ R, pelo menos um
dos fatores, seja nulo. Como a exponencial é diferente de zero, só resta admitir que se anule
o trinômio:
(ar2 + br + c) = 0 (2.5)
O que dá lugar a uma expressão do segundo grau de r, chamada equação caracterı́stica.
As raı́zes dessa equação dependem do sinal de ∆, e pode-se distinguir, assim, 3 casos:
• CASO 1: ∆ > 0 ⇒ r1 , r2 ∈ R e r1 6= r2 ;
• CASO 2: ∆ = 0 ⇒ r1 , r2 ∈ R e r1 = r2 ;
• CASO 3: ∆ < 0 ⇒ r1 , r2 ∈ C e r1 6= r2 .
Como a solução da equação depende do valor de r, teremos então 3 tipos de soluções:
• Solução para o CASO 1:
11
• Solução para o CASO 3:
Assim,
yh = eax (Dcos(bx) + Esen(bx)) (2.8)
Exemplo 2.1. y 00 − 5y 0 + 6y = 0
Consideramos y = erx :
(erx )00 − 5(erx )0 + 6(erx ) = 0
r2 erx − 5erx + 6erx = 0
erx (r2 − 5r + 6) = 0
Sendo erx 6= 0, então
r2 − 5r + 6 = 0
,→ r1 = 2 ∴ r2 = 3
Como r1 , r2 ∈ R ; r1 6= r2 , que corresponde ao CASO 1:
yh = Ay1 + By2 ; y1 = er1 x , y2 = er2 x
yh = Aer1 x + Ber2 x ; r1 = 2, r2 = 3
y = Ae2x + Be3x X
12
Método dos coeficientes a determinar
ay 00 + by 0 + cy = f (x)
y 00 + y 0 + y = ex
Solução: Como f (x) = ex , a solução particular para o problema é da forma yp (x) = Aex ,
onde A é a constante a ser determinada. Assim, para determinarmos o valor de A, basta
substituir yp (x) na equação.
y 00 − y 0 + y = x2 ex
Solução: Note que, f (x) = x2 ex é uma combinação linear entre a função exponencial e um
polinômio de grau 2. Dess modo, yp (x) tem a mesma forma, ou seja, yp (x) é dada por
combinação entre a função exponencial ex com um polinômio de grau 2 a + bx + cx2 , onde
os valores de a, b, c ∈ R são as constantes a serem determinadas.
Sendo yp (x) = (a + bx + cx2 )ex temos que:
13
Substituindo na equação (2), temos:
ay 00 + by 0 + cy = f (x) (2.9)
onde y1 (x) e y2 (x) são duas soluções linearmente independentes da equação (2.10).
A solução particular yp (x) é obtida, a partir da solução homogênea dada pela equação
(2.11), onde consideramos os coeficientes A e B funções variáveis de x, ou seja:
supondo que na derivada de ordem 2 de yp (x) não tenhamos derivada de segunda ordem de
A(x) e B(x), então:
A0 (x)y1 + B 0 (x)y2 = 0 (2.14)
14
Calculando a derivada de segunda ordem yp (x), a partir da equação (2.15), obtemos:
(A0 (x)y10 + A(x)y100 + B 0 (x)y20 + B(x)y200 ) + b(A(x)y10 + B(x)y20 ) + c(A(x)y1 + B(x)y2 ) = f (x)
15
Exemplo 2.4. Determine a solução geral da seguinte EDO:
y 00 + y = x
y 00 + y = 0
W (y1 , y2 )(x) = 1
Com isso, Z Z Z
y2 f (x) y2 f (x)
A(x) = − dx = − dx = − (senx)xdx
W (y1 , y2 ) 1
Z Z
A(x) = − xsenxdx = −(−xcosx) − cosxdx = xcosx − senx
Cálculo de B(x):
Z Z Z Z
y1 f (x) y1 f (x)
B(x) = dx = = (cosx)xdx = xcosxdx
W (y1 , y2 ) 1
Z
B(x) = (xsenx) − senxdx
16
Portanto,
yp (x) = (xcosx − senx)cosx + (xsenx + cosx)senx
yp (x) = xcos2 x − senxcosx + xsen2 x + senxcosx
yp (x) = x(cos2 x + sen2 x)
yp (x) = x
Note que esta solução também poderia ser obtida, utilizando o método dos coeficientes a
determinar.
