DOM22NOV

Domingo
22 de Novembro de 2020
Ano 45 • N.º 16182

Kz 45,00
Director: VÍCTOR SILVA
Director-Adjunto: CAETANO JÚNIOR
www.jornaldeangola.co.ao

DR

DE JANEIRO A OUTUBRO FORAM NEGOCIADAS APENAS 1.927 VIATURAS

Venda de carros
novos regista
queda de 25
por cento
De Janeiro a
Outubro, as conces-
sionárias venderam 1.927 veí-
culos novos, contra os 2.623 no mesmo
período do ano passado, o que representa uma
queda de 25 por cento. Dados da Associação dos Con-
cessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário indicam
que, nos últimos, anos as vendas não param de cair, apesar de, em
2919, a retracção tenha sido de apenas 2,3 por cento. O pico de vendas
foi em 2014, com a transacção de 44.536 veículos. No ano passado, foram
negociadas apenas 3.073 unidades. ECONOMIA • 25

ÚLTIMAS 24 HORAS VÁRIAS ÁREAS

NESTA EDIÇÃO
CAETANO JÚNIOR
Velozes e furiosos?
Também os temos...
A PALAVRA DO DIRECTOR • 2
EUROPA
Há muitas bombas
que não rebentaram
ESPECIAL • 9
Saúde enquadra
Dois óbitos,146 infectados e 156 recuperados DESTAQUE • 4 A 8
mais de nove mil
profissionais
DANIEL BENJAMIM | EDIÇÕES NOVEMBRO | MOXICO
Mais de nove mil profis-
COLEGAS RECORDAM “CINQUENTA” HOJE É O DIA sionais de Saúde vão ser
admitidos, até ao próximo
Uma Educadores
mês. De acordo com a
ministra da Saúde, são no
total 9.472 vagas. Destas,

SUB-17 despedida festejam a data 203 são para médicos,

4.829, enfermeiros, 3.894
técnicos de diagnóstico,
Angola recomeça Taça
com o foco nas apoio hospitalar (200) e
Cosafa diante da Zâmbia
DESPORTO • 31
dolorosa tecnologias
regime geral (346). Con-
trariamente ao publicado
n a capa d a e d i ção d e
ontem, as vagas não são
FIM DE SEMANA • 20 | 21
Ao comemorarem mais uma data só para médicos.
que lhes é dedicada, os educadores
DR
vêem nas novas tecnologias a solu-
CONFERÊNCIA ção para contornar a crise provocada
pela pandemia da Covid-19 e man-
Nacionais ter o compromisso de contribuírem
no processo de ensino e apren-
desafiados dizagem. Numa mensagem, o
Ministério da Educação destaca
a investir o “esforço e o elevado sentido
profissional dos professores,
no petróleo que em situações de adversi-
dades e dificuldades sociais
ECONOMIA • 25 não regateiam vontade nem
sacrifícios na garantia da Edu-
cação e Ensino de qualidade”. ÚLTIMA • 32
2 OPINIÃO Domingo
22 de Novembro de 2020

PALAVRA
DO DIRECTOR Rua Rainha Ginga, 12-26
IMAGEM DO DIA
Caixa Postal 1312 - Luanda
Redacção: 222 020 174
Telefone geral (PBX): 222 333 344 À primeira vista, parece a tomada de assalto ao carro, mas, na realidade, trata-se de um passageiro
Fax: 222 336 073
Telegramas: Proangola que se predispôs, inusitadamente, a subir em pleno andamento da viatura
Caetano Júnior E-mail: ednovembro.dg@nexus.ao
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO

DIRECTOR:
Víctor Silva
DIRECTOR-ADJUNTO:

Velozes e furiosos?
Caetano Júnior
DIRECTOR EXECUTIVO:
Guilhermino Alberto

EDITOR EXECUTIVO:
Diogo Paixão

Também os temos … GRANDE REPÓRTER:

Luísa Rogério

EDITORIAS:
POLÍTICA:
Bernardino Manje (editor-chefe),
Fonseca Bengui (subeditor),
Nos últimos tempos, cultivou-se - e parece estar a florir -, entre nós, a Santos Vilola, Adelina Inácio,
João Dias, César André, Edna Dala,
ideia de que quem está ao volante de uma dessas viaturas bem grandes Garrido Fragoso

tem legitimidade para conduzir a alta velocidade e fazer das ruas o OPINIÃO:
Ambrósio Clemente (editor-chefe),
seu reduto privado. Circulam nas nossas estradas uns carros grandalhões, Faustino Henrique (subeditor)
pretos ou de pouquíssimas outras cores, cujos condutores - não ne-
SOCIEDADE:
cessariamente os legítimos proprietários, porque alguns são motoristas Nhuca Júnior (editor),
Alberto Pegado (editor),
ou lhes foi emprestado e outros têm-no por força do cargo que ocupam José Meireles (editor),
Rodrigues Cambala, André da Costa,
- estão permanentemente apressados. Kilssia Ferreira, Manuela Gomes,
Augusto Cuteta, Alexa Sonhi
É vê-los, quase invariavelmente, a pedir prioridade na passagem, e Edna Mussalo

ora com os intermitentes ligados, ora com os incómodos e invasivos REGIÕES:

Sérgio Chivaca (editor-chefe),
jogos de luzes, cuja presença fazem anunciar, com frequência, ainda Béu Pombal (subeditor),
Filipe Eduardo
muito distante do “obstáculo” a ultrapassar. Não poucas vezes, dão- ECONOMIA:
Cristóvão Neto (editor-chefe),
se a conhecer pelo som estridente e o colorido da sirene, que Ana Paulo, Kátia Ramos, Madalena
José, Natacha Roberto
propagam a urgência que os faz mover, num frenesi sequer perdoável e Victorino Joaquim
a quem tenha o segredo para a MUNDO:
Bernardino Fançony (editor-chefe),
cura da Covid-19. António Canepa (Subeditor)

Estes condutores, velozes e “Eles são mesmo assim, DESPORTO:

Amândio Clemente (editor-chefe),
furiosos, estão despidos da mí- Anaximandro Magalhães (subeditor),

nima prudência e das normas velozes e furiosos. Se António Cristóvão, Honorato Silva,
Armindo Pereira, Teresa Luís,

mais básicas que regem a vida calhar, envaidecidos pela

António de Brito e Job Franco
CULTURA: REVISTA DA SEMANA
António Bequengue (editor-chefe),
em sociedade, sendo exemplos
imponência da viatura ou
Francisco Pedro (subeditor),
Amilda dos Santos, Manuel Albano,
o respeito ao próximo e o limite Mário Cohen e Roque Silva as comissões de especialidade.
Sábado, 14 de Novembro
da velocidade máxima no inte-
rior das localidades. Quem os tornados irracionais pelo GENTE E FIM-DE-SEMANA:
António Cruz (editor-chefe),
Isaquiel Cori (editor) O Presidente do Burkina Faso, Roch Marc Kaboré,
O Presidente da República Democrática do Congo
(RDC), Félix Tshisekedi, solicita em Luanda, ao ho-
poder que deles próprios
Edna Cauxeiro (subeditora),
tiver atrás e se confrontar com Ferraz Neto (subeditor)
e Pereira Diniz
convida os empresários angolanos a investirem mólogo angolano, João Lourenço, apoio para o re-
a escolha entre esperar e avan- naquele país da África Ocidental. forço da capacidade das forças de Defesa e Segu-
çar, ante o sinal “laranja” do se- julgam emanar. Gente EDIÇÕES ESPECIAIS:
Adalberto Ceita, André dos Anjos,
Domingos dos Santos
O inspector-geral da Administração do Estado rança do seu país.
máforo, o conselho é que siga,
sob o risco de, se não o fizer, ser
assim também temos. e Leonel Kassana negou que a IGAE esteja a sonegar informações
relacionadas com a empresa de telefonia Angola
O jurista Albano Pedro, condena a atitude de
vários cidadãos que ofendem o bom nome do Pre-
São os nossos, à nossa
FOTOGRAFIA:
Kindala Manuel (editor-chefe),
abalroado por estes pressurosos José Cola (editor), Telecom e que, supostamente, comprometem o sidente da República, João Lourenço.
Dombele Bernardo, Domingos
dos nossos dias.
Uma vez que o veículo em medida, à dimensão de Cadência, Eduardo Pedro, João Gomes,
Maria Augusta, Miqueias Machangongo,
Mota Ambrósio, Paulo Mulaza, Santos
ex-ministro das Telecomunicações e Tecnologias
de Informação, José Carvalho da Rocha, recente-
causa tem relação directa com país subdesenvolvido que Pedro; Contreiras Pipa; Vigas da
Purificação; Agostinho Narciso mente nomeado governador provincial do Uíge. Quarta-feira, 18 de Novembro
quem reúne elevado estatuto Morreu em Luanda, vítima de doença, aos 75 Angola e a China avaliam em Luanda, o estado
social, o condutor ganha, às ve- somos, com parte dos CORRESPONDENTES PROVINCIAIS:
Adão Diogo (Lunda-Sul),
anos, João Job, antigo secretário do primeiro da cooperação bilateral, com foco no domínio
zes, o privilégio de, pelo menos,
um batedor da polícia, nunca se
problemas por resolver. Bernardo Capita (Cabinda),
Vladimir Prata (Namibe),
Isidoro Natalício (Cuanza-Norte),
Presidente de Angola e líder do MPLA, António
Agostinho Neto.
económico.
Angola cumpriu seis das sete recomendações
sabendo se por direito, à luz dos Os valores ligados ao Pedro Bica (Bengo),
Jaime Azulay (Benguela),
Jesus Silva (Lobito),
A embaixadora do Reino Unido, Jessica Hand, submetidas pelo Comité do Património Mundial
benefícios de figura com prer-
rogativas, o que o torna “imune” civismo, à educação ou à Estanislau Costa (Huíla),
João Mavinga (Zaire),
Joaquim Aguiar (Lunda-Norte),
destaca em Luanda, o combate à corrupção em
curso em Angola, afirmando que é elemento
da UNESCO, para a valorização do centro histórico
de Mbanza Kongo, declarado Património Mundial
ao trânsito. Afinal, o tráfego pode moral são exemplos” Silvino Paulo (Uíge),
Lourenço Manuel (Cuando Cubango),
Luís Pedro (Cuanza-Sul),
chave no processo de reformas em curso no país. da Humanidade em 2017.
também estar a ser-lhe aberto Quinito Kanhamei (Cunene),
Samuel António (Moxico),
O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos,
por simples influência de um João Constantino (Bié),
José Chaves (Andulo),
Francisco Queiroz, garante que o direito à mani-
amigo com poder suficiente para lhe prover um agente e uma moto Miguel Ângelo (Huambo),
Francisco Curinhingana (Malanje)
Domingo, 15 de Novembro festação vai continuar a ser respeitado, tal como
ou uma sirene. O Governo angolano voltou a reconhecer o consagrado na Constituição da República.
Fica até a impressão de que estes nossos colegas da estrada, PAGINAÇÃO E ARTE:
Salvador Escórcio (editor), Soares Neto, “apoio incondicional” prestado por Cuba durante
cujos veículos, de tão descomunais e à velocidade a que vão, passando Eugénia Víctor, Adilson Santos, Augusta
Lucéu, Tomás Cruz, Noé Pungue, Bruno um dos períodos mais difíceis da sua História,
como furacões ao lado dos humildes e ultra-leves i10, i20, Yaris ou Bernardo, Luquemba Pedro, Evaristo
Sacupalica, João Augusto, Josefa Abreu, sobretudo para a preservação da integridade ter- Quinta-feira, 19 de Novembro
Sportages e até IX35 ou Prados, querem livrar-se de tudo o que se Maria Messele, Alberto Bumba, Inês
Quingando, Margarida Zilungo, Maria da ritorial. A directora-geral adjunta da Unesco, Stefania-
mova e tenham pela frente, a tapar-lhes a visibilidade ou a impedi- Silva, Saldanha Pedro, Raúl Geremias,
António Quipuna, Henrique Faztudo O presidente da Aliança Patriótica Nacional Geannini, destacou, ontem, a liderança do Pre-
los de alcançar a linha do horizonte. Ou que, à compra do “grandalhão”, CARTOON E ILUSTRAÇÃO: (APN), Quintino Moreira, desmentiu em Luanda, sidente da República, João Lourenço, em tempo
submeteram-se ao compromisso de só conduzirem em excesso de Armando Pululo e Casemiro Pedro
informações segundo as quais o seu partido teria de Covid-19.
velocidade. Só assim se compreende que estejam eternamente apres- concluído um acordo com o político Abel Chivu- O Orçamento Geral do Estado (OGE)2021, cuja
sados e impacientes e que transgridam as normas que regulam o COPY DESK:
Rui Ramos, Arlindo Soares, kuvuku, para liderar a sua formação política nas proposta está em apreciação no Parlamento, po-
trânsito. Ou estarão só a obedecer ao estatuto que lhes precede, de Esperança Vieira Dias
eleições gerais de 2022. derá ser financiado com 53,58 por cento de receitas
pessoas com prerrogativas que precisam de honrar? fiscais, cerca de 7.922 biliões de kwanzas, anunciou
O Jornal de Angola
Nestes dias em que muita gente voltou à rua (não necessariamente utiliza os serviços da ANGOP, AFP, a ministra das Finanças, Vera Daves.
à actividade profissional), meses depois das restrições impostas pelo Reuters, EFE e Prensa Latina
Segunda-feira, 16 de Novembro O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, apela
Estado de Emergência, as estradas acolhem, cada vez mais, veículos PUBLICIDADE: Os generais Vasco Chimuco, Artur Vinama, Joa- aos efectivos da Polícia Nacional a evitarem excessos
e o tráfego volta, em muitas zonas e troços, a acumular-se, lembrando (+244) 937 550 262
(+244) 949 770 006
quim França e Lino Cândido manifestaram-se durante a sua actuação.
o cenário anterior ao da deflagração da pandemia (já agora, quem e-mail: “indignados” com as acusações que circulam nas O jurista Carlos Feijó destacou, no Huambo, a im-
publicidade@jornaldeangola.com
enche a cidade e para onde se dirigem tantas viaturas, se há funcionários redes sociais, de que estão envolvidos no finan- portância da integração do costume como fonte
em teletrabalho, pessoas de risco, logo, em casa e mães a cuidar de ciamento das manifestações que ocorrem nos de Direito, superando-se, com isso, o centralismo
filhos menores?). Um caos inexplicável, em contexto que devia ser de últimos dias na cidade de Luanda. legalista que considerava a lei como principal e
cuidados a observar como medidas de prevenção. O governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, única fonte de Direito.
Mas é esta a típica situação de aperto do agrado dos “velozes e fu- garantiu que o Executivo está atento às preocu-
riosos”, que a aproveitam para exibir a vaidade e mostrar um pouco pações da juventude, mas reconheceu que o
do charme que acreditam ter. Se ao menos saíssem cedo de casa ou actual momento que o país vive não permite re- Sexta-feira, 20 de Novembro
tivessem melhor cronometrado o tempo que precisam para a realização PROPRIEDADE
Edições Novembro, E.P. solver, de imediato, todos os problemas. Os peritos dos países membros da Comunidade
das tarefas, não nos colocariam todos em risco, com a condução A Direcção Provincial do Serviço Penitenciário Económica dos Estados da África Central (CEEAC)
perigosa por que optam. Assim, também não precisaríamos de teste- no Cuando Cubango está a trabalhar na busca de estão reunidos, de ontem até hoje, por videocon-
SEDE:
munhar o privilégio que alguns deles beneficiam no trânsito. Rua Rainha Ginga, 12-26 soluções possíveis que contribuam para diminuir ferência, para discutir e preparar a agenda da
Caixa Postal 1312 - Luanda
Devemos, pois, estar avisados: atenção aos retrovisores, que eles, Redacção: 222 020 174 a crise alimentar e aumentar a produção interna reunião do Conselho de Ministros da organização.
Telefone geral (PBX): 222 333 344
os velozes e furiosos, emergem a qualquer momento e de onde menos Fax: 222 336 073 da população penal, garantiu o director provincial O Chefe de Estado angolano, João Lourenço,
Telegramas: Proangola
os esperamos; cuidado com as estridentes buzinadelas e com os e-mail: ednovembro.dg@nexus.ao do Serviço de Migração e Estrangeiros, subcomis- abordou questões relevantes sobre a vida da União
invasivos jogos de luzes, sobretudo à noite, porque pode ser um desses sário de migração Laureano Dias dos Santos. Africana, como o processo de reformas, com o di-
carros pretos ou de pouquíssimas outras cores. plomata Moussa Faki Mahamat, presidente da Co-
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Eles são mesmo assim, velozes e furiosos. Se calhar, envaidecidos Víctor Silva (presidente) missão da organização continental.
pela imponência da viatura ou tornados irracionais pelo poder que ADMINISTRADORES EXECUTIVOS
Caetano Pedro da Conceição Júnior
Terça-feira, 17 de Novembro Três instrumentos jurídicos de adesão de Angola
deles próprios julgam emanar. Gente assim também temos. São os Gilson dos Santos Antunes Carmelino
Rui André Marques Upalavela A Proposta de Lei do Orçamento Geral do a tratados internacionais são depositados, na Or-
nossos, à nossa medida, à dimensão de país subdesenvolvido que Eunice Carla Teixeira Moreno
Estado para o exercício económico de 2021 vai ganização das Nações Unidas (ONU), depois de
ADMINISTRADORES NÃO EXECUTIVOS
somos, com parte dos problemas por resolver. Os valores ligados ao Drumond Alcides Jaime Mafuta à discussão e é votada na generalidade, na As- aprovados pela Assembleia Nacional e assinados
Cândido Bessa Receado
civismo, à educação ou à moral são exemplos. sembleia Nacional, antes de ser remetida para pelo Presidente da República, João Lourenço.
OPINIÃO Domingo
22 de Novembro de 2020 3
DO PICO DO MOCO
crónicas do tempo

