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A n o XXII • N º 5 9 1 8 • Q ua r t a - fe ira 0 7 / 1 0 / 2 0 2 0
Edi t o r : Re f ina l d o Ch i l e ngue
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Administrador do Ibo política

Comissão da
Assembleia da

recusa abandonar a ilha

Gesto raro nos dias que cor-
República visita
Cabo Delgado
páG 3

rem, Issa Satar Momade, o negócios

administrador do distrito
do Ibo, região muito asse-
Há quem
diada por terroristas que considere o
há sensivelmente três anos coronavírus
flagelam diversas zonas da
província nortenha moçam-
como “uma
bicana de Cabo Delgado, re- oportunidade
cusa ser dos primeiros a sair para as PME”
da sede distrital local para
páG 4
outro ponto considerado
“relativamente seguro”.
Issa Momade entende ser negócios
“injusto” ser ele, como diri-
gente, dos primeiros a sair
COTUR doa
da sede do distrito do Ibo, material de
deixando para trás o seu Biossegurança
povo, segundo um portal de ao Aeroporto
comunicadores comunitá-
rios de Moçambique, sedea-
de Mavalane e
do no Norte do país. ao IAC
PáG 2 Aspecto da Ilha do Ibo páG 5

tiku 15!
Liberdade de
expressão
- R. Chilengue
páG 5

Administrador do Ibo recusa abandonar a ilha
A postura do administrador do Ibo está a animar muitos comentários neste distrito e
não só, facto alimentado por se atentar ao momento em que vivemos, caracterizado
por enorme falta de líderes à altura, que comungam o nobre princípio de “primeiros nos
sacrifícios e últimos nos benefícios”
Um dos pontos da zona turística de Matemo
Gesto raro nos dias que cor- nos sacrifícios e últimos nos
rem, Issa Satar Momade, o benefícios”.
administrador do distrito do Esta opção do administra-
Ibo, região muito assediada
por terroristas que há sensi-
velmente três anos flagelam
diversas zonas da província
nortenha moçambicana de
Cabo Delgado, recusa ser dos
primeiros a sair da sede dis-
trital local para outro ponto
considerado “relativamente
seguro”.
Issa Momade entende ser
“injusto” ser ele, como diri-
gente, dos primeiros a sair
da sede do distrito do Ibo,
deixando para trás o seu
povo, segundo um portal de
comunicadores comunitários
de Moçambique, sedeado no
Norte do país.
Consta que muito recente-
mente Issa Satar Momade
mandou voltar para a proce-
dência um helicóptero envia-
do à sede do distrito do Ibo
expressamente para resgatá-
-lo, preferindo que a aerona-
ve regressasse com outros
passageiros “anónimos”.
A postura do administrador
do Ibo está a animar muitos
comentários neste distrito e
não só, facto alimentado por
se atentar ao momento em
que vivemos, caracterizado
por enorme falta de líderes à
altura, que comungam o no-
bre princípio de “primeiros
correio da manhã • outubro 2020
negócios & sociedade
dor do Ibo, por coincidên-
cia natural desta terra, tem
merecido rasgados elogios
de muitos residentes locais,
que recordaram a mesma
Esta opção do postura de Issa Satar Mo-
administrador made, aquando do ciclone
do Ibo, por Kenneth, em Abril de 2019,
quando se recusou a sair da
coincidência sede daquela que ele ape-
natural desta lida de “Ilha Bem Organi-
zada” (IBO) quando esta foi
terra, tem 90 por cento destruída por
merecido rasgados aquela intempérie.
elogios de muitos Sabe-se que este discreto
antigo combatente de 68
residentes locais, anos de idade, que já dirigiu
que recordaram a a capital provincial de Cabo
Delgado antes de seguir para
mesma postura de Ibo, em algum momento de-
Issa Satar clinou ofertas para ir traba-
lhar para a relaxada cidade
Momade, aquando de Maputo, insistindo em
do ciclone permanecer na terra que o
Kenneth, em Abril viu nascer.
O Correio da manhã sabe que
de 2019, quando se em ambientes reservados
recusou a Issa Satar Momade jura que
não vislumbra motivos para
sair da sede abandonar Ibo, onde afirma
daquela que ele pretender concretizar velhos
apelida de “Ilha sonhos, incluindo o incre-
mento da produção de café,
Bem Organizada” sendo ele dono de alguns ca-
(IBO) quando esta fezeiros naquela região.
Um empresário com interes-
foi 90 por cento ses em Matemo -  localizada
destruída por a Nordeste da ilha do Ibo, na
província de Cabo Delgado
aquela intempérie – comentou para o Correio
2
da manhã não ser surpreen-
dente a atitude de Issa Satar
Momade.
“Veja que no lugar de pen-
sar em sair da sede distrital
o nosso administrador ape-
nas se preocupa em resol-
ver os problemas da popu-
lação, sem sair do local. Sei
que a sua preocupação actu-
al, por exemplo, é mandar
reparar o barco que garante
a comunicação entre a sede
distrital e o continente, que
recentemente registou uma
avaria no motor. Simples-
mente impressionante a
postura deste homem (Issa
Satar Momade)”, comentou
a nossa fonte.
Tal como muitos pontos
de Cabo Delgado, o distri-
to de Ibo tem estado sob
constante ameaça de ter-
roristas presumivelmente
associados ao Estado Islâ-
mico que desde Outubro
de 2017 desencadeiam
ataques que já se saldaram
em mais de 1300 mortos e
centenas de milhares de
deslocados e destruições
consideráveis.
Aparentemente Issa Satar
Momade é o único dirigen-
te que rejeitou abandonar o
local sob sua administração
ameaçado pela chamada
“insurgência” em Cabo Del-
gado, que mesmo nos dias
mais recentes testemunhou
refregas e/ou demonstração
de força em diversos pon-
tos, tais como Maringanha,
Wimbi, Inus, Runho, Nambo,
Naunde, Chabane Combo,
Rueia e Paquite e Lontho
(Nunumwana), Mucojo, Pan-
gane, Messano e Muitiuro.
redacção