2.1 Atividades
1) Resolva os seguintes itens:
b) Verifique que y(x) = c1 y1 (x) + c1 y2 (x), onde c1 e c2 são constantes reais, é solução da
equação diferencial anterior.
y 00 + 4y 0 + 13y = 0
a) y 00 + 9y = tg(3x)
4
b) y 00 − 3y 0 + 2y =
1 + e−x
c) y 00 + 5y 0 + 6y = x
d) y 00 + y = xex
e) y 00 + y = ex senx
17
4 Utilizando o método de variação de parâmetros, resolva o seguinte PVI:
onde cada função aij (x) é conhecida e cada função yi é uma função incógnita.
Na forma matricial,
y10 a11 (x) ... a1n (x) y1 f1 (x)
y20 a (x) ... a (x)
21 2n
y2 f (x)
2
= + . . (2.20)
.. .
.. . .. .. .. ..
.
.
.
yn0 an1 (x) ... ann (x) yn fn (x)
18
O caso particular, em que os coeficientes da matriz A são constantes, temos em (1), um
sistema de EDO’s de primeira ordem linear com coeficientes constantes. Além disso, se
F = 0 temos que este sistema é homogêneo.
A priori, vamos estudar sistemas de EDO’s de primeira ordem, onde os coeficientes da
matriz A são constantes. Utilizando a mesma metodologia adotada para EDO’s lineares, ou
seja, vamos procurar soluções do sistema homogêneo associado, em seguida, encontrar uma
solução particular do sistema.
temos que
x(t) = −e2t e y(t) = 2e2t
19
é vetor solução do sistema de equações diferenciais. Outro vetor solução é:
x(t) −e−t
Y (t) = =
y(t) e−t
De forma resumida, o sistema linear dado pela equação (2.24), representa uma trans-
formação linear, em que a matriz dessa transformação é definida por A. Por este ponto de
vista, o primeiro passo a ser tomado, consiste na diagonalização dessa matriz utilizando a
teoria dos autovalores e autovetores.
Isso significa que para reescrever a equação matricial (2.26) para equação (2.27), deve-se
subtrair o parâmetro λ dos elementos da diagonal da matriz A.
20
No nosso exemplo, temos que A é dada por:
1 3
A= (2.28)
3 1
Como o sistema é homogêneo, ele possui pelo menos uma solução, que é a trivial, como
desejamos soluções não triviais, o sistema de equações definido por
1−λ 3 x(t) 0
(A − λI)u = = , (2.30)
3 1−λ y(t) 0
deve ser indeterminado, o que é caracterizado pelo determinante da matriz sendo 0, ou seja,
1−λ 3
det =0 (2.31)
3 1−λ
Au = λu ⇒ Au = −2u. (2.33)
21
1−λ 3 x(t) 0 3 3 x(t) 0
= ⇒ = (2.35)
3 1−λ y(t) 0 3 3 y(t) 0
que nos fornece a relação 3x(t) + 3y(t) = 0, o que implica y(t) = −x(t).
Agora, lembramos que o o vetor u(t) é escrito da forma:
x x 1
u(t) = = = x (2.36)
y −x −1
1−λ 3 x(t) 0 −3 3 x(t) 0
= ⇒ = (2.38)
3 1−λ y(t) 0 3 −3 y(t) 0
que nos fornece a relação −3x(t) + 3y(t) = 0, o que implica y(t) = x(t).
Novamente o vetor v(t) é escrito da forma:
x x 1
v(t) = = = x (2.39)
y x 1
A = P DP −1 ⇒ P −1 A = DP −1 .
