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O Exército Aliado
Anglo-Português na Guerra Peninsular

As Divisões do Exército Anglo-Português


e as Brigadas Independentes Portuguesas
2 O Exército Aliado Anglo-Português
3

João Torres Centeno

O Exército Aliado
Anglo-Português na Guerra Peninsular

As Divisões do Exército Anglo-Português


e as Brigadas Independentes Portuguesas
4 O Exército Aliado Anglo-Português

Título: O Exército Aliado Anglo-Português na Guerra Peninsular. As Divisões


do Exército Anglo-Português e as Brigadas Independentes Portuguesas
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Revisão: Manuel Amaral
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5

Dedicatória

À Paula, minha mulher, por suportar


diariamente com enorme amor, todas as
“campanhas”, vitórias e derrotas sempre com o
mesmo amor e paciência. Aos meus filhos João,
Luís, Leonor e José Maria, luzes da minha vida
e meu futuro.Aos meus pais Carmen e João que
formaram o carácter e me mostraram que o que
é a honra, a rectidão e o caracter. A todos os
meus amigos, eles e elas.
6 O Exército Aliado Anglo-Português
Índice 7

ÍNDICE

Apresentação ...................................................................................... 13
I – A Evolução das Organizações Militares do Século XVIII.
Corpos e Divisões ............................................................................... 23
O Exército Francês ....................................................................... 23
O Exército Britânico...................................................................... 30
O Exército Português .................................................................... 33
II – Integração dos Exércitos Português e Britânico e a sua adaptação ao
Serviço de Campanha.......................................................................... 35
O Exército Português ................................................................... 35
O Exército Britânico .................................................................... 42
III – Histórico das Divisões ..................................................................... 45
Integração dos Exércitos .............................................................. 45
As Brigadas Britânicas ................................................................. 48
IV – Organização do Exército Anglo-Português em Divisões . ................. 53
A Formação das Divisões ............................................................. 53
O Comando das Divisões . ........................................................... 56
Integração das Brigadas Pprtuguesas . .......................................... 57
V – Comando e Controlo do Exército Anglo-Português .......................... 63
VI – Estado-maior das Divisões e Brigadas . ............................................ 73
As Divisões .................................................................................. 73
As Brigadas .................................................................................. 76
VII – Estado-maior do Exército Português .............................................. 81
VIII – Histórico das Divisões . ................................................................. 87
IX – As Brigadas Portuguesas .................................................................. 105
Génese das Brigadas Portuguesas ................................................. 106
Histórico das Brigadas de Infantaria Portuguesas ........................ 120
Brigadas e Formações temporárias ............................................... 146
X – Condecorações, Ordens, Distinções e Louvore . ................................ 155
Condecorações Britânicas ............................................................ 156
Condecorações Portuguesas ......................................................... 162
8 O Exército Aliado Anglo-Português

XI – Biografias........................................................................................ 167
Biografia dos Oficiais Generais Comandantes das Divisões ......... 167
Biografia dos Oficiais Comandantes das Brigadas Independentes
Portuguesas . ............................................................................... 262
XII – Apêndice ....................................................................................... 369
Anexos
A – A Organização dos Estados-Maiores .................................... 370
1 – Estado-Maior do Exército Inglês ........................................ 370
2 – Estado-Maior do Exército Português ................................. 375
B – The General Orders .............................................................. 383
C – General Regulations and Orders for The Army . ................... 390
D – Medalhas e Condecorações da Guerra Peninsular ................ 395
E – Lista dos oficiais condecorados com a medalha de comando
da Guerra Peninsular ............................................................ 409
F – Lista dos oficiais generais e coronéis ingleses que prestaram
serviço do exército português condecorados com a cruz da
Guerra Peninsular ................................................................. 416
G – Lista dos oficiais generais do Exército Português durante a
Guerra Peninsular ................................................................. 421
H – Corpo de Guias .......................................................................... 431
Bibliografia ........................................................................................... 439
Índice remissivo ..................................................................................... 457
Índice 9

Abreviaturas

Siglas e Abreviaturas

A.H.M. – Arquivo Histórico Militar.


B.A.H.M. – Boletim do Arquivo Histórico Militar.
B.N.L. – Biblioteca Nacional.
Col. RG – Colecção Robert Gottlieb.1
Col. JD – Colecção Jacques Declercq.2
F.O. – Foreign Office.
W.O. – War Office.
OD – Ordem do Dia.
PRO – Public Record Office.
PRO, WO – Public Records Office, War Office.
PRO, FO – Public Records Office- Foreign Office.
Q.G. – Quartel-General.

Biografias

E.O.P.S. – Employed on a Particular Service [ao serviço do exército português].


P.C. – Privy Council (Do conselho privado do Rei Inglês).
M.D. – Mentioned in dispatches - Louvor público oficial. (Wellington´s
Dispatches).
M.P. – Member of Parliament - Membro do parlamento.
K.G.L. – «The King’s German Legion» - Legião Germânica do Rei.3
Foot – Regimento britânico de Infantaria de linha.
RI – Regimento de Infantaria Português.
BC – Batalhão de Caçadores.
L.L.L. – Leal Legião Lusitana.
R – Reformado.

1. http://www.historikorders.com
2. http://gen.declercq.free.fr/phaleristique/index%20phaleristique.htm
3. Unidade do Hanôver, cujo território se situava na Alemanha ocidental, ocu-
pado pela França nos períodos de 1803/1805 e 1806/1813 e pela Prússia de
1805 a 1806, era à época uma possessão britânica, já que o monarca também
era rei de Hanôver.
10 O Exército Aliado Anglo-Português

Ordens e medalhas

Medalhas britânicas.

M.G.M. e M.G.C.– Military Gold Medal e Military Gold Cross.


G.S.M. – Military General Service Medal.

Lista das Ordens Honorificas britânicas.


The Most Noble Order of the Garter.
The Most Ancient and Most Noble Order of the Thistle.
Most Illustrious Order of St. Patrik.
The Most Honourable Order of the Bath (a partir de 1815 passa a ter uma
divisão militar e outra civil).
Royal Guelphic Order of Hanover.
The Most Distinguished Order of Saint Michael and Saint George.
Most Exalted Order of the Star of India.

Medalhas Portuguesas

M.D.C – Medalha de Distinção de Comando.


C.G.P. – Cruz da Guerra Peninsular.

Lista das Ordens Honoríficas portuguesas.

Ordem Militar da Torre e Espada.


Ordem de Cristo.
Ordem de São Bento de Avis.
Ordem Nª Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
Índice 11

Agradecimentos

Agradeço em especial a Sérgio Veludo


Coelho, Rui Moura, Manuel Amaral, Jorge
Quinta-Nova, Moisés Gaudêncio, Howie Muir,
Ron McGuigan, Steven H. Smith, Donald E.
Graves, Anthony Gray, bem como todos os
autores e participantes do «Napoleon Series
Discussion Forum», pela valiosa troca de
informação e elementos que forneceram para o
trabalho.
12 O Exército Aliado Anglo-Português
Apresentação 13

APRESENTAÇÃO

Os exércitos aliados português e britânico (1809-1814) – a multi-


nacionalidade e a interoperabilidade

Ao longo da história mundial, países, nações e povos, estabelece-


ram pactos, alianças e coligações políticas, com ou sem vector militar,
para derrotar um inimigo comum, na defesa dos seus mais profundos
interesses, normalmente com o objectivo de manter as suas indepen-
dências respectivas.
Estas coligações pretendiam, geralmente, a divisão das forças de
um adversário comum, impossibilitando-o de reunir todas as suas ca-
pacidades num único local, pois esse factor poderia ser suficiente para
a obtenção da vitória. No entanto, a presença simultânea das forças
militares destas coligações no mesmo campo de batalha foi menos
frequente, e a sua utilização de forma coordenada em campanhas foi
uma raridade.
Encontramos igualmente exemplos desde a Antiguidade, de po-
tências que utilizaram nos seus exércitos militares de outras origens,
tais como povos subjugados ou colonizados, escravos ou mercená-
rios, pois esta era uma forma de aumentar os efectivos que de outra
forma poderiam não ser suficientes para fazer face aos seus adversá-
rios. Dario III da Pérsia, em Gaugamela (331 a.C.), utilizou merce-
nários gregos contra o Exército de Alexandre o Grande e Júlio César,
14 O Exército Aliado Anglo-Português

em Alésia (52 a.C.), venceu o exército gaulês de Vercingétorix , com


recurso a guerreiros Germanos, seus aliados.
As Idades Moderna e Contemporânea trouxeram a formação de
exércitos de grandes dimensões, caracterizados pelo poder de fogo,
com incorporação de tecnologia no seu armamento e equipamento,
e com a consequente formação de unidades e escalões militares es-
pecializados e com o desenvolvimento de tácticas próprias, criando
a necessidade do treino antes do combate. A complexidade da uti-
lização deste novo potencial era acrescida quando do mesmo lado
da refrega se encontravam forças de origens e línguas diferentes,
equipadas e armadas de forma desigual, com líderes, muitas vezes
em competição pessoal.
Até à época da Revolução Francesa, o potencial resultante da par-
ticipação e coordenação de forças terrestres de diversas origens em
grandes batalhas não era mais do que a soma dos respectivos efecti-
vos, ou seja o somatório do número de combatentes. A coordenação
do emprego destas forças sempre foi muito problemática, sujeita a
entendimento prévio entre os seus líderes, cujos desentendimentos e
egos pessoais causavam graves problemas com resultados normal-
mente funestos, tendo, muitas vezes, conduzido a perdas colossais ou
mesmo à derrota.
Foi no início da Idade Contemporânea, que alianças políticas, com
vertente militar, mais se destacaram. Entre 1792 e 1814, em aliança
contra a França revolucionária e depois contra o Império Napoleónico
formaram-se seis coligações diferentes, envolvendo Grã-Bretanha, Áus-
tria, Prússia, Rússia, Espanha, Portugal, Províncias Unidas (Países Bai-
xos), Sardenha, Nápoles, Suécia, Saxónia, Sicília e Império Otomano.
Há ainda a considerar que alguns destes aliados estiveram, ao longo
deste período, ao lado da França ou em posição de neutralidade.
Contudo, os alinhamentos políticos e diplomáticos não tiveram
correspondência completa e directa na vertente militar.
Verificou-se, na época, o facto de alguns dos exércitos comba-
terem, no mesmo campo de batalha, com unidades lado a lado, em
igualdade de posição:
Apresentação 15

- os russos e os austríacos, em Austerlitz, a 2 de Dezembro de


1805;
- os prussianos e os russos, em Eylau, 7-8 de Fevereiro de 1807
- os espanhóis e os ingleses, em Talavera, a 27-28 de Julho de
1809;
- os prussianos e os russos, em Lutzen, a 2 de Maio de 1813
No entanto, em todas estas batalhas, por razões diversas, os efec-
tivos de países diferentes reunidos sob uma causa comum, não atin-
giram os resultados que poderiam ter obtido, se tivesse existido uni-
dade de comando e uniformidade de doutrina, sintonia de emprego e
coordenação de esforços.
Excepcionalmente, este facto verificou-se entre os exércitos alia-
dos, português e britânico, que participaram na designada Guerra
Peninsular, entre 1810 e 1814, do Côa a Toulouse. Estes dois exér-
citos adquiriram características distintas e muito importantes para a
obtenção da vitória – eram independentes mas interoperáveis, eram
autónomos mas interdependentes. Atingiram um nível de proficiência
e trabalho em conjunto absolutamente ímpar até então.
Tal como uma Fénix, o Exército português, depois de ter sofrido a
invasão de Junot, entre 1807 e 1808, completamente desmembrado,
desmobilizado, desarmado e desequipado, depois de ter assistido à
sua divisão entre o Brasil, acompanhando a corte, e a Europa, ser-
vindo Napoleão na Legião Portuguesa, ressurgiu das cinzas em 1809.
Este renascimento do exército português deveu-se fundamental-
mente a um conjunto de factores, dos quais não podemos olvidar a
capacidade de organização e influência política de D. Miguel Pereira
Forjaz, do Conselho de Regência, da capacidade militar do General
William Beresford, comandante-chefe do Exército Português, do fi-
nanciamento e do fornecimento de armas, equipamento e munições
por parte do governo inglês, da utilização de jovens oficiais ingleses
que organizaram e treinaram os regimentos, da forte mobilização de
oficiais e soldados portugueses que anteriormente tinham sido des-
mobilizados ou eram oriundos das unidades de milícias e, finalmente,
da mobilização de um povo contra um inimigo comum.
16 O Exército Aliado Anglo-Português

Por seu lado, o Exército britânico espalhado por todo o mundo


na defesa de um enorme império colonial, tradicionalmente pequeno
e com dificuldades de recrutamento, já tinha experiência de actuação
com outros exércitos aliados, com tropas auxiliares, com unidades
de estrangeiros ou com militares de outros países integrados nas suas
unidades.
A título de exemplo, a King’s German Legion era um corpo de
tropas auxiliares, organizado em 1803, constituído maioritariamente
por soldados hanoverianos, que integrava igualmente voluntários di-
namarqueses, holandeses, suíços, suecos, húngaros, polacos e alemães
de outros estados, bem como unidades de franceses emigrados, fugi-
dos da revolução, e unidades retiradas dos EUA após a declaração de
Independência. Embora não fosse um corpo independente, quando,
atingiu o seu auge, em 1811, a KGL contava com 10 batalhões de
infantaria, 5 regimentos de cavalaria e 5 brigadas de artilharia. Foi
extinta em 1816, depois de ter prestado serviços distintíssimos duran-
te as campanhas da Guerra Peninsular e de Waterloo, entre outras.
O Exército Britânico possuía ainda regimentos de escoceses e irlan-
deses, aos quais se somavam entre 1803 e 1814, sete regimentos estran-
geiros, compostos por franceses, alemães, italianos, suíços, holandeses,
polacos, croatas e ucranianos. Para além destes, contava ainda com
vários regimentos de auxiliares, dos quais se destacam nove de escra-
vos do Oeste da Índia, oito de canadianos, quatro de Ceilão, dois da
Colónia do Cabo, um de gregos, um de corsos e sicilianos. Por último a
toda esta legião de estrangeiros, há ainda a acrescentar regimentos que,
embora fossem oficialmente britânicos, continham um grande número
de estrangeiros. No 60th, por exemplo, havia canadianos e alemães,
no 95th espanhóis, no 97th soldados austríacos feitos prisioneiros em
Minorca (anteriormente recrutados pelo exército espanhol) e o 104th
não era mais do que uma unidade da milícia canadiana. Em 1813 ha-
via pelo menos 53000 redcoats, ou seja cerca de 50% dos soldados do
Exército, que não eram de origem britânica.
No entanto a relação entre o Exército Português e o Exército Bri-
tânico foi uma excepção na aplicação do vector militar da época.
Apresentação 17

Durante as principais batalhas da Guerra Peninsular, 30% a 50%


do total das forças aliadas eram portuguesas. Sabemos, por exemplo,
que os efectivos nacionais foram de longe maioritários no Buçaco
(1810), onde combateram 25000 portugueses e 25000 “britânicos”,
já que estes últimos eram compostos, efectivamente, por ingleses, esco-
ceses, irlandeses, alemães, canadianos, espanhóis, franceses, e unidades
norte americanas criadas após a declaração de independência dos EUA,
etc. Todavia, o maior exemplo desta multinacionalidade teve lugar, em
1811, com a criação da 7ª divisão, que incluía duas unidades alemãs, a
King’s German Legion e as companhias de Brunswik Oel Jagers, uma
unidade que incorporava franceses emigrados e desertores, denomina-
da os Chasseurs Britaniques, e ainda unidades portuguesas e inglesas.
Porém, a excepcionalidade desta relação aliada não foi apenas
numérica, relativamente ao quantitativo de combatentes do Exército
Português em batalha. Esta revelou-se, essencialmente, na capacidade
de comando e de controlo unificado, caracterizada pela existência
de uma cadeia de comando comum; pela possibilidade de coorde-
nação das forças em campanha; pela composição e articulação das
forças para combate, independentemente da sua nacionalidade; pela
utilização de armamento e equipamento semelhantes; e, por fim, pela
utilização de tácticas, técnicas e procedimentos idênticos.
Em suma, estes dois exércitos tiveram, por um lado, em campa-
nha, a capacidade de agir de forma combinada1, de modo coerente,
eficaz e eficiente, para conseguir atingir os seus objectivos tácticos,
operacionais e estratégicos e, adicionalmente, em batalha, a capaci-
dade de se apoiar mutuamente, operar e combater lado a lado. A es-
tas duas importantes características, tão fundamentais para o sucesso
obtido na Guerra Peninsular, de 1809 a 1814, poderemos chamar,
respectivamente, interoperabilidade (de forma genérica) e interopera-
bilidade de forças.

1 Forças Combinadas – forças de mais de um país, sinónimo de multinacional; é


diferente da definição de Forças Conjuntas – forças de mais de uma componente
(terrestre, naval e aérea) (Vide NATO, AAP-6 (2010): Nato glossary of terms
and definitions (english and french). [Brusselas], NATO, NSA, 2010.)
18 O Exército Aliado Anglo-Português

A palavra interoperabilidade não existe em português. Pelo menos


não consta em dicionários de referência, tais como o Grande Dicio-
nário da Língua Portuguesa da Sociedade de Língua Portuguesa2, o
Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora3, ou o Dicionário
da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciências4.
Também não consta nos prontuários ortográficos5. No entanto, a pa-
lavra entrou no léxico comum, introduzida no português coloquial,
através da adaptação do termo inglês interoperability, associada à
área semântica da Informática, significando a capacidade de sistemas
comunicarem entre si de forma transparente. 6
Contudo, há décadas que a palavra “interoperabilidade” é utili-
zada como termo militar nas Forças Armadas Portuguesas, por via
do aportuguesamento da palavra inglesa, e o seu significado pode
ser extraído do glossário de termos militares da NATO7. Para esta
organização, e por extensão, para todos os países aliados, interope-
rabilidade é “a capacidade de agir juntos de forma coerente, eficaz
e eficiente para conseguir aliados objetivos táticos, operacionais e
estratégicos”8. Esta distingue-se de interoperabilidade das forças, que
é “a capacidade das forças de duas ou mais nações para treinarem, re-
alizarem exercícios e operarem eficazmente em conjunto na execução
das missões e tarefas atribuídas”�.
Actualmente, considera-se que a interoperabilidade militar tem

2 Grande Dicionário da Língua Portuguesa. Lisboa, Círculo de Leitores, 1991.


3 Dicionário da Língua Portuguesa, Porto, Porto Editora, 2004.
4 Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Lisboa, Academia das Ci-
ências de Lisboa, Verbo, 2001.
5 Bergström, M. e Reis, N., Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portugue-
sa. Lisboa, Editorial Notícias, 2001.
6 NATO, AAP-6 (2010): Nato glossary of terms and definitions (english and
french). [Brussels]: NATO, NSA, 2010.
7 Interoperability / interopérabilité - The ability to act together coherently, ef-
fectively and efficiently to achieve Allied tactical, operational and strategic ob-
jectives. Related terms: commonality; common user item; compatibility; force
interoperability; interchangeability; military interoperability; standardization.
(Op. cit., pag 2-I-8)
8 Force interoperability / interopérabilité des forces - The ability of the forces
of two or more nations to train, exercise and operate effectively together in the
execution of assigned missions and tasks.(Op. cit. pag 2-F-6)
Apresentação 19

três dimensões: a técnica (ao nível dos equipamentos e armamentos),


a de procedimentos (ao nível da doutrina) e a humana (língua, termi-
nologia e treino). Foi exactamente isto, o que foi conseguido há 200
anos, com tanto sucesso, pois os exércitos aliados, Português e Inglês,
entre 1809 e 1814, foram, indubitavelmente, precursores do que hoje
se pretende atingir, com tanta dificuldade.
É neste contexto histórico que o estudo que João Centeno agora
nos apresenta, sobre o caso específico destes dois Exércitos, assume
uma importância fulcral para o nosso conhecimento da organização e
constituição destas forças aliadas, que atingiram uma eficácia e efici-
ência de emprego ímpar na sua época e foram pioneiros na definição
e na aplicação de conceitos tão actuais e por isso mesmo tão cheios
de modernidade.
Por minha parte, não posso deixar de felicitar o autor, por esta
obra de charneira e que faltava na vasta bibliografia existente sobre a
época, pela forma modelar como faz luz sobre as dúvidas, falácias e
mitos relacionados com este importante assunto.

Rui Moura
Major-general
20 O Exército Aliado Anglo-Português
Apresentação 21

«Comandar muitos homens equivale a


comandar poucos. É uma questão de os
dividir e organizar. Manobrar um grande
exército equivale a manobrar um pequeno. É
uma questão de formações e sinais.»
Sun Tsu, a Arte da Guerra.
22 O Exército Aliado Anglo-Português
A Evolução das Organizações Militares do Século XVIII 23

A evolução das organizações militares


do Século XVIII. Corpos e divisões

O Exército Francês

O corpo rígido que caracteriza as formações da escola Prussiana


nos meados do século XVIII foi paulatinamente substituído por um
exército fraccionado em divisões com missões independentes que po-
diam ser conjugadas sobre um objectivo comum.
Essa modificação orgânica fora iniciada, teoricamente, por Pierre-
Joseph Bourcet (1700-1780)4. Este autor enfatizou a necessidade da
dispersão planeada, como um meio de obrigar o adversário a disper-
sar, também, a sua concentração e facilitar, assim, a obtenção da su-
perioridade necessária em determinado local. A dispersão das forças
durante a marcha, seguida de uma rápida concentração das forças, a
determinada altura, antes que o inimigo conseguisse fazer o mesmo,
era a chave do sucesso. Isto permitia o atacante obter uma vantagem
significativa durante a batalha.
Referia Bourcet «a general will do well to divide his army into a
number of comparatively small bodies, [...] which [...] is indispensable
and safe provided the general who adopts it makes such arrangements

4. Principes de la guerre de montagne, publicado em 1888; Mémoires militaires


sur les frontières de la France, du Piémont et de la Savoie depuis l’embouchure
du Var jusqu’au lac de Genève, Berlin, 1802; Guerre offensive et défensive de la
France contre le Piémont et du Piémont contre la France. Mémoire militaire par
d’Aguiton, Grenoble, 1891.
24 O Exército Aliado Anglo-Português

that he can reunite his forces the moment that becomes necessary. He
must therefore make his dispositions so that the enemy cannot inter-
pose between fractions into which his army is divided [...].
A general who intends to take the offensive should assemble his
army in three positions, distant not more than a march from one
another, for in this way, while he will threaten all points accessible
from any portion of the 25 or 30 miles thus held, he will be able sud-
denly to collect his whole army either in the centre or on either wing.
The enemy will then be tempted to post troops to defend each of the
threatened avenues of approach, and the attempt to be strong at all
points will make him weak at each separate portion.
However carefully the enemy may have prepared his communi-
cations between several parts of his army, [...] in case of an attack
at any point he will not be able to concentrate his troops there in
time, if only the attacking general has concealed his plan and his
first movements. The attacking general will usually be able to steal a
march [...] while the defender requires time to receive warning, time
to issue orders, and time for the march of the troops to the point
attacked»5.
Foi o Marechal de França Victor-François, 2.º duque de Bro-
glie (1718-1804), que introduziu no Exército Francês a organiza-
ção divisionária, um corpo misto composto de unidades das armas
de infantaria e artilharia. Esta organização foi oficialmente, aceite
por Broglie nas suas instruções de 1761, quando comandante-chefe,
durante a Guerra dos Sete Anos, defendendo o fraccionamento do

5. Bourget citado em The Development of The Corps D’Armée And Its Impact
on Napoleonic Warfare pelo Major James Wasson em http://www. napoleon-
series. org/military/organization/c_armycorps. html. Ver ainda Kevin Kiley, The
Grand Quartier-General Imperial and the Corps d’Armée Developments in the
Military Art, 1795-1815; do mesmo autor Thumbing through the Napoleonic
Wars: The Words of Napoleon and Others Who May Have Influenced His Me-
thods e ainda Theorists, Instructors, and Practitioners: The Evolution of Fren-
ch Doctrine in the Revolutionary and Napoleonic Wars 1792-1815 todos em
http://www. napoleon-series.org. Jean de Bourcet, Principles of Mountain War-
fare, traduzido por Spencer Wilkinson, citado por Basil H. Liddell-Hart, ed.,
The Sword and The Pen: Selections of the World’s Greatest Military Writings.
Nova Iorque, Thomas Y. Crowell Company, 1976.
A Evolução das Organizações Militares do Século XVIII 25

exército em grandes unidades – as divisões – que permitiriam, em


simultâneo, a manobra com relativa segurança e a dispersão ne-
cessária à vida das tropas.
Broglie acabaria por enunciar, com anos de avanço, os princípios
gerais nos quais o sistema napoleónico de divisões e corpos opera-
ria. Mas o sistema divisionário seria descartado após a sua morte,
sendo mais tarde recuperado por Jacques Antoine Hyppolite, Conde
de Guibert (1743-1790) e por ele incorporado nas reformas sofridas
pelo exército em 1787, em vésperas da revolução.
Guibert preconizava6 que o exército devia ser dividido em per-
manência e organizado em divisões capazes de se manterem autono-
mamente e assim facilitarem a sua mobilidade, sendo estas fraccio-
nadas em pequenas colunas de batalhões, fáceis de movimentar em
qualquer direcção e que rapidamente se poderiam desenvolver em
linha de batalha. À medida que os exércitos cresciam, sentia-se cada
vez mais a necessidade de os dividir em partes, para facilitar os seus
deslocamentos e garantir a sua subsistência.
A definição de Corpo ou Divisão não era então tão rígida e es-
quematizada como o é hoje. No fim do século XVIII, início do século
XIX, estas organizações militares eram realidades completamente
diferentes das que actualmente utilizam as mesmas designações.
Na campanha de 1800 o Exército francês apareceu dividido em
Corpos, mas estes eram mais fruto da vontade dos seus comandan-
tes do que propriamente uma estrutura superiormente comandada e
organizada. Os Corpos eram estabelecidos por ordem dos generais
em Campanha, e não como um sistema permanente e uniforme. Os
Corpos raramente sobreviviam aos seus comandantes, como aconte-
ceu com o Corpo de Desaix7. No entanto os I e V corpos em 1806-7

6. Essai général de Tactique (1770), Observations sur la constitution politique et


militaire des armées de S. M. Prussienne, Amsterdam, 1778; Eloges of Marshal
Catinat (1775) de Michel de l’Hôpital (1778) e Frédéric le Grand (1787).
7. Louis Charles Antoine Desaix (1768-1800) general francês. Como era uso na
época, para se distinguir do seu irmão adoptou o nome de Louis Charles Antoine
Desaix de Veygoux. Morreu na batalha de Marengo em 1800. http://fr. wikipedia.
org/wiki/Louis_Charles_Antoine_Desaix; Georges Six, Dictionnaire Biographi-
26 O Exército Aliado Anglo-Português

continuaram a existir apesar do ferimento e captura dos seus coman-


dantes. De um modo ou de outro os Corpos foram também usados
por Hoche8, Moreau9 e Napoleão.
A atribuição a Napoleão da «invenção» dos Corpos é mais um
dos mitos atribuídos a este grande general. Esta presunção tem sido
baseada na existência de uma carta dirigida a Moreau onde refere
que este deveria dividir a sua força em Corpos. Como tantas outras,
esta teoria é baseada apenas no exame de uma frase retirada do seu
contexto, numa resposta a uma carta de Moreau onde este informava
Napoleão que tinha dividido seu exército em Corpos10 (corpo esquer-
do, direito, principal e corpo da reserva). Mesmo assim esta divisão
do exército tinha características típicas do século XVIII.
A razão para usar a palavra “Corpo” aparece com a necessidade
de encontrar uma designação para uma organização maior que a
Divisão que compunha um flanco ou o corpo principal. Para Na-
poleão a noção de Corpo era mais flexível que a de Moreau, ao
ponto deste se incomodar em utilizar tal designação para forças
com funções específicas, como a que comandou Lannes actuando
como Guarda Avançada ou com o Corpo de Desaix na batalha de
Marengo. Estas eram as formações ad hoc, nas quais eram coloca-
dos oficiais das divisões e que mudavam frequentemente de com-
posição e comandante.
Estas formações vieram a dar lugar a formações permanentes e
formatadas, desembocando no processo que culminou no levanta-
mento da Grande Armée.
Os admiradores de Napoleão esquecem que este foi um processo

que des Généraux & Amiraux Francais de la Révolution et de l’Empire (1792-


1814), Paris, Librairie Historique et Nobiliaire, 1934, tomo I, p. 333.
8. Louis Lazare Hoche (1768 – 1797) general francês. http://fr.wikipedia.org/
wiki/Lazare_Hoche, Georges Six, ob. cit, tomo I, p. 575.
9. Jean Victor Marie Moreau (14 Fevereiro 1763 – 2 Setembro 1813) general
francês. Général General em Chefe do Exército do Reno. Ajudou Napoleão a
ascender ao poder, mas acabou sendo seu opositor e rival sendo banido para
os Estados Unidos. http://fr.wikipedia.org/wiki/Jean_Victor_Marie_Moreau.
Georges Six, ob. cit, tomo II, p. 227.
10. Campanha do Danúbio de 1796.
A Evolução das Organizações Militares do Século XVIII 27

gradual, em curso desde o séc. XVIII, fruto da inevitabilidade de


controlar o crescimento desmesurado dos exércitos e da necessi-
dade da sua divisão, e não de uma estrutura inventada ou criada
por um golpe de génio. Dentro dos militares franceses da sua gera-
ção, Napoleão foi aquele que, sem ser um inovador radical, melhor
aproveitou as características dos novos exércitos revolucionários,
adaptando-os às inovações e desenvolvimentos que se tinham pro-
duzido nas décadas anteriores.
Como refere o grande estratega Liddell Hart11, “independente-
mente dessas condições houve outra característica pessoal, de enor-
me importância: a presença do líder, de Napoleão Bonaparte, cuja
capacidade militar era estimulada por um estudo cuidadoso de his-
tória militar e, ainda mais, pelas ideias focalizadas por Bourcet e
Guibert, os dois mais extraordinários e originais escritores militares
do século XVIII”.
De Bourcet, Napoleão aprendeu o princípio da dispersão pla-
neada, como um meio de obrigar o adversário a dispersar, também,
a sua concentração e facilitar-lhe, assim, a obtenção da superiorida-
de de que necessitava em determinado local. Aprendeu, por outro
lado, o valor de um “plano com alternativas” e a necessidade de
operar numa direcção em que pudesse ameaçar diversos objectivos
ao mesmo tempo O próprio plano executado por Napoleão em sua
primeira campanha era baseado no que Bourcet havia concebido
meio século antes.
De Guibert adquiriu a noção da importância que passou a dar
à mobilidade, à dispersão das forças e ao valor operacional de suas
novas divisões Guibert descreveu o método napoleónico quando,
uma geração antes, assim se referia: “A arte está em estender as for-
ças, sem expô-las; em envolver o inimigo, sem dispersar; em coor-
denar os movimentos ou os ataques para apanhar o flanco inimigo,
sem expor o seu”. E a recomendação de Guibert para a execução

11. Basil H. Liddell-Hart, As Grandes Guerras da História, São Paulo, Ibrasa,


1963, p. 110--111. Trata-se de uma tradução brasileira do original em inglês
publicado em 1954 com o título original de “Strategy”.
28 O Exército Aliado Anglo-Português

do ataque pela retaguarda do inimigo, como meio de perturbar seu


equilíbrio, tornou-se a normal para Napoleão A essa fonte pode
ser atribuído o método napoleónico de concentrar sua artilharia de
campanha para, com ela, abrir a brecha desejada Em resumo, foram
as reformas realizadas por Guibert no Exército francês, pouco antes
da revolução, que proporcionaram a Napoleão o instrumento de
acção eficiente que tão bem soube manejar. Foi também a visão de
Guibert, de uma próxima revolução na arte militar, provocada por
um homem surgido da revolução, que inflamou a imaginação e a
ambição do jovem Napoleão.
Embora Napoleão pouco tivesse acrescentado às ideias que ab-
sorveu, foi ele que lhes deu concretização. Sem que fosse aplicada
dinamicamente, a noção de mobilidade poderia ter permanecido na
teoria. Como a sua educação coincidia com os seus sentimentos e
como estes, por sua vez, encontravam campo propício nas circuns-
tâncias, Napoleão pôde explorar ao máximo as possibilidades do
novo sistema divisionário. Aplicando, em alta escala, as mais di-
versas combinações estratégicas, Napoleão prestou relevante con-
tribuição à estratégia».
O período de 1803-1805 é considerado como o que deu início
à formação do Corpo de Exército como o escalão base de um siste-
ma organizativo e permanente de um exército. Assim o II Corpo, em
1805, transforma-se no Exército da Dalmácia, revertendo mais tar-
de as suas unidades para o XI Corpo, quando se juntam ao Grande
Exército em 1809. Também em 1815 os IV, V e VII corpo constituem
os Exércitos do Mosela, do Reno e dos Alpes, com dupla identidade,
de Corpo e de Exército, sendo que a designação de Exército reflecte
simplesmente sua situação como um Corpo que opera independente-
mente. No entanto, nas campanhas de Napoleão de 1805 e 1809, este
mudava as formações e designações, trocando divisões, brigadas, cri-
ando e desfazendo Corpos e Exércitos durante as operações militares,
não diferindo muitas vezes dos que os ingleses chamavam de alas, ou
flancos, ou colunas.
Wellington faria um comentário, num dos seus ofícios, sobre
A Evolução das Organizações Militares do Século XVIII 29

o Exército francês, no qual podemos ver o que o Duque entendia


por Corpo12.
“To Craufurd, Celorico, 2 May 1810:
I send you the return of Victor’s corps of last year, in which you
will see the organization of a French corps. It is, in fact, an army com-
posed of divisions, brigades, regiments, and battalions, with its cav-
alry, staff, commissariat, artillery, engineers, &c., complete. You will
also observe that the cavalry forms a complete division in the corps;
and although, for purposes of operation, parts of the cavalry may be
attached at times to divisions of infantry, the division of infantry has
no cavalry belonging to it”13.
O Exército francês durante a Guerra Peninsular utilizaria a sua
organização táctica baseada essencialmente em Corpos (em geral com
três ou quatro divisões de infantaria e uma componente de artilharia
e cavalaria)14. Como se disse esta definição de Corpo fora inicial-
mente criada no Exército francês por volta de 1800, mas com alguma
sistematização e permanência após 1803. Em 1812 muda a designa-
ção para Exército, variando então entre duas, seis e oito divisões15.

