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Formas Farmacêuticas Derivadas

 INTRODUÇÃO

As formas farmacêuticas derivadas representam o resultado do processo de


dinamização, que consiste, basicamente, na concentração decrescente de insumos ativos
por meio de diluições seguidas de sucussões ou de triturações sucessivas. Para prepará-
las empregamos as escalas decimal, centesimal e cinquenta milesimal, e os métodos
hahnemanniano, korsakoviano e de fluxo contínuo. A tabela abaixo mostra a proporção
entre insumos ativos e inerte nas repectivas escalas.

Escalas Proporção Símbolos


Decimal 1/10 DH
Centesimal 1/100 CH
Milesimal 1/1000 LM

O método hahnemanniano (H), assim chamado por ter sido criado pelo fundador
da homeopatia, pode ser subdividido em três outros métodos:
• Método clássico ou dos frascos múltiplos, desenvolvido para preparar formas
farmacêuticas derivadas nas escalas decimal (DH) e centesimal (CH), a partir de
tinturas-mães e drogas solúveis.
• Método da trituração, desenvolvido para preparar formas farmacêuticas derivadas
nas escalas decimal (DH) e centesimal (CH), a partir de drogas insolúveis. Esse método
é utilizado também na escala cinquenta milesimal, a partir de drogas solúveis ou não.
• Método da cinquenta milesimal, específico para preparar formas farmacêuticas
derivadas na escala cinquenta milesimal (LM), a partir de drogas minerais, animais e
vegetais, estas duas últimas no estado fresco, ou, excepcionalmente, a partir de tinturas-
mães.
O método korsakoviano (K), também chamado de método do frasco único ou do
fluxo descontínuo, foi criado em 1832 por um oficial do exército russo chamado
Korsakov para simplificar o método de Hahnemann. Teve a idéia de realizar a
dinamização em um único frasco que, ao ser esvaziado, retinha nas suas paredes a
quantidade de líquido equivalente a um centésimo do volume anterior, sendo necessário
acrescentar mais 99 partes de insumo inerte e sucussionar a solução assim obtida para
alcançar a potência seguinte. Vários fatores colaboram para a indefinição da escala
(proporção entre os insumos ativo e inerte), como a viscosidade da solução, o tamanho e
a porosidade do frasco, a força empregada na dinamização etc. Portanto, o método
korsakoviano não apresenta escala definida como o hahnemanniano. Seu uso é
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consagrado para preparar altas potências com mais rapidez e quando não há número
suficiente de frascos esterilizados. Todavia, como não se trata de um método exato, sua
utilização somente se justifica em casos de urgência médica. No Brasil, esse método é
empregado para preparar formas farmacêuticas derivadas a partir da 30CH. Existe ainda
uma variante do método de Korsakov, usada nos Estados Unidos e em alguns países da
Europa, para a elaboração das formas farmacêuticas derivadas na escala decimal. Nesse
caso, apesar do frasco único, a proporção entre as quantidades dos insumos ativo e
inerte (1/10) é mantida durante todo o processo. O método korsakoviano e sua variante
na escala decimal permitem uma mistura de potências, pois usam apenas um único
frasco. Por isso, achamos mais prudente utilizar o método hahnemanniano para a escala
decimal a partir das tinturas-mães, drogas e baixas potências. O método de fluxo
contínuo (FC) surgiu com a introdução de altíssimas potências na homeopatia, por
intermédio do médico norte-americano James Tyler Kent, que, para obtê-las, projetou
um aparelho dinamizador. Mais tarde, esse aparelho foi aperfeiçoado por Skinner.
Segundo a Farmacopéia homeopática brasileira II, assim como o método
korsakoviano, o método de fluxo contínuo é empregado para a preparação de formas
farmacêuticas derivadas a partir da 30a dinamização centesimal hahnemanniana
(potência 30CH). Devido às características do método, que emprega fluxo contínuo e
constante, este também não proporciona uma escala definida.

