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Estomatologia
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Estomatologia
• Realizar o exame clínico (anamnese + exame físico extra + intra bucal) e exames de imagem
(radiografia panorâmica e periapicais) para diagnosticar possíveis focos de infecção e de trauma;
• Orientação dos pacientes, familiares e/ou cuidadores sobre os possíveis efeitos adversos do
tratamento oncológico que será realizado na boca do paciente;
• Extrações dentárias de dentes sem condições de reabilitação ou dentes com potencial de gerar
processos inflamatórios ou infecciosos, como quadros de infecções nos tecidos moles adjacentes
(pericoronarite);
• Tratamento endodôntico de dentes sem vitalidade pulpar, quando houver tempo suficiente para
realizá-lo;
• Planejamento de próteses bucais e bucomaxilofaciais que visam reabilitar o defeito deixado pelo
tratamento oncológico.
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Figura 1. Aspecto clínico da cavidade bucal após tratamento cirúrgico para ressecção3 de câncer. Foi
realizada uma maxilectomia4 parcial. Logo após a cirurgia (período pós-operatório) foi instalada uma
prótese obturadora palatina.
Remoção cirúrgica
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(redução da hemoglobina, comprometendo oxigenação dos órgãos e tecidos), que pode ser brando
e passar despercebido na maioria das vezes, ou se manifestar com sintomas de tontura, fraqueza,
astenia, dor de cabeça e desânimo. A queda da contagem das células brancas (leucopenia) torna
o indivíduo mais suscetível a quadros infecciosos causados por vírus, bactérias e fungos. A queda
das plaquetas (plaquetopenia) torna o indivíduo mais propenso a sangramentos e formação de
petéquias hemorrágicas. Os quimioterápicos podem também ocasionar alterações temporárias do
paladar (disgeusia) e na função das glândulas salivares (xerostomia/hiposalivação).
Durante a radioterapia e a quimioterapia, dependendo das complicações bucais presentes,
o paciente pode referir dor intensa, dificuldade para se alimentar e realizar higiene bucal. Algumas
vezes, a ocorrência destes sintomas pode justificar a interrupção do tratamento até a recuperação
do quadro bucal, levando ao aumento do tempo de internação e do uso de narcóticos.
A imunossupressão e alteração tecidual associados aos tratamentos oncológicos
(especialmente quimio e radioterapia) predispõe o paciente a ocorrência de doenças como a
mucosite, osteonecrose, herpes simples e candidíase (Figura 2).
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• Exame clínico (anamnese + exame físico extra + intrabucal). Durante a anamnese deve-se
pesquisar qual o protocolo terapêutico que está sendo utilizado. No caso de quimioterapia é
fundamental saber qual a combinação de medicamentos e quantos ciclos que serão realizados
(protocolo de tratamento). No caso da radioterapia é importante coletar informações sobre o
tipo de radioterapia, o campo irradiado e dose total de radiação;
• Exames de imagem: serão indicados apenas quando houver queixa clínica e seja necessário
identificar focos infecciosos ou de trauma;
• Orientação de higiene bucal (escova extra-macia, dentifrício sem laurilsulfato de sódio, uso
cuidadoso do fio dental, enxaguatório oral não alcoólico , flúor tópico);
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Utilização de pedras de gelo na boca, o que leva a vasoconstrição e, consequentemente, menor chegada do quimioterápico na boca. Dessa forma, os efeitos
adversos são minimizados.
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aparecimento das lesões (sinais prodrômicos), tais como: prurido, ardência, dor e eritema na região.
Inicialmente, apresenta-se clinicamente como múltiplas vesículas, de curta duração, que se rompem
no intervalo de 24 a 48 horas formando úlceras que ressecam e tornam-se crostas. Em indivíduos
imunossuprimidos a área afetada pode ser mais extensa, apresentar maior sintomatologia e as
ulcerações podem ser mais agressivas e duradouras. Em alguns casos, estes pacientes podem
apresentar manifestação intrabucal, representada por lesões únicas ou múltiplas, ulceradas,
sintomáticas, preferencialmente em mucosas queratinizadas como as do palato duro e da gengiva.
Em relação à prevenção da reativação do herpes, tem sido recomendado o uso de aciclovir
(800mg/dia) e de valaciclovir (500mg/dia). Este protocolo é utilizado em pacientes que serão
submetidos a transplante de células tronco hematopoiéticas (transplante de medula óssea) e
que são soropositivos para o herpes simples. Não existem protocolos estabelecidos na literatura
para tratamento do herpes simples no paciente oncológico. Todavia, tem sido sugerido o uso de
antivirais tópicos ou sistêmicos, dependendo da severidade do quadro clínico. O aciclovir e o
valaciclovir são as medicações mais conhecidas. Nas infecções leves e em pacientes que não estejam
imunocomprometidos, o uso tópico pode ser efetivo. Em pacientes que estejam em tratamento
oncológico e que estejam com imunossupressão ou em casos severos da infecção, a administração
sistêmica se faz necessária e a dose depende do quadro clínico e idade/peso do paciente.