12. Wellington também usava a palavra corpo para definir um exército oponente
de tamanho desconhecido.
13. John Gurwood, The dispatches of Field Marshall The Duke of Wellington
- during his various campaigns in India, Denmark, Portugal, Spain, The Low
Countries and France from 1799 to 1818, Londres, John Murray, 1834, vol. 6
p. 78.
14. 1809: I Corpo (Victor): 3 divisões de infantaria e o equivalente a uma pe-
quena divisão de cavalaria. II Corpo (Soult): 4 divisões de infantaria e o equiva-
lente a uma pequena divisão de cavalaria. III Corpo (Junot): 3 divisões de infan-
taria e o equivalente a uma pequena divisão de cavalaria. IV Corpo (Sebastiani):
3 divisões de infantaria e o equivalente a uma pequena divisão de cavalaria. V
Corpo (Mortier): 2 divisões de infantaria e uma brigada de cavalaria. VI Corpo
(Ney): 2 divisões de infantaria e uma brigada de cavalaria. VII Corpo (Gouvion
St Cyr): 7 divisões de infantaria e o equivalente a duas pequenas divisões de
cavalaria
15. 1812: Exército do Sul (Soult): 6 divisões de infantaria e 3 divisões de cavala-
ria. Exército do Centro: 2 divisões de infantaria e 1 divisão de cavalaria. Exérci-
to de Portugal (Souham): 8 divisões de infantaria e 2 divisões de cavalaria. Exér-
cito de Aragão e Valência (Suchet): 5 divisões e meia de infantaria e 1 divisão de
cavalaria. Exército do Norte (Caffarelli): 2 divisões e meia de infantaria e uma
brigada de cavalaria. Exército da Catalunha (Decaen): 3 divisões de infantaria.
30 O Exército Aliado Anglo-Português

Fig. 1. Ataque a Flussinge (Flushing), Walcheren, 1809.

O Exército britânico

Estas novidades organizacionais francesas acabariam por ser imi-


tadas pelos exércitos europeus. No entanto, os britânicos continu-
aram a optar claramente pela constituição dos seus exércitos em di-
visões.
No Exército britânico, a Divisão como formação permanente,
aparece pela primeira vez na expedição a Copenhaga de 1807, na
qual o exército expedicionário se organiza em quatro divisões. Ante-
riormente, na expedição à Holanda (1793/94 e 1799) e na expedição
ao Egipto (1801), as subdivisões do Exército receberam as designa-
ções de colunas ou linhas16. A organização em divisões até à Guerra
Peninsular era algo de “anormal” no Exército britânico.
O Duque de York recomendou a Dalrymple em Julho de 1808 que
organizasse o exército em divisões. Este acabaria por reorganizar o

16. O Duke de York, comandante da expedição, não utilizava a designação de


divisões mas sim “colunas”, constituídas por duas ou três brigadas. O mesmo
aconteceu com Abercrombie, que lhes chama “linhas”.
A Evolução das Organizações Militares do Século XVIII 31

exército, enviado a Portugal, em três forças comandadas respectiva-


mente por Moore, Wellesley e Spencer. A 5 de Setembro de 1808, o
Tenente-general Hew Dalrymple organizou o seu exército com um
Corpo Avançado de Infantaria e Cavalaria, com quatro Divisões e
Reserva. No início de Outubro de 1808 o Exército britânico em Por-
tugal foi dividido na força de Guarnição, estacionada em Portugal e
no exército em Campanha. Moore, comandante do exército em cam-
panha organizaria o exército em divisões.
As forças do general Baird17, que chegaram à península em Ou-
tubro de 1808, sendo organizadas inicialmente em brigadas, mas
quando efectuou o seu avanço para se unir às forças de Moore em
Novembro foram levantadas temporariamente duas divisões. Mais
tarde Moore integra as suas forças com as de Baird e organiza-as em
divisões, as quais combateram na Corunha. As operações militares na
península, efectuadas até essa data, eram ao nível de brigada, foi o
General John Moore que pela primeira vez organiza o exército em di-
visões compondo-as de unidades das diversas armas (quatro divisões,
compostas com duas brigadas de infantaria cada, uma brigada de
cavalaria e uma de artilharia).
No fim do século XVIII, início do século XIX, a organização mili-
tar não era clara como hoje, em que o corpo é uma entidade superior
à divisão, esta é superior à brigada, que é superior ao regimento, que
é superior ao batalhão, etc., numa sucessão mecânica.
Nessa altura, a mesma estrutura podia ter diversas designações.
Os Prussianos em 1813 organizavam o exército em Brigadas (estru-
turalmente análogas às divisões francesas, mas ao contrário destes,
que disseminavam a sua cavalaria ao nível corpo de exército, tinham
a cavalaria como parte integrante da brigada) para fazer frente aos
Corpos Franceses. Os regimentos britânicos eram meras organizações
administrativas. Os batalhões eram organizados em brigadas tendo

17. David Baird (6 ou 26 Dezembro 1757 – 18 Agosto 1829). Comandou uma


força enviada a Espanha em 1808. Comandou uma divisão de 1808-1809 sendo
ferido na Corunha em Janeiro de 1809. (K. B.) 1809, (G. C. B.) 1815. Elevado
a Baronete em 1809.
32 O Exército Aliado Anglo-Português

efectivos semelhantes aos dos Regimentos continentais. As divisões


inglesas pouco maiores eram que as brigadas francesas. As unidades
de Artilharia continuavam a denominar-se Parque de Artilharia.
Em Waterloo o Exército aliado foi dividido formalmente (e iluso-
riamente) em Corpos por necessidade política de atribuir um coman-
do ao Príncipe de Orange, mas na realidade operava como um todo
organizado em divisões. Mas Waterloo não pode servir de exemplo
devido à situação internacional das forças envolvidas e as implicações
políticas do seu comando. Mesmo a sua repentina constituição e en-
grossamento até ao campo de batalha torna este exército aliado um
caso único.
Este conceito de Divisão (formação táctica com duas ou mais
brigadas com unidades de artilharia e respectivos serviços), não tem
nada a ver com o conceito de Divisão a nível territorial, pois no
primeiro caso estamos face a uma organização táctica para emprego
exclusivo em campanha e na segunda uma organização territorial.
Como mero comentário, poderemos constatar que o Exército
francês na península foi dividido em Corpos até que o Marechal
Marmont tomou o comando do Exército de Portugal, L’armée du
Portugal, em 1812, fazendo cair a estrutura Corpo e organizando
o exército em Divisões, eliminando as estruturas intermediárias dos
Corpos e aliviando o comando18.

18. Charles Oman, A History of the Peninsular War, Londres, Greenhill, 1995,
vol. IV, p. 360-361: “The Emperor, in the despatch which explained to Marmont
his duties, had bidden him drop the organisation into Corps on which the army
of Portugal had hitherto been formed, and send home the superfluous corps-
commanders, and any other generals whose absence he desired more than their
presence. [...] Junot and Loison went back to France at once and nearly all the
old divisional generals [Reynier também partiria pouco tempos depois]. Mar-
mont worked the army with promoted brigadiers. We hear for future nothing
more of many familiar names – Marchand, Merle, Mermet, Heudelet, etc. Of
the old divisional commanders only Clausel and Solignac remained. The rest of
the new divisions, into which the old corps were redistributed, were given to
men who had entered into Portugal in 1810 at the head of brigades only - Feret,
Brennier, Foy, Sarut and Maucune. [Montbrun ficaria com a cavalaria até ao
fim da campanha de 1811]. In the reorganization of the army the old regimen-
tal association in brigades and division were mainly adhere to. The two senior
divisions of the 6th Corps (Marchand and Mermet) became the 1st and 2nd
A Evolução das Organizações Militares do Século XVIII 33

Fig. 2. Batalha do Buçaco.

O Exército português

As novidades, nascidas em França no fim do século XVIII, foram


sendo absorvidas pelas outras potências, nomeadamente por Inglat-
erra e, como não poderia deixar de ser, por Portugal.
Assim, no seguimento das novas organizações militares da Eu-
ropa, Portugal também levanta uma Divisão Auxiliar em 1793, para
intervir na campanha do Rossilhão.
O seu comandante, João Forbes Skellater, defenderia mais tarde
num trabalho19 sobre a organização do exército, a distribuição das
unidades em três Divisões (Sul, Centro e Norte), tendo cada Divisão

division of the Army of Portugal under Foy and Clausel. The two divisions of
the 2nd Corps (late Merle’s and Heudelet’s) became the 3rd and 4th divisions.
Under Sarrut and Ferey. The 8th Corps and Loison’s original division of the 6th
Corps were amalgamated and made into the 5th and 6th division (Maucune
and Brennier)”.
19. Revista Militar, nos 15, 16, 17, 18, e 20 (1903). O trabalho da comissão e
as propostas poderão ser vistas com maior cuidado não só na Revista Militar
como em Ferreira Gil, A Infantaria Portuguesa na Guerra da Península, primei-
ra parte, Lisboa, Tipografia da Cooperativa Militar, 1912, p. 113 - 128.
34 O Exército Aliado Anglo-Português

oito regimentos de infantaria, agrupados em quatro brigadas, quatro


regimentos de cavalaria, um de artilharia e uma Legião. Cada Legião
a dois batalhões de Caçadores e dois esquadrões de Hussardos. Cada
batalhão de Caçadores a quatro companhias.
Seria apenas em 1806 que o exército seria pela primeira vez re-
organizado e modernizado, mesmo em tempo de paz, em divisões e
brigadas. No entanto era mais uma organização territorial que tác-
tica, apesar da sua organização poder integrar perfeitamente a noção
de Corpo.
O exército regular formava assim três grandes divisões, deno-
minadas do Norte, Centro e Sul, dependendo cada uma delas dos
respectivos comandos regionais.
Cada Divisão era formada por oito regimentos de infantaria,
agrupados em quatro brigadas; quatro regimentos de cavalaria e um
de artilharia, exceptuando a Divisão do Sul, que tinha dois regimen-
tos desta última armam. Havia ainda uma Legião de Tropas Ligeiras,
como referia o decreto «e estes números serão distribuídos promis-
cuamente20 pelos corpos das três Divisões». Assim, com base nesta
nova reorganização iniciada pelo Príncipe Regente, foram formadas
as Divisões em Portugal. No entanto esta reforma nunca veria a luz
do dia, pois a sua implementação foi interrompida pela invasão fran-
cesa que ocorreria no ano seguinte (1807).

20. Indistintamente.
Integração dos Exércitos Português e Britânico 35

INTEGRAÇÃO DOS ExércitoS Português e


Britânico E sua adaptação ao serviço de
campanha

O Exército português

Quando o Exército britânico desembarcou na península encon-


trou o Exército português fragmentado, com uma organização que
era fruto da falta de meios e de coordenação.
O Exército português fora liquidado por Junot durante a Primeira
Invasão Francesa, sendo o mesmo desmembrado de modo a formar
uma legião, com organização tipicamente francesa, que seria levada
para fora do território nacional para servir os interesses da França
Imperial.
Quando se deu a sublevação em 1808, em Portugal não restavam
quaisquer unidades militares organizadas, ou mesmo qualquer resquí-
cio da organização militar portuguesa, a única excepção era a Guarda
Real de Polícia de Lisboa.
O levantamento do exército ficou na mão dos oficiais que se apre-
sentaram nos locais dos antigos regimentos e das juntas regionais,
numa primeira fase centrada na Junta do Porto e numa segunda fase
no Conselho de Regência.
Assim, a pouca organização que havia, era mais fruto da ex-
periência dos seus comandantes, que fruto de um pensamento estra-
36 O Exército Aliado Anglo-Português

tégico e centralizado. Os primeiros organizadores buscaram assim


a experiência nacional de séculos para levantar de novo uma força
composta de três linhas (Exército de linha, Milícias e Ordenanças),
adoptando de novo essa fórmula no levantamento do Exército de
1808 aliás baseada na organização de 1806, e afinada pelas reali-
dades que se viviam.
Uma das grandes novidades introduzidas, senão a única de registo
foi a criação de sucessivos batalhões de infantaria ligeira, nomeada-
mente batalhões de voluntários, alguns dos quais viriam a ser os em-
briões dos futuros batalhões de Caçadores.
Por todo o lado levantavam-se unidades e organizavam-se de
modo a operar em conjunto.
Com os parcos recursos económicos que tinha ao seu dispor, fruto
de inúmeras doações e dos impostos então criados, a Junta do Porto
decretou a formação das seguintes unidades de primeira linha: oito
regimentos de infantaria, quatro batalhões de caçadores e quatro re-
gimentos de cavalaria, designando os pontos onde se iriam constituir.
«Com relação ao exército, chamou logo às armas as ordenanças, as
milícias, os soldados licenciados e com baixa, procedendo-se, igual-
mente, não só à criação de vários corpos de voluntários, mas também
aos de linha, sendo estes os regimentos de infantaria nos 6, 9, 11, 12,
18, 21, 23 e 24, e os de cavalaria nºs 6, 9, 11 e 12, e os batalhões de
caçadores do Minho, do Porto, de Trás-os-Montes e da Beira.»21.
Infantaria 6 e 18 seriam organizados no Porto, assim como Regi-
mento de Cavalaria 6 e o Batalhão de Caçadores do partido do Porto.
Em Braga, Infantaria 21, Cavalaria 9 e o Batalhão de Caçadores do
Minho. Em Viseu, Infantaria 11 e 23, Cavalaria 11 e o Batalhão de
Caçadores da Beira. Em Bragança, Infantaria 24, em Chaves Infan-
taria 12 e cavalaria 12, em Vila Real o Batalhão de Caçadores de

21. Simão José da Luz Soriano, História da Guerra Civil e do Estabelecimento


do Governo Parlamentar em Portugal, compreendendo a histórica diplomática,
militar e política deste Reino desde 1777 até 1834, vol. 1, 2.ª época, p. 309 e
Ferreira Gil, ob. cit., p. 240.
Integração dos Exércitos Português e Britânico 37

Fig. 3. General Bernardim


Freire de Andrade.
Placa da Ordem de Avis na
casaca.

Trás-os-Montes22, e em Viana Infantaria 923. A partir de Junho de


1808, os oficiais e soldados começaram a apresentar-se nas suas anti-
gas unidades militares, com os seus antigos uniformes.
Esta organização teve na sua base a dedicação e serviços do Gen-
eral Bernardim Freire de Andrade, auxiliado pelo cunhado, D. Miguel
Pereira Forjaz (homem que viria a ser um dos alicerces do novo exér-
cito).

22. “Unam-se todos, enquanto não houver oficial nomeado para os comandar
em corpo, e agregem-se à companhia de caçadores Reais de Vila Real debaixo
do capitão A. P. Vahia”. Ver supra companhia de Caçadores Voluntários de Vila
Real e proclamação de Silveira in Cláudio Chaby, Excerptos históricos e collec-
çao de documentos relativos a guerra denominada na peninsula e as anteriores
de 1801, e do Roussilon e Cataluna, Lisboa, Imprensa Nacional, 1863-1882,
vol. 6, doc. 24, p. 36.
23. “Designação dos locais dos corpos organizados”, decretado pela Junta Pro-
visional do Governo Supremo no Porto a 24 de Julho de 1808, in Manuel
Amaral (apres.), A Luta Política em Portugal nos finais do Antigo Regime, vol
III: A Aplicação da Reforma do Exército de 1803 (1805-1823), Lisboa, 2011,
pag 128.
38 O Exército Aliado Anglo-Português

Conjuntamente com Beresford D. Miguel Pereira Forjaz reforma


o exército, usando os seus dotes de administrador e organizador,
qualidades que sempre demonstrou ao longo da sua carreira24.
O Exército português acabaria por ser restabelecido oficialmente,
por decreto de 30 de Setembro de 1808, no qual o Príncipe Regente
ordenava que se formassem “todos os Corpos de Infantaria, Cavalar-
ia e Artilharia, que compunham o mesmo exército no tempo que foi
completamente desorganizado pelo intruso Governo Francês, e Orde-
nam que todos os Oficiais, Oficiais Inferiores, Tambores e Soldados se
reúnam no espaço de hum mez àqueles Corpos a que pertenciam an-
tes da sobredita desorganização, nos seus antigos Quartéis, declara-
dos na relação junta a este edital”25 e, em edital anexo da mesma data,
se informam os oficiais, os sargentos e os soldados dos locais onde se
estão a reorganizar os antigos corpos.
São assim organizados os Regimentos de Infantaria números 1,
4, 10, 13 e 16 em Lisboa; o 7 em Setúbal; o 19 em Cascais; os 5, 7 e
22 em Elvas, o 3 em Estremoz; o 8 em Castelo de Vide; o 15 em Vila
Viçosa; o 20 em Campo - Maior; o 2 em Lagos; o 14 em Tavira; o 11
em Viseu, o 23 em Almeida; o 6 e 18 no Porto; 9 Viana; 21 Valença;
12 Chaves e 24 Bragança. Regimentos de Cavalaria 1, 4 e 7 Lisboa;
10 Santarém; 8 Elvas; 2 Moura; 3 Beja; 5 Évora; 11 Almeida; 6 e 9
Chaves e 12 Bragança. Regimentos de Artilharia 1 S. Julião, 3 Es-
tremoz, 2 Faro, 4 Porto.26
Sucediam-se assim os decretos ordenando todo o tipo de medi-
das tendentes a levantar e organizar o exército, de tal modo que se
conseguiu efectuar o levantamento geral do país obtendo uma força

24. Sobre D. Miguel Pereira Forjaz ver Francisco de La Fuente, Dom Miguel
Pereira Forjaz: his early career and role in the Mobilization and defence of Por-
tugal during the Peninsular War, 1807 - 1814, dissertação apresentada à Florida
State University para obtenção do grau de Ph. D., 1980, tradução portuguesa
D. Miguel Pereira Forjaz, Conde da Feira (1769-1827). O Organizador da luta
contra Napoleão. Secretário do Governo da Regência para a Guerra, Negócios
Estrangeiros e Marinha, Lisboa, Tribuna, 2011.
25. Simão José da Luz Soriano, ob. cit, loc. cit., vol. 1, 2.ª época, p. 604
26. Reunião do Exército. Proclamação de 30 de Setembro de 1808 , in Manuel
Amaral, ob. cit., loc. cit., pag 128.
Integração dos Exércitos Português e Britânico 39

Fig. 4. General Manuel Pinto De


Morais Bacelar (1742-1816).
Ao peito, à direita, Cruz da Guerra
Peninsular com o Algarismo nº 6

armada entre 16.000 e 18.000 homens de tropa de primeira linha27,


sendo ainda restabelecidos os regimentos de Milícias, a 20 de Dezem-
bro, sendo aprovado um novo regulamento.
Fazem parte deste cálculo 3.000 homens, que com o general
Francisco de Paula Leite28 saíram de Campo Maior a 1 de Setembro;
7.618 homens, que o general Bernardim Freire de Andrade reuniu
em Coimbra, e o Corpo de Observação de 2.000 homens que se
tinha formado em Trás-os-Montes e na Beira Alta comandados pelo
general Manuel Pinto Bacelar, e, finalmente as forças que o marquês
de Olhão trouxe do Algarve29.

27. Simão José da Luz Soriano, ob. cit., vol. 1, 2.ª época, p. 342.
28. Francisco de Paula Leite de Sousa, 1° Visconde de Veiros - Nasceu em Santa-
rém, a 7 de Março de 1747 e faleceu, a 6 de Julho de 1833. Condecorado com
a Grã-Cruz da Ordem de Avis e Comendador das ordens da Torre e Espada e
de Cristo.
29. Sobre as forças do Algarve ver Alberto Iria, A invasão de Junot no Algarve.
Subsídios para a história da guerra peninsular. 1808-1814, Lisboa, 1941 e João
Centeno, O Exército Português na Guerra Peninsular, vol. 1: Do Rossilhão ao
40 O Exército Aliado Anglo-Português

O exército foi então organizado do seguinte modo30:


A Norte:
“A 22 de Julho fora decretada a organização total do exército,
que se dividiu em três corpos:
Primeiro - Denominado Exército de Operações da Estremadura,
sob comando do general Bernardim Freire de Andrade, e concentrado
em Coimbra, com 7.618 homens;
Segundo – O pequeno Corpo de Oobservação das Beiras e Trás-
os-Montes denominado Exército de Operações nas Províncias da Bei-
ra e Trás-os-Montes, sob comando do general Manuel Pinto Bacelar,
reunido em Castelo Branco, com 2.000 homens;
Terceiro – Corpo de reserva em Coimbra. Unidades destinadas ao
bloqueio de Almeida, a guarnecer o Porto e outras povoações, com
2.000 homens.
Do Exército do Norte: Comandante Bernardim Freire de An-
drade. Sob seu comando ficavam: Francisco da Silveira Pinto da
Fonseca31; Manuel Pinto Bacelar32; Nuno Freire de Andrade33. O
general Manuel Pinto Bacelar fora nomeado pelo general Sepúlve-
da, comandante interino das tropas do distrito do Douro, nomeação
aprovada pela Junta Provisional do Supremo Governo do Porto,
por portaria de 1 de Julho. Após o levantamento de Viseu, a Junta
Provisional conferiu a 18 Julho a Bacelar o encargo de general das
armas daquela província.
A Sul:
As tropas do sul, porém, manobravam de forma independente,

fim da Segunda Invasão Francesa, 1807-1810, Lisboa, Prefácio, 2008, apêndi-


ces.
30. José Acúrcio das Neves, ob. cit., vol. 2, pp. 271-273 e Simão José da Luz
Soriano, ob. cit., vol. 1, 2.ª época, p. 342.
31. Francisco da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira, 1.º Conde de Amarante.
32. Manuel Pinto de Morais Bacelar. (4 de Setembro de 1742-1 de Maio de
1816). 1.º Visconde de Montalegre. Grã-cruz da Ordem de Aviz, comendador
da Torre e Espada, condecorado com a cruz da Guerra peninsular de 3 campa-
nhas, etc. Ver biografia nesta obra
33. Nuno Freire de Andrade e Castro de Sousa Falcão de Figueiredo. (1 de Maio
de 1765-9 de Abril de 1845). 1.º Conde de Camarido.
Integração dos Exércitos Português e Britânico 41

sendo nomeados para os respectivos comandos:


O exército do Sul, formado pela junção das tropas do general
Francisco de Paula Leite e marquês de Olhão, em Évora e Setúbal
com 6. 000 homens, dos quais mais de 3.000 sob o comando do gen-
eral Paula Leite.
Do exército do Sul: Tenente-general Francisco José da Cunha de
Mendonça e Meneses, conde de Castro Marim·.
Governador das Armas do Alentejo: Tenente-general Francisco de
Paula Leite.
Corte da Estremadura Tenente-general D. António Soares de
Noronha”34.

*
* *

No entanto os números apresentados, não contém soldados equi-


pados e armados, mas sim homens mal equipados, não tendo a sua
maioria armas de fogo. A título de exemplo no Corpo de Observação
das Beiras e Trás-os-Montes apenas 600 tinham armas35.
Este era o Exército português que os ingleses encontraram quan-
do desembarcaram em Portugal em 1808.
Quando Beresford, oficial designado para comandar e reorganizar
o Exército, assume o comando do Exército português em Março de
1809 este encontrava-se a operar do seguinte modo:
General Miranda Henriques, com uma Divisão, em Tomar.
General Manuel Pinto Bacelar, com uma Divisão, na Beira.
General Francisco de Paula Leite, no Alentejo, com algumas
guarnições.
General Bernardim Freire de Andrade, com 1.400 homens na
fronteira Norte.

34. João Centeno, O Exército Português na Guerra Peninsular, Morte e renasci-


mento de um Exército, Lisboa, Prefácio, 2007. pag. 122.
35. F. Dicken “Report on Condition of the Portuguese Army” de 13 de Setembro
de 1808, PRO, WO 1/231.
42 O Exército Aliado Anglo-Português

Brigadeiro Francisco da Silveira Pinto da Fonseca, com 2.800 ho-


mens, em Trás-os-Montes.
Brigadeiro Robert Wilson, Leal Legião Lusitana, corpo criado em
1808 tendo por base o pedido formado ao governo britânico por
portugueses imigrados. Não se trata de um corpo organizado por
Portugal nos quadros da organização do Exército português, mas sim
um corpo militar, constituído e pago pela Inglaterra, sendo composto
na sua maioria por portugueses, com o comando de alguns Ingleses.

O Exército britânico

O Exército britânico desembarcado na península, não era como os


exércitos continentais que os Franceses haviam combatido anterior-
mente. As novas doutrinas tácticas entretanto desenvolvidas pelos in-
gleses iriam impor-se à táctica dos exércitos franceses. A Grã-Bretanha
no início do século XVII organizou a defesa do seu território36 com
base no poder naval da sua esquadra, uma vez que sendo uma ilha,
qualquer potencial invasor teria de possuir o domínio dos mares em
redor, como condição essencial para qualquer intervenção militar ter-
restre em solo britânico. A insularidade funcionava como o melhor
sistema de defesa. Além do mais, desde a República de Cromwell, que
o Parlamento temia um exército forte na Ilha que pudesse ser usado
contra si.
Com base nesta simples constatação, a organização do Exército
britânico foi efectuada pensando na sua utilização primordial fora
do seu território insular, como força expedicionária, o que só por
si, poderia, em geral, significava inferioridade numérica, tendo de se
adaptar a esta realidade. Especialmente foi estudada a linha de con-
duta das forças terrestres em operações expedicionárias para a ma-
nutenção do império colonial:

36. Ver José Manuel Freire Nogueira, As Guerras Liberais, Uma reflexão Estra-
tégica sobre a História de Portugal, Lisboa, Cosmos-Instituto de Defesa Nacio-
nal, 2004, p. 135 e segs.
Integração dos Exércitos Português e Britânico 43

- Conduta de operações pouco profundas, por forma a permitir


sempre o apoio naval às operações terrestres ou a recolha das uni-
dades desembarcadas, em caso de necessidade de retirarem;
- Melhoria da qualidade das capacidades individuais do combat-
ente, o que levou a uma profissionalização do combatente, o que, por
sua vez, teve como consequência a adopção privilegiada da manobra
defensiva em detrimento da ofensiva como meio de limitar o número
de baixas em combate.
A adopção de uma táctica terrestre defensiva – não estratégica,
pois a Grã-Bretanha optava por uma postura ofensiva – era funda-
mental para evitar o combate corpo-a-corpo em inferioridade nu-
mérica, tendo por objectivo causar um forte desgaste do inimigo
antes do contacto, daí a opção pela utilização táctica da linha em
detrimento da coluna37.
Durante a Guerra Peninsular, tal foi conseguido através dum el-
evado poder de fogo e grande eficácia na sua execução. As tropas
francesas baseavam o combate nos grandes choques e ofensivas à
baioneta. Os batalhões avançavam em coluna para o ataque, escalo-
nados uns atrás dos outros, em brigadas ou mesmo em divisões.
Estas colunas eram antecedidas de atiradores ligeiros, em ordem
dispersa, que enfraqueciam o inimigo com o seu fogo, para lhe fazer
perder a força moral, após o que avançavam as colunas ao ataque,
a passo de carga, acompanhadas de tambores, que terminavam num
assalto à baioneta. Nos últimos tempos do império, as colunas seriam
cerradas.
A esta maneira de combater dos franceses, os ingleses opunham
formações de homens imperturbáveis e silenciosos38, dispostos geral-

37. James R. Arnold, A Reappraisal of Column Versus Line in the Peninsular


War, http://www. napoleon-series.org e Charles Oman, “Column and Line in
the Peninsular War”, de 16 de Março de 1910, publicado em Proceedings of the
British Academy, 1909–1910, vol. 4, pp. 321-342 (Londres, Oxford University
Press).
38. “They [the French] came upon us crying and shouting, to the very point of
our bayonets. Our awful silence and determined advance they could not stand.
[...] How unlike the noisy advance of the French!” - Christopher Hibbert, ed.,
A Soldier of the Seventy - First: The Journal of a Soldier of the Highland Light
44 O Exército Aliado Anglo-Português

mente em duas linhas39, o que permitia a utilização da totalidade das


suas armas, atirando com terrível precisão, esperando que o inimigo
estivesse a uma curta distância40.
Napoleão tem sido acusado de exagerar no uso da baioneta, em
detrimento do fogo, tendo merecido graves censuras as desmesuradas
colunas de Wagram e Moscovo, ao qual muitos atribuem as derrotas
do Império e seu colapso final.
Esta técnica de ataque, com menosprezo do poder de fogo, rev-
elou-se fatal na península. Os ataques realizados sem suficiente pre-
paração pelo fogo eram impotentes contra uma infantaria que, como
a inglesa e posteriormente também a portuguesa, atirava a sangue
frio, a muito curta distância, e não cedia um passo. As pesadas e
profundas colunas utilizadas pelos exércitos franceses, nem sempre
se podiam desenvolver devido à configuração do terreno, como acon-
teceu no Buçaco e em Albuera. O ataque em coluna adoptado pelas
formações napoleónicas foi uma característica dominante do período
que se inicia em Valmy (1792) e terminará em Waterloo (1815).

Infantry 1806–1815, Warren, Squadron/Signal Publications, 1976, pp. 47- 48.


39. O Exército português iria usar a mesma forma de combater, como se vê da
Ordem do Dia de 28 de Maio de 1810 “Quartel General de Formos d’Algodres
28 de Maio de 1810 [. . .] e permite que os regimentos que se acham disciplina-
dos ou qualquer parte, que seja delas, se costume a manobrar em duas fileiras,
e particularmente aqueles, que se acham em campanha, e determina que se for-
mem deste modo sempre que estiverem perto do inimigo, ou houverem de se lhe
opor. Como as Companhias dos regimentos estão aqui completas, com esta for-
matura vem a ter demasiada extensão para poderem mover-se com facilidade, e
justeza; os senhores Comandantes poderão, quando o julgarem necessário, for-
mar as duas alas, ou Batalhões com 10 pelotões cada hum, e neste caso dividirão
os ofícios em relação a esta formatura. Declarara mais o senhor Marechal, que
a sobredita permissão não é mais que hum desvio temporário das Ordenanças
relativamente a formatura em três fileiras, a qual os regimentos em guarnição,
e na disciplina ordinária devem sempre observar; em razão do que a formatura
em duas fileiras quase só deve ter uso nos corpos empregados contra o inimigo
em campanha.“ Veríssimo António Ferreira da Costa, Analyse das ordens do
dia de Beresford, Lisboa, Na Impressão Regia, 1820, pp. 200–201.
40. James R. Arnold, A Reappraisal of Column Versus Line in the Peninsular War,
http://www.napoleon-series.org/military/organization/maida/c_maida. html.
Histórico das Divisões 45

Histórico das divisões

Integração dos Exércitos

A organização táctica Inglesa irá impor-se no Exército português,


não só porque este é integrado no exército de Wellington, numa primei-
ra fase, de forma combinada41 com as brigadas Britânicas, como numa
segunda fase integrando unidades nas divisões britânicas brigadas por-
tuguesas (com três excepções: a 1.ª Divisão que nunca teve qualquer
brigada ou unidade portuguesa, a Divisão Portuguesa, composta uni-
camente por brigadas portuguesas e a Divisão Ligeira que tinha duas
brigadas, com unidades portuguesas e Britânicas combinadas, pela sua
especificidade, uma vez que era uma Divisão de tropas ligeiras).
O enquadramento do Exército português, entre 1809 e 1810, foi
feito a quatro níveis:
Pela integração de oficiais ingleses nas unidades regimentais para
prestar serviço no Exército português (cerca de três oficiais em cada
Regimento, num quadro de mais de 50).
Pela adopção das manobras tácticas britânicas, com a consequente
modernização dos regulamentos, traduzindo para o português regu-
lamentos ingleses, dando uniformidade na acção aos dois exércitos
aliados, que passarão a ter as vozes de comando nas duas línguas.
Pela utilização de armamento e equipamento britânico - armas,
fardas, equipamentos e todo o tipo de impedimenta.