Comissão da Assembleia da
República visita Cabo Delgado
Uma equipa da Comissão
dos Assuntos Constitucio-
nais, Direitos Humanos e de
Legalidade do parlamento
moçambicano vai visitar os
pontos afectados pela vio-
lência armada em Cabo Del-
gado, no Norte de Moçambi-
que.
“A visita, ainda sem data
definida, tem em vista tra-
zer informações da situação
que se vive naqueles pontos
do país e caberá à comissão,
após o trabalho, a elabora-
ção de um relatório sobre a
situação que deverá ser en-
tregue no dia 30 deste mês”,
disse uma fonte da Assem-
bleia da República.
A província de Cabo Delgado
é desde há três anos palco de
ataques armados, alguns rei-
vindicados pelo grupo ‘jiha-
dista’ Estado Islâmico (ver
artigo das págs. 1 e 2 desta
edição), mas cuja origem
continua por esclarecer.
A província
de Cabo Delgado é
desde há três anos
palco de ataques
armados, alguns
reivindicados pelo
grupo ‘jihadista’
Estado Islâmico,
mas cuja origem
continua por
esclarecer
PREVISÃO DE TEMPO
QUARTA QUINTA SEXTA
07 Outubro 08 Outubro 09 Outubro
24º 17º 26º 18º 30º 20º
correio da manhã • outubro 2020
política & sociedade
A violência provocou uma cri-
se humanitária com mais de
mil mortos e cerca de 250.000
deslocados internos.
A região deverá acolher nos
próximos anos investimen-
tos da ordem dos 50 mil
milhões de dólares norte-
-americanos em gás natural,
liderados pelas petrolíferas
norte-americana Exxon Mo-
bil e francesa Total (que já
tem obras no terreno).
Além da violência armada
em Cabo Delgado, a equipa
da Comissão dos Assuntos
Constitucionais, Direitos
Humanos e de Legalidade
deverá também visitar, no
centro do país, os pontos
afetados pelos ataques atri-
buídos a um grupo dissiden-
te da Resistência Nacional
Moçambicana (RENAMO),
principal partido de oposi-
ção.
Os ataques deste grupo no
Centro de Moçambique têm
afectado estradas e povo-
ações de Manica e Sofala,
tendo provocado a morte
de, pelo menos, 30 pessoas
na região desde Agosto do
último ano.
O grupo, autoproclamado
Junta Militar da RENAMO e
que é liderado pelo major-
-general Mariano Nhongo,
antigo líder de guerrilha do
principal partido de oposi-
ção contesta a liderança do
partido e o acordo de paz as-
sinado em agosto do último
ano.
redacção
CANAL DO TEMPO
SÁBADO DOMINGO
10 Outubro 11 Outubro
FONTE
24º 18º 22º 17º
3