Apusindo Nhari
CITAÇÕES

Tortuosos caminhos “A Covid-19 pode

confundir-se ou Quem somos nós?
da liberdade (II)
coexistir com outras
doenças e pode
… sometimes when I’m feeling as big as the land…”
ter apresentação Por vezes sentimo-nos tão grandes como a nossa terra! O vislumbre que Melanie
Início a segunda etapa desta caminhada tor- “rebocar” o meu carro e levar preso o meu atípica. Safkatão bem transmite - com a sua canção “Peace Will Come” - de fazermos parte de
tuosa da lembrança que decidi empreender. assistente motorista, por razão que não a ti- Alternativamente, algo mais amplo ou, dito de outra forma, sermos apenas uma pequena parte de algo
A minha idade, educação, modo de ser e nham. Não olharam para a minha idade, em- pode apresentar-se imenso e em movimento, continua a dar-nos a mesma agradável vertigem que na
estar na vida, desviam-me dos perigosos bar- bora isso não fosse o suficiente para me dar como crise nossa adolescência.
rancos da virulência extrema que vejo na pa- razão, fosse qual fosse. Sujeitaram-me a um Quem somos? (E como o manifestamos?). São ténues as linhas que existem entre
lavra fácil de alguns príncipes da maldade e palavreado básico e nojento. Estive quase a
hipertensiva, edema
agudo de pulmão, “quem nos sentimos ser” e “quem somos realmente”. Linhas que se ligam e se
do obsceno que andam por aí. Impedem- ser empurrado para dentro do carro onde já entrelaçam, tecendo a nossa História e a nossa Cultura.
me a precipitação no abismo da palermice estava praticamente detido o pobre do Do- acidente vascular Alguns, muito poucos de nós, conseguem sentir-se parte - muito mais do que um
de falar pelo simples gosto de falar, e obriga- mingos. Valeu-me um telefonema feito a um cerebral, diarreia, mero estar dentro - de todo o universo. Outros, da humanidade (também poucos), num
me também a anotar que o usufruto dessa responsável da equipa do saudoso governa- morte súbita sentido de irmandade e de partilha de responsabilidade pelo próximo. Muito mais
liberdade de expressão de que fazemos dor Luther Rescova, de inesquecível memória, e outros. Para frequente é o sentimento de pertença a um país
alarde hoje, ainda há pouco amordaçada, um dos mais promissores quadros da Nova diagnosticar ou a uma nação. E, dentro desta, a um grupo
não contou com o esforço dessa gente. Fe- Angola que conheci, desaparecido ingloria- social. Enfim, quase todos nos sentimos parte
lizmente que me coloco à distância deles, mente. Quase de imediato surgiu no local é preciso pensar
nessa possibilidade
Os que “lutam” nas ruas, de uma família, a quem devemos os genes, a
essa não é a minha identidade. da maka uma alta patente da polícia que em
Começo por esta breve paragem, também linguagem pedagógica e competente colocou e, quando uns pelo direito à existência e os traços iniciais do nosso viver.
Preocupante - não raro - é quando a pertença
para me desculpar perante o público que em sentido os agentes impreparados que ti-
faz o favor de me ler. As imagens dos cães veram tremenda dificuldade, uma atitude
indicado testa ” manifestação e pelos a um grupo (partido, tribo) se sobrepõe à comu-
alinhados com invejável perfeição no Lu- que deve ser registada e pensada, de me pe- Mário Frestas
Médico e professor universitário
vários direitos da nhão com todo o país. Igualmente grave é quando
nem da nossa rua nos sentimos parte, só nos
bango, referidas e comentadas no texto que direm desculpa, uma exigência feita pelo
assinei na semana passada, não tiveram chefe comandante.
população, outros pela preocupando com o que está dentro do nosso
quintal ou residência. Estes sentidos de identidade
nada a ver com manifestações, como poderia, Entendi fazer este relato para reafirmar “ O progresso nas manutenção da ordem e “mais limitados” estão, geralmente, na base de
ou terei sido mesmo, perfeita mas errada- a convicção de que, assim o queiramos, reformas estruturais
mente entendido. vamos conseguir, não facilmente, é verdade, dentro do mercado pela defesa da lei, não se atitudes de predação, desrespeito ou rejeição
em relação ao mais vasto, ao que não é sentido
As notícias que me chegam e de há pôr este país na ordem. Virão, certamente,
muito, referem a existência de uma rela- os do contra com a sua razão, e a raiva do
cambial tem podem nunca esquecer como nosso, ou como parte de nós. Esta ilusão
ção normal, o que significa boa, nos li- povo descontente e dos polícias imprepa-
o potencial de
sustentar alguma
que somos todos parte de desligamento - não nos apercebermos que
somos parte de algo maior- provoca enormes
mites do possível actual, entre a popu- rados. O problema não está só na polícia
lação huilana e a autoridade policial como é fácil verificar, está no funcionamento estabilidade ou até de algo comum, mesmo estragos às famílias, às sociedades e às suas eco-
nomias, e também à própria natureza.
local, resultado da postura e qualidade de todos os sectores da administração pú- uma apreciação estando em campos O que somos tem relação estreita - embora
de serviço do Comandante Divaldo Mar- blica, dirão legitimamente. Estarei, em do kwanza
tins. É um facto que a mim, particular- grande medida, de acordo com eles, mas a curto prazo. diferentes. Antagonismo não absoluta - com o que nos sentimos ser e
ambos se traduzem na forma como nos com-
mente, não surpreende. Não sou próximo, sempre argumentarei que, para caminhar-
mas conheço o responsável máximo da mos bem por estas veredas tortuosas temos,
No médio prazo, que só cabalmente portamos e agimos em sociedade.
polícia na Huíla. O suficiente para certi- desde logo, de começar pela necessidade a depreciação
da moeda poderá
entenderemos e Mas tanto o nosso sentido de identidade
como a nossa cultura (o que somos e como o
ficar que falo de um dos mais estudiosos, imperiosa de os chefes policiais – e todas
educados e inteligentes quadros da nossa as demais chefias – saírem dos gabinetes, ser menos resolveremos quando manifestamos) são algo em constante transfor-
mação. O que pode, em determinadas fases, re-
Polícia Nacional. O facto de ele escrever, e certificarem-se da vergonha que é a caça
e bem, empresta ao seu currículo um no- às quitandeiras e o frenesim que evidenciam
pronunciada”
Extractos da análise às contas
percebermos de onde sultar em progresso e, noutras, em regressão. A
tável valor acrescentado. pelos carros mal estacionados. Isso tem
públicas angolanas, citada pela
Lusa vem e porque existe, e nossa identidade e a nossa cultura são dinâmicas,
permanentemente sujeitas a influências e tam-
“Raça difícil de gente, essa que se mete a fácil explicação, e o que se apresenta como
escrever”. Já li ou ouvi algures esse tipo de prioritário é o encontrar métodos para or-
que está intrinsecamente bém moldadas pelas nossas acções.
mimo sobre quem enfrenta o público, escre- ganizar, punir, e, em consequência, expulsar “Trata-se de uma ligado a quem somos De certa maneira somos (indivíduos e gru-
pos) como uma árvore, cujas raízes, ramos e
vendo. Quem anda à chuva, molha-se, é dos os que não conseguem entender que é
livros, e somos todos, os que nos metemos com o povo disciplinado, que para o ser história em que folhas, vão beber de um vasto manancial de
nessas cavalarias, assim intitulados por pes- deve ser bem tratado, que se consegue as mulheres são solo, luz e ar,... comunicando com outras
soas menores, algumas que até se dizem chegar à plena liberdade. as protagonistas - árvores da floresta, estendendo-se, fazendo desabrochar flores e frutos. Mas que
amigas mas não deixam de ser menores. Re- Faço um pequeno desvio na picada e, por mães, irmãs, também se pode degradar. Da forma como for guiada e tratada resultará, ao fim de
firo-me àquelas que nunca estão contentes dever de consciência, sinto-me na obrigação uns anos, na árvore que teremos.
amigas, esposas, E mesmo se tenha mal crescido, não se pode dizer que tudo esteja irremediavelmente
com nada nem consigo próprias, embora de felicitar publicamente o Novo Jornal e o vítimas, adúlteras,
não deixem de se mostrar felizes quando a seu director Armindo Laureano, pelo magní- perdido. No limite, os rebentos da árvore que parece perdida podem renascer e aprender
palavra escrita não lhes parece assim tão fico trabalho jornalístico com que brindou o na vida familiar, das dificuldades de onde e quando foram geradas. Por tudo isto preferimos dizer que
transgressora, e até se convencem que é im- público na última semana, uma edição de- no trabalho, no estamos, mais do que somos. Somos um processo e não algo acabado, e queremos
portante o que se escreve e o que se diz dicada aos 45 anos da nossa Independência. catolicismo - e em estar confiantes e optimistas.
sobre eles ou sobre os seus partidários. Sinto A qualidade da grande maioria dos textos que o autor, num Deve estimular-nos esta consciência de fazermos parte de algo maior que nós, em
o quanto me tem sido difícil escrever, deitar produzidos, a diversidade de autores e a plu- constante desenvolvimento. Ainda que regularmente assaltados por dúvidas sobre
longo conto em quem somos, onde estamos, ou sobre aquilo em que nos estamos a transformar…
cá para fora o que me vai na alma para me ralidade de opiniões expressas, os nomes torno da poligamia,
sentir verdadeiramente aliviado, e de certa das individualidades participantes, algumas como país.
maneira, um cidadão livre. delas titulares de cargos de enorme respon-
cria o embate entre Já teremos, atécerto ponto, recuperado da orfandade resultante da dissolução de
Vem a propósito disto, muita coisa que sabilidade, os quadros angolanos e os amigos o peso da herança obstinadaslealdades a grupos, agora enfraquecidos, a que sentíamos pertencer...
tentarei periodicamente descrever nesta de Angola espalhados pelo país e na diáspora, cultural africana Pensamos entender o bom que resultou daí, em termos de inclusão num universo mais
série. Há poucos dias, um amigo dos velhos deixam-me, apesar de todas as dúvidas a e uma corrente amplo e rico, em diversidade e potencial. E descobrimos como podem ser persistentes
tempos, de antigas cumplicidades na luta que tenho direito de albergar no meu peito feminista que as influências - algumas positivas, outras nefastas - de que continuamos a sofrer e
pela liberdade no tempo colonial, disse-me, e pensamento, a certeza de que a esperança beneficiar. Faz falta reflectir e debater sobre tantos quase-tabus, marcas deixadas na
quer fazer valer nossa cultura, que muitas vezes carregamos de forma pouco consciente...
sobre a manifestação de 24 de Outubro úl- deve ser mantida, porque vamos vencer. An-
timo: “Ninguém me contou, eu vi como os gola vai vencer e poderemos dizer um dia
os seus direitos” Estaremos distraídos - discutindo o sexo dos anjos ou sonhando com unicórnios -
Editora Guerra e Paz, sobre o novo
miúdos atiravam pedras aos carros, incen- que valeu a pena não termos tido receio de romance de João Miranda, num momento em que demasiados dos nossos concidadãos vivem atormentados pela
intitulado “Nova Evangelização,
diavam pneus, a forma ordinária como se falar. Venceremos, sem dúvida nenhuma, se precisa-se?” pobreza, pela exclusão ou lutam empolgados pelo direito à livre expressão, e até pela
insurgiam contra os polícias!”. É claro que a exemplo do que fizeram as pessoas atrás sobrevivência?: - entendermos quem somos (e como isso se manifesta), é crucial no
os polícias não são de ferro, sentem e ripos- referidas, ou seja, vir a público e enfrentá-lo, “O Presidente não processo da nossa transformação, para bem resolvemos os problemas que colectivamente
tam à violência, disse-lhe eu, em resposta. vierem estas ou outras com maior frequência, enfrentamos, e na forma como o fazemos.
tem poderes dados Os que “lutam” nas ruas, uns pelo direito à manifestação e pelos vários direitos da
“Há interferência política, há os que querem que saiam dos gabinetes e passem igualmente
tirar partido da situação e esta não é a via a mostrar a cara para que os conheçamos pela Constituição população, outros pela manutenção da ordem e pela defesa da lei, não se podem nunca
ideal para se fazer política, porque depois melhor, sejam eles políticos, dirigentes, mi- para controlar esquecer que somos todos parte de algo comum, mesmo estando em campos diferentes.
chegamos facilmente aos lamentáveis acon- nistros e gestores deste país, simples cidadãos o que acontece Antagonismo que só cabalmente entenderemos e resolveremos quando percebermos de
tecimentos do 11 de Novembro”, continuou sem títulos que sejam, para a população no que diz respeito onde vem e porque existe, e que está intrinsecamente ligado a quem somos, a como nos
o meu amigo. ficar com a ideia do seu valor, principalmente a eleições. Trump sentimos e em que nos transformámos. Se desenvolvermos um forte sentido moral, de
Claro, meu kamba, o aproveitamento po- do seu pensamento em relação à Nação, à não pode dizer lealdade e de dever para com o país, estaremos a contribuir para o sentimento de pertença
lítico é detestável, mas é necessário que te nossa Pátria, ao futuro de todos. Para que coletiva, como angolanos, à Humanidade.Sendo fundamental que, devido às diferenças,
diga que eu próprio, há uns meses atrás, em possamos votar em consciência quando che-
que vai invalidar não resvalemos para um abismo do qual demorará -e muito custará - voltar a sair.
Luanda, fui vítima da má preparação e falta gar a hora, no futuro que não está longe. Se os votos da Geórgia Não nos esqueçamos nunca que já tendo lá estado, sabemos do preço que pagámos.
de educação de dois polícias, ali mesmo no o caminho seguir direito, mesmo que tortuoso, ou da Pensilvânia” O sentimento de descontrole, de desamparo e de perdição que abala tantos cidadãos
“meu território” da baixa, nos lados da Chá tenho a certeza que haverá muita gente a Tracey Maclin neste momento só pode ser passageiro: não temos alternativa senão a de empenharmo-
de Caxinde. Entendiam eles, armados com viver da política e da ajuda partidária, a Especialista americano em nosempensar no como enoporquechegámosaqui (quemsomos) edebuscarcorajosamente
Direito Constitucional
a farda e as armas que lhes são distribuídas, desistir e ter que mudar de rumo. uma ponte entre o passado e o presente, que nos leve a um amanhã melhor.
4 DESTAQUE
Xavier António
As províncias de Benguela,
Cuanza-Norte, Cuanza-Sul,
Cuando Cubango, Cunene,
Huambo, Malanje e Namibe,
têm estado a registar um
aumento de casos de trans-
missão local da Covid-19,
disse, ontem, em Luanda, o
secretário de Estado para a
Saúde Pública.
Franco Mufinda, que falava
na habitual actualização sobre
a evolução da pandemia no
país, aconselhou a população
dessas províncias a redobrar
as medidas de prevenção
para o corte da cadeia de
transmissão da doença.
COVID-19
Mais dois
angolanos
infectados
em Portugal
Mais dois cidadãos ango-
lanos, com o estatuto de
não-residentes em Portu-
gal, testaram, sexta-feira,
positivo à Covid-19.
Segundo as autoridades
sanitárias portuguesas, com
estes novos casos, aumenta
para 105 o número de ango-
lanos infectados em Por-
tugal. Destes, 55 continuam
activos, sendo 32 residen-
tes, 17 não-residentes e seis
da Junta Médica.
Há ainda a regi star a
existência de 45 pessoas
recuperadas e cinco óbitos.
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
De acordo com dados da
Comissão Multissectorial de
Prevenção e Combate à
Covid-19, a província de
Benguela contabiliza 654
casos positivos, dos quais
521 activos, 18 mortes e 115
recuperados, Cuanza-Norte
tem um registo de 270 casos
(239 activos, um óbito e 30
recuperados) e Cuanza-Sul
acumula 262 casos (121
casos activos, três óbitos e
138 recuperados).
O Cuando Cubango tem
cumulativo de 63 casos posi-
tivos de Covid-19, dos quais
56 activos, três mortes e
quatro recuperações. Já o
Cunene tem 167 casos con-
DESDE SEXTA-FEIRA
Soyo já realiza testes
comparticipados
A Comissão de Resposta
Rápida à Covid-19, no
município do Soyo, pro-
víncia do Zaire, deu início,
sexta-feira, a testagem
serológica comparticipada.
Em de claraçõ e s à
Angop, Afonso Maria
Sabino, membro da
Comissão, revelou que a
localidade recebeu 500
testes rápidos. Precisou
que os testes estão a ser
realizados no Centro de
Quarentena Institucional,
localizado no bairro Kitona,
periferia da cidade do Soyo,
devendo cada requerente
MAIS 146 INFECÇÕES, DUAS MORTES
E 156 RECUPERADOS EM 24 HORAS
Oito províncias
registam
aumento de casos
de transmissão
local
firmados (125 activos, 40
recuperações e dois óbitos).
A província de Malanje
tem um total de 201 casos
positivos do novo corona-
vírus, dos quais 170 activos,
28 recuperados e três mortes,
e Namibe contabiliza 198
infectados, sendo 163 activos,
34 recuperados e um óbito.
Ligeira redução em Luanda
Franco Mufinda avançou
que Luanda, o epicentro
da pandemia no país,
regista uma ligeira redução
no número de novas infec-
ções. A capital contabiliza
um total de 11.142 infec-
tados, dos quais 4.566 acti-
pagar seis mil Kwanzas
por cada exame serológico,
com prioridade para soli-
citações de viajantes.
O responsável adian-
tou que os valores a arre-
cadar serão depositados
na Conta Única do
Tesouro. De lembrar que
e x e rc í c i o i d ê n t i c o j á
acontece em Mbanza
Kongo, capital da pro-
víncia do Zaire, há cerca
de duas semanas.
O Zaire contabiliza 223
casos positivos da Covid-
19, com 24 activos e 196
recuperados e três óbitos.
vos, 278 mortes e 6.298
recuperados.
Mais 146 infectados
O secretário de Estado para
a Saúde Pública anunciou
que, nas últimas 24 horas,
mais 146 pessoas foram
infectadas com o vírus, sendo
110 em Malanje, 25 em Ben-
guela, seis no Cunene e cinco
no Moxico, dos quais 108
homens 38 mulheres.
Franco Mufinda referiu
que os novos casos têm ida-
des compreendidas entre
dois e 70 anos. Com estas
novas infecções, o país tem
um total de 14.413 casos con-
firmados, desde o início da
EM 25 ESCOLAS DE SAURIMO
Catoca prevê distribuir
cinco mil máscaras aos alunos
A Sociedade Mineira de
Catoca, em Saurimo, pro-
víncia da Lunda-Sul, prevê
distribuir cinco mil más-
caras aos alunos de 25
escolas circunvizinhas,
no âmbito da prevenção
contra a Covid-19.
De acordo com o res-
ponsável da Área Social da
referida empresa, Osvaldo
Pinto, para além das más-
caras, foram já distribuídos
detergentes e tambores para
a criação de pontos de lava-
gem das mãos nas escolas.
Por outro lado, o coor-
denador adjunto da Comis-
são Provincial de Resposta
Rápida à Covid-19, Viegas
de Almeida, aconselhou a
população a reforçar as
medidas de prevenção con-
tra o novo coronavírus.
Em declarações à Angop,
o responsável lembrou que
a população deve lavar as
mãos com água e sabão e
optar em fazer uma solução
com lixívia para desinfectar
as mãos quantas vezes
forem necessárias por dia.
Sublinhou que, quando
as medidas de biossegu-
pandemia, em Março último.
Na capital do país, os casos
foram reportados nas loca-
lidades de Belas, Cacuaco,
Viana, Cazenga, Ingombota,
Cazenga, Maianga, Sambi-
zanga e Kilamba kiaxi. Belas
l i d e ra a o a c u m u l a r 7 1 2
pacientes activos.
Duas mortes
No mesmo período, mais
duas pessoas morreram de
Covid-19, todos homens,
com idades entre 55 e 70
anos, residentes em Luanda,
com comorbilidades de
hipertensão arterial e dia-
betes mellitus.
Com estes números, o
cumulativo de óbitos subiu
para 336, até à data, sendo
que 67 por cento são homens
e 33 são mulheres. A taxa de
letalidade passa agora para
de 2,3 por cento.
O secretário de Estado
para a Saúde Pública infor-
mou igualmente a recupe-
ração, nas últimas 24 horas,
de 156 pessoas, das quais
143 em Luanda, nove no
Cunene, três em Benguela
e um no Namibe.
Quanto as idades dos
c i d a d ã o s re c u p e ra d o s ,
varia entre seis meses e
81 anos, contabilizando 7.
273 recuperações, o que
corresponde a metade dos
infectados até à data, com
Luanda a acumular o maior
número de pessoas que já
venceram a doença.
Franco Mufinda fez saber
também que o país tem um
total de 6.804 casos activos,
cinco estão em estado crítico
(0,1%), 8 em estado grave
( 0 , 1 % ) , 1 8 4 mo derado s
(2,7%), 219 leves (3,2%) e
6.388 assintomáticos
(93,9%).
rança são cumpridas, a pro-
babilidade do contágio da
doença é quase nula.
A Lunda-Sul
já registou 13 casos
positivos de
Covid-19, com
12 recuperados
e um activo
Domingo
22 de Novembro de 2020
Ontem, foram processa-
das 3.378 amostras por RT-
PCR, sendo 146 positivas e
3.232 negativas, com uma
taxa de positividade de 4,3%.
O cumulativo de amostras
processadas por RT-PCR
aumentou para 211.506, das
quais 14.413 positivas e
197.093 negativas, com uma
taxa de positividade de 6,8%.
Já a Equipa de Saúde Men-
tal e Intervenção Psicossocial
assistiu 101 utentes, através
da Linha de Apoio Psicoló-
gico. No Centro Integrado de
Segurança Pública (CISP)
foram registadas 82 chama-
das, todas foram pedidos de
informação da pandemia.
Quanto as acções de pre-
venção e combate à Covid-
19 em outras províncias,
destaque para o Bengo que
fez a colheita e enviou ao
Instituto Nacional de Inves-
tigação em Saúde (INIS) de
amostras de 17 casos sus-
peitos de Covid-19, no muni-
cípio de Dande.
Cuando Cubango proce-
deu o envio ao Laboratório
do Huambo de 150 amostras
de casos suspeitos do muni-
cípio do Menongue. As auto-
ridades sanitárias do Moxico
realizaram o rastreio de con-
tactos de casos positivos e
testagem rápida (teste rápido
Elisa) em dois utentes, no
município sede.
Na Lunda-Norte foi feita
a colheita de 55 amostras de
casos suspeitos da doença,
no município do Chitato. Já
a Lunda-Sul acolheu uma
palestra de sensibilização
sobre as medidas de preven-
ção contra a Covid-19, no
município de Saurimo. Zaire
colheu 79 amostras de casos
suspeitos, no município de
Mbanza Kongo.
Quanto à disponibili-
dade de leitos para internar
pacientes com Covid-19,
informou a existência de
27 camas ventiladas no
Centro de Tratamento do
Mulombe, das 327 que a
Comissão havia preparado
para dar resposta aos casos
da pandemia.
A província da Lunda-
Sul já registou 13 casos posi-
tivos de Covid-19, com 12
recuperados e um activo.
DESTAQUE
22 de Novembro de 2020
Um total de 60 professores
no Cuanza-Norte testou posi-
tivo à Covid - 1 9 , ap ó s o
retorno das aulas presenciais,
em Outubro último, revelou,
sexta-feira, em Ndalatando,
o director do Gabinete Pro-
vincial da Educação.
Em declarações à Angop,
no final do acto provin-
cial alusivo ao 22 de
Novembro, Dia Nacional
do Educador, que se assi-
nala hoje, Manuel Lou-
re n ç o e x p l i c o u q u e o s
ca s o s p o s it ivo s fo ra m
detectados num universo
de dois mil professores
submetidos ao teste de
Biologia Molecular.
Dos 60 casos positivos,
50 estão no município de
Ambaca, que encabeça a
lista na província, com 141
infectados. Manuel Lourenço
salientou que o aumento de
casos no seio do corpo
docente levou a suspensão
temporária de aulas em
cinco escolas da província
e em algumas turmas.
Foram encerradas, na
q uarta - feira , p or um
período de 14 dias, quatro
escolas no município de
Ambaca e uma no Cazengo
(município sede da provín-
cia), além de uma turma
na escola Marista, também
no Cazengo, esta última
afecta a Igreja Católica.
O facto deixou cerca de
600 alunos sem aulas, uma
situação que deverá conti-
nuar até as autoridades sani-
tárias determinarem a sua
reabertura . Manuel Lourenço
Valter Gomes | Uíge
O governador do Uíge, José
Carvalho da Rocha, defen-
deu, sexta-feira, a neces-
s i d a d e d o s p ro f e s s o re s
desenvolverem mais acções
de prevenção e combate
à Covid–19.
O governante, que falava
para professores, directores
municipais da educação,
Domingo
DESDE O REINÍCIO DAS AULAS NO CUANZA-NORTE
Dezenas de
professores
testaram
positivo
à Covid-19
O director do Gabinete
Provincial da Educação,
Manuel Lourenço explicou
que os casos positivos foram
detectados num universo de
dois mil professores
submetidos ao teste de
Biologia Molecular
augura a reabertura destas
escolas o quanto antes, uma
vez que os alunos estão em
momento de provas.
A província conta com
cinco mil e 554 professores.
UÍGE
Governador quer
mais acções
dos docentes
no combate
à pandemia
de escolas, chefes de gabi-
netes de inspecção e alunos,
no âmbito do Dia Nacional
do Educador, que se assinala
hoje, 22 de Novembro, disse
que, nesta fase, é necessário
que todos estejam unidos
em torno das medidas de
prevenção.
José Carvalho da Rocha
referiu que o professor,
enquanto agente da edu-
Segundo Manuel Lourenço,
a transmissão do vírus não
acontece no ambiente esco-
lar, mas sim no comunitá-
rio, onde ainda se assiste
ao incumprimento das
DR
cação, tem um papel
importante na sociedade
e na formação do homem
para o desenvolvimento da
nação. “Devemos continuar
a educar as crianças, mos-
trando-as as medidas de
prevenção, os perigos da
pandemia e educando-as
s obre a imp ortância da
higienização”, disse.
Reiterou o compromisso
medidas de biossegurança.
“A escola não é o foco
de transmissão, porquanto
os professores e alunos têm
contacto com a sociedade,
onde há o desrespeito das
“Devemos
continuar a educar
as crianças,
mostrando-as
as medidas
de prevenção,
os perigos da
pandemia e
educando-as sobre
a importância
da higienização”
do Governo em continuar
a resolver, de forma pau-
latina, os vários problemas
que afligem a classe. “A
melhoria das condições de
trabalho impõem-se como
uma obrigação de toda a
sociedade, em geral, e das
instituições governamen-
tais, em particular”, disse.
A directora Interina do
Gabinete Provincial da Edu-
cação , Fe r n a n d a A n d ré
Mulelo, explicou que, neste
ano lectivo, 560.665 alunos
estão matriculados e são
assegurados por 15.015 fun-
cionários, entre professores
e trabalhadores administra-
tivos, distribuídos em 1.282
escolas, entre públicas, pri-
vadas e público – privadas.
Sob lema, “Professores
liderando e promovendo
mudanças em tempo de crise”,
foi a 22 de Novembro de 1977,
que o primeiro Presidente de
Angola, António Agostinho
Neto, declarou aberta a cam-
panha de alfabetização, na
fábrica Textang II, em Luanda,
e ficou na história do país
como data consagrada ao pro-
fessor e, em 1978, foi insti-
tucionalizado como Dia do
Educador nacional.
medidas de biossegurança.
Esses são factores que pro-
porcionam a contaminação
de docentes em ambientes
extra-escolares”, afirmou.
O Cuanza-Norte conta
NAS ESCOLAS DO ZAIRE
Educadores exigem reforço
dos meios de biossegurança
Fernando Neto | Mbanza Kongo
O aumento de casos posi-
tivos de Covid-19 preocupa
os professores na província
do Zaire, que defendem um
reforço dos meios de bios-
segurança nas escolas, para
se evitar a propagação do
vírus Sars Cov-2.
Numa mensagem em alu-
são ao Dia Nacional do Edu-
cador, que hoje se assinala,
os professores exigem água
corrente para lavagem cons-
tante das mãos, termómetros
para a medição da tempe-
ratura, álcool em gel, viseiras
protectoras e um pronto-
socorro para atender even-
tuais casos de Covid-19 entre
os professores e alunos.
Na mensagem, apresen-
tada durante o acto provincial
do Dia do Educador, decorrido
na comuna do Nkiende, a 35
quilómetros da cidade de
Mbanza Kongo, os professores
solicitaram ao Governo do
Zaire a criação de centros de
investigação nas escolas,
equipados com Internet, para
facilitar a preparação dos
conteúdos a leccionar.
Os professores reconhe-
ceram o momento de crise
económica que o país vive,
agudizado pela pandemia
da Covid-19. “Pedimos a
todos os professores que
tomem consciência das difi-
culdades que o país vive,
em função da crise econó-
5
DR
com 275 casos positivos,
c o m 1 9 9 ac t ivo s , to d o s
assintomáticos e sob acom-
panhamento médico
domiciliar, 75 recuperados
e um óbito.
mica global, associada à
pandemia da Covid-19.
Assim, não vamos ser ime-
diatistas, mas pedir às auto-
ridades solução gradual dos
no ss o s problema s , de
acordo com o contexto”,
lê-se na mensagem.
A vice-governadora do
Zaire para o sector Técnico e
Infra-estruturas, Ângela
Diogo, frisou que o professor
tem também um papel impor-
tante na transmissão das
medidas de prevenção contra
a Covid-19 aos alunos.
“O professor tem a res-
ponsabilidade, nesta fase, de
orientar os alunos a cumprirem
cabalmente todas as reco-
mendações do sector da Saúde,
quanto ao uso correcto da
máscara, manter o distancia-
mento físico e lavar as mãos
constantemente”, referiu.
A governante lembrou
que, apesar do confinamento
que o país vive, os professores
souberam, através das tele-
aulas, manter as crianças no
caminho da aprendizagem.
“ São várias as dificuldades
que os professores enfrentam
para garantir a continuidade
das aulas presenciais e não
presenciais, dando às crianças
oportunidade de continuarem
a aprender. Reconhecemos
que muitas escolas ainda
carecem de meios e vamos
assumir a responsabilidade
na melhoria destas condi-
ções”, assegurou.
6 DESTAQUE
SUL-AFRICANOS LIDERAM
ESTATÍSTICAS NEGATIVAS
África soma
418 óbitos
e 14.287
infecções
África registou 418 mortes
devido à Covid-19, nas últimas
24 horas, aumentando para
49.099 o total de vítimas mor-
tais pelo novo coronavírus,
que já infectou 2.043.462 pes-
soas no continente.
Segundo o Centro de Con-
trolo e Prevenção de Doenças
da União Africana (África
CDC), o novo coronavírus
infectou, nas últimas 24
horas, mais 16.621 pessoas,
nos 55 Estados-membros
da organização, e o número
de recuperados em igual
período foi de 14.287, para
um total de 1.728.682.
O maior número de casos
de infecção e de mortos
regista-se na África Austral,
com 855.469 e 22.355, res-
pectivamente. Na região, a
África do Sul, o país mais
afectado, contabiliza um
total de 762.763 casos e
20.759 mortes.
O Norte de África é a
segunda zona mais afectada
pela pandemia, registando
um total de 672.511 infec-
tados e 17.847 mortos. Na
África Oriental, há 251.303
casos e 4.885 óbitos. Na
África Ocidental, o número
de infecções é de 200.493,
com 2.835 mortos, e a África
Central regista 63.686 casos
e 1.177 óbitos.
O Egipto, o segundo país
africano com mais vítimas
mortais, a seguir à África do
Sul, regista 6.521 mortos e
112.318 infectados, seguindo-
se Marrocos, 5.182 vítimas
mortais e 316.260 casos.
Entre os seis países mais
afectados estão também a
Argélia, com 72.755 infec-
ções e 2.221 mortos, a Etió-
pia, 104.879 e 1.620, e a
Nigéria, 65.982 e 1.165.
Em relação aos países
africanos que têm o portu-
guês como língua oficial,
Moçambique regista 121
mortos e 14.877, Cabo Verde
104 e 10.152, Guiné Equa-
torial 85 e 5.121, Guiné-Bis-
sau 43 e 2.421 e São Tomé e
Príncipe 17 e 974.
O primeiro caso de
Covid-19 em África surgiu
no Egipto, a 14 de Fevereiro,
e a Nigéria foi o primeiro
país da África Subsaariana
a registar casos de infecção,
a 28 de Fevereiro.
ESTADOS UNIDOS À FRENTE NOS NÚMEROS
Mortes no mundo
chegam a 1.373.381
A nova pandemia do coro-
navírus já matou pelo menos
1.373.381 em todo o mundo,
desde que a Organização
Mundial da Saúde (OMS)
relatou o início da doença,
no final de Dezembro, na
China, segundo um balanço
realizado pela agência noti-
ciosa France-Press. Mais de
57.583.290 casos de infecção
CONTAMINAÇÃO É MESMO PELO AR
Limpeza de superfícies é,
afinal, “teatro higiénico”?
Os mais recentes estudos indicam que o novo
coronavírus se espalha por gotículas no ar e que a
transmissão através de superfícies é improvável
Nos meses do confinamento,
um pouco por todo o mundo,
passeios, bancos de jardim,
caixotes de lixo e outro mobi-
liário urbano receberam bri-
gadas de limpeza com
químicos. O pânico de algu-
mas pessoas levou-as a com-
portamentos irracionais,
como a lavagem das compras,
por exemplo. No interior dos
edifícios, sejam lojas, escri-
tórios, restaurantes ou esta-
ções de comboios, a limpeza
das superfícies foi reforçada
como medida para impedir
a transmissão do vírus.
Mas vale a pena o esforço
extra em recursos humanos
e em químicos e detergentes?
“Na minha opinião, está-
se a desperdiçar muito tempo,
energia e dinheiro na desin-
fecção de superfícies e, mais
importante ainda, a desviar
a atenção e os recursos da
prevenção da contaminação
pelo ar”, disse Kevin Fen-
nelly, especialista em Infec-
ç õ e s Re sp i rató r i a s d o
National Institutes of Health
(NIH) dos Estados Unidos,
ao New York Times.
Para combater a ameaça
do novo coronavírus no inte-
rior dos edifícios, os espe-
cialistas estão a convencer
as autoridades de saúde que
o mais importante é a melho-
ria da ventilação e na filtra-
gem do ar interior, em
foram oficialmente diag-
nosticados desde o início
da epidemia, dos quais pelo
menos 36.725.500 já são
considerados curados.
O número de casos diag-
nosticados reflecte, no entanto,
a p e n a s u m a f ra c ç ã o d o
número real de infecções, já
que alguns países testam ape-
nas os casos graves, outros
conjugação com a distância
social e as máscaras, e em
deixar para trás o “teatro
higiénico”, como foi descrito
pela revista The Atlantic, e
que proporciona uma falsa
sensação de segurança.
A investigação aponta para
que o vírus se encontre nal-
gumas superfícies como o
plástico e o aço até três dias.
No entanto, hoje considera-
se que a capacidade para
essas partículas infectarem
é diminuta ou nula.
A questão foi objecto de
um estudo publicado em
Julho na revista científica
The Lancet, o qual concluía
que se estava a dar impor-
tância exagerada a essa forma
de transmissão.
“Pelo menos para o vírus
original do SARS, a trans-
missão era, no máximo,
ínfima”, disse o autor do
ensaio, o microbiologista
Emanuel Goldman da Uni-
versidade Rutgers, num e-
mail ao NYT. “Não há razão
para esperar que o parente
próximo SARS-CoV-2 se
comportasse de forma sig-
nificativamente diferente
neste tipo de experiência”,
acrescentou.
A Organização Mundial
da Saúde, acusada por vários
países de ter falhado na abor-
dagem inicial à pandemia,
bem como pela relação com
priorizam o teste para ras-
treamento e muitos países
pobres têm capacidade limi-
tada de teste. Na passada sexta-
feira, registaram-se 11.847
novas mortes e foram iden-
tificados 657.054 novos casos
em todo o mundo. Os países
q ue regi staram o maior
número de novas mortes são
os Estados Unidos, com 1.878,
França, 1.138, e o México, 719.
Os Estados Unidos são o
país mais afectado por mor-
tes e casos, com 254.424 e
11.913.945, respectivamente,
segundo a Universidade
Johns Hopkins, tendo
4.457.930 pessoas sido cura-
DR
a China, passou meses a
informar que a transmissão
pelas superfícies era um
risco. Em contrapartida,
minimizou a propagação por
via aérea. Só depois do refe-
rido estudo publicado em
Julho e de 239 cientistas
terem chamado a atenção
da OMS, numa carta aberta,
é que a organização passou
a avisar para a possibilidade
de contágio pelas partículas
no ar em espaços fechados
e mal ventilados.
Em Outubro, o Centro de
Controlo de Doenças dos EUA
reviu as orientações e passou
a considerar a transmissão
pela exposição ao vírus em
pequenas gotículas e partí-
culas, ou aerossóis, que
podem permanecer no ar
durante minutos ou até horas.
Em Espanha, o Ministério
da Saúde adoptou na
quarta-feira as provas de
que os aerossóis são uma
via de transmissão do novo
coronavírus e estabeleceu
que o risco aumenta em
ambientes fechados e lota-
dos, em especial em espaços
mal ventilados, e com acti-
vidades como o exercício
físico, falar alto, gritar ou
cantar. Para a OMS, o vírus
é transmitido “principal-
mente p or gotícula s de
saliva ou secreções (...) de
tosses e espirros”.
Bélgica é o país que
lamenta o maior
número de mortes
em relação
à população, com 132
por 100.000
habitantes
das. Depois dos Estados Uni-
dos, os países mais afectados
são o Brasil, com 168.613
mortos e 6.020.164 casos;
Índia, 132.726 e 9.050.597;
México, 100.823 e 1.025.969,
e o Reino Unido, 54.286 e
1.473.508. Ainda entre os
HOMEM INFECTADO
Mentira de trabalhador
de pizzaria abriga
a confinamento na Austrália
Um homem infectado com
Covid-19 mentiu ao dizer
que tinha ido a uma piz-
zaria na qualidade de
cliente e, julgando que o
indivíduo teria contraído
o vírus durante uma breve
exposição a um surto com
um potencial altamente
contagioso, as autoridades
do estado da Austrália do
Sul (ou Austrália Meridio-
nal) decidiram decretar
um confinamento total.
No entanto, na verdade,
o homem trabalhava na piz-
zaria num sistema de turnos,
disse a polícia local, citada
pela BBC. Ou seja, inicial-
mente, as autoridades pen-
saram que o homem pudesse
ter contraído o vírus só devido
a uns breves minutos na piz-
zaria, na qualidade de
cliente, quando na realidade
trabalhava lá e a exposição
era assim muito maior.
“Estávamos a operar com
a premissa de que essa pes-
soa simplesmente foi a uma
pizzaria, tinha tido uma
exposição muito curta ao
vírus e saiu a caminhar
depois de ter sido conta-
giado”, explicou o comissário
de polícia da Austrália do
Sul, Grant Stevens.
“Agora, sabemos que, afi-
nal, este homem teve um
contacto muito próximo com
outra pessoa que foi diag-
nosticada com Covid-19. Isso
mudou substancialmente a
dinâmica. Se essa pessoa
tivesse sido sincera com as
equipas de rastreamento de
contactos, não teríamos
entrado num confinamento
durante seis dias”, lamentou
o responsável, que não iden-
tificou o homem, mas disse
que trabalhava na Woodville
Pizza Bar, em Adelaide.
países mais atingidos, a Bélgica
é o que lamenta o maior
número de mortes em relação
à população, com 132 por
100.000 habitantes, seguindo-
se o Peru (108), Espanha (91)
e Argentina (81).
A China, excluindo os ter-
ritórios de Hong Kong e
Macau, contabilizou, oficial-
mente, um total de 86.414
casos, 16 novos entre sexta e
ontem, contando 4.634 mortes
e 81.472 recuperações.
Na região da América Latina
e Caraíbas, contaram-se
432.461 mortes para 12.368.175.
Na Europa, registaram-se
365.406 e 16.034.727, nos
Domingo
22 de Novembro de 2020
O jornal Sydney Morning
H e r a l d ava n ç o u q u e o
homem trabalhava com um
segurança que contraiu o
vírus num hotel de qua-
rentena no centro do surto,
que levou a Austrália do Sul
a entrar em alerta máximo
na segunda-feira.
O receio de existir uma
disseminação descontrolada
devido a um surto com um
potencial altamente con-
tagioso levou o estado a
decretar confinamento total,
mas se houvesse um conhe-
cimento prévio dos con-
tactos do trabalhador da
pizzaria teriam sido tomadas
medidas mais cirúrgicas.
O confinamento começou
na quarta-feira, depois de
o estado ter detectado 36
infecções, nas quais estão
incluídas as primeiras trans-
missões locais desde Abril.
“Dizer que estou furioso
é um eufemismo”, disse
sexta-feira o Primeiro-
Ministro Steven Marshall
aos jornalistas.
“Estamos absolutamente
impávidos com as acções
desse indivíduo e vamos
examinar com muito cui-
dado quais vão ser as con-
sequências”, acrescentou.
As autoridades estaduais
previam suspender o con-
finamento ontem, três dias
antes do planeado, após
terem registado apenas três
novos casos na sexta-feira.
A Austrália regista cerca
de 900 mortes e 28 mil casos
confirmados de Covid-19 no
total. A estratégia do país para
combater a pandemia tem
passado por confinamentos,
testes generalizados e ras-
treamento agressivo de con-
tactos para manter as infecções
diárias perto de zero.
DR
Estados Unidos e Canadá
265.736 e 12.232.828, na Ásia
186.824 e 11.791.588, no Médio
Oriente 72.909 e 3.081.311, e
na Oceânia 941 e 30.107.
Esta contagem foi reali-
zada com base em dados
recolhidos pela France-Press
junto das autoridades nacio-
nais competentes e infor-
mações da OMS.
Devido a correcções fei-
tas pelas autoridades ou
divulgação tardia de dados,
os números do aumento de
24 horas podem não cor-
responder exactamente aos
publicados no dia anterior,
adverte a AFP.
DESTAQUE Domingo
22 de Novembro de 2020
MAIORIA DAS EMPRESAS
VIU A RECEITA CAIR 4,3 POR CENTO
Multinacionais:
quem ganhou
e quem
perdeu?
A pandemia do novo coronavírus
que colocou o mundo em recessão
não está a afectar todas as
empresas multinacionais da
mesma forma, de acordo com um
estudo do banco italiano
Mediobanca
Embora a maioria das mul-
tinacionais esteja a perder
receita, há também a que
tenha retirado grandes pro-
veitos desta crise provocada
pela pandemia de Covid-19.
O estudo publicado quinta-
feira é baseado nos resultados
financeiros dos primeiros
nove meses de 2020 de mais
de 160 empresas com mais
de três mil milhões de euros
em receitas anuais. Em
média, as empresas viram
as suas vendas caírem 4,3%.
Vencedores
Internet
A ordem começa com as
empresas que juntaram
ganhos. O estudo concluiu
que as empresas de Internet
foram as maiores vencedoras.
As vendas para o setor - das
quais os gigantes do comércio
online, incluindo a Amazon
respondem por cerca de um
terço - aumentaram 18,4%
e o lucro líquido 21,8%.
“Os gigantes da web mos-
traram mais uma vez mais
a capacidade de inovação e
flexibilidade durante a crise”,
ao saber “lucrar com as medi-
das de confinamento adop-
tadas pelos governos” para
travar a disseminação do
novo coronavírus, bem como
aproveitando a “mudança
de hábitos de consumo”, diz
o grupo Mediobanca .
Os serviços de entrega de
alimentos tiveram um boom,
com as vendas a subirem 47
As pessoas contagiadas com
o novo coronavírus ficam
menos susceptíveis a serem
n o va m e n t e i n f e c t a d a s
durante os seis meses seguin-
tes, segundo um estudo
anunciado no Reino Unido.
A investigação da Uni-
versidade e dos hospitais
universitários de Oxford,
que ainda não foi sujeita a
avaliação de outros cientis-
tas, centrou-se no estudo
de 12.080 voluntários que
trabalham nos hospitais uni-
versitários e foram testados
regularmanete entre Abril
e Novembro.
“Este estudo contínuo
com uma grande quantidade
de sujeitos mostrou que uma
por cento. A venda de jogos
de vídeo aumentou 40% e
o comércio online cresceu
33%. Por outro lado, a venda
de viagens online caiu 52%.
Retalho
As grandes companhias de
retalho viram as suas recei-
tas aumentarem 8,8% e o
lucro líquido 19,2%. Muitos
negócios estão a investir
nas vendas online, que dis-
pararam 80%.
“Os retalhistas de ali-
mentos que não foram afec-
tados pelas medidas de
confinamento beneficiaram
das restrições impostas aos
restaurantes, do cresci-
mento do teletrabalho e da
propensão dos consumi-
dores em armazenar pro-
dutos”, diz o banco. Os
consumidores estão cons-
tantemente a mudar o seu
comportamento, acrescen-
taram os especialistas.
O valor da compra média
está a aumentar, mas os con-
sumidores estão a comprar
com menos frequência. Além
disso, o estudo nota um
aumento na preferência por
comércio local, bem como
lojas de descontos e pequenas
mercearias em comparação
com os grandes supermer-
cados. Os serviços de clicar
e colectar, bem como a entrega
em casa, estão a crescer, assim
como as novas formas de
pagamento (por exemplo,
através de telemóvel).
ESTUDO BRITÂNICO
Imunidade à reinfecção dura
seis meses para a maioria
infecção dá protecção contra
a reinfecção à maior parte
das pessoas durante pelo
menos seis meses”, decla-
rou um dos autores, David
Eyre, do departamento de
saúde pública da Univer-
sidade de Oxford.
“ Não encontrámo s
nenhuma infecção com sin-
tomas nos participantes que
testaram positivos para anti-
corpos, enquanto 89 dos que
Tecnologia
Outro vencedor é o sector
de IT, que ganhou com o facto
de a pandemia ter levado as
empresas a acelerar uma
mudança em direcção às
operações digitais e à com-
putação em nuvem.
A Inteligência Artificial e
as comunicações móveis 5G
tamb ém re ceb eram um
impulso. No geral, o sector
viu as vendas aumentarem
5,7% e os lucros líquidos
subirem 11,6%.
Empate
Farmacêuticas
Mesmo que o lucro líquido
tenha caído 10,1%, o sector
farmacêutico conseguiu um
aumento de 3,1% nas vendas.
A primeira onda da pande-
mia forçou muitos hospitais
a cancelar alguns tratamen-
tos, o que empurrou as ven-
das de medicamentos para
o vermelho. As empresas
que conseguirem lançar com
sucesso uma vacina contra
a Covid-19 no mercado
podem ter grandes aumentos
nas vendas.
Os derrotados
Setor da energia
As empresas de energia foram
prejudicadas devido à queda
nos preços do petróleo e na
demanda por energia, com as
receitas a cair na ordem dos
32,3%. Muitas registaram per-
das líquidas. Embora a recu-
peração dos preços do petróleo
testaram negativo foram
infectados com o vírus e tive-
ram sintomas”, refere.
Considera ainda que se
trata de “uma boa notícia,
porque se pode ter a certeza
que, pelo menos a curto
prazo, a maior parte das
p e ss oa s infe ctada s não
volta a sê-lo”.
O estudo acrescenta que
“os níveis de anticorpos
diminuem com o tempo,
DR
tenha ajudado no terceiro tri-
mestre, o Mediobanca diz que
é difícil prever como será 2021
para o sector.
Transportes
Os fabricantes do sector de
transportes também sofre-
ram. Com o fecho de con-
cessionárias de automóveis
em muitos países, os fabri-
cantes de carros viram as
vendas caírem 17,4% e o
lucro líquido 66%. Os fabri-
cantes de aviões, que são
pagos na entrega das aero-
naves, viram as receitas bai-
xar 30% e registaram perdas.
Moda
“2020 parece o ano mais difícil
para a indústria da moda”, diz
o Mediobanca. O fecho de lojas
prejudicou a indústria, assim
como a queda no turismo -
as compras feitas por turistas
eram uma importante fatia
do negócio das marcas de
luxo. As receitas caíram 21,3
por cento, apesar do aumento
de dois dígitos nas vendas
online, empurrando as empre-
sas para o vermelho.
Houve uma melhoria no
terceiro trimestre, graças
a alguma retoma do mer-
cado chinês. “2021, prova-
velmente, será um ano de
crescimento, mesmo que
o retorno aos níveis de ven-
das anteriores à crise não
aconteça até 2022 para mui-
tas empresas”, conclui o
Mediobanca.
mas que existe alguma imu-
nidade entre as pessoas que
foram infectadas”.
Mais de 56 milhões de
casos de infecção pelo SARS-
CoV2 foram diagnosticados
e mais de 36 milhões foram
dados como curados, com
raros casos de reinfecção.
Um outro estudo realizado
pelo Imperial College de Lon-
dres e pelo instituto Ipsos
Mori, e divulgado no mês
passado, mostrou que a imu-
nidade adquirida pelas pes-
soas que recuperaram da
infecção diminui “bastante
rapidamente”, especialmente
quando se trata de pessoas
sem sintomas, dissipando-
se em poucos meses.
FARMACÊUTICA REAFIRMA
EFICÁCIA DO VEKLURY
Criadora do remdesivir reage
contra orientações da OMS
“É reconhecido como trata-
mento padrão para doentes
hospitalizados com Covid-19
nas orientações clínicas de
inúmeras organizações nacio-
nais conceituadas, incluindo,
entre outros, o National Ins-
titutes of Health e a Infectious
Diseases Society of America
nos EUA, bem como os seus
congéneres no Japão, Reino
Unido e Alemanha”, defendeu
a empresa em comunicado,
na sequência da posição emi-
tida ontem por um grupo de
peritos da OMS, a desacon-
selhar o medicamento antiviral
remdesivir para tratar a Covid-
19, por falta de provas de que
seja eficaz.
A biofarmacêutica norte-
americana considerou que
existem evidências sólidas
de “múltiplos estudos alea-
torizados e controlados”,
divulgados em publicações
científicas revistas por pares,
que validam os benefícios
clínicos do Veklury, incluindo
“a recuperação significati-
vamente mais rápida, que
pode libertar recursos hos-
pitalares limitados”.
“Lamentamos que as direc-
trizes da OMS pareçam ignorar
esta evidência, numa altura
e m q u e o s ca s o s e stão a
aumentar dramaticamente
em todo o mundo e os médicos
confiam no Veklury como o
primeiro e único tratamento
antiviral aprovado para utili-
zação em doentes com Covid-
19 em cerca de 50 países”,
lê-se no comunicado.
O painel de peritos inter-
nacionais, especialistas de todo
o mundo que fazem parte de
um grupo de desenvolvimento
de linhas orientadoras da OMS,
não sugere o uso do medica-
mento em doentes hospitali-
zados com Covid-19, estejam
ou não em situação grave, por
falta de provas de que influencie
a sobrevivência ou a necessi-
dade de ventilação.
A empresa que investiga e
desenvolve medicamentos
sustentou, por seu lado, que
o tratamento de doenças crí-
ticas com medicamentos que
combatem o agente causador
tem sido “a pedra angular dos
cuidados médicos” e que,
como antiviral, o Veklury
“inibe a replicação do SARS
7
CoV-2”, o vírus que causa a
Covid-19, reduzindo a carga
viral no organismo.
“Combinações de Veklury
com agentes anti-inflamató-
rios estão a ser estudadas para
potencialmente melhorar os
resultados para os doentes
com Covid-19, sobretudo em
doentes com formas graves
de doença”, acrescentou a
Gilead, no documento em que
critica a orientação dos espe-
cialistas da OMS.
O remdesivir tem sido
apontado como um tratamento
potencialmente eficaz para
casos graves de Covid-19 e é
muito usado para tratar pessoas
hospitalizadas.
A recomendação agora
d iv u lga d a , s e g u n d o u m
comunicado da OMS, baseia-
se numa nova revisão de pro-
vas, comparando os efeitos
de vários medicamentos con-
tra a Covid-19, e inclui dados
de quatro ensaios interna-
cionais que envolveram mais
de 7.000 pessoas hospitali-
zadas com a doença.
Após uma revisão exaustiva
das provas, o painel de peritos
concluiu que o remdesivir
“não tem qualquer efeito sig-
nificativo na mortalidade ou
noutros resultados importantes
para os doentes, como a neces-
sidade de ventilação ou a rapi-
dez nas melhoras”.
A empresa insistiu que “pro-
vas sólidas de múltiplos estudos
aleatorizados e controlados”,
disponibilizados em publica-
ções científicas revistas por
pares, “validam os benefícios
clínicos” do Veklury.
“Os resultados do ensaio
ACTT-1 do National Institute
of Allergies and Infectious
Diseases concluíram que o tra-
tamento com Veklury resultou
em melhorias clinicamente
significativas através de múl-
tiplas avaliações de resultados
em doentes hospitalizados com
Covid-19”, frisam na reacção
à posição divulgada pela OMS.
Para os especialistas da
OMS, não há provas de que o
remdesivir tenha qualquer
benefício para os doentes. E
desaconselham o seu uso,
quer pela possibilidade de
efeitos secundários, quer pelo
que implica a sua adminis-
tração (intravenosa).
DR
8 DESTAQUE Domingo
22 de Novembro de 2020

MULHERES MAIS
No entanto, muitos imu- VULNERÁVEIS
nologistas frisam que é natu- À INFECÇÃO
ral que os níveis de anticorpos
caiam, pois são apenas uma
pequena parte do sistema
Homens perdem
NOVOS ESTUDOS imunológico. E, embora protecção mais
sejam necessários para blo-
depressa
Imunidade quear o vírus e prevenir uma
segunda infecção - algo
conhecido como imuni-
dade esterilizante -, as
Os homens perdem a protecção
ao vírus SARS -Cov-2 mais
depressa do que as mulheres,

à Covid-19 células imunológicas que

se “lembram” do vírus com
mais frequência são res-
ponsáveis pela prevenção
indica um estudo francês divul-
gado esta semana, que acom-
panhou durante seis meses
pessoas com Covid-19 em hos-

pode durar de doenças graves.