41. Forças combinadas são unidades compostas por forças de dois ou mais países
46 O Exército Aliado Anglo-Português

Pela reestruturação da administração militar com a criação, à


semelhança do modelo britânico, do comissariado de modo a susten-
tar as operações militares.
As consequências futuras, quer no campo táctico, quer no estraté-
gico, serão enormes, e darão os seus frutos.
A campanha peninsular foi pensada e realizada com uma mano-
bra de aproximação indirecta no campo da grande estratégia, onde a
decisão foi procurada através de meios militares, evitando a superiori-
dade global do adversário. Wellington delineou desde o seu início uma
campanha defensiva, perturbando os planos franceses com diversões e
com um esforço militar leve. Este é o método britânico clássico.
O Exército Anglo-Português foi estruturado em brigadas e di-
visões, com unidades mistas britânicas e portuguesas, enquadrando
ambos exércitos num só, mas mantendo no mínimo a individuali-
dade dos corpos regimentais ou dos batalhões não arregimentados.
A unidade táctica básica inglesa recairia sobre o batalhão, enquanto
a portuguesa recaia no regimento a dois batalhões42. Para o Exército
britânico, o regimento era uma unidade de recrutamento, mobiliza-
ção e instrução. Regimentos cujo universo de recrutamento se situava
em condados mais populosos tinha a capacidade de mobilizar, equi-
par, armar e treinar mais do que um batalhão, mas o seu emprego
em campanha era individualizado. Vários regimentos compostos por
mais de um batalhão tinham-nos em campanha em locais diferentes
do Império. Por exemplo o 1st Regiment of Foot (Royal Scots) no
ano de 1810 tinha o 1.º batalhão em Guadalupe, o 2.º batalhão na
Índia, o 3.º batalhão na península, estando presente no Buçaco, e o
4.º batalhão na Escócia.
A unidade de escalão Brigada era composta, habitualmente por
dois a quatro batalhões de infantaria de linha (sendo no caso das

42. Conforme me comentou o Dr. Moisés Gaudêncio, da OD citada infere-se isso


pois Beresford só permite aos comandantes dos regimentos a divisão em duas
alas ou batalhões quando for preciso executar movimentos. Por esta OD vê-se
que os batalhões portugueses não tinham autonomia própria correspondendo
mais a alas dentro do regimento que seriam mais facilmente destacadas em caso
de necessidade.
Histórico das Divisões 47

brigadas portuguesas por dois regimentos de linha, a batalhões bat-


alhões cada, ou seja a quatro batalhões), com companhias de infan-
taria ligeira (sendo no caso português por um batalhão de caçadores).
A Brigada ficava sob o comando e controlo de um oficial de posto
Coronel, Brigadeiro ou Major-general.
No Exército francês utilizava-se o escalão Corpo de Exército,
unidade integradora de divisões e brigadas. Na península foram uti-
lizados Corpos de Exército comandados por um General de Divisão
ou Marechal. As unidades deste escalão, ou tinham missões próprias
em campanha, ou formavam Exércitos de Campanha com missões
específicas como foi o caso do Exército de Portugal sob Massena na
Terceira Invasão Francesa de Portugal (1810-11), composto dos II
Corpo (Ney), VI Corpo (Reynier) e VIII Corpo (Junot), e mais tarde
reforçado pelo IX Corpo (Drouet)). Só em 1812, o exército francês
na península se passou a organizar exclusivamente em Divisões, abo-
lindo o escalão Corpo de Exército.
No Exército Anglo-Português, as Brigadas integravam as Divisões,
mas devido ao reduzido efectivo das mesmas, raramente formaram
Corpos de Exército. Apenas em Waterloo, os Ingleses, organizaram
cada duas a três divisões em Corpos de Exército.
Como exemplo, a força do Exército Anglo-Português em 1813,
por altura da batalha de Vitória, era composto de 52.484 ingleses e
28.792 portugueses, aos quais se juntaram 46.292 espanhóis. O total
deste efectivo (127.568) compunha o exército peninsular. Mesmo as-
sim estes efectivos de um Exército de campanha eram pouco mais do
que o dobro do I Corpo de Napoleão quando este invadiu a Rússia,
em 1812 (69.000 homens).
Wellington preferiu a Divisão como estrutura do Exército Anglo-
-Português de forma a ter o controlo total na campanha. Desta for-
ma, não teria de partilhar as decisões com comandantes de Corpos de
Exército, controlando directamente as divisões e as brigadas indepen-
dentes, agilizando o processo de decisão e acelerando o cumprimento
de ordens. Este facto revelou-se uma vantagem sobre o lento sistema
de decisão, distribuição de ordens e execução do Exército Francês.
48 O Exército Aliado Anglo-Português

Wellington tornou o comando único e centralizado numa vanta-


gem, mas acabou por ser acusado de não ter criado uma escola de
generais que o pudessem, eventualmente, substituir ou dirigir cam-
panhas de forma autónoma, restringindo as suas competências a
meros executantes de ordens. Esta acusação, de falta de autonomia
dos seus generais, não corresponde totalmente à verdade, pois Wel-
lington permitiu que alguns dos seus generais assumissem grandes
decisões em campanha, como aconteceu com Craufurd, Beresford e
Hill. Este último chegou mesmo a comandar temporariamente um
Corpo de Exército na Estremadura e Alentejo, com um elevado grau
de autonomia.

As brigadas britânicas

As operações britânicas na época, essencialmente por necessidade


de prover o seu transporte por via marítima, eram efectuadas com
pequenas forças expedicionárias, ao nível brigada ou batalhão, em
contraposição com a organização e dimensão dos exércitos continen-
tais.
Quando Wellington desembarcou na península Ibérica em 1808,
o Exército britânico ainda estava organizado, com base em Briga-
das, geralmente compostas por dois ou três Batalhões43, com efectivos
compreendidos entre 1.400 a 2.500 homens.
O exército Britânico desembarcado na foz do Mondego em 1808
encontrava-se organizado em oito Brigadas:
1.ª Brigada comandada pelo Major general Sir Rowland Hill.
1.º Batalhão do 5th Foot.
1.º Batalhão do 9th Foot.
1.º Batalhão do 38th Foot.
1 Companhia do 5.º Batalhão do 60th Foot.

43. De batalhão/regimento para baixo, as unidades tácticas tendem a pertencer


de forma permanente uma às outras, em torno do sistema regimental.
Histórico das Divisões 49

Fig. 5. Batalha de Salamanca

2.ª Brigada comandada pelo Major-general Ronald Ferguson.


36th Foot (1 batalhão).
1.º Batalhão do 40th Foot.
1.º Batalhão do 71st Foot.
1 Companhia do 5.º Batalhão do 60th Foot.
3.ª Brigada comandada pelo Brigadeiro Miles Nightingall.
29th Foot (1 batalhão).
1.º Batalhão do 82nd Foot.
1 Companhia do 5.º Batalhão do 60th Foot.
4.ª Brigada comandada pelo Brigadeiro Barnard Bowes.
1.º Batalhão do 6th Foot.
1.º Batalhão do 32nd Foot.
1 Companhia do 5.º Batalhão do 60th Foot.
5.ª Brigada comandada pelo Brigadeiro James Catlin Craufurd.
1.º Batalhão do 45th Foot.
1.º Batalhão do 91st Foot.
1 Companhia do 5.º Batalhão do 60th Foot.
6.ª Brigada comandada pelo Brigadeiro Henry Fane.
50 O Exército Aliado Anglo-Português

1.º Batalhão do 50th Foot.


5 Companhias do 5.º Batalhão do 60th Foot.
4 Companhias do 2.º Batalhão do 95th Foot.
7ª Brigada comandada pelo Brigadeiro Robert Anstruther.
2.º Batalhão do 9th Foot.
2.º Batalhão do 43rd Foot.
2.º Batalhão do 52nd Foot.
97th Foot (1 batalhão).
8.ª Brigada comandada pelo Brigadeiro Wroth Palmer Acland.
2nd Foot.
20th Foot.
2 Companhias do 1.º Batalhão do 95th Foot.

Por outro lado, esta força de dimensões reduzidas comandadas


por Wellington (com efectivos comparáveis a pouco mais que um cor-
po de exército de Napoleão), permitiu-lhe dirigir pessoalmente todo o
exército e ter um estado-maior reduzido.
No início da campanha peninsular, a maior formação táctica era
a brigada, que actuava sob o comando de um Coronel ou Brigadeiro-
General44. O Brigadeiro-General no comando da brigada, no exército
britânico, não era um posto militar no sentido estrito do termo, mas
uma nomeação para comando da brigada, já que efectivamente, po-
dia ser um oficial general ou o oficial mais antigo, cooptado de entre
os comandantes dos Batalhões que formavam a brigada, por vezes
um coronel, passando o comando do batalhão a ser feito pelo seu 2.º
comandante.

44. No Exército britânico o posto de Major de Brigada, não era um posto de


carreira, mas uma nomeação. Por isso, algumas vezes era nomeado um oficial
com menor antiguidade, que adquiria o titulo de Major de Brigada, como acon-
teceu com Harry Smith, que sendo Major de Brigada (e comandando efectiva-
mente uma brigada) era apenas Tenente. O Major de Brigada encontrava-se
adstrito ao Estado-maior da Brigada, sendo sua função assistir o respectivo
comandante. Só raramente, se alguma vez aconteceu, comandaria a Brigada
temporariamente em combate, pela morte ou ferimento do seu comandante, e
até que o oficial mais graduado assumisse o comando da Brigada, em geral um
dos coronéis ou majores dos regimentos ou batalhões.
Histórico das Divisões 51

Quando mais do que uma brigada actuavam concertadamente,


sem a direcção de um oficial general comandante de divisão, o oficial
comandante da força era escolhido, pela sua antiguidade, entre os
comandantes de brigada.
52 O Exército Aliado Anglo-Português
Organização do Exército Anglo-Português em Divisões 53

Organização do exército anglo-


-português em divisões

A formação das divisões

No Exército britânico a Divisão, como formação permanente,


apareceu pela primeira vez na expedição de Copenhaga em 1807,
na qual o exército se organizou em quatro divisões. Anteriormente
apenas tinha ocorrido na expedição à Holanda (1793-445 e 1799) e
na expedição ao Egipto (1801). Wellington, de forma fixa, institui o
exército britânico em divisões, fazendo-o de modo permanente.
As operações militares na península, foram efectuadas a nível de
brigadas até ao General John Moore as organizar em divisões (quatro
divisões, compostas com duas brigadas de infantaria cada, uma briga-
da de cavalaria e uma de artilharia).
Quando Wellington assume de novo o comando do Exército
britânico peninsular em 1809, o sistema táctico de brigadas dura até
18 de Junho, data a partir do qual, com base no sistema de briga-
das adopta a organização em divisões por opção deste comandante.
Esta não era uma opção corrente, pois na Europa os exércitos eram
agrupados em Corpos. Wellington certamente seguia os conselhos de
Jomini que aconselhava formar divisões em vez de Corpos, em peque-

45. O Duke de York, comandante da expedição, nem lhe chamava divisões, mas
colunas de duas ou três brigadas. O mesmo acontece com Abercrombie que lhes
chama linhas.
54 O Exército Aliado Anglo-Português

nos exércitos. Não será de esquecer que Wellington fez a sua forma-
ção militar numa academia francesa.
Wellington não esquecia que, em 1809, o seu exército era o único
disponível para fazer frente a Napoleão no Teatro Europeu, e que a
sua perda faria pender a vitória para o lado francês. Esta clara con-
sciência da importância do seu exército, obrigou-o a optar por um
controlo apertado e com uma organização centralizada, operando
como um único exército e como força única. Em resumo, um todo,
com uma única excepção; o pequeno Corpo sob o comando de Hill.
Durante os anos da longa defesa de Portugal, que durou até à
campanha de 1813, Wellington teve o seu exército organizado num
só. Apenas destacou para sul do Tejo um corpo comandado pelo Gen-
eral Hill, pela necessidade geográfica originada pela divisão territo-
rial do rio Tejo e pela necessidade de cobrir o seu flanco a sul do rio,
defesa considerada estratégica.
Para atingir os objectivos que levaram à sua criação, teria de ser
uma força militar independente, capaz de agir sozinha, de atrasar um
inimigo maior, o tempo suficiente para permitir que o exército prin-
cipal atravessasse para a margem sul. Não era, claro está um verda-
deiro exército, pois a sua concepção teve como ideia que este operava
em conjunto como parte do exército principal. Wellington estava tão
preocupado em manter o total controlo das operações, que tentou
obter o controlo directo da Guarnição de Cádis, para harmonizar op-
erações conjuntas. A todos estes factores aliava-se o facto de Welling-
ton não acreditar suficientemente nos seus generais ao ponto de lhes
atribuir o comando de um corpo (com excepção de Hill e Beresford).
Ele sabia que o Exército britânico era tão pequeno que encontrar ofi-
ciais à altura do comando de corpos era tarefa difícil.
No entanto, por vezes tal não passava de designação, pois actua-
vam como Corpos, designadamente quando destacou um «corpo»
sob o comando de Hill46 para guardar a Estremadura espanhola e

46. Composição do Corpo de Hill: Estado-Maior. 2ª Divisão. Divisão Portuguesa.


- 2.ª Divisão de Cavalaria [Junho 1811 - Abril 1813]. Brigadas independentes
de Cavalaria agrupadas sob o comando de um oficial general. Brigadas de ar-
Organização do Exército Anglo-Português em Divisões 55

Alentejo, ou em 1813, quando divide o exército em três Colunas ou


Flancos (Alas) 47, designação da literatura e dos ofícios da época,
que mais não eram na realidade que Corpos. O Estado-maior era
retirado das próprias divisões, sendo pois mais pequenos que os
estados-maiores congéneres ou mesmo o das próprias divisões. Na
Península, os próprios estados-maiores das divisões, eram pequenos
a comparar com as congéneres dos Corpos de Exército da Europa.
Não era anormal, antes pelo contrário, delegar diversas funções no
mesmo oficial.
Wellington, em regra não delegava o comando do exército em
nenhum oficial, excepto, esporadicamente, em Hill e Beresford, mas
se fosse necessário, como aconteceu em 1813, dividia o exército em
colunas ou flancos e designava os respectivos comandantes para cada
uma delas. Estas colunas, diga-se em abono da verdade, chegavam
a constituir organizações independentes, preparadas para, por si só,
actuarem autonomamente como autênticos Corpos48. A diferença era
meramente formal e de escolha de denominação.
Para compreender esta estrutura podemos verificar que Welling-
ton dava as ordens directamente às divisões, brigadas e mesmo aos
comandantes das unidades. Numa verdadeira estrutura de Corpos
as ordens vão para as divisões, que as remetem às brigadas e estas às
unidades.
No início de 1809, pela Ordem Geral de 18 de Junho emitida em
Abrantes, Wellington introduziu a organização por divisões49, primei-
ro com o levantamento de quatro divisões, em que a primeira tinha
quatro Brigadas e as restantes três ou duas Brigadas, sendo as Briga-

tilharia. Corpo de oficiais de engenharia. Corpo de oficiais do Comissariado.


Brigadas portuguesas independentes e com diferentes comandantes ao longo
do tempo.
47. Era normal nos exércitos do séc. XVIII, moldados ainda sob o esquema
prussiano, dividir o exército em Colunas ou Alas. Esta designação era usada
pela direcção ou lugar que tal estrutura tinha nas operações.
48. Corpo no sentido usado pelos exércitos continentais de organizações inde-
pendentes do ponto de vista administrativo, logístico e de combate.
49. Ordenou também o levantamento de uma divisão de cavalaria, com três bri-
gadas. Nesta organização inicial, não estavam incluídas unidades Portuguesas.
56 O Exército Aliado Anglo-Português

das em número de dez. As divisões seriam levantadas pela seguinte


ordem:
1.ª - 18 de Junho de 1809
2.ª - 18 de Junho de 1809
3.ª - 18 de Junho de 1809
4.ª - 18 de Junho de 1809
Divisão Portuguesa - 16 de Dezembro de 1809.
Divisão Ligeira - 22 de Fevereiro de 1810
5.ª - 6 de Outubro de 1810 [Corpo sob o comando do General Leith50]
6.ª - 6 de Outubro de 1810
7.ª - 5 de Março de 1811

O Comando das Divisões

Quando Wellington criou a organização do exército em divisões


(1809) estabeleceu que o comando caberia a Tenentes-Generais. Es-
truturalmente as divisões deveriam ser comandadas por um Tenente-
general, as brigadas por um Major-general51, os regimentos por um
Coronel e os Batalhões por um Tenente-coronel.
Esta era a estrutura inicialmente traçada, desde o início da cam-
panha no teatro de operações da península, foi muito diferente,
até porque não havia Tenentes-Generais e Majores-Generais para
preencher as divisões e brigadas. No Exército britânico na península
(Abril de 1809) apenas havia três Tenentes-Generais, John Coape
Sherbrooke, William Payne e Edward Paget, aos quais se juntariam
em Agosto desse ano Stapleton Cotton e Rowland Hill, pelo que es-
tabeleceu que o oficial mais antigo das brigadas de cada Divisão co-
mandaria a mesma até serem substituídos. Assim aconteceu com John
Randoll Mackenzie e Alexander Campbell, que sendo Brigadeiros à
data, tomaram o comando da 3.ª e 4.ª divisão. Também, os rigores

50. Muitos autores colocam este corpo na batalha do Buçaco como Divisão,
quando esta ainda não fora levantada.
51. O equivalente a Marechal de campo do Exército Português.
Organização do Exército Anglo-Português em Divisões 57

Fig 6. Marechal-General
Arthur Wellesley
(Wellington).

dos combates não permitiram, durante toda a guerra, cumprir esta


estrutura planeada, sofrendo no teatro, grandes flutuações. Houve
breves alturas em que as próprias divisões foram comandadas por
Majores-Generais e mesmo por Tenentes-coronéis.

Integração das brigadas portuguesas

Na campanha do Douro (Segunda Invasão), algumas unidades


portuguesas foram misturadas com unidades britânicas, formando
brigadas mistas, que não resultaram por não atenderem a especifici-
dade de cada nação. Esta seria a única vez que as unidades portugue-
sas e inglesas formariam brigadas mistas. Esta mistura de unidades
das duas nações só iria sobreviver na Divisão Ligeira.
Sempre pragmático e com o reconhecido bom senso, em 1810,
Wellington decidiu reorganizar de novo o seu exército, misturando de
58 O Exército Aliado Anglo-Português

novo unidades Portuguesas e Britânicas nas suas divisões, mas com


uma nova forma.
Em vez de misturar as unidades portuguesas com as britânicas
nas respectivas Brigadas, inseriu uma Brigada composta por unidades
portuguesas (quatro a cinco batalhões) nas divisões, que ficaram con-
hecidas pelas Brigadas Portuguesas com o nome do comandante re-
spectivo até serem numeradas em 1813.
Tratou-se de uma organização peculiar, criada pelo próprio Wel-
lington, diferente de qualquer outra formação de qualquer outro
exército moderno, e de modo muito parecido às Legiões Romanas.
Distribuiu o exército em divisões com 4.000 a 6.000 homens
cada, contendo cada uma, as partes componentes de um exército,
tornando-se assim completamente independentes entre si e capazes de
operar com perfeita independência.
Cada Divisão era um verdadeiro exército em miniatura, que pode-
ria aventurar-se a executar operações e movimentos sozinha, o que
demonstrou a genialidade do seu autor pela simplicidade do sistema
organizacional montado. Este sistema permitia grande facilidade na
acção e foi a mola percursora dos admiráveis movimentos que distin-
guiram o Exército Anglo-Português na Guerra Peninsular.
É em 22 de Fevereiro de 1810, que Wellington ordena que cada Di-
visão passe a contar com uma brigada portuguesa, composta de dois
regimentos de infantaria e um batalhão de caçadores. Uma Brigada
Portuguesa “completa” consistia em dois regimentos de infantaria (a
dois batalhões cada) e um batalhão de caçadores52.
As brigadas britânicas eram compostas de dois ou três batalhões
de infantaria e uma companhia de infantaria ligeira tirada dos batal-
hões respectivos e espalhadas pelas brigadas.
A organização das divisões era composta como regra geral por
três brigadas, duas britânicas e uma portuguesa.
Uma brigada britânica tinha usualmente uma força de 1.500 a
2.000 homens, enquanto a força de uma brigada portuguesa tinha
52. No exército Francês, os regimentos tinham quatro batalhões, as brigadas
oito batalhões e as divisões dezasseis batalhões.
Organização do Exército Anglo-Português em Divisões 59

entre 2.000 a 2.500 homens. As brigadas britânicas a dois ou três bat-


alhões e a portuguesa a dois Regimentos de Infantaria e um Batalhão
de Caçadores. Cada Divisão teria uma brigada (bataria) de artilharia.
No entanto a 1.ª Divisão, a Divisão Ligeira e a Divisão Portuguesa
eram compostas em moldes diferentes. A 1.ª Divisão, sem brigada
portuguesa e composta de quatro brigadas, a dois batalhões cada.
A Divisão Portuguesa, apenas com duas brigadas portuguesas,
sem qualquer brigada britânicas.
Na primavera de 1810 foi introduzia uma grande inovação, que
ficaria famosa. A criação da Divisão Ligeira (“The Light Division”),
que fora levantada em 22 de Fevereiro de 1810, tomando como base
a Brigada comandada por Robert Craufurd, retirada da 3.ª Divisão,
ao que se juntaram dois Batalhões de Caçadores (o 1.º e o 3.º), e mais
tarde o Regimento de Infantaria 17.
No Verão de 1810, levanta a 5.ª Divisão, que não recebeu um Ba-
talhão de Caçadores até 1811. Durante a Batalha do Buçaco, o Exér-
cito Anglo-Português já contava com sete divisões. Divisões antigas
1.ª, 2.ª, 3.ª, 4.ª, as recentes 5.ª, Divisão Ligeira e Divisão Portuguesa53.
Das seis brigadas portuguesas restantes, duas, sob o comando dos
Brigadeiros Archibald Campbell e Agostinho Luís da Fonseca, forma-
ram a Divisão Portuguesa, que marchava com a 2.ª Divisão de Hill,
mas que não faziam parte integrante dela.
Além destas, sobravam as Brigadas Portuguesas comandadas por
Denis Pack, Alexander Campbell, Coleman e Thomas Bradford.
Em 6 de Outubro de 1810 e 5 de Março de 1811, Wellington
aumentou o Exército Anglo-Português em mais 2 divisões, a 6.ª e 7.ª
divisões. No ano seguinte, foram reduzidas para 2 brigadas portugue-
sas independentes, já que uma das Brigadas passou para a 7.ª Divisão
entretanto criada e a outra para a 2.ª Divisão.

53. A Divisão Portuguesa foi criada a 16 de Dezembro de 1809. John Gurwood,


ob. cit., vol. VIII, p. 111. Era intenção de Wellington formar esta divisão nos
mesmos moldes que as restantes, o que não foi possível pelas perdas enormes
tidas na batalha de Albuera, tendo de reorganizar a 2ª divisão, que sofreu pesa-
das perdas. Divisão criada a 16 de Dezembro de 1809 - John Gurwood, ibidem.
60 O Exército Aliado Anglo-Português

As duas Brigadas que não foram anexas às Divisões, actuaram


como independentes até ao fim da guerra, sendo esta a distribuição
final das brigadas:

2.ª Divisão - uma Brigada;


3.ª Divisão - uma Brigada;
4.ª Divisão – uma Brigada;
5.ª Divisão – uma Brigada;
6.ª Divisão – uma Brigada;
7.ª Divisão – uma Brigada;
Divisão Portuguesa – duas Brigadas;
Duas Brigadas independentes.

As Primeiras sete divisões eram numeradas, sendo a 8.ª conhecida


apenas como “The Light Division” (Divisão Ligeira), e a 9.ª como
Divisão Portuguesa.
A 1.ª Divisão tinha geralmente quatro Brigadas Britânicas, sendo
que, em 1813 uma das Brigadas foi substituída pela alemã “King’s
German Legion” (K.G.L). Esta Divisão nunca teve uma Brigada ou
unidades portuguesas.
A 2.ª Divisão incluía inicialmente três Brigadas Britânicas, sendo-
-lhe incorporada a brigada portuguesa de Ashworth em 1811. Esta
Divisão (2.ª) era uma dupla unidade com a Divisão Portuguesa, com
cerca de 5.500 ingleses e 4.500 portugueses.
Operava com frequência separada, sob o comando do General
Hill, com a Divisão Portuguesa, grupo que era equivalente a um
pequeno Corpo de Exército luso-britânico
As restantes divisões, com excepção da Divisão Ligeira (pela
sua especificidade), eram compostas de duas Brigadas Britânicas e
uma Portuguesa.
Em média cada Divisão era composta de cerca de 6.000 homens
(3.000 ingleses e 2.000 ou um pouco mais, portugueses), com excep-
ção da Divisão Ligeira com 4.000 homens.
A Divisão Ligeira tinha uma organização própria, com duas
Organização do Exército Anglo-Português em Divisões 61

Brigadas contendo:
- Um batalhão de Infantaria Ligeira Inglesa.
- Um batalhão de Caçadores.
- Quatro Companhias de atiradores do regimento 95th Foot.

Divisão Portuguesa
A Divisão Portuguesa era composta por duas brigadas, uma com
dois regimentos de infantaria e um batalhão de caçadores e outra
apenas com dois regimentos de infantaria, a qual ficaria conhecida
como Brigada do Algarve
Até à Batalha de Vitória, Wellington exercia o comando directa-
mente sobre as divisões, sem grau intermédio de comando, excepto no
que diz respeito à 2.ª Divisão, Divisão Portuguesa e duas Brigadas de
Cavalaria, na Estremadura Espanhola e Alentejo (o pequeno corpo de
exército do general Hill). Após a batalha de Vitória, vendo a enorme
dificuldade em exercer todo o comando sobre as oito divisões, mais a
Divisão Portuguesa e as Brigadas independentes, Wellington organi-
zou o seu exército em três Corpos permanentes, ou mais precisamente
um corpo central com dois flancos, denominadas de Colunas.
À esquerda - Com Thomas Graham, que foi substituído por Hope
quando adoeceu
À direita - Hill.
Ao centro - O próprio Wellington com Beresford, Beresford co-
mandando metade da Coluna que mais não era que um Corpo.
62 O Exército Aliado Anglo-Português
Comando e Controlo do Exército Anglo-Português 63

Comando e controlo do exército


Anglo-Português

Ao contrário do que entendem alguns autores ingleses, franceses


e mesmo portugueses, o exército comandado por Wellington era um
Exército Anglo-Português, perfeitamente integrado, com excepção do
Comissariado, o qual viria a ser alterado em 1813.
Não se pode, com propriedade, falar do Exército português ou
Exército britânico. Os dois exércitos eram enquadrados por uma es-
trutura única de comando e controlo, que integrava os dois exércitos
como um todo. Pretender estudar o Exército português sem estudar
esta integração, é ficar com uma visão limitada do conjunto, e falha
por ser irreal. A estrutura de comando do Exército Anglo-Português
era tipicamente uma estrutura britânica, na qual se integrou o Exér-
cito português. Mas sendo uma estrutura típica britânica, era fruto
da visão de Wellington e da sua vontade, delineada nas estruturas
da época, necessidades do terreno, imposições de comando da Horse
Guards inglesa e do comando do Exército português, que manteve na
sua essencialidade as suas características lusas.
A estrutura era igual das brigadas para cima. Só na organização
dos regimentos/batalhões é que as unidades mantinham a sua identi-
dade nacional, fosse ela britânica, portuguesa ou alemã.
Grande parte dos créditos obtidos pelo Exército Anglo-Português
deve-se, sem dúvida, aos vários membros do seu Estado-maior, ofici-
ais de grande categoria e conhecimentos, e de uma diligência e obe-
diência inquestionável. Nenhum oficial que serviu no Exército Anglo-
64 O Exército Aliado Anglo-Português

Fig. 7. Organização do Exército Anglo-português.

-Português durante a Guerra Peninsular teria qualquer dúvida sobre


quem decidia e comandava o exército.
Um general recém-chegado à península poderia dar uma qualquer
opinião durante o jantar, mas certamente nessa mesma noite, perce-
beria que o seu comandante não só não pedia opiniões, como não
gostava que lhas dessem. Aos seus militares apenas pedia que cum-
prissem as suas ordens e determinações. Os oficiais do Estado-maior
poderiam trocar as opiniões e discutir os assuntos que entendessem
entre eles mas, teriam de ter cuidado na forma como abordavam
qualquer assunto com Wellington.
Wellington tratava do seu exército e Estado-maior como sendo
propriedade sua, como uma entidade autónoma, inigualável e ir-
repetível ao qual cunhou a com a sua personalidade e carácter. Se
bem que muitas características lhe eram impostas pelas necessidades
Comando e Controlo do Exército Anglo-Português 65

Fig. 8 Divisão Anglo-Portuguesa

da guerra, e pelas condicionantes políticas e militares inglesas e por-


tuguesas. Conseguiu, no entanto, criar uma organização única, alta-
mente preparada e funcional, com uma estrutura de controlo e co-
mando inquestionável. Vejamos então a estrutura desta organização.

*
**
66 O Exército Aliado Anglo-Português

Wellington54 - Estado-maior do Comandante das Forças


- Secretário-Militar.
- Comandante do Quartel-general (Assistente na repartição do Aju-
dante-general).
- Os Ajudantes de campo.

Oficiais na Repartição do Ajudante-general


- Ajudante-general
- Deputado do Ajudante-general
- Assistente do Ajudante-general
- Deputado do Assistente Ajudante-general

Aos oficiais desta repartição era-lhes confiada a missão de tratar


dos detalhes das obrigações, correspondência e comunicações com as
divisões, emitiam as suas ordens e recebiam as ordens do dia, disci-
plina, supervisão de fardamentos, e armamento, regulamentos, etc.

Oficiais na Repartição do Quartel-mestre-eneral


- Quartel-mestre-general
- Deputado do Quartel-mestre-general
- Assistente do Quartel-mestre-general
- Deputado Assistente do Quartel-mestre-general

Fazia parte do trabalho do Quartel-mestre-general, a con-


dução de operações e resolução dos problemas que se levanta-
vam diariamente: embarques e desembarques, equipamento,

54. De acordo com Stephen George Ward, Wellington’s Headquarters: A Study


of the Administrative Problems in the Peninsula, 1809 – 1814, Londres, Oxford
University Press, 1957, p.194, faziam parte da sua guarda pessoal em Outubro
de 1813, doze militares portugueses retirados nas unidades de cavalaria. «12
Portuguese dragoons». Também Rene Chartrand, The Portuguese Army of the
Napoleonic Wars, 2, Londres, Osprey, 2000, p.7 refere que o 2.º Batalhão de
Caçadores, encontravam-se de guarda ao Quartel-general de Wellington. «For
instance, Lt Woodberry noted that the 2nd Cazadores were on picket duty guar-
ding the general headquarters in January 1814, showing Wellington’s great con-
fidence in these troops».
Comando e Controlo do Exército Anglo-Português 67

aquartelamento, bivaques, movimento das tropas, acantonamen-


tos, transporte, logística, informações, manutenção de linhas de
comunicações, etc.

Pessoas não-combatentes juntas ao serviço no Estado-maior do Co-


mandante55
- Cirurgião-mor.
- Capelão-mor
- Deputado-comissário.
- Assistente do Preboste56 (assistente do intendente da polícia) – encar-
regue.
Não tem poderes de julgar ou condenar a não ser nos casos de
flagrante delito e em caso de guerra. De resto, fora do flagrante delito,
o processo era remetido a tribunal marcial. Era normalmente acom-
panhado do “Staff corps of cavalry” (corpo com funções de policia
militar).

55. John Gurwood, ob. cit., p. xvi: ”Staff attached to the Head-Quarters. A Staff
Surgeon. A Chaplain. An Assistant Commissary General. An Assistant Provost
Marshal. An Assistant Baggage Master”
56. Charles James, Military Dictionary…, Londres, T. Egerton Military Library,
1810 – “PROVOST-MARSHAL, of an army, is an officer appointed to secure
deserters, and all other criminals; he is often to go round the army, hinder the
soldiers from pillaging, indict, offenders, execute the sentence pronounced, and
regulate the weights and measures used in the army, when in the field. He is at-
tended by a lieutenant’s guard, has a clerk, and an executioner”. Charles Oman,
Wellington’s Army: 1809-1810, Londres, Greenhill Books, 1993, pp. 159-160,
”The Provost Marshal was also attached to headquarters: he had charge of all
prisoners to be tried by general court-martial, of deserters, and prisoners of war.
He had powers of jurisdiction on offenders caught red-handed, but as Welling-
ton remarks, ‘Whatever may be the crime of which a soldier is guilty, the Provost
Marshal has not the power of inflicting summary punishment for it, unless he
should se him in the act of committing it.’ [General Order, Freneda, Nov. 1,
1811] Men arrested on evidence only, had to be tried by court-martials [sic].
For the better management of these last, Wellington added a Judge-Advocate-
General to his staff in 1812, whose duty was to see that trials were conducted
with proper forms a due appreciation for the validity of evidence—in which the
commander-in-chief considered that they had often failed. Mr. Francis Larpent,
who has left an interesting diary of his duties and his personal adventures, dis-
charged the function of this office from his arrival late in 1812 down to the end
of the war [‘Private Journal of Judge-Advocate Larpent, 1812-14’, published
London 1853.].”.
68 O Exército Aliado Anglo-Português

- Assistente do trem de bagagens (Assistant Baggage Master)


- Auditor-geral do Exército 57 (Judge-Advocate).
O Judge Advocate General é um corpo de magistrados civis
ao qual foram confiados os procedimentos legais militares. O seu
Chefe é o Judge Advocate General o qual é assistido por deputa-
dos, que são destacados para os exércitos, os quais tem por fun-
ções aconselhar sobre os delitos cometidos por militares, solicitar
aos comandantes que sejam convocados tribunais marciais, super-
intender os processos, aconselhar a defesa e a acusação dos pro-
cedimentos e direitos.

Corpo de Oficiais empregados no serviço do Estado-maior do Co-


mandante
- Oficial encarregue da Artilharia
- Oficial encarregue da Engenharia58
- Corpo dos Guias
- Correios do exército
- Serviço de Policia do exército (Staff corps of Cavalry)59
- Preboste (intendente da polícia)

Corpos civis empregados ao serviço do Estado-maior do Comandante


- Hospital e Botica

57. Charles James, ob. cit. - “JUDGE-MARTIAL [same as Judge Advocate], or


Advocate-General, the supreme judge in martial law as to the jurisdiction and
powers of military courts. It is incumbent upon this person, as well as upon his
deputies, to be well acquainted with the laws of the land, that they may admo-
nish the court or president when their proceedings are tending to infringe the ci-
vil law. He is register of court-martial and should take down the evidence in the
very words of the witness. He is neither a judge nor a juror as to the charge.”.
58. Coordenava também o Royal Staff Corps, que era um corpo de engenharia
de “combate”.
59. Este corpo foi criado em 1813, pelo Duque de York, com as funções de polícia
militar. Seria extinto em 1814, no fim da guerra. Os comandantes das unidades
de cavalaria indicariam os nomes dos militares que serviriam no SSC, os quais
eram colocados em cada uma das divisões. Estariam intimamente ligados ao
Provost Marshals.
Comando e Controlo do Exército Anglo-Português 69

The Medical department, (1 inspector dos hospitais, deputado do


inspector, médicos, cirurgiões, boticários, dispensários, ajudantes de
cirurgia, contador fiscal, etc.
The Purveyor’s department, provedor das forças, deputados e as-
sistentes encarregue dos hospitais, material hospitalar, roupas, equi-
pamentos, bem como todo o material necessário aos doentes e pes-
soal médico, bem como para pagar as despesas necessárias para os
funerais do pessoal que morria nos Hospitais.
No Exército Português o contador fiscal ocupava-se com o pes-
soal administrativo, mobília e utensílios.