Há quem considere
o coronavírus como “uma
oportunidade para as PME”
Sasha Vieira,
A actual pandemia do novo
Coronavírus constitui uma
oportunidade para as peque-
nas e médias empresas (PME)
e os empreendedores apos-
tarem na inovação, conside-
ra Sasha Vieira, responsável
pela Incubadora de Negócios
do Standard Bank, que, em
parceria com a Lionesses of
Africa e a Embaixada do Reino
dos Países Baixos, organizou,
recentemente, o primeiro Lio-
ness Lean In Webinar de 2020,
um evento virtual de partilha
de experiências e estabeleci-
mento de parcerias entre mu-
lheres empreendedoras.
Moçambique tem uma popu-
lação de cerca de 30 milhões
de habitantes, dos quais 12
milhões são trabalhadores.
Porém, somente 1.7 milhão,
correspondente a 14%, é que
têm acesso ao emprego for-
mal, o que impõe o desafio de
formalizar os restantes 11.3
milhões (86%), que são ab-
sorvidos pelo sector informal.
Para ajudar a reverter este
quadro, é necessário, entre
outras acções, impulsionar
as mulheres e raparigas, bem
como os seus negócios e em-
preendimentos, o que vai,
também, contribuir para o
alcance da igualdade de gé-
nero, um dos 17 Objectivos
correio da manhã • outubro 2020
negócios & sociedade
pobreza é concentrada em
mulheres, por isso há neces-
sidade de estimular as suas
ideias e sonhos, pois só as-
sim é que poderemos ajudar
a formalizar a nossa econo-
mia. A pandemia obrigou-nos
a reinventarmo-nos e temos
de continuar a apostar no em-
preendedorismo, a dar visibi-
lidade às PME e aos negócios
liderados por mulheres para
sairmos desta situação”, disse
Sasha Vieira.
Por seu turno, a fundadora e
directora executiva da Liones-
ses of Africa, Melanie Hawken,
instou às participantes a se-
rem mais unidas e partilharem
as oportunidades existentes
no mercado, principalmente
nesta fase da pandemia: “É
de Desenvolvimento Susten- importante que cooperem e
tável (ODS). colaborem. Criem conexões
“Em Moçambique, 70% da pois nunca precisamos tanto
umas das outras como agora.
Em Moçambique, Juntas somos mais fortes”.
70% da pobreza é Na ocasião, o vice-embaixador
do Reino dos Países Baixos
concentrada em em Moçambique, Michiel Van
mulheres, por isso Der Pompe, realçou o fac-
to de o evento ter decorrido
há necessidade de num ambiente virtual. Para
estimular as suas si, esta nova abordagem deve
servir de inspiração para que
ideias e sonhos, as mulheres busquem alter-
pois só assim é que nativas sempre que encontra-
poderemos ajudar rem diante de um obstáculo.
“Nunca se deve parar. Inovem
a formalizar a e adaptem-se às diversas si-
nossa economia. tuações. Saiam deste evento
inspiradas e mais fortalecidas
A pandemia para enfrentar os desafios, es-
obrigou-nos a pecialmente os impostos pela
reinventarmo-nos pandemia da Covid-19”.
O evento teve como orado-
e temos de ras principais Andrea Serra
continuar a (sócia-proprietária do Centro
de Psicologia PsicoEstar), Ana
apostar no Gonçalves (Magambi - Servi-
empreendedorismo, ços de Apoio à Parentalidade)
e Denise Cortês-Keiser (DCK
a dar visibilidade Africa – plataforma online de
às PME e aos
negócios liderados frase
por mulheres para
sairmos desta Viver é desenhar sem borracha
- Millôr Fernandes (1923-2012), escritor e jornalista
situação
4
capacitação de mulheres e
empreendedores africanos, e
de promoção de comércio e in-
vestimentos intra-africanos).
As três falaram da sua trajec-
tória no ramo empresarial e de
negócios.
Para Denise Cortês-Keiser, em-
preendedora desde os 30 anos
de idade, as mulheres, apesar
de constituírem a maioria da
população moçambicana, ain-
da não têm poder e espaço
para influenciar processos e
criar impacto na economia,
daí a necessidade de a mulher
tomar a dianteira e construir
a sua própria história na so-
ciedade. Por isso, mais do que
ter ideias inovadoras, subli-
nha, “é necessário estruturá-
las e concentrar-se para as
implementar. É importante,
também, envolver a família nos
nossos processos evolutivos,
inclusive nos negócios. Temos
que transmitir os nossos
conhecimentos e deixar um
legado”.
Para além das oradoras, o
Lioness Lean In Webinar con-
tou com três expositoras,
nomeadamente Sofia Pedro-
so-Mokcha (nutricionista e co-
-fundadora da Mokcha – chás e
infusões naturais), Carla Pinto
(With Love – marca moçambi-
cana de presentes personali-
zados) e Kathy de Araújo (co-
-fundadora da Fluir – Centro
de Desenvolvimento Pessoal),
que apresentaram os seus pro-
dutos e serviços às participan-
tes.
Importa realçar que o Lioness
Lean In Breakfast é um even-
to que visa dar visibilidade às
empreendedoras moçambi-
canas, e, por via disso, alargar
o seu acesso ao mercado e
ajudá-las a criar redes de ne-
gócios.
redacção
 correio da manhã • outubro 2020