22
onde Ȳ = P −1 Y . A equação (2.43) significa que o sistema de equações diferenciais teve uma
mudança de coordenadas, onde obtemos uma “nova”matriz para o sistema de equações, que
é definida agora pela matriz diagonal formada pelos autovalores, ou seja,
d x̄(t) −2 0 x̄(t)
= (2.44)
dt ȳ(t) 0 4 ȳ(t)
Ȳ = P −1 Y ⇒ P Ȳ = P P −1 Y ⇒ Y = P Ȳ
em que P é a ,matriz dos autovetores encontrados. Portanto, a solução geral é dada por:
x(t) 1 1 x̄(t) 1 1 c1 e−2t
= = (2.49)
4t
y(t) −1 1 ȳ(t) −1 1 c2 e
23
2.3 Exercı́cios
1) Resolva
os sistemas de equações
diferenciais:
dx dx = x + 3y
=x−y
a) dt b) dt
dy dy
=x+y
= 2x + y
dt dt
Quando não sabemos integrar uma EDO dada, ou seja, quando a solução não se enquadra
em nenhum dos outros métodos já dados, pode-se achá-la em forma de série.
Para melhor entendimento, ensinaremos esse método a partir de um exemplo prático.
d2
y(x) + ω 2 y(x) = 0
dx2
24
Utilizando o desenvolvimento em série de Taylor, suponhamos que a solução y(x) pode
ser escrita de forma: ∞
X
y(x) = an xn , ao 6= 0
n=0
Suponhamos, também, que é possı́vel derivar termo a termo dessa série. Assim, a primeira
derivada fica ∞ ∞
d d X X
y(x) = an x n = nan xn−1
dx dx n=0 n=1
∞
X
Efetuando um deslocamento do ı́ndice do primeiro somatório do tipo n → n + 2,ou seja,
n=2
substituindo n por n + 2 no primeiro termo, reescrevemos assim a EDO
∞
X
[(n + 2)(n + 1)an+2 + ω 2 an ]xn = 0
n=0
25
a4 a0
n = 4 ⇔ a6 = −ω 2 = −ω 6
5·6 6!
..
.
ω 2m+2
n = 2m ⇔ a2m+2 = (−1)m+1 a0
(2m + 2)!
onde m = 0, 1, 2... Do mesmo jeito, para n = 1, 3, 5..., teremos:
a1 a1
n = 1 ⇔ a3 = −ω 2 = −ω 2
3·2 3!
a3 a1
n = 3 ⇔ a5 = ω 2 = ω4
5·4 5!
a 5 a1
n = 5 ⇔ a7 = −ω 2 = −ω 6
7·6 7!
..
.
m ω 2m
n = 2m − 1 ⇔ a2m+1 = (−1) a1
(2m + 1)!
onde m = 1, 2, 3... Agora, substituindo o resultado encontrado na equação inicial y(x) =
X∞
an xn , temos:
n=0
∞ ∞
X ω 2m 2m X ω 2m
y(x) = (−1)m x a0 + (−1)m x2m+1 a1
m=0
(2m)! m=0
(2m + 1)!
Podemos desenvolver mais essa expressão e substituindo a0 e a1 por a e b, pois são constantes:
∞ ∞
X (ωx)2m X (ωx)2m+1
y(x) = a (−1)m +b (−1)m
m=0
(2m)! m=0
(2m + 1)!
Visto que a0 é obrigatoriamente diferente de zero, encontramos no mı́nimo uma solução para
a EDO. Considerando a1 também diferente de zero, teremos duas constantes quaisquer e
assim obtemos uma solução geral, e pode ser escrita também de forma
onde A e B são constante arbitrárias. As funções seno e cosseno são advindas dos desenvol-
vimentos em série de Taylor:
∞ ∞
X x2nn
X x2n+1
cosx = (−1) e senx = (−1)n
n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
26
d2
Exemplo 2.7. x2 y(x) − 2y(x) = 0
dx2
Vamos supor uma soluçào da forma:
∞
X
y(x) = an x n
n=0
∞
X
y 0 (x) = nan xn−1
n=1
∞
X
y 00 (x) = n(n − 1)an xn−2
n=2
d2
x2 y(x) − 2y(x) = 0
dx2
∞
X ∞
X
n−2
n(n − 1)an x −2 an x n = 0
n=2 n=0
∞
X ∞
X
n
n(n − 1)an x − 2(a0 + a1 x) an x n = 0
n=2 n=0
∞
X
(a0 + a1 x)(−2) + [n(n − 1) − 2]an xn = 0
n=2
y(x) = a2 x2
Porém, como já foi dito anteriormente, nem sempre o Método de Taylor será suficiente
para procurarmos solução para uma EDO.