 MONOGRAFIA

 Insumo ativo: Cephaelis Ipecacuana

Sinonímia: Ipeca, Cephaelis ipecacuanha


Classificação: policresto
Experimentação patogenética: Hahnemann
Droga: partes subterrâneas de Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich.
Teor hidroalcoólico da TM: entre 60 e 70%
Resíduo seco da TM: superior ou igual a 0,9%

 Insumo Inerte: Etanol 70%

O álcool utilizado em homeopatia é o álcool etílico bidestilado (etanol) obtido


em alambiques de vidro. Ele deve apresentar-se límpido, incolor, com odor
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característico, sabor ardente e isento de impurezas, principalmente aldeídos e álcoois


superiores. Seu acondicionamento deve ser feito em recipientes herméticos, como
bombonas de polietileno que não tenham sido usadas para outros fins, longe do fogo
ou do calor. Quando o álcool contém ferrugem, na maioria das vezes encontra-se
amarelado. Essa ferrugem, em geral, é proveniente de galões de 200 litros em que
ficam estocados. Esse álcool não se presta ao uso homeopático. Hahnemann
utillizava álcool de uva, apresentando o de cereais e o de cana-de-açúcar
caracaterísticas quase idênticas, podendo também ser usados. O etanol a 70% é
usado nas dinamizações intermediárias.

 MATÉRIA MÉDICA

Ipecacuanha apresenta um largo espectro de ação entre as doenças agudas. A


maioria das suas doenças agudas começa com náuseas e vómitos. Os estados febris se
iniciam com dor entre os ombros estendendo-se para as costas, como se fossem quebrar,
com ou sem enrijecimento, muita febre, vómitos biliosos e raramente com sede. Este é o
aspecto geral do começo de uma febre de Ipecacuanha ou de um problema gástrico ou
calafrios de febre intermitente ou de crises biliosas.
O estômago está perturbado. Apresenta sensação de plenitude gástrica, dores
cortantes no estômago e no hipogastro que vão da esquerda para a direita. As dores
cortantes em cólica vão da esquerda para a direita. O paciente não consegue mover-se
ou respirar até a dor passar. Esta o mantém paralisado em uma posição, como se
estivesse sendo esfaqueado na região gástrica ou sobre o umbigo, da esquerda para a
direita, acompanhada de prostração e náuseas.
Todas as doenças de Ipecacuanha são acompanhadas mais ou menos de náuseas;
qualquer dorzinha ou aflição acompanham-se de náuseas. As dores parecem localizar-se
no estômago, causando náuseas. Apresenta náuseas e engasgos contínuos. A tosse
provoca náuseas e vómitos. É uma tosse seca, sufocante, acompanhada de náuseas e
vómitos. Ele tosse até o rosto ficar vermelho e segue-se a sufocação e os engasgos.
Qualquer esguicho de sangue de qualquer parte do corpo se acompanha de náuseas e
desmaios. Deste modo, é um remédio valioso nas hemorragias uterinas; sangue vivo
com náuseas; um pequeno sangramento pode causar síncope ou desmaio, mas a náusea
intensa e opressiva acompanha as doenças de Ipecacuanha. Apesar de apresentar sede
esta, em geral, está ausente. Quando Ipecacuanha trabalha bem, apresenta falta de sede.
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A febre ou os calafrios de Ipecacuanha podem apresentar dor na nuca, uma dor como de
uma pancada na cabeça e na nuca e, às vezes, descendo pelas costas e repuxando os
músculos da nuca. Sensação de plenitude congestiva na cabeça, sensação de
esmagamento na cabeça e na nuca; a cabeça toda dói bastante.
Ipecacuanha é tão agitado quanto Arsenicum, mas a prostração de Ipecacuanha
surge em crises, enquanto que a de Arsenicum é contínua. Você verá o paciente
Ipecacuanha se agitando na cama, da mesma forma que faz quando precisa de Rhus-t,
se sacudindo e se agitando, mexendo as mãos e os pés, com inquietação. Neste caso,
particularmente, há envolvimento medular. Ipecacuanha apresenta sintomas que se
parecem com o tétano; apresenta opistótono e tem sido um ótimo remédio para a
meningite cérebro-espinhal com vómitos biliosos, com dor na nuca e no pescoço,
repuxão dos músculos das costas e retração da cabeça. Quando a meningite cérebro-
cspinhal evoluir até o paciente emagrecer, quando os remédios apenas servirem como
paliativos momentâneos e todo o corpo estiver repuxado para trás, vomitando tudo o
que come, até a comida mais simples, a língua estiver vermelha e áspera e apresentar
náuseas constantes e vómitos de bile, Ipecacuanha irá curar. Ipecacuanha cura casos
inveterados de gastrite, quando até unia gota de água não parar no estômago; tudo que
ingerir é devolvido, engasgos contínuos, dor aguda no estômago, dor nas costas, abaixo
das escápulas, como se fossem quebrar, vómitos de bile, náuseas contínuas e prostração
intensa. Estômago irritado. Também cura casos que apresentarem abdome distendido,
sensível, timpânico, com vómitos biliosos. Ipecacuanha já se mostrou MT um bom
remédio para a disenteria epidêmica, quando o paciente evacua sem parar uma espécie
de lodo ou sangue vivo; inflamação da parte inferior do intestino, do reto e do cólon. O
tenesmo é pavoroso, com queimação e urgência contínua, dando saída apenas a um
pouco de sangue e de muco. O quadro acompanha-se de náuseas constantes; enquanto
faz força para evacuar a dor é tão intensa que provoca náuseas e o paciente vomita bile.
Às vezes, famílias inteiras apresentam o mesmo quadro. Pode ser epidêmico, mus de
uma maneira geral é endêmico. Está indicado nas diarreias coléricas da infância que
terminam em disenteria, com tenesmo permanente e a expulsão de muco sanguinolento,
a criança vomita tudo o que come; náuseas, vômitos, prostração e palidez. Está indicado
também quando apresentar le/.es mais ou menos copiosas, esverdeadas e a criança
evacuar grandes quantidades de algo semelhante a limo verde. Chora muito ao evacuar,
se esforça muito, evacua o tal limo verde, vomita limo verde; o leite fica esverdeado e
ele vomita.
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Ipecacuanha é suficiente para tratar náuseas e vômitos quando a erupção da