- Repartição de Víveres
Comissariado de víveres60 - (Commissariat department) com dois
departamentos - armazenagem e transporte, e contadoria.
Armazenagem e transporte - Deputado-comissário, assistentes,
encarregados das divisões, comissários de brigada, comissários,
comissários volantes, feitores, escriturários encarregados de depósito,
fiéis de armazém, condutores, encarregados de transporte, bagage-
iros, etc.
Contadoria - A contadoria era composta por contadores, paga-
dores, escriturários, praticantes, porteiros, guarda-livros e contínuos.

- Caixa Militar - Cofre


Tesouraria Geral das Tropas - (Paymaster General’s department),
Tesoureiros, Pagadores, assistentes, etc.

60. A anterior Junta da Direcção-Geral para provimento das Munições de boca


do Exército, criada em 11 de Agosto de 1801, separando este serviço da Junta
dos Três Estados. Em 1811, é criado o Comissariado de Víveres publicando-se
o regulamento daquele comissariado. O Inspector-geral da Polícia ficava sendo
o Inspector-geral dos Transportes. Os comissários de víveres faziam os forne-
cimentos por arrematação, quando não pudesse ou conviesse fazer-se a requi-
sição. Estabeleceu-se que as tropas transportariam rações de reserva para seis
dias, criaram-se depósitos provinciais e feitorias ou pequenas fábricas em todas
as guarnições militares. Junto de cada corpo actuavam funcionários encarrega-
dos dos serviços administrativos da respectiva tropa e a cada regimento, eram
adstritas 62 cavalgaduras para transporte
70 O Exército Aliado Anglo-Português

Serviço de contabilidade em campanha – (Controller of Army Ac-


counts), com inspectores e examinadores, aos quais todos os oficiais
de contas deveriam remeter as mesmas, tal como acontecia também
com o comissariado.

- Repartição dos Equipamentos e Bagagens pesadas


Repartição do depósito geral (Storekeeper General’s department),
que consistia num Storekeeper General e os seus encarregados de
depósito, fiéis de armazém, condutores, tendo a seu cargo os equi-
pamentos dos bivaques e aquartelamentos, tendas, equipamento de
campanha, e a bagagem pesada do exército.
- Repartição de Justiça
Serviço de justiça Militar (Auditor do Exército)
- Repartição dos Capelães
- Outras Repartições civis
Serviço Postal – (Post Office), sob o comando do oficial no co-
mando do corpo de Guias.
Serviço de tipografia - (Press), para composição e impressão das
ordens do dia, ordens gerais e todo o tipo de folhetos relativos à
transmissão de ordens. Este serviço encontrava-se sob a alçada do
Ajudante-General.

Ao contrario do sistema francês de provisões, que tinha regres-


sado ao antigo costume de “viver da região”, como meio de aligeirar
os trens militares e aligeirar o exército conferindo-lhe grande mobi-
lidade, uma vez que permitia as suas rápidas deslocações, o sistema
britânico era baseado numa organização logística, com múltiplas
bases e meios de transporte que permitissem ao exército não concor-
rer com a população no acesso aos viveres de modo a não hostilizar
as populações.
Assim, o sistema britânico, no qual o Exército português se in-
seriu, previa que os meios logísticos viessem de fora da península, ou
que fossem comprados às populações onde o Exército Anglo-Portu-
guês operasse, mesmo na Invasão de França.
Comando e Controlo do Exército Anglo-Português 71

O serviço do comissariado foi objecto dos maiores cuidados por


parte de Wellington, pois este exigia sempre que as suas tropas fos-
sem abastecidas com mantimentos vindos dos depósitos à retaguarda
(bases).
Wellington, em Maio de 1809 determinou por sua própria mão
um regulamento pormenorizado com regras precisas para a organiza-
ção do Comissariado do Trem de combate, deveres de conduta dos
oficiais e as respectivas normas de execução.
Nesse regulamento, fixou-se a carga que cada carro poderia trans-
portar, o modo de ferrar dos bois, a sua ração diária, o número de
capatazes, ferradores e condutores de cada brigada.
Muitos dos carros foram “alugados“ pelo exército, durante toda a
campanha, especialmente a espanhóis. Em 1811 Wellington introduz-
iu «Commissariat Car Train». Para o transporte de víveres e restante
fornecimento às tropas, reuniram-se 800 carros de bois, em duas di-
visões. Cada uma das divisões tinha um oficial do comissariado.
Cada Divisão com 400 carros fora subdividida em subgrupos de
50 carros, (8 subgrupos no total), repartindo-se estas em 20 brigadas.
Sob os mesmos princípios orientadores, se organizaram brigadas
de mulas.
Organizado o material da coluna, nomeou-se para cada Divisão
um deputado do comissário geral, acompanhado de certo número de
comissários subalternos, intérpretes, etc.
Fixou-se junto de cada brigada, regimento de infantaria, ou de
cavalaria, e brigada de artilharia, um comissário, ajudado por pessoal
que foi precisado.
A conservação e guarda dos mantimentos e forragens acumula-
dos nos grandes depósitos à retaguarda eram confiados a agentes do
comissariado denominados fiéis das provisões.
72 O Exército Aliado Anglo-Português
Estado-Maior das Divisões e Brigadas 73

Estado-maior das divisões e Brigadas

As Divisões

O exército era dividido em divisões comandadas por Tenentes-


-generais ou Majores-generais (Marechais-de-campo se oficiais do
Exército português). Muitos tinham promoção local (graduados),
com efeito apenas no teatro de operações.

O seu estado-maior consistia no seguinte:


- Dois Ajudantes de campo.
- Um Assistente do Ajudante-general.
- Um Deputado Assistente do Ajudante-general.
- Um Assistente do Quartel-mestre-general.
- Um Deputado Assistente do Quartel-mestre-general.
- Um ou dois oficiais de Engenharia.
- Um Cirurgião-mor.
- Um Capelão-mor.
- Um encarregado do comissário na Divisão, comissários, encar-
regados, vagmestres (encarregue dos transportes), bagageiros, car-
reiros, escriturários, etc. As reservas de víveres das divisões tinham de
ter sempre garantido seis rações por soldado e cavalo, as quais seriam
entregues aos soldados quando se iniciassem as marchas. A este com-
petia prontificar os transportes de víveres e munições da Divisão.
74 O Exército Aliado Anglo-Português

Fig. 9.
Lord Thomas Graham,
Barão Lynedoch.

- Um Assistente do Preboste61 (Provost Marshals62).


- Um Bagageiro-mor (Trem de equipagens) assistido pelo Staff
corps of Cavalry.
- Um Storekeeper of Ordnance, encarregue da reserva de mu-
nições, sob o comando do oficial encarregue da bataria anexada à
Divisão.
- Depósito da Divisão e transporte.

Oficialmente os Majores-Generais poderiam ter um Ajudante de


campo, pago pelo serviço, enquanto os Tenentes-Generais poderiam

61. Assistente do intendente da polícia.


62. Palavra originaria de um cargo do império romano - praepositus sacri
cubiculi. No exército é o oficial encarregue da disciplina de um corpo, unidade.
Oficial do exército designado quando tropas estão em campanha no estrangeiro
para a repressão de todas as ofensas à lei militares. O mesmo pode fazer uso da
força a qualquer hora, prender e deter qualquer pessoa sujeita à lei militar que
cometer uma ofensa, e também executar ou mandar executar qualquer castigo
em cumprimento de decisão tomada em tribunal marcial
Estado-Maior das Divisões e Brigadas 75

ter dois Ajudantes de campo e os Generais três Ajudantes de campo63.


Wellington nunca teve mais de seis.
Os oficiais com comandos independentes, poderiam ter um secre-
tário militar.
Muitos oficiais generais acrescentavam um Ajudante de campo,
que era visto como função temporária, continuando inseridos nas
unidades de proveniência.
De acordo com o regulamento do comissariado do Exército por-
tuguês publicado em 1811, o depósito de cada Divisão deveria ter
sessenta cavalgaduras e os depósitos das remessas as necessárias para
condução dos géneros. Cada sessenta cavalgaduras, ou carros terão
um condutor, o qual formará esquadras de cinco a seis cavalgaduras
ou carros.
O transporte pertencente aos depósitos das divisões é entregue
aos encarregados e vagmestres.

Para além de toda esta orgânica faziam parte ainda do exército:


Trem de artilharia de cerco (The Battering Train), sob as ordens
do Comandante do Corpo da Artilharia.
Parque de Pontoneiros (The Pontoon Train) sob as ordens do Co-
mandante do Corpo de Engenheiros
Parque de engenharia (Engineer’s Park), material de cerco, etc., ...
Trem de equipagens (The Waggon Train), sob as ordens da repar-
tição do Quartel-Mestre-General anexada aos hospitais, comissari-
ado, etc ou às próprias divisões
Trem de combate (Ordnance Stores Train)
Trem de víveres (Commissariat Waggon Train)
Transportes do exército.

63. Ajudante de campo - normalmente com o posto de capitão.


76 O Exército Aliado Anglo-Português

As Brigadas

Cada Divisão era composta de duas ou mais brigadas, cada briga-


da a quatro ou mais batalhões, companhias de infantaria ligeira sob
o comando do Oficial mais antigo em geral capitão. A brigada era
comandada por um Coronel, Brigadeiro ou Major-general.

O estado-maior das brigadas era o seguinte:


- Um Major de Brigada.
- Um Ajudante de Ordens.64
- Um Ajudante de campo.65
- Um encarregado do comissário (comissário de brigada), es-
criturários, &etc.

No entanto não era permitido, aos Coronéis e Tenentes-coronéis


que comandassem uma brigada, que tivessem um Ajudante de campo
Era adida a cada Divisão, uma brigada de artilharia, cujo oficial
encarregue da mesma se encontrava sob as ordens do oficial general
comandante da Divisão, e supervisão do oficial encarregue da arti-
lharia junto do Quartel-general do Comandante-chefe.
Quando duas ou mais divisões era juntas sob um comando único,
estas actuavam como um Corpo, sendo então constituído um Estado-
-maior para o efeito de modo a coordenar as divisões.
Então, a brigada de artilharia integrada nas divisões, geralmente
juntava-se mais uma ou duas brigadas de artilharia.
Para além de uma força da cavalaria suficiente para a missão
atribuída ao Corpo.
A Cavalaria era composta também em divisões, tendo cada Di-
visão duas ou mais brigadas, com regimentos de Cavalaria Pesada ou
Ligeira ou de Hussardos.
A tudo isto se unia uma brigada de artilharia a cavalo, a qual

64. OD de 10 Agosto 1811


65. Portaria de 9 de Janeiro de 1812, e OD de 22 Março 1814.
Estado-Maior das Divisões e Brigadas 77

acompanhava sempre as forças que constituíam a ponta de lança ou a


retaguarda quando efectuavam movimentos retrógrados, sempre sob
o comando do oficial da brigada.
Ao oficial-general comandante da cavalaria era-lhe atribuído tam-
bém um pequeno estado-maior semelhante ao oficial encarregue de
um Corpo.
No Exército português, conforme as “Instruções para a Infantaria
de Linha”, logo no Capítulo I esta era a “Composição da linha de
Infantaria” no que à Brigada se refere66:

Capítulo I.
Composição da linha de Infantaria.
1. A linha de infantaria é composta de uma, ou mais Brigadas;
cada Brigada de dois, ou mais Regimentos; cada Regimento de dois
Batalhões; e cada Batalhão de quatro Companhias de Fuzileiros, e de
uma de Granadeiros.
2. As Companhias de Granadeiros farão um Batalhão separado
na Brigada, a que pertencem, quando esta se formar.
Capítulo II.
Composição de um regimento de Infantaria.
1. Cada Regimento de Infantaria é composto de um Estado-
maior, duas Companhias de Granadeiros, e oito de Fuzileiros, for-
mando dois Batalhões. (…)
Capítulo VI.
Substituição dos oficiais, oficiais inferiores e cabos que não com-
parecerem
1.º Em falta do Coronel o Tenente-coronel comandará o Regi-
mento. Faltando o 2.º Major (que fará de Major em todo o Regi-
mento será substituído pelo Capitão mais antigo, seja de Fuzileiros,
ou de Granadeiros, quando estas Companhias, estiverem unidas no
Regimento. Quando faltar algum dos Comandantes de Batalhão, en-
trará no Comando o mais antigo dos Capitães do mesmo Batalhão.

66. Manuel Amaral, ob. cit., loc. cit., p. 189 e segs.


78 O Exército Aliado Anglo-Português

2.º Os Capitães e Tenentes, que faltarem, serão substituídos pelos


Postos imediatos. Acontecendo faltarem juntamente Capitão, e Te-
nente de uma Companhia, ela será comandada no exercício por um
Tenente de outra, nomeado pelo Comandante do Batalhão: o mesmo
se praticará quando a falta for somente de Subalternos, de maneira
que ao menos nas Divisões haja igual número de Oficiais. 3.º Faltando
algum dos Ajudantes, o Coronel nomeará no mesmo Batalhão, e pela
informação do Comandante, o Subalterno, que lhe parecer mais apto.
4.º Os Inferiores e Cabos estarão sempre efectivos; para o que os 2.os
Sargentos suprirão a falta dos primeiros; os Cabos a de qualquer dos
2.os; os Anspeçadas a dos Cabos, por substituição sempre gradual, e
por antiguidades. Para substituir o Furriel nomeará o Capitão um
2.º Sargento ou um Cibo hábil para as obrigações de que há-de ser
incumbido na Companhia. (…)
Capítulo VII.
Formação de uma brigada.
1.º Sempre que dois ou mais Regimentos houverem de formar
Brigada, e quando antecipadamente não estiver nomeado Oficial Su-
perior que há-de servir de Major de Brigada, terá este exercício o mais
antigo Major dos Regimentos, que a compõem, e como tal acompan-
hará o Brigadeiro, o qual deve estar com antecipação no lugar desti-
nado para a formação da Brigada.
2.º Antes que os Regimentos entrem no terreno se adiantarão os
Majores, e levarão ao Brigadeiro o Mapa da força dos respectivos
Regimentos: o Brigadeiro determinará a posição, e alinhamento que
devem tornar; e se as Companhias de Granadeiros estiverem nos Reg-
imentos, destinará o lugar, em que elas devem formar o Batalhão, e
nomeará para Comandante dele um Oficial Superior de qualquer dos
Regimentos.
3.º À proporção que os Regimentos forem entrando no terreno
se irão destacando as Companhias de Granadeiros, e se formarão
em Batalha no lugar para isso destinado, devendo cada uma delas
tomar aquele que lhe competir pela mesma ordem que tiverem os seus
Regimentos na Brigada, e entre si pelos seus números da direita para
Estado-Maior das Divisões e Brigadas 79

a esquerda. O Comandante nomeado para este Batalhão irá para a


frente e tomará o comando.
4.º Logo que todos os Batalhões estiverem no seu terreno, e ali-
nhados se formará o de Granadeiros pelo modo que fica explicado
para o Batalhão de Fuzileiros no Capítulo IV devendo o Comandante
escolher entre os Subalternos um que faça as vezes de Ajudante.
5.º Em ordem de Batalha, e em Parada o Brigadeiro se postará a
50 passos defronte do centro da Brigada, tendo, quatro passos à reta-
guarda, o Major da Brigada sobre o lado esquerdo.
6.º Em Coluna o Brigadeiro marchará na frente da Brigada; e os
Coronéis, Majores, Comandantes de Batalhão, e mais Oficiais numa
e noutra ordem estarão, ou marcharão, no lugar, que para cada um
se prescreveu no § 10 do Capítulo IV será inalteravelmente obser-
vada a ordem determinada para a formação, e comando dos Corpos
de Infantaria: porém quando se formarem Brigadas, ou se destacar
qualquer dos Batalhões do Regimento, então o Coronel passará a
tomar o comando do 1.°Batalhão, ficando com o 1.º Major debaixo
das suas ordens; e o 2.º Major passará a servir com o Tenente-coronel
no 2.º Batalhão.
7.º Na ordem do fogo os Brigadeiros, os Coronéis dos Regimen-
tos, os Comandantes dos Batalhões, e dos Pelotões virão postar-se na
retaguarda da linha no centro dos Corpos, que comandam, em dis-
tâncias correspondentes, como se prescreverá na Escola do Batalhão.
8.º Quando se houverem de separar os Regimentos que formam a
Brigada, e o Batalhão de Granadeiros não haja de ficar reunido, cada
uma das Companhias, que o compõem, irá incorporar-se ao respec-
tivo Regimento, logo que este se ponha em marcha para o Quartel, ou
para a sua Parada particular.
9.º Ao Brigadeiro pertence debaixo de responsabilidade pessoal
vigiar sobre a regularidade do serviço da sua Brigada, e na exacta
observância das ordens gerais, e particulares dela; sem que possa con-
tudo entender com a economia particular dos Corpos.
10.º Na falta do Brigadeiro entrará o Coronel mais antigo da Briga-
da, devendo imediatamente largar o Comando do seu Regimento.
80 O Exército Aliado Anglo-Português

Por Ordem do dia de 10 de Agosto de 1811, determina que “em


consequência de se ter dado um Major a cada brigada tem de Brigada,
determina que: Que o Estado Maior dos senhores Brigadeiros, Co-
mandantes de Brigada, só contenha um Ajudante de Ordens além do
referido Major, porque este torna dispensável o Ajudante de campo,
que dantes tinhão; declara porem Sua Ex.ª que os Majores das Briga-
das, deverão ser considerados como Oficiais propriamente destas, nas
quais se conservam , ainda quando elas mudem de Comandante =
Ajudante-General Mosinho”

Porem, por Ordem do Dia de 22 de Março de 1814, é publicada


a Portaria na qual se determina que “ os Brigadeiros empregados no
serviço activo de Campanha(…) tenham um Ajudante de campo que
lhes foi concedido pela Portaria de 9 de Janeiro de 1812 , devendo em
consequência todos os oficiais que actualmente estiverem servindo de
Ajudantes de campo dos sobreditos Brigadeiros passar a Ajudantes de
Ordens, , e perceberem os vencimentos que competem ao dito lugar.”

.
Estado-Maior do Exército Português 81

ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO PORTUGUÊS

A designação Estado-maior67 do Exército, só aparece documental-


mente expressa na Carta de Lei de 9 de Julho de 1763, a qual refere
no seu parágrafo 3:
«Os Oficiais Generais; Inspectores-gerais; os seus Deputados Assis-

67. Um modelo fixo do que seria a organização de um Estado-Maior do Exército,


só surgiu, no entanto, no “Plano de Organização do Estado-maior de Sua Alteza
Real o Senhor Infante Regente”, D. Miguel, datado de 1828, que referia para o
mesmo a seguinte constituição:
- Chefe do Estado-Maior General;
- Ajudantes de ordens de SAR e de campo, constituindo um verdadeiro EM pes-
soal, directamente dependente do Chefe do Estado-Maior General;
- Repartição do Ajudante-General;
- Repartição do Quartel-Mestre General;
- Auditoria do Exército;
- Direcção dos Hospitais do Exército de Operações;
- Comissariado, compreendendo o:
*Encarregado do fornecimento geral das Operações;
*Encarregado das Pastas Militares com os respectivos correios.
É após o triunfo dos liberais e reforma da estrutura organizativa do Exército
português, que Estado-maior do Exército foi criado por força do Decreto de
18 de Julho de 1834 e compondo-se 8 oficiais superiores (2 Coronéis, 6 oficiais
superiores), 16 Capitães e 16 Tenentes, num total de 40 oficiais. Estes oficiais
destinavam-se aos Estados-maiores das Províncias, das Divisões e Brigadas e
ainda para Ajudantes de Ordens dos Generais. Nesta reforma os Generais for-
mavam o Estado-maior General, designação hoje atribuída ao Estado-maior do
Comandante-chefe, em campanha. Também na Ordem do Dia de 20 de Março
de 1835 se encontram referências a um “Estado-maior e Repartições respectivas
do Comando Chefe do Exército”, data que é comemorada como dia festivo do
Estado-Maior do Exército, ligando-o à sua criação no modelo actual. È durante
este período, que para recrutar os oficiais do Estado-maior, em 12 de Janeiro
de 1837, se incluiu na organização da Escola do Exército, o Curso do Estado-
-maior.
82 O Exército Aliado Anglo-Português

tentes; Quartel-Mestre General e em suma todo o Estado-maior do


Exército, que até agora teve os seus assentos na primeira plana da
Corte ou em outras quaisquer estações.
No século XVIII, o “Estado-maior” era empregue para designar
o conjunto de elementos não integrados nas companhias que o con-
stituíam o regimento […] a expressão “Estado-maior” utilizada para
designar, num regimento, o conjunto de elementos não integrados nas
companhias que o constituíam.
No regulamento de 1763, vem expressa a composição do “Estado-
maior” dos regimentos, que era: Ajudante, Quartel-mestre, Capelão,
Auditor, Cirurgião-mor, Ajudante de Cirurgião, Tambor- -mor, Esp-
ingardeiro, Coronheiro e o Preboste. Mais tarde, em 1796, foi deter-
minada a seguinte composição para o Estado-maior de um regimento
de infantaria, a um batalhão: Coronel, Tenente-coronel, Sargento-
-mor, Ajudantes, Quartel-mestre, Secretário, Capelão, Cirurgião-mor,
Ajudante de Cirurgião, Coronheiro, Espingardeiro, Tambor-mor e
Preboste. Note-se que estes militares envergavam os uniformes dos regi-
mentos a que pertenciam e sem indicativos das suas funções específicas.
Nos exércitos de D. João IV, chamava-se “Plana Maior” ou
“Primeira Plana” ao que hoje chamamos “Estado-maior”; era o nome
castelhano ainda hoje em uso em Espanha, que havíamos herdado dos
sessenta anos da perda da independência. O Mestre-de-campo-general
tinha atribuições semelhantes às dos actuais Chefes do Estado-maior.
Antigamente, os oficiais que não estavam arregimentados diziam-se do
“Estado-maior” da sua Arma; hoje dizem-se do Quadro da Arma.
O recrutamento de oficiais para os Estados-maiores, ou orga-
nizações semelhantes, fazia-se por livre escolha dos Generais coman-
dantes entre os oficiais das diversas Armas; a organização de 1816,
publicada a seguir à Guerra Peninsular, determinava que “os oficiais
do Corpo do Estado-maior fossem escolhidos de todas as Armas em
atenção ao merecimento tão-somente, porque neste Corpo necessita-
se de oficiais que não tenham somente simples rotina”.
Designava-se pelo nome de Estado-maior o pessoal devidamente or-
ganizado de que dispõem, em campanha, o Comandante-chefe das forças
Estado-Maior do Exército Português 83

Fig. 10. Wellington e o seu estado-maior.


Ao seu lado direito Beresford, ambos acompanhados
de alguns oficiais portugueses e ingleses.

em operações e os comandantes das grandes unidades para preparar, pe-


los seus trabalhos, as decisões desses comandantes relativas a operações,
efectivos e material, transporte, reabastecimentos e evacuações, elaborar
e transmitir directivas e ordens baseadas nessas decisões, destinadas a ac-
cionar as tropas e os serviços e dar ainda, por sua iniciativa, as instruções
necessárias para assegurar a boa interpretação e o exacto cumprimento
daquelas ordens. O Estado-maior é um órgão auxiliar do Comando, por
intermédio do qual este exerce a sua acção.
Este Corpo foi criado, na realidade, por força do Decreto de 18
de Julho de 1834 e compunha-se de dois Coronéis, seis oficiais supe-
riores, dezasseis Capitães e dezasseis Tenentes; estes oficiais destina-
vam-se aos Estados-maiores das Províncias, das Divisões e Brigadas
e ainda para Ajudantes de Ordens dos Generais. Nesta organização
os Generais formavam o Estado-maior General, designação hoje
atribuída ao Estado-maior do Comandante-chefe, em campanha.
Para recrutar os oficiais do Estado-maior incluía--se na organização
da Escola do Exército, decretada em 12 de Janeiro de 1837, o Curso
84 O Exército Aliado Anglo-Português

do Estado-maior, a principio frequentado por oficiais das Armas e, a


partir de 1844, também por Alferes-alunos, como os outros cursos da
Escola do Exército.»68.

Durante a Guerra Peninsular, os oficiais em serviço no Estado-


-maior, compreendiam;
- Ajudantes de Ordens.
- Ajudantes de campo.
- Oficiais permanentes no expediente dos Quartéis-generais.
- Inspecções e demais repartições militares.

O recrutamento dos oficiais para os Estados-maiores, ou orga-


nizações semelhantes, fazia-se por livre escolha dos Generais coman-
dantes de entre os oficiais das diversas Armas.
Beresford, como Marechal tinha cinco Ajudantes de campo por-
tugueses e um britânico.
Cada um dos outros generais tinha entre um a seis Ajudantes de
campo.
Cada Quartel-general das seis provincías tinha um oficial general
no comando, com Ajudante de campo e um secretário militar.
Cada Divisão de Infantaria tinha um Assistente para o Ajudante-
-general, um assistente para o Quartel-mestre-general.
Cada Brigada, um Major de Brigada e um assistente do Major de
Brigada.

- Repartição do Quartel-mestre-general
Em 1809 os oficiais do quartel-mestre-general tornaram-se num
departamento separado (independente) com sessenta a setenta oficiais
e Ajudantes de campo. A repartição do Quartel-mestre-general tinha
quatro deputados, doze assistentes e doze deputados assistentes.69

68.Ver Manuel A. Ribeiro Rodrigues, Guerra peninsular, oficiais generais, briga-


deiros e estado-maior 1806 – 1814 in http://www.viriatus.com/GP1806_OF_6.
asp
69. Rene Chartrand, ob. cit, 1, p.36
Estado-Maior do Exército Português 85

Por Ordem do dia de 2 de Julho de 1812, é determinado que a


composição do Departamento do Quartel-mestre-general deveria ser
composto de:
Quartel-mestre-general
Deputados
Assistentes
Deputados Assistentes
Capitão dos Guias.

- Repartição do Ajudante-general
A repartição do Ajudante-general, tinha quatro Deputados, seis
Deputados-assistentes, seis Deputados divisionais, e dezoito Majores
de brigada70.

70. Idem, p. 35
86 O Exército Aliado Anglo-Português
Histórico das Divisões 87

Histórico Das Divisões

Fig. 11.
Sir Thomas Graham
(1748-1843).
Barão de Lynedoch.
Banda e placa da Ordem do
Banho e Cruz de Ouro.

1.ª Divisão

História da unidade
A 1.ª Divisão foi criada por ordem de 18 de Junho de 1809.
Conhecida por71:
“The Gentlemen´s Sons”. O nome deriva do facto de ter as uni-
dades Guards inseridas na Divisão, sendo que a unidade Guards era

71. John Cook e Robert Burnham; Nicknames of British Units during the Na-
poleonic Wars, in http://www. napoleon-series. org/military/organization/c_ni-
ckname. html.
88 O Exército Aliado Anglo-Português

composta essencialmente pela aristocracia Inglesa.


Comandantes
John Coape Sherbrooke - Junho de 1809 até Abril 1810
Stapleton Cotton - Abril a Junho de 1810
Miles Nightingall - Maio 1811 sendo ferido em Fuentes de
Oñoro
Brent Spencer - Junho de 1810 a Julho de 1811
Henry Frederick Campbell - Julho a Agosto 1811
Thomas Graham - Agosto de 1811 a Julho de 1812
Henry Frederick Campbell - Julho a Outubro 1812
Edward Paget - Outubro a Novembro 1812 sendo capturado na
retirada de Burgos em 17 de Novembro 1812. Prisioneiro de Guerra
1812 a 1814
William Stewart - Novembro 1812 a Março 1813
Kenneth Alexander Howard - Março a Outubro 1813. Outu-
bro de 1813 a Abril 1814
Thomas Graham - Formalmente nomeado em Maio 1813
Na realidade comandava um Corpo de Maio a Outubro 1813,
pelo que a Divisão era comandada efectivamente por Howard.
John Hope - Outubro de 1813 a Abril 1814
Na realidade comandava um Corpo de Outubro 1813 a Abril
1814 e o cerco de Bayonne 1814, pelo que a Divisão era novamente
comandada na prática por Howard.
Brigada portuguesa integrada
Nenhuma Brigada ou Unidade Portuguesa integrou a 1ª Divisão.
Apenas uma brigada de artilharia, passando a duas em 1812.
Histórico das Divisões 89

Fig. 12.
Sir Rowland Hill
(1772-1842).
1º Barão Hill de Almaraz
e de Hawkestone.
1º Barão Hill de Harwicke.
1º Visconde Hill
de Hawkestone e Harwicke.
Traz placa Torre e Espada na
casaca e a cruz de ouro ao pescoço.

2.ª Divisão

História da unidade
A 2.ª Divisão foi criada por ordem de 18 de Junho de 1809.
Conhecida por:
«Observing Division» – Era com frequência destacada para a
Estremadura com missão de observar os movimentos do exército
francês, não estando por isso presente nas batalhas entre 1810 e 1813.
«Surprisers» – Pela sua acção ao tomar o exército francês comple-
tamente de surpresa na batalha de Arroyo Molinos e mais tarde em
Almaraz.
Comandantes
Rowland Hill72 - Formalmente Junho 1809 a Abril 1814. Na
realidade comandava o Corpo independente: Dezembro de 1809 a
Janeiro 1811; Maio de 1811 a Abril 1814.
William Carr Beresford - Comanda Corpo interinamente na
ausência de Hill.

72. Comandou as forças Anglo-Portuguêsas nas batalhas de Arroyo dos Moli-


nos 1811, Almaraz 1812 e St. Pierre 1813.
90 O Exército Aliado Anglo-Português

William Stewart - Uma vez que Hill comandava o Corpo Stew-


art comandava na prática a 2ª Divisão. Comando efectivo nas ausên-
cias de Hill - Julho 1810 a Maio 181173.
Rowland Hill - Maio de 1811 a Abril 1814.
Christopher Tilson74 - Abril a Novembro/Dezembro (?) 1812.
Esteve presente em Almaraz.
William Henry Pringle – Julho 1813- Fevereiro 1814.
William Stewart - Março 1812 a Abril 1814.

Brigada portuguesa integrada


5.ª Brigada
Actuou com a 2.ª Divisão entre 1812 e 1814 e com a Divisão
Portuguesa de Hamilton, grupo que era equivalente a um pequeno
Corpo de exército.
Duas Brigadas de artilharia.

73. Ferido na Batalha de Albuera.


74. Desde 1812 mudara o nome de Christopher Tilson para Christopher Cho-
wne.
Histórico das Divisões 91

Fig. 13.
Sir Thomas Picton
(1758-1815).
Traz a gravata da Torre e Espada ao
pescoço e a placa na casaca.

3.ª Divisão

História da unidade
A 3.ª Divisão foi criada por ordem de 18 de Junho de 1809.
Conhecida por:
Figthing division – Estava sempre no meio dos combates mais
ferozes e difíceis e normalmente era-lhe ordenado o ataque à zona
mais difícil.
Comandantes
John Randoll Mackenzie (of Suddie)75 - Junho a Julho 1809
Robert Craufurd - Julho 1809 a Fevereiro 1810
Thomas Picton - Fevereiro 1810 a Junho 1812
Alexander Wallace76 - Temporariamente até ser nomeado Pak-
enham
Edward Michael Pakenham - Junho 1812 a Janeiro 1813
Charles Colville - Janeiro a Maio 1813
Thomas Picton - Maio a Setembro 1813
Manley Power - Temporariamente Setembro 1813 a Outubro
1813

75. Morto na batalha de Talavera (28. 7. 1809).


76. Do 1º batalhão do 88 regimento britânico de infantaria.
92 O Exército Aliado Anglo-Português

Charles Colville - Outubro 1813 a Dezembro 1813


Thomas Picton - Dezembro 1813 a Abril 1814
Brigada portuguesa integrada
8.ª Brigada - a partir de 22 de Fevereiro de 1810
6.ª Brigada - desde 13 de Dezembro de 1811 até Fevereiro de
1812
Duas Brigadas de artilharia
Histórico das Divisões 93

Fig. 14.
Sir Galbraith Lowry Cole
(1772-1842).
Traz gravata da Torre e Espada
pendurada no pescoço e a placa
na casaca.

4.ª Divisão

História da unidade
A 4.ª Divisão foi criada por ordem de 18 de Junho de 1809.
Conhecida por:
Supporting Division – Era a Divisão de reserva e apoio da 2.ª
Divisão na Estremadura de 1810 a 1811. Enthusiastics77– Pela sua

77. «The troops were much pressed, and but for the conduct of the 4th Division,
which withstood five times its numbers, the enemy would have succeeded in re-
lieving Pampeluna. The conduct of this division was much spoken of, and Lord
W. in his despatch mentioned it as being enthusiastic. His expression was “the
enthusiastic conduct of the 4th Division.” They were afterwards called “The
Enthusiastics.”». The Diary of a Cavalry Officer in the Peninsular and Waterloo
Campaign, p. 265. Batalha de Sorauren: 28 Julho de 1813 «…The detail of the
operations will show your Lordship how much reason I have to be satisfied with
the conduct of all the General Officers, Officers, and troops. It is impossible to
describe the enthusiastic bravery of the 4th division; and I was much indebted
to Lieut. General Sir Lowry Cole for the manner in which he directed their ope-
rations; to Major General Ross, Major General Anson, Major General Byng,
and Brigadier General Campbell, of the Portuguese service. All the Officers com-
manding, and the Officers of the regiments, were remarkable for their gallantry;
but I particularly observed Lieut. Colonel O’Toole, of the 7th caçadores, in the
charge upon the enemy on our left on the 28th; and Captain Joaquim Telles
JurdaO, of the llth Portuguese regiment, in the attack of the mountain on the
30th..». The Dispatches of Field Marshal the Duke of Wellington, K. G. During
His Various Campaigns in India, Denmark, Portugal, Spain, the Low Countries,
94 O Exército Aliado Anglo-Português

conduta na batalha dos Pirenéus.