negócios & sociedade

COTUR doa material de Biossegurança CURIOSIDADES SOBRE COVID-19

ao Aeroporto de Mavalane e ao IAC Um milhão de mortes
por Covid é um “número
bastante pequeno” O epidemiologista sueco autor da abordagem inova-
dora da Suécia no combate à Covid-19 afirmou que
os pouco mais de um milhão de óbitos causados pelo
novo coronavírus é “um número bastante pequeno,
em comparação com muitas outras doenças que cau-
sam a morte”.
Depois de um longo período de aeroporto Internacional de Ma- “Não nos devemos enganar com a ideia de que este
Estado de Emergência, Moçam- puto, a COTUR apoiou a Empre- (Covid-19) é o único problema que temos no mundo,
bique decretou o Estado de sa Aeroportos de Moçambique quando falamos de saúde global”, disse Anders Tegnell,
Calamidade Pública de alerta com termómetros digitais, dis- director da Agência de Saúde Pública da Suécia, em de-
vermelho, com objectivo de es- pensadores e respectivo abas- clarações a uma rádio de Estocolmo.
tabelecer medidas de controlo tecimento permanente com Enquanto a maioria dos países europeus entrou em con-
de propagação do COVID-19 álcool gel em todo o recinto finamento no início da pandemia, ao encerrar escolas,
no país e bem como garantir a aeroportuário. restaurantes, ginásios e até fronteiras, as pessoas na Su-
retoma gradual da economia. “Como empresa socialmente écia continuaram a gozar das liberdades sem restrições,
O Turismo é o sector mais responsável, queremos garan- apenas com o ónus da responsabilidade de cada um.
afectado desde o início da tir que que todos viajantes, A passagem da barreira do milhão de óbitos surgiu mais
pandemia, com viagens de la- tanto no terminal doméstico de nove meses depois do início da crise pandémica, que
zer e de negócios canceladas e internacional tenham dispo- tem estado a devastar a economia global e testou a de-
devido ao encerramento de níveis medidas de prevenção à terminação dos líderes mundiais, opôs a ciência à po-
fronteiras em todo mundo. entrada e bem como nos diver- lítica e forçou multidões a mudar a forma como vivem,
Em Moçambique, o turismo foi sos corredores do aeroporto” aprendem e trabalham.
o sector económico que mais Disse Noor Momade, Presiden- redacção
ressente da crise e que obser- te do Conselho de Administra-
vará muitos entraves para a ção da COTUR e da AVITUM,
retoma, devido as novas me- queremos garantir que o turis-
didas de segurança e higiene. mo não seja um vector de pro-
No âmbito do Estado de Ca- pagação do COVID-19 no país e
lamidade Pública, o Governo no estrangeiro.
aprovou viagens para o estran- Momade acrescentou que A
geiro em regime de recipro- COTUR pretende assegurar
cidade, abrindo espaço para uma retoma segura do turis-
animação do sector do turismo. mo, por forma a garantir que Balões de
Com objectivo de garantir o ras-
treio dos passageiros nacionais
o sistema sanitário não entre
em colapso.
Aniversário
e estrangeiros que utilizam o redacção
Preços a partir de
Ficha técnica
65
Primeiro jornal ilustrado transmitido por FAX e E-mail, de 2ª a 6ª- MT
-feira.  Propriedade da SOJORNAL Sociedade Jornalística,
Balões de gás Hélio
Avenida Filipe Samuel Magaia, 528-3º Flat 6, Maputo Moçambique Balões de idade (com gás Hélio)
- C.P. 1756 Website: www.correiodamanhamoz.com E-Mail: correio- Balões com ar normal
damanha@tvcabo.co.mz /redaccao@correiodamanhamoz.com /
+258 845051448
editor@correiodamanhamoz.com Tel.: Redacção: 21305323 +258 820133110
- Editor: 21305326; móvel: 82/84/873085360/841404040
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Transporte incluso para cidade de Maputo
mente o ponto de vista nem a linha editorial deste jornal.