“A esterilização da imu-
nidade não acontece com
muita frequência - essa não
pitais de Estrasburgo.
A investigação, noticiada
esta quarta-feira, pelo jornal
britânico The Guardian, ainda

anos é a norma”, disse Alessandro

Mais um sinal de que há luz
no fundo do túnel em relação
à pandemia da Covid-19.
Um novo estudo sugere que
a imunidade à doença possa
durar anos e talvez até déca-
das, dando assim a esperança
de que a vacina possa colocar
termo ao novo coronavírus,
avança o New York Times.
Segundo os novos dados,
a maioria das pessoas que
recuperou da infecção apre-
senta células imunológicas
suficientes para afastar o
vírus e prevenir doenças oito
meses após a infecção e, ao
que tudo indica, essas células
podem persistir no corpo
durante muito mais tempo.
A investigação, publicada
online, não foi revista por
pares nem difundida numa
revista científica, mas é o
estudo mais abrangente sobre
a memória imunológica em
relação ao novo coronavírus
feito até hoje.
“ E s sa q u a n t i d a d e d e
memória provavelmente evi-
tará que a grande maioria
das pessoas contraiam doen-
ças graves durante muitos
anos”, disse Shane Crotty,
virologista do Instituto de
Imunologia La Jolla, dos Esta-
dos Unidos, que coliderou
o novo estudo.
As descobertas provavel-
mente poderão aliviar os
especialistas preocupados
com a possibilidade de a
imunidade ao vírus poder
ter vida curta, o que signi-
ficaria que as vacinas teriam
de ser administradas repe-
tidamente para manter a
pandemia sob controlo.
Esta investigação foca-se
ainda em outra descoberta
recente: os sobreviventes da
SARS, causada por outro
coronavírus, ainda carre-
gam certas células imuno-
lógicas importantes, 17 anos
após a recuperação.
Investigadores da Uni-
versidade de Washington,
liderados pela imunologista
Marion Pepper, já haviam
mostrado que certas células
de “memória” que foram
produzidas após a infecção
pelo coronavírus persistem
no corpo durante pelo menos
três meses. E um estudo
publicado na semana passada
também chegou à conclusão
de que as pessoas que recu-
peraram da Covid-19 têm
Amostras de sangue de
pacientes recuperados
sugerem uma resposta
imunológica poderosa e
duradoura, relataram os
investigadores
preendida com o facto de o
Um pequeno corpo ter uma resposta dura-
número de pessoas doura, porque “é isso que
infectadas no novo deve acontecer”. Ainda
estudo não tinha assim, ficou animada com
imunidade a investigação: “Esta é uma
duradoura após a notícia empolgante”.
recuperação, talvez Um pequeno número de
por causa das pessoas infectadas no novo
diferenças nas estudo não tinha imunidade
quantidades de duradoura após a recupera-
coronavírus a que ção, talvez por causa das
foram expostas. Mas diferenças nas quantidades
as vacinas podem de coronavírus a que foram
superar essa expostas. Mas as vacinas
variabilidade podem superar essa varia-
individual bilidade individual, disse
Jennifer Gommerman, imu-
nologista da Universidade
células imunes que são pode- de Toronto. “Isso ajudará a
rosas e protectoras, mesmo focar a resposta, para que
quando os anticorpos não não se obtenha o mesmo tipo
são detectáveis. de heterogeneidade que se
E s te s e s t u d o s “ e s tã o vê numa população infec-
todos a pintar o mesmo tada”, referiu.
quadro, de que, após umas Estes novos dados con-
primeiras semanas críticas, trariam a preocupação cau-
a resposta imunológica sada nos últimos tempos pelos
parece bastante conven- relatos de que a diminuição
cional”, disse Deepta Bhat- dos níveis de anticorpos
tacharya, imunologista da pudesse fazer com que a imu-
Universidade do Arizona. nidade desaparecesse ao fim
Akiko Iwasaki, imuno- de alguns meses, deixando
logista da Universidade de assim as pessoas vulneráveis
Yale, disse que não ficou sur- a uma reinfecção.
Sette, imunologista do Ins-
tituto de Imunologia La Jolla.
O que acontece mais fre-
quentemente nas reinfec-
ções é o sistema imunológico
re c o n h e c e r o i nva s o r e
extinguir rapidamente o
vírus, até porque a Covid-
19 é particularmente lenta
a causar danos, dando assim
ao sistema imunológico
tempo suficiente para entrar
em acção.
Para este estudo, Ales-
sandro Sette e seus colegas
recrutaram 185 homens e
mulheres, com idades entre
19 e 81 anos, que se recu-
peraram da Covid-19. A
maioria apresentou sintomas
leves, que não exigiram uma
hospitalização. E a maior
parte das pessoas envolvidas
no estudo forneceu apenas
uma amostra de sangue,
enquanto 38 forneceram
várias amostras ao longo de
muitos meses.
A equipa acompanhou
quatro componentes do
sistema imunológico: anti-
corpos, células B que pro-
duzem mais anticorpos
conforme necessário; e dois
tipos de células T que
matam outras células infec-
tadas. A ideia era construir
uma imagem da resposta
imunológica ao longo do
tempo, observando os seus
constituintes. “Se se olhar
apenas para um, podemos
estar a perder o quadro
completo”, disse Crotty.
O estudo é o primeiro a
mapear a resposta imuno-
lógica a um vírus em deta-
lhes tão granulares, dizem
os especialistas.
não passou pelo processo de
revisão pelos pares (em que a
metodologia utilizada é criticada
por especialistas da mesma
área), mas, a confirmar-se,
poderá pôr em causa a tradi-
cional abordagem de tratamento
“unissexo” numa futura vacina.
Os cientistas acompanharam
308 médicos e enfermeiros infec-
tados com o vírus da Covid-19
e com sintomas moderados.
Durante esse período, foi con-
firmado que os homens produ-
z i a m ce r c a d o d o b r o d o s
anticorpos contra o vírus do que
as mulheres, mas que, em con-
trapartida, o declínio dos mesmos
se dava muito mais rapidamente.
“Outros estudos já demons-
traram que os homens têm um
valor de anticorpos superior
ao das mulheres na fase aguda
da doença, mas estamos a
demonstrar que, apesar de os
homens terem uma melhor res-
posta no início, a queda no nível
de anticorpos é muito mais
rápida com o tempo, enquanto
as mulheres mantêm os níveis
mais estáveis”, afirmou uma
das autoras do estudo, a direc-
tora de Virologia da Universidade
de Estrasburgo, Samira Fafi-
Kremer, citada pelo Guardian.
A razão por trás deste pro-
cesso é actualmente desconhe-
cida, afirma outro signatário do
documento, o director do Ins-
tituto Pasteur, Olivier Schwartz.
Os dados do novo estudo
vêm ao encontro de investiga-
ções anteriores, lembra o jornal
britânico, que apontam para
o facto de os homens parecerem
ter o dobro da probabilidade
de morrerem de Covid-19. Em
contrapartida, as mulheres
parecem ter maior probabili-
dade de serem infectadas.

A Agência Espanhola de
Medicamentos e Produtos
Sanitários (Aemps) autori-
zo u a re a l i za ç ã o d e u m
ensaio clínico na fase 3, em
Espanha, da vacina contra
a Covid-19 que está a ser
desenvolvida pela farma-
cêutica Johnson&Johnson.
O anúncio foi feito na quarta-
feira pelo Ministério da Saúde.
Esta é a primeira vez que
a Espanha autoriza um ensaio
na fase 3, com duas doses,
para uma vacina contra a
Covid-19. O ensaio será rea-
lizado em nove centros hos-
pitalares e terá início o mais
rapidamente possível, com
o recrutamento de voluntá-
rios que cumpram os critérios
especificados no protocolo.
Sabe-se que 20% dos
voluntários serão menores
de 40 anos e que 30% terão
idade superior a 60 anos.
Durante o ensaio, todos serão
atentamente seguidos por
uma equipa de especialistas,
que vão acompanhar de perto
os casos de Covid-19 que
vão aparecendo. Mas será
necessário esperar pelo final
do ensaio para retirar todas
as conclusões sobre a efi-
cácia da vacina. Este aliás
é um dos requisitos neces-
sários para que mais tarde
possa vir a ser autorizada a
sua comercialização.
Neste ensaio, e numa pri-
meira fase, serão vacinados
voluntários sem doenças que
os possam expor mais ao
risco da Covid-19. Depois de
uma avaliação da parte de
um comité independente de
vigilância sobre os dados dos
participantes, será possível
que, numa segunda fase, se
possam juntar voluntários
com doenças associadas.
No ensaio da Joh -
nson&Johnson, uns volun-
tários recebem a vacina,
outros um placebo mascarado.
A farmacêutica tem previsto,
nesta fase 3 da vacina, recrutar
VACINA DA JOHNSON&JOHNSON NA ESPANHA
30 por cento dos voluntários
terão acima de 60 anos
cerca de 30 mil voluntários em
nove países - além de Espanha,
vão participar Bélgica, Colôm-
bia, França, Alemanha, Fili-
pinas, África do Sul, Reino
Unido e Estados Unidos.
Esta vacina, cujo nome é
Ad26.COV2.S, é baseada
numa tecnologia documen-
tada com um adenovírus
recombinante não replica-
tivo, de modo a gerar uma
resposta de imunidade contra
uma das proteínas do coro-
navírus, conhecida como
proteína S.
Na última semana de
S e te mb ro , a J o h n s o n &
Johnson anunciou que a
vacina contra a Covid-19
que está a fabricar produzia
uma forte resposta imuno-
lógica em apenas uma dose.
Chamada Ad26.COV2.S, a
vacina foi bem tolerada
também quando adminis-
trada em duas doses, mos-
trou o ensaio que estava
numa fase intermédia.
O ensaio englobou 1.000
adultos saudáveis. O desen-
volvimento da vacina é
apoiado pelo Governo dos
EUA e começou logo após
os primeiros testes, em Julho,
terem demonstrado uma
forte protecção em macacos
que também receberam ape-
nas uma única dose.
A Johnson&Johnson espera
agora os resultados dos cha-
mados testes da Fase 3 que
deverão surgir até ao final do
ano ou no início de 2021.
Fase decisiva
Em apenas uma semana,
foram anunciados resultados
de eficácia entre 90% e 95%
para três vacinas experimen-
tais para a Covid-19, duas
norte-americanas e uma
russa, com base em dados
preliminares de ensaios clí-
nicos na última fase.
Nesta “guerra fria” por
uma vacina contra uma
doença respiratória que
assola todo o mundo, causada
por um novo vírus, surge
um terceiro elemento, a
China, que prometeu divul-
gar, ainda em Novembro, os
primeiros resultados de efi-
cácia para uma vacina em
teste no Brasil, na Indonésia
e na Turquia.
Ap e sa r d a s “ n o t í c i a s
encorajadoras” sobre pos-
síveis vacinas para a Covid-
19, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) pede cau-
tela, uma vez que é neces-
sária a análise de mais dados
para aferir com rigor o seu
perfil de eficácia e segu-
ra n ça , s e m o q u a l n ão
podem ser administradas.
A 9 de Novembro, a mul-
tinacional farmacêutica
norte-americana Pfizer e a
parceira biotecnológica alemã
BioNTech anunciaram que a
sua vacina experimental para
a Covid-19 tinha 90% de efi-
cácia, partindo da análise de
94 casos de Covid-19.
Dois dias depois, o fabri-
cante da concorrente russa
Sputnik V anunciou uma efi-
cácia de 92%, com base em
dados de 20 casos. Mais recen-
temente, na segunda-feira,
16 de Novembro, a empresa
de biotecnologia norte-ame-
ricana Moderna indicou que
a sua vacina candidata é 94,5%
eficaz na prevenção da Covid-
19, tendo em conta a análise
de 95 casos.
ESPECIAL
ESCAVAÇÕES MOSTRAM TESOUROS E HORRORES
Ferraduras, túmulos e ossadas entre
as descobertas nas obras dos estádios
A mais macabra foi a descoberta durante a remodelação do Estádio Playa Ancha, em Valparaíso, no Chile:
nada mais, nada menos do que ossadas humanas, pois naquele local tinha funcionado um centro de
detenção durante a ditadura de Augusto Pinochet. O artigo é do jornal Diário de Notícias
Real Madrid e River Plate
estão a aproveitar a pandemia
para remodelar os seus está-
dios e as obras já revelaram
surpresas inusitadas. No con-
tinente americano, foram
várias as descobertas arqueo-
lógicas; na Europa têm sido
recuperadas "heranças" da
II Guerra Mundial. Em Por-
tugal, nem o brinco de Vítor
Baptista apareceu...
Real Madrid e o River
Plate estão a aproveitar a
pandemia de Covid-19 e a
impossibilidade de terem
público nos jogos para rea-
lizarem obras de moderni-
zação dos seus estádios. As
máquinas irromperam pelos
relvados e pelas bancadas,
numa espécie de contrar-
relógio para que tudo fique
pronto até serem levantadas
as restrições relacionadas
com a presença de público
nos recintos. E o curioso é
que no Estádio Santiago Ber-
nabéu e no Monumental de
Buenos Aires foram feitas
d e s c ob e r ta s i nu s itad a s
durante os trabalhos.
Os merengues estão a
modernizar a sua histórica
casa bem no centro de Madrid
e, quando rebaixavam a zona
do relvado em 30 metros, para
ali montarem um moderno
tapete verde retrátil, encon-
traram um cano gigante do
saneamento básico da cidade
que atravessava todo o recinto,
de uma baliza à outra.
A canalização estava já
bastante velha e, como tal,
aproveitaram a oportunidade
para a renovar. As fotos da
incrível descoberta foram
publicadas no Twitter pelo
responsável máximo pelos
relvados do Real Madrid, o
britânico Paul Burgess, e
tiveram um enorme impacto
nas redes sociais.
Ainda mais extraordinária
foi a descoberta feita nas
obras do Estádio Monumental
Domingo
22 de Novembro de 2020
de Núñez, palco da final do
Mundial de 1978, em que a
Argentina derrotou a Holanda
e s e s a g ro u c a m p e ã d o
mundo pela primeira vez.
UMA EUROPA CHEIA DE ENGENHOS
As bombas que não rebentaram
No continente europeu, tem
sido mais comum encontrar
bombas por rebentar. Foi assim
em 2017, na fase final da cons-
trução do Estádio Wanda Metro-
politano, do Atlético de Madrid.
Um operário que trabalhava
numa grua nas zonas circun-
dantes do recinto descobriu,
após escavar cerca de quatro
metros, uma bomba da Guerra
Civil Espanhola, com cerca de
50 centímetros de largura. O
engenho, com mais de 75 anos,
acabou por ser detonado pela
brigada de minas e armadilhas
espanhola e os trabalhos pude-
ram depois prosseguir.
Em 2015, tinha sido o
Borussia Dortmund a fazer
uma descoberta semelhante,
quando alguns técnicos ana-
lisavam o terreno junto ao
estádio para ampliação da
zona VIP do Signal Iduna Park.
Foi então encontrada uma
bomba de origem britânica,
de 250 quilos, lançada na II
Guerra Mundial, mas que aca-
bou por não rebentar. Aliás,
esta foi a segunda vez que
houve uma descoberta do
género no recinto do Dort-
mund. Em 1998, foi encon-
trada uma bomba ainda
maior, de 450 quilos, enterrada
no solo junto à entrada prin-
cipal do estádio. Dois anos
depois, sucedeu o mesmo no
Estádio Olímpico de Berlim.
Aliás, de acordo com as
autoridades alemãs, há muitas
bombas que nunca foram
Além da remodelação das
bancadas e de desaparecer
a pista de atletismo, o relvado
também teve intervenção,
pois foram retirados 30
DR
detonadas e que se encontram
ainda hoje incógnitas no solo
de várias cidades, o que repre-
senta um perigo, tendo em
conta que, à medida que o
tempo passa, os detonadores
vão-se tornando mais frágeis
e o risco de explosão é maior.
Duas dessas bombas da II
Guerra Mundial foram encon-
tradas em 2004, em Munique,
durante a construção do está-
dio do Bayern, no exterior do
recinto. Os engenhos eram
bem mais pequenos do que
aquele que foi descoberto em
Dortmund, do tamanho de
granadas, tendo acabado por
ser detonadas no local.
Mas a descoberta de bom-
bas da II Guerra Mundial não
é um exclusivo da Alemanha.
Na Rússia, durante a constru-
ção da Arena Volvogrado para
o Mundial 2018, foram encon-
tradas bombas e outros enge-
nhos que ali caíram durante
DR
metros cúbicos de terra para
que o terreno de jogo pudesse
ser rebaixado em um metro.
E foi precisamente neste pro-
c e s s o q u e o s o p e rá r i o s
a batalha de Estalinegrado.
Ta m b é m n a Po l ó n i a ,
durante a construção do Está-
dio Nacional de Varsóvia, que
recebeu o jogo de abertura
do Euro 2012, foi descoberta
uma bomba de oitenta cen-
tímetros de diâmetro, que se
encontrava no local há mais
de 65 anos. Acabaram por ser
os militares a retirar o engenho
do local para que as obras
pudessem prosseguir.
Do tempo da II Guerra Mun-
dial foi também descoberto
na Alemanha, em Hamburgo,
uma cruz suástica de betão,
com cerca de quatro metros,
no sítio onde os dirigentes do
SpVgg Billstedt-Horn preten-
diam construir os balneários
do Estádio Hein-Kling. As esca-
vações revelaram a presença
daquele símbolo nazi a apenas
40 centímetros de profundi-
dade, num local onde outrora
existiu um monumento do
partido de Adolf Hitler. Por
ser tão pesada, acabaram por
a destruir no local.
Mais inesperado foi aquilo
que os operários que remo-
delavam o El Sadar, estádio
do Osasuna, encontraram,
no Verão de 2019, numa das
paredes do recinto: um cofre
com 3.400 euros. E o mais
curioso é que ninguém fazia
ideia da existência daquele
tesouro, embora dois anos
antes tenham sido descober-
tos outros dois cofres, só que
estes estavam vazios.
encontraram três ferraduras
com mais de 120 anos e que
pertenceram ao antigo Hipó-
dromo Nacional de Belgrano,
que funcionou precisamente
naquele local entre 1887 e
1911. Em 1934, já depois da
demolição, o River Plate
comprou aqueles terrenos
para ali edificar o seu impo-
nente estádio.
A descoberta destas três
ferraduras é um autêntico
achado histórico da cidade
de Buenos Aires do final do
século XIX e princípio do
século XX, quando, aos
domingos, as corridas de
cavalos eram um evento
importante da sociedade da
capital argentina. Por isso
mesmo, as três peças passam
a estar expostas no museu do
River Plate, como importante
testemunho histórico do local
onde está o Estádio Monu-
mental, um verdadeiro espaço
de culto para os fanáticos hin-
chas dos millionarios.
Estas descobertas, na
sequência de remodelações
ou construções de recintos
desportivos, têm sido recor-
rentes um pouco por todo o
mundo. Em Portugal, não
há relatos de grandes des-
cobertas, embora durante
as obras de demolição do
antigo Estádio da Luz, em
2004, tenha havido quem
dissesse, em jeito de brin-
cadeira, que iria ser final-
mente encontrado o brinco
de Vítor Baptista, antigo
avançado do Benfica, que,
num dérbi com o Sporting,
em 1978, perdeu esse adereço
nos festejos de um golo.
Na altura, o irreverente
jogador obrigou mesmo o
árbitro Rosa Santos a parar
o jogo para procurar o brinco,
que custara mais de 10 contos
(50 euros)... uma fortuna na
altura. O momento ficou para
a história do futebol portu-
guês e tornou-se uma lenda.
9
DR
Ossos de mamute
Há de tudo entre o imenso
rol de descobertas. Que o
digam os adeptos de outro
clube argentino, o Central
de Córdoba, clube de San-
tiago del Estero, que, em
2019, aproveitando a subida
à I Divisão, iniciou as obras
de expansão do seu estádio.
E não é que foram encon-
trados ossos humanos? De
imediato, pararam os traba-
lhos, até que historiadores
da cidade do norte da Argen-
tina vieram dizer que, afinal,
aqueles ossos pertenciam a
um cemitério que ali existira
no século XIX.
Uma descoberta seme-
lhante, mas com maior valor
arqueológico, foi feita, em
2017, na Nicarágua, no início
da construção do Estádio
Nacional de Basebol, na capi-
tal, Manágua. Foram desco-
bertas mais de 42 urnas
funerárias em cerâmica, algu-
mas delas decoradas com
desenhos de animais em
relevo e com várias cores,
com cerca de 1.200 anos, que
apresentavam ainda restos
de ossos humanos.
Ou seja, anteriores à colo-
nização espanhola, o que per-
mitiu ter mais dados sobre
os povos indígenas que habi-
taram aquela região da Amé-
rica Central. Também na
Colômbia, em 2007, foi
encontrado um cemitério
indígena com cerca de 48
túmulos, com mais de 2000
anos. Foi durante a construção
do estádio do Deportivo Cali,
cujas primeiras escavações
revelaram também a exis-
tência de peças de cerâmica.
Mais macabra foi a descoberta
durante a remodelação do
Estádio Playa Ancha, em Val-
paraíso, no Chile, nada mais,
nada menos do que ossadas
humanas, pois naquele local
tinha funcionado um centro
de detenção durante a ditadura
de Augusto Pinochet.
Ainda no continente ame-
ricano, mas nos Estados Uni-
dos, a descoberta foi ainda
mais surpreendente, em
2016, durante as obras de
expansão dos balneários do
Estádio Reser, de futebol
americano, pertencente à
Universidade de Oregon
State. Foi encontrado um
fémur de um mamute com
mais de 10.000 anos, além
de ossos de outros animais
da Idade do Gelo, como um
bisonte e um camelo.
10 POLÍTICA
VICE-PRESIDENTE DO MPLA
Luísa Damião discursou no acto alusivo aos 58 anos da JMPLA, que se assinalam amanhã
Executivo preocupado
com sonhos dos jovens
Apesar da crise, o Governo está empenhado na resolução
dos principais problemas da população, garante Luísa Damião
Alberto Quiluta
O Executivo está fortemente
empenhado na resolução
dos principais problemas da
população, em particular na
criação de oportunidades
para a realização dos sonhos
e aspirações da juventude
angolana, garantiu, ontem,
em Luanda, a vice-presi-
dente do MPLA.
Luísa Damião, que dis-
cursava no acto alusivo aos
58 anos de fundação da
JMPLA, que se assinala ama-
nhã, lembrou que a juventude
angolana constitui a maioria
da população e “continua
com a mesma determinação,
empreendendo ideias ino-
vadoras que demonstram
a responsabilidade para
uma democracia partici-
pativa, na rota do desen-
volvimento económico”.
“Em todas épocas e cul-
turas, a juventude representa
a esperança de um futuro
melhor, pelo entusiasmo,
paixão, criatividade, espírito
empreendedor, coração e
mente abertas para criar e
inovar a qualidade postas ao
serviço da nação”, destacou.
A “número dois” na hie-
rarquia do partido no poder
em Angola rendeu home-
n ag e m a o s m i l h a re s d e
jovens que, em todas as fases
do percurso histórico, com
mestria e sabedoria, pres-
taram um “contributo ines-
timável”, que culminou com
a proclamação da Indepen-
dência Nacional, preservação
da integridade territorial e
a conquista da paz efectiva.
Luísa Damião exortou os
jovens a serem “mais audazes
e perseverantes” e desen-
volvam atitudes que os colo-
que na sociedade com
orgulho. Deixou uma palavra
de apreço a todos jovens os
angolanos que elevam o
nome de Angola em África
e no mundo. “É preciso que
a organização juvenil do
MPLA continue a contribuir,
no quadro das suas acções
e da sua missão, na educação
patriótica e anseios dos
jovens”, defendeu a dirigente
partidária, que disse estar
convicta da vitória neste
“momento difícil que a nossa
economia atravessa”.
Luísa Damião pediu que
“a JMPLA se transforme
numa organização mais
inclusiva, recebendo, cada
vez mais, os jovens de todos
extractos sociais”.
Luísa Damião
repudiou
aproveitamentos
políticos com a
crise económico-
financeira, agravada
com a pandemia
da Covid-19
Às jovens mulheres, enco-
rajou a “nunca perderem o
foco” e que “abracem o pro-
fissionalismo, mérito e com-
petência”. “Coloquem sempre
o talento e saber em tudo o
que fazem e nunca dispensem
os vossos valores de humil-
dade, solidariedade, tolerância
e respeito”, aconselhou.
A vice-presidente do
MPLA afirmou que “a questão
da empregabilidade dos jovens
tem merecido prioridade nas
políticas públicas, mesmo
condicionadas pela conjun-
tura económica e financeira
do país e recente crise de
saúde pública, imposta pela
pandemia da Covid-19”.
Luísa Damião sublinhou
que o sector público tem
realizado concursos públi-
cos para mitigar os níveis
de desemprego. A solução,
defendeu, passa pela diver-
sificação da economia e
alteração da estrutura eco-
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
nómica, dando fortaleci-
mento ao sector privado.
“Te m o s d e t ra b a l h a r
pa ra u m a d e m o c rac i a
ampla que exija atitude
digna e imponha respon-
sabilidades a todos os acto-
res e aos jovens”, advogou.
Diálogo construtivo
A vice-presidente do MPLA
desafiou os jovens a conti-
nuarem a “construir espaços
de diálogo construtivo”,
debate de ideias saudáveis
para a sociedade, quer nos
bairros, quer nas escolas ou
círculo de amigos.
Este diálogo, disse, deve
ser feito com respeito, tole-
rância e serenidade, ata-
cando os problemas e não
as pessoas.
Luísa Damião repudiou
“aproveitamentos políticos
com a crise económico-
financeira, agravada com a
pandemia da Covid-19”,
porque “a fase que vivemos
hoje exige sacrifícios de
todos angolanos”.
A dirigente do MPLA acre-
dita que “a juventude atenta
não se deixará instrumenta-
lizar” por aqueles que con-
siderou serem “os inimigos
da paz e unidade nacional”.
“Devemos rejeitar os discursos
de ódio e divisão dos ango-
lanos porque a paz e demo-
cracia são valores inalienáveis
do povo angolano”, exortou
Luísa Damião.
O primeiro secretário
nacional da JMPLA pediu
aos membros do Executivo
a deixarem os gabinetes para
verificarem “in loco” os pro-
blemas da juventude.
Aos jovens, Crispiniano
dos Santos pediu que não
se deixem ludibriar com
falsas promessas políticas.
Considerou que, 58 anos
depois, a JMPLA continua
firme na promoção do bem-
estar dos jovens.
PARLAMENTO AUSCULTA PARCEIROS SOCIAIS
Começa amanhã discussão
do OGE na especialidade
Adelina Inácio
A proposta do Orçamento
Geral do Estado para o exer-
cício económico de 2021
c o m e ça a s e r d i s c ut i d a
amanhã, na especialidade,
na Assembleia Nacional,
depois de sua aprovada, na
generalidade, na última
terça-feira.
As discussões na espe-
cialidade começam com a
recolha de contribuições dos
parceiros sociais, para a
melhoria da proposta.
Na terça-feira, os depu-
tados discutem o docu-
mento com os membros do
Executivo que respondem
pelo sector social. Estão,
igualmente, previsto
encontros com os órgãos
da administração da Justiça,
Defesa e Segurança e Rela-
ções Exteriores.
Aprovação final do OGE está marcada para 14 de Dezembro
ADALBERTO COSTA JÚNIOR
UNITA defende realização
de novo registo eleitoral
Venâncio Victor | Malanje
O presidente da UNITA,
Adalberto Costa Júnior,
defendeu, em Malanje, a rea-
lização de um novo registo
eleitoral, por, alegadamente,
terem desaparecido, da base
de dados, cerca de dois
milhões de eleitores, nos
pleitos de 2012 e 2017.
Adalberto Costa Júnior
falava, sexta-feira, para um
grupo de militantes, na sede
do comité provincial da
UNITA, à sua chegada a
Malanje, onde dirige, desde
ontem, a terceira fase da
segunda reunião da Comis-
são Política. A reunião con-
grega membros residentes
nas regiões Norte e Leste,
nomeadamente nas provín-
cias de Malanje, Lunda-
Norte, Lunda-Sul, Moxico,
Cuanza-Norte, Bengo, Uíge,
Zaire e Cabinda.
O líder do maior partido
da oposição anunciou, para
amanhã e terça-feira, a rea-
lização, em Malanje, de um
seminário para quadros do
partido. Adalberto Costa
Júnior considerou funda-
mental a acção formativa para
os desafios futuros daquela
A discussão da proposta
de OGE de 2021, na espe-
cialidade, termina com um
encontro entre os deputados
e o ministro de Estado para
a Coordenação Económica
e órgãos da administração
do Estado e Poder Local. A
provação final global da pro-
posta está prevista para 14
de Dezembro.
O Orçamento Geral do
Estado 2021 contempla des-
pesas fixadas no montante de
kz 14.785.200.965.825 (catorze
bilhões, setecentos e oitenta
e cinco mil milhões, duzentos
milhões, novecentos e ses-
senta e cinco mil e oitocentos
e vinte e cinco kwanzas).
De acordo com o relatório
de fundamentação, neste
Orçamento, o Executivo alo-
cará uma percentagem ainda
maior de recursos ao sector
social, que representará 39,5
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
agremiação política. Ontem,
na abertura da reunião da
Comissão Política, o líder
d a U N I TA r e a f i r m o u a
necessidade da realização
das eleições autárquicas,
em 2021, em simultâneo e
em todos os municípios do
país. O gradualismo geo-
gráfico, considerou, con-
corre para as assimetrias
regionais e aumento dos
índices de pobreza.
Adalberto da Costa Júnior
defendeu, ainda, a necessidade
Líder da UNITA reunido com a Comissão Política em Malanje
Domingo
22 de Novembro de 2020
por cento do total da despesa
fiscal primária (excluindo a
dívida). Em termos de peso,
destacam-se os sectores da
Educação e da Saúde, com
14,4 por cento e 12 por cento
do total da despesa fiscal pri-
mária, respectivamente.
O Executivo, segundo o
relatório de fundamentação
da proposta do OGE, aprovou
o Projecto de Fortalecimento
do Sistema Nacional de Pro-
tecção Social, cuja prin-
cipal componente são
transferências monetárias
para sectores da população
mais vulnerável.
Em Maio, começou a fase
piloto do Programa Kwenda
que prevê beneficiar cerca
de 1,6 milhão de famílias
nas 18 províncias do país.
Este projecto está a ser exe-
cutado com o apoio do
Banco Mundial.
Entre os pressupostos téc-
nicos do quadro macroeco-
nómico de referência, o OGE
2021 prevê um preço médio
do barril de petróleo de USD
39, uma taxa de inflação acu-
mulada de 18,7 por cento e
uma taxa de crescimento do
produto não petrolífero de
2,1 por cento.
Segundo o relatório de
fundamentação, no cenário
económico nacional, espera-
se que, em 2021, a economia
não petrolífera apresente o
melhor desempenho desde
2016, atingindo uma taxa de
2,1 porcento.
Este desempenho, acres-
centa o documento, será
resultado de um conjunto
de programas em imple-
mentação pelo Executivo,
bem como da depreciação
cambial acumulada, que tem
reorientado parte da
demanda interna no sentido
da produção nacional.
de o país estar dotado de
uma rede de estradas, que
facilite o movimento das
populações e do transporte
de mercadorias.
A reunião da Comissão
Política da UNITA visa ana-
lisar e colher contribuições
sobre a vida do partido, a
situação sócio económica no
país, bem como discutir e
aprovar o orçamento daquela
organização política.
As reuniões da Comissão
Política estão a ser realizadas
de forma faseada, em respeito
às medidas sanitárias decor-
re n te s d a p a n d e m i a d a
Covid-19. A primeira reunião
realizou-se, em Luanda, e a
segunda, no Huambo, para
os membros residentes nas
regiões Centro e Sul.
FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO
Domingo
22 de Novembro de 2020 11

(700.103a)
12 Domingo
22 de Novembro de 2020

(12031)

(700.053)
Domingo
22 de Novembro de 2020 13

(700.090)