Comandantes
Alexander Campbell - Temporariamente Junho - Julho 180978
Galbraith Lowry Cole - Outubro 1809 a Maio ou Junho 1811
Galbraith Lowry Cole - Julho a Dezembro 1811
Charles Colville - Dezembro 1811 a Abril 1812.
Lugar Vago - Abril 1812 a Junho 1812.
Galbraith Lowry Cole - Junho a Julho 1812.
William Anson - temporariamente Julho 1812 a Outubro 1812.
Galbraith Lowry Cole - Outubro 1812 a Abril 1814.
Brigada portuguesa integrada
3.ª Brigada - de 28 de Abril de 1810 a 7 de Maio de 1810.
9.ª Brigada - desde 17 de Maio de 1810.
Apenas uma brigada de artilharia, passando a duas em 1812.

and France: From 1799 to 1818, vol 10, p.587.


78. Ferido em Talavera Julho 1809.
Histórico das Divisões 95

Fig. 15.
Sir James Leith
(1763-1816).
Traz gravata da Torre e Espada
pendurada no pescoço
e a placa na casaca

5.ª Divisão

História da unidade
A 5.ª Divisão foi criada em 8 de Agosto de 1810 após uma vaga-
rosa e incerta gestão no seu levantamento.
Conhecida Por:
Pioneers – Origem desconhecida, mas possivelmente tem a ver
com o seu envolvimento na construção e manutenção de vias.
Comandantes
James Leith - Agosto de 1810 a Fevereiro de 1811
James Dunlop - Fevereiro a Abril 1811
William Erskine - Fevereiro a Março de 1811
James Dunlop - Março a Abril 1811
William Erskine - Abril a Maio 1811
George Walker - Outubro 1811
James Leith - Dezembro 1811 até ser ferido com gravidade na
batalha Salamanca Julho de 1812
Richard Hulse - Julho a Setembro 1812
William Henry Pringle - Setembro a Outubro 1812
Jonh Oswald - Outubro 1812 Agosto 1813
Andrew Hay - No início do ano de 1813, Oswald estava ausente
96 O Exército Aliado Anglo-Português

do comando e este fora entregue a HAY por diversas vezes


James Leith - Agosto a Setembro 1813. Volta a tomar o comando
da Divisão em Agosto de 1813 mas é novamente ferido em Setembro
desse ano no cerco de San Sebastian
Jonh Oswald - Setembro a Outubro 1813
Charles Colville - Dezembro 1813 a Janeiro 1814. Janeiro
1814 a Abril 1814
Brigada portuguesa integrada
3.ª Brigada - a partir de 6 de Outubro de 1810
Duas Brigadas de artilharia
Histórico das Divisões 97

Fig. 16.
Sir Charles Colville
(1770 - 1843).
Traz gravata da Torre e Espada
pendurada no pescoço
e a placa na casaca

6.ª Divisão

História da unidade
A 6.ª Divisão foi formada em 6 de Outubro de 1810.
Conhecida Por:
Marching Division – Esteve presente nas campanhas de 1810 a
1812, marchando consecutivamente, mas até à batalha de Salamanca
quase não entrou em acção.
Comandantes
Alexander Campbell - Outubro 1810 - Novembro 1811, data
em que lhe é ordenado o embarque para a Índia
Robert Burne - Temporariamente Novembro 1811 a Fevereiro
de 1812
Henry Clinton - Fevereiro 1812 a Janeiro 1813
Edward Michael Pakenham - Janeiro a Junho de 1813 e Julho-
Agosto 1813
Henry Clinton - Junho a Julho 1813
Denis Pack - Junho a Julho de 1813 por ter sido ferido em Soura-
urem
Edward Michael Pakenham - Janeiro a Junho de 1813. Tem-
porariamente pelos ferimentos de Pack de Julho de 1813 a Agosto de
98 O Exército Aliado Anglo-Português

1813
Charles Colville - Agosto a Outubro 1813
Henry Clinton - Outubro 1813 a Abril 1814
Brigada portuguesa integrada
7.ª Brigada - desde 6 de Outubro de 1810
Duas Brigadas de artilharia.
Histórico das Divisões 99

Fig. 17.
Carlos Frederico Lecor
(1764-1836).
1.º Barão e 1.º Visconde da Laguna.

7.ª Divisão

História da unidade
A 7.ª Divisão foi criada por ordem de 5 de Março de 1811.
Conhecida Por:
Ugly duckling - Patinho feio.
The Mogrels – Por ter muitas unidades estrangeiras.
We have heard that there is a 7 division, but we have never seen it.
Por ser a mais fraca das divisões, normalmente era-lhe confiada uma
posição de pouca intervenção nas batalhas.
Comandantes
William Houston - Desde a sua formação em Março a Agosto
1811
John Sontag - Agosto a Outubro 1811
Charles von Alten - Outubro 1811 - Maio 1812, data em que
passa para o comando da Divisão Ligeira
John Hope - Maio a Setembro 1812
John de Bernewitz - Setembro a Outubro 1812
George Ramsey (Dalhousie) - Outubro 1812 a Outubro 1813.
Fevereiro a Abril 1814
Carlos Frederico Lecor - Outubro a Novembro 1813, pois
passa para o comando da Divisão Portuguesa
100 O Exército Aliado Anglo-Português

George Townsend Walker - Novembro 1813 até à batalha de


Orthez onde foi ferido, sendo substituído quase de imediato pelo titu-
lar Dalhousie
George Ramsey (Dalhousie) Até ao fim da guerra em Abril
1814
Brigada portuguesa integrada
6.ª Brigada - desde 5 de Março de 1811 até 13 de Dezembro de
1811
6.ª Brigada - a partir de Fevereiro de 1812
Apenas uma brigada de artilharia, passando a duas em 1812
Histórico das Divisões 101

Fig. 18.
Francisco da Silveira Pinto da
Fonseca Teixeira (1763-1821).
1.º Conde de Amarante
Visível na casaca a placa da
Torre e Espada

Divisão Portuguesa

História da unidade
Divisão criada a 16 de Dezembro de 1809.
Conhecida Por:
«Hamilton Portuguese Division» e « Portuguese Division».
Era intenção de Wellington formar esta Divisão nos mesmos
moldes que as restantes. Tal não foi possível, pelas enormes perdas
britânicas na batalha de Albuera, tendo de reformar a 2.ª Divisão que
fora mais castigada, com os efectivos britânicos destinados à Divisão
Portuguesa.
Comandantes
John James Hamilton - Março 1810 - Fevereiro 1813
Francisco da Silveira Fevereiro a 3 de Setembro 1813 data da
resignação.
Archibald Campbell(?) - 3 de Setembro 1813 a 10 Novembro
de 1813. Temporariamente após a resignação de Silveira
John James Hamilton - Novembro 1813 a Dezembro 1813
Carlos Frederico Lecor - 3 Dezembro 1813 até ao fim em
Abril 1814
Brigada portuguesa integrada
102 O Exército Aliado Anglo-Português

2.ª Brigada.
4.ª Brigada.
Duas Brigadas de artilharia.
Auditor – Pedro da Fonseca Serrão Vellozo - OD 18 Setembro
1811
Histórico das Divisões 103

Fig. 19.
Brigadeiro Robert Craufurd.

Divisão Ligeira

“The Light Division”


História da unidade
Em 22 de Fevereiro de 1810 é criada a Divisão Ligeira sob o co-
mando do Major-general Robert Craufurd, retirada da 3.ª Divisão
sendo dividida em duas Brigadas em 4 de Agosto de 1810.
Conhecida Por:
“The Division” – Nome que lhe foi dado pelos seus membros
por a considerarem a única Divisão merecedora de crédito, pela sua
enorme reputação como força combatente.
Light Bobs – Nome tradicionalmente dado à infantaria ligeira inglesa.
Unidades portuguesas
Caçadores 1 - Batalhão de Caçadores de Castelo de Vide
Caçadores 3 - Batalhão de Caçadores de Trás-os-Montes
Infantaria 20 - Regimento de Infantaria de Campo Maior
O Regimento de Infantaria 20 tinha acompanhado a guarnição
de Cádis. Quando, no verão de 1812, foi levantado definitivamente
o cerco, esta unidade recebeu ordem de marcha datada de Setembro
desse ano, com instruções para se dirigir sob as ordens de Skerrett
pela Andaluzia em direcção a Madrid.
104 O Exército Aliado Anglo-Português

A 17 Outubro foi reforçar a Brigada de Beckwith da Divisão


Ligeira, retirando-se com a mesma no mês seguinte. A 13 Dezembro
ainda se encontrava com a Divisão Ligeira sendo substituído pelo
Regimento de Infantaria 17 pouco tempo depois.
Infantaria 17 - 2.º Regimento de Infantaria de Elvas
Em 26 de Abril de 1813 é inserida na Divisão Ligeira.
Comandantes
Robert Craufurd - Fevereiro 1810 a Fevereiro de 1811
William Erskine - Temporariamente de Março a Abril 1811, por
ausência de Craufurd
Robert Craufurd – Abril 1811 a Janeiro de 1812
Andrew Francis Barnard - Janeiro a Abril de 1812
Ormsby Vandeleur - Abril a Maio 1812
Charles von Alten - Maio 1812 até ao fim em Abril 1814
Brigadas
Divisão Independente
1.º e 3.º Batalhões de Caçadores e Regimento de Infantaria n.º 17
Royal Horse Artilhery
As Brigadas Portuguesas 105

as BRIGADAS PORTUGUESAS

Figura 20. Brigada Portuguesa (excepto a do Algarve dita nº2)

A infantaria portuguesa encontrava-se organizada em regimentos


a dois batalhões, que em combate se dispunham em linha um ao lado
do outro (dai chamar-se Infantaria de Linha), a três fileiras de profun-
didade, oferecendo assim um poder de fogo máximo.
Esta ordem táctica opunha-se à formação francesa predilecta, que
preferia dispor os batalhões com uma frente menos extensa (menos
106 O Exército Aliado Anglo-Português

poder de fogo), mas em múltiplas fileiras em profundidade (em colu-


nas) o que dava maior força de impacto e acção de choque, preten-
dendo-se atacar a moral do adversário com uma carga à baioneta a
terminar.
Os regimentos operavam a dois, constituindo a brigada uma uni-
dade logística. Em cada brigada, integrava-se um batalhão de caça-
dores (especialmente após a criação dos novos Batalhões de Caça-
dores em 1811) que actuavam, regra geral, em ordem dispersa ou
aberta à frente dos batalhões da infantaria de linha.
As brigadas portuguesas actuaram tacticamente integradas nas
divisões, ou independentemente. As divisões, como se referiu, eram
normalmente compostas de uma brigada portuguesa e de duas briga-
das britânicas.
No entanto as brigadas britânicas apenas tinham 3 ou 4 batalhões
cada, contra os 5 batalhões das brigadas portuguesas79, resultando
que nas Divisões onde foram integradas as brigadas portuguesas
(com a excepção da referida 1.ª Divisão) a força portuguesa detinha
cerca de 40% dos efectivos da Divisão, ou seja 5 batalhões portugue-
ses e cerca de 6 ou 7 batalhões britânicos.
As Brigadas geralmente eram conhecidas pelos nomes dos seus
comandantes, apenas sendo numeradas a partir de 13 de Agosto de
1813, sendo certo que a 2.ª Brigada sempre foi conhecida por Brigada
do Algarve, apesar de que no Exército português, era prática corrente
serem conhecidas pelo nome do oficial sénior das unidades que a in-
tegravam.

Génese das Brigadas portuguesas

As brigadas como forma de organização não eram desconhecidas


ao Exército português. Por Alvará de 19 de Maio de 1806, foi orde-
nada a constituição das brigadas no Exército português.

79. Quatro dos regimentos de linha e um de caçadores.


As Brigadas Portuguesas 107

Alvará de 19 de Maio de 1806


«Convindo muito ao Meu Real Serviço; para estabelecer a boa
Ordem e regularidade da Disciplina do Exército, que ele seja orga-
nizado mesmo em tempo de paz em Brigadas e Divisões, e que os
Corpos das diversas Armas, que o compõem, sejam numerados, a fim
de que por essa numeração tenha cada um para o futuro o seu lugar
constante na Linha, sem que dependa para isto da Graduação e Anti-
guidade do Chefe, que o comanda. Por todos estes motivos, Hei por
bem a este respeito Determinar o seguinte:
I. O Exército será formado em três Divisões, com as denomina-
ções seguintes: Divisão do Sul, Divisão do Centro, Divisão do Norte.
II. Cada Divisão será composta de oito Regimentos de Infantaria,
divididos em quatro Brigadas, quatro Regimentos de Cavalaria e um
de Artilharia, exceptuando a Divisão do Sul, que compreenderá dois
Regimentos dessa Arma.
III. Os Regimentos de Infantaria serão numerados de um até vinte
e quatro; os de Cavalaria, de um até doze; e os de Artilharia, de um
até quatro, e esses números serão distribuídos promiscuamente pelos
Corpos das três Divisões.
IV. A composição de cada Divisão será portanto da seguinte ma-
neira:
A Divisão do Centro será composta dos Regimentos de Infantaria,
n.º 1 Lippe, n.º 4 Freire, n.º 7 Setúbal, n.º 10 Lisboa, n.º 13 Peniche,
n.º 16 Vieira Telles, n.º 19 Cascais, n.º 22 Serpa; dos de Cavalaria, n.º
1. Alcântara, n. 4 Mecklembourg, n.º 7 Cais, n.º 10 Santarém; do de
Artilharia, n.º 1 da Corte.
A Divisão do Sul será composta dos Regimentos de Infantaria,
n.º 2 Lagos, n.º 5 Primeiro de Elvas, n.º 8 Castelo de Vide, n.º 11
Penamacor, n.º 14 Tavira, n.º 17 Segundo de Elvas, n.º 20 Campo
Maior, n.º 23 Almeida; dos de Cavalaria, n.º 2 Moura, n.º 5 Évora,
n.º 8 Elvas, n.º 11 Almeida; dos de Artilharia, n.º 2 Algarve, n.º 3
Estremoz.
A Divisão do Norte será composta dos Regimentos de Infantaria,
n.º 3 Primeiro de Olivença, n.º 6 Primeiro do Porto, n.º 9 Viana, n.º 12
108 O Exército Aliado Anglo-Português

Chaves, n.º 15 Segundo de Olivença, n.º 18 Segundo do Porto, n.º 21 Va-


lença, n.º 24 Bragança; dos de Cavalaria, n.º 3 Olivença, n.º 6 Bragança,
n.º 9 Chaves, n.º 12 Miranda; do de Artilharia, n.º 4 do Porto.
V. Na Divisão do Centro os Regimentos n.os 1 e 13 comporão a
Primeira Brigada; n.os 4 e 16 comporão a Segunda; n.os 7 e 19 com-
porão a Terceira; n.os 10 e 22 comporão a Quarta.
VI. Na Divisão do Sul os Regimentos n.os 2 e 14 comporão a
Primeira Brigada; n.os 5 e 17 comporão a Segunda; n.os 8 e 20 com-
porão a Terceira; n.os 11 e 23 comporão a Quarta.
VII. Na Divisão do Norte os Regimentos n.os 3 e 15 comporão a
Primeira Brigada; n.os 6 e 18 comporão a Segunda; n.os 9 e 21 com-
porão a Terceira; n.os 12 e 24 comporão a Quarta.
VIII. Os Corpos entrarão na Linha dos Lados para o Centro pela
ordem da sua numeração, e afim mesmo entrarão as Brigadas pela
sua numeração dos Lados para o Centro, quando a Linha for man-
dada formar por Brigadas.
IX. O Corpo da Legião de Tropas Ligeiras que pela presente Or-
ganização não fica numerado; porque pela qualidade do seu Serviço
não lhe pertence Lugar na Linha de mistura com os outros Corpos;
quando por qualquer motivo concorrer a ela, tomará o lugar, que lhe
for definido pelo General Comandante.
O Conselho de Guerra o tenha afim entendido e mande expedir as
Ordens necessária, para que tenha a rua devida execução. Palácio de
Queluz em dezanove de Maio de mil oitocentos e seis.
Com a Rubrica do PRÍNCIPE REGENTE N. S.»

É durante a Guerra Peninsular, na reconstituição do Exército por-


tuguês, que a primeira brigada é conhecida pela Ordem do Dia de
25 de Março de 1809. Esta era formada pelos regimentos de Infan-
taria 4 e 19 sob o comando do Brigadeiro Richard Blunt, e a 11 de
Abril formam-se a Brigada de Archibald Campbell, composta pelos
regimentos de Infantaria 3 e 15 e a Brigada sob o comando do Bri-
gadeiro António Marcelino da Vitória formada pelos regimentos de
Infantaria 1 e 13.
As Brigadas Portuguesas 109

Fig. 21. Quadro comparativo da evolução das brigadas 1806-1813


110 O Exército Aliado Anglo-Português

A partir desta data nasceriam algumas brigadas, mas sem qualquer


lógica organizativa, sendo mais decisões isoladas e experiências que
resultavam da necessidade das operações em curso. Designadamente
em Maio 1809, em plena campanha do Douro as unidades portugue-
sas foram integradas ao nível das brigadas, com as unidades britâni-
cas, chegando-se mesmo a dividir regimentos portugueses de modo a
integrar os dois batalhões em brigadas distintas. Ex: 1.º batalhão do
regimento de infantaria 16 na brigada comandada pelo Brigadeiro
Cameron e o 2.º batalhão do regimento de infantaria 16 na brigada
comandada pelo Brigadeiro John Sontag. Esta experiência não dura-
ria para além de 1809, como se verá.
Foram levantadas outras brigadas e formações de unidades tem-
porárias, sendo difícil por vezes seguir a ordem dos seus comandan-
tes, pelas inúmeras substituições por doença, ferimentos ou ausên-
cia destes.
Porém, é possível identificar nove brigadas que tomaram parte
nas operações de 1809 das quais pelo menos quatro sobreviveram na
forma original delas, depois da adaptação ao exército britânico que
Beresford levou a cabo no Outono daquele ano.
Eram estas:

Brigada de Richard Blunt de 25 de Março 1809.


(Regimentos de Infantaria 4 e 19 e, depois os Regimentos de In-
fantaria 7 e 19).

«Quartel-general do Calhariz 25 de Março de 1809


Ordem do Dia
[…] Determina o Illmº. E Exmº Sr. Marechal Beresford, que os
Regimentos nº 4, e 19 fiquem constituindo uma Brigada, e que seja
Comandante dela o Sr. Brigadeiro Blunt, executando desde já os mes-
mos regimentos todas as Ordens, que este lhes distribuir. Ajudante
General Mosinho»
As Brigadas Portuguesas 111

Brigada de António da Marcelino da Vitória de


11 Abril a 1 Maio 1809.
(Regimentos de Infantaria 1 e 13).
«Quartel-General de Tomar 12 de Abril de 1809
Ordem do Dia
De Ordem do Illmº. E Exmº Sr. Marechal Beresford, comandante
em Chefe do Exército. O Sr. Brigadeiro Campbell é o Comandante
da Brigada de Infantaria, composta dos Regimentos nº 3 e 15. […]
O Sr. Marechal Beresford, para dar ao Sr. Brigadeiro António Mar-
celino da Victoria um testemunho de se achar convencido, que se
conduziu bem na defesa da Cidade do Porto, relativamente ao estado
de insubordinação dos defensores da mesma cidade, o encarrega já do
comando da Brigada de Infantaria, composta dos Regimentos nº 1 e
13 […]. Ajudante General Mosinho»

Brigada de William Howe Campbell de 12 Abril 1809.


(Regimentos de Infantaria 3 e 15 aos quais o Regimento de Infan-
taria 13 foi acrescentada no dia 1 Maio).

«Quartel-general de Tomar 12 de Abril de 1809


Ordem do Dia
De Ordem do Illmº. E Exm.º Sr. Marechal Beresford, comandante
em Chefe do Exército. O Sr. Brigadeiro Campbell é o Comandante
da Brigada de Infantaria, composta dos Regimentos n.º 3 e 15. […]
O Sr. Marechal Beresford, para dar ao Sr. Brigadeiro António Mar-
celino da Victoria um testemunho de se achar convencido, que se
conduziu bem na defesa da Cidade do Porto, relativamente ao estado
de insubordinação dos defensores da mesma cidade, o encarrega já do
comando da Brigada de Infantaria, composta dos Regimentos nº 1 e
13 […]. Ajudante General Mosinho»

«Quartel-general de Tomar 1 de Maio de 1809


Ordem do Dia
Ordena do Illmº. E Exmº Sr. Marechal Beresford, comandante em
112 O Exército Aliado Anglo-Português

Chefe do Exército, que o regimento de infantaria nº 13, fique debaixo


das Ordens do Sr. Brigadeiro Campbell, formando uma Brigada com
os regimentos 3, e 15. […] Ajudante General Mosinho»

Brigada de José Lopes de Sousa de 16 Abril 1809.


(Regimentos de Infantaria 2 e 14).

«Quartel-general de Tomar 16 de Abril de 1809


Ordem do Dia
O Marechal Beresford, comandante em Chefe, não pode deixar de
manifestar publicamente a sua satisfação a respeito da boa aparência,
e estado de Disciplina da Brigada debaixo das Ordens do Marechal
de campo José Lopes de Sousa, composta dos Regimentos n.º 2, e 14,
comandados pelos Coronéis Alexandre Magno de Oliveira, e António
Hipólito Costa, à qual o Marechal passou revista em Punhete [actual
Constança] no dia 15 do corrente. […] Ajudante General Mosinho»

Brigada de Manuel Pinto de Morais Bacelar de 11


Maio até aproximadamente 18 Junho de 1809.
(1º batalhão do Regimento de Infantaria 9 e Regimento de In-
fantaria 11). Acompanhavam esta brigada Regimento de Cavalaria 6
(Bragança) e 2 esquadrões do Regimento de Cavalaria 12 (Miranda).

Brigada de Silveira de 11 Maio 1809.


(Regimentos de Infantaria 12 e 24), e ainda os Regimentos de
Milícia de Bragança e Moncorvo.

Brigada de Robert Wilson de 11 Maio a aproximada-


mente 18 Junho 1809.
(Regimentos de Infantaria 3 e 4 e Batalhão de Caçadores 6 e 2
companhias do 5 batalhão do 60th Foot.)

O Brigadeiro Manuel de Brito Mouzinho tinha uma


brigada composta apenas de Regimentos de Milícias (Regimentos de
As Brigadas Portuguesas 113

Milícia de Miranda, Vila Real e Chaves).


«Quartel-general de Lamego 11 de Maio de 1809.
Ordem do Dia
O Marechal Beresford, Comandante em Chefe, [...]. O Exército
em Campanha, debaixo das Ordens imediatas do Marechal, será di-
vidido em brigadas e será colocada na ordem seguinte da direita para
a esquerda.
Marechal de campo Manoel Pinto Bacelar:
1.º Batalhão do Regimento de Linha 9
2.º Batalhão do Regimento de Linha n.º 11
Brigadeiro Mosinho
Milícias de Miranda
Ditas de Vila Real
Ditas de Chaves
Brigadeiro Silveira
2.º Batalhões do Regimento de Linha n.º 12
2.º Ditos do Regimento de Linha n.º 24
Marechal de campo José Lopes de Sousa
2.º Batalhões do Regimento de Linha n.º 2
2.º Ditos do Regimento de Linha n.º 14
A Brigada do Major Tilson há-de formar a reserva.
Os batalhões de Caçadores Num. 3, 4 e 6 com duas companhias
do Regimento britânico n.º 60 formarão a Brigada de Tropas Ligei-
ras, debaixo das Ordens do Brigadeiro Roberto Wilson, a qual se re-
unirá a Cavalaria, e Artilharia, segundo as circunstâncias o exigirem
[...]. Ajudante General Mosinho»

«Quartel-general em Fuente Guinaldo 8 de Agosto de 1809.


Ordem do Dia
Ordena o Illmº. E Exmº Sr. Marechal Beresford[…].
As Brigadas do Exército de Operações, se colocarão até nova Or-
dem, da direita para a esquerda na seguinte Ordem.
Flanco Direito
A do Sr. Brigadeiro Blunt.
114 O Exército Aliado Anglo-Português

A do Sr. Brigadeiro McLeroth


A do Sr. Coronel Lecor
A dos regimentos n. 2, e 14.
A do Sr. Brigadeiro Campbell.
Flanco esquerdo
Os Batalhões de Caçadores Num. 2 formarão um Corpo ligeiro
debaixo das Ordens do, Sr. Coronel Wilson.
O Batalhão de Caçadores nº 6 à sua chegada ao exército se unirá
à brigada do Sr. Coronel Lecôr [...]. Ajudante General Mosinho»

Brigada de Carlos Frederico Lecor de 18 Junho


1809.
(Regimento de Infantaria 9 e 3 e Batalhão de Caçadores 4)80

«Quartel-General de Abrantes 18 de Junho de 1809


Ordem do Dia
De Ordem do Illmº. E Exmº Sr. Marechal Beresford, o Sr. Coronel
Lêcor tomará o Comando da Brigada, composta do Regimento de
Infantaria n.º 9, e dos Batalhões de Caçadores n.º 3, e 4, que se achão
em Castelo-Branco.
O Sr. Brigadeiro Roberto Wilson, tomará o Comando da Brigada
composta dos dois batalhões da Leal Legião Lusitana, e do Batalhão
de Caçadores n.º 5 […].»

Brigada de Hugh Mcleroth de 2 Agosto 1809.


(Regimentos de Infantaria 11 e 23).
«Quartel-general de Almeida 2 de Agosto de 1809.
Ordem do Dia
Ordena o Illmº. E Exmº Sr. Marechal Beresford […].
O Sr. Brigadeiro General McLeroth, que chegou de Inglaterra co-

80. Em 31 de Julho 1809, era composto apenas pelo 2º batalhão do Regimento


de Infantaria 9, e pelos 3.º e 4.º Batalhões de Caçadores), estando esta brigada
posicionada já em San Felices, a fazer a ala esquerda do Beresford. O 1.º Bata-
lhão de Infantaria 9 estaria reunido em Viana do Minho.
As Brigadas Portuguesas 115

manda até que a vontade de SAR, seja conhecida, a Brigada com-


posta pelos Regimentos de Infantaria n.os 11 e 23. Ajudante General
Mosinho»
Quatro destas brigadas tomaram parte na Campanha de Douro
na coluna sob o comando de Beresford, que cruzou o Douro na Ré-
gua e se dirigiu para norte em direcção ao vale do Tâmega.
Eram estas as brigadas de Lopes de Sousa, Manuel Bacelar, Sil-
veira e Wilson.
Em Abril, o Major-general William Beresford81 no comando do
Exército Português organizou parte do mesmo para operar sob o co-
mando de Wellesley. Dois Regimentos, o 10.º e o 16.º Regimentos de
Infantaria com uma unidade conhecida como o 1.º de Granadeiros
compostas de companhias do 1.º e 2.º batalhões do Regimento de
Infantaria 6 e o 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 18, foram
integradas nas Brigadas inglesas de Wellesley.

«Quartel-general de Tomar 4 de Maio de 1809


Ordem do Dia
O Marechal Beresford, comandante em Chefe […].
Os Regimentos de Infantaria n.º 10, e 16, e o Batalhão de Grana-
deiros n.º 6, e 18 serão incorporados ao Exército Inglês, e obrarão
com ele: Um Batalhão de cada um dos referidos Regimentos será
anexo a uma Brigada Inglesa, assim que hoje chegarem a esta Cidade
de Coimbra, e ficarão recebendo as Ordens imediatamente do Sr.
General, que comandar a Brigada, a que forem anexados; mas con-
tinuando a mandar os Mapas, que se tem determinado, ao Secretário
Militar Inglês do Sr. Marechal, o Sr. Arbuthnot, ao Quartel-Mestre-
General o Sr. Coronel D´Urban e ao Ajudante- General […]. Ajudante
General Mosinho»

Os Regimentos de Infantaria 10 e 16, como já se referiu, forma-


ram parte integrante do Exército de Wellington, sendo distribuídas
81. Major-general do Exército Inglês (Tenente-general em Portugal) e Marechal
do Exército português
116 O Exército Aliado Anglo-Português

pelas cinco Brigadas britânicas durante essas cinco semanas. O


2.º batalhão do Regimento de Infantaria 16 pelo Brigadeiro A.
Campbell e os 2 batalhões do Regimento de Infantaria 10 pelos
Brigadeiros John Sontag e Allan Cameron.

*
* *

Na campanha de Talavera quatro brigadas, as de Carlos Lecor,


William Howe Campbell, Richard Blunt e Hugh McLeroth, forma-
ram parte do grosso da força de Beresford, concentrada em Almeida,
e que marchou em direcção a sul pelo Puerto Perales até Moraleja,
quando o Exército de Wellington retirava de Talavera.
As únicas tropas portuguesas a tomar parte nas operações de Ta-
lavera foram os dois batalhões da Leal Legião Lusitana e o Batalhão
de Caçadores 5, que sob o comando de Sir Robert Wilson, tendo um
comando quase independente, avançaram em Espanha, protegendo o
flanco esquerdo de Wellington até Escalona e, após a batalha de Tala-
vera foram forçados a retirar para Portugal pelas montanhas.
No caminho enfrentaram os franceses no combate de Baños tendo
sido obrigados a dispersar.

*
* *

Quando as brigadas portuguesas foram constituídas, eram ap-


enas compostas por dois regimentos de infantaria. Os batalhões de
Caçadores só reforçariam as Brigadas muito tempo depois. Inicial-
mente nem sequer não havia qualquer intenção de as integrar nas
divisões britânicas.
Até mesmo as duas Brigadas que compunham a Divisão Portugue-
sa sob o comando do Marechal de campo Hamilton, só marchariam
da retaguarda para se unir o Corpo de exército de Hill em Portalegre
em Fevereiro de 1810.
As Brigadas Portuguesas 117

A primeira Brigada a ser incorporada numa formação britânica


seria a 8.ª Brigada de Champalimaud, a qual se uniu, em Pinhel,
nos primeiros dias de Abril de 1810 à 3.ª Divisão de Picton, en-
quanto as restantes permaneciam na retaguarda em Coimbra ou
seus arredores.
Os batalhões de Caçadores estavam, pelo menos desde 16 Dezem-
bro, nominalmente organizados em três brigadas:
Nominalmente, os Batalhões de Caçadores 1 e 2 encontravam-se
sob o comando do Barão Eben; os 3 e 5; e os 4 e 6 sob o comando
de Lecor.
Na realidade os Batalhão de Caçadores 1 e 2 encontravam-se em
Março de 1810 actuando em conjunto com a Divisão Ligeira e sem
Eben; o 5 encontrava-se no Alentejo sob o comando de Hill; e os 3, 4
e 6 perto de Coimbra aí permanecendo.
Em Maio o Batalhão de Caçadores 2 foi substituído pelo Batal-
hão de Caçadores 3 na Divisão Ligeira, que conjuntamente com o
Batalhão de Caçadores 1 faria parte integrante desta Divisão.
Os Batalhões de Caçadores 4 e 6 seriam adidos respectivamente à
1.ª e 5.ª Brigadas em Agosto de 1810.
O 2.º Batalhão foi recolocado em Coimbra, sendo adido à 6.ª briga-
da (Coleman) pouco antes da batalha do Buçaco, a 21 Setembro de
1810.
A organização das brigadas ainda seria mais aprofundada, enquan-
to o Exército Anglo-Português permaneceu nas Linhas de Torres Ve-
dras, pois é nesta época que se levantam parte das divisões como mod-
elo organizativo definitivo, incorporando assim as brigadas às mesmas.
A 5.ª Divisão foi levantada por Ordem de 6 Outubro do Corpo de
exército de Leith o qual tinha ocupado uma posição de reserva no
verão, próximo de Tomar, até ao movimento em direcção ao Buçaco.
A 6.ª Divisão foi formada por Ordem da mesma data.
A 7.ª Divisão, formada por Ordem de 5 de Março 1811, começan-
do a sua formação durante a perseguição de Massena, sendo com-
posta por 2/3 de forças portuguesas, quando pela primeira vez entrou
em combate em Fuentes de Oñoro.
118 O Exército Aliado Anglo-Português

Era a época do ajustar a organização do Exército Anglo-Por-


tuguês.

*
* *

Esta organização inicial, fruto de improvisação, motivada por


uma sucessão de situações críticas a que a que o exército teve que
acorrer, deu lugar a uma reorganização completamente nova pelo
Outono, quando foram formadas as doze Brigadas na Ordem de 29
de Setembro 1809.
Oito destas permaneceram em existência até as 1814; outras
quatro desfrutaram de vida curta ou meramente formal.
As brigadas propriamente ditas datam de uma Ordem de 29 de
Setembro 1809, sendo quase impossível tentar encontrar uma lógica
no período anterior.
Assim, as unidades portuguesas foram organizadas em Brigadas
em Setembro de 1809 organização que manterão até ao fim da guerra
em Abril de 1814.
Muitas das brigadas foram destacadas para as Divisões Britânicas
sob o Comando Inglês, actuando sempre como parte integrante da
própria Divisão
Duas Brigadas foram destacadas para a Divisão Portuguesa, com-
posta por duas brigadas, uma com dois regimentos de infantaria que
foi a única que foi conhecida com um nome que não o do seu co-
mandante (a Brigada Algarvia) e a segunda com dois regimentos de
Infantaria e um batalhão de caçadores.
Outras actuaram como brigadas independentes, recebendo ordens
para actuar consoante a táctica adoptada no terreno, actuando como
reserva, apoio, defesa de retaguarda, brigada de choque, livre ou inte-
grada em qualquer Divisão.
Os Regimentos de Infantaria 5 e 22 nunca foram destacados para
as Brigadas nem acompanharam o Exército Anglo-Português na mar-
cha por Espanha e França, permanecendo no país.
As Brigadas Portuguesas 119

O Batalhão de Caçadores 12 integrou uma brigada no período de


8 de Abril de 1812 a Abril de 1813.
Ao todo, acompanharam o Exército Anglo-Português durante a
guerra 21 Regimentos de Infantaria e 11 batalhões de Caçadores,
representando nove décimos da infantaria de linha Portuguesa.
A 1.ª Divisão nunca teve uma brigada portuguesa; a 2.ª Brigada
nunca teve um Batalhão de Caçadores;
Os Regimento de Infantaria 17, Caçadores 1 e 3 foram destacados
para a Divisão Ligeira.
O Regimento de Infantaria 20, após serviço na defesa de Cádis,
integraria a Divisão Ligeira alguns meses.
As unidades portuguesas juntas à Divisão Ligeira fizeram parte in-
tegral da mesma, não sendo apenas anexadas como aconteceu com as
brigadas. Significa isto que as unidades integradas e não meramente
anexadas eram providas pelo Comissariado do Exército britânico,
enquanto as anexadas eram providas pelo Comissariado-geral por-
tuguês.
Após o fim da guerra, as três brigadas de infantaria no Corpo de
exército sob o comando de Sir John Hope que bloquearam Bayonne
(as 10, 1 e 3), deixaram Biarritz em direcção a Oyarzún respectiva-
mente em 20, 22 e 23 de Junho de 1814.
As Brigadas adidas às divisões que tinham combatido na batalha
de Toulouse marcharam com as respectivas divisões em direcção a
Bordéus a fim de serem embarcadas, separando-se das unidades ingle-
sas, com enormes demonstrações de amizade na hora da despedida, o
que aconteceu entre o 2 e 14 Junho.
A Divisão Ligeira separou-se também das unidades portuguesas
em Bazas, no dia 11 Junho.

