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Franco, Hilário Jr. As Cruzadas : Guerra Santa entre Ocidente e Oriente.

São Paulo
Editora Brasiliense, 1981.

Resenha:

A palavra cruzada não era utilizada no momento histórico em que a empregamos. O


termo só irá surgi e de forma esporádica ainda em meados do século XVIII quando a
idade medieval já perdia sua força. Os textos desse determinado período falavam mais
em peregrinação, guerra santa, expedição da cruz e passagem. O termo cruzada surge
como uma derivação do fato de seus participantes denominarem-se soldados de cristo e
por bordarem uma cruz em sua roupa por isso. As Cruzadas podem ser compreendidas
por expedições militares designadas aos inimigos da Cristandade e por isso eram
legitimas aos olhos da Igreja, o que resultava no consentimento de privilégios materiais
e espirituais a seus participantes, esses privilégios consistiam principalmente na
indulgência, no consentimento do perdão a pecados, tais privilégios naquela
determinada sociedade tornavam-se uma perspectiva muito atraente, nela o pecado e o
crime eram indissociáveis. As cruzadas começavam em sua grande maioria pelo papa
ou através dos clérigos.

Em síntese as cruzadas eram financiadas pelos seus próprios participantes e pela igreja,
entretanto sua realização englobava várias atividades de diversas figuras sociais,
segundo o texto: “os pequenos nobres empenhavam seus bens e vendiam a liberdade
dos camponeses dependentes de suas terras, os senhores feudais recebiam ajuda de seus
vassalos, os soberanos criavam tributos novos, a Igreja recebia donativos e taxava as
rendas de laicos e clérigos”. No geral, as maiores Cruzadas não ultrapassavam os 10 000
combatentes.

AS MOTIVAÇÕES MATERIAIS

A sociedade feudal se estruturou em meados do século IX como resultado da


interligação de instituições bem mais antigas (romanas e germânicas) com a nova
conjuntura sócio-político-econômica decorrente do fracasso do império carolíngio. O
feudalismo se configura por uma resposta da sociedade crista ocidental à crise geral que
abalou daquele certo momento histórico. Em decorrência da decadência do setor
mercantil, o mais influente na antiguidade clássica, o setor agrícola entrou em ascensão
como o principal, logo a economia feudal é essencialmente agrária. Os senhorios em
cada unidade de produção procuravam ser autossuficientes, produzia não somente seu
próprio alimento como também seu utensílios, roupas e armas.

O setor mercantil tornara-se em suma insignificante, compreendendo-se na idade media


por ser utilizados apenas quando as condições locais não disponibilizavam especifica
mercadoria. A mão de obra empregada na idade média é a servidão, em que o
trabalhador presta serviços compulsórios como na escravidão mas não é considerado um
objeto como na antiguidade. Politicamente falando o feudalismo configurou-se pela a
fragmentação do poder central, pode-se compreende-se assim como uma solução ao
insucesso as tentativas de reunificação ao oriente. A nova configuração de sociedade
apresentava um elevado afastamento entre a elite clerical e guerreira e o grande
contingente de camponeses. A aristocracia era detentora de terras, logo deste modo de
poder aquisitivo e econômico, arquitetou uma ideologia a justificasse: a sociedade de
ordens.

O termo ”sociedade de ordens” provém nesta época de que cada pessoa possuía sua
condição imposta por uma ordem divina, sendo assim a condição social pessoal era
definida por Deus ao nascer do indivíduo, tornando-se validas a vitaliciedade e a
hereditariedade. Nesta época apenas quem possuía recursos financeiros o que
compreendia-se por possuir terras podia ser guerreiro. O livro, fala de três tipos de
relações que poderiam ocorrer neste cenário entre as duas camadas básicas (clérigos-
guerreiros e camponeses) que são : as relações horizontais na aristocracia por meio de
contato feudo-vassálico, em um senhor feudal dispunha de um bem qualquer em sua
maioria uma extensão de terra a um vassalo em troca de serviço militar ; as relações
horizontais no campesinato em que os trabalhadores organizavam-se para desempenhar
um conjunto de tarefas; as relações verticais aristocracia-campesinato , estas se
configuram pelas obrigações que um servo tem para com um senhor feudal ou clérigo,
vassalo, laico em função de proteção e do direito de viver e cultivar um lote de terra
pertencente a algum destes últimos. O servo também tinha de entregar metade do que
produzia como obrigação.