(700.082)
14
Atendimento
Rua Rainha Ginga, 18/24 — Luanda
de Segunda a Sexta-feira, das 9h às 14h,
aos Sábados e Domingos, das 9h às 14h
IMOBILIÁRIO
VENDE-SE
EDIFÍCIO c/ 3 andares, 19 sui-
tes, 1 apartamento T1, espla-
nada,2 cozinhas, 5wc´s,
restaurante, Via Expressa.
Telfs.: 923321615 (11468)
APARTAMENTOS T3 e T5 na
Centralidade do Kilamba,
pago na totalidade. Telefones:
923646572. (11546)
PRÉDIO luxuoso novo, mobi-
lado, 33 apartamentos e
outros no Patriota. Telefones:
939558868, 941360240(11642)
FAZENDA Lukete, na Huíla,
a 70km do Lubango-Capunda
Cavilongo, 32 hectares, à
margem do rio c/2 residên-
cias, lojas, armazém e aviário.
Telef: 935621500 (11698)
VIVENDA luxuosa T6, 1.º
andar, topo de Camama, rua
asfaltada, Akz 40.000.000
n ego c i á ve i s . Te l e fo n e s :
947890949, 925098537(11696)
CONDOMÍNIO fechado Gol-
den-life T4+1, Benfica, R. do
Cond. Hípicus e Patriota
4.500.000, 80.000.000. Telfs.
943231870, 998110732(11917a)
CONDOMÍNIO fechado T3,
T4, Benfica, Kilamba, Patriota
a 15.000.000, 22.000.000,
3 5 . 0 0 0 . 0 0 0 K z s . Te l f s .
943231870, 998110732(11917b)
RESIDÊNCIA T3 c/estaciona-
mento p/8 carros, 3 anexos
suite, na Gamek, perto do
Kolly Vila, 65 Milhões Akz
negoc. Tlf: 937995311(11966)
RESIDÊNCIA T3 na Gamek à
direita, a 26 Milhões Akz e
outra, no Kika Gil, a 26 Milhões
Akz. Tlf: 937995311(11966a)
CASA T3, 3 salas, 3WC e quin-
tal no Bairro Operário, Rua
G. Telefones: 923682411,
936111265. (12006)
PRÉDIO, Vivenda, terrenos,
na Corimba, Cassenda, Tala-
tona, Benfica, Via Expressa.
939558868, 916641319(12057d)
V I V E N DA S T 5 l u x u o s a s ,
Patriota, 230.000.000Akz, Ben-
fica 140.000.000Akz, Cassenda
300.000.000 Akz. Telefones:
939558846, 916641319 (12057c)
CASAS T3 e T4 no Jardim do
Éden, Patriota e Benfica. Tele-
fone: 926662211 (12057b)
CASA T3, mobilada, c/ gera-
dores , Jango, área vedada
de 2200m², em Viana. Telfs.
924214441, 912507629(12057a)
APARTAMENTO T3, com suite
no Zango 8.000, S/ interme-
diários. Telfs: 926432366,
992432366. (12057)
CLASSIFICADOS
IMOBILIÁRIO
VIATURAS
VENDE-SE
CARRINHA Frigorífica Hyundai
HD 45, em bom estado de
conservação, PB 3.500, 43959
Km. Telefones: 945744419,
914107874. (11945)
CARRINHA, Caixa térmica,
Hino 411, c/105.000 Km, a
Akz 11.500.000.00, negociá-
veis. Telf: 924380280(11660)
MERCEDES Benz G63 V8 Bi-
turdo, Brabus 800, 2019.
22.000Km, a 96.000.000Kzs.
Telfs: 924348222,922125446,
927808561 (11766)
KIA RIO 2011, C/ mala, aut,
74.000Km, 3.200.000 Akz,
Nissn Micra, Aut, 2.850.000
Akz. Tlf: 923514065(11859a)
LEXUS 570 Sport V8, 60.000
Km, Kwanzas 29.000.000,00.
Tlfs: 924348222, 922125446,
927808561. (11766e)
INFINITI QX56 versão luxuosa
da Nissan, 45.000Km, por Akz.
23.000.000. Telefs. 924348222,
922125446, 934016774(11766d)
TOYOTA RAV4 full option, Ano
2016. 46.000 Km, 12.000.000
Kwanzas. Telefs: 924348222,
922125446, 934016774,
927808561 (11766c)
LAND ROVER Discovery HSE
Diesel 40.000 Km, 27.000.000
Akz. Telefones: 924348222,
922125446, 934016774(11766b)
2 RANGE Rover V8 HSE, Km
31.000 e 35.000, 55.000.000
Akz. Telefones: 924348222,
922125446, 927808561(11766a)
RANGER ROVER, cor preta
com 42.000Km., série E-M,
AKz 15.300.000.00. Telefs:
946962120, 923341096(12002)
MITSUBISHI L200,suspensão
baixa, motor a gasolina a
3.300.000,00. Chevrolet N300
p/ mercadoria, a 1.500.000,00.
924455436, 990328181(11922)
TOYOTA Prado TXL, cor preta,
2019, 30.000Km. Telefone:
924057570. (11838)
DIVERSOS
VENDE-SE
RAIO X FIXO. Telefones:
924960956, 994960956.(11116)
GUILHOTINA, Marca Maki-
mak, nova, armazém, a bom
preço. Telefone: 927035904
(11096a)
COZINHA Industrial, com
capacidade de produzir 700
refeições por dia. Telefones:
924960956, 994960956(11850)
QUINADEIRA, Marca Makimak,
nova, armazém, a bom preço.
Telefone: 927035904(11096)
CAMPAS granito e mármore,
montagem, gravação, cabe-
ceiras, fotos. Casa dos Gra-
nitos. Telefs: 921662309,
990591646. (11303)
MÁQUINA de gelado, picolé,
algodão-doce, fritadeira, chapa
de hambúrguer, fiambreira e
tostadeira. Telefs. 936196882,
917747359 (11551b)
SERPENTINA, gelado em
balde, serra-ossos, churras-
queira a gás, banho-maria
para buffet, mesa Inox. Tele-
fones. 922799624. (11551d)
TERRENOS 20X20, no Zango
3, na 1ª paragem, junto ao
Julgado de Menores. Telefs:
923431729, 922011744(11740)
PADARIA Kit, forno, 3 gavetas,
gás, estufa, amassadeira 50L,
batedeira 20L, carrinho/pão,
balança, tabuleiro. 936196882,
917747359 (11551)
MÁQUINAS de gelo escama,
liquidificador, 20/40 L, CX. de 10
mil palitos/picolé, amassadeira
130L, divisória 36 furos, novos.
936196882, 917747359(11551c)
Domingo
22 de Novembro de 2020
Mais informações
Telefones: 937 550 262 / 949 770 006
e-mail: publicidade@jornaldeangola.com
VIATURAS DIVERSOS
PUBLICIDADE
CAMPAS EM GRANITO E MÁRMORE
MOINHO de fuba de bombó
MAIS DE 30 MODELOS EM EXPOSIÇÃO
e milho, diesel, C/ ignição e
manivela, 25 sacos/hora, GRAVAÇÕES EM ALÇADO, FOTOS E ACESSÓRIOS FÚNEBRES
novo. Telefones: 936196882,
922799624. (11551a) DESAFIA-NOS COM AS TUAS IDEIAS
VISITA-NOS
CABAZES de Natal para ins-
tituições, Luanda, C. Norte e Loja Morro Bento - retorno da Multiperfil
Malanje. Telfs: 925468999, Avenida 21 de Janeiro, Tel. (+244) 938422420 / 923651399
996545838 (12001)
Fábrica: Estrada de Viana, Km 25, Tel. (+244) 946 600 163 / 938 422 420
COLCHÕES Kamaflex, nase
fixa, estrados, bancas, cómo- Email: geral@ladystone-angola.com www.ladystone-angola.com
(8484)
das, tapetes, lençóis, Rua da
Maianga. Telefs. 938910826,
991910826 (11956)
TERRENO 20/30, na Zona
V e r d e , b e m l o c a l i za d o ,
1.100.000 Akz, negociável
c/documentação. Telefone:
924313634, 915313634(12010)
REPÚBLICA DE ANGOLA
TERRENO 20x30 na zona
verde, rua 18, a 6 Milhões Akz. MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
Telefone: 937995311(11966) INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA DE ANGOLA
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO CUANZA-SUL
ACESSÓRIOS e peças genui-
nas de Hyundai e Kia, até 50%
d e d e s co n t o . Te l e f o n e : EDITAL N.º 103/2020
924915793. (12016) PROCESSO DE CONCESSÃO N.º 70-CS/20
TERRENOS próximo ao
Kilamba de 15x20m, Tendo, o Sr. JOÃO ADELINO PAIXÃO SALVADO, requerido o direito de superfície de uma parcela de
100x100m, documentados, terrano rural com uma área de 1000 (Mil)hactares, onde será implementado um projecto Agro-Pecuário,
a 3 . 5 0 0 . 0 0 0 , 0 0 Kz s . Te l f.
941807170 (12057e)
localizado no Lossanhe, comuna Lonhe, Município da Quibala, Província do Cuanza-Sul.
TERRENOS de 20x30 e Feita a demarcação provisória, a mesma ficou com as seguintes confrontações: NORTE-com o terreno
100x100 no Lar Patriota, c/
direito de superfície e registo
demarcado pela ESCON, SA, a SUL- com o rio Cauiui, a ESTE-com um riacho inominado e terreno de
predial. Telf. 941807170 terceiro não cadastrado e a OESTE-com um riacho inominado e terreno de terceiro não cadastrado.
(12057f)
São, por este meio, convocadas todas as pessoas que se julgarem com direitos sobre o mesmo terreno
a virem comprová-lo neste Instituto Geográfico e Cadastral de Angola, no prazo de 30 dias a contar da
NEGÓCIOS data da publicação deste EDITAL.
DESINFESTAÇÃO S/ cheiro,
Departamento Provincial do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola do Cuanza-Sul, em
eficaz, sem desarrumar nem
s a i r d o l o c a l . Te l e f o n e : Sumbe, 20 de Novembro de 2020.
930731959. (11820)
O Chefe de Departamento
Bernardo Maneco
(500.1503)
DESINFESTAÇÃO desratiza-
ção e desbaratização, sem
cheiro, não precisa sair de
casa. Telefs: 928648007,
917606962 (500.1496)
REPÚBLICA DE ANGOLA
MARKETING digital, Publici-
dade, logotipos, carimbos,
MINISTÉRIO DA OBRAS PÚBLICAS E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
impressão. Tlf: 927822891 INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA
(11971) DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO CUANZA-SUL
EDITAL Nº104/2020
PRECISA-SE PROCESSO DE CONCESSÃO Nº 288-CS/17
MOTORISTA 10 anos de prá- Tendo, a Sra. ISABEL DA CONCEIÇÃO AUGUSTO SOZINHO, requerido o direito de superfície de
tica. Av. C. Valódia-177-S.
uma parcela de terreno rural com uma área de 760 (Setecentos e Sessenta) hectares, onde será im-
Pa u l o - Lu a n d a . E m a i l :
gk8@netcabo.com.ao plementado um projecto Agro- Pecuário, localizado no Lossanhe, Comuna do Lonhe, Município da Qui-
(11927) bala, Província do Cuanza-Sul.
FLORISTA com bastante expe-
Feita a demarcação provisória, a mesma ficou com as seguintes confrontações: a NORTE-com o riacho
riência. Tlfs: 927985051,
929556548 (12004) Cauiui, a SUL-com um riacho inominado e terreno de terceiro não cadastrado, a ESTE-com terreno
terceiro não cadastrado, e a OESTE-com o riacho Cachonha.
TÉCNICO de electricidade,
com vasta experiência, admis-
s ã o i m e d i a t a . Te l e f : São, por este meio, convocadas todas as pessoas que se julgarem com direitos sobre o mesmo terreno,
924915793. (12016a) a virem comprová-lo neste Instituto Geográfico e Cadastral de Angola, no prazo de 30 dias a contar da
data da publicação deste Edital.
OFERECE-SE Departamento Provincial do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola do Cuanza-Sul, em
Sumbe, 20 de Novembro de 2020.
JOVEM c/ ensino Médio pro-
cura emprego como fiel de
Armazém, 4 anos de expe- O Chefe de Departamento
riencia. Telf: 926098385 Bernardo Maneco
11911) (500.1503a)
 REFLEXÕES
ÉTICA DA JUSTIÇA COGNITIVA
Diálogos
interfilosóficos
do “Sul” Global
Mais de duas décadas após a publicação da
Declaração de Paris para a Filosofia e acções
desenvolvidas pela UNESCO que culminam
com a celebração do Dia Mundial da Filosofia -
20 de Novembro - a partir de 2005, o diálogo
interfilosófico “Sul”-“Sul” vem sendo
promovido como alternativa à indiferença do
“Norte” Global perante o pensamento
filosófico dos Outros. Na verdade, o que está
em causa é a justiça epistémica
Luís Kandjimbo |*
“Tempo para pensar; o tempo de
pensamento” é o tema que, no de-
vastador contexto da crise pandé-
mica, inspira a jornada mundial da
filosofia do corrente ano. Uma con-
versa a propósito parece ser inte-
ressante por suscitar a possibilidade
de compreender o sentido do diálogo
inter-cultural. Para o efeito, o filósofo
argentino Enrique Dussel é um da-
queles interlocutores que vale a pena
trazer ao ondjango, especialmente
se tivermos em atenção as suas re-
flexões sobre a “Agenda para un
Diálogo Filosófico Sul-Sul”.
O chamado “Norte” Global, cons-
tituído por países com indicadores
económicos que, numa lógica evo-
lucionista, permitem classificá-los
como avançados, é caracterizado,
paradoxalmente, por uma institu-
cionalizada ignorância sobre o “Sul”
e o Oriente Global. Mais de duas dé-
cadas após a publicação da Declaração
de Paris para a Filosofia e acções de-
senvolvidas pela UNESCO que cul-
minam com a celebração do Dia
Mundial da Filosofia a partir de 2005,
o diálogo interfilosófico “Sul”-“Sul”
vem sendo promovido como alter-
nativa à indiferença do “Norte” Global
perante o pensamento filosófico dos
Outros. Na verdade, o que está em
causa é a justiça epistémica.
No espaço de dois anos, de 2012
a 2014, a UNESCO realizou duas ini-
ciativas inscritas no âmbito do diálogo
interfilosófico “Sul”-“Sul”, nomea-
damente, o Colóquio de Rabat sobre
esse tema e o “Manual de Filosofia.
Uma Perspectiva ‘Sul’-‘Sul’”
No Colóquio de Rabat, o filósofo ar-
gentino Enrique Dussel com a sua
proposta de “agenda” defendeu a
tese segundo a qual o possível diálogo
interfilosófico mundial pressupõe
um diálogo inter-filosófico entre a
África, o mundo árabe-muçulmano
e o sudeste asiático, destacando-se
a Índia e a China. Para Enrique Dussel,
trata-se de um imperativo que de-
corre do facto de a filosofia ocidental
moderna negar a existência de qual-
quer exercício filosófico nos países
que estiveram sob o domínio do co-
lonialismo europeu.
Gostaria de sublinhar quatro pre-
missas formuladas por Enrique Dus-
sel: 1) necessidade de os filósofos
críticos do Sul discutirem profun-
damente os problemas e as hipóteses
que devem ser tratados no futuro;
2) discussão dos factores que im-
pediram o desenvolvimento de nos-
Domingo
22 de Novembro de 2020
sas filosofias regionais do “Sul”; 3)
repensar a filosofia política do “Sul”
para garantir a superação do euro-
centrismo da tradição filosófica oci-
d e nta l ; 4 ) re sgata r o m ate r i a l
narrativo simbólico de nossas cul-
turas ancestrais, bem como a vali-
dade e o sentido das tradições míticas
para legitimar métodos de inter-
pretação filosóficos.
Por sua vez, sob a coordenação
de uma equipa representativa de fi-
lósofos, tais como Ali Benmakhlouf
(Marrocos), Enrique Dussel (México),
Nkolo Foé (Camarões) e Rainier
Ibana (Filipinas), o “Manual” introduz
o debate acerca do “Sul” enquanto
expressão problemática cujo uso
requer algumas cautelas, justifi-
cando-se as devidas aspas. A sua
conotação faz alusão a uma geo-
política da ignorância e do conhe-
cimento. No entanto, o “Manual”
dá uma perspectiva das linguagens
e espíritos do mapa filosófico que
cobrem a África, a região árabe, a
Ásia, o Pacífico, a América Latina
e as Caraíbas.
Ética da justiça cognitiva
Enrique Dussel não levanta clara-
mente o problema fundamental da
justiça epistémica de que a institu-
cionalização da ignorância é uma
das patologias. O tema também não
é tratado por autores que se dedicam
à problematização da “justiça cog-
nitiva” e da “injustiça epistémica”,
tal como Boaventura de Sousa Santos
e Miranda Fricker. A instituciona-
lização da ignorância sobre o “Sul”
nos países do Norte Global é reve-
ladora do etnocentrismo ocidental,
já denunciado por Enrique Dussel.
Mas é sobretudo a manifestação de
um problema da ética da justiça.
Isto quer dizer que a prática moral
dominante nas instituições ocidentais
em que se exerce a autoridade nos
diversos campos do saber continua
a obedecer aos padrões de uma teoria
da injustiça.
História da retórica
Vou ilustrar a questão, recorrendo
à minha experiência de ensino da
história da retórica e da argumentação
a estudantes angolanos. Pode ser
útil para compreendermos os desafios
que se colocam à ética da justiça e
da verdade cognitiva. Na historio-
grafia dos estudos da retórica e da
argumentação, enquanto domínios
da filosofia, ignora-se absolutamente
os contributos do Egipto e da Me-
sopotâmia. Os manuais de origem
ocidental que reproduzem os cânones
europeus sustentam a tese de que
a retórica surgiu no século V a. C.,
na cidade de Siracusa, Grécia. O seu
desenvolvimento ocorreu em Roma
a partir do século I a.C. e, conse-
quentemente, em todo o império
romano. Apesar dos avanços ex-
traordinários registados no domínio
da história da retórica, as resistências
no espaço académico do “Norte”
Global conduzem ao silêncio e à re-
cusa de incorporação desses avanços.
Por razões respeitantes à justiça e à
verdade, filósofos, historiadores e
especialistas da retórica vêm con-
trariando essa invenção.
O filósofo francês Émile Brehier
sustenta mesmo que “os gregos men-
tiram”, ao reivindicarem o facto de
terem sido os primeiros filósofos.
As reacções de especialistas dos
Estados Unidos da América no de-
bate suscitado, durante a década
de 90 do século XX, pela obra do
historiador inglês Martin Bernal –
“Black Athena. The Afroasian Roots
of Classic Civilization” (Atenas Ne-
gra. As Raízes Afroasiáticas da Ci-
vilização Clássica) – é bem prova
disso. Entre os seus oponentes des-
taca-se Mary R. Lefkowitz, uma
especialista norte-americana de
filologia clássica europeia.
Quando em 2004, duas especia-
listas norte-americanas, Carol S.
Lipson e Roberta A. Binkley, orga-
nizaram a edição de uma obra co-
lectiva “Rhetoric before and beyond
the Greeks”, (A Retórica antes e para
lá dos Gregos), fazia-se o balanço
do processo de mudança decorrente
dos referidos avanços na historiografia
da retórica no sentido de inverter o
sentido do discurso eurocêntrico,
evidenciando um comportamento
que faz homenagem àquilo que con-
sidero ser ética da justiça e da verdade
do conhecimento.
Em seus respectivos textos, ambas
as autoras exploram o estudo da re-
tórica de culturas mais antigas que
a grega, do Egipto e Mesopotâmia,
iluminando a inserção particular
que modela a tradição eurocêntrica
da retórica, designadamente a con-
cepção da natureza das origens, con-
centrada no período clássico grego
do final dos séculos V e IV a.C.
A questão da ignorância
Neste sentido, a advocacia de uma
ética da justiça cognitiva pressupõe
um rigoroso trabalho historiográfico
no plano dos conceitos e práticas
morais da actividade filosófica, cien-
tífica, artística e literária. A impar-
cialidade dos critérios de atribuição,
distribuição e retribuição deve as-
segurar que o conceito de justiça e
a concepção da justiça no plano cog-
nitivo não se confunda com a negação
da justiça e eventuais conexões as-
sociadas à injustiça. A injustiça é a
expressão de ignorância, o momento
de negação absoluta da igualdade.
No contexto da problemática que
abordamos, a injustiça cognitiva
está mais próxima da ignorância.
Assim, a necessidade de repensar
a filosofia política do “Sul” para ga-
rantir a superação do eurocentrismo
da tradição filosófica ocidental, tal
15
DR
como a formula o filósofo
argentino Enrique Dussel,
faz alusão à negação estru-
tural da subjectividade do
Outro. É a ignorância domi-
nante no “Norte” Global a
respeito do Outro civiliza-
cional, de outras civilizações.
Abre-se aqui uma possi-
bilidade de, a propósito do
tema da conversa, trazer à
discussão as teorias sobre a
ignorância cujos fundamen-
tos assentam na dignidade
humana e na igualdade dos
sujeitos que produzem co-
nhecimento. Por isso, vive-
se hoje a fase inaugural de
uma epistemologia da ig-
norância. Trata-se de um
tipo de reflexão que se ocupa
de fenómenos da ignorância,
visando identificar diferentes
formas de ignorância, suas
origens e meios de reprodu-
ção, enquanto instrumento
de exclusão.
Por essa razão, o diálogo
interfilosófico “Sul”-“Sul”
deverá comportar uma epis-
temologia da ignorância
ocidental traduzindo-se
como uma perspectiva que
vise conhecer e neutralizar
os efeitos de insustentáveis
lógicas hegemónicas secu-
lares do “Norte” Global e
suas reproduções locais em
outras culturas.
* Ensaísta e professor
universitário
 16 ENTREVISTA Domingo
22 de Novembro de 2020

DR

DIAS NETO, DR

AUTOR DE “A FESTA DOS PORCOS”

“O livro é uma
revisitação
crítica
à História
de Angola”
Com o romance “A Festa dos Porcos” o escritor
Francisco Agostinho Dias Neto foi distinguido,
este ano, com o Prémio Literário Sagrada
Esperança, edição 2018. A obra, com 200
páginas, é uma ficção histórica centrada na era
colonial, pondo em evidência as humilhações e
as injustiças, bem como as crenças e as
tradições das populações autóctones. Em
entrevista ao Jornal de Angola, Dias Neto fala
sobre as motivações que o levaram a escrever
“A Festa dos Porcos” e sobre os projectos e os
principais desafios pessoais no campo literário

Manuel Albano quem abraça o ofício da es- nimos. E, se notou, esten- avós, são as únicas livros. Isto dá esperança para