*
* *
120 O Exército Aliado Anglo-Português

Histórico das Brigadas de Infantaria Portuguesas

Brigadas do exército em operações de 1809 por datas das suas


formações.
Brigada do Brigadeiro Richard Blunt. OD 25 de Março 1809. (Regi-
mentos de Infantaria 4 e 19 e, depois os Regimentos de Infantaria 7 e 19).
Brigada do Brigadeiro William Howe Campbell. OD 12 Abril
1809. (Regimentos de Infantaria 3 e 15 aos quais o Regimento de
Infantaria 13 foi acrescentado no dia 1 Maio).
Brigada do Brigadeiro António Marcelino da Vitória. OD 12
Abril a 1 Maio 1809. (Regimentos de Infantaria 1 e 13).
Brigada do Marechal de campo José Lopes de Sousa. OD 16 Abril
1809. (Regimentos de Infantaria 2 e 14).
Brigada do Marechal de campo Manuel Pinto de Morais Bacelar.
OD 11 Maio até aproximadamente 18 Junho. (1.º batalhão do 9.º
Regimento de Infantaria e Regimento de Infantaria 11).
Brigada do Brigadeiro Silveira. OD 11 Maio 1809. (Regimentos
de Infantaria 12 e 24), e ainda os Regimentos de Milícia de Bragança
e Moncorvo
Brigada do Brigadeiro Robert Wilson. OD 11 Maio a aproxima-
damente 18 Junho 1809. Formam o que a Ordem do dia designa por
Brigada de tropas Ligeiras. Batalhão de Caçadores 3, 4 e 6 e 2 com-
panhias do 5 batalhão do 60th Foot.)
Brigada do Coronel Carlos Frederico Lecor. OD 18 Junho 1809.
(Regimento de Infantaria 9 e Batalhão de Caçadores 3 e 4).
Brigada do Major-general Robert Wilson. (dois batalhões da
L.L.L. e batalhão de Caçadores 5)
Brigada de Hugh McLeroth de 2 Agosto 1809. (Regimentos de
Infantaria 11 e 23).

Organização de Setembro de 1809


Por Ordem do Dia de 29 de Setembro de 1809 foram levantadas
12 Brigadas82.

82. John H. Leslie (Editor), The Dickson Manuscripts: Being Diaries, Letters,
Maps, Account Books, with various other papers of the late Major-general Sir
Alexander Dickson, vol. 1, Cambridge, Ken Trotman, 1987, p. 97.
As Brigadas Portuguesas 121

«Quartel-general do Calhariz 29 de Setembro de 1809

Ordena o Illmº. e Exmº Sr. Marechal Beresford, comandante em


Chefe do Exército, que os regimentos de Infantaria de Linha, por
agora, constituam Brigadas do modo seguinte; n.º 1, com o n.º 16;
n.º 2, com o n.º 14; n.º 3, com o n.º 15; n.º 4, com o n.º 10; n.º 5,
com o n.º 17; n.º 6, com o n.º 18; n.º 7, com o n.º 19, n.º 8, com o
n.º 22; n.º 9, com o n.º 21; n.º 1, com o n.º 23; n.º 12, com o n.º 24;
n.º 13, com o n.º 10; que o Sr. Brigadeiro Agostinho Luiz da Fon-
seca continue a comandar a Brigada n.º 2, e 4; que o Sr. Brigadeiros
Carlos Miller, comande a Brigada n.º 3, e 15; que a Brigada n.º 4,
e 1.º, seja comandada até nova Ordem pelo oficial mais graduado
dos dois regimentos; que a Brigada n.º 5, e 17, seja comandada pelo
Sr. Brigadeiro António Marcelino da Victoria; que a Brigada n.º 6, e
18 seja comandada pelo Sr. Brigadeiro Campbell, o qual comandará
também todas as Tropas colocadas em Coimbra; que o Sr. Brigadeiro
Blunt, continue a comandar a Brigada dos n.º 7, e 19; que a Brigada
do n.º 11, e 23, seja comandada pelo Sr. Brigadeiro Francisco João
Collman, o qual comandará também todas as Tropas colocadas em
Leiria; e que a Brigadas dos n.º 12, e 24, seja comandada até nova
ordem, pelo oficial mais graduado dos dois regimentos. – Ajudante-
-general Mosinho»

Resumindo
Regimentos de Infantaria 1 e 16 - Brigadeiro Dennis Pack.
Regimentos de Infantaria 2 e 14 - Brigadeiro Agostinho Luís da
Fonseca.
Regimentos de Infantaria 3 e 15 - Brigadeiro Charles Miller.
Regimentos de Infantaria 4 e 10 - oficial mais graduado dos dois
regimentos - Coronel Archibald Campbell83.

83. Ibidem, aponta apenas “Senior Officer – Colonel Campbell” tendo acrescen-
tando o editor, mal [ Allen William Ed. ]. No entanto Allen William Campbell
nunca comandou uma brigada. A confusão dos nomes deverá ser dos editors que
confundem este oficial com Archibald Campbell o qual comandou uma brigada
122 O Exército Aliado Anglo-Português

Regimentos de Infantaria 5 e 17 - Brigadeiro António Marcelino


da Vitória
Regimentos de Infantaria 6 e 18 – Brigadeiro William Howe
Campbell84
Regimentos de Infantaria 7 e 19 - Brigadeiro Richard Blunt
Regimentos de Infantaria 8 e 22 – (data desconhecida)
Regimentos de Infantaria 9 e 21 - possivelmente William Maun-
day Harvey e posteriormente Coronel José Joaquim Champalimaud
Regimentos de Infantaria 11 e 23 - Brigadeiro Francis John Cole-
man
Regimentos de Infantaria 12 e 24 - oficial mais graduado dos dois
regimentos
Regimentos de Infantaria 13 e 20 - (data desconhecida)

*
* *

Antes de terminar o ano, as brigadas seriam reformuladas.

Brigada do Brigadeiro Coleman. OD 13 Dezembro 1809. [Ex:


Brigada McLeroth]
(Regimentos de Infantaria 11, 13 e 23).

«Quartel-general de Leiria 13 de Dezembro de 1809.


Ordem do Dia
O Marechal Comandante em Chefe do Exército na Revista, que
passou ontem aos Regimentos de Infantaria n. 11, 13, e 23 que se
acham debaixo das Ordens do Brigadeiro Coleman […] - Assinada

e temporariamente a Divisão Portuguesa. Archibald era Coronel do Regimento


de Infantaria 4 e Allan William Tenente-coronel do mesmo regimento, o que faz
lançar ainda mais a confusão. Uma vez que faleceu nos fins de 1813, faz com que
o seu nome não esteja no Royal Military Calendar. Era filho do Tenene-General
Sir Alexander Campbell e Major no 74th Foot.
84. Tenente-coronel do 31 [Foot] Regimento Britânico de Infantaria. Morre a 2
de Janeiro de 1811 no Trocifal.
As Brigadas Portuguesas 123

pelo Ajudante-General em consequência de Ordem do Sr. Marechal.»

Brigada Coronel Archibald Campbell de 15 Dezembro 1809, [ofi-


cial mais antigo das duas unidades.].
(Regimentos de Infantaria 4 e 10).

«Quartel-general de Tomar 15 de Dezembro de 1809.


Ordem do Dia
O Marechal Comandante em Chefe do Exército na Revista, que pas-
sou ontem aos dois Regimentos de Infantaria n.º 4, e 10 teve a mais viva
satisfação […] Ao Coronel Campbell, como comandante desta Brigada,
o Marechal não pode deixar de lhe dar os seus particulares agradeci-
mentos. - Assinada pelo Senhor Marechal - Ajudante-general.»

«Quartel-general de Tomar 16 de Dezembro de 1809.


Ordem do Dia
“O Marechal Comandante em Chefe do Exército, (…)
Ordena mais S.Exª , que até nova ordem os Batalhões de Caça-
dores constituam Brigadas do seguinte modo: 1.ª Brigada, o Batalhão
n.º 1 com o Batalhão n.º 3 e comandada pelos Sr. Coronel Barão de
Eben ; 2.ª Brigada , o Batalhão n.º285 e Batalhão n.º 5 3.ª Brigada, o
Batalhão n.º 4 com o Batalhão n.º 6 continuando a ser comandada
pelo Sr. Coronel Lecor.
[…] e até segunda ordem, Ajudante de campo do Sr. Coronel
Campbell, como comandante da Brigada composta dos Regimentos
de Infantaria n.º 4 e 10, o Alferes […] - Ajudante-general Mosinho»

«Quartel-general de Fornos d´Algodres 6 de Maio de 1810


Ordem do Dia
Determina o Illmo e Exmo. Senhor Marechal Beresford, Coman-
dante em Chefe do Exército que quando o Comandante de qualquer
Brigada , seja de Infantaria, ou de Cavalaria, estiver ausente, o Oficial
85. Aparece como 3 na Colecção das Ordens do Dia, mas na Compilação das
Ordens do Dia encontra-se corrigido
124 O Exército Aliado Anglo-Português

Superior mais graduado dos Corpos da mesma Brigada tome o Co-


mando dela, da mesma forma que o próprio Comandante, em tudo o
que respeita à sua disciplina.- O Ajudante-General Mosinho»

Por Ordem do Dia de 4 de Junho de 1810, os batalhões de Caça-


dores deixam de formar Brigadas,

Organização de 12 de Agosto de 1813


Por Ordem do Dia de 13 de Agosto de 1813 as brigadas de in-
fantaria foram numeradas para que deixassem de se designar pelos
nomes dos seus comandantes.
1.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 1 e 16 e Caçadores 4
2.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 2 e 14
3.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 3 e 15 e Caçadores 8
4.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 4 e 10 e Caçadores 10
5.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 6 e 18 e Caçadores 6
6.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 7 e 19 e Caçadores 2
7.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 8 e 12 e Caçadores 9
8.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 9 e 21 e Caçadores 11
9.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 11 e 23 e Caçadores 7
10.ª Brigada - Regimentos de Infantaria 13 e 24 e Caçadores 5

«Quartel-general de Zarauz 13 de Agosto de 1813


Ordem do Dia
Determina Sua Excelência, o Senhor Marechal Beresford, Mar-
quez de Campo Maior, que as Brigadas de Infantaria do Exército Por-
tuguês sejam daqui em diante numeradas, e que em todas as partici-
pações Oficiais elas sejam assim designadas; 1.ª Brigada de Infantaria
Portuguesa, 2.ª Brigada de Infantaria Portuguesa, & c,

N.º das Brigadas e Composição das mesmas.


1.ª Regimento n.º 1, e 16, o Batalhão de Caçadores nº 4
2.ª Regimento n.º 2, e 14
3.ª Regimento n.º 3, e 15, o Batalhão de Caçadores n.º 8
As Brigadas Portuguesas 125

4.ª Regimento n.º 4, e 10, o Batalhão de Caçadores n.º 10


5.ª Regimento n.º 6, e 18, o Batalhão de Caçadores n.º 6
6.ª Regimento n.º 7, e 18, o Batalhão de Caçadores n.º 2
7.ª Regimento n.º 8, e 12, o Batalhão de Caçadores n.º 9
8.ª Regimento n.º 9, e 21, o Batalhão de Caçadores n.º 11
9.ª Regimento n.º 11, e 23, o Batalhão de Caçadores n.º 7
10.ª Regimento n.º 13, e 24, o Batalhão de Caçadores n.º 5

Ajudante-general Mosinho»

Na Ordem do Dia de 23 Setembro 1813 estabelece-se que os


Coronéis que forem promovidos a Brigadeiros efectivos ficam des-
ligados dos respectivos regimentos, excepto no Corpo da Guarda
Real de Polícia.

Quartel-general do Calhariz 23 de Setembro de 1813.


Ordem do Dia
Sua Excelência o Sr. Marechal Beresford, Marquez de Campo
Maior, manda se publique ao Exército a Portaria Seguinte.
Portaria
Sendo muito conveniente ao bem do Real Serviço, que os ofi-
ciais saindo de Coronéis para Brigadeiros não possam conservar
a situação de Coronéis dos Regimentos, exceptuando o Corpo da
Guarda Real de Polícia de Lisboa, cujo Chefe poderá ter o co-
mandante do mesmo Corpo até ao Posto de Brigadeiro inclusive:
é o Príncipe Regente Nosso Senhor Servido, conformando-se com
o parecer do Marquez de Campo Maior, Marechal Comandante
em Chefe dos seus exércitos, que os Coronéis de regimentos, pas-
sando a Brigadeiros efectivos fiquem desligados dos respectivos
Regimentos.
D. Miguel Pereira Forjaz do Conselho de Sua Alteza Real, Te-
nente General dos Reais Exércitos, e Secretário dos Negócios Es-
trangeiros, da Guerra e da Marinha, o tenha assim entendido, e
faça expedir as partições necessárias. Palácio do Governo em 13
126 O Exército Aliado Anglo-Português

de Setembro de 1813. Com quatro rubricas dos Senhores Gover-


nadores.
José Lúcio Travassos Valdez
Capitão Assistente do Ajudante-general.
As Brigadas Portuguesas 127

Fig. 22.
Sir Dennis Pack
(1772-1823)
Visível o enorme conjunto de condeco-
rações pertencentes a este oficial.
Cruz de ouro com 7 barras; cavaleiro
da ordem do banho; gravata e placa da
Torre e espada; Ordem de São Vladimir
[Rússia] 1815. Ordem de Maria Teresa
[Áustria] 1816.

1.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Ordenada a sua formação pela Ordem Geral de 29 de Setembro
de 1809.
Consistia no 1.º e 16.º Regimentos de Infantaria ao qual o 4.º
Batalhão de Caçadores foi inserido no dia 5 de Agosto 1810.
Infantaria 1 - Regimento de Infantaria de Lisboa
Infantaria 16 - Regimento de Infantaria de Vieira Teles
Caçadores 4 - Batalhão de Caçadores da Beira a partir de 5 de
Agosto 1810
Divisão
Independente
Esta Brigada funcionava como apoio de uma Divisão agindo inde-
pendentemente ao longo de toda a guerra
Comandante
Oficial sénior até Denis Pack assumir o comando
Denis Pack - 7 de Julho 1810 a 19 Julho 1813
John Wilson - 19 Julho 1813 a Novembro 1813
Archibald Campbell - 23 Novembro 1813 até ao fim Abril 1814
Thomas Noel Hill – interinamente no cerco da Praça de Baiona
128 O Exército Aliado Anglo-Português

(27 Fevereiro a 28 de Abril de 1814)86


Major de Brigada
Alferes (Inf. 16) Rodrigo Luciano de Abreu - 21 Abril 1810
Vago - 1813
Tenente (Inf. 11) Rodrigo Luciano de Abreu – 1814
Auditor – António Osório de Sousa Castro e Albuquerque - OD
18 Setembro 1811

86. AHM-DIV-1-14-189-33
As Brigadas Portuguesas 129

2.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Esta brigada, formada a de 16 Abril 1809, fora comandada por
José Lopes de Sousa, cujo comando não agradou a Wellington nem a
Beresford.
Consistia nos 2.º e 14.º Regimentos de Infantaria.
Nunca teria integrado na brigada qualquer Batalhão de Caça-
dores.
Infantaria 2 – Regimento de Infantaria de Lagos.
Infantaria 14 – Regimento de Infantaria de Tavira.
Infantaria 5 – 1.º Regimento de Infantaria de Elvas [durante um
curto período em 181187]
Designações:
Brigada do Algarve (Algarve Brigade).
Divisão
Independente
Divisão Portuguesa desde 16 de Dezembro de 1809.
Esta brigada, juntamente com a 4.ª, fará parte integrante da Di-
visão Portuguesa formada no dia 16 de Dezembro 1809.
A Divisão Portuguesa sempre actuou com a 2.ª Divisão sob as or-
dens de Hill sendo comandada por John Hamilton até 22 de Março
1813. Silveira, Conde de Amarante, comandou-a até resignar no dia
3 de Setembro 1813, quando Campbell, da 4.ª Brigada a assumiu
temporariamente. Hamilton estava no comando da Divisão ao tempo
da batalha de Nivelle a 10 de Novembro de 1813.
Lecor assumiu o comando da Divisão a 3 Dezembro 1813 e per-
maneceu à frente dela até ao fim da guerra.
Comandante
José Lopes de Sousa - 16 Abril 1809 a 16 de Agosto 1809
Haviland le Mesurier – Comandou temporariamente possivel-
mente de Agosto a Dezembro de 1809

87. OD 5 Janeiro 1811.


130 O Exército Aliado Anglo-Português

Agostinho Luís da Fonseca – 16 de Agosto 1809 até Junho de


1811
João Teles de Menezes e Melo - Comandou temporariamente
durante o verão de 1811
António Hipólito Costa – Junho de 1811 até a Junho 1813.
John Buchan - Outono de 1813 até 20 Novembro 1813
António Hipólito Costa – Novembro 1813 a 15 Março 1814.
Jorge de Avillez – Comanda interinamente a Brigada nas acções
de Berlanga 10 Julho 1812; Arendans 27 Março 1814 e Tarbe 20
Maio 1814. 88
John Mcdonald – Comanda a Brigada na acção Toulouse 10
Abril de 181489
João Teles de Menezes e Melo – Comanda a Brigada na acção
do Porto de Dona Maria 13 de Julho 1813.90
João Lobo Brandão de Almeida – 21 de Abril 1814.

Major de Brigada
Capitão (Inf. 14) Luís de Mendonça e Melo – 20 Janeiro 1810-
-1813
Capitão (Inf. 14) Pedro Alexandrino Pereira – 1814
Auditor – Manuel da Costa Monteiro de Carvalho e Oliveira -
OD 18 Setembro 1811

88. AHM-DIV-1-14-189-34
89. AHM-DIV-1-14-189-34
90. AHM-DIV-1-14-189-34
As Brigadas Portuguesas 131

Fig. 23.
Luís do Rego Barreto
(1777-1840).
1.º Visconde de Geraz do Lima.
Na casaca Placa da Ordem de Cristo;
e Placa da Torre e Espada. Ao pescoço
gravata da Torre e Espada e apenas
visível, cruz de ouro britânica com 3 bar-
ras colocada de forma não regulamentar.

3.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Formada inicialmente em 12 Abril 1809, sob o comando de Wil-
liam Howe Campbell.
Consistia nos 3.º e 15.º Regimentos de Infantaria sendo integrado
o 6.º Batalhão de Caçadores de 23 Outubro a 20 de Dezembro 1810.
O 8.º Batalhão de Caçadores (antes 2.º Batalhão da Leal Legião
Lusitana) substitui o Batalhão de Caçadores 6, de 14 Março 1811 até
ao fim da guerra.
Infantaria 3 - 1.º Regimento de Infantaria de Olivença
Infantaria 15 - 2.º Regimento de Infantaria de Olivença
Caçadores 6 - Batalhão de Caçadores do Porto (23 de Outubro de
1810 a 20 de Dezembro de 1810)
Caçadores 8 - Batalhão de Caçadores de Trancoso anterior 2.º
Batalhão da Leal Legião Lusitana (A partir de 14 de Março de 1811)
Divisão
4.ª Divisão - de 28 de Abril de 1810 a 7 de Maio de 1810
5.ª Divisão - A Brigada foi anexada à 4.ª Divisão de 28 Abril a
7 de Maio 1810, e na 5.ª Divisão desde a sua formação no dia 6 de
Outubro 1810.
132 O Exército Aliado Anglo-Português

Comandantes
William Howe Campbell - 12 de Abril 1809 a Setembro 1809.91
Charles Miller92 - 29 de Setembro 1809 a fim de Janeiro 1810
Thomas McMahon –- Temporariamente. Janeiro 1810 a Junho
1810.93.
William Frederic Spry - 16 de Agosto 1810 a Outubro de 1813
Luís do Rego Barreto - Outubro de 1813 até ao fim da guerra
Abril 1814
Major de Brigada
Capitão (Inf. 15) Charles John Fitzgerald - 14 Abril 1809- 1813?
Auditor – João Ferreira Sarmento Pimentel - OD 18 Setembro
1811

91. Transferido para a 5.ª brigada.


92. Faleceu em 28 de Fevereiro de 1811.
93. Foi nomeado Governador de Valença 11 de Julho 1810.
As Brigadas Portuguesas 133

Fig. 24.
Sir Archibald Campbell
(1769-1843).
Visíveis entre outras Colar e Placa
da Ordem do Banho, Cruz de ouro com
uma barra; gravata da Torre e Espada;
cruz de comando portuguesa 5 folhas
(na casaca à esquerda).

4.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Ordenada a sua formação pela Ordem do Dia de 29 de Setembro
de 1809.
Consistia nos 4.º e 10.º Regimentos de Infantaria à qual o 10.º
Batalhão de Caçadores foi integrado no dia 8 de Abril 1812.
Infantaria 4 - Regimento de Infantaria Freire
Infantaria 10 - 2.º Regimento de Infantaria de Lisboa
Caçadores 10 - Batalhão de Caçadores de Aveiro (a partir de 8 de
Abril de 1812)
A 9 de Novembro 1813 é ordenado à Brigada que se junte à 7.ª
Divisão, ordem que nunca foi cumprida, e a junção nunca teve lugar.
Divisão
Independente
Fez parte da Divisão Portuguesa desde 16 de Dezembro 1809.
Com a 2.ª (Brigada do Algarve), formou a Divisão Portuguesa de
16 de Dezembro 1809 até o fim da guerra.
Comandantes
134 O Exército Aliado Anglo-Português

Archibald Campbell - 29 Setembro 1809 até 3 de Setembro


181394
John Buchan - 23 de Novembro 1813 até ao fim Abril 1814
Luís Maria de Sousa Baía - interinamente (no combate de Ban-
ca a 1 de Outubro de 1813)95
Major de Brigada
Major Graduado (Inf 4) Caetano de Melo Sarria - 5 Janeiro 1809-
1814
Auditor – Francisco Xavier de Sousa Queiroga - OD 18 Setembro
1811

94. Transferido então para a 1.ª Brigada.


95. AHM-DIV-14-189-36
As Brigadas Portuguesas 135

Fig. 25.
Sir Henry Hardinge
(1785-1856).
Visconde de Hardinge of Lahore
Visíveis entre outras a Cruz de Co-
mando portuguesa com 9 folhas;
Colar e placa da Ordem do Banho;
Cruz de Ouro com 5 barras;
Ordem do Mérito Militar [Prússia];
Ordem Militar de Guilherme
[Holanda];
Ordem Militar de Maximiliano José
[Baviera].

5.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Ordenada a sua formação pela Ordem Geral de 29 de Setembro
de 1809.
Consistia nos 6.º e 18.º Regimentos de Infantaria à qual se inte-
grou o 6.º Batalhão de Caçadores.
Infantaria 6 - Regimento de Infantaria do Porto.
Infantaria 18 - 2.º Regimento de Infantaria do Porto.
Caçadores 6 - Batalhão de Caçadores do Porto em 5 Agosto até
23 de Outubro 1810, e novamente de modo permanente desde 20 de
Dezembro 1810 até ao fim.
Designações.
Conhecida por Brigada do Porto até 13 Agosto 1813, mas sem o
cunho forte que era dado a Brigada do Algarve.
Divisão
Independente
Levantada em 9 de Setembro 1809.
Actuou com a 2.ª Divisão entre 1812 - 1814 e com a Divisão
Portuguesa de Hamilton, grupo que era equivalente a um pequeno
Corpo de Exército Anglo-Português.
136 O Exército Aliado Anglo-Português

Anexada à 7.ª Divisão em 5 de Março de 1811.


Depois de um longo período de independência, a brigada foi
anexada à 7.ª Divisão à data da sua formação em 5 de Março 1811.
Anexada à 2.ª Divisão em 8 de Junho 1811 para prover as perdas
sofridas na batalha de Albuera, que até aí era composta apenas por
brigadas britânicas. Permaneceu inserida na Divisão até ao fim da
guerra.
Comandantes
William Howe Campbell - 29 Setembro 1809 até a 2 de Janeiro
1811.96
Manuel Pamplona Rangel - Temporariamente até 14. 3. 1811
Charles Ashworth - 14 de Março 1811 até 13 de Dezembro
1813.97
Maxwell Grant - interinamente ( Batalha do Nive 13 Dezembro
1813). 98
Henry Hardinge - 16 Janeiro 1814 até ao fim Abril 1814
Major de Brigada
Major Graduado (Caçadores 2) António Pereira Quinland - 10
Fevereiro 1809-1814.
Auditor – Francisco José Freire de Macedo - OD 18 Setembro
1811

96. Data da sua morte sua morte com febre, em Trocifal, na Linhas de Torres
Vedras.
97. Data em que foi ferido no Nive.
98. AHM-DIV-1-14-189-37
As Brigadas Portuguesas 137

Fig. 26.
Luís Inácio Palmeirim
(1762-1837)
Gravata da Torres e Espada e Or-
dem de Cristo;
Placas da Torre e Espada, Cristo e
Nossa Senhora da Conceição;
medalha comando de 1 folha e
medalha das companhas peninsulares

6.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Ordenada a sua formação pela Ordem Geral de 29 de Setembro
de 1809.
Consistia no 7.º e 19.º Regimentos de Infantaria na qual o 2.º
Batalhão de Caçadores foi integrado a 21 de Setembro 1810.
Infantaria 7 - Regimento de Infantaria de Setúbal.
Infantaria 19 - Regimento de Infantaria de Cascais.
Caçadores 2 - Batalhão de Caçadores de Moura desde 21 de
Setembro de 1810.
Divisão
Independente
7.ª Divisão desde 5 de Março de 1811.
3.ª Divisão desde 13 de Dezembro 1811.
7.ª Divisão a partir de Fevereiro de 1812.
Depois de um longo período de independência esta Brigada foi
adida à 7.ª Divisão na data da sua formação, 5 de Março 1811, o que
aconteceu quando se encontrava em Pombal. No dia 14 Março o 12.º
Regimento de Infantaria marchou de Alcoentre.
Foi anexada temporariamente à 3.ª Divisão de 13 de Dezembro
1811. Quando a 8.ª Brigada foi para Coimbra para ser reequipada,
até cerca de Fevereiro de 1812 (em qualquer dos casos, após o assalto
138 O Exército Aliado Anglo-Português

de Cidade Rodrigo), reverteu para a 7.ª Divisão até ao fim da guerra.


Comandantes
Richard Blunt - 29 de Setembro de 1809 a 7 de Julho 1810
Francis John Coleman - 7 de Julho 1810 a Março 1811
Carlos Frederico Lecor - Março a Maio 1811
Luís Inácio Palmeirim – 1 de Junho 1811 a 12 de Agosto 1811
[na ausência de Coleman].
Francis John Coleman - 12 de Agosto 1811 a Dezembro de
1811
José Cardoso de Menezes Souto-Maior - Dezembro de 1811
a Fevereiro 1812 - Temporariamente como oficial sénior dos regimen-
tos da brigada.
Richard Collins - 27 de Fevereiro 1812 até 17 de Fevereiro
1813.99
Carlos Frederico Lecor - Março a Novembro de 1813.100
John Milley Doyle - Outubro de 1813 até ao fim Abril 1814.
Luís Inácio Xavier Palmeirim - OD 21 de Abril 1814
Major de Brigada
Capitão Nicolau Colthurst - 1813?-1814
Auditor – João Manuel da Mota Cardoso - OD 18 Setembro 1811

99. Data da sua morte em acção em Gouveia.


100. Lecor passa a comandar a Divisão Portuguesa de Hamilton, e chega a
comandar a 7.ª Divisão, pois após Bidassoa (07/10/1813). Dalhousie regressa
a Grã-Bretanha e Lecor assume o comando da divisão, comandando esta em
Nivelle) (10/11/1813).
As Brigadas Portuguesas 139

7.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Ordenada a sua formação pela Ordem Geral de 29 de Setembro
de 1809.
Infantaria 8 - Regimento de Infantaria de Évora.
Leal Legião Lusitana (Outubro de 1810 a 14 de Maio de 1811)
sendo substituída pelo Regimento de Infantaria 12.
Infantaria 12 - Regimento de Infantaria de Chaves - a partir de
Abril de 1811.
Caçadores 9 - Batalhão de Caçadores das Beiras a partir de 10 de
Abril de 1812.
Consistia, tal como a primeira brigada sob o comando de Eben
em Leiria a 4 de Outubro 1810, no 8.º Regimento de Infantaria e o
1.º e 2.º batalhões da L.L.L., sob o comando de Leith, concentrada
perto de Tomar.
O 1.º e 2.º batalhões da L.L.L. seriam destacados no dia 4 de
Março 1811, respectivamente para as 9.ª e 3.ª Brigadas (tornando-
-se os 7.º e 8.º Batalhões de Caçadores). O lugar destes batalhões
foi preenchido pelo 12.º Regimento de Infantaria, que se encontrava
em Alhandra sob o comando de Lecor, que marchou a 9 de Março
para Alcoentre, onde a 7.ª Divisão se começava a levantar. Por isso
marchou com a Divisão até se unir ao resto da brigada em Ponte da
Mucela a 18 de Março.
Divisão
6.ª Divisão desde 6 de Outubro de 1810.
A Brigada foi anexada na 6.ª Divisão, na sua formação a 6 de
Outubro 1810, mas na realidade ainda estava sob o comando de
Leith.
Alexander Campbell só assume o comando efectivo da 6.ª Divisão
quando todas as unidades constituintes da mesma se reuniram na
Ribaldeira, nas Linhas de Torres Vedras, a 10 de Outubro 1810.
Comandantes
Barão Frederick Eben - 4 de Outubro 1810 até 30 de Abril 1812.
140 O Exército Aliado Anglo-Português

D. Luís Inocêncio Benedito de Castro, Conde Resende – 30


de Abril de 1812 até 4 de Outubro 1812.101
George Allen Madden - Já comandara temporariamente a
brigada nas ausências de Eben e do Conde de Resende. Comando
efectivo 4 de Outubro 1812 até fim de Agosto 1813
James Douglas - Agosto de 1813 até ao fim Abril 1814
John Buchan -20 a 23 de Novembro 1813. Comandou-a tem-
porariamente até o retorno de Douglas a 23 de Novembro 1813, uma
vez que este tinha sido ferido, a 7 de Outubro, no Bidassoa.
Major de Brigada
Capitão Morlay102 - 1809?-1813
Capitão João Maher (Inf. 8) – 1814
Auditor – Tomás Joaquim da Mota e Silva - OD 18 Setembro
1811

101. Regressa a casa inválido por ferimentos em combate.


102. Também aparece Marley.
As Brigadas Portuguesas 141

Fig. 27.
José Joaquim Champalimaud
(1771-1825).
Na casaca placa da Torre e Espada,
gravata da Ordem de N. S. Conceição, e
medalha de ouro britânica e duas acções.