As grandes mudanças ocorridas no feudalismo como formação social foram o propulsor


para as condições de surgimento das cruzadas. Entre os elementos materiais que
partiram do feudalismo e estiveram na origem do fenômeno das cruzadas estão: O
contexto de expansão demográfica em virtude da diminuição de contatos comerciais
com o Oriente e assim um maior distanciamento das régios que lá pertenciam o que
claramente dificultava a transmissão de doenças, relacionado a este contexto encontra-
se :As guerras feudais que mesmo sendo frequentes pouco influenciavam o
comportamento demográfico da sociedade, além de tais guerras tinha por objetivo
aprisionar o oponente como forma de “resgate”, tendo este oponente por obrigação
pagar o resgate ao seu senhor feudal; A abundância de recursos naturais foi
determinante para a expansão demográfica; As inovações de técnicas agrícolas
constatadas na época.

O livro afirma que a diferença entre a proporção de indivíduos do sexo masculino e do


feminino pode ser explicada pela alteração da dieta proveniente do avanço tecnológico
do período histórico. As cruzadas sem o surto demográfico não poderiam torna-se
possíveis, o autor cita que o contexto comercial é uma elemento vital para poder
compreender o principio das cruzadas, pois com a inovação das técnicas agrícolas têm-
se um salto na produtividade permitindo atender as especificidades da sociedade e ainda
gerar um excedente. Paralelo a este processo aos impérios do ocidente somente crescia a
necessidade por produtos ocidentais (gêneros alimentícios e matérias-primas). Em
virtude de sua localização por ser “(...)naturalmente predisposta a ser o elo de ligação
entre Ocidente e Oriente(...)” a Itália obteve o privilegio na expansão do comercio.
Veneza se torna uma grande detentora de relações comerciais com o Ocidente, assim
apresentando grande papel nas Cruzadas como figura de interesses e posicionamentos a
defender e prolongar no Ocidente. Gênova e Veneza se destacam por possuírem por
desempenharem um importante papel no contexto das cruzadas.

Gênova torna-se em xi hegemonia mercantil no mediterrâneo ocidental. Para ela os


objetivos comerciais e o combate ao herege infiel convergiam, o que de maneira
extremamente fácil a situou as cruzadas. Fornecia transporte, empréstimo dentre outros
artifícios em troca de vantagens comerciais nas cidades arrebatadas pelos cruzados deste
modo Gênova caracterizou-se como um enorme e poderoso império colonial, abarcando
as mais notórias ilhas do egeu, regiões do mar negro e o Chipre. Também influenciará
as cruzadas, os negócios hanseáticos, principalmente em relação a ocupação da Europa
Oriental. O contexto no qual se desenvolveu as cruzadas esta intimamente ligado às
mudanças passadas. Um fator que se destaca em a transformação da sociedade de
ordens para a estamental, esta mobilidade social possibilitou o surgimento de um
excedente de produtividade e o desenrolar de câmbios comerciais.
Há também transformações na vida do camponês e de sua vida rural estagnadas, o
comercio passa a significar uma atividade a este de melhor remuneração, muitos
camponeses de diferentes maneiras (fuga, alforria, compra da liberdade e etc) vão
conseguir desvencilha-se da escravidão. De certo, é notório que nem todos aqueles
indivíduos que conseguiram separassem da vida servil no campo consolidaram-se como
comerciantes, capacitando desta forma o crescimento excessivo de marginalizados.
Terão ligação com as cruzadas dois tipos de grupos marginalizados os hereges e os
pobres, pois elas iram combater um e o outro disponibilizará elementos a elas.