Então, emerge assim uma pergunta: quando o desenvolvimento em série de Taylor será
conveniente para achar a solução de uma EDO?
Para responder essa pergunta, consideraremos uma equação diferencial escrita da forma:
d2 d
2
y(x) + P (x) y(x) + Q(x)y(x) = 0
dx dx
27
Definição 2.2. Ponto singular
Condição sufuciente
Se x0 é um ponto ordinário da Equação Diferencial
d2 d
2
y(x) + P (x) y(x) + Q(x)y(x) = 0
dx dx
então poderemos obter duas soluções linearmente independentes a partir do processo de
desenvolvimento por Série de Taylor.
28
Exemplo 2.8. Utilizar o método de Frobenius para discutir a seguinte equação
d2 d
x y(x) + (1 − x) y(x) − y(x) = 0
dx2 dx
Podemos observar que x = 0 é uma singularidade. Assim, consideremos a solução da
forma: ∞
X
y(x) = an xn+s
n=0
∞
X
y 0 (x) = (n + s)an xn+s−1
n=0
∞
X
y 00 (x) = (n + s)(n + s − 1)an xn+s−2
n=0
∞
X ∞
X ∞
X ∞
X
n+s−1 n+s−1 n+s−1
(n + s)(n + s − 1)an x +1 (n + s)an x −x (n + s)an x − an xn+s = 0
n=0 n=0 n=0 n=0
∞
X ∞
X
(n + s)(n + s)an xn+s−1 − an (n + s + 1)xn+s = 0
n=0 n=0
Fazendo n −→ n + 1, tem
∞
X ∞
X
2 n+s−1
(n + s) an x − an−1 (n + s)xn+s−1 = 0
n=0 n=1
∞
X ∞
X
s2 a0 xs−1 + (n + s)2 an xn+s−1 − an−1 (n + s)xn+s−1 = 0
n=1 n=1
∞
X
s2 a0 xs−1 + [(n + s)2 an − (n + s)an−1 ]xn+s−1 = 0
n=1
s2 = 0 ⇒ s1 = s2 = 0
29
Substituindo este resultado na fórmula de recorrência:
an−1
an =
n
Para encontrar a outra solução, basta fazer a redução de ordem, isto é, supor outra solução
da forma:
y2 (x) = y(x)ex
30
Capı́tulo 3
Transformada de Laplace
Z ∞
F (s) = e−st f (t)dt (3.1)
0
31
respectivamente, as funções f (t) e g(t), então
com s > a.
III) (Escala) Se a transformada de Laplace da função f (t) é F (s), então
1 s
L[f (ct)] = F ( ), (3.4)
c c
para c > 0.
A próxima propriedade a ser vista envolve a noção de função de ordem exponen-
cial.
Definição 3.1. Dizemos que uma função f (t) é de ordem exponencial γ se existem números
c, M > 0 e T > 0 tais que | f (t) |≤ M ect para todo t > T .
Após vermos está definição podemos agora estudar a nossa próxima propriedade, sobre
a transformada de Laplace da derivada f 0 (t) de uma função f (t).
IV) (Diferenciação) Seja f (t) uma função contı́nua e sua derivada f 0 (t) contı́nua por
pedaços em 0≤t≤T para T > 0. Considere f (t) de ordem exponencial quando t −→ ∞
então a transformada de Laplace da derivada f 0 (t) existe e é dada por
32
Z t
1
L[ f (τ )dτ ] = F (s), (3.8)
0 s
Rt
desde que 0
f (τ )dτ seja de ordem exponencial.
y 0 + y = 0, y(0) = 1
Portanto
dy
− dt ⇒ y(0)exp(−t) = exp(−t)
y
Note que a transformada de Laplace de y(t) não é finita para nenhum s e, por-
tanto, a transformada de Laplace não seria um instrumento útil para a resolução de equações
diferenciais, mesmo as muito simples.