Que importância teve a

pesquisa oral para a
construção da narrativa do
livro “A Festa dos Porcos”?
A pesquisa oral foi a cereja
no topo do bolo, sem a qual
a obra não teria o mesmo
impacto que teve. E não parei
com o fim da escrita da obra.
Continuo a recolher infor-
mações valiosas sobre o pas-
sado colonial de Icolo e Bengo.
Como e quando decidiu que
“A Festa dos Porcos” seria o
título do livro?
Felizmente a literatura per-
mite várias interpretações a
um texto literário e, neste
diapasão, podemos também
incluir este título. Como me-
táfora, o título casa perfei-
tamente com o enredo. Mas
não foi este o propósito. Pode
até parecer mentira, mas não
é: a ideia de escrever o livro
nasceu do título. Surgiu-me
primeiro o título, depois só
foi idealizar como chegar até
ao mesmo.
O seu livro parece-nos
intemporal, na medida em
que aborda assuntos muito
presentes na vida dos
angolanos. A Independência
Nacional é um facto, mas a
independência económica
ainda é uma realidade
distante. Quer comentar?
Ficamos contentes por achar
que a obra é intemporal, pois
este é o maior desafio de
crita. E esta pergunta vem
mesmo a calhar. Alguém,
numa rede social, questionou
por que se dá tanto crédito
às obras literárias que abor-
dam a era colonial. Para nós
“A Festa dos Porcos” é uma
revisitação crítica à nossa
história, para mostrar que
os propósitos da luta armada,
hoje que estamos livres do
jugo colonial, foram desvia-
dos. O anseio dos nativos foi
frustrado. Precisamos de ir
atrás da independência eco-
nómica, com urgência.
Faz muitas vezes, no
decorrer da narrativa, uma
relação das diferenças entre
a grande cidade e o campo, a
tradição e o moderno...
O narrador procurou mostrar
que estas diferenças conti-
nuam patentes até nos dias
de hoje.
O livro parece transportar os
leitores para um passado
doloroso. É também o
romance uma homenagem a
todos aqueles que
tombaram na Luta pela
Independência Nacional?
É sim. A ideia é valorizar o
grande sacrifício consentido,
quer pelos nacionalistas nas
matas, quer pelo povo nas
sanzalas, para que nos tor-
nássemos independentes.
A nossa liberdade custou a
vida de muita gente. Porém,
preferimos, nesta homena-
gem, elevar cidadãos anó-
demos a homenagem aos
Kiezos, pelo papel que de-
sempenharam na mobili-
zação do povo para a luta,
com as suas músicas.
A aldeia de Inácio parecia ser
um bom lugar para se viver,
não obstante as desgraças. A
sensação com que se fica é
que procurou recordar a
máxima de Agostinho Neto
“Aos nossos batuques, ao
carnaval...”
Já a obra estava editada, quan-
do notei que a mesma cum-
pria cabalmente este desejo
do Fundador da Nação. É das
tais coisas que só o narrador
saberia explicar...
O pequeno comércio e as
profissões consideradas
nobres também têm alguma
relevância no romance.
Procura chamar atenção
para a maior valorização
dessas artes e ofícios?
Sim, sim. Se reparar, hoje,
quase não temos jovens cos-
tureiros, sapateiros... de olei-
ros então já nem se fala... é
imperioso que resgatemos
estas profissões, principal-
mente neste tempo de gran-
des dificuldades económicas.
O pequeno comércio goza
de um papel importante em
qualquer economia. O pro-
cesso migratório devia ser
inverso, nos dias de hoje.
As personagens tio Chico dya
Nguxi e tia Eva Capapa, seus
verdadeiras na “Festa dos
Porcos”?
Não. A maioria é. António
Paciência e Emídio Dias, que
são os “terroristas” que pro-
vocam a ida da tropa colonial
à sanzala na noite do casa-
mento, são pessoas reais,
ainda vivas. Todos os fami-
liares dos noivos são pessoas
reais. Praticamente, as per-
sonagens criadas foram a
Maria, sua família toda e o
senhor Zeferino, que foi le-
vado ao Posto Administrativo
de Catete pelo Carrega-o-
Tipo, este que foi uma figura
real e grande carrasco dos
aldeões de Icolo e Bengo, na-
quela era. Os comerciantes
portugueses da sanzala são
verdadeiros. Manuel Filho
tem um filho a residir no
Bairro Popular. Já o comer-
ciante português de Luanda
foi criado.
Sente que a juventude tem
estado atenta e participativa
nas grandes transformações
em todos os segmentos da
vida do país?
Sinto sim. Os jovens têm par-
ticipado das grandes trans-
formações na sociedade. Em
vários sectores. E isto está
visível a todos os olhos. No
que à literatura diz respeito
é bastante encorajador o que
estão a fazer os jovens es-
critores. As últimas quatro
edições do Prémio António
Jacinto foram ganhas por jo-
vens. Hoje fala-se mais de
um país com mais gente com
pensamento crítico.
Como jovem, tem utilizado a
escrita para transmitir
valores ou tem na escrita
meramente um instrumento
de diversão e lazer?
A diversão foi no princípio.
Usava os textos para puro
deleite dos meus amigos vir-
tuais. Actualmente, procuro
usar a escrita para ajudar a
corrigir o que anda errado.
Abracei este desafio e faço-
o, principalmente, com os
textos que publico semanal-
mente num jornal nacional,
embora nunca falte a paródia
nos meus escritos.
Quais os desafios que impõe
a si próprio no mundo da
literatura e quem são as suas
referências literárias
nacionais e internacionais?
O meu maior desafio na li-
teratura é conseguir ser uma
influência positiva na socie-
dade, poder contribuir para
que tenhamos um país mais
justo. Praticamente, na lite-
ratura, não tenho referências
internacionais. Já nacionais
são muitas. O nosso país tem
bons escritores. Gosto de ler
Fragata de Morais, Boaventura
Cardoso, Pepetela, Roderick
Nehone, etc. Mas tenho um
olhar muito especial à escrita
de Arnaldo Santos e Luís Fer-
nando, porque sou um fiel
sequaz do texto curto, espe-
cialmente crónicas.
PERFIL
Dias Neto nasceu em
Luanda, em 1980. É
funcionário público.
Estudou Secretariado
Executivo e
Comunicação
Empresarial na
Faculdade de Letras
da Universidade
Agostinho Neto.
Estreou-se na
literatura em 2019,
com o romance “O
Taxista”, vencedor do
Prémio Azul, concurso
instituído pela Polícia
Nacional. Tem textos
publicados no Jornal
de Angola, jornal
Cultura e na revista
digital Palavra & Arte.
Textos seus estão
insertos na colectânea
“O Kandongueiro”,
lançada pela Editora
Massona, nos e-books
“Escritos de
Quarentena”, das
Edições Handyman, e
“Crónicas Tão Brancas
de Azul”, da revista
Palavra & Arte.
Actualmente escreve
aos domingos para o
jornal O País. Tem no
prelo o livro “O
Capitão de Inácio e
Outros Contos”.
 MÚSICA
Ao som dos ritmos do Leste
No domingo passado os ritmos do Leste de Angola tomaram de assalto o Palco da Diversidade do Live no Kubico. Artistas do
Moxico, Lunda-Norte e Lunda-Sul juntaram-se neste projecto de solidariedade, cujas receitas foram revertidas para as
Analtino Santos
Directamente do território
do antigo Império Lunda, fi-
zeram-se presentes os grupos
Moyowenu e Sassa Tchokwe,
assim como os músicos Ray
Lex, Chefe Tchikomba, Has-
hilrimwene, Trio da Lunda-
N o r t e , L i s o Lya Ng u z a ,
Mbimbi Show, Lemba Kat-
chokwe, Lemba Kuduro, Ma-
ma Tembo e Namanhonga.
A todos estes juntaram-
se Branca Celeste, Gabriel
Tchiema e Tony Nguxi, igual-
mente filhos do Leste, que
há algum tempo atracaram
e conquistaram Luanda com
o perfume da sua arte, que
combina os ritmos da an-
cestralidade e da moderni-
dade. Foi um dos Live no
Kubico mais ricos em mú-
sica, ritmos, dança e infor-
mação´contextualizante a
respeito dos artistas inter-
venientes e da sua música.
Nesse quesito – infor-
mação - Mário Santos
(adiante também MS), o
apresentador, fez um show
a parte, de tal modo que no
final o interpelamos para
bebermos mais do seu co-
nhecimento enciclopédico
sobre a música do Leste.
Assim, ele é o principal su-
porte para o presente texto.
“Não estivemos no Leste,
na verdade trouxemos o Leste
Domingo
22 de Novembro de 2020
vítimas das cheias no Luau, Moxico
para o palco do Live no Ku-
bico e foi arrebatator”, disse
MS. O jornalista, que, com
o seu estilo, encanta os te-
lespectadores no programa
Sons de África, da TPA, re-
forçou: “contrariamente aos
ritmos do Norte, Centro e
Sul, que são mais apelativos
ao folguedo e para a distrac-
ção, os ritmos do Leste, no
que toca à manifestação de
alegria e festa são muito
mais apelativos para a sen-
sibilidade emocional, o ro-
mantismo, a melancolia e
o melodrama, em alguns
casos. Os ritmos do Leste
são mais espirituais porque
remetem-nos a uma ligação
directa à terra e, como é ób-
vio, a Deus”.
MS referenciou particu-
larmente a música dos Lu-
va l e , n o m e a d a m e n t e a
Catchava e a Kutopoca, que
“têm uma interferência di-
recta na Chianda, Makopo,
Mitingui e noutras rítmicas
da região”. Preocupado em
esclarecer melhor, MS re-
forçou: “se virmos a Chianda
como ela é dançada, prin-
cipalmente pelas entidades
responsáveis pela manifes-
tação natural dos rituais, re-
paramos que ela acontece
nos momentos de exaltação
muito intrínsecos, como a
Mukanda, a consagração de
uma entidade e em festas na
comunidade. No momento
LIVE NO KUBICO
em que se dança mexendo
a cintura e os quadris, vemos
uma semelhança incrível
com o Mutuachi, ritmo Ba-
luba dançado ao redor do
mundo pela Tshalamwana
e outros artistas”.
Familiarizadíssimo com
os ritmos do Leste, o jorna-
lista malangino pincelou o
concerto desta forma: “coube
à responsabilidade dos Mo-
woyenu da Lunda-Sul a
abertura, acompanhando os
novos talentos que passea-
ram pela Chianda, Makopo,
Mitingui, Sula e outros ritmos.
Rey Lex, muito conhecido
e apreciado na sua zona e
com cartas bem dadas, abriu
com ‘Nguetche Nguye’ e ‘Jila
ya Kanji’. Foi sucedido pelo
Chefe Tchikomba, um dos
novos talentos da região.
Hashirilmwene, Trio os Bri-
lhos da Lunda-Norte, Liso
Lya Nguza, Mimbi Show e a
jovem Lemba Katchokwe
foram agraciados pela qua-
lidade musical dos Moyo-
wenu. O grupo fechou
interpretando os temas mais
marcantes da sua trajectória,
nomeadamente, ‘Estão con-
vosco’, ‘Ikola Lamba’, ‘Ku-
rinhenga’ e ‘Namuleleno’,
interpretados pela Branca,
antiga corista do grupo agora
radicada na capital a apostar
na sua carreira a solo”.
Mário Santos considera
os Moyowenu um exemplo
de resiliência, tendo em conta
o desparecimento de outros
grupos renomados, surgidos
na mesma época, a saber,
Sagrada Esperança e Os Bri-
lhantes. “Os Moyowenu,
esta saudação natural e es-
piritual do povo do Leste,
continua a fazer-se presente
na cultura e música nacional.
A formação foi criada no
início dos anos 80, repre-
sentou a Lunda-Sul no Top
dos Mais Queridos em 1986
e 1987, alcançando a terceira
e quarta posição na classi-
ficação, o que lhes valeu
uma digressão à URSS”.
“Icola Lamba” durante
muito anos marcou a vida e
a história do grupo. O tema
era então interpretado por
Fungula, hoje com altas fun-
ções na Polícia Nacional; e
”Namuleleno” era interpre-
tada pelo vocalista principal
Domingos Mutandi, que não
esteve em Luanda por ques-
tões de saúde.
Mário Santos considera
que os Moyowenu são res-
ponsáveis “pela urbanização
da linha musical trazida pela
ancestralidade”.
Sassa Tchokwe
Depois do colorido sonoro
dos Moyowenu que anima-
ram o primeiro bloco, sur-
giram em palco os Sassa
Tchokwe. Esta formação mu-
sical teve a responsabilidade
DR
de acompanhar Lemba Ku-
duro, com Kakele, Mamã
Tembo e a sempre irresis-
tível Namanhonga, que fe-
chou em grande com
“Sabalala”, depois de brin-
dar a audiência com ”Mana”
e ”Txombo”. Com os suces-
sos “Txaco”, “Mulekele”,
“Kumbi Kumbi” e “Maria
Cumbi ” , a banda Sa sha
Tchokwe encerrou a sua
participação de forma apo-
teótica, sob a liderança de
Cabedal, irmão de Chadedé.
Os Sassa Tchokwe nas-
ceram do outro lado da fron-
teira, numa comunidade com
forte presença da cultura
Lunda- Tchokwe. Os fun-
dadores cruzaram-se na en-
tão República do Zaire (actual
RDC), como refugiado, Paulo
Nboma Bichu Langa Star
“Bitchou” e outro como es-
tudante, João Tchuvuti Dedé
“Chadedé”. Os dois foram
os responsáveis pela intro-
dução dos acordes melódicos
e harmónicos na Chianda,
porque, segundo MS, “na
sua forma natural este ritmo
era apenas tocado por ins-
trumentos de percussão co-
mo a ngoma grave e aguda,
as palmas que marcam o
compasso das canções e as
vozes. Tem a manifestação
dos Mukixi ou Makixi (pa-
lhaços) que são orientados
quase sempre por um Capalo,
o líder, que tem um filho que
17
t ra b a l h a d i re c t a m e n t e
com ele. Esta é a forma
original da Chianda, Ma-
kopo, Catchapa, Cutopoka
e outros ritmos”.
Radicados em Luanda
Aos consagrados Tony
Nguxi e Gabriel Tchiema jun-
tou-se a promissora Branca.
Tony Nguxi além de cantar
foi o coordenador do con-
certo e aproveitou o mo-
mento para anunciar o seu
regresso aos palcos depois
de quase uma década afas-
tado dos mesmos.
Tony Nguxi teve o suporte
musical da Banda FM, afecta
à Rádio Benguela. Desfilou
com “Kazeze”, tema que
marca a sua internacionali-
zação e recuou ao movimento
do Sezou e da chamada New
Wave. A homenagem às suas
raízes esteve presente em
”Lwena-Moxico” e em “Ma-
kulwana”, “Tchole Nawa” e
“Kunegila”, obras em que
ele recria provérbios e brin-
cadeiras da infância.
Gabriel Tchiema fechou
o evento que, de certa for-
ma, mostrou a evolução dos
ritmos do Leste e como estão
abertos a outras sonorida-
des. A sua perfomance pas-
sou por “Mwenu Yesu”, e,
ao som da sua Chianda as-
sente nas fusões, fez vibrar
com “Chique-chique,
“Mbimba” e “Itela”.
DR
DR
 18 LITERATURA
Diarista e poetisa da geração da guerrilha
Ainda quando era estudante do Liceu Salvador Correia, em Luanda, Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida já se
empenhava na luta política anti-colonial na clandestinidade, ocupando-se da tradução e interpretação de matérias
sobre Angola publicadas em jornais estrangeiros e em livros como “The African Awakening”, de Basil Davidson,
jornalista e escritor inglês. Deolinda Rodrigues registou num diário as vicissitudes, inquietações e aspirações pessoais
e colectivas no contexto difícil da luta clandestina e da guerrilha anti-colonial
Marcelo Sebastião* |*
Os documentos traduzidos
por Deolinda Rodrigues, em
que se denunciava a preca-
riedade das condições sociais,
a repressão colonial, o esta-
tuto de indígena - que re-
baixava os nativos ao nível
do gado animal de carga e de
trabalhos -, o exílio e a morte,
assim como se proclamava
o direito a autodeterminação
dos angolanos, eram depois
enviados para a ONU e aos
países africanos recente-
mente independentes.
No chão político da clan-
destinidade, Deolinda Ro-
drigues usava o pseudónimo
“Kama Angola” para não ser
alvo fácil de abater pela po-
lícia política colonial (Pide).
Em conformidade com o
“Dicionário Kimbundu-Por-
tuguês”, de Assis Júnior, a
palavra “kama” quer dizer
em português “coisinha”.
Assim “Kama Angola” é o
mesmo que dizer, literal-
mente, “Coisinha de Angola”
ou algo pertença de Angola.
Na vida pública, além dos
estudos, a diarista lidava
com “O Estandarte”. No n.º
247/8, de 1957 desta publi-
cação dá-se nota pública de
Deolinda Rodrigues “ser a
primeira menina admitida
no corpo directivo como se-
cretária de redacção”. Du-
rante o tempo naquele jornal,
Deolinda publicou novelas
e poemas, a saber: “Caxi-
cane” (1956), “Luanda – Já
não és a Luanda de então”
(1956) e “Estrela de Belém”
(1957), só para citar esses.
Essa intelectual e nacio-
nalista angolana, única poe-
tisa-militante a produzir
literatura diarística, entra
no cânone da Literatura de
Guerrilha germinada na dé-
cada de 60 com quatro poe-
m a s , i n c o r p o rad o s n o
“Diário”, através do ensaísta
e antologista angolano Mário
Pinto de Andrade (1980) em
“Antologia Temática de Poe-
sia Africana: O Canto Armado
II” e do ensaísta e historiador
da literatura angolana Carlos
Ervedosa (1985) em “Roteiro
da Literatura Angolana”. Na
guerrilha, Deolinda Rodrigues
respondia pelo antropónimo
em kimbundu “Langidila”,
que em português é a ex-
pressão que quer dizer “Sê
vigilante” ou “Toma cuida-
do”, coincidente com o eu
sujeito racional e introspec-
tivo construído na narrativa
DEOLINDA RODRIGUES
literária fragmentária.
Ao examinar a escrita dia-
rística de Deolinda Rodri-
gues, o discurso anti-colonial
emerge como um autêntico
libelo acusatório e resso-
nante, que dá corpo ao es-
p í r ito d a l ite ratu ra q u e
começara em Angola, com
destaque para os problemas
sociais claramente expressos.
Segundo Riaúzova (1986)
em “Dez Anos de Literatura
Angolana”, é feita “a denún-
cia do colonialismo e das
suas consequências sociais
e psicológicas, que mais tarde,
durante a primeira guerra de
libertação nacional, evolui
para a literatura ‘política’,
engajada”. Engajamento en-
tendido, na esteira de Forest
(1991) em “Termos Funda-
mentais da Cultura Geral”,
como o “desejo de um escritor
ou de um artista actuar, atra-
vés da sua obra, nos conflitos
políticos do seu tempo”.
No “Diário” o sujeito ar-
mado de “punhais” assume
a função contestatária e de-
nuncia a ideologia colonial
de pendor esclavagista a que
os nativos estavam subme-
tidos, com os inúmeros actos
de injustiça à semelhança
do apartheid: “gente surrada
até sangrar por todo o corpo;
mulheres rusgadas para dor-
mir com o chefe (uma em
cada noite), enquanto a mu-
lher do Chefe está no putu.
Roubalheira no peso e pa-
gamento do café: quem refila
é morto à pancada no posto.
Na igreja, há uma missa para
os pretos e, depois, outra
para os brancos. Não se mis-
turam”. Em frente da linha
contestatária o sujeito resiste
ainda contra toda a tendência
de marginalizar a mulher e
rejeita a polifonia de eus mal
encaminhados ao movimen-
to vocacionado para levar a
libertação e a independência
a Angola. A escrita de Deo-
linda Rodrigues capta a cruel-
dade colonial e o processo
de organização para a des-
truição do colonialismo du-
rante a qual o sujeito revela
a sua intimidade.
Na hora do adeus a Angola
para o Brasil, para frequentar
a formação superior em So-
ciologia, a diarista retrata
aquele momento com pro-
fundo entusiasmo, frisando
que jamais o seu espírito
viria a desligar-se da Mamã
ou Mãe Terra, Angola. Do
primeiro registo sob a data
“9 de Setembro de 1959” até
a entrada sob a data “3 de
Fevereiro de 1959” a diarista
traz-nos o retrato de Angola
oprimida e a necessidade de
se envolver num processo
de luta de libertação para a
derrocada do tronco escla-
vagista. Concordamos com
Baum (1989) no seu livro “A
Liberdade”, quando diz que
“o desejo de liberdade nasce
da experiência da opressão,
isto é, da sensação de não se
poder deixar de fazer” ou
construir a liberdade.
Numa escrita em que se
pode despontar o labor ofi-
cinal literário, a autognose
e a identidade, Deolinda Ro-
drigues faz recurso à cria-
tividade onomatopeica através
da assonância para veicular a
sensação do grito e gemido de
dor nos espaços assombrados
encobertos nos “as”: “Esta é
a Luanda da chicotada do bran-
co / nas costas nuas do preto
/ que cava a terra sob um sol
de Março / Esta é a Angola do
contratado / E é esta a Angola
que deixei hoje” (…).
Os versos evocam o som
do bater agressivo e violento
do chicote sobre os coloni-
zados “amarrados ao tronco
esclavagista / dos torturados
no cárcere” (Neto, Sagrada
Esperança, 2016), substi-
tuindo o tocar do batuque
nas noites de luar. A predo-
minância da anáfora e rei-
teração lexical do topónimo
Angola e o dêitico demons-
trativo “esta” reforça a cha-
mada de atenção para o
espaço assombrado pelo
tronco esclavagista, mas tam-
bém para o espaço que ins-
pira a luta para a liberdade.
Para o efeito, alude-se ao
inconformismo generalizado
no solo da clandestinidade,
único espaço de “liberdade
política” em Angola sobre o
qual o engenho político se
desenvolve e aguça o espírito
de revolta diluído no ânimo
insuflado de esperança e te-
nacidade. Era o rastilho em
chama que lançava o eu su-
jeito a olhar o futuro com
convicção por uma Angola
transformada por uma in-
dependência: “Mas temos
de transformá-la: não sei
como nem com que forças,
mas este mal não pode durar
sempre”. Esse olhar o futuro
com convicção mantém-se
até agora, pois somos ins-
tados amiúde a transformar
Angola para uma “indepen-
dência real”, segundo Agos-
tinho Neto (2016), em
“Sagrada Esperança”.
O que é um diário?
A palavra “diário” apresen-
ta-se nas seguintes formas
noutras línguas: em alemão
“tagebuch”, em inglês
“diary”, em espanhol e em
Domingo
22 de Novembro de 2020
italiano “diário”. Em grego
se dizia “efemérides” (de
hemera, o dia), em latim
“diarium” (de dies, o dia),
em francês diz-se “journal
intime”, diário íntimo. Phi-
lippe Lejeune (2008), em “O
Pacto Autobiográfico”, ex-
plica que em francês espe-
cifica-se “íntimo” para evitar
a confusão com a imprensa
quotidiana. A intimidade só
entrou de facto mais tarde
na história do diário. Os diá-
rios obedecem às caracte-
rísticas consideradas como
regra ou mesmo cláusula. A
partir da primeira entrada o
relato do “Diário” de Deo-
linda Rodrigues respeita a
datação, característica que
converge com inúmeros diá-
rios conhecidos mundial-
mente, a saber: “Diário” (2
Volumes), de Miguel Torga,
“Diário de Anne Frank”, “O
Quarto de Despejo: Diário
de uma Favelada”, de Caro-
lina Maria de Jesus, só para
citar estes.
Os narratologi sta s
Reis/Lopes (2011) em “Di-
cionário de Narratologia”
apresentam as características
básicas do diário: “fragmen-
tação diegética imposta pelo
ritmo em princípio quoti-
diano dos actos narrativos
que compõem o diário; ten-
dência para o confessiona-
lismo, assumido de forma
mais ou menos aberta; pe-
culiar posicionamento e con-
figuração do destinatário”.
De acordo com Maurice
Blanchot (2005), em “O livro
por vir”, e outros estudiosos,
no diário podem funcionar
vários mecanismos da es-
crita, como a ficção narrativa
e o lirismo, tudo é possível,
assim como todos os níveis
de linguagem e de estilo. No
observar de Lejeune, os diá-
rios publicados permitem a
sinalização do tempo em for-
mato de calendarização, o
que é considerado um ele-
mento indispensável: “um
diário sem data, a rigor, não
passa de uma simples ca-
derneta”, pois “a datação
pode ser mais ou menos pre-
cisa ou espaçada, mas é ca-
pital”, distinguindo-o dos
outros subgéneros da lite-
ratura autobiográfica.
Blanchot (2005) enumera
pormenorizadamente o que
pode caber na escrita dia-
rística, quando diz que “o
diário íntimo aparentemente
tão desprendido das formas,
tão dócil aos movimentos
da vida e capaz de todas as
liberdades, uma vez que pen-
samentos, sonhos, ficções,
comentários de si, aconte-
cimentos importantes ou
insignificantes, tudo aí cabe,
conforme a ordem ou a de-
sordem que se queira”, tudo
 LITERATURA
isso deve obedecer a data-
ção, porque, no dizer do
mesmo autor, o diário “está
vinculado a uma cláusula
que embora pareça leve, é
temível: deve respeitar o
calendário. Esse o pacto
que o diário assina. O ca-
lendário é o seu demónio,
inspirador, compositor,
provocador e vigilante”.
Essas características ca-
nónicas apresentam-se em
mancha gráfica no “Diário”
de Deolinda Rodrigues, escrito
de 1956 a 1967, com alguns
dias e meses intercalados,
perfazendo um ano sem re-
latos. A data, por exemplo,
“17 de Setembro de 1956”,
escreve Deolinda Rodrigues
seguida da “entrada” ou “re-
gisto”, isto é, o que está escrito
sob uma mesma data: assim
“17 de Setembro de 1956 – O
Mino trouxe um memoran-
dum para traduzir e dactilo-
grafar. Então é sinal de que
fui aceite no Movimento”.
O diário é um discurso
narrativo intercalado escrito
retrospectivamente, com um
curto espectro de tempo entre
o acontecido e o registo em
que um eu, com vida extra-
textual, comprovada ou não,
anota periodicamente, com
o amparo das datas, um con-
teúdo muito variável, na de-
finição de Reis/Lopes. O
termo diário remete a uma
actividade da escrita quoti-
diana: blocos de conteúdos
datados, no dizer de Lejeune.
Nesta mesma sequência
conceptual segue Aguiar e
Silva citado por Brauer-Fi-
g u e i r e d o / Ka r i n H o p f e
(2002), em “Metamorfoses
do Eu: O Diário e outros Gé-
neros Autobiográficos na Li-
teratura Portuguesa do Século
XX”, quando descreve o diá-
rio como lugar em que “um
autor regista e analisa, dia a
dia, e durante uma longa ex-
tensão de tempo, ocorrências
da sua vida ou acontecimen-
tos de que teve conhecimen-
to, problemas e aspectos da
sua intimidade e da sua cons-
ciência, reflexões e sonhos”.
No recomeçar de cada dia
o “eu revela-se disperso, em
resultado do carácter frag-
mentário da escrita diarística”,
nota Clara Rocha. Confron-
tado com outros diários, o
exame permitiu verificar que
os traços característicos do
texto diarístico de Deolinda
Rodrigues enquadram-se no
protótipo universal da lite-
ratura autobiográfica no sub-
género diário. Ademais, a
poiesis e a ficção decorrem.
Assim não admitimos ler o
Diário híbrido numa proposta
teórica como forma de um
discurso científico e histórico
em que se anula a natureza
da sua ficção. Trazemos aqui
a posição de Vergílio Ferreira,
autor do diário “Conta-Cor-
rente”, segundo a qual “(…)
a maioria dos diaristas ‘in-
ventam’ mesmo os dados de
que partem. Assim, a ‘criação’
começa logo aí. Mas se não
começa, prolonga-se no tra-
tamento que lhes é dado. E
daí a ‘ficção’. E o leitor deve
ater-se à questão de ‘o que
está em causa não é saber se
os factos aconteceram, mas
o modo como o autor os fez
acontecer’”. A escrita de Deo-
linda Rodrigues evolui justa-
m e n t e a t é a a fi r m a ç ã o
convencida de Vergílio Ferreira.
Domingo
22 de Novembro de 2020
Literariedade e ficção
A literariedade do “Diário” de Deo-
linda Rodrigues tem à frente o eu,
narrador autodiegético, persona-
gem e protagonista, que assume
uma narrativa factual, em que a
poiesis ou a criatividade decorre,
pois o “eu é um outro”, na afir-
mação de Lejeune (2008). Tal e
qual Roland Barthes (1981) em “O
Grão da Voz” afirma: “eu é verda-
deiramente o pronome do imagi-
nário, do eu”. Contudo, não difere
da “autoficção”, termo e conceito
cunhado pelo romancista, crítico
e teórico da literatura Serge Dou-
brovsky (1977) em “Fils”.
Não distante disso, em “Le Journal
Intime”, Didier (2002) afirma que
por mais apressado que seja para
“Mamã” como instância interlocutora
A instância interlocutora explícita do
eu narrador chama-se Mamã, destinatária
imaginária criada como uma protectora
capaz de ouvir as deprecações confes-
sionais e remir toda a culpa do eu sujeito
protagonista, para que o ajude a vi-
giar-se, a censurar-se, a advertir-se,
a inspirar-se e a ser mais contido, so-
bretudo, a manter-se no caminho dos
“punhais” em direcção à “liberdade”.
Vejamos a confissão: “A culpa foi minha,
pois não devia ter respondido a ne-
nhuma das provocações dele. Esta
falta de controlo no papo é que vai
dar cabo da minha vida qualquer dia.
Preciso manter-me serena e evitar a
todo o preço falar sem que seja estri-
tamente necessário. (…)
Mamã e Papá, perdoem-me por esta
desonra. Tenho de melhorar” (Rodrigues,
pp. 78-79, 82, 84). Podemos observar
a “teimosia” exprimida pelo sujeito a
partir do seu pensamento mais íntimo.
Confronta-se com as suas próprias
falhas, admite o erro e pretende que o
seu interlocutor Mamã purifique-o da
culpa e promete-lhe ser um eu com
verbo mais introvertido. O exame de
consciência ou estado de espírito exposto
em tom confessional é tradicionalmente
dirigido à Mamã, ente numinoso capaz
de evitar mortes e outras fatalidades
indesejáveis junto das suas “4 forças”
(Rodrigues, pp. 192-193).
São desses momentos de confissão
e não só que inferimos o “Diário” de
Deolinda Rodrigues situar-se entre o
diário íntimo e o externo.
Entre eus fragmentados, que terão
construído uma série de valores uni-
tomar notas, o diarista não descreve
os acontecimentos de sua vida no
momento em que os vive, mas à
noite, no dia seguinte. Essa prática
justifica então a retrospecção de
fraco alcance, o afastamento entre
um eu objecto e um eu sujeito sobre
os quais Luís Kandjimbo (2010),
em “Ensaio Para Inversão do Olhar
– Da Literatura Angolana à Literatura
Epistolar”, ajuda-nos a perceber
essa prática de a diarista descrever
os eventos em tempo diferido quan-
do afirma que o diário “é um tes-
temunho da realidade observada
por um eu objecto e essa realidade
é relatada de modo diferido por um
outro eu sujeito”.
Carlos Teixeira (2008) em “‘Es-
versais reconhecidos aqui como modelos
sócio-culturais e patrióticos requeridos
à sociedade hodierna, destaca-se o de-
terminismo do eu não descentrado no
tempo histórico relatado no “Diário”.
Entende-se por não descentramento
o exercício cultural que consiste em
não deixar de ver as coisas a partir de
um elemento central, que para o eu-
Deolinda não é mais do que a liberdade
e independência dos angolanos.
Mário de Andrade (1980) destaca no
prefácio da “Antologia temática de
poesia africana: Noite Grávida de Pu-
nhais” a constante escrita poética em
que a Mãe Terra predomina: “Dois pontos
permanentes de apoio confundidos no
mesmo significante simbólico: a mãe
e a terra. O canto da mãe desemboca
em sonhos, esperança e certeza (…)”.
Os poetas inspirados pela musa do
canto poético da liberdade elevam a
afirmação cultural africana ao recorrerem
aos símbolos culturais bantu africano
encoleirados pela ideologia colonial,
pela sua inserção nos poemas e nar-
rativas literárias. Caracterizam a fide-
lidade às origens como forma de rejeição
do processo da assimilação, como nos
dá a entender Mário de Andrade (1980):
“os poetas detectam as suas matrizes
culturais. A rejeição do assimilacionismo
veiculado pela ideologia dominante
acompanha-se da busca de raízes afri-
canas. Os valores do património cultural
do mundo negro integram a musica-
lidade dos verbos”.
Percebe-se, finalmente, que a des-
tinatária Mamã representa na cosmo-
gonia angolana a terra e toda a sua
crever-se’ e/ou ‘Outrar-se’ – Escrita
e Relação em ‘Páginas do Diário Ín-
timo’ de José Régio” (disponível em
https://core.ac.uk) converge na po-
sição precedente quando diz que
“o eu escrevente, que à distância
dá testemunho do vivido, não é o
mesmo que aquele outro eu que
efectivamente experienciou o(s)
acontecimento(s) ocorridos num
passado mais ou menos longínquo”.
Se o registo não decorrer por um
distanciamento do tempo, então a
iminência do lírico redunda. Reis
e Lopes (2011), apegando-se à ex-
periência de Staiger (1966) em
“Conceptos Fundamentales de Poé-
tica” nota como o diário se faz emi-
nentemente lírico: “no diário o
homem dá testemunho da hora
acabada de transcorrer. (...). Quem
escreve um diário liberta-se de
cada dia na medida em que adopta
uma distância e dá testemunho do
já decorrido. Se não o consegue,
fala de maneira imediata e então o
seu diário resulta lírico”.
Paz e Moniz (2004), em “Dicio-
nário Breve de Termos Literários”,
posicionam-se mais além do eu
quando fazem notar que “o relato
do diário na primeira pessoa e o
filtro da visão subjectiva” instauram
“as principais marcas de literarie-
dade” sem colocar à margem o “dis-
curso variado, que combina a
narração, a descrição, o monólogo
(eventualmente o diálogo) e a efusão
lírica”. Esses mecanismos da escrita
são possíveis de serem assinalados
no “Diário” rodrigueano, onde se
pode constatar a presença de um
eu cindido, descrição dos espaços
e relevância introspectiva que dá
lugar ao “presente ficcional” a partir
do espaço de intimidade peculiar
da diarista em que “ela se debruça
sobre si mesma” no templo da in-
trospecção e confissão. Segue-se
ainda a caracterização psicológica
das personagens em detrimento da
beleza e ancestralidade. Por extensão,
toda a Mãe Negra, a qual deu à luz aos
angolanos e todos os africanos. Essa
destinatária imaginária do eu narrador
estende-se à voz poética cuja mensagem
está encerrada no poema “À Mamã”
(1967), frequentemente mencionada,
símbolo do continente africano, de An-
gola e de todas as áfricas do mundo.
A maneira como o eu narrador relata
os factos instaura a estética do exílio
simbólico resultante da meditação:
“Mas entre afastar-me da luta para es-
tudar no estrangeiro e ficar cá devotada
24 horas por dia à luta, ao mesmo tempo
que aproveito as ‘horas vagas’ que mi-
lagrosamente conseguir, escolho ficar
cá empenhada directamente na luta.
E não é por ninguém que faço isto. É
pela minha família, é por Angola sim-
plesmente que tomo essa decisão”
(Rodrigues, p. 81).
Os mecanismos que marcam a lite-
rariedade, a auto-ficção, como recorte
da imagem de si ou o eu em mutação,
relata o real para a qual algumas im-
pressões subjectivas do sujeito diluem-
se no imaginário. As imbricações desses
mecanismos nos acontecimentos factuais
introduzem o “Diário” híbrido à insti-
tuição do ensino e da crítica literária,
numa altura em que o mercado literário
angolano continua a registar a publicação
e circulação crescente de obras de di-
versas formas da literatura autobiográfica
propriamente dita, embora tímida para
o diário. Os diários foram durante muito
tempo marginalizados pela única preo-
cupação com a análise e interpretação
dos géneros nobres: poema, romance
19
física, diálogo, posição demiúrgica
do eu narrador, dentre outros.
A cisão do eu narrador ao des-
dobrar-se para que tenha uma ins-
tância interlocutora do narrador,
ou seja, um tu ficcional implícito e
outras vezes explícito no momento
de ensimesmamento, é um dos
mecanismos de que se vale a dia-
rista, como se segue: “Mas também
é necessário que outros aguentem
o trabalho. Se mais tarde, depois
da volta doutros quadros, houver
oportunidade e a minha vez chegar
para realizar o meu sonho de servir
ANGOLA LIVRE como médica, é
com alegria que irei então con-
tinuar os meus estudos. Mas até
lá fico a prestar trabalho onde a
luta EXIGIR. Bem, deixa-me ir
ajudar na louça e no jantar” (Ro-
drigues, pp. 80-82).
A partir deste excerto acontece
a interface, uma das características
da literatura ficcional, por o eu
narrador dirigir-se ao interlocutor
privilegiado que não existe, fingindo
estar a conversar com alguém. Não
é visível a presença do interlocutor,
que entretém o eu narrado ao alon-
gar a conversa e, para colocar uma
pausa no diálogo, tem que pedir.
Assim: “Bem, deixa-me ir ajudar
na louça e no jantar”.
Nessa dialéctica, permite-se as-
sinalar a presença implícita do
dêitico tu resultante desse desdo-
bramento do eu criando um dialo-
gismo: do eu que fala e do eu (tu)
que escuta, isto é, a cisão do ego.
No “Diário” de Deolinda, o eu nar-
rador chega a assumir uma posição
demiúrgica por saber o que se passa
na mente das personagens: “As pes-
soas adultas que vêm visitar-me
no quarto só olham para a panela
e o cesto: procuram comida e, coi-
tados, sonham com petiscos. Não
lhes passa pela cabeça o facto de
haver moambada e feijão na panela,
bananas e kikwanga no cesto”.
e conto, segundo observação de Silviano
Santiago (1988) na “Revista de Literatura
Brasileira”, n.º 6 (“O eixo e a roda: me-
morialismo e autobiografia”).
O “Diário” de Deolinda Rodrigues
estrutura-se em três partes distintas,
sem a desfocagem do processo da luta
nacionalista para a libertação e inde-
pendência de Angola. No primeiro mo-
mento, a diarista revela o seu
envolvimento na política da clandes-
tinidade, atitude subversiva aos olhos
das autoridades da gestapo (PIDE), que
terá sido ocultamente instalada em
Luanda antes de 1957 para desmantelar
os então movimentos e partidos políticos.
No segundo, a diarista frequenta treinos
militares para integrar o Esquadrão
Kamy, que em 1967 efectuou a marcha
epopeica no maquis do solo angolano
em direcção a 1.ª Região Político-Militar,
concretamente Nambuangongo, Bengo.
No regresso é capturada com mais
quatro mulheres guerrilheiras da luta
anti-colonial (Engrácia dos Santos, Irene
Cohen, Lucrécia Paim e Teresa Afonso).
O terceiro consiste na transição do eu
narrador à voz poética, que se solta das
celas de prisão de Kakokol, em Kamuna,
sanzala fronteiriça no território do Con-
go-Léopoldville, nessa altura baluarte
da UPA. Um tempo depois, a diarista é
transferida para o campo ou base de
Kinkuzu. Os poemas terão sido escritos
nas celas daquelas prisões.
*Marcelo Sebastião é investigador do
Departamento de Investigação do
Memorial Dr. António Agostinho Neto e
docente universitário
 20 HOMENAGEM Domingo
22 de Novembro de 2020

COLEGAS E AMIGOS RECORDAM MOMENTOS INOLVIDÁVEIS AO LADO DE PAULINO DAMIÃO

Uma despedida dolorosa

ROSALINA MATETA
Se eu soubesse, “ Velho”
Perdi a noção das vezes que saí
a trabalho com o “Velho”, é assim
que passei a tratar o 50 nos últimos
anos, dada a afinidade que criá-
mos. Não foram muitíssimas as
vezes que fomos à rua juntos.
Mas, as vezes que juntos fomos
agendados, foram sempre mar-
cantes. A competência técnica
do 50, aliada à sua simplicidade,
humildade e solidariedade, deram
a esta caloira, na altura, a liberdade
necessária para fazer a cobertura
e ainda aprender com o mestre
da fotografia “truques” que um
repórter de imprensa deve saber
para ganhar a sua matéria e ca-
minhar à conquista de um espaço
na Redacção.
O 50, além de ser uma marca
bastante conhecida e reconhecida
do Jornal de Angola, era um com-
batente pela vida. Homem des-
te m i d o , p o r q u a n t o , a i n d a
criança, vivenciou episódios de
combates violentos em Nam-
buangongo. Nos anos 60, viu-
se perdido nas matas, foi
apanhado por militares da tropa
colonial portuguesa.Teve a vida
poupada, mas tornou-se pri-
sioneiro. Estas são histórias con-
tadas por ele mesmo. Muito feliz
ficou, em 1994/5, quando en-
controu, em Lisboa, a esposa
por conta da aposentação, com
a qual nunca concordei, porque
entendo que um fotógrafo, tal
como um jornalista, desde que
consiga desempenhar o seu ofí-
cio, jamais deve ser aposentado.
Enfim, com as makas de finanças
que temos, a minha opinião não
conta mesmo nada.
Assim, conciliando a arte de
fotografar com a lavoura, Paulino
Damião ora estava na cidade, ora
no campo. Ainda me deu a provar
ginguba e banana pão (uma!) –
Acreditem- cultivadas pelas suas
mãos. Um dia, há muito tempo,
prometeu-me bombó. Mas não
vi nada! Quando lhe cobrasse
pessoalmente ou por telefone,
dizia-me: mas não vais/vens por-
quê? É perto...” Ficava eu sem pa-
lavras, pois foram muitas as vezes
que prometi pôr-me na estrada
para ir ao “ Nambua” e descon-
segui. O argumento de que não
teria como lhe contactar quando
chegasse ao ponto que me indicava
era a minha bandeira. Afinal, no
kimbo do meu “ Velho”,para se
falar ao telefone, tem que se
escalar uma montanha, “através”
do fraco sinal da rede. Nem um
telefone a todo terreno que o “Ve-
lho” teve lhe valia. A “bomba”,
com rádio e outras afamadas fun-
CÉSAR FERREIRA
Aprendemos
muito
contigo
No outro dia, soube, por uma
colega que não é jornalista, que
tinha morrido um fotojornalista fa-
moso. Perguntei de quem se tratava.
A resposta foi: Paulino Damião. Fiz
um rápido recuo na minha memória
e o nome nada, ou quase nada, me
dizia. E a pessoa insistiu. Se foste
jornalista do Jornal de Angola, de-
verias conhecê-lo. Também o tra-
tavam por 50. Aí! Caí em mim. A
imagem surgiu nítida daquele ho-
mem calvo que foi um dos que, no
início dos anos 90,me recebeu no
Jornal de Angola, era eu um caloiro,
que estava a sair do ovo, como ele
próprio dizia. Das vezes que fomos
juntos às reportagens, o 50 dizia-
me:”não te preocupes, vamos ter
boas imagens. Com ele, na sua sim-
plicidade e humildade, aprendi
muito. Houve vezes em que o lead
não saía e, enquanto pensava em
como começar a notícia, o 50 entrava
na redacção, atirava meia dúzia de
fotos sobre a minha mesa e a ins-
piração fluía, o escrito manchava
o linguado e a história era contada,
com todos os seus condimentos.
Também, houve momentos em
ISMAEL MATEUS

Andou comigo ao colo

do homem que contou em livro
todo o seu percurso de vida.
Estávamos em Portugal para
formação, no CENJOR, quando
descobriu, no local, a mulher
do autor. Foi muito marcante
para ele. Notava-se-lhe a emoção
e a felicidade. O “Velho” também
partilhou comigo a chegada da
“Celany”, sua neta e afilhada de
Luísa Rogério. Celany hoje é
uma mulher de mais de 20 anos.
A última vez que a vi, saía de
uma visita ao avô que estava in-
ternado numa clínica de Luanda.
Quando recebi a inesperada notícia
e liguei para o número do “ Velho”,
foi ela que atendeu o telefone.
Descreveu-me como foram os úl-
timos dias da vida dele. A doença
não lhe largava. Deixou-lhe im-
possibilitado de “zanzar” como
bem gostava. Também parou de
ir ao campo, na sua terra natal.
Uma vez mais viu-se privado de
uma das suas paixões. Cultivar
se tornara a sua principal tarefa,
ções, era proveniente da RDC, foi
comprada no Luvu. Em definitivo,
perdi a oportunidade de conhecer
a lavra do “Velho” o seu irmão e
outros membros da família que
não viviam na Chicala. Agora,
também perdi o “ Velho”. Um
bom amigo que há cerca de dois
meses, quando falávamos ao te-
lefone, prometeu-me que ainda
viveria para fazer as fotos de ca-
samento da Petra, tal como fez
as do seu primário aniversário.
Se eu soubesse, “ Velho”.
“Como é que ela está?”, era
a pergunta que invariavelmente
kota 50 fazia, sempre que comigo
cruzava. E não era por acaso.
Era resultado da memória de 12
anos antes, ter com a sua objec-
tiva, talento e perspicácia, cap-
tado belíssimas imagens por
altura do baptismo de uma das
minhas filhotas. Eu gostava da
pergunta e também invariavel-
mente respondia: “ ela está boa,
Kota. Está grande”.
que não pude estar em dois lugares
em simultâneo. Ele dizia, na sua
experiente voz:”eu vou lá, faço as
fotos e depois escreves. Quando o
50 deixava as fotos, sobre a mesa,
elas falavam. Contavam uma his-
tória, a qual bastava juntar a minha
palavra escrita. Já me gladiei, na
redacção do JA, com a Rosalina
Mateta, com o Alfredo Carima, com
o António Cruz ou com o Guilhas,
porque queríamos, todos, que o
50 fizesse o registo fotográfico da
história que íamos escrever.
Partes, humilde companheiro,
e levas a minha dívida de que con-
tigo aprendi a sensibilidade, hu-
mildade, a escolha da foto, com
mil e uma palavras, e a simplici-
dade de um homem que com a
câmara, em riste, fez parte da his-
tória de um país, de um jornal e
de um jornalismo ímpar. Descansa
em paz. Aprendemos muito con-
tigo. Até sempre 50.
Pala kudinanza. Deste teu eter-
no aprendiz.
Abro hoje parte da minha in-
timidade para prestar home-
nagem a Paulino José Damião,
o Cinquenta.
No início dos anos 50, a
minha avó paterna decidiu
que a situação em Nambuan-
gongo não era boa e por isso
enviou o seu filho mais novo,
que viria mais tarde a ser meu
pai, para Luanda. Todos sa-
biam que se alguma coisa
acontecesse o Paulino (tio)
estava em Luanda. Em 1961,
na retaliação portuguesa, a
minha família foi praticamente
dizimada. Todos mortos, in-
cluindo mãe , pai, irmãos e
restante família do meu pai.
Ficaram as crianças que fu-
giram para as matas mas uma
delas foi apanhada pela tropa
portuguesa: era o Paulino
Damião. Pressionado a mos-
trar o esconderijo dos outros,
saltou do carro militar, aca-
bando por ficar ferido e ser
levado para o hospital em
Luanda. Aqui chegado pediu
para localizarem o tio. E como
o meu pai estava na tropa
foi fácil. Eu tinha acabado
de nascer. Vivíamos no Sam-
bizanga. E foi assim que ga-
nhei um irmão mais velho.
Andou comigo ao colo. Quan-
do o meu pai foi preso pela
Pide ajudava a minha mãe
a ganhar um extra lavando
e engomando a roupa dos
solteiros do bairro. Longas
noites, pobreza extrema,
casa de terroristas. Eu era a
criança chata que não o lar-
gava. Fui cobaia para as suas
maquinas e revelações.
Ao longo destes anos to-
dos, não havia conversa fa-
miliar que começasse sem
ele. Não houve sobrinho,
neto ou filho de casa que
ele não tivesse fotografado.
Não havia aniversario, ca-
samento ou evento familiar
sem a sua fotografia. Os seus
filhos nasceram lá em casa
dos avós. Depois e, cada vez
mais depois, foi sempre isso:
família e união...
Agradeço todas as men-
sagem de apoio e por isso
também me dou um pouco
de mim, em gratidão. . Somos
muito gratos por o termos
tido nas nossas vidas.
Um abraço e obrigado.