Compreende-se o aparecimento de grupos heréticos neste determinado momento como


uma critica a organização social, através da negação aos valores religiosos há um ataque
e negação a todo o statu quo da sociedade feudal, lutar contra os então denominados
hereges era sobretudo preservar esta sociedade. Há a existência de dois movimentos
criados pela Igreja na oportunidade de pacificar a Europa feudal eles são: a Paz de Deus
que sob pena de excomunhão, proibiam ataques a comerciantes, camponeses e clérigos;
e a Trégua de Deus que interrompia em certos períodos do ano por três dias da semana
as lutas.

As cruzadas são de interesse não somente da igreja como também da monarquia, para
esta acaba tonando-se útil por desviar parar outros negócios a nobreza, o que é
extremamente atraente aos olhos dos soberanos que apoiados pela recente e em
ascensão burguesia geram a centralização politica. Contudo existe um diferente motivo
para a Igreja gerar as cruzadas, a igreja ocidental enxerga as cruzadas sobretudo como
uma forma de reunificar a cristandade. O papado encarava nas cruzadas uma arma que
seria útil para pressionar a igreja oriental a roma e assim entregando-lhes o poder as
demais localidades cristãs.

O discurso do papa Ubarno II no Concílio de Clermont em novembro de 1095 é


interpretado neste de livro de Hilário Franco Jr como a melhor síntese das motivações
materiais das cruzadas:

“Após ter prometido a Deus manter a paz em suas terras e ajudar fielmente a Igreja a
conservar seus direitos, vocês poderão ser recompensados empregando sua coragem
noutro empreendimento. Trata-se de negócio de Deus. É preciso que sem demora vocês
partam em socorro de seus irmãos do Oriente, que várias vezes já pediram sua ajuda.
Como a maior parte de vocês já sabe, os turcos invadiram aquela região; muitos cristão
caíram sob seus golpes, muitos foram escravizados. Os turcos destroem as igrejas,
saqueiam o reino de Deus. Por isso. Eu os exorto e suplico – e não sou eu quem os
exorta, mas o próprio Senhor – a socorrer os cristãos e a levar aquele povo para bem
longes de nossas terras.

A todos os que partirem e morrerem no caminho, em terra ou mar, ou que perderem a


vida combatendo os pagãos, será concedida a remissão dos pecados. Que combatam os
infiéis os que até agora se dedicavam as geurras privadas, com grande prejuízo dos
infiéis. Que sejam doravante cavalheiros de Cristo os que não eram senão bandoleiros.
Que lutem agora contra os bárbaros os que se batiam contra seus irmãos e seus pais.
Que recebam as recompensas eternas os que ate então lutavam por ganhos miseráveis.
Que tenham uma dupla recompensa os que se esgotavam em detrimento do corpo e da
alma. A terra que habitam é estreita e miserável, mas no território sagrado do Oriente há
extensões de onde jorram leite e mel (...)”

AS MOTIVAÇÕES PSICOLÓGICAS

No conjunto de fatores psicológicos que contribuem para sucessão de evento históricos


no contexto das cruzadas são levados em consideração três elementos essenciais do
período são eles: a contratualidade, a belicosidade e a religiosidade. A realidade social
do feudalismo estava intimamente baseada na ideia de contrato, de obrigações e de
harmonia de direitos. As relações estavam baseadas em uma ideologia de equilíbrio de
serviço.