8.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Ordenada a sua formação pela Ordem Geral de 29 de Setembro
de 1809.
Consistia nos 9.º e 21.º Regimentos de Infantaria. O 12.º Batalhão
de Caçadores seria integrado em 8 de Abril 1812 até cerca de Abril
1813, quando o 11.º Batalhão de Caçadores substitui o anterior.
Infantaria 9 - Regimento de Infantaria de Viana.
Infantaria 21 - Regimento de Infantaria de Valença.
Caçadores 12 - Batalhão de Caçadores de Ponte de Lima.
O 12.º Batalhão de Caçadores seria anexado em 8 de Abril 1812
até cerca de Abril 1813, quando o 11.º Batalhão de Caçadores sub-
stitui o anterior.
Caçadores 11 - Batalhão de Caçadores da Feira a partir de 26
Abril de 1813.
Divisão
3.ª Divisão a partir de 22 de Fevereiro de 1810.
A Brigada foi inserida na 3.ª Divisão em 22 Fevereiro 1810, unin-
do-se-lhe no primeiro dia de Abril. A 9 de Dezembro 1811 foi enviada
para a retaguarda a fim de ser reequipada, reunindo-se com a 3.ª Di-
visão em Fevereiro de 1812 na qual serviu até ao fim.
Comandantes
William Maunday Harvey – formalmente.
142 O Exército Aliado Anglo-Português

José Joaquim Champalimaud - até 27 de Setembro 1810103


Charles Sutton - de 29 de Outubro 1810 até 29 de Outubro
1810
José Joaquim Champalimaud - 29 de Outubro 1810 a Maio de
1811.
Luís Inácio Xavier Palmeirim e Sutton - alternaram tempo-
rariamente no comando desde o início de Maio 1811 até que Cham-
palimaud regressa de novo. Luís Palmeirim e designado comandante
da Brigada por OD de 12 Agosto 1811.
José Joaquim Champalimaud - Março a Junho de 1812104
Manley Power - 11 de Julho 1812 a Julho de 1813
Charles Sutton - Julho de 1813 até ao fim Abril 1814
Major de Brigada
Capitão (Inf. 9) João Leandro de Macedo Valadas - 3 Setembro
1808-1813
Vago – 1814.
Auditor – Leonardo José da Costa - OD 18 Setembro 1811

103. Data em que foi ferido no Buçaco.


104. Tendo sido confiado novamente a Champalimaud até 1812, após o assalto
a Badajoz onde foi ferido. Champalimaud foi nomeado governador da praça de
Valença, 19 de Junho 1812.
As Brigadas Portuguesas 143

9.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Levantada a 2 de Agosto de 1809.
Infantaria 11 - 1.º Regimento de Infantaria de Almeida.
Infantaria 23 - 2.º Regimento de Infantaria de Almeida.
Caçadores 7 - Batalhão de Caçadores da Guarda (Ex 1.º Bata-
lhão da Leal Legião Lusitana) - a partir de 14 de Março de 1811.
Divisão
4.ª Divisão desde 17 de Maio 1810.
A Brigada foi anexada à 4.ª Divisão em substituição da 3.ª Briga-
da, a 17 de Maio 1810, e aí permaneceu até ao fim.
Comandantes
Hugh McLeroth - 2 ou 19 de Agosto 1809105 a 3 Novembro,
1809.
Francis John Coleman - 29 de Setembro 1809 a 12 Janeiro
1810
William Maundy Harvey - Janeiro 1810 a 6 Abril 1812106.
Manuel Pamplona Rangel – 8 de Abril de 1812. Temporari-
amente até Collins assumir o comando, uma vez que Harvey tinha
sido ferido a 13 Outubro 1810107.
Richard Collins - Outubro 1810 a 23 Março 1811
William Maundy Harvey - Temporariamente no comando du-
rante a batalha de Albuera uma vez que Collins comandava à época
uma brigada provisória em Elvas, composta do Regimento de Infan-
taria n.º 5 e o Batalhão de Caçadores 5.108

105. The Dickson Manuscripts, vol. 1, p 65. Promovido a Brigadeiro General


em 14. 8. 1809
106. Ferido com gravidade em Badajoz.
107. É ferido a 13 de Outubro de 1810. OD do mesmo dia.
108. Brigada formada em Elvas a 23 de Março 1811 que consistia no 5.º Re-
gimento de Infantaria e o 5.º Batalhão de Caçadores (ultimamente anexada na
Divisão Portuguesa) sob o comando de Richard Collins. Collins que perderia
uma perna em Albuera, sendo sucedido por Sousa Pereira (do 5.º Regimento
de Infantaria) até que a Brigada foi dissolvida em 17 de Junho 1811. A brigada
actuara como uma terceira brigada na Divisão Portuguesa durante as operações
144 O Exército Aliado Anglo-Português

Richard Collins - Regressa a 7 em Setembro 1811 a Junho de


1812.
Thomas William Stubbs - Junho de 1812 a Agosto de 1813.
James Miller - Setembro a 10 de Novembro de 1813.
José de Vasconcelos e Sá - Novembro 1813 até ao fim da guer-
ra Abril 1814
Major de Brigada
Capitão (Inf 23) Thomas Peacoke - 11 de Abril 1809-1812
Tenente Rodrigo Luciano de Abreu - 1813
Major graduado (Inf. 23) John Grant King – 1814
Auditor – José Duarte Machado Ferraz - OD 18 Setembro 1811

de Beresford ma Estremadura Maio em de 1811.


As Brigadas Portuguesas 145

10.ª BRIGADA

História e composição da Brigada


Ordenada a sua formação pela Ordem Geral de 29 de Setembro
de 1809.
Levantada em Sousel no dia 29 de Julho 1811. Consistia no 13.º
Regimento de Infantaria (antiga guarnição de Abrantes) e o 5.º Batal-
hão de Caçadores. Marchou do Alentejo para norte, acompanhando
a 4.ª Divisão mas seria destacada no dia 17 Agosto, e por Ordem de
22 Agosto o 24.º Regimento de Infantaria (depois de ser reorganiza-
do após a rendição de Almeida e sua deserção do Exército francês),
sendo a 28 de Agosto 1810 acrescentado à brigada.
O 24.º uniu-se à Brigada no percurso de Viseu a Pinhel a 29 Agos-
to 1811.
Infantaria 13 - Regimento de Infantaria de Peniche.
Caçadores 5 - Batalhão de Caçadores de Campo Maior a partir de
20 de Junho de 1811.
Infantaria 24 - Regimento de Infantaria de Bragança a partir de
22 de Agosto de 1811109.
Divisão
Independente
Após 17 de Agosto de 1811 a Brigada nunca foi adida a qualquer
Divisão, actuando com completa independência.
Comandantes
Thomas McMahon 12 de Agosto 1811 a 20 Janeiro 1812.
William McBean temporariamente durante a ausência de Mc-
Mahon de Setembro a 3 de Outubro 1811.
Thomas Bradford - 20 Janeiro 1812 até ao fim.
William McBean - Temporariamente durante Setembro de 1813.
João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun110 - Temporari-
amente em Setembro de 1812
A. Campbell - Temporariamente em 1812

109. OD 22 Agosto 1811.


110. Futuro 1.º Duque de Saldanha, Tenente-coronel em Setembro de 1812.
146 O Exército Aliado Anglo-Português

Major de Brigada
Capitão (Inf 24) George Lennon - 1813-1814.
Auditor –

Brigadas e Formações temporárias

- 1808

Brigada 1808

Composição:
Regimentos de Cavalaria 6, 11, 12
Regimentos de Infantaria 12, 21 e 24
Caçadores 6
Comandantes: Brigadeiro Nicolas Trant

- 1809

3.ª Brigada 4 de Maio de 1809


Composição:
1.º Batalhão do 88th Foot
2.º Batalhão do 87th Foot
1.º Batalhão de granadeiros português
5.ª Companhia 5º Batalhão do 60th Foot
Comandantes: Major-general Christopher Tilson

4.ª Brigada 4 de Maio de1809


Composição: 2 destacamentos dos batalhões
97th Foot
2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 16
Uma companhia do 5.º Batalhão do 60th Foot
Comandantes: Brigadeiro John Sontag
As Brigadas Portuguesas 147

5.ª Brigada 4 de Maio de1809


Composição: 2.º Batalhão do 7th Foot
2.º Batalhão do 53rd Foot
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 10
Uma companhia do 5.º batalhão do 60th Foot
Comandantes: Brigadeiro Alexander Campbell

6.ª Brigada 4 de Maio de1809


Composição:
1.º Batalhão de destacamentos 29th Foot
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 16
Comandantes: Brigadeiro Richard Stewart

7.ª Brigada 4 de Maio de1809


Composição: 2.º Batalhão do 9th Foot
2.º Batalhão do 83rd Foot
2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 10
Uma companhia do 5.º batalhão do 60th Foot
Comandantes: Brigadeiro Allan Cameron

Brigada111 18 de Junho de 1809


Composição: 1.800 homens
Os dois Batalhões da Leal Legião Lusitana
Caçadores 5
Comandante: Brigadeiro Robert Wilson

Brigada112 18 de Junho de 1809


Composição: 2.000 homens
Regimento de Infantaria 9
Caçadores 3 e 4
Comandante: Coronel Carlos Frederico Lecor

111. Benjamin D’Urban, The Peninsular War Journal: 1808 – 1817, Londres,
Greenhill Napoleonic Library, 1988, Pag. 56
112. Ibidem.
148 O Exército Aliado Anglo-Português

Brigada113 18 de Junho de 1809


Composição: 2.200 homens
Regimentos de Infantaria 3, 13 e 15
Comandante: Brigadeiro Campbell

Brigada114 18 de Junho de 1809


Composição: 1.800 homens
Regimentos de Infantaria 4
Caçadores 1
Comandante: Coronel A. W. Campbell

Brigada115 18 de Junho de 1809


Composição: 2.000 homens
Regimentos de Infantaria 7 e 19
Comandante: General Richard Blunt

Brigada116 18 de Junho de 1809


Composição: 2.000 homens
Regimentos de Infantaria 10 e 16
Comandante: (desconhecido)

Brigada 27 de Abril de 1809


Composição: 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria n.º 1
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 7
2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 7
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 19
2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 19
Comandantes: Brigadeiro Richard Blunt

113. Ibidem.
114. Ibidem.
115. Ibidem.
116. Ibidem.
As Brigadas Portuguesas 149

Brigada 27 de Abril de 1809


Composição: 1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 9
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 11
2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 11
Regimento Português de Cavalaria 6
Regimento Português de Cavalaria 12 [2 esquadrões]
Comandantes: Marechal de campo Manuel Pinto de Morais Bacelar

Brigada 27 de Abril de 1809


Composição: 1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 2
2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 2
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 14
2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 14
Comandantes: Marechal de campo José Lopes de Sousa

Brigada 27 de Abril de 1809


Composição: Regimento de Infantaria 12
Regimento de Infantaria 24
Regimentos de Milícia de Bragança e Moncorvo
Comandantes: Brigadeiro Francisco da Silveira

Brigada 27 de Abril de 1809


Composição: Batalhão de Caçadores 3
Batalhão de Caçadores 6
Comandantes: Brigadeiro Robert Wilson

Brigada 27 de Abril de 1809


Composição: 1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 1
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 3
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 15
Regimento de Infantaria 4
Regimento de Infantaria 13
Comandantes: Brigadeiro William Campbell
150 O Exército Aliado Anglo-Português

Brigada 27 de Abril de 1809


Composição: Batalhão de Caçadores 1
Batalhão de Caçadores 4
Batalhão de Caçadores 5
Comandantes: Coronel Carlos Frederico Lecor

Brigada 24 de Julho de 1809117


Composição: Regimentos de Infantaria 7 e 19
Comandante: Brigadeiro Richard Blunt

Brigada 8 de Agosto de 1809118


Composição: 2600 homens
Regimentos de Infantaria 3 e 15
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 13
1.º Batalhão do Regimento de Infantaria 18
Batalhão de Caçadores 3
Comandante: Brigadeiro William Campbell

Brigada 10 de Agosto de 1809119


Composição: 300 homens da Leal Legião Lusitana
Caçadores 2 e 3
Comandante: Coronel John Wilson

Brigada 8 de Agosto de 1809120


Composição: Regimento de Infantaria 9
Batalhão de Caçadores 3 e 4
Comandante: Coronel Carlos Frederico Lecor

117. John H. Leslie, ob. cit., vol. 1, pag. 53.


118. Idem, pag. 58.
119. Idem, pags. 69-70.
120.Idem, pag. 59.
As Brigadas Portuguesas 151

Brigada 17 de Dezembro de 1809121


Composição: Batalhão de Caçadores 4 e 6
Comandante: Coronel Carlos Frederico Lecor

- 1810

Brigada 1 de Janeiro de 1810 e 16 de Fevereiro de 1810122


Composição: Regimento de Infantaria 4 e 10
Comandante: Coronel Archibald Campbell

Brigada 2 de Janeiro de 1810123


Composição: Regimento de Infantaria 11, 13 e 23
Comandante: Brigadeiro Coleman

Brigada 1810. 3 de Janeiro de 1810124


Composição: Regimentos de Infantaria 7 e 19
Comandante: Brigadeiro Richard Blunt

Brigada 16 de Fevereiro de 1810125


Composição: Regimentos de Infantaria 2 e 14
Comandante: Brigadeiro Agostinho Luís da Fonseca

Brigada 5 de Janeiro de 1810126


Composição: Regimentos de Infantaria n.os 6, 9 e 16
Comandante: Brigadeiro William Campbell

Brigada 9 de Agosto de 1810127


Unidades: Regimento de Infantaria 14 (Corpo de Hill)

121.Idem, pag. 125


122. Benjamin D’Urban, ob. cit., pags.78 e 89.
123. Idem, pag.78.
124. Ibidem.
125. Idem, pag. 89.
126. Idem, pag. 79.
127. John H. Leslie, ob. cit., pag.252.
152 O Exército Aliado Anglo-Português

Comandante: Tenente-coronel Havilland Le Mesurier

Brigada 9 de Agosto de 1810128


Unidades: Regimento de Infantaria 12 (Corpo de Hill)
Regimento de Infantaria 13 (Corpo de Hill)
Três Regimentos de milícias (Corpo de Hill)
Uma Brigada de artilharia com peças de três arráteis (Corpo de
Hill)129
Comandante: Coronel Carlos Frederico Lecor

Brigada 9 de Agosto de 1810130


Composição: Regimentos de Infantaria 4 e 10
Comandante: Coronel Archibald Campbell

- 1811

Brigada 1811
Composição:
Consistia nos Regimentos de Infantaria 12 e 13, Milícias da Co-
vilhã, Idanha-a-Nova e Castelo-Branco formando uma Divisão dentro
do Corpo de Exército de Hill. Foi postada na serra da Atalhada du-
rante a batalha de Buçaco e nas Linhas em Alhandra de Outubro 1810
a Março de 1811. O Regimento de Infantaria 13 foi separado a 6 de
Outubro de 1810, em Abrantes, mas o 12, com as milícias sob coman-
do de Lecor, permaneceu nas Linhas em Alhandra de Outubro de 1810
a Março de 1811, quando foi reforçar a 7.ª Brigada na sua formação.
Comandantes: Brigadeiro Carlos Frederico Lecor (Castelo-Bran-
co em Agosto 1810)

128. Ibidem.
129. Peso do projéctil. Antiga medida de peso que tinha 16 onças. Era 1/32
da arroba e 1/128 do quintal. Correspondia a 459 gramas. Na Índia em certas
mercadorias o arrátel era de 14 onças. O arrátel é a libra inglesa.
130. John H. Leslie, ob. cit., pag.252
As Brigadas Portuguesas 153

Brigada - 23 de Março 1811 a 17 de Junho 1811.131


Composição:
Brigada formada em Elvas a 23 de Março 1811 que consistia no
Regimento de Infantaria 5 e o Batalhão de Caçadores 5 (ultimamente
anexada na Divisão Portuguesa) sob o comando de Richard Collins,
e anexa à Divisão Portuguesa.
Caçadores 5 (tendo sido retirada da brigada de Bradford em No-
vembro de 1810, sob o comando de Fane, observando o Sul do Tejo
durante a campanha de Torres Vedras).
Collins que perderia uma perna em Albuera, sendo sucedido por
Sousa Pereira (do 5.º Regimento de Infantaria) até que a Brigada foi
dissolvida em 17 de Junho 1811.
A brigada actuara como uma terceira brigada na Divisão Portu-
guesa durante as operações de Beresford ma Estremadura em Maio
de 1811.
Comandantes: Coronel Collins e Sousa Pereira

Brigada Elvas - 12 de Agosto de 1811 a Fevereiro de 1813132


Composição:
Consistia nos Regimentos de Infantaria 5 e 17, ambos da guarnição
a Elvas. O Batalhão de Caçadores 11 foi integrado pela Ordem do
Dia de 8 de Abril 1812. Manley Power foi removido do comando
da 8.ª Brigada algures entre 19 Junho e 11 de Julho 1812, deixando
a brigada presumivelmente ao oficial mais antigo, Sousa Pereira do
Regimento de Infantaria 5.
A Brigada existia a dia 8 de Outubro 1812 mas não durou para
além de Fevereiro de 1813, quando o Regimento de Infantaria 17 foi
separado a fim de integrar a Divisão Ligeira.
O Batalhão de Caçadores 11 foi transferido por volta da mesma
data, em substituição do Batalhão de Caçadores 12 na 8.ª Brigada.

131. 2.ª OD de 22 Março 1811.


132. OD 12 Agosto 1811.
154 O Exército Aliado Anglo-Português

O Regimento de Infantaria 5 permaneceu em Elvas até ao fim


da guerra.
A Brigada apenas se movimentou na área da Praça e seus arre-
dores. Foi utilizada no cerco e assalto a Badajoz, Março/Abril 1812,
sendo colocada de modo a investir a praça pela margem direita do
Guadiana, e após a sua tomada, para restabelecer a Ordem na cidade.
Esta Brigada nada tem a ver com a brigada que sob o comando de
Bradford se notabilizaria na Guerra Peninsular.
Comandante: Brigadeiro Manley Power
Auditor – Daniel Joaquim de Paiva - OD 18 Setembro 1811
Condecorações, Ordens, Distinções e Louvores 155

CONDECORAÇÕES, ORDENS, distinções


e louvores.

Fig. 28. Lorde Arthur Wellesley (1769 - 1852). Marechal-General do Exército


Português. 1.º Conde do Vimeiro; 1.º Marquês de Torres Vedras; 1.º Duque da
Vitoria [Portugal]. 1.º Duque de Ciudad Rodrigo [Espanha]. 1.º Visconde Wel-
lington de Talavera e de Wellington; 1.º Barão Douro de Wellesley 1.º Conde
de Wellington; 1.º Marquês de Wellington; 1.º Marquês de Douro; 1.º Duque
de Wellington [Inglaterra]. 1.º Príncipe de Waterloo [Holanda].
156 O Exército Aliado Anglo-Português

Antes de dar inicio ao capítulo referentes às biografias dos oficiais,


torna-se necessário fazer uma pequena introdução sobre as meda-
lhas, ordens e outras distinções que os militares do exército Anglo-
-Português usaram.
Como se verá, atendendo as acções em que participaram, podem-
-se ver oficiais de baixa ou média patente, cheios de distinções, e um
general em particular que acabou por não receber qualquer condeco-
ração ou medalha por não reunir nenhum dos requisitos para o efeito.
Sobre as medalhas portuguesas, ver a excelente obra de Paulo Estrela,
Ordens e Condecorações Portuguesas 1793-1824.

Condecorações Britânicas

Guerra Peninsular

Antes de 1806, medalhas referentes a campanhas militares, eram


desconhecidas tal como as conhecemos hoje. A Inglaterra tinha criado, já
em Outubro de 1813, medalhas comemorativas das principais batalhas,
desde a Roliça a Salamanca, e dos assaltos e tomadas de Cidade Rodrigo
e Badajoz, acções cujos nomes eram inscritos nas respectivas barras. E
já naquela época muitos oficiais Portugueses foram contemplados com
essas medalhas britânicas. Durante toda a Guerra Peninsular de 1808
a 1814 - apenas foram atribuídas 619 medalhas a oficiais do Exército
britânico (incluindo os que serviram no Exército português) para dezoito
batalhas, acções, assédios, e capturas de fortalezas. Foram estabelecidas
regras rigidas para a sua atribuição. Uma dessas regras especificava que
um oficial só receberia uma medalha por uma acção particular na qual o
corpo de exército ao qual pertencesse estivesse comprometido em com-
bate efectivo, e sob fogo. Por isso, por exemplo, os oficiais da cavalaria
na batalha do Buçaco não receberam qualquer medalha. Para a captura
de Cidade Rodrigo em Janeiro, 1812, só foram atribuídas medalhas aos
corpos que assaltaram a praça, i. e. pelo assalto e captura. Os oficiais
dos corpos sitiantes e as forças de cobertura não receberam nenhuma,
Condecorações, Ordens, Distinções e Louvores 157

como não receberam os oficiais do Quartel-general. Só dois oficiais de


artilharia receberam medalhas pela captura, Borthwick e Dickson.
Army Gold Medal e Army Gold Cross (G.M.)133 – A medalha de

133. «The Regulations for the award of medals (London Gazette of 11 Septem-
ber, 1810, and of 9 October, 1813) laid down “that one medal shall be borne by
each officer recommended for such distinction,” and “that for the second and
third events, which may be subsequently commemorated in like manner,” an
officer should bear “a gold clasp attached to the ribbon to which the medal is
suspended, and inscribed with the name of the battle or siege to which it relates.
If a person became entitled to a fourth award, a gold cross was given” in substi-
tution of the distinctions previously granted, “with the name of one of the four
battles engraved on each arm of the cross. Clasps were added on the ribbon of
the cross as required. Medals which would have been awarded to officers, had
they not been killed in a battle or siege (or had since died), were transmitted to
their families. The medals were of gold, those for General officers being 2. 1
inches in diameter, and those for other officers 1. 3 inch, the name of the reci-
pient being engraved on the rim. The cross in design is that known as Maltese,
1. 5 inch wide, with ornamental border: in the centre a lion statant, in relief. The
back of the cross is the same as the front. The name of the recipient is engraved
on the edges of the arms. The clasps rneasure 2 inches by 6 inch, and, within a
border of laurel, is engraved the name of the battle, or siege, for which it was
granted. The ribbon —crimson with dark blue borders — is 1. 75 inch wide.
During the whole of the Peninsular War — i.e. from 1808 to 1814 — only 619
medals were awarded to officers of the British Army (including those serving in
the Portuguese Army) for 18 different battles, actions, sieges, and captures of
fortresses. Of this number, 48 (see List A) were conferred upon officers of the
R. A. One of the rules governing the award of medals was “that an Officer shall
receive a medal only for a particular action, in which the corps to which he be-
longs has been engaged with musketry.” For this reason officers of the cavalry
at Busaco did not receive a medal, and in all Wellington’s recommendations the
rule was most rigidly adhered to. For the capture of Ciudad Rodrigo in Janu-
ary, 1812, the medal was awarded for the storm only, i.e. for the assault and
capture. The officers of the besieging and covering forces did not receive it, and
none of the Head Quarters’ Staff. Two Artillery officers only (Borthwick and
Dickson) received it. Writing to Lieut-General Sir Stapleton Cotton, Bart., K. B,
on 16 November, 1813, Wellington said that at the battle of Fuentes de Oñoro
“there was a very heavy cannonade upon the troops, in which many were lost;
but the officers of no corps were returned in the list for medals whose corps had
not been engaged with musketry with the enemy. That is the rule, and I cannot
depart from it.” [Wellington’s Dispatches. 1838. Vol. Xl, pp. 294-5. ] It will thus
be seen that to win a medal in the days of the Peninsular War was no easy mat-
ter. In 1847 a silver general service medal, with clasps, was authorized (Horse
Guards’ General Order, dated 1 June, 1847) for conferment “upon every offi-
cer, non-commissioned officer and soldier of the army, who was present in any
battle or siege,” etc., etc., for which gold medals had previously been awarded.
The order applied only to men living in 1847, and not to relatives of those who
had died. The qualification for the medal was not so stringent as for the original
158 O Exército Aliado Anglo-Português

ouro da guerra Peninsular foi atribuída aos oficiais que participaram


na guerra Peninsular de 1808 e de 1809, bem como na Guerra com
os EUA de 1812. Foi a primeira medalha que poderia ser atribuída
postumamente. A medalha foi fabricada em dois tamanhos. A medal-
ha maior (duas polegadas no diâmetro) foi dada aos oficiais gener-
ais, a medalha menor foi dada normalmente aos oficiais com posto
igual ou superior a Tenente-coronel. A medalha de ouro Peninsular
foi importante pela sua novidade: era a primeira medalha que usou o
sistema de barras (Clasps). As medalhas eram iguais excepto no nome
da batalha gravada dentro de uma grinalda circular no reverso do
verso da mesma, dependendo assim da primeira acção do seu porta-
dor. O período de sua atribuição foi-se estendendo até abranger toda
a guerra peninsular, que durou até 1814.
Em consequência deste facto, um pequeno número de oficiais foi

medal, in that the “engaged with musketry” condition was not enforced. Nine
Artillery officers, as shown in the footnotes of list A, received it, with clasps
for battles, sieges, etc., at which they had been present, but whose “troop” or
“brigade” had not been engaged with musketry; or, because their rank did not
at that time entitle them to the gold medal. The original medal rolls of claimants
of the silver medal have been examined by me at the War Office. They are in bad
condition, torn and damaged. They are generally headed: — “Return of officers
now, or lately, serving in the Army whose claims to receive medals under the
General Order of 1 June, 1847, have been examined and allowed, showing the
regiments in which they formerly served and the battles or sieges referred to in
the said order at which they were severally found to have been present.” These
returns are signed by at least 4 General Officers, who were, apparently, spe-
cially appointed to check and verify claims. The work was most punctiliously
carried out, as is seen from the remarks which were inserted when a claim was
disallowed. The following is given as an example. A veterinary-surgeon claimed
clasps for Ciudad Rodrigo, Badajoz, Salamanca, Vittoria, San Sebastián, and
Toulouse. The examining board remarked, “No duty could devolve on a vete-
rinary surgeon at a siege, but Vet. Surg. — served with the army at the periods
of actions. Allow actions, disallow sieges.” And so Ciudad Rodrigo, Badajoz,
and San Sebastián were cut out. In addition to the nine officers, as mentioned
in the foot-notes of List A, the silver medal was awarded to 81 officers of the
Royal Artillery. One (2nd Captain P. Faddy) received the naval general service
medal with clasp for San Sebastián, having been serving in the Fleet. J. H. Leslie,
“Medals which were awarded to Officers of the Royal Regiment of Artillery
for Service in the Peninsular War-1808 to 1814», in The Journal of the Royal
Artillery, Vol. LI. No. 6. tambem em http://www. napoleonic-literature. com/
Book_18/Medals/Medals. htm
Condecorações, Ordens, Distinções e Louvores 159

Fig. 29. Medalha de Ouro que


pertenceu ao General Sir. W. Pon-
sonby (Col. RG)

acumulando medalhas atribuídas nas diversas batalhas e acções em


que participaram, todas iguais à excepção nome da batalha no re-
verso. Face a esta situação, as regras mudaram em 1813, passando
a ser atribuída apenas uma medalha para toda a guerra, na qual de-
via ser inscrita no reverso a primeira batalha em que o oficial tinha
entrado em acção. Para cada batalha subsequente era colocada uma
nova barra na fita com o respectivo nome. Mais tarde, no mesmo ano,
decidiu-se que a medalha de ouro seria dada para a primeira citação,
e que o número das barras estaria limitado a duas.
À quarta acção ou batalha, a medalha e respectivas barras eram
substituídas por uma cruz do ouro com os nomes das quatro batalhas
(uma em cada braço da cruz). As batalhas e acções seguintes seriam
juntas com o sistema de barras colocadas nas fitas. O número total
das cruzes atribuídas foi de 163. O maior número de barras atribuí-
das com a uma cruz foi de nove, que coube ao duque de Wellington.
- Cruz e nove barras, apenas uma atribuída ao duque de Wellington.
- Cruz com sete barras, duas atribuídas.
- Cruz com as seis barras, três atribuídas.
- Cruz com as cinco barras, sete atribuídas.
- Cruz com as quatro barras, oito atribuídas.
- Cruz com as três barras, 17 atribuídas.
160 O Exército Aliado Anglo-Português

- Cruz com as duas barras, dezoito atribuídas.


- Cruz com a uma barra, quarenta e seis atribuídas.

Os oficiais portugueses foram autorizados a usar as insígnias e


medalhas conferidas pelo príncipe regente do reino unido por autor-
ização do príncipe regente português D. João de 14 de Maio de 1814,
OD 31 agosto 1814.

General Service Medal (G.S.M.) – Foi ordenada a criação, em


1847, de uma medalha comemorativa das guerras napoleónicas, em
prata, as quais começaram a ser entregues em 1848. A medalha tinha
o nome e unidade do seu portador, e na fita eram colocadas as barras
com as batalhas em que o seu detentor tinha participado activamente.
O máximo de barras atribuído foi de 15.

G.S.M. e G.M. - As medalhas e cruzes de ouros e a G.S.M tinham


as seguintes barras respeitantes às acções das Guerras Napoleóni-
cas134: 1 Maida, 2 Roleia135, 3 Vimeira136, 4 Sahagun e Benevente,
5 Corunha, 6 Martinique, 7 Talavera, 8 Guadalupe, 9 Buçaco, 10

Fig. 30. G.S.M.


Medalha de Serviço das Guerras Napoleónicas.
(Col. Particular).

134. A negrito e itálico as referentes à Guerra Peninsular.


135. Roliça.
136. Vimeiro.
Condecorações, Ordens, Distinções e Louvores 161

Barrosa, 11 Fuentes de Oñoro, 12 Albuera, 13 Java, 14 Cidade Ro-


drigo, 15 Badajoz, 16 Salamanca, 17 Fort Detroit, 18 Vitória, 19 Pi-
renéus, 20 San Sebastian, 21 Chateauguay, 22 Nivelle, 23 Chrysler
Farm, 24 Nive, 25 Orthez, 26 Toulouse, 27 Egipto.

Waterloo Medal - Medalha militar de prata comemorativa da Bat-


alha de Waterloo.

Fig. 31. Medalha de Waterloo (Col. RG)

Lista das Ordens Honoríficas britânicas

KG - The Most Noble Order of the Garter.


KT - The Most Ancient and Most Noble Order of the Thistle
KP - Most Illustrious Order of St. Patrick.
KGC, KCB, CB - The Most Honourable Order of the Bath (a
partir de 1815 passa a ter uma divisão militar e outra civil).
GCH, KCH, KH - Royal Guelphic Order de Hannover.
GCMG, KCMG, CMG - The Most Distinguished Order of Saint
Michael and Saint George.
GCSI, KCSI, CSI - Most Exalted Order of the Star of India.
162 O Exército Aliado Anglo-Português

C.B. - Companion of The Most Honourable Order of the Bath


após 1815.
G.C.B. - Knigth Grand Cross The Most Honourable Order of the
Bath após 1815.
G.C.H. - Knigth Grand Cross Royal Guelphic Order de Hannover.
G.C.M.G. - Knigth Grand Cross The Most Distinguished Order
of Saint Michael and Saint George.
K.B. - Knight The Most Honourable Order of the Bath até 1815.
K.C.B. - Knigth Commander The Most Honourable Order of the
Bath.
K.C.H. - Knigth Commander Royal Guelphic Order de Hanno-
ver.
K.G. - Knight The Most Noble Order of the Garter.
K.P. - Knight Most Illustrious Order of St. Patrick.
K.S.I. - Knight Most Exalted Order of the Star of India até1866.
K.T. - Knight The Most Ancient and Most Noble Order of the
Thistle.
Os oficiais que eram filhos de Pares do Reino (Peers) recebiam o
título de «Honourable» nas listas, almanaques militares, etc. por ex-
emplo: Honourable Edward Paget, filho do Conde de Uxbridge.

Condecorações Portuguesas

Guerra Peninsular
Em Portugal, só por um decreto de 28 de Junho de 1816 foram
criadas condecorações comemorativas da Guerra Peninsular (1809-
1814), e só na Ordem do dia de 28 de Março de 1820 foram designa-
dos nominalmente os oficiais que a elas tinham direito.
Condecorações, Ordens, Distinções e Louvores 163

Fig. 32. Medalha de Distinção de Comando


que pertenceu ao General Pack (Col. RG)

Medalha de Distinção de Comando (M.D.C.) - Nela se estabele-


cia: «um colar, formado pelas quinas portuguesas e inscrições das
batalhas e sítios, destinados aos generais que tivessem entrado com
a patente de Marechal de campo, pelo menos em 10 ou mais acções;
uma medalha com a efígie de D. João VI circundada de tantas folhas
de oliveira, quantas fossem as batalhas ou sítios e nelas gravados
os respectivos nomes destinadas aos oficiais que tivessem entrado
em 3 ou mais acções até 9: e, finalmente uma medalha com uma ou
duas folhas de oliveira atravessadas onde se gravariam os respectivos
nomes para os oficiais que tivessem entrado em 1 ou 2 acções.»

O colar apenas competiu aos marechais generais Wellington


com treze acções (Vimeiro, Talavera, Buçaco, Fuentes de Oñoro,
Cidade Rodrigo, Badajoz, Salamanca, Vitória, Pirenéus, Nivelle,
Nive, Orthez, Toulouse) e Beresford com doze acções (Corunha,
Buçaco, Albuera, Cidade Rodrigo, Badajoz, Salamanca, Vitória,
Pirenéus, Nivelle, Nive, Orthez, Toulouse). Uma medalha de
onzeacções coube ao Marechal de campo Denis Pack. As medalhas
dez acções foram conferidas a Manuel de Brito Mousinho, Ben-
jamin D´Urban, Robert Harvey; nove acções Alexander Dickson,
Hardinge; oito acções Robert Aburtnot, Alexander Anderson, sete
164 O Exército Aliado Anglo-Português

Fig. 33. Cruz da Guerra Peninsular


modelo Português.
(Col. Particular)

acções Luís do Rego Barreto, e por ai adiantem a todos os que


comandaram unidades, brigadas ou divisões.

Cruz da Guerra Peninsular (C.G.P.)137 - Além destas medalhas


criaram-se cruzes de ouro e prata, para oficiais e praças, consoante o
número de campanhas em que tinham entrado, das seis que, de 1809
a 1814, tinham constituído a Guerra Peninsular, no entanto existem
não regulamentares com o número 8 e 9. As medalhas eram em prata
para quem tivesse participado em até 3 campanhas e em Ouro para
quem participasse em 4, 5 ou 6 campanhas. Existem diversos tipos
de fabricação das medalhas. Existem dois modelos fabricados na In-
glaterra. Um com louros e outro sem louros. Todos com numeração
romana ao contrário das portuguesas que usa a numeração árabe.

Na mesma data (28 de Junho de 1816) criaram-se cruzes para


praças e sargentos. Mais tarde ainda, em 18 de Maio 1825, foram
criadas três medalhas de honra para os empregados civis que no exér-
cito tinham servido durante a mesma guerra. As medalhas eram em
prata para quem tivesse participado em até 3 campanhas e em Ouro
para quem participasse em 4, 5 ou 6 campanhas.