Metade dos anos 90 do século
passado. Sou notificado pelo
Director Geral do Jornal de An-
gola, Adelino Marques de Al-
meida, a receber, no Lubango,
uma importante delegação de
Luanda, para uma visita de ajuda
e controlo.
Integrantes: José Cândido,
chefe do Departamento de Fi-
nanças, Manuel Dionísio,chefe
Seu olho clínico livrou-nos de um rapto
de Redacção, e o GRANDE “50”.
Eu, armado em delegado re-
gional na Huíla e Cunene, “atre-
vo-me” a enviar Paulino Damião
a Xangongo, para, imagine-se,
cobrir o Acampamento Nacional
da OPA!
E não é que o Kota nem deu
conta do meu desconforto, para
enviá-lo a uma tarefa menor!
Pegou na sua mochila e má-
LEONEL KASSANA
quina fotográfica, um “artefacto”
que lhe era inseparável, e gás
para o Cunene.
Ficou por lá quase uma se-
mana. De regresso ao Lubango,
contou-nos o prazer que teve
em conviver com as crianças no
acampamento.
Entre outras aventuras, à re-
tina vem-me uma deslocação
penosa, que fizemos ao Uíge,
em 1997, num veículo militar
do contingente zimbabweano
da MONUA.
Foi uma viagem com muita
história para contar, mas uma
nos marcou profundamente: na
aldeia Viçosa, ou Vista Alegre,
já noite, foi o olho clínico do
“50” que nos livrou de um imi-
nente rapto pelo “inimigo”.
Atento, o bom do Paulino Da-
mião apercebera-se de movimen-
tações estranhas a nossa volta,
com uns tipos a sugerirem-nos
umas barracas um pouco distante
da estrada. Refugiamo-nos no
contingente indiano aí estacionado
e também ao serviço da MONUA.
Sempre que cruzo com o Gil-
berto Neto, na altura no Folha
8 e nosso companheiro dessa
odisseia de dois, para pouco
mais de 350, recordamo-nos de
um “50” a animar-nos nessa via-
gem para gente de “barba rija”.
Também em 1997, fomos ao
Cuito, Bié, numa altura em que
a situação militar se apresentava
ainda particularmente tensa!
Do “50”, guardo, também, a
imagem de um fotógrafo que
não precisava de “orientação”,
quando estivesse em campo.
 HOMENAGEM Domingo
22 de Novembro de 2020 21
JOSÉ MEIRELES

Entrei de costas
No dia da outorga do Prémio qual só dava acesso a um re- dando à marcha ré e a disparar
Maboque de Jornalismo, em pórter. O Paulino Damião, os flashes. E, num ápice, o
1995, corrijam-me a data se mesmo sendo muito conhe- meu companheiro estava no
estiver errada, na qual o grande cido, foi travado à entrada. interior do recinto do hotel,
homenageado foi o finado Nem o colete de repórter que primeiro que o próprio con-
Abel Abraão, da RNA, onde gostava de usar, muito menos vidado de honra e os demais
também fora distinguido o a câmara e a quantidade de colegas. No final da cerimónia,
jornalista Faria Horácio, da rolos, ainda estávamos longe o 50, na forma peculiar de
TPA, ambos da província do da era digital, o safaram. De brincar, disse: “Meireles, o
Bié, o 50 e eu tínhamos sido nada valeram as discussões guarda não quis me deixar
escalados pelo Jornal de An- travadas à porta, nem mesmo entrar de frente, mas acabei
gola, para cobrir o evento, no a intervenção de alguém da por entrar de costas e não
Hotel Panorama, na Ilha do Maboque demoveu o segu- teve como impedir-me, porque
Cabo, em Luanda. Naquele rança, no seu intento. O Kota eu estava em frente, cara-cara,
dia, o local estava sob fortes 50, nunca se sabia quando com o chefe”. Eu ri-me à brava,
medidas de segurança, porque estava chateado ou sério, assim como os demais colegas
aguardava-se a chegada do disse: “Meireles, não te preo- presentes naquela noite de
então Primeiro-Ministro, Mar- cupes.Eu vou entrar e esse homenagem a dois jornalistas
colino Moco, para presidir a guarda, na hora, não vai fazer angolanos, que se notabili-
cerimónia. Além do passe de nada, vais ver só”. Assim que zaram no relato da guerra no
serviço, as Forças de Defesa o Primeiro-ministro chegou Bié. Nas várias missões que
e Segurança exigiam também ao local, os repórteres de ima- tive o prazer de cumprir com
um convite distribuído pela gem desataram a procurar o o Paulino Damião, esta história,
organização à imprensa. A se- melhor ângulo, para captar a real, não é nenhuma ficção,
gurança considerou o convite entrada de Marcolino Moco. marcou-me bastante e jamais
que estava em minha posse, O 50, astuto, com o olho focado esquecerei.
como individual, razão pela na máquina e no alvo, foi an- Paz à sua alma.
ANDRÉ SIBI
AMÁVEL FERNANDES “Cheguei a fotografar Agostinho Neto”
“Cinquenta”, cem por cento forever… A minha primeira pauta no
interior, província do Namibe,
depois de integrar o Jornal de
O então delegado provin-
cial, Batista Marta, providen-
ciou os meios humanos e
“Ó Ó Ó kacusso, cada caso
é um caso”. Risos outra vez ...
“Meu rapaz”, amenizou,”fo-
Quem me dera não escrever esta homenagem laudas (os famosos linguados) e era muito co- Economia & Finanças, do materiais para o sucesso da tografar é mesmo assim. Cada
em memória de Paulino Damião, porque de mum a pergunta, quantos linguados escreveste? Grupo Edições Novembro, foi nossa equipa. situação, exige uma postura
repente dou por mim a pensar que todos já Era quase sexual, sem querer insistir. com o mais velho Paulino A digressão começou no própria. “ Risos uma vez mais...
se foram, e que faço eu aqui nesta sala deserta O Paulino Damião tinha como companheiro Damião, o “Kota 50”. município sede Moçâmedes “Mesmo quando fotografei
entre velhas máquinas de escrever e câmaras o Salvador, que também já foi fazer fotos “Sibi, a sua viagem para o e prosseguiu para o Tombwa, Agostinho, nas várias apari-
fotográficas penduradas num prego? de Deus para o Céu. Namibe já foi autorizada e vai Lucira, passando por Ben- ções públicas depois de 75,
Era um tempo em que tínhamos um cartão E naquele tempo, que benza Deus, um seguir viagem com o Kota 50, tiaba e terminamos a jornada foi assim,” confidenciou o
de abastecimento, umas vezes as lojas tinham fotógrafo tinha de saber a arte do obturador, o Paulino Damião”, informou no município da Bibala, onde Kota 50.
frango, outras vezes só tinham pasta de a captura de luz e velocidade, os claros e o secretariado. Entre nós, era entrevistámos o adminis- Não me diga! Exclamei.
dentes, não havia literalmente nada, mas obscuros, porque a partir daí tudo virou mais fácil dizer Kota 50 do trador local. Kota 50 chegou a fotografar o
abundava, graças a Deus, uma ideia inata, facilidade, preguiça e falta de capacidade que Paulino Damião. O administrador explicou Presidente António Agostinho
para acreditar no paraíso terrestre, a nossa de interrogação. Buscamos as ajudas de que da Bibala para chegar Neto? Aonde, meu Kota?
república anti-imperialista. Todos nós que nos escondemos em fo- custo, preparamos as malas até à Serra da Leba era menos De repente, a conversa foi
O Jornal de Angola faz parte da minha vida, tografias que não são mais reveladas em e partimos para o Namibe. de meia hora. Queria apro- interrompida pelo mais velho
um pouco como as mulheres, ama ou não câmaras escuras, com as chapas a boiar na Depois de o avião estabi- veitar a oportunidade para da “Embala”, que acompa-
ama, mata e esfola, fatais como o destino. água que se penduravam para secar em lizar o voo, o Kota 50 olhou conhecer essa Maravilha ao nhava a nossa conversa.
Fui parar ao Jornal de Angola, de uma es- molas para pendurar roupa. para mim e perguntou:”co- lado do meu Kota, mas o ho- Comovido pela nossa con-
pécie de trabalho forçado, viviam-se os Mas a particularidade da vida do Paulino n h e c e o Na m i b e ? ” Nã o , rário não permitiu. versa, procurou saber de onde
tempos da repressão infame após o 27 de Damião, que ele me contou e mais tarde con- meu kota. É a primeira vez, Foi uma semana de in- vínhamos.Explicámos que
Maio, era director Costa Andrade, Ndunduma, firmei, é que ele tinha sido capturado em Nam- respondi. É uma boa pro- tenso trabalho de reporta- se tratava de uma equipa de
que me conhecia de Lusaka, um pouco depois buangongo, por um batalhão no princípio dos víncia, confortou-me. gem , s obre a actividade reportagem do Jornal de An-
do Congresso falhado de Lusaka. anos 60, onde figuravam dois futuros grandes “Sibi, é nas viagens onde piscatória no Namibe. gola, que acabava de visitar
Eu tinha sido preso pela DISA, e lá fui, jornalistas, o Manuel Beça Múrias e o maior se descobre o carácter dos Entrevistamos várias per- o município da Bibala.
neguei ser rectificado pelo MPLA, uma pouca escritor literário português do último quartel colegas de profissão”, disse. sonalidades, com destaque O “seculo” (mais velho)
vergonha, e Ka fiquei, biquinho calado, e, foi do séc. XX, Fernando Assis Pacheco, com quem Porque? Perguntei. “Vou res- para Alcides Gomes Cabral, colocou a filha à disposição
uma grande escola. travei amizade em Lisboa, uma história que ponder-lhe mais adiante. na altura director provincial e disse: “O interessado pela
Mais que uma escola, foi um alfobre de passou para as famílias. A viagem durou perto de da Indústria. O actual depu- minha filha deverá pagar um
futuros bons jornalistas. E devo dizer que o Preferia não escrever sobre o Paulino Da- uma hora. No aeroporto de tado a Assembleia Nacional, televisor, um gerador e uma
Jornal de Angola, na altura o único órgão da mião, que descontou para a Unta, e que mor- Moçâmedes, encontramos a João Guerra, era o adminis- cabeça de boi”.
imprensa escrita, era “ desprezado” face à reu pobre a sonhar com Nambuangongo. equipa destacada pela Dele- trador Municipal do Tômbwa. Kota 50, topas? Perguntei.
rádio e televisão. Não sei se o Jornal de Angola tem arquivo gação Provincial. O meu amigo Alexandre Nhu- “Ó Ó Ó kacusso, estamos em
Refugiei-me com o Rui Galhanas no “es- dos grandes profissionais que por ali passaram, O motorista era o Roque, ca, hoje administrador no serviço.” Respondeu. Solta-
trangeiro”, onde apareceu um rapazinho nem sei se tem perdidos e achados. um jovem de altura média, mesmo município, era o as- mos a gargalhada outra vez.
muito novo, muito educado, e com vontade Mas por honra profissional e respeito, de trato fácil, que nos levou sessor de imprensa do Go- Eram momentos muito felizes,
de aprender (o Manaças)... pendurem um quadro de honra, em que até à sede da Delegação Pro- verno Provincial. ao lado do meu Kota de Nam-
E como aparece o Paulino Damião, neste figure o Paulino Damião, e deixem um espaço vincial e, mais tarde, para o Ao longo da viagem, apren- buangongo. Ai, Kota 50, meu
contexto que tento descrever? Naquele tempo, para todos vós. residencial reservado para di muitas lições de vida com companheiro de luta.
não havia computadores, os escribas tinham E que cheguem ao 50, cem por cento forever. nós, bem no centro da cidade, o Kota 50, como lidar com as A viagem prosseguiu, con-
onde ficamos hospedados por fontes de informação. Expli- cluímos a reportagem e a ma-
uma semana. cou que há colegas que re- téria foi publicada no Jornal
Na redacção, tínhamos vá- velam as verdadeiras garras de Economia & Finanças, do
CARLOS CARDOSO rios fotógrafos, mas o Kota 50
e o Kota Salú eram os fotó-
nas equipas de reportagem
no exterior.
Grupo Edições Novembro,
que edita o Jornal de Angola,

Um verdadeiro professor grafos com os quais boa parte

Conheci o kota antes mes-
mo de vir trabalhar para
o Jornal. Nas minhas longas
andanças pelo mundo das
artes, inúmeras vezes dei
de caras com o kota em
eventos, para além das
ocasiões em que, convi-
dado a falar para o jornal,
tinha o mais velho 50 como
repórter fotográfico.
Já no Jornal de Econo-
mia, Paulino Damião foi
somente das pessoas com
quem rapidamente criei
empatia. Pessoa de trato
fácil e dedicação incomum
ao trabalho, mais velho 50
foi para muitos de nós um
verdadeiro professor e fon-
te de busca. Era com ele
que tirava dúvidas sobre
assuntos passados do Jor-
nal de Angola. Entusias-
mado, sempre que o soli-
citasse, o kota discorria
todo o seu potencial de
conhecimentos sobre o
tema sugerido.
É difícil aceitar a sua par-
tida, numa altura em que
de forma apaixonada de-
cidira abrir uma nova página
na sua vida (a agricultura).
Descanse em paz meu
bom kota.
dos repórteres gostava de tra-
balhar, sobretudo os estagiá-
rios na altura, pois eram de
trato fácil e bons camaradas.
Os dois kotas não eram pro-
motores de intrigas, tão pouco
do conflito de gerações. Es-
tavam sempre no seu lugar,
ao contrário de muitos, que
chegam a atravessar a fronteira
do jornalista, ao ponto de fazer
perguntas ao entrevistado, ri-
dicularizando o repórter. Uma
realidade que a escola do jor-
nalismo não recomenda.
A caminho da Bibala, notei
que o meu Kota 50, quando
o assunto era fotografar as
mulheres no deserto, pois,
em algumas localidades, a
indumentária não difere das
“mumuilas”, sobretudo as
mais novas, com os seios fei-
tostortulho no monte, o olhar
do meu Kota na objectiva era
ajeitado com uma mestria
mais acentuada.
Kota 50, me parece que
mudou a técnica de fotografar,
porque na Bibala não estava
a fotografar assim. Risos ....
Jornal dos Desportos e de Eco-
nomia & Finanças.
Apesar de não ter contado
em que circunstâncias foto-
grafou o presidente Neto, de-
pois de 75, aprendemos muito
com o nosso kota. Não nos
resta mais nada senão chorar
e endereçar o nosso mais pro-
fundo sentido de pesar à fa-
mília enlutada, pois o Kota
50 foi um bravo combatente
na história do fotojornalismo
angolano, combateu um bom
combate. Que a sua alma des-
canse em paz.
 22 CRÓNICAS Domingo
22 de Novembro de 2020

DIKAS DE BAIRRO
Para evitar óbitos
O grande cantor Nick, filho de Catete, cantou ainda no tempo da guerra civil: “O que se passa então! Saí
dali deixei óbito, vou ali vou encontrar óbito”...
DR
Pereira Dinis
Há coisas que são feitas ou projectadas
social, económica ou políticamente para
o bem da comunidade. Até aqui não há
problema. O problema surge apenas, segundo
o Mamúngua, que já viu o pão que o Diabo
amassou no 27 de Maio de 1977, para mandar
bucar (entrar) pessoas em confusões.
Da Praça há poucos dias saiu da cuzueira,
acusado de ter comprado a placa de uma
viatura. Foi solto porque o Meritíssimo Juiz,
dentro da sua consciência, concluiu que o
mercado dos Congolenses é formal e todos
os cidadãos podem e devem fazer compras
nos dias estipulados. Agora se comercializam
galinhas, patos, frangos, carne de vaca,
faturras (fatos), e outros produtos gamados
(roubados) aí é já trabalho da Polícia.
Da Praça com 70 anos ainda conserva
avilos. No dia da manifestação dos jovens,
que estava proibida por Decreto Presidencial,
conforme disse o Kinama no mbanji (casa)
do Mamúngua, o Da Praça estava lá e foi
detido. Porquê? Só a Polícia sabe.
O Panhanha não acreditou e disse que o
Da Praça já não se mete nesses dikulos
(makas) e nem sequer tem mais dikindos
(truques) para gamar parros (relógios) nas
paragens de autocarros, táxis e bares.
Depois dessa conversa, quem surge na
casa do Mamúngua é o Zé Esquerrola com a
dica de que na casa do Da Praça há diculo.
Mamúngua, Kinama, Panhanha e o “dono”
da notícia vão a casa do Da Praça. Na verdade,
encontraram o diculo.
Como já não gosta de confusão, Mamúngua
perguntou ao compadre do Da Praça (pai do
noivo da filha do Da Praça) qual é a nvunda
(confusão) àquela hora (7h30).
Quem respondeu foi o Da Praça na primeira
pessoa: “Mamúngua e meus candengues!
Eu dei positivo ao Covid-19. E lá onde estive
vocês não vão acreditar. Não sei. Mas parece
que já estava no outro mundo. Foi graças a
equipa médica e às orações de todos que
estou aqui!
Da Praça acrescentou: “A minha ndengue
(miúda/filha) teve (nasceu) ontem e os
compadres vieram para dar jiago (comida
leve feita pelos familiares do noivo para
testar se o bebé é mesmo dele) e como se
não bastasse trouxeram o mestre para cortar
a kinhunga (circuncisão) do recém-nascido”.
Da Praça, como não queria ver ajuntamento
em sua casa, correu com todos com o dikindo
(argumento) que a Covid-19 já está aqui e
no mundo e não tenhamos ilusão.
Depois dessas palavras do Da Praça,
Mamúngua com um certo nervosismo disse
que no Baião, Santo Rosa, Sumba Futa,
Madeira, Frescura e noutras bandas do
Rangel, Cazenga e do asfalto tem óbitos
por Covid-19.
Como Da Praça comeu o pão que o diabo
amassou, recorreu à música do falecido Artur
Nunes em kimbundu, que diz, numa inter-
pretação livre: “Nós na sanzala estamos a
pensar a morte do António. Estão a dizer que
morreu feitiçado. Mas nós somos crianças.
Se é verdade ou mentira continuamos a
chorar o António”.
E acrescentou: “O grande cantor Nick,
filho de Catete, que durante a guerra civil
conseguiu fugir da censura, cantou ainda
naquele tempo, também em kimbundu: “O
que se passa então! Saí dali deixei óbito,
vou ali vou encontrar óbito”...
Da Praça volta a avisar: “Covid-19 está a
matar. Vamos cumprir as orientações da
Saúde, apenas isso. Para evitar óbitos”.

Votos de bom augúrio
Até que um dia realmente haja uma lufada de ar fresco, tudo esteja nos carris e nas respectivas carruagens, que o
martirizado povo seja tido e achado e deixe de viver de esperanças
Pedro Kamorroto
Tudo é culpa do contexto, certos contextos são pretextos.
Nadadores mais experimentados tentam em vão travar
com os dedos das mãos a fúria marinha. Persuadi-los é
uma missão para lá do impossível.
Cada vez mais uma maré agiganta-se, tão alta de si, ga-
ba-se de vomitar himalaias pelos seus orifícios mais íntimos.
Com o seu charme perfumado atrai presas para consolidar
o reinado das lombrigas do seu farto abdómen.
O Kwanza, do alto da sua expressão facial de alacridade,
ri-se piamente de mim, de ti. Como mandrião que é, solta
gargalhadas irritantes ante a tristeza de todos nós, feito rio
sem clemência abocanha todos os afluentes a sua volta.
Há calemas à vista prontas para deitar para baixo tudo
que estiver próximo ou para lá da sua costa. As accões, as
estratégias são desenvolvidas no mais profundo dos silêncios.
Os soberanos deuses não são segredados, como sempre
acabam por (con)sentir os efeitos colaterais dos estragos en-
surdecedores, quais tambores vazios.
Coube-nos a dolorosa missão de inverter a seguinte lógica
que se arrasta até aos nossos dias: - Separar o trigo do joio
para separar o joio do trigo (?)
Na verdade quem é a erva daninha?
Quem é o lobo mau, quem é o lobo bom?
Qual é a pessoa, coisa, fenómeno que é prejudicial à realidade?
Se ainda nos atermos em discussões de infantário, e esquecermos
que o tempo urge, sem travarmos guerras intestinais como se diz
por aí, não saberemos quem é quem e a culpa não acabará solteira
PRETEXTOS OU CONTEXTOS
por estar atrelada, acorrentada a um determinado contexto.
Cada panela de discurso com a sua tampa de contexto, é
assim que fomos ideologicamente ensinados.
Houve um tempo em que o contexto era defender-se das
hidras e jugos coloniais que se impunham. Acreditamos
através duma fé que alimenta a alma, que devemos ser nós
a esquadrinhar e a traçar as linhas geométricas do nosso
porvir. Lá fomos nós, não arredamos os nossos calejados
pés e demos corpo a vários manifestos. Com todas dificuldades
e problemas durante o prolongado parto-percurso, o nascituro,
a nova ré-pública deu o tão esperado vagido revolucionário,
o grito do Ipiranga, o grito da dipanda naquela histórica ma-
drugada, a chuva era novembrina, onze era o dia. Três grandes
personagens e seus respectivos movimentos reclamaram
paterna idade, talvez por causa do contexto e das alianças
bem feitas, apenas um foi reconhecido como legítimo progenitor
e nem foi preciso teste de DNA. O reconhecimento foi tão
popular e não democrático como desejavam os outros insignes
lutadores. Depois deste feito, instalou-se uma guerra civil
sem precedentes, cujos caules e raízes emanaram dum
governo com má formação congénita: possuía três cabeças
e vários troncos e membros. O referido e efémero governo
não soube transitar, atravessar a estrada com todo cuidado,
como deve ser, ignorando simplesmente os sinais de trânsito.
No contexto da guerra civil a paz era a única coisa ou bem
na agenda nacional, com o desenvolvimento acurralado não
se podia falar de uma outra coisa cujos frutos não resultasse
ou não se transfigurasse em paz, as homilias, os cânticos e
as orações estavam decoradas de paz e o povo martirizado
sempre esteve aí, a consentir todos os sacrifícios, aliás como
sempre foi ensinado que deve somente esperar, ser a esperança
de si mesmo, mesmo quando não tem o merecido pedaço
de pão metaforizado nos versos repletos de Confiança de
Neto. Como não há bela sem senão, e nem todo Abril é de
chuvas mil, veio a tão esperada paz, como uma boa nova
soou em todos os cantos, becos e vielas da terra prometida,
a nostra. A paz forjou um outro contexto, reconstrução nacional
era a palavra de ordem e a reconstrução implicava dinheiro
e nada melhor que o crédito chinês, reconstruiu-se tanto e
o povo continuou a esperar pelo sagrado pedaço de pão,
mais dignidade, saúde, educação, habitabilidade condigna,
emprego, coisas tão basilares. O crédito chinês e outras
ajudas financeiras serviram para construção do monopólio,
acumulação primitiva e irracional de capitais, de novos ricos,
dum empresariado nacional suspeito, que detém ou detinha
empresas, dinheiro aqui e nas europas da vida, e ao fim e ao
cabo deu-se conta que eram gestores públicos, não eram
empresários como tal. A paz permitiu a patuscada e o banquete,
mas nem todos eram convidados, nem o povo foi tido nem
achado como pato, os restolhos também estavam fartos de
cooperar com o paciente e esperançoso povo.
O novo contexto como se apregoa é de corrigir com a tinta
da justiça tudo que ao longo do tempo esteve errado e
combater cerradamente a podridão generalizada.
Há tantos escolhos pela frente, até que um dia realmente
haja uma lufada de ar fresco, tudo esteja nos carris e nas res-
pectivas carruagens, que o martirizado povo seja tido e
achado, que deixa de viver de esperanças para ser digno e
usufruir daquilo que lhe cabe. Esses são os nossos votos de
um bom augúrio!
NECROLOGIA Domingo
22 de Novembro de 2020 23
FALECEU FALECEU AGRADECIMENTO RECORDAÇÃO

ISABEL CARDOSO
HENRIQUES (Belita)
É com imenso pesar que a família Henriques
comunica o falecimento de ISABEL CARDOSO
HENRIQUES (Belita), ocorrido dia 18/11/2020,
em Lisboa Portugal. O funeral realizar-se-á
em data a anunciar oportunamente. (12003)
PAULINO JOSÉ DAMIÃO (50)
Lino Damião, Luís Damião, Domingas Da-
mião e Cátia Damião (filhos), Paulino Damião,
Teresa Damião, Isabel Damião, Sara Damião,
Domingas Damião e Josimara Damião (sobri-
nhos), netos e demais familiares comunicam
o falecimento de PAULINO JOSÉ DAMIÃO
EUSÉBIO DIAS DE CARVALHO
SOBRINHO
Maria Odete de Carvalho (esposa), Obede,
Alice, Luzia Vava, Edson, Leila, Maravilha e Yara
(filhos) e demais familiares agradecem a todos
quantos acompanharam o acto fúnebre do seu
ente querido EUSÉBIO SOBRINHO, até à sua
última morada. Descanse em paz, no resplen-
dor da luz perpétua, Amém. (12093)
ANA HENRIQUE
Com a sua ida, todos nós coramos, todos nós gritamos e todos nós
sofremos. Com o coração apertado percebemos que os seus olhos
castanhos não iriam mais encarar os nossos rostos e que a sua
voz não chegaria mais aos nossos ouvidos. Percebemos que
não teríamos mais a sua presença mas entendemos que tudo
isso foi uma escolha de Deus, que olha por nós junto de ti. Sen-
timos muito pelo que aconteceu, sentimos muito por não te
abraçar pela última vez. Sentimos por tudo. Mas não te preo-
cupes querida ANA, todos nós, netos, filhos, primos, sobri-
nhos, tios e amigos guardaremos a sua lembrança e o leve
sabor de saudade em nossos corações. (12085)
RECORDAÇÃO

RECORDAÇÃO
BALTAZAR PIO
DO AMARAL GOURGEL
Pai! Deixaste luz em nossos caminhos e
belas lembranças em nossos corações. Ob-
rigado por tudo que fizeste por nós, acredi-
tamos que não existe partida para aqueles
que permanecerão eternamente em nossos
corações. Saudade eterna da tua família.
Descanse em paz. (12080)
RECORDAÇÃO
“50”, ocorrido dia 19/11/2020. O velório de-
corre na noite de hoje no Quartel Central dos
Bombeiros, de onde parte o cortejo fúnebre na
segunda-feira, dia 23/11/20, pelas 9h30, para
o cemitério da Santana. (12083a)
RECORDAÇÃO
EDUARDA MARIA PIO DO
AMARAL G. SILVA SANTANA
Hoje, completam-se 10 anos da partida da
nossa Mãe! Mãe e Avó dos seus netos,
Man’Di dos seus irmãos, tia Didi dos seus
sobrinhos, de sangue e não só, Didi das suas
amizades, Madrinha dos seus afilhados, Mãe
de muitos mais filhos do que gerou. Neyde,
Maninho, Zeza, Maguy, Edu, Kunda, Ani,
Nani, Nzinga, Paulo e Armando agradecem
a Deus pela luz nos seus caminhos e a todos
quantos durante estes anos lhes têm supor-
tado e ajudado a cobrir tão grande perda!
Que nossa Mãe descanse em paz. (12086)
ANTÓNIO JOÃO DA COSTA NETO
FALECEU (Zito Cafeteira)
PAI, faz hoje, 22 de Novembro, 6 meses que partiste para o Reino do Senhor.
Enganou-se quem escreveu que o tempo iria ajudar a superar. Isto, porque a
dor continua a fortificar, a saudade insiste em aumentar e os nossos corações
não param de chorar. No entanto, valem-nos as memórias e os ensinamentos
por ti deixados, como força necessária para trilharmos o caminho da solidi-
ficação do teu legado. Estamos cientes de que a realidade vindoura jamais nos
juntará neste mundo Terráqueo, mas confiantes de que estás a acompanhar
os passos de cada um de nós e com vista privilegiada desde o mundo Celestial.
Relembram-te tua esposa, filhos, noras, genros, netos, bisneta, familiares e
amigos, que jamais te esquecerão e que continuam a sentir a dor da tua partida
JOAQUIM PEREIRA ANTÓNIO DA prematura e súbita para junto do Senhor. Descansa em paz CN.(12069)
SILVA JÚNIOR (Joaquinito)
Filhos, irmãos, sobrinhos e netos cumprem
o doloroso dever de comunicar o falecimento
CONDOLÊNCIAS
de JOAQUIM PEREIRA ANTÓNIO DA SILVA
JÚNIOR(Joaquinito),ocorridonodia19/11/2020
em Luanda, Angola. O funeral realiza-se no PAULINO JOSÉ DAMIÃO (50)
dia 25/11/2020, às 10h30, no Cemitério de
Sant'Ana. (12053a)
Profundamente consternados, o Conselho de Administração e
FALECEU o colectivo de trabalhadores da Edições Novembro-E.P. apresentam
à família enlutada os pêsames, pelo passamento físico do
trabalhador reformado PAULINO JOSÉ DAMIÃO (50), ocorrido
no dia 19 de Novembro de 2020, por doença. Que a sua alma
descanse em paz. (700.105)

CARLOS GIL FERREIRA MARIA FRANCISCO DE CASTRO CONDOLÊNCIAS FALECEU

DE SOUSA FALECEU
Delfina Francisco de Castro, José Francisco
Querido pai, lamentamos imenso a tua de Castro e Antónia Francisco de Castro comu-
ida, viverás eternamente nos nossos nicam o falecimento de sua irmã MARIA
corações, descanse em paz. Amamos- FRANCISCO DE CASTRO, ocorrido dia
te muito, Eric e Gisas. (12065) 21/11/2020, em Luanda, por doença. O funeral
realizar-se-áemdataaanunciaroportunamente.
FALECEU (12099a)

JOSÉ MANUEL GONÇALVES
DA CUNHA
Cândida Cunha (esposa), Tininha, Patrícia,
Yola, Ângelo, Xando, Nina, Karina (filhos),
netos, cunhados, amigos e demais familiares
cumprem o doloroso dever de comunicar o
falecimento de JOSÉ MANUEL GONÇALVES
DA CUNHA, ocorrido no dia 20/11/2020, em
Lisboa, por doença. (12081)
FALECEU
PAULINO JOSÉ DAMIÃO (50)
Pedro Damião “Cautela”, Neves Damião,
Domingos Damião, Paulino Baptista, Antó-
nio Baptista e Lopes Pedro (irmãos), amigos
e demais familiares comunicam o faleci-
mento de PAULINO JOSÉ DAMIÃO “50”,
ocorrido dia 19/11/2020, por doença. O ve-
lório decorre esta noite no Quartel Central
dos Bombeiros, de onde parte o cortejo fú-
nebre na segunda-feira, a partir das 9h30,
para o cemitério da Santana. (12083c)
FALECEU
MISSA
BERTA MARIA FERREIRA
DIOGO
Ricardo Henriques, Nadir Henriques e Márcia
Henriques (filhos), netos, irmãos, nora, gen-
ros, sobrinhos e familiares comunicam que
será realizada a Missa do 30º Dia, em memória
de sua querida BERTA MARIA FERREIRA
DIOGO, no dia 24/11/2020 (terça-feira), na
Igreja de Jesus (Cidade Alta), às 18h30.(12087)
JOÃO BAPTISTA SIMBA FUTY
Foi com profunda dor e consternação
que o Comando da Força Aérea Nacional
tomou conhecimento do passamento fí-
sico do Tenente Coronel JOÃO BAPTISTA
SIMBA FUTY, ocorrido dia 19/11/2020,
por doença. Nesta hora de dor e luto, os
Generais, Oficiais Superiores, capitães,
subalternos, sargentos e trabalhadores
civis endereçam à família enlutada os
sentimentos de pesar. (12084)
FALECEU
PAULINO JOSÉ DAMIÃO (50)
Francisco Bernardo, Joaquim Panzo, Lopes Cor-
reia “Phuku”, Kindala Manuel, Rogério Tuty,
Ndombele Bernardo, Miquéias Machangongo,
Vigas da Purificação, Pipas, Paulo Abreu e demais
amigos e colegas comunicam o falecimento de
PAULINO JOSÉ DAMIÃO “50”, ocorrido dia
19/11/2020. O velório decorre esta noite no
Quartel Central dos Bombeiros, de onde parte
o cortejo fúnebre, o funeral realiza-se se-
gunda-feira, dia 23/11/20 a partir das 9h30,
para o cemitério da Santana. (12083)
MISSA

FALECEU

JOAQUIM PEREIRA ANTÓNIO DA
SILVA JÚNIOR (Joaquinito)
É com imenso pesar que as famílias Pereira
da Silva e Vicente Ferreira comunicam o fale-
cimento do seu ente querido JOAQUIM
PEREIRAANTÓNIODA SILVA JÚNIOR (Joa-
quinito), ocorrido no dia 19/11/2020, em
Luanda, Angola. O funeral realiza-se no dia
25/11/2020,às10h30,noCemitériodeSant'Ana.
(12053)
SERVIÇO NECROLÓGICO: DIAS ÚTEIS DAS 8H ÀS 18H, SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS DAS 8H ÀS 14H
CECÍLIA FRANCISCO DA SILVA
(Avó Cecília)
Pequenina, Mena, Nelito I, Nelito II, Ge-
noveva, Dadinha, Zé Maria e Toy (fi-
lhos), sobrinhos, netos e demais
familiares cumprem o doloroso dever de
comunicar o falecimento de sua querida
CECÍLIA FRANCISCO DA SILVA (Avó
Cecília), ocorrido dia 20/11/2020. O fu-
neral realizar-se-á em data a anunciar
oportunamente. (12088)
MARIA FRANCISCO DE CASTRO
Sandra de Castro, Emanuel de Castro, Zianite
de Castro e Edna de Castro comunicam o fa-
lecimento de sua tia MARIA FRANCISCO DE
CASTRO, ocorrido dia 21/11/2020, em
Luanda, por doença. O funeral realizar-se-á
em data a anunciar oportunamente. (12099)
PAULINO JOSÉ DAMIÃO (50)
Paulino Sebastião, Maria Mateus e Cunha
Lopes (tios), Augusto Panzo, Ismael Mateus,
Manuel Mateus, Juliana Mateus, Adriano Ma-
teus, Lino Mateus, Isabel Mateus, Ndunda,
Titi, Paixão, Manucha, Dibaia, Desti, Vedas,
São, Nanita, Lopes António e demais primos
comunicam o falecimento de PAULINO JOSÉ
DAMIÃO “50”, ocorrido dia 19/11/2020. O
velório decorre esta noite no Quartel Central
dos Bombeiros, de onde parte o cortejo fúne-
bre na segunda-feira, dia 23/11/20, pelas
9h30, para o cemitério de Santana. (12083b)
EUSÉBIO DIAS DE CARVALHO
SOBRINHO
Maria Odete de Carvalho (esposa),
Obede, Alice, Luzia, Vava, Edson, Leila,
Maravilha e Yara (filhos), primos, sobri-
nhos, netos, bisnetos e demais familia-
res comunicam que será rezada a Missa
do 7º dia, em memória do seu ente que-
rido EUSÉBIO DIAS DE CARVALHO SO-
BRINHO, amanhã, segunda-feira, dia
23/11/2020, às 17h00, no Condomínio
Acácias, casa - E 10. (12093a)
24 Domingo
22 de Novembro de 2020

(700.054)

REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
INSTITUTO GEOGRÁFICO E CADASTRAL DE ANGOLA
DEPARTAMENTO PROVINCIAL DO CUANZA-SUL Segundo as normas estatutárias, venho, por este meio, con-
EDITAL N.º 105/2020 vocar a Assembleia-Geral de Balanço e Renovação de Man-
PROCESSO DE CONCESSÃO N.º 105-CS/20 datos, a realizar-se no dia 27 de Novembro de 2020, no
Tendo, a ESCOM IMOBILIÁRIA S.A, requerido o direito de superfície de uma parcela de terreno rural Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR), em Luanda,
com uma área de 1000 (Mil) hectares, onde será implementado um projecto Agro-Pecuário, localizado
no Lossanhe, Comuna Lonhe, Município da Quibala, Província do Cuanza-Sul. a partir das 8h00, com a seguinte ordem de trabalho:
Feita a demarcação provisória, a mesma ficou com as seguintes confrontações: a NORTE-com
um riacho inominado, a SUL-com o terreno demarcado pelo Sr. JOÃO ADELINO PAIXÃO SAL-
VADO, a ESTE-com um riacho inominado e terreno de terceiro não cadastrado e a OESTE-com
1- Leitura, discussão e aprovação do relatório da Direcção;
um riacho inominado. 2- Apresentação, discussão e aprovação do Relatório e
São, por este meio, convocadas todas as pessoas que se julgarem com direitos sobre o mesmo ter- Contas;
reno, a virem comprová-lo neste Instituto Geográfico e Cadastral de Angola, no prazo de 30 dias a
contar da data da publicação deste Edital. 3- Revisão dos Estatutos e do Regulamento Interno da
Departamento Provincial do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola do Cuanza-Sul, em
Associação;
Sumbe, 20 de Novembro de 2020. 4- Homenagem ao Presidente Fundador, MESSIAS CONS-
O Chefe de Departamento TANTINO;
Bernardo Maneco
(500.1503b) 5- Outorga de Diplomas e Medalhas a membros fundado-
res, efectivos, beneméritos e honorários;
6- Eleição dos órgãos sociais para o mandato 2020-2024.

A JECO - Dinamizar para um Jornalismo Económico mais Ac-

tuante.

Luanda, 12 de Novembro de 2020.