33
Essa dificuldade pode ser superada considerando-se que apenas os valores de y(t)
para t ≥ 0 são de interesse, uma vez que a condição inicial é conhecida.
A função
y(t) = exp(−t)u(t)
00 2
y +y =t +1
y(0) = π 2 (3.10)
y 0 (0) = 2π
2 1
L(y 00 + y) = L(t2 + 1) ⇔ L(y 00 ) + L(y) = 3
+ (3.11)
s s
Na eq.(2.11) utilizamos da propriedade de linearidade e ainda de algumas trans-
formadas disponı́veis em livros em forma de tabela, pois como aparecem com frequência
nesse tipo de problema, a transformada já contem sua forma direta.
Ainda fazendo uso dessas transformadas que já são conhecidas, aplicaremos na
parte sobre a atuação do operador L nas derivadas obtemos a seguinte equação;
2 1 2 1
L(y 00 ) + L = + ⇔ s 2
L(y) − sy(0) − y 0
(0) + L = + (3.12)
s3 s s3 s
Usando L(y) = Y, então temos,
34
2 1 2 1 π 2 s + 2π
(s2 + 1)Y = + + π 2
⇔ Y = + + (3.13)
s3 s s3 (s2 + 1 s(s2 + 1) s2 + 1
O próximo passo para dá continuidade na resolução do nosso problema é separar
os dois primeiros quocientes da última equação em frações parciais para assim obteremos
2 −2 2 2s
= + +
s3 (s2 + 1) s s3 s2 + 1
1 1 s
= − 2
s(s2 + 1) s s +1
Assim portanto, segue:
2 2 2s 1 s π 2 s + 2π
Y=− + 3 + 2 + − 2 + 2
s s s +1 s s +1 s +1
o que equivale a:
1 2 s π 2 s + 2π
Y=− + 3 + 2 + 2 (3.14)
s s s +1 s +1
Calculando a transformada inversa, obteremos a seguinte expressão para a solução
desejada pora nosso problema de valor inicial proposto.
2
−1 −1 1 −1 2 −1 s −1 π s + 2π
y = L (Y) = −L +L +L +L
s s3 s2 + 1 s2 + 1
Logo, conforme a tabela das transformadas, temos:
Sendo assim,
y = (1 + π 2 )cos t + 2π sen t + t2 + 1
3.2 Exercı́cios
1. Encontre a transformada de Laplace para seguintes funções:
a) tn b) cos(ωt) c) sen(ωt) d) cosh(kt) e) eat cos(ωt)
√ sen(at)
f) eat sen(kt) g) t cosh(kt) h) senh(kt) i) t senh(kt) j) t h)
t
35
2. Encontre as transformadas inversas das seguintes funções:
s 1 1
a) 2 2 2 2
b) 2 2 2 2
c)
(s + a )(s + b ) (s + a )(s + b ) (s − a)(s − b)
1 1 s 2 − a2
d) e) f) 2
s(s + a)2 s(s + a) (s + a2 )
3. Use a tabela das transformadas para encontrar a transformada de Laplace das seguintes
funções:
a) cosh(t)sen(t) b) sen2 (t) c) cos2 (2t)
d) cosh2 (t) e) t sen(2t) f) sen(t) cos(t)
g)sen(t + π4 ) h) cos(2t) − cos(3t) i) sen(2t) + cos(4t)
36
Capı́tulo 4
Introdução a EDP
Então,
∂ ∂
[u(x, t)] = [T (t).V (x)] = V (x).T 0 (t)
∂t ∂t
2
∂
[u(x, t)] = T (t).V 00 (x)
∂x2
∂ ∂2
Substituindo ∂t u(x, t) e ∂x2 u(x, t) no modelo linear, temos:
37
O que quer dizer que a temperatura decrescerá exponencialmente.