137. Existia em prata para quem tivesse participado até três campanhas e em
Ouro para quem participasse em mais de quatro. O máximo era de seis cam-
panhas. As medalhas fabricadas em Portugal apresentam um numeral árabe
enquanto a versão fabricada na Inglaterra apresenta um numeral romano.
Condecorações, Ordens, Distinções e Louvores 165

Fig. 34. Cruz da Guerra Peninsular


modelo Inglês.
(Col. Particular)

Lista das Ordens Honoríficas Portuguesas

Ordem Militar da Torre e Espada


Ordem Militar de S. Bento de Aviz
Ordem Militar de Cristo
Ordem da Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

G.C.T.E. - Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada


Cav.T.E. - Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada
Com.T.E. - Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada
Cav.O.A. - Cavaleiro Ordem de Aviz
Com.O.A. - Comendador Ordem de Aviz
G.C.O.A. - Grã-Cruz da Ordem de Aviz
Com.O.C. - Comendador Ordem de Cristo
Cav.O.C. - Cavaleiro da ordem de Cristo
G.C.O.C. - Grã-Cruz da Ordem de Cristo
Com.N.S.C. - Comendador da Nª Senhora da Conceição de Vila
Viçosa

Neste particular, teremos de explicar a criação da Ordem da Torre


e Espada.
A Ordem Militar da Torre e Espada foi criada no Rio de Janeiro,
pelo Príncipe-Regente D. João, para comemorar a chegada ao Bra-
sil da Família Real, sendo destinada a galardoar serviços prestados
166 O Exército Aliado Anglo-Português

à Coroa. Entre os primeiros agraciados com a ordem contam-se o


Almirante e os oficiais da Esquadra da Marinha de Guerra Britânica
que asseguraram a protecção na viagem da Família Real e da Corte
para Brasil. Por não serem católicos, aqueles súbditos britânicos não
podiam ser agraciados com qualquer das antigas ordens militares
portuguesas e, daí, a criação da nova ordem de cavalaria. No decreto
da fundação da ordem refere-se porém a sua origem mítica na Ordem
da Espada que teria sido criada em 1459, por D. Afonso V e que teria
permanecido «dormant» durante vários séculos.
Muitos oficiais do Exército Português e Inglês seriam agraciados
com a Ordem durante a guerra peninsular e a sua atribuição fazia
com que o agraciado passasse a ter direito ao tratamento de Sir. Por-
tugal, usou com alguma frequência da concessão desta Ordem como
forma de agraciar o seu destinatário, e ao mesmo tempo, o empurrar
para a Ordem do Banho Inglesa.
Após a Guerra Peninsular, as regras abrandaram, e a Ordem de
Avis começou a ser concedida a oficiais ingleses.

Medalhas e condecorações de outras nacionalidades:


Ordem de Maria Teresa [Áustria]
Estrela de Ouro do Rio da Prata [Brasil]
Ordem Real Militar de São Fernando [Espanha]
Ordem Militar de Guilherme [Holanda]
Ordem do Mérito Militar [Prússia]
Ordem de São Jorge [Rússia]
Ordem de São Vladimir [Rússia]
Santa Ana [Rússia]
Ordem do Crescente do Império Otomano [Turquia]
Ordem do crescente [Egipto]
Guilherme [Holanda]
Biografias 167

Biografias

Biografia dos oficiais generais comandantes das divisões de


Infantaria

ALTEN, Charles
Barão de Reden e Conde de Alten
(1764-1840)

Nasceu em 21 Outubro 1764 e faleceu em 20 Abril 1840.


Era o irmão mais novo do Major-general Victor Barão Alten. O
seu nome original era Karl August von Alten o qual foi mudado para
Charles Baron Alten enquanto permaneceu ao serviço do Exército
britânico.
Serviço anterior à Guerra Peninsular:
Serviu na Flandres no Exército hanoveriano (1793-95) como Aju-
dante de campo do general Freytag, com o posto de Capitão. Coman-
dante de brigada K.G.L. Em 1803 o Exército do Hanover foi licen-
ciado, ingressando na K.G.L. Participou na campanha do Hanover
em 1805 onde serviu sob o comando do General inglês Cathcart co-
mandando a Infantaria Ligeira. Comandou uma brigada no cerco a
Copenhaga K.G.L. 1807, e uma brigada da K.G.L. na Suécia 1808.
Esteve presente na expedição de Walcheren.
Guerra Peninsular:
168 O Exército Aliado Anglo-Português

No comando brigada ligeira K.G.L. Espanha 1808-1809 embar-


cando em Vigo 1809. Comandante de brigada K.G.L. 7.ª Divisão
Abril a Outubro 1811. Comandou temporariamente a 7.ª Divisão de
Outubro 1811 a Maio 1812. Comandou a Divisão Ligeira de Maio
1812 a Abril 1814, período no qual esteve à frente da mesma nas
batalhas de Vitória, Nivelle, Nive, Orthez e Toulouse.
Outros serviços:
Comandante de brigada K.G.L. em Walcheren 1809. Comandou
um corpo hanoveriano 1814-1815. Comandou a 3.ª Divisão em Wa-
terloo sendo ferido gravemente 1815. Comandou o Corpo de reserva
Hanoveriano 1815. Comandou o contingente hanoveriano do Exér-
cito de Ocupação, 1815-1818. Inspector da Infantaria do Hanover
1818. Inspector-general do Exército e Ministro da Guerra do Ha-
nover 1831/1832-1840.
Postos e antiguidade:
Ingressou no Exército hanoveriano como alferes, 1781
Tenente, 1785
Capitão, 1790
Major, 30 Outubro 1795
Tenente-coronel graduado Guards, 1802
Ingressou no Exército britânico no 1.º Batalhão de Infantaria
Ligeira K.G.L., Novembro de 1803
Tenente-coronel graduado, 1803
Coronel graduado, 1804
Brigadeiro-general no Estado-maior, 1808-1810
Com posto efectivo no Exército britânico, 1812
Major-general, 1810
Tenente-general (promoção local na Campanha da Europa) na
mesma data
A meio-soldo do Exército britânico, 1816
Promovido a Tenente-general no Exército hanoveriano, 1814
General der infanterie no Exército hanoveriano, 5 Setembro 1816
Condecorações, distinções, cargos e louvores:
K.C.B. - 1815
Biografias 169

G.C.B. - 1820
G.C.H. - 1816
G.C.T.E. - 17 de Dezembro de 1814
Santa Ana [Rússia] (data desconhecida)
Guilherme [Holanda] (data desconhecida)
G.M. Cruz – seis barras [Albuera, Salamanca, Vitória, Nivelle,
Nive, Toulouse]
Waterloo Medal
Elevado a Conde de Alten138 em 1815
Coronel do Regimento do 1.º Batalhão de Infantaria Ligeira
[K.G.L.], 1804-1816
Coronel do Regimento do 1.º Regimento de Infantaria de Gottin-
gen, Exército hanoveriano, 1816

BARNARD, Andrew Francis


(1773-1855)

Nasceu em Fahan, em 1773, em Donegal, falecendo em 17 Janeiro


1855. Filho do Reverendo Henry Barnard.
Serviço anterior à Guerra Peninsular:
Oficial encarregue da Inspecção da Milícia no Canadá e Nova
Escócia 28 Janeiro 1808.
Guerra Peninsular:
Foi gravemente ferido na Batalha de Barossa 5 Março 1811. Es-
teve presente nos cercos de Cidade Rodrigo e Badajoz. Comandou a
Divisão Ligeira com o posto de Tenente-coronel após o falecimento
de Craufurd em 24 de Janeiro de 1812, comando que deteve até Maio
de 1812. Foi gravemente ferido na batalha de Nivelle.
Outros serviços:
Serviu em Waterloo. Tenente-governador do Chelsea Hospital, 26
Novembro 1849. Morreu no Chelsea Hospital, 17 Janeiro 1855.

138. Graf von Alten.


170 O Exército Aliado Anglo-Português

Postos e antiguidade:
Ingressou no Exército britânico como Alferes 90th Foot, 26 Agos-
to 1794
Tenente 81th Foot, 23 Setembro 1794
Capitão, 29 Setembro 1795
Trocou para o 55th Foot, 2 Dezembro 1795
Capitão e Tenente-coronel Guards, 19 Dezembro 1799
Major 7th West India Regiment, 2 Janeiro 1808
Tenente-coronel (Estado-maior), 28 Janeiro 1808
Tenente-coronel 1.º (Royal), 15 Dezembro 1808
Trocou em 29 Março 1810 para o 43rd Foot e posteriormente
para o 1.º Batalhão do 95.º Rifles
Coronel graduado, 4 Junho 1813
Condecorações, distinções, cargos e louvores:
Cav.T.E. - 12 Outubro 1812
K.C.B. - 1815
G.C.H. - 1840
Ordem de Maria Teresa [Áustria] (data desconhecida)
Ordem de São Jorge [Rússia] (data desconhecida)
G.M. Cruz - oito barras [Barrosa, Cidade Rodrigo, Badajoz, Sala-
manca, Vitória, Nivelle, Orthez, Toulouse]
Waterloo Medal

BERESFORD, William Carr


1.º Conde de Trancoso e 1.º Marquês de Campo Maior [Portu-
gal], 1.º Duque de Elvas [Espanha], 1.º Barão de Beresford of Albuera
e Dungarvan, co. Waterford e 1.º Visconde de Beresford de Beresford,
co. Stafford [Reino Unido]
(1768-1854)

Aparece como Carr Beresford nos almanaques militares. Militar


britânico, Marechal do Exército (1809) e depois Marechal-general
(1816) do Exército português. Filho natural de 1.º Marquês de Wa-
Biografias 171

Fig. 35.
Lorde William Carr Beresford.

terford. Irmão mais novo do Almirante Sir John Beresford e meio-


irmão do General Lorde George Beresford. Ao serviço do Exército
Português 1809-1822.
Serviço anterior à guerra peninsular:
América do Norte britânica 1786-1790; Toulon 1793; Córsega
1794; Índias Ocidentais 1795; Índia 1800. Ao comando de uma
brigada integrada na força que partiu da Índia em direcção ao Egipto
1801-1803. No Estado-maior, Irlanda 1805. Comandante de uma
brigada, tendo participado com o posto de Brigadeiro, na captura
do Cabo da Boa Esperança, colónia holandesa. Captura de Buenos
Aires em 1806 onde foi feito prisioneiro. Conseguiu fugir seis meses
mais tarde, regressando a Inglaterra em 1807. Comandou a ocupação
da Madeira 1807-1808 como Major-general graduado e aí aprendeu
português. Foi transferido para o exército que desembarcou em Por-
tugal em Agosto 1808, chegando a Lisboa, já liberta da ocupação
francesa, em Setembro.
Guerra peninsular:
Apesar de não ter podido participar na batalha do Vimeiro, che-
gou a tempo de ser nomeado e envolver-se entre os comissários en-
carregues de fiscalizar a aplicação da Convenção de Sintra. Beresford
fora nomeado comandante das tropas da guarnição de Lisboa do
172 O Exército Aliado Anglo-Português

Exército britânico e comissário na implementação e cumprimento da


Convenção de Sintra a 4 de Setembro de 1808, convenção a que ele
se opôs por todos os meios.
Comandante de brigada em Portugal 1808 e 1808-1809 na Co-
runha 1809. Escolhido pelo governo britânico, de acordo com o
parecer do general Wellesley, para comandar o Exército português,
é-lhe atribuído o posto de Marechal do Exército, igual aos usados
pelo duque de Waldeck, em 1797, e pelo conde de Goltz, em 1801.
Comandante-chefe do Exército português 1809-1814. No comando
de um Corpo do Exército Anglo-Português Janeiro - Maio 1811. Co-
mandante do primeiro cerco de Badajoz e Comandante das Forças
Anglo-Luso-Espanholas na batalha de Albuera 1811. Ferido em Sala-
manca Julho 1812. No comando de um Corpo em diferentes períodos
entre 1813 -1814.
Outros serviços:
No comando Exército português 1814-1822. Ordenou o envio de
uma força que esmagou a rebelião no Brasil em 1817139. «Com o fim
da guerra em 1814 mantêm-se no comando do Exército português.
Devido ao regresso de Napoleão a França em 1815, tenta organizar
uma força expedicionária para se reunir ao Exército britânico nos
Países Baixos, que se preparava para invadir a França, não conseguin-
do os seus intentos devido à oposição da Regência. Viaja para o Brasil
onde consegue do Rei poderes mais alargados, sendo feito Marechal-
-general, o título usado anteriormente pelo Barão Conde [de Alvito],
pelo Conde de Lippe, pelo Duque de Lafões e pelo Duque de Welling-
ton. Devido à Revolução de 1820, é demitido das suas funções, não
lhe sendo permitido desembarcar em Portugal, quando chegou a Lis-
boa em Outubro vindo do Brasil. Regressou a Portugal em 1826, mas
a sua pretensão de regressar ao comando do Exército não foi aceite.
Foi membro do primeiro governo de Wellington, de 1828 a 1830.»140.
Postos e antiguidade:

139. A Revolução Pernambucana


140. William Beresford in http://www. arqnet. pt/exército/beresford. html.
Biografias 173

Exército britânico
Assentou praça como Alferes 6th Foot, 1785
Tenente 16th Foot, 1789
Capitão Companhia independente, 1791
Capitão 69th Foot, 1792
Major 69th Foot, 1794
Tenente-coronel 124th Foot, 1794
Tenente-coronel 88th Foot, 1795
Coronel graduado, 1800
Brigadeiro-general no Estado-Maior, 1804-1808
Major-general, 1808
Tenente-general com efeito na Península, 1809
Tenente-general, 1812
General, 1825
Exército português
Marechal do Exército, 1809
Marechal-general, 1816
Condecorações, distinções, cargos e louvores:
K. B. - 1810
G.C.T E. - 13 Maio 1811
G.C.B. - 1815
G.C.H. - 1818
Grã-Cruz de São Fernando [Espanha], 1815
Grã-Cruz de São Hermegildo [Espanha], 1819
Grã-Cruz Carlos III [Espanha]
Grã-Cruz Fernando e Mérito [Espanha]
G.M. - Cruz de ouro com 12 barras [Corunha, Buçaco, Albuera,
Cidade Rodrigo, Badajoz, Salamanca, Vitória, Pirenéus, Nivelle, Nive,
Orthez e Toulouse]
M.D.C Colar de Comando de doze acções - [Corunha; Busaco;
Albuera; Cidade Rodrigo; Badajoz; Salamanca; Vittoria; Pyreneos;
Nivelle; Nive; Orthez; Toulouse]
C.G.P. nº 6
174 O Exército Aliado Anglo-Português

Medalha do Egipto141
Marechal do Exército [Portugal] de 7 de Março de 1809 a 2 de
Junho de 1816
Marechal-general [Portugal] de 2 de Junho de 1816 a 1820
Capitão-general dos exércitos espanhóis
Conde de Trancoso [Portugal], 13 de Maio de 1811
Marquês de Campo Maior [Portugal], 17 de Dezembro de 1812
Duque de Elvas [Espanha]
Barão de Beresford of Albuera e Dungarvan, co. Waterford [Reino
Unido], 17 de Maio de 1814
Visconde de Beresford de Beresford, co. Stafford [Reino Unido],
28 de Março de 1823
M.P. – 1811/1814
Tenente-coronel do 124th Foot, 1794-1795
Coronel do Regimento 88th Foot, 1807-1819
Coronel do Regimento 69th Foot, 1819-1823
Coronel do Regimento 16th Foot, 1823-1854
Coronel do Regimento 60th Foot, 1852-1854
Lieutenant General of the Ordnance142, 1823-1824
Master General of the Ordnance, 1828-1830
Lieutenant General of the Ordnance, 1823-1824

BURNE, Robert
(1753/55-1825)

Nasceu em 1755, faleceu em Berkeley Cottage 1825.


Serviço anterior à Guerra Peninsular:
Índias Orientais (Madras) 1783-1798. Esteve nas campanhas con-
tra o Sultão de Tippoo. Esteve presente nas batalhas de Sattimungu-
lum e Showere, num destacamento sob o comando do General Floyd.

141. Criada em 1801, comemorativa da campanha do Egipto, sob o comando


dos Generais Baird e Abercrombie.
142. Distinção e não função.
Biografias 175

Esteve também presente no cerco e assalto a Bangalore, Pettah e Nun-


dydroog. Presente na batalha de Seringapatam sob o comando do
marquês de Corwallis e em 1793 no cerco e assalto de Pondicherry
(1793). Mediterrâneo - Minorca 1800. Inglaterra - 1802-1804. Ale-
manha - Hanover 1805-1806. Acompanhou a expedição à América
do Sul sob o comando de Craufurd (1807).
Guerra Peninsular: No ano seguinte embarcava em direcção à
península como coronel graduado, tendo estado presente na Roliça e
no Vimeiro, acções nas quais se distinguiu. Esteve presente na Batalha
da Corunha. Em 1810, acompanha a fatídica expedição ao Scheldt,
na qual comandou um regimento na captura de Flushing na ilha de
Walcheren. Regressa de novo à península em 1811, sendo promovido
a Brigadeiro do Estado-maior e Major-general (promoção local). Co-
manda temporariamente a 6.ª divisão de Novembro de 1811 a Fe-
vereiro de 1812, com a qual esteve presente na batalha de Fuentes de
Oñoro, e noutras acções.
Outros serviços:
Foi Governador de Carlisle
Postos e antiguidade:
Alferes 36th Foot, 28 Setembro 1773
Tenente 36th Foot, 13 Janeiro 1777
Capitão 36th Foot, 7 Maio 1785
Major graduado 36th Foot, 1 Março 1794
Major 36th Foot, 15 Abril 1798
Tenente-coronel graduado, 1 Janeiro 1798
Tenente-coronel 36th Foot, 13 Novembro 1799
Coronel graduado, 25 Abril 1808
Brigadeiro, 1811
Major-general, 4 Junho 1811
Tenente-general, 1821
Condecorações, distinções, cargos e louvores:
G.M. Medalha - três barras [Roliça, Vimeiro, Corunha]
176 O Exército Aliado Anglo-Português

CAMPBELL, Alexander
(1760-1824)

Nasceu em 20 Agosto 1760, faleceu na Índia em 11 Dezembro


1824.
Serviço anterior à Guerra Peninsular:
Serviu como marinheiro na esquadra do Canal de 1780 a Maio
1781, e novamente em Dogger Bank a 5 Agosto 1781. Serviu na
guarnição de Gibraltar, Março 1782 a Julho 1783, na Índia com o
74th Foot 1793-1807, regimento que comandou no assalto a Serin-
gapatam 1799. Governador de Seringapatam- 1805-1807.
Guerra Peninsular:
Serviu na Península, comandando uma brigada em Portugal, Abril
- Junho 1809 e Fevereiro - Outubro 1810. Comandou temporari-
amente da 4.ª Divisão em Junho - Julho 1809, e 6.ª Divisão Outubro
1810 - Novembro 1811. Era o comandante da 6.ª Divisão na batalha
de Fuentes de Oñoro em 5 de Maio de 1811.
Outros serviços:
Comandante-Chefe das Isles of France [Ilhas Maurícias Bourbon]
1812-1816. Comandante-Chefe de Madras [Índia] 1821-1824 onde
acabaria por morrer.
Postos e antiguidade:
Alferes 1st Foot, 1 Novembro, 1776
Tenente 1st Foot, 25 Dezembro, 1778
Capitão 97th Foot, 13 Abril 1780
A meio-soldo, 23 Setembro 1783-1787
Capitão 74th Foot, 1788
Major 74th Foot, 25 Dezembro 1795
Tenente-coronel 74th Foot, 4 Dezembro 1795
Coronel graduado, 25 Dezembro 1803
Brigadeiro-general no Estado-maior, 1808-1809
Major-general, 25 Julho 1810
Tenente-general (promoção local na Índia), 9 Março 1812
Tenente-general da Ilhas Maurícias Bourbon, 1812
Biografias 177

Tenente-general, 4 Junho 1814


Condecorações, distinções, cargos e louvores:
K.C.B. - 1817.
G.M. Medalha – uma Barra [Talavera]
Knight Bachelor, 1812
Elevado a Baronete, 6 Maio de 1815
Coronel do Regimento - York Light Infantry Volunteers 1809-
1815
Coronel do Regimento 80th Foot 1815-1824

CAMPBELL, Henry Frederick


(1769-1856)

Nasceu em 10 Julho 1769, faleceu 3 Setembro 1856. Filho do


Tenente-coronel Alexander Campbell e primo do Conde de Cawdor.
Casou em 1808 com Emma, filha de Thomas Williams, Esq. de Mar-
low.
Serviço anterior à Guerra Peninsular:
Serviu na Flandres 1793-1795, na Foz do Helder [Holanda] 1799,
e Sicília 1806
Guerra Peninsular:
No comando da 2.ª brigada Guards em Portugal 1809
No comando de uma brigada Guards, Abril - Junho 1809. No
comando de uma brigada Guards da 1.ª Divisão Junho - Julho 1809;
Junho - Julho 1811 e Agosto 1811 - Julho 1812
Temporariamente no comando da 1.ª Divisão Julho - Agosto
1811 e Julho - Outubro 1812. Gravemente ferido na cara na batalha
de Talavera em 28 de Julho 1809 teve de regressar a Inglaterra. Es-
teve presente na passagem do Douro. Em 25 de Julho de 1810 é pro-
movido a Major-general, posto com o qual comanda a 1.ª Divisão no
cerco de Cidade Rodrigo, na batalha de Salamanca Julho 1812 onde
é novamente ferido. Esteve presente no cerco de Burgos.
Outros serviços:
178 O Exército Aliado Anglo-Português

Estado-maior britânico, 1810


Ajudante de campo do Rei, 1803
Postos e antiguidade:
Alferes 1st Foot Guards, 20 Setembro 1786
Tenente e Capitão 1st Foot Guards, 25 Abril 1793
Capitão-tenente e Tenente-coronel 1st Foot Guards, 6 Abril 1796
Capitão e Tenente-coronel 1st Foot Guards, 1796
Major Regimental 1st Foot Guards, 1813
Coronel graduado, 25 Setembro 1803
Brigadeiro no Estado-maior, 1808-1810
Major-general, 25 Julho 1810
Tenente-general, 4 Junho 1814
General, 10 Janeiro 1837
Condecorações, distinções, cargos e louvores:
K.C.B. - 1815
G.C.H. - 1818
G.M. Medalha - duas barras [Talavera, Salamanca]
M.P. – 1796/1802, 1806/1807
Ajudante do Rei, 1803
Coronel do Regimento 88th Foot 1824-1831
Coronel do Regimento 25th Foot 1831-1856

CLINTON, Henry
(1771-1829)

Nasceu em 9 Março 1771, faleceu 11 Dezembro 1829. Segundo


filho do General Sir Henry Clinton. Irmão mais novo de Tenente-
-general Sir William Henry Clinton. Casou em 1799.
Serviço anterior à Guerra Peninsular:
Entrou para o Exército Britânico em 1784, servindo nas cam-
panhas da Flandres em 1793-94 onde foi ferido. Oficial em 1787, ser-
viu em 1788 e 1789 como voluntário no exército prussiano [Bruns-
wick Corps] estacionado na Holanda, tendo-se tornado Ajudante de
Biografias 179

Fig. 36.
Sir Henry Clinton

campo do Duque de York em 1796. Foi feito prisioneiro pelos fran-


ceses 1796-1797, quando regressava a Inglaterra vindo das Antilhas
[Índias Ocidentais]. Esteve na Irlanda 1797-1798, Foz do Helder
[Holanda] 1799. Em 1799 acompanhou o exército do general russo
Suvorov nas campanhas de Itália e da Suíça, como oficial de ligação,
regressando a tempo da expedição Holandesa de 1799. Foi promovi-
do a Coronel em 1801 sendo nomeado Assistente do Ajudante-gene-
ral. Tomou parte na expedição da tomada de posse da Ilha da Ma-
deira a qual governou até 1802. De 1802 a 1805 foi Ajudante-general
do Exército britânico na Índia. Regressou a Inglaterra a tempo de ser
enviado novamente como oficial de ligação para o Exército russo, na
campanha que terminou com a batalha de Austerlitz, a que assistiu.
Foi governador de Siracusa, na Sicília, nos anos de 1806 e 1807, sen-
do escolhido para o Parlamento em 1808. Comandou uma brigada
na Suécia em 1808.
Guerra Peninsular:
Ajudante-general do Exército em Portugal e Espanha 1808-1809.
Acompanhou Moore na campanha de Espanha, que culminou com a
batalha da Corunha 1809.
Comandante da 6.ª Divisão, Fevereiro 1812 - Janeiro 1813, Junho
- Julho 1813 e Outubro 1813 - Abril 1814.
180 O Exército Aliado Anglo-Português

Ajudante-general do Exército britânico em Portugal após a Ba-


talha do Vimeiro (Agosto de 1808 a Janeiro de 1809). Enviado para a
Irlanda, quando em 1810 foi promovido a Major-general pediu para
regressar ao serviço activo, sendo enviado para Portugal para coman-
dar a 6.ª Divisão do Exército britânico, tendo participado na batalha
de Salamanca. Em 1813 foi graduado em Tenente-general, tendo sido
nobilitado no ano seguinte devido à sua participação na batalha de
Vitória. Comanda a 2.ª Divisão na batalha de Bidassoa interinamente
em substituição de Graham. Comanda a 6.ª Divisão na batalha de
Salamanca, Bidassoa, Nivelle, Nive, Orthez, Toulouse.
Outros serviços:
Com o regresso de Napoleão a França, foi chamado por Welling-
ton para comandar a 2.ª Divisão do 2.º Corpo, que dirigiu durante a
batalha de Waterloo. Comandou a 2.ª Divisão Exército de Ocupação
França 1815-1817.
Ajudante-general Irlanda 1809-1812. Declinou o comando de
uma Divisão na guerra de 1812, numa expedição à América do Norte
em 1814. Inspector-general da Infantaria 1814. No Estado-maior na
Holanda 1814-1815.
Postos e antiguidade:
Alferes 18th Foot, 10 Outubro 1787, meio-soldo
Alferes 1st Foot Guards, 12 Março 1788
Alferes 1st Foot Guards, 1789
Capitão 15th Foot, 1791
Tenente e Capitão 1st Foot Guards, 30 Novembro 1792
Major graduado, 1794
Major 30th Foot, 1795
Tenente-coronel 66th Foot, 1795
Capitão e Tenente-coronel 1st Foot Guards, 20 Outubro 1796
Coronel graduado, 1803
Brigadeiro-general no Estado-Maior, 1808-1810
Major-general, 1810
Tenente-general com efeito na Península, 1813
Tenente-general, 1814
Biografias 181

Condecorações, distinções, cargos e louvores:


K.B. - 1813
G.C.B. - 1815
G.C.H. - 1816
Ordem de Maria Teresa [Áustria] (data desconhecida)
Ordem de São Jorge [Rússia] (data desconhecida)
Ordem de Guilherme [Holanda] (data desconhecida)
G.M. Cruz - cinco barras [Salamanca, Nivelle, Nive, Orthez, Tou-
louse]
M.P. – 1808/1818
Waterloo Medal
Coronel do Regimento do 1.º Batalhão, 60th Foot 1813-1815
Coronel do Regimento 3rd Foot 1815-1829

COLE, Galbraith Lowry


(1772-1842)

Aparece durante alguns anos nos almanaques militares como


George Lowry Cole. Também aparece em alguns escritos apenas
como Lowry Cole.
Nasceu em Dublin 1 Maio 1772. Segundo filho de Conde de En-
niskillen. Morreu em 4 Outubro 1842.
Serviço anterior à Guerra Peninsular:
Serviu como Ajudante de Sir Charles Grey em 1794. Ajudante
de campo Índias Ocidentais 1794-1795, Deputado Ajudante-general
e Ajudante de campo Irlanda 1797, Secretário Militar de Sir John
Hely Hutchinson Comandante-em-Chefe Egipto 1801-1802, tendo
tomado o comando do 27th Foot em 1805. Serviu em Malta e Sicília
1804-1809 No comando de uma brigada [Maida 1806].
Guerra Peninsular:
Serviu durante a Guerra Peninsular como comandante da 4.ª Divisão
tendo sido ferido nas batalhas de Albuera 1811 e de Salamanca Julho 1812.
Comandante da 4.ª Divisão de Outubro 1809-Maio 1811; Julho-
182 O Exército Aliado Anglo-Português

Fig. 37.
Sir Galbraith Lowry Cole

-Dezembro 1811, Junho-Julho 1812, Outubro 1812 - Abril 1814.


Esteve ausente da península nos primeiros meses de 1812, voltan-
do em Julho a tempo de participar na Batalha de Salamanca.
Tratava-se de um dos militares mais obedientes que serviram sob o
comando de Wellington, ao contrário de Picton e Craufurd. Tinha uma
grande capacidade de actuação rápida e independente como provou
em Albuera a 15 de Maio de 1811 quando Hardinge ao comando de
uma Brigada Portuguesa lhe chamou a tenção para a situação em que
se encontrava o Exército Anglo-Português, salvando-o da derrota.
Foi-lhe dado o comando da 4.ª Divisão em Outubro de 1809, a
qual comandou até ao fim da guerra (excepto na sua ausência entre
finais de 1811 a Julho de 1812 e os três meses de recuperação após os
ferimentos que teve em Salamanca).
Comandou a 4.ª Divisão na batalha de Buçaco, Fuentes de Oñoro,
Albuera, Salamanca, Vitória, Nivelle, Nive, Orthez, Toulouse.
Outros serviços:
Comandante da 6.ª Divisão no exército de ocupação em 1815-18
e 1.ª Divisão Exército de Ocupação de França 1815-1818. Gover-
nador das Maurícias 1822-1828 e Governador da Colónia do Cabo
entre 1828-1833.
Postos e antiguidade:
Biografias 183

Alferes 12th Light Dragoons, 31 Março 1787


Tenente 5th Dragoon Guards, 31 Maio 1791
Capitão 70th Foot, 30 Novembro 1792
Major, 31 Outubro, 1793
Major, 102th Foot, 1794
Tenente-coronel no Ward’s Foot, 26 Novembro 1794, meio-soldo
Tenente-coronel no Regimento sob o comando do Major-general
Villettes 1799, meio-soldo
Tenente-coronel, 3rd Dragoon Guards, 1803
Capitão e Tenente-coronel 3rd Foot Guards, 1803
Tenente-coronel 27th Foot 1804
Coronel graduado, 1 Janeiro 1801
Brigadeiro-general no Estado-maior, 1806-1808
Major-general 25 Abril 1808
Tenente-general com efeito na Península, 1811
Tenente-general, 4 Junho 1813
General, 22 Julho 1830
Condecorações, distinções, cargos e louvores:
K.C.B.1813
G.C.B.1815
Com.T.E. 12 Outubro 1812
G.M. Cruz - oito barras [Maida, Albuera, Salamanca, Vitória, Pi-
renéus, Nivelle, Orthez, Toulouse]
M.P. Irlanda – 1797/1800
M.P – 1803/1823
Coronel do Regimento 103rd Foot 1812-1814
Coronel do Regimento 70th Foot 1814-1816
Coronel do Regimento 34th Foot 1816-1826
Coronel do Regimento 27th Foot 1826-1842
184 O Exército Aliado Anglo-Português

Fig. 38.
Sir Charles Colleville

COLVILLE, Charles
(1770-1843)

Também aparece nos almanaques militares como Colville. Nasce


em 7 Agosto 1770, sendo o segundo filho do 9.º Barão de Colville
of Culross. Irmão mais novo do Vice-almirante John Colville, 10.º
Barão de Colville of Culross. Casou com Jane Mure de Caldwell,
Ayrshire, 1818. Morreu em Hampstead a 27 Março 1843.
Serviço anterior à Guerra Peninsular:
Serviu em S. Domingo [Índias Ocidentais] 1792-1797 sendo fer-
ido no desembarque em Tiburon, Irlanda 1798, Mediterrâneo 1800,
comandou o 13rd Foot no Egipto 1801-1802, Gibraltar 1802-1805.
Serviu na Martinica [Índias Ocidentais] 1808-1810.
Guerra Peninsular:
Comandante de brigada 3.ª Divisão Outubro 1810 - Dezembro
1811 e Maio -Agosto 1813. Temporariamente comandante da 4.ª Di-
visão Dezembro 1811- Abril 1812, 3.ª Divisão Janeiro - Maio 1813, 6.ª
Divisão Agosto-Outubro 1813, 3.ª Divisão Outubro 1813- Dezembro
1813 e 5.ª Divisão Dezembro 1813- Janeiro 1814. Permanentemente
ao comando da 5.ª Divisão Janeiro 1814 - Abril 1814. Comandou tem-
porariamente o Corpo de bloqueio a Bayonne Abril 1814.
Ferido no assalto à praça de Badajoz 6 Abril 1812 e em Vitória
Junho 1813. Comanda a 3.ª Divisão nas batalhas de Nivelle, Nive,
Biografias 185

passando a comandar a 5.ª Divisão em Dezembro de 1813.


Outros serviços:
Comandante da 4.ª Divisão Flandres e França 1815. Comandante
da 3.ª Divisão 1815-1817 e 2.ª Divisão 1817-1818 no Exército de
Ocupação da França. Comandante-chefe de Bombaim 1819-1825.
Governador das Maurícias 1828-1832.
Esteve no comando da reserva em Hall (18 Junho 1815) não es-
tando por isso presente em Waterloo, mas o seu nome consta do Wa-
terloo Roll Call.
Postos e antiguidade:
Alferes 28th Foot, 6 Dezembro 1781
Tenente 28th Foot, 30 Setembro 1787
Capitão Companhia independente, 24 Janeiro 1791
A meio-soldo, 1791
Transferido para o 13rd Foot, 18 Maio 1791
Major 13rd Foot, 2 Setembro 1795
Tenente-coronel 13rd Foot, 26 Agosto 1796
Coronel graduado, 1 Janeiro 1805
Brigadeiro-general no Estado-Maior, 1808-1810
Major-general, 25 Julho 1810
Tenente-general (promoção local), 1815
Tenente-general, 12 Agosto 1819
General, 1837
Condecorações, distinções, cargos e louvores:
K.C.B. - 1815
G.C.B. - 1815
G.C.H. - 1816
G.C.T.E. - 17 de Dezembro de 1814
G.M. Cruz - cinco barras [Martinique, Fuentes de Oñoro, Bada-
joz, Vitória, Nivelle]
Coronel do Regimento 5º Batalhão de Guarnição 1812-1815
Coronel do Regimento 94th Foot 1815-1818
Coronel do Regimento 74th Foot 1823-1834
Coronel do Regimento 14th Foot 1834-1835
Coronel do Regimento 5th Foot 1835-1843
186 O Exército Aliado Anglo-Português

Fig. 39.
Lorde Stapleton Cotto