O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral

(700.004) Cristóvão António “Tó” Bragança (700.106)
ECONOMIA
MERCADO AUTOMÓVEL
Mercado sofreu perdas superiores a 55 por cento nos anos que se seguiram à crise de 2014
Vendas dos concessionários
retrocedem em 25 por cento
Comércio de carros novos regista queda homóloga entre
Janeiro e Outubro, confirmando tendência iniciada em 2015
Cristóvão Neto
Os concessionários venderam
1.927 veículos novos de Janeiro
a Outubro deste ano, uma
queda homóloga de 25 por
cento depois da venda de
2.623 automóveis no mesmo
período do ano passado, de
acordo com números forne-
cidos ontem, ao Jornal de
Angola, pela Associação dos
Concessionários de Equipa-
mentos de Transporte Rodo-
viário e Outros (Acetro).
Com vendas totais em
2019 situadas em 3.070 veí-
culos, o mercado automóvel
acentua a contracção este
ano, quando se espera a
negociação de 2.259 auto-
móveis, indicam dados pro-
duzidos pela Acetro no fim
do primeiro semestre.
Depois de um pico de ven-
das registado em 2014, com
a transacção de 44.536 veí-
culos, as operações do mer-
cado automóvel caíram 53,8
por cento em 2015, para
20.584 unidades, e 55,4 por
cento no ano seguinte, com
as transacções a recuarem
para 9.178 veículos.
A retracção prosseguiu
em 2017, quando as vendas
caíram 53,2 por cento, para
Corte do tempo de uso para carros importados
Os números divulgados nesta
matéria foram solicitados pelo
Jornal de Angola à Acetro, em
véspera do fim, a 30 de Novem-
bro, do prazo concedido por
um Decreto Presidencial para
a conclusão das operações
de importação de veículos
ligeiros com mais de cinco
anos de uso e pesados com
mais de oito, que já estavam
em curso na altura da publi-
cação do diploma.
O Decreto Presidencial 155/20,
em vigor desde 1 de Junho, corta
a idade de uso de veículos para
importação de seis para cinco,
no caso dos ligeiros, e de dez
para oito, no caso dos pesados.
“A importação de usados
Domingo
22 de Novembro de 2020
4.298 unidades, bem como
em 2018, um ano em que
retrocederam 26,8 por cento,
para 3.146 veículos, embora
em 2019, quando foram
negociadas 3.073 unidades,
as perdas tenham sido de
apenas 2,3 por cento.
Os dados fornecidos ontem
indicam que o mercado foi
liderado, entre Janeiro e Outu-
bro, pela Toyota de Angola,
que negociou 411 veículos,
obtendo uma quota de mer-
cado de 20,89 por cento,
seguida pela Asperbras que,
com os seus camiões Volks-
wagen, atingiu 251 vendas e
12,76 por cento do mercado,
bem como pela TDA e os veí-
culos Renault, com 152 vendas
e 7,73 por cento do mercado.
A Toyota de Angola tam-
bém lidera o comércio na
categoria de ligeiros de pas-
sageiros, com a venda de 226
unidades e uma quota de
mercado de 21,14 por cento,
antes da TDA com 152 vendas
e 14,22 por cento de quota,
e pela Angolauto e os auto-
móveis Suzuki, com 135 uni-
dades negociadas e 12,63 por
cento do mercado.
Em ligeiros comerciais, a
Toyota de Angola volta a lide-
rar com 171 unidades e 36,85
com menos anos de uso per-
mite que o país tenha em cir-
culação activos com melhor
qualidade e menos custos de
manutenção e peças”, consi-
derou o presidente da Acetro,
Nuno Borges, em declarações
à nossa reportagem.
Na mais relevante evolução,
o decreto limita a dois por ano
a importação de veículos usados
por singulares, bem como a
um número que corresponda
às necessidades para as pessoas
colectivas, neste último caso,
com a condicionante da apre-
sentação de uma declaração
de uma empresa licenciada a
operar no mercado automóvel,
responsabilizando-se pela
DR
por cento de quota de mer-
cado, tendo na segunda posi-
ção a TDA e os veículos
Nissan, com 104 negócios e
22,41 por cento de quota,
assim como a Autostar e os
veículos Fiat, com 46 vendas
e 9,91 por cento de quota.
A Asperbras lidera, com
camiões e autocarros Volks-
wagen, a categoria de pesados
comerciais com 39 unidades
vendidas e 33,05 por cento
de quota de mercado, estando
a seguir a Auto Sueco com
19 veículos Volvo vendidos
e 16,10 por cento do mercado,
b e m c o m o a To y o t a d e
Angola, com a venda de 15
unidades do modelo Hino e
12,71 por cento de quota.
A categoria de pesados de
passageiros é liderada pela
Asperbras (com 212 vendas
e 67,09 por cento do mer-
cado), a Auto Sueco (71 uni-
dades e 22,47 por cento) e a
Toyota de Angola (14 uni-
dades e 4,43 por cento).
Os dados da Acetro indi-
cam que, a manter-se a ten-
d ê n c i a o b s e r va d a n o s
primeiros dez meses, as
vendas não rivalizam, este
ano, às de 2019, quando
foram negociados 3.073 veí-
culos novos.
manutenção. O documento
proíbe a importação de carros
de marca e modelo não apro-
vados ou descontinuados pelo
regulador, ou que “atentem
contra a moral, pudor, usos e
co st u m e s ”, s u j e i ta n d o a
entrada de veículos à autori-
zação do regulador.
Embora os números não
confirmem que a medida
possa beneficiar as vendas
de veículos novos, o facto de
o prazo da conclusão das
importações de usados com
mais de cinco e oito anos só
terminar no último dia do
mês, leva Nuno Borges a con-
siderar que “ainda é cedo”
para avaliar o impacto.
CONFERÊNCIA
Banca é desafiada a
investir no petróleo
António Eugénio
A banca e empresas nacio-
nais de outros sectores devem
investir no processo de lici-
tações de blocos petrolíferos,
como forma de se elevar o
capital disponível na eco-
nomia nacional, declarou a
porta-voz da 1ª Conferência
de Conteúdo Local Angola-
2020, ao enumerar as reco-
mendações do encontro.
Helga Silva declarou que,
ao apontarem para essa
direcção, os participantes à
conferência, realizada na
quinta e sexta-feira pela
Petroangola, projectam que,
nos próximos anos, inves-
tidores angolanos de outros
sectores apliquem capitais
na indústria petrolífera, até
que se atinja um número
superior a 100 empresas com
operações neste domínio.
A fonte lembrou, citando
os participantes, que as lici-
tações nos blocos petrolíferos
em Angola são feitas por
operadores internacionais
como a Total, Chevron, BP
e outros, sendo necessário
“maior investimento local,
para que as receitas, ao invés
de serem levadas para o exte-
rior, fiquem em Angola”.
Helga Silva notou, também,
que Angola não tem nenhum
banco a investir no sector
petrolífero, pelo que a con-
ferência serviu para incentivar
os operadores deste sector a
“entrarem em força no negó-
cio” e tornarem-se investi-
dores nos hidrocarbonetos.
ZONA DE COMÉRCIO LIVRE
Angola adere à ZCLCA
a 1 de Janeiro de 2021
As autoridades angolanas
aceleraram a finalização da
oferta tarifária e a lista de
compromissos para o comér-
cio e serviços, para acertarem
o passo com a entrada em
vigor do acordo que cria a
Zona de Comércio Livre Con-
tinental Africana (ZCLCA),
agendada para 1 de Janeiro
de 2021.
A Angop cita do secretário
de Estado do Comércio, Ama-
deu Nunes, a reconhecer,
sexta-feira, depois de uma
reunião de ministros africa-
nos do pelouro realizada por
videoconferência, a impor-
tância da operacionalização
da ZCLCA, pela necessidade
de impulsionar as trocas
intra-continentais, desta-
cando que as autoridades
já tinham acelerado o pro-
c e s s o d e rat i f i c a ç ã o d o
Acordo e depositado o docu-
mento na União Africana,
a 4 de Novembro último.
O secretário de Estado,
que interveio na reunião de
ministros da ZCLCA, referiu
que consultas nacionais estão
em curso, para permitir a
finalização da elaboração da
oferta tarifária e da lista de
Para reforçar a ideia, foi
promovido um painel sobre
“O papel da banca no sector
petrolífero”, que serviu para
incentivar os bancos a inves-
tirem mais na exploração do
petróleo, auxiliar a troca de
ideias entre os empresários,
bem como sobre a capacitação
técnica nacional para melho-
rar os recursos humanos.
Segundo a fonte, os con-
ferencistas defendem que
muitas peças e sobressalentes
usados na indústria petro-
lífera sejam fabricados em
Angola, uma oportunidade
que pode ser aproveitada por
investidores nacionais.
A conferência contou com
50 participantes presenciais
e 300 virtuais, 25 prelecções
e 10 exibições, destacando-
se entre eles profissionais
da indústria de petróleo e
gás de Angola e do estran-
geiro. A segunda conferência
tem lugar nos dias 23 e 24
de Setembro de 2021.
DR
Investimento nacional retém
receitas petrolíferas no país
compromissos para o comér-
cio e serviços, estando a ser
programadas actividades de
assistência técnica com áreas
especializadas da Comissão
da União Africana.
A oferta tarifária estabelece
que, ao aderirem à ZCLCA,
os países abstêm-se de impor
taxas aduaneiras sobre bens
que não produzem, nem pla-
neiam produzir a curto, médio
e longo-prazo, sem abrir mão
das imposições aduaneiras
Oferta tarifária isenta bens de parceiros não produzidos no país
25
ACTIVOS
Clínica é
inquilina
de prédio
recuperado
A empresa que opera a clí-
nica Luanda Medical Center,
uma companhia designada
Centro de Serviços Interna-
cionais de Saúde (CSIS),
declarou, em nota enviada
ontem à nossa Redacção,
possuir apenas uma ligação
de arrendatária com os pro-
prietários do edifício recu-
perado sexta-feira pela
Procuradoria-Geral da Repú-
blica (PGR).
A CSIS afirma, assim, ser
inquilina e detentora da
clínica, nada tendo a ver
com o processo de investi-
gação patrimonial sobre o
edifício Luanda Medical
Center, entregue ao Serviço
Nacional de Recuperação
de Activos (SNRA), uma
instância da PGR.
Os detentores da clínica
acrescentam que também
utilizam a designação
comercial Luanda Medical
Center, a mesma do edifí-
cio, no qual investiram em
obras de requalificação e
equipamento, possuindo
uma outra operação em
Talatona, em Luanda, e que
ambas se mantêm abertas
ao público.
O SNRA anunciou sexta-
feira a entrega de bens patri-
moniais da Luanda Medical
Center, da Messene Inves-
timent Limitada e Universal
Sabedoria SA, por terem sido
constituídos com fundos do
Estado angolano.
sobre os outros, como os 54
produtos definidos pelo Pro-
desi, em Angola, o que só
pode acontecer após 10 a 12
anos da vigência do Acordo.
O Conselho de Ministros
da ZCLCA recomendou a
entrada em vigor do acordo
a 1 de Janeiro de 2021, com
base em calendários tarifá-
rios provisórios e um
esquema de liquidação que
oferece créditos aos Esta-
dos-membros pelo paga-
mento de tarifas em excesso
ou em atraso, até que as listas
finais sejam estabelecidas.
As listas finais vão subs-
tituir as provisórias depois
da conclusão das negociações
sobre as regras de origem e
quando as tarifas definitivas
forem adoptadas.
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
26 SOCIEDADE
A PARTIR DO PRÓXIMO ANO LECTIVO NO CUNENE
Construção de novas salas de aula vai permitir o ingresso de menores nas escolas
Mais de 50 mil crianças
têm acesso ao ensino
Elautério Silipuleni | Ondjiva
Pelo menos 52.180 crianças
e adolescentes da província
do Cunene, que se encontram
fora do sistema de ensino e
aprendizagem, vão poder estu-
dar no próximo ano lectivo,
com entrada em funciona-
mento de 24 novas escolas
primárias e secundárias, em
construção na região.
O anúncio foi feito, ontem,
em Ondjiva, pela governadora
provincial, durante o acto do
Dia Nacional do Educador. Ger-
CERCA DE 100 PESSOAS NO LARGO DA INDEPENDÊNCIA
Manifestantes marcham pela
“melhoria das condições sociais”
Alexa Sonhi e Miguel Gomes
Um grupo de jovens mani-
festou-se ontem, no Largo
da Independência, em
Luanda , reivindicando
melhores condições sociais
básicas, como emprego, for-
necimento de água potável,
energia eléctrica, educação
de qualidade, redução dos
preços da cesta básica e um
combate transparente e ver-
dadeiro contra a corrupção.
Fernando Macedo, um
dos promotores da mani-
festação (juntamente com
Helena Victória Pereira,
L e a n d ro F re i re , L a u ra
Macedo e Muata Sebastião)
disse que é necessário que
o titular do poder Executivo
evite combater “a corrupção
usando dois pesos e duas
medidas, porque, desta
forma, não se conseguirá
melhorar a condição de vida
dos angolanos”.
Por seu lado, Muata Sebas-
tião, activista social, disse
que as manifestações vão
continuar até que o partido
dina Didalelwa garantiu que
as escolas estão a ser construídas
em todos municípios da pro-
víncia, no âmbito do Programa
Integrado de Intervenção nos
Municípios (PIIM), Programa
de Investimento Publico (PIP),
FAS e do UNICEF.
De acordo com a gover-
nador, a construção de mais
salas de aulas e o recrutamento
de novos docentes constituem
prioridade das autoridades
locais. Referiu que se trata de
um problema urgente, uma
vez que muitas crianças e
adolescentes não têm acesso
no poder “dê ao povo, pelo
menos, as condições
sociais básicas”.
“Hoje há falta de quase
tudo, as famílias estão a pas-
sar fome e o número de
j ove n s d e s e mp regad o s
aumentou consideravel-
mente”, assegurou.
Muata Sebastião frisou
que tudo acontece porque
“um certo grupo de pessoas”
achou que era”dono do país
e tiraram tudo o que bem
entenderam”.
Em relação à pacificidade
da manifestação, Mota Sebas-
tião disse que, ao contrário
da última, “correu calma-
mente e a Polícia respeitou
os manifestantes. Espera-
se que a próxima, marcada
para dia 10 de Dezembro,
aconteça no mesmo ritmo”,
disse o activista.
Os manifestantes concen-
traram-se apenas no Largo
1º de Maio, com cartazes e
músicas que apelavam pela
melhoria das condições sociais
básicas. Os agentes da Polícia
Nacional mantiveram-se à
DR
a o s i s te m a d e e n s i n o e
aprendizagem por falta de
escolas e professores.
Gerdina Didalelwa reco-
nhece haver vontade política
de se apostar na melhoria
do sistema de ensino e, como
prova, apontou a proposta
do Orçamento Geral do
Estado (OGE) para 2021, onde
se pode observar um incre-
mento substancial para o
sector da Educação.
“Isto demonstra a impor-
tância que o Executivo atribuiu
a este imperativo constitu-
cional, que é garantir educação
distância e sem interferir no
grupo de manifestantes, que
deveria rondar as 100 pessoas.
A manifestação terminou por
volta das 17 horas.
Morte de Inocêncio de Matos
A família de Inocêncio de
Matos, manifestante que
Manifestante defendem a redução dos preço da cesta básica
e ensino de qualidade a todos
os angolanos”, justificou, para
quem na província a priori-
dade recai para a formação
de quadros capacitados para
o progresso e para uma melhor
compreensão dos fenómenos
políticos, económicos e sociais,
principalmente para aqueles
que decorrem dos “nossos
hábitos, usos, costumes, lín-
guas, etnias e tradições”.
Para Gerdina Didalelwa,
os educadores constituem a
força catalisadora do sistema
de educação e ensino em
direcção à qualidade que há
muito se almeja, daí a rele-
vância do Dia do Educador.
“Não devemos perder de
vista que educar para o
desenvolvimento tem que
significar educar para o
futuro. Por este facto, as
práticas pedagógicas actuais
deverão ser reajustadas à
nova realidade que o país
vive, em consequência da
pandemia da Covid-19,
ampliando e aprofundando
o debate, para que se alcance
o quadro ideal, capaz de ofe-
recer às gerações actuais e
vindouras uma educação
de qualidade”, disse.
A governadora considerou
essencial a presença do edu-
cador na vida de qualquer
pessoa, por isso apelou aos
educadores que continuem
a exercer a profissão com
empenho e dedicação, para
que o país, e em particular
a província do Cunene, tenha
quadros capacitados.
Por outro lado, Gerdina
D i d a l e l wa d i s s e q u e o
Governo Provincial continua
empenhado na criação de
condições de biossegurança
nas escolas que permitam
que os alunos assistam as
aulas em segurança, tendo
em conta o fenómeno vivido
no momento, que é à pan-
demia da Covid-19.
morreu no dia 11 de Novem-
bro, pediu, ontem, em con-
ferência de imprensa, em
Luanda, que se faça justiça.
O pai do antigo estudante
está em vigília silenciosa
junto à Procuradoria Geral
da República (PGR).
No final da intervenção,
POPULAÇÃO DA SAMBA E DA COREIA
Famílias carenciadas
recebem cesta básica
Carla Bumba
Cento e 73 famílias caren-
ciadas, do distrito da Samba
e do bairro da Coreia, em
Luanda, beneficiaram, ontem,
de uma cesta básica suple-
mentar, numa iniciativa do
Grupo empresarial Boa Vida,
no âmbito do Dia do Pobre,
assinalado recentemente.
Além da cesta básica, tam-
bém foram entregues brin-
quedos. A iniciativa teve por
objecto ajudar a reduzir o
impacto da carência nas famí-
lias e na primeira infância.
Em declarações à imprensa,
o presidente do Grupo Boa
Vida, Tomasz Dowbor, disse
que se pretende incentivar os
empresários e pessoas que
carregam o país no coração.
Sublinhou que é importante
que todos se juntem nesta
corrente, auxiliar os mais vul-
neráveis, que são as crianças,
que sonham com o pai natal
no final de cada ano.
“ Estamo s a aj udar a s
crianças com o pouco que
temos, porque o pouco para
nós, é muito para elas. Por-
tanto, trata-se de um gesto
Gesto simboliza a solidariedade e o amor ao próximo
Alfredo de Matos garantiu
que iria abandonar a sala
para se dirigir-se ao edifício
da PGR, em Luanda, para ali
ficar em vigília silenciosa,
“até que se faça justiça” e
que seja possível enterrar o
filho “com dignidade”.
“Vou-me postar frente à
PGR até que se faça justiça
pelo meu filho. Não vou para
retaliações, não vou fazer
desacatos”, disse Alfredo
de Matos.
O Jornal de Angola con-
firmou, durante a tarde de
ontem, a presença do pai de
Inocêncio de Matos nas ime-
diações da PGR.
Durante o encontro com
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
Domingo
22 de Novembro de 2020
que não se mede pelo
dinheiro”, precisou.
Por sua vez, a directora
do Gabinete Comunicação e
Imagem do Grupo Boa Vida,
Neusa Matoso, disse que se
tratou de um acto humani-
tário em que, no seu enten-
der, acções do género devem
continuar, no sentido de
espalhar o bem, com base
na solidariedade.
“Acções como estas fazem
parte do ser humano, prin-
cipalmente dos angolanos
que são muitos hospitaleiros,
calorosos e se compadecem
com a dor de outros”, argu-
mento a responsável.
Para Neusa Matoso, nos
últimos tempos nota-se um
certo esfriamento no amor,
mas reconhece que, apesar
disso, ainda existem pessoas
de boa fé, com iniciativa
desta natureza.
A moradora do bairro da
Coreia, Albertina Alfredo,
admitiu que têm passado mui-
tas dificuldades, afirmando
que, por conta disso, algumas
senhoras, de tanto sofrimento,
acabam por se prostituírem
para sustentar os filhos.
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÃO NOVEMBRO
os jornalistas, Alfredo de
Matos reafirmou a vontade
familiar em realizar “uma
autópsia assistida”, rejei-
tando as explicações da
PGR (divulgadas ontem
em comunicado), e tam-
bém que seja permitido
fotografar o corp o do
malogrado antes do início
dos trabalhos.
Zola Bambi, advogado
da família, afirmou que vai
processar o Estado e a Polí-
cia Nacional, estando a
efectuar diversas diligên-
cias, entre as quais o pedido
de autópsia independente
face às “desconfianças”
quanto à versão oficial.
“ Have n d o d úv i d a s
quanto à primeira autópsia,
para, nós é essencial ter
imagens do corpo. Como
não permitiram a entrada
do fotógrafo, solicitamos
que, pelo menos, pudésse-
mos fotografar o corpo antes
da autópsia. Não permiti-
ram. Assim, a equipa decidiu
não prosseguir com a autóp-
sia”, salientou o advogado,
acrescentando que apre-
sentou uma reclamação
junto da PGR.
Alfredo de Matos garan-
tiu ainda que, na sua opi-
nião, a manifestação que
a c o n te c e u n o d i a 1 1 d e
Novembro era legítima e
que Inocêncio de Matos
estava apenas a exercer os
seus direitos de cidadania.
ÁFRICA Domingo
22 de Novembro de 2020 27
Burkina Faso
UNIÃO AFRICANA
DR

ELEIÇÕES DECORREM HOJE SOB FORTE APARATO POLICIAL

Um número elevado de elementos das forças da ordem está
mobilizado para assegurar as eleições presidenciais que se
realizam hoje, no Burkina Faso, país assolado por uma guerra
jihadista, desde 2015. Os três principais candidatos, dos quais o
Presidente cessante, Roch Marc Christian Kaboré, encerraram,
sexta-feira à noite, os comícios, visando atrair o voto dos cerca
de 6,5 milhões de eleitores. Por causa da instabilidade, as
eleições, que incluem as legislativas, não têm lugar numa
superfície de pelo menos cinco por cento do território nacional.
No total, são 13 os candidatos aprovados pela comissão
eleitoral. Os principais temas da campanha foram a segurança
e a reconciliação nacional. Zéphirin Diabré, candidato histórico
da oposição e Eddie Komboïgo, do partido de Blaise Compaoré,
são os principais rivais do actual Presidente.

UGANDA A CAMINHO eleições de 2021, disse,

DAS PRESIDENCIAIS
CONFRONTOS COM
APOIANTES DE BOBI WINE
PROVOCAM 16 MORTOS
Pelo menos 16 pessoas
morreram e 65 ficaram
feridas na capital do
Uganda, Kampala, nos
confrontos violentos entre
forças de segurança e
apoiantes do candidato
presidencial Bobi Wine às
ontem, a Polícia, citada
pela Reuters. “Até à noite
passada, 16 pessoas
morreram devido à
violência. Cerca de 65
pessoas ficaram feridas”,
disse o porta-voz da Polícia
Fred Enanga, que acusou o
partido de Wine, o National
Unity Platform (NUP), de
usar a violência como
ferramenta na campanha
eleitoral.

COMBATES NO NORTE DE MOÇAMBIQUE

DR

Altas personalidades africanas defendem a via do diálogo entre os beligerantes para a solução do conflito em Tigré

Conflito na Etiópia com mediação

de três ex-Presidentes africanos
Joaquim Chissano, de Moçambique, Ellen Johnson-Sirleaf, Líbéria, e Kgalema Motlanthe,
África do Sul, indicados para tentar encontrar uma solução à crise na região etíope de Tigré
A UniãoAfricana (UA) nomeou
três antigos Presidentes como
enviados especiais à Etiópia
para tentar concretizar a
mediação entre as várias fac-
ções envolvidas no conflito
no país, anunciou, ontem, o
Presidente da África do Sul,
Cyril Ramaphosa.
O Chefe de Estado sul-afri-
cano, que ocupa actualmente
a presidência rotativa da UA,
anunciou, em comunicado,
que os antigos Presidentes de
Moçambique, Joaquim Chis-
sano, da Libéria, Ellen John-
son-Sirleaf, e da África do
Sul, Kgalema Motlanthe, serão
os enviados à Etiópia.Cyril
Ramaphosa expressou tam-
bém, citado pela agência
France Press (AFP), o “pro-
fundo desejo de acabar com
o conflito através do diálogo
entre todas as partes”.
Estes três enviados espe-
ciais viajarão para a Etiópia
com o intuito de criar as con-
diçõ e s para um diálogo
“aberto para resolver as ques-
tões” que originaram este
conflito. O Chefe de Estado
sul-africano e presidente da
UA não adiantou um calen-
dário. O trabalho dos três
antigos Presidentes que via-
jarão para Addis Abeba para
“encontrar uma solução para
os problemas” da Etiópia,
guiados “pela máxima de
soluções mais africanas para
os problemas africanos”.
Confrontos entre as forças
da Frente de Libertação do
Povo de Tigré e o Exército
Federal da Etiópia voltaram
a assolar a região de Amhara,
ontem, horas depois de o
Governo central anunciar
que os militares se estavam
a aproximar de Mekele, capi- Polícia moçambicana provoca baixas à rebelião armada
tal da região dissidente.
O P r i m e i ro - Mi n i st ro
etíope, Abiy Ahmed, ven-
cedor do Nobel da Paz em
2019, lançou esta operação
Forças de segurança
contra as milícias de Tigré,
que acusa de desestabilizar
o Governo e de atacar duas
recuperam Muidumbe
bases militares da Etiópia O comandante-geral da Polí- de comunicadores comu-
naquela região. O ataque é cia de Moçambique, Bernar- n i tá r i o s , re l ato u h ave r
negado pelos tigrínios, o dino Rafael, disse, sexta-feira, várias decapitações num
grupo étnico que vive na que as Forças de Defesa e campo de futebol usado
região de Tigré. Segurança recuperaram na como local de extermínio
véspera, das mãos de rebel- na aldeia de Muatide,
des, a sede distrital de Mui- gerando reacções de cons-

Secretário-geral da OMS acusado de apoiar separatistas dumbe, de onde emergiram

O chefe do Estado-Maior do
Exército etíope acusou, ontem,
o director-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS), Tedros
Adhanom Ghebreyesus, de fazer
campanha pela região de Tigré,
onde as forças locais estão em
confronto com as tropas federais,
tendo a ONU pedido a abertura
de um corredor humanitário.
O etíope Tedros Adhanom Ghe-
breyesus, originário da região de
Tigré, “trabalhou em países vizinhos
para condenar a guerra” que o
Governo federal da Etiópia tem
travado contra as autoridades
regionais de Tigré, desde o dia 4,
e “trabalhou para lhes fornecer
armas”, disse o general Berhanu
Julanumaconferênciadeimprensa,
citada pela agência Lusa. O direc-
tor-geral da OMS “não negligenciou
nenhuma via” para ajudar a Frente
de Libertação do Povo de Tigré
(TPLF), partido no poder na região
de Tigré e que desafia a autoridade
do Governo federal há vários
meses. “Esse homem é mesmo
um membro da equipa” da TPLF,
acusou o General Berhanu.
Tedros Adhanom Ghebre-
yesus foi ministro da Saúde de
2005 a 2012, no Governo de
Meles Zenawi, chefe histórico
da TPLF e que detinha muito
poder em Addis Abeba. “O que
podemos esperar dele? Não
esperamos que se alie ao povo
etíope e condene” as autorida-
des de Tigré, acrescentou.
Altos funcionários das Nações
Unidas conduziram uma missão
de 48 horas ao Sudão, onde cerca
de 30 mil etíopes se refugiaram
na sequência de combates entre
forças nacionais e regionais na
província de Tigré, disse, sexta-
feira, a organização mundial citada
pela Efe. O coordenador huma-
nitário das Nações Unidas no
Sudão, Babacar Cissé, juntamente
com os chefes da agência da ONU
para os refugiados (HCR), do Pro-
grama Alimentar Mundial (PAM),
do Fundo da ONU para a Infância
(UNICEF) e o Fundo para a Popu-
lação (UNFPA), estiveram no local
para avaliar a situação nos campos
de refugiados, de acordo com
uma declaração da ONU.
Tigré está localizado, no
Norte da Etiópia, e os confrontos
eclodiram, no início deste mês,
na sequência de um ataque a
uma base militar, levando o
Primeiro-Ministro a lançar uma
ofensiva militar.
Cerca de quatro mil pessoas
estão a atravessar a fronteira
para o Sudão, segundo o porta-
voz das Nações Unidas, Stephane
Dujarric, que acrescentou que
as famílias e as crianças dormem
ao relento.
“A equipa da ONU, em cola-
boração com o Governo do Sudão,
está a assegurar que os refugiados
não permaneçam mais de dois
dias em centros de acolhimento,
antes de serem transferidos para
infra-estruturas mais apropriadas
nos campos de refugiados”, disse.
De acordo com a declaração,
a missão visitou o Centro de Aco-
lhimento Hamdayet, que abriga
quase 16 mil pessoas, bem como
o campo de Um Raquba, que
acolhe actualmente 4.440 refu-
giados etíopes.
O campo tem uma capacidade
de 10 mil pessoas, enquanto a
capacidade do centro de aco-
lhimento está a ser reforçada
para receber mais pessoas a atra-
vessar a fronteira para o Sudão.
Na sexta-feira, António Guterres,
apelou a uma ajuda massiva à
população e lamentou o facto
de as autoridades não aceitarem
qualquer mediação.
relatos de assassinatos que
incluíram decapitações.
“Cumprimos uma etapa
do nosso trabalho, mas não
é o fim”, afirmou Bernardino
Rafael, citado pela Televisão
de Moçambique (TVM), mas
sem dar detalhes sobre o
cenário encontrado naquela
parcela da província de Cabo
Delgado, Norte do país. O
canal televisivo indicou, em
rodapé, que 16 rebeldes terão
sido abatidos.
Rebeldes armados que
desde 2017 atacam Cabo Del-
gado, com intensidade refor-
çada desde o início deste
ano, fizeram há duas sema-
nas uma investida sobre o
distrito e sobreviventes em
fuga relataram à Lusa a morte
de familiares, bem como a
perda de casas e outros bens.
Um portal na Internet,
P i n n a c l e N ews , q u e s e
apresenta como uma rede
ternação em todo o mundo.
Nas primeiras declarações
das autoridades sobre a
situação no distrito de Mui-
dumbe, o comandante-geral
da Polícia disse que os gru-
pos insurgentes no local
estão “enfraquecidos” com
as investidas das forças
governamentais.
“Os terroristas estão em
apuro s e não têm o q ue
comer”, explicou Bernardino
Rafael, referindo que as FDS
destruíram vários manti-
mentos (seis sacos de arroz
e mais de 350 quilos de peixe
seco) saqueados e escondidos
pelos rebeldes.
A violência armada em
Cabo Delgado está a provo-
car uma crise humanitária
com cerca de duas mil mor-
tes e 500 mil pessoas des-
locadas, sem habitação, nem
alimentos, concentrando-
se sobretudo na capital pro-
vincial, Pemba.
28 GENTE Domingo
22 de Novembro de 2020

DR

“ATITUDE POSITIVA”

Mago de Sousa Atitude Positiva” do projecto social

criado pelos músicos Mago de Sousa
e Latón Cordeiro, através do qual
têm aconselhado os jovens a
adoptarem uma postura correcta na

e Latón Cordeiro sociedade. A iniciativa tem como

base o diálogo entre os artistas e os
seus seguidores nas redes sociais
Facebook e Instagram, onde através
de conversas em directo abordam

juntam jovens temas ligados ao dia a dia em

Angola. A ideia, segundo os artistas,
é criar um campo de diálogo e de
interactividade, onde cada um pode
dar a sua opinião e falar sobre os

em conversa seus problemas. “Aqui, descobrimos

jovens com muitas valências mas a
falta de emprego apoquenta-os e
conseguimos entender que muitos
deles precisam apenas de um abraço,
conversa, uma oportunidade”, disse
Mago de Sousa ao Gente.

DR DR

“EGO-EGOÍSMO” LEITURA
A novidade O investimento
musical da actriz Neide
de Chetekela Van-Dúnem
O autor de “Adrenalina do Amor”,
Luís Chetekela disponibilizou para A actriz e apresentadora de Tv, Neide
os seus fãs, um novo sucesso. Van-Dúnem, disse que tem investido
Intitulado “Ego Egoísmo”, as a maior parte das suas finanças na
gravações feitas em Luanda, aquisição de livros. A sua apetência
contaram com a participação recai para livros de autores
da modelo Neide Lopes, artista angolanos. Neide Van-Dúnem Vieira
que também deu cara ao revelou que se sente arrependida por
videoclipe da música “Adrenalina não ter feito este processo antes.
do Amor”. À reportagem da Gente, Recentemente, terminou de ler o
o músico revelou que a música livro da escritora Sandra Mateus.
retrata a vida de um empresário Gente aplaude o gesto da
que apesar das suas ocupações, apresentadora.
encara a sua relação conjugal
como primordial. Chetekela disse
também que as gravação estavam
agendadas para o mês de Janeiro, DR

mas foram adiadas para Março,

por causa da Covid-19.
PANDEMIA

DR
MÚSICA Anna Joyce
Dino Ferraz cancela
acalenta agenda
recluso artística
Um recluso da Comarca
Central de Viana (CCV) serve- Anna Joyce cancelou
se das canções de Dino Ferraz toda a sua agenda
como sua fonte de inspiração. artística, devido ao
O vencedor de uma das aumento do número de
edições do Festival da Canção casos de Covid-19 nos
e autor de “Careca Não” e últimos dias. Segundo a
“Minha Amada” disse que cantora, os portadores
tomou conhecimento através dos ingressos e outros
de um psicólogo prisional que interessados podem
o recluso não parava de cantar optar por duas vias:
uma das suas canções. “Às manter as reservas já
vezes, o feedback que nos pagas para novas datas
chega não é, nem de longe, ou contactar os
proporcional ao real alcance promotores para a
do nosso trabalho e não temos devolução dos valores.
noção do real impacto na vida
das pessoas”, terminou o
artista, agradecendo ao jovem
recluso e aconselhando-o a
deixar a vida do crime.
GENTE Domingo
22 de Novembro de 2020 29
DR

MODA

Paula Ngaça e Fernando João

dão a cara no projecto
“Mais Saúde para as crianças”
A Miss Benguela e primeira-dama de honor do
Miss Angola 2020, Paula Ngaça, e o Mister
Angola 2020, Fernando João, são os rostos da
iniciativa denominada “Mais Saúde para as
crianças”, encabeçada pela agência de moda e
eventos Hadja Models. O projecto, lançado na
semana finda, numa parceria com os Ministérios
da Saúde, Acção Social, Família e Promoção da
Mulher, tem como finalidade a recolha e
distribuição de bens de primeira necessidade
para as crianças carentes de Luanda e não só,
durante a época natalícia.

MELODIA
DR

SOLIDARIEDADE
DR

Vladmir Diva
apresenta“Fumo Na Boca”
“Fumo Na Boca” é a mais nova música de Vladmir Diva. Conta
com a participação de Teo No Beatz e Tchev Papi e está
disponível nas plataformas digitais e nas redes de telefonia
móvel Vodacom, Unitel e Movicel. Embora retrate o olhar
masculino sobre uma rapariga, numa discoteca, “Fumo Na Boca”
pretende ser um alerta para que não se julguem as pessoas pela
aparência, pois, “nenhum de nós se resume ao aspecto exterior,
a tatuagens no corpo, ou aos hábitos e vícios que podemos ou
não ter, como o fumar. Vladmir Diva é autor dos sucessos Mãe do
Zongue e Me Mata, com participações de Dj Jesus.