Cárie dentária
Os indivíduos que foram submetidos à radioterapia em cabeça e pescoço, assim como
quimioterapia, apresentam mais cárie no pós-operatório do que indivíduos saudáveis. Nos
pacientes submetidos à radioterapia na região de cabeça e pescoço, costuma-se utilizar o temo
cárie de radiação, que caracteriza-se por uma lesão cariosa que se instala na porção cervical dos
dentes e evolui rapidamente. A etiopatogenia envolve um efeito direto da radiação ionizante sobre
os prismas de esmalte da região cervical, causando microfraturas na região, o que favorece a
progressão rápida da doença. Além disso, redução da saliva, alteração no seu pH, e modificações na
microbiota da boca contribuem ainda mais para alta ocorrência de cárie neste grupo de pacientes.
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Osteorradionecrose
A osteorradionecrose (ORN) se caracteriza por uma área de osso exposta por, pelo
menos, 6 meses em pacientes que receberam radioterapia para câncer. É uma complicação tardia
(crônica) do tratamento radioterápico em cabeça e pescoço que gera dor e morbidade. O risco de
desenvolvimento de osteorradionecrose aumenta a medida em que aumenta a dose de radiação
administrada (cerca de 60 Gy), em casos com história de ressecção prévia do tumor, em pacientes
com higiene bucal pobre e com mal estado de conservação dos dentes.
A radiação cumulativa gera efeitos permanentes no tecido ósseo quando este está incluído
no campo irradiado, deixando-o hipocelularizado, hipovascularizado e menos oxigenado. Desta
forma, sua capacidade de reparo fica comprometida. Portanto, frente a situações de trauma
(extração dentária, colocação de implantes, procedimentos cirúrgicos, etc) pode-se deflagar o
desenvolvimento da osteorradionecrose. Contudo, em alguns casos, a doença surge de forma
espontânea.
Dentre modalidades terapêuticas das ORN pode-se destacar o tratamento conservador,
antibioticoterapia prolongada, tratamento cirúrgico, oxigenação hiperbárica, plasma rico em
plaquetas, laserterapia e, muitas vezes, a associação entre estas. Contudo, o tratamento preventivo
parece ser a opção menos lesiva de manejo dos pacientes. Em função disso, todos os pacientes que
forem realizar tratamento radioterápico em região de cabeça e pescoço devem ter uma avaliação
clínica e radiográfica prévia ao início do tratamento. Desta forma, pode-se fazer uma previsão dos
riscos durante a fase da terapia e orientar os pacientes quanto aos possíveis efeitos em boca e
planejar ações preventivas para estas complicações.
Trismo
O trismo é definido como uma contração tônica dos músculos da mastigação que resulta
na limitação da abertura de boca. Essa complicação é decorrente da radioterapia em altas doses
na região bucal e facial. O trismo tem sido associado com significativa morbidade devido ao fato
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• Exame clínico (anamnese + exame físico extra + intra bucal). Durante anamnese deve-se pesquisar
qual o protocolo terapêutico que foi utilizado. No caso de quimioterapia é fundamental saber qual
foi o protocolo utilizado. No caso da radioterapia é importante coletar informações sobre o tipo, o
campo e dose total de irradiação;
• Orientação dos pacientes, familiares e/ou cuidadores sobre os possíveis efeitos bucais tardios
do tratamento oncológico (cárie, osteorradionecrose/osteonecrose associada ao uso dos
bisfofosnatos);
• Orientação de higiene bucal (escova extra-macia, dentifrício sem laurilsulfato de sódio, uso
cuidadoso do fio dental, enxaguatório oral não alcoólico, flúor tópico);
• As exodontias devem ser evitadas nos pacientes irradiados, porém, quando forem indispensáveis,
deve-se prescrever antibiótico profilático e terapeuticamente, bem como realizar o procedimento
com o menor trauma local possível. Cabe ressaltar, que a manuteção do uso de colutórios bucais,
para minimizar os riscos de infecção, associado a uma sutura compressiva, de maneira que a
mucosa recubra todo tecido ósseo alveolar, não deixando tecido ósseo exposto, são fundamentais
para o reparo tecidual;
• Aos pacientes irradiados e que apresentem trismo, deve-se indicar a fisioterapia bucal para
reestabelecer abertura e fechamento da boca;
• Crianças poderão, após avaliação, realizar tratamento ortopédico funcional e/ou ortodôntico.
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Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de
Telessaúde Brasil Redes.
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