escarlatina demorar a sair. Ao invés da erupção brotar como deveria, os sintomas de
Ipecacuanha aparecem no estômago com náuseas e vómitos. Ipecacuanha acabará com
isto, fará a erupção brotar e a doença irá evpluir de forma branda.

 PROCEDIMENTO

Insumo ativo: Cephaelis Ipecacuana


Insumo Inerte: Etanol a 70%

 Teste de alcoolatura

Em um bécher de 250 ml adicionou-se 1ml de tintura-mãe, juntamente com 1 ml de


EtOH 70%, com intuito de verificar se ocorre precipitação. Nesse caso não ocorreu,
sendo assim foi possível utilizar o EtOH 70%.

 Técnica da Escala Decimal

Foi colocado 1 mL de tintura-mãe em um frasco âmbar de 15 mL. Logo após,


adicionou-se 9 mL de insumo inerte. Posteriormente, tampou-se e colocou-se no
dinamizador. Sucussionou 100 vezes. Com isso Identificou-se e armazenou-se. Assim
obteve-se o 1 DH.
Para a preparação do 2 DH, colocou-se 1 mL da 1 DH em frasco âmbar de 15 mL..
Adicionou-se 9 mL de insumo inerte.Tampou-se e colocou-se no dinamizador.
Sucussionou-se 100 vezes. Com isso Identificou-se e armazenou-se. Desta forma,
obteve o 2DH. Repetiu o processo até 15 DH.

 Técnica da Escala Centesimal

Foi Colocado 0,1 mL de tintura-mãe em frasco âmbar de 15 mL. Adicionar 9,9 mL


de insumo inerte. Tampou-se e colocou-se no dinamizador. Sucussionou 100 vezes.
Identificou-se e armazenou-se. E feito o 1 CH.
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Para obter o 2CH, colocou -se 0,1 mL da 1 CH em frasco âmbar de 15 mL e


adicionou-se 9,9 mL de insumo inerte. Tampou-se e colocou-se no dinamizador.
Sucussionou-se 100 Identificou-se e armazenou-se. Sendo assim, obteve o 2 CH.
Repetiu o processo até 30 CH.

 CONCLUSÃO

Embora preparação de formas farmacêuticas derivadas possam ser realizadas por


esses dois métodos executados na prática, o método centesimal é mais demorado do que
método decimal.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 FONTES, Olney Leite. Farmácia Homeopatia: Teoria e Prática , 2ª


edição, Editora Manole, São Paulo, 2005
 KENT, James Tyler. Matéria Médica Homeopática.
Buenos Aires: Albatros, 1989. 2v.

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