LIVRO
Adalberto Luacuti escreve
sobre 40 anos da PGR
O jurista, jornalista e professor universitário Adalberto
Luacuti tem agendado para a manhã de segunda-feira,
dia 23, o lançamento da obra “Procuradoria-Geral da
República 40 anos - 40 memórias”. Beto, como é
carinhosamente chamado pelos mais próximos, revelou
ao Gente, que o livro é uma recolha de dados e estudos
dos 40 anos de existência da PGR. O local escolhido para
a apresentação da obra será o salão nobre, do Palácio da
Kinda Home lança “Missão Kiama”
Justiça, em Luanda. Adalberto Luacuti é licenciado em A marca de mobiliário e decoração de estilo, a Kinda Home, em parceria
Direito pela Universidade Jean Piaget de Angola e tornou- com a Fundação Cuerama, apresentou, recentemente, em Luanda, o
se jornalista em efectividade de funções a partir de 1994 projecto solidário Missão Kiama, que tem como finalidade ajudar inúmeras
na Rádio Nacional de Angola (RNA), instituição onde famílias da província do Cuanza-Sul, segundo nota endereçada ao Gente. A
começou a sua actividade como redactor-repórter. Foi Fundação Cuerama existe desde 1968 e está situado na Aldeia Cuerama, na
docente das cadeiras de Direito do Trabalho e Direito comuna do Gungo-Lonhe, a 136 quilômetros do município da Quibala. Se
Processual do Trabalho da Universidade Jean Piaget e ao pretende juntar-se a iniciativa, aceda: www.cuerama.org.
longo dos anos tem participado como co-autor em
diversas obras. Actualmente, é quadro da Procuradoria-
Geral da República de Angola.
DR
DUBAI DR

APURAMENTO AO CAN’2022 Yara Mosquito

encantada com
Camaroneses Burj Khalifa
festejam ao som
A advogada e apresentadora de Tv,
de Yuri da Cunha Yara Mosquito descortinou qual foi o
seu mais recente paradeiro. Carla Yara
Mosquito Faria, ou simplesmente Yara
O nome de Yuri da Cunha tornou-se viral entre os Mosquito, como é mais conhecida,
internautas a nível dos Camarões e mundial. Tudo por além de apresentadora de Tv e
conta dos jogadores da selecção nacional sénior empresária, esteve no Emirados
masculina de futebol, que depois da vitória que Árabes Unidos para idolatrar um dos
confirmou a sua presença no CAN, que foi adiado de edifícios emblemáticos do Dabai, o
2021 para 2022 devido à pandemia de Covid-19, Burj Khalifa Bin Zayid. O Burj Khalifa,
decidiram celebrar ao som da música “Atchu Tchutcha”, anteriormente conhecido como Burj
de Yuri da Cunha. No vídeo, filmado e difundido pelos Dubai, é a mais alta estrutura e,
jogadores a festejarem no balneário, é notório ouvir-se consequentemente, o maior arranha-
de forma perceptível o som de “Atchu Tchutcha” de céu já construído pelo ser humano,
Yuri da Cunha, com as participações especiais de Dj com 828 metros de altura e 160
Kadu e Dj Malvado. andares.
30 DESPORTO
ELEIÇÕES NA FAB
Família do basquetebol está expectante quanto ao futuro da modalidade em outras mãos
Sucessor de Hélder Martins
é conhecido no final da tarde
Associados elegem hoje o novo presidente de direcção da FAB na esperança
de que este consiga no próximo quadriénio revitalizar a modalidade no país
Melo Clemente
O sucessor de Hélder Mar-
tins da Cruz “Maneda”, na
presidência da Federação
Angolana de Basquetebol
(FAB), vai ser conhecido
hoje, quando os associados
de todos os círculos pro-
vinciais exercerem o direito
de voto que termina às 12
horas, para o ciclo olímpico
2020/24.
Três concorrentes estão
n a c o r r i d a a o c a d e i rã o
máximo do órgão reitor da
modalidade no país, nomea-
damente, José Moniz da
S i lva , l í d e r d a l i s t a A ,
Armando Filipe da Concei-
ção Da l a “ D o ka s ” ( B ) e
Manuel Moreira, represen-
tante da lista C.
O pleito eleitoral desta
manhã está a ser aguardado
com bastante expectativa
no seio da família da “bola
ao cesto”, já que visa suprir
uma brecha aberta depois
que Hélder Martins da Cruz
“Maneda” demitiu-se do
cargo de presidente de uma
das federações mais titu-
ladas do país, alegadamente,
por falta de apoios e pressão
Cagi espera que se eleja o melhor
Carlos Teixeira “Cagi”, antigo
presidente da FAB, deseja
que o futuro homem forte
do órgão reitor da modali-
dade no país consiga expan-
dir a disciplina em todo o
território nacional para além
de regressar aos palcos mun-
diais com exibições de encher
os olhos.
Em declarações ao Jornal
da comunicação social.
Depois da “agitação” que
se verificou por parte dos
candidatos, na busca do tão
precioso voto, junto do elei-
torado, ontem, o dia foi
reservado para a habitual
reflexão, que antecede o
período de eleição propria-
mente dito.
Ho j e , o s e l e i to re s d e
todos os círculos provinciais
vão seguramente depositar
o voto no programa do can-
didato, que terá a árdua
missão de colocar a moda-
lidade nos carris.
O estado “moribundo”
em que se encontra a dis-
ciplina motivou os três can-
didatos a concorrerem para
o pleito de hoje.
Reorganizar adminis-
trativa e financeiramente
a FAB, passa a ser um dos
principais objectivos do
f u t u ro h o m e m f o r te d a
Fe deração Angolana de
Basquetebol. De acordo
com o calendário eleitoral,
os resultados definitivos
do sufrágio serão divulgados
a meio da tarde de hoje
(15h00).
A província de Luanda
de Angola, via redes sociais,
o antigo presidente da Fede-
ração Angolana de Basque-
tebol, fez saber ainda que
não tem qualquer preferência
nas três figuras que concor-
rem para a sucessão de Hélder
Martins da Cruz “Maneda”.
“Não tenho qualquer pre-
ferência. Espero e desejo
que o eleito faça com que o
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
constitui a maior praça elei-
t o ra l , c o m q u i n z e ( 1 5 )
votantes, sendo doze (12)
clubes e três associações,
seguido de Benguela, com
cinco eleitores (quatro clu-
bes e uma associação).
Eis como está constituída
a população votante: Petro
de Luanda, Atlético Sport
Aviação (ASA), 1º de Agosto,
Kilamba, Marinha de
Guerra, Ferroviário, For-
miguinha s do Cazenga ,
Escorpiões da Boa Fé de
Viana, Vila, Interclube,
Banca, Maculusso, Acadé-
mica de Malanje, Heja do
Lubango, Sport Lubango e
Benfica, Petro do Huambo,
Sporting do Bié, Casa do
Pessoal do Porto do Lobito,
Escola Piaget, Amigos do
Basquetebol, Académica do
Lobito, associações provin-
ciais de Benguela, Cuanza
Sul, Huíla, Luanda, Malanje
e Namibe, respectivamente.
Fazem ainda parte da
população votante a Asso-
ciação Nacional de Treina-
dores de Basquetebol de
Angola (ANTBA) e Associação
Nacional de Juízes de Bas-
quetebol de Angola (ANJBA).
nosso basquetebol volte ao
lugar que ocupava no des-
porto africano e mundial.
Outra preocupação será o
desenvolvimento da moda-
lidade em todas as províncias
e fomentar o desporto escolar
como um dos suportes do
desporto federado”, augurou
Carlos Manuel Patrício Tei-
xeira “Cagi”.
ELEIÇÕES NA FAP
Dionísio Viegas
confirmado
presidente
Dionísio Viegas, antigo
hoquista do Petro de Luanda
e candidato único à presi-
dência da Federação Ango-
lana de Patinagem (FAP),
p a ra o c i c l o o l í m p i c o
2020/24, foi confirmado,
ontem, com 16 votos a favor,
nenhum nulo e sem abs-
tenções como o novo líder
da modalidade. O sufrágio
decorreu na sede da FAP,
no Distrito Urbano da
Maianga, em Luanda.
Durante o mandato,
Dionísio Viegas garante
incluir as outras disciplinas
da patinagem, designada-
mente o Skateboard, Frees-
tyle, patinagem artística
e patins em linha.
"Vamos alargar a família
da patinagem no seu todo.
Temos de incluir as pessoas.
Vamos ter uma relação
transparente com a família
da patinagem e com os
associados em particular.
Queremos ter a inclusão
de todos", disse.
A categoria feminina da
modalidade está igualmente
no programa de revitaliza-
ção. "Temos também a obri-
gação de tentarmos relançar
o hóquei e a patinagem
feminina. Já tivemos no
passado. Está no nosso pro-
grama, vamos relançar a
patinagem feminina. É um
dos nossos propósitos”,
garante o antigo hoquista
tricolor. Com este triunfo
nas urnas, Dionísio Viegas
substitui Hirondino Garcia,
que cumpriu apenas um
mandato na FAP.
Na direcção, Dionísio
Viegas tem como vice-pre-
sidentes Orlando Graça,
Luís Miguel, Carlos Benson,
Paulo Brinca e José Carlos
Gamboa. Anacleto da Silva
“Kirro”é o secretário-geral,
sendo vogais de direcção
Jorge Bachiessa, Edna
Pereira, Deolinda Simão e
Marcos dos Reis.
António de Carvalho foi
eleito presidente do Con-
selho Fiscal, Francisco
Miguel (vice-presidente),
Leonardo Afonso, Adão
Chitxiami e Tatyana Albu-
querque são os vogais.
Higino Pontes vai tomar
posse na presidência do
ConselhoJurisidicional,
tendo na vice-presidên-
cia Carlota Modiz, Arte-
m í s i a Ma r t i n s , He lga
Candeias e Alberto Ven-
tura são os vogais.
Jordão de Vasconcelos
é o novo presidente do Con-
selho de Disciplina,
Domingos Tavares (vice-
presidente), Arleny Han-
danga, Carla dos Santos
Reis e Sayonara de Albu-
querque são os vogais.
Lubanzado Fernando
foi eleito presidente da
Mesa da Assembleia-geral,
tendo como vice-presi-
dente Áurea do Rosário
Di a s Pa i m e Sa mu e l
Eduardo Manzambi é o
secretário.
AUTOMOBILISMO
Construção de autódromo
nas prioridades da FADM
Armindo Pereira
A direcção da Federação
Angolana de D e sp orto s
Motorizados (FADM) garan-
tiu trabalhar na elaboração
de um projecto para a cons-
trução de um novo autó-
dromo de referência
internacional, através de
investimentos privados.
O facto foi revelado pelo
presidente Ramiro Manuel
Barreira, quarta-feira última,
durante a cerimónia de
tomada de posse dos órgãos
sociais recém eleitos para os
próximos quatro anos, tendo
como uma das premissas a
consolidação daquilo que
foi alcançado até agora.
Consta igualmente das
prioridades a recuperação
do actual Autódromo de
Luanda, situado no muni-
cípio de Belas, face ao estado
avançado de degradação do
único circuito permanente
da capital, inaugurado em
1972. O projecto contempla
ainda a construção de
alguns kartódromos com
iniciativas privadas em
várias províncias.
Sob o lema “2020/2024
unidos pela afirmação do
desporto motorizado em
Angola”, Barreira prometeu
igualmente reforçar a capa-
cidade técnica e adminis-
trativa da FADM, de modo a
responder adequadamente
a necessidades das equipas
e pilotos, competições e na
relação com instituições
internacionais de tutela.
“Continuarmos a esta-
belecer uma parceria de
cooperação com a Federação
Internacional de Automo-
bilismo (FIA) e a de Moto-
ciclismo (FIM), através dos
mecanismos estabelecidos,
visando adequar o desen-
volvimento do desporto
motorizado em Angola às
ex ig ê n c i a s d e s s e s d o i s
importantes organismos
internacionais”, sublinhou
o presidente.
Neste segundo mandato
consecutivo de Ramiro Bar-
reira foi criado um Comité
Barreira e sua equipa prometem melhorias substanciais
Domingo
22 de Novembro de 2020
de Honra, constituído por
“empresários de peso e ami-
gos do desporto motori-
zado”, figuras de relevo na
sociedade angolana, que na
visão daquele gestor vão
ajudar a definir uma estra-
tégia forte de suporte ao
crescimento das distintas
disciplinas sobre rodas.
Leonel da Rocha Pinto,
Armindo César, Nuno Borges,
Manuel Dias, Adérito Areias,
Jaime Freitas, Manuel Sum-
bula, Bruno Albernaz, Fran-
cisco Guedes “Lili”, Luís
Oliveira, Manuel Padrão,
Beatriz Frank e Assunção
dos Anjos constituem o órgão
não sujeito à votação.
O órgão reitor, segundo
ainda o líder máximo, está
a trabalhar com a FIA num
programa para promover o
surgimento de novos talentos
no karting e trabalhará igual-
mente na criação de novas
escolas a todos os níveis de
modo a aumentar a partici-
pação de angolanos em cam-
peonatos internacionais.
“Desde já quero destacar
a presença do piloto ango-
lano Rui Andrade na
recente terminada Euro
Fórmula e do motociclista
Victor Barros, que este ano
foi vice-campeão da Copa
Dunlop Motoval do Cam-
peonato Português.
Para 2021, a FADM tem
agendada a primeira edição
do Campeonato Nacional de
Desportos Electrónicos na
plataforma PlayStation.
Barreira e os membros do
seu pelouro comprometem-
se a trabalhar mais afinca-
damente com as Associações
Provinciais, apoiando-as na
organização administrativa
e na definição de estratégias
que promovam e incentivem
o desporto.
“Podemos afirmar, que
somos hoje uma grande famí-
lia, forjados em valores de
amizade e solidariedade. A
dimensão funcional da FADM,
está no automobilismo, moto-
ciclismo, karting, motocross,
rally e cross country, drifting
e estilos livres”.
RAFAEL TATI | EDIÇÕES NOVEMBRO
DESPORTO Domingo
22 de Novembro de 2020
ELEIÇÕES NA FAF
Norberto
agradece
apoio prestado
pelas equipas
Apesar de não ter partici-
pado das eleições à presi-
d ê n c i a d a Fe d e ração
Angolana de Futebol (FAF),
Norberto de Castro man-
teve, na sexta-feira, na sede
social da Escola Guelson
Sport Clube, localizada no
Kilamba Kiaxi, um encontro
com os clubes de Luanda,
para agradecer o apoio pres-
tado durante a candidatura,
que culminou com o afas-
tamento da corrida ao pleito
eleitoral da FAF, através da
Comissão Eleitoral Nacional
(CEN), alegando inelegibi-
lidade da lista.
Dirigindo-se aos presen-
tes, Norberto de Castro agra-
deceu o carinho e o apoio
dos clubes, após a apresen-
tação pública da candida-
tura. “Aproveito esta ocasião
para felicitar-vos e agra-
decer de coração, o apoio
que me foi prestado, quando
tomei a iniciativa de con-
correr à presidência da FAF.
Não foi uma medida fácil
de tomar. Antes tive de con-
sultar, a minha família e
pessoas amigas, só depois
é que a tornei pública. Por-
tanto, não foi fácil chegar
a esta decisão. A todos o
meu muito obrigado”, agra-
deceu o dirigente.
Em relação à suspensão
da tomada de posse do pre-
sidente reeleito da FAF, Artur
Almeida e Silva, depois de
o candidato Norberto de
Castro ter entrado com uma
Providência Cautelar no Tri-
bunal Provincial de Luanda
(TPL), os clubes da capital
congratularam-se com a
decisão do Tribunal e acre-
ditam num desfecho favo-
rável do processo.”Agora
que as coisas ganham outros
contornos, reiterámos o
apoio incondicional ao can-
didato do povo”, afirmaram
os dirigentes das equipas
participantes à reunião.
Logo a seguir ao encon-
tro, os clubes receberam
do patrono da Escola Nor-
berto de Castro, material
desportivo para o desen-
volvi m e nto d o f uteb o l ,
como bolas, calções, cami-
s o l a s , m e i a s e b o ta s . O
encontro contou com a par-
ticipação de 20 equipas.
António de Brito
DR
Angola defronta hoje
a Zâmbia para a Cosafa
Refeito o calendário, os angolanos querem recomeçar com
vitória o que passa pela melhoria da actuação com o Zimbabwe
António Cristóvão
A Selecção Nacional Sub-
17 de futebol joga, hoje, às
12h30, diante da Zâmbia no
Estádio Gelvandale, arre-
dores da Baía Nelson Man-
dela, África do Sul, para a
primeira jornada da Taça
Cosafa, cujo calendário da
prova foi refeito devido à
desqualificação das similares
do Botswana, Comores, e-
Swatini e Zimbabwe.
Depois de refeito o calen-
dário, os angolanos querem
recomeçar com um triunfo,
já que o grupo pretende
melhorar a actuação apre-
sentada no desafio diante
do Zimbabwe.
Para o corpo técnico da
Selecção Nacional, a ideia é
reiniciar o torneio com uma
vitória, ou na pior das hipó-
teses um empate, com o
intuito de somar pontos.
Na edição passada, dis-
putada no Malawi, Angola
perdeu diante da Zâmbia, por
0-2, no Estádio Mpira, na
cidade deBlantyre, em jogo
das meias-finais da prova.
Com o afastamento de quatro
ELEIÇÕES NO PROGRESSO
Entrega de candidaturas termina hoje
Edvaldo Lemos
A Comissão Eleitoral do
P ro g re s s o S a m b i z a n g a
aguarda até às 13 horas de
hoje, as listas de candidaturas
à eleição do presidente e dos
novos corpos sociais, para
o ciclo olímpico 2020/2024.
Com apenas uma lista
de candidatura, liderada
por Inácio António, hoje é
o último dia para se conhe-
cer os potenciais concor-
rentes a substituir Paixão
Júnior que ficou à frente
do clube do Sambizanga
mais de 16 anos.
SUB-17
selecções, a prova vai ser dis-
putada no sistema de todos
contra todos a uma volta,
apurando-se para a final os
combinados com maior
número de pontos.
Para a mesma ronda, a
África do Sul mede forças
com o Malawi, às 15h30, tam-
bém no Estádio Gelvandale.
Na terça-feira, os angolanos
jogam com os sul-africanos,
às 12h30, no bairro KwaZa-
kele Ibhayi, para a segunda
jornada. Na mesma data e
recinto, a Zâmbia enfrenta
o Malawi, às 15h30, para a
conclusão da ronda.
A primeira fase do tor-
neio encerra na próxima
quinta-feira, às 15h30, com
jogos em simultâneo entre
Angola e Malawi no Estádio
Oval e Zâmbia-África do
Sul (Gelvandale).
Selecções desqualificadas
As selecções sub-17 mas-
culinas de futebol do Bots-
wana, Comores, e-Swatini
e Zimbabwe foram desqua-
lificadas, na sexta-feira, na
Taça Cosafa, pelo Comité de
Competições Juvenis da Con-
Em declarações ao Jornal
de Angola , Custódio disse
que é possível que possam
surgir outros candidatos,
pois o acto está aberto para
todos os associados interes-
sados a contribuir para o
crescimento do clube.
“ Não estamos a impedir
ninguém de se candidatar,
está aberto para todos, desde
que tragam subsídios que
ajudem a alavancar o desen-
vo lv i m e n t o d o c l u b e ” ,
incentivou.Depois de ser
adiado uma vez, a Comissão
Eleitoral escolheu o dia 5 de
Dezembro para a realização
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
federação Africana de Fute-
bol (CAF), porque se apre-
sentaram com atletas, com
idades superiores a 17 anos,
após os testes de Ressonân-
cia Magnética (MRI), rea-
lizados antes do início do
torneio. A Taça Cosafa é um
torneio de qualificação
zonal, para o Campeonato
Africano das Nações (CAN),
a ter lugar de 13 a 31 de Março
de 2021, em Marrocos.
De acordo com o Comité
Organizador da prova, as qua-
tro selecções apresentaram
pelo menos um jogador, repro-
vado nos exames de MRI.
Segundo os regulamentos
do torneio, o teste de elegi-
bilidade de idade é obrigatório
e deve ser realizado à chegada
ao palco da competição.
“O exame será realizado
pelos Serviços Médicos da
CAF (CAF Medical Services),
de acordo com o protocolo
do F-Marc, numa unidade
de saúde devidamente cre-
denciada no país de acolhi-
mento por meio de aparelho
de Ressonância Magnética.
O custo do teste é pago pela
CAF”, lê-se no regulamento.
do sufrágio universal na sede
social. Mas antes da data,
no dia 28, do corrente mês,
será realizada uma assem-
bleia de balanço para auferir
as condições criadas para
o acto eleitoral.
O Jornal de Angola cons-
tatou que as diversas moda-
lidade não realizam treinos
e nem outro tipo de activi-
dade desportiva, tudo se
encontra paralisado até à
escolha do novo presidente,
apenas trabalhos de manu-
tenção das infra-estruturas
e serviços administrativos
estão a funcionar.
31
AQUI & AGORA
Matias Adriano
Isto é uma farra...
Dizem os analistas da “coisa política” que, com a
posição de casmurrice, assumida por Donald Trump,
a América vê a sua honra, de primeira democracia,
beliscada. Não consta da História do seu percurso
democrático, que remonta de 1789, quando num
confronto federalista, Geoge Washington levou a
melhor sobre John Adams, o princípio de rejeição
ou de contestação de resultados sufragados nas urnas.
O mesmo pode estar a acontecer com o nosso desporto.
Catalogado como pioneiro da democracia em Angola,
pois foi com Armando Machado e Daniel Simas que,
em 1991, tivemos aquilo que ficou marcado, à ferrete,
como primeiro exercício democrático, não abona
que hoje, volvidos quase 30 anos, ande-se aos
atropelos dos métodos normativos.
Na verdade, não honra a ninguém o que se vai
sucedendo no processo eleitoral nas distintas fede-
rações para o ciclo olímpico 2020/24. Por que razão
todos correm na contra-mão, não seremos nós a dar
explicações. Certo mesmo é que vivenciamos processos
rocambolescos, viciados à partida. Lá isto para não
fazermos recurso a adjectivos mais felinos, mais
mordazes, o que seria, se calhar, demarcar-se de
um discurso higienizado e urbano.
A nossa consciência recusa-se a aceitar que todos
os actos eleitorais nas principais federações estejam
envoltos em celeuma. Por que será? Atrevemo-nos
a dizer que esta seja, provavelmente, a primeira vez
que o Tribunal Provincial de Luanda se vê perante
vários casos, todos a ver com eleições federativas.
E o termo Providência Cautelar passou a ser de
domínio geral, qual “magoga” da barraca improvisada
na esquina de rua!...
No futebol, quando era suposto estar o assunto
arrumado, mesmo depois do pecado que se fez a
Norberto de Castro, voltou-se a jogar achas à fogueira
e as labaredas ardem que ardem. O basquetebol,
que vai hoje a voto, arrisca-se a tomar os mesmos
contornos, com Jean-Jacques da Conceição a arrepiar
caminhos em busca da reposição da legalidade do
processo. O hóquei em patins, que ontem confirmou
Dionísio Viegas, pode ser outra embrulhada.
O que dirão as outras instituições, culturais,
académicas, literárias, judiciais que também
fazem recurso ao mesmo expediente (eleições),
para a escolha dos seus órgãos representativos,
e que sempre viram no desporto um modelo de
democracia? Que mina de ouro terão os homens
descoberto nas federações, a ponto de estarem
quase a embaciar as espadas para resolver as que-
relas à baioneta?
Ao longo de muitos anos, o desporto não nos acos-
tumou a actos de truculência. Foi sempre uma “praça
de alegria”, quando os resultados competitivos mar-
cassem presença, quanto mais não fosse uma espécie
de bálsamo, para alívio de dores que emanavam de
episódios menos bons, que Angola conheceu em
determinada fase do seu percurso histórico.
Como perceber que as coisas tenham mudado de
forma tão brusca? Como perceber que os homens
do desporto tenham adoptado uma conduta tão ruim,
expondo a sua pobreza de espírito e de carácter,
quase encarnando políticos com doentia obsessão
ao poder? Há quem diga que a situação pode ter
relação com a emergência de uma geração de diri-
gentes, mais propensos à ganância que ao empreen-
dedorismo que se exige. Será? Sim ou não, a verdade
é que isto está uma farra...
JOGO DE PREPARAÇÃO
Sub-20 perde (5-2) com Petro
A selecção Sub-20 perdeu A equipa volta a treinar
ontem diante do Petro de segunda-feira no anexo ao
Luanda,por 5-2. O jogo, Estádio 11 de Novembro.
d i sp utad o n o C ate tão , Com partida para o cenário
insere-se no quadro de pre- da prova marcada para 1 de
paração de Angola visando Dezembro, prevê-se que antes
a participação na Taça a equipa, às ordens de Kito
Cosafa, de 3 a 13 de Dezem- Ribeiro, efectue mais um ou
bro, na África do Sul. dois jogos de preparação.

DOM22NOV
ALTO
BNA
Pensionistas escolhem banco
Um alívio! Este é certamente
o sentimento dos pensionistas,
humilhados faz tempo por uma
instituição bancária que assu-
miu o compromisso de gerir
as suas poupanças, mas que
demonstrou não ter estrutura
nem capacidade para oferecer
um serviço à altura. Há muito
que, neste espaço, denuncia-
mos a forma degradante como
os pensionistas eram tratados
no Banco de Poupança e Cré-
dito (BPC). Na altura do paga-
mento das pensões, os balcões
ficam apinhados de gente. Pes-
soas de idade, chegam a passar
o dia todo na fila, debaixo de
sol, na esperança de, pelo me-
nos, entrar e consultar se os
valores já estavam na conta.
Um desrespeito sem tamanho,
mas que agora vai terminar,
com a intervenção do Banco
Nacional de Angola (BNA). Por
isso, aqui fica uma nota posi-
tiva ao governador do BNA,
que despertou, para impedir
que a humilhação continue.
Na apresentação da proposta
de Lei do Regime de Activida-
des das Instituições Financei-
ras, na Assembleia Nacional,
José de Lima Massano desa-
bafou: “não faz sentido termos
o pagamento de pensões num
único banco”. Antes tarde ...
BAIXO
Sociedade
Violência contra a criança
Definitivamente, algo vai mal,
na nossa sociedade. Quando
uma criança, que deve, por di-
reito, merecer a protecção de
todos, fica vulnerável até no
seio familiar, as coisas não vão
bem. Os números avançados
pela secretária de Estado para
a Família e Promoção da Mulher,
Elsa Bárber, são de arrepiar e
convidam-nos à reflexão. Só
de Janeiro a Outubro deste ano,
mais de quatro mil casos de vio-
lência contra a criança foram
registados em todo o território
nacional. Ainda assim, Elsa Bár-
ber afirma que os números só
não foram mais expressivos de-
vido à entrada em funcionamen-
to, em Junho último, do Serviço
de Denúncia, através do termi-
nal 15015. Graças a este meca-
nismo, foi possível obter 103.140
denúncias. Destas, 38.183 epi-
sódios têm a ver com fuga à pa-
ternidade, 15.373 com violência
física, 10.663 ligadas à explora-
ção infantil e 1.867 casos de vio-
lência sexual.
COVID-19 ALTEROU A ROTINA DOS PROFESSORES
Professores comemoram hoje o Dia que lhes é dedicado, com reflexões sobre o momento actual
Educadores festejam a data
com o foco nas tecnologias
Rodrigues Cambala
Os professores angolanos
comemoram, hoje, mais um
Dia, num momento marcado
pela crise provocada pela
pandemia da Covid-19.
O presidente da Associa-
ção dos Professores Ango-
lanos (APA), Domingos
Álvaro, disse que a classe
está num processo de adap-
tação ao “novo normal”,
devido à Covid-19.
Em declarações ao Jornal
de Angola, Domingos Álvaro
incentiva os professores a
utilizarem as soluções tec-
nológicas no processo de
ensino e aprendizagem, bem
como o cumprimento da
deontologia profissional.
A organização defende a
formação contínua dos pro-
fessores, sobretudo daqueles
que, nos anos 1980, entraram
para a profissão na fase da
explosão escolar, sem o
ensino médio ou superior.
A data, disse, serve tam-
bém de reflexão, sobretudo
para a avaliação do papel do
professor angolano, por ser,
cada vez mais, a parte inte-
ressada na melhoria da qua-
lidade do ensino. Ao fazer
uma análise aceitável da
APÓS SUSPENSÃO NA SEQUÊNCIA DE VÁRIOS ACIDENTES AÉREOS
Boeing 737 MAX pode retornar em Janeiro
O regulador europeu de
segurança da aviação acredita
que o Boeing 737 MAX está
seguro, após uma longa revi-
são de segurança e espera
libertar a aeronave para voos
comerciais em Janeiro. Na
quarta-feira, a Administração
Federal de Aviação dos EUA
classe, admitiu que a classe
está atenta para o alcance
da excelência, embora haja
necessidade de se potenciar
e motivar o professor a dar
continuidade aos estudos.
Domingos Álvaro elogiou
o projecto de formação de
professores dos institutos
médios técnico-profissio-
nais, efectuado pelo Instituto
Superior de Ciências da Edu-
cação (ISCED), com o objec-
tivo de responder a um défice
registado na aplicação das
metodologias de ensino.
Ministério destaca o
papel dos professores
Numa mensagem por oca-
sião do “Dia Nacional do
Educador”, a ministra da
E d u c a ç ã o “ va l o r i z o u o
esforço e o elevado sentido
profissional dos professores
que, em situações de adver-
sidades e dificuldades sociais,
não regateiam vontade, nem
sacrifícios na garantia da
educação e ensino de qua-
lidade para as nossas crian-
ças, jovens e adultos”.
Luísa Grilo sublinha que
a pandemia da Covid-19
obrigou à reconfiguração da
escola, colocando-a perante
novos desafios, em que o
suspendeu uma ordem de
castigo de 20 meses imposta
após dois acidentes fatais
que provocaram mudanças
no design da cabine. Os voos
comerciais dos Estados Uni-
dos vão ser retomados no
final de Dezembro.
“Queríamos realizar uma
PUBLICIDADE
POR VÍDEOCONFERÊNCIA
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
Líderes das 20 principais
economias estão reunidos
A reunião do G20, grupo atenção à saúde para uma
das maiores economias do resposta coordenada à doença
mundo , de corre , de s de e o apoio aos países com sis-
ontem até hoje, em formato temas mais fracos para mini-
digital, com foco nos impac- mizar a perda de vidas.
tos da Covid-19. Organizada Em Julho, decorreu a reu-
pela Arábia Saudita, o encon- n i ã o d o s m i n i s t ro s d a s
tro tem como tema: “Perce- Finanças e presidentes de
bendo as oportunidades do Bancos Centrais do G20,
século 21 para todos”. que debateram medidas
A Cimeira dos Líderes do para a retoma da economia
G20 concentra-se na restau- mundial e os resultados das
ração do crescimento e na acções adoptadas como res-
protecção contra a Covid-19, posta colectiva aos efeitos
de acordo com comunicado sanitários, económico-
da presidência saudita, divul- financeiros e sociais da pan-
gado no fim de Setembro. demioa da Covid-19.
Os impactos da Covid-19 No ano passado, o G20
foram tema constante nas
reuniões que ocorreram ao
longo do ano com represen-
reuniu-se em Osaka, no
Japão, nos dias 28 e 29 de
Junho. O documento final
tantes dos países do G20. No
fim de Março, os líderes dos
Governos, participaram
do encontro de 2019 des-
tacou o incentivo a um cres-
cimento global robusto e o
professor, mais uma vez, é numa vídeoconferência para combate às desigualdades.
chamado a actuar com mes- discutir as acções para ate- Os líderes reafirmaram o
tria, coragem e humanidade. nuar os impactos sociais e compromisso dos países em
Lembra que a data é, tra- económicos da doença. fortalecer ainda mais a rede
dicionalmente, marcada por Em Abril, foi a vez dos de segurança financeira glo-
várias actividades de carácter ministros da Saúde do G20 bal e citou o empenho na
formativo, educativo, recreativo discutirem acções para o for- prevenção e luta contra a
e cultural nas quais se exalta talecimento das redes de corrupção.
o papel insubstituível do pro-
fessor na tarefa de construção PUBLICIDADE
da cidadania e desenvolvi-
mento da sociedade através
da educação e ensino.
No presente ano, sob o lema
“Professores: Liderando e Pro-
movendo Mudanças em
Tempo de Crise”, decorre, em
todo o país, por orientação do
Ministério da Educação, um
conjunto de actos substantivos Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais
e simbólicos para marcar a
data, vincando, desta maneira, Sàbado a Segunda-Feira, 21 á 23 de Novembro de 2020
o importante papel do pro-
TTaxa
axa de Câmbio Actual
fessor nas respostas e soluções
Compra Venda
que dá às crises e problemas
BANCOS COMERCIAIS USD/KZ EUR/KZ USD/KZ EUR/KZ
com que se defrontam a escola
e a sociedade. Banco Comercial do Huambo - (BCH) 672,395 798,436 689,122 818,298
“Comemoremos o 22 de Banco Comércio e Indústria - (BCI) 657,041 776,195 687,156 811,772
Novembro nas restrições e Banco Keve - (BKEVE) 646,471 767,749 686,051 814,754
condicionalismos que nos Banco de Negócios Internacional - (BNI) 637,000 754,081 680,485 803,558
impõe a Covid-19, de forma Banco de Fomento Angola - (BFA) 659,664 769,470 679,454 804,096
segura e responsável, con- ĂŶĐŽ/DŝĐƌŽĮŶĂŶĕĂƐͲ;D&Ϳ 654,925 775,159 676,263 800,415
victos de que não há futuro Banco Yetu - (Yetu) 659,664 783,318 676,260 815,161
sem educação e na resiliência Banco Comercial Angolano - (BCA) 660,000 785,828 675,000 817,419
do professor está a fortaleza
ĂŶĐŽŶŐŽůĂŶŽĚĞ/ŶǀĞƐƟŵĞŶƚŽƐͲ;/Ϳ 650,000 769,470 674,700 798,710
da escola”, lê-se na men-
Banco de Crédito do Sul - (BCS) 650,000 783,318 674,595 801,044
sagem de Luísa Grilo.
ĂŶĐŽWƌĞƐơŐŝŽͲ;W'Ϳ 655,000 766,007 674,000 800,249
Banco da China Limitada - (BOCLB) 634,380 759,818 673,620 806,818
Banco BIC - (BIC) 645,125 763,699 672,750 802,172
VTB África - (VTB) 643,500 761,775 672,750 813,330
ĂŶĐŽĂŝdžĂŶŐŽůĂͲ;'Ϳ 662,675 798,593 669,299 806,575
Banco Valor - (BVB) 645,000 763,551 668,865 791,803
Banco Económico - (BE) 650,000 783,318 666,250 802,901
Banco Sol - (BSOL) 643,500 761,780 666,250 788,710
análise totalmente indepen- Standard Bank Angola - (SBA) 642,585 760,177 665,075 786,783
dente da segurança da aero- ĂŶĐŽĚĞ/ŶǀĞƐƟŵĞŶƚŽZƵƌĂůͲ;/ZͿ 637,000 759,408 663,000 807,228
nave, por isso realizámos as
Finibanco Angola - (FNB) 650,000 739,915 660,000 777,665
nossas próprias verificações
ĂŶĐŽĚĞWŽƵƉĂŶĕĂĞƌĠĚŝƚŽͲ;WͿ 656,000 791,203 657,000 831,571
e testes de voo”, disse Patrick
Standard Chartered Bank Angola - (SCBA) 643,500 769,137 656,500 804,490
Ky, director executivo da
Agência de Segurança da ĂŶĐŽDŝůůĞŶŝƵŵƚůąŶƟĐŽͲ;d>Ϳ 650,000 765,623 650,000 792,554
Aviação da União Europeia
(EASA), ao Paris Air Forum.
Fonte: BNA