V 00 (x)
ii) = −α2 ⇒ V 00 (x) = −α2 V (x)
V (x)
V 00 (x) + α2 V (x) = 0 −→ EDO Linear de segunda ordem
Usando o Método de Euler para resolver a EDO: V (x) = erx . Substituindo, temos a equação
caracterı́stica:
r 2 + α2 = 0
r2 = −α2
r = ±αi
Voltando a solução inicial:
V (x) = erx
V1 (x) = eαix e V2 (x) = e−αix
V (x) = Aeαix + Be−αix
Sendo eiαx = cos(αx) + isen(αx)
V (x) = Csen(αx) + Dcos(αx)
38
Fórmula do termo geral:
n2 π 2 nπ
un (x, t) = e− l2
Kt
sen( x)
l
Para cada valor de n, temos uma solução diferente, então a solução geral será a combinação
linear das n soluções de u(x, t).
02 π 2 0π 12 π 2 1π n2 π 2 nπ
u(x, t) = d0 e− l2
Kt
sen( x) + d1 e− l2 Kt sen( x) + ... + dn e− l2 Kt sen( x)
l l l
∞
X n2 π 2 nπ
u(x, t) = dn e− l2
Kt
sen( x) (Série de Fourier)
n=0
l
Para achar a solução, temos que achar os coeficientes dn . Para isso, usamos a condição
inicial:
u(x, 0) = f (x)
∞
X n2 π 2 nπ
u(x, 0) = dn e− l2
K.0
sen( x)
n=0
l
∞
X nπ
f (x) = dn sen( x)
n=0
l
Desenvolvendo:
1.π 2π nπ
f (x) = d0 + d1 sen( x) + d2 sen( x) + ... + dn sen( x)
l l l
39
..
.
nπ
< f (x), sen( x) >
dn = l
nπ nπ
< sen( x), sen( x) >
l l
onde Z l
nπ nπ nπ
< sen( x), sen( x) > = sen2 ( x)dx
l l 0 l
1 1
= l 1+ sen(nπ)cos(nπ)
2 nπ
40
Capı́tulo 5
Equação da onda
Dados:
• Modelo linear: utt (x, t) = c2 uxx , com 0 6 x 6 L, t > 0 e c2 = cte
• Condições iniciais: u(0, x) = f (x) e ut (0, x) = g(x), 0 < x < l
• Condições de fronteira: u(0, t) = 0 e u(l, t) = 0
Supor que a solução é da forma
Então,
utt (x, t) = T 00 (t).V (x)
T 00 (t) V 00 (x)
= =γ
K 2 T (t) V (x)
O que nos dá duas equações:
(i) T 00 (t) − γc2 T (t) = 0
(ii) V 00 (x) − γV (x) = 0
41
Resolveremos a eq. (ii) para achar o valor de γ. A equação é uma EDO linear de se-
gunda ordem, e a sua solução é dada pelo método de Euler: V (x) = erx . Substituindo em
(ii), temos a equação caracterı́stica:
√
r2 − γ = 0 ⇒ r2 = γ ⇒ r = ± γ
√
γx
V1 (x) = e
√
− γx
V2 (x) = e
Análise de γ: Para γ = −α2 :
nπ
r2 + ( )2 c2 = 0
rl
2 nπ
r = ( )2 c2
l
nπ
r=± K
l
42
Assim,
T (t) = CT1 (t) + DT2 (t)
nπc nπc
T (t) = Csen( t) + Dcos( t)
l l
Substituindo os valores de T (t) e V (x) na solução u(x) = V (x).T (t):
nπx nπK nπK
un (x, t) = Asen( ) Csen( t) + Dcos( t)
l l l
nπx nπK nπx nπK
un (x, t) = Āsen( )sen( t) + D̄sen( )cos( t)
l l l l
Desse modo, sendo a equação de onda (equação da corda vibrante), linear e homogênea, pelo
princı́pio da superposição, obtemos:
∞
X nπx nπK nπK
u(x, t) = sen( ) an cos( t) + bn sen( t)
n=1
l l l
Além disso,
∞
X nπK nπx nπK nπK
ut (x, t) = ( )sen( ) −an sen( t) + bn cos( t)
n=1
l l l l
43
2 l
Z
nπK nπ
bn ( )= g(x)sen( x)dx
l l 0 l
Z l
2 nπ
bn = g(x)sen( x)dx
nπK 0 l
Z l
nπ
f (x).sen( x)dx
l
= 0Z l
nπ
sen2 ( x)dx
0 l
44