A contratualidade ultrapassou os limites entre uma justificativa para a desigualdade


social e uma norma jurídico-política para infiltra-se na mentalidade da época, ou seja,
vai haver muitas negociações com o mundo divino: uma peregrinação em troca da
recuperação da saúde, o ato de jejuar em vista de conseguir alcançar aquilo que almeja,
determinado numero de preces poderiam servir como permuta pelo ganho de riqueza.
Os indivíduos da época faziam uso desses artifícios sem qualquer distinção de posição
social e poder aquisitivo, o próprio rei da França São Luís valeu-se do voto de cruzado
em quanto sofria uma grave enfermidade comprometendo-se a servia aos propósitos do
criador reavendo a Terra Santa se fosse ajudado por este.

A belicosidade também apresentou-se como um importante componente da mentalidade


da época que originada no convívio social ganhou espaço no subconsciente público. O
combate aos inimigos infiéis ao tempo que caracterizava-se como um produto político
também tido como produto religioso, as cruzadas mesmo deixaram isso bem nítido,
compreendia-se naquela conjuntura os clérigos e os guerreiros pela elite pois possuíam a
tarefa de proteger a sociedade, cada um sábio em um tipo de disputa os guerreiros
lutavam contra os que almejavam invadir suas terras e os clérigos batalhavam com os
oponentes da fé, os detentores da escuridão e do mal.

A religiosidade apresentou-se como um influente traço da mentalidade da Idade


Medieval, os mistérios decorrentes do contato do homem com a natureza so poderia ser
justificado pelo desempenho de forças que iam muito além da natureza. A religiosidade
feudal compreendia em virtude de suas especificidades bélicas e contratuais ideais de
vida cristã heroica, de combate contra o próprio corpo, de santidade alcançada pelo
esforço, de procura de proezas ascéticas.

As peregrinações vão atuar neste contexto religioso, em que os conjuntos de obrigações


de tal espiritualidade na verdade significavam uma religião de obras dos homens para
com Deus, com um papel duplo de penitencia e conduzir o individuo ao contato com os
tesouros divinos, as peregrinações apresentavam também a ação de purificadoras dos
pecados pois em função dos longos e perigosos trajetos a serem feitos por seus
participantes aos santuários. Criadora deste arquétipo ideológico a elite clerical
procurou por meio das Cruzadas impor sua concepção de realidade em seu proveito,
associando preceitos de paz e de guerra para assim validar e legitimar seu poder.

O MOVIMENTO DAS CRUZADAS NO ORIENTE MÉDIO

Segundo o livro, o primeiro contato entre cruzados e bizantinos foi de inveja e


menosprezo, de mutua incompreensão e as demais cruzadas apenas ampliaram o
distanciamento entre as duas partes cristandade. O fanatismo de muitos participantes da
Cruzada Popular incitada pelo discurso do papa Urbano II em clemort e os problemas de
cunho material pelos quais enfrentaram culminaram de forma extrema para o insucesso
desta. Os ocidentais ficaram perplexos com a tamanha resistência e valor militar
ocidental segundo o livro “tivessem eles observado sempre com firmeza a fé em Cristo
e ninguém poderia rivalizar com eles em força, coragem e ciência da guerra”.

O episódio da Santa Lança ocorreu durante a Primeira Cruzada (1096-1099), em que os


cruzados passavam por grandes dificuldades como fome; falta de apoio bizantino; e em
grande desânimo, um camponês francês teve visões nas quais Santo André indicou-lhe
uma igreja da Antioquia (território o qual estavam disputando com os turcos) onde
estaria a lança com que o centurião romano ferira Cristo, o que despertou grande
entusiasmo dos cruzados e a confirmação de que Deus estava ao seu lado. Em julho de
1099 os cruzados conseguiram invadir a cidade de Jerusalém com incrível ferocidade,
segundo a História Anônima da Primeira Cruzada, mencionada no livro “perseguiam,
massacravam os mulçumanos até o Templo de Salomão, onde houve tal carnificina que
os nossos caminhavam com sangue até os tornozelos” e que depois “os mulçumanos
vivos arrastavam seus mortos para fora da cidade e diante das suas portas formavam
montes tão altos como casas”. Deste modo, os ocidentais dominaram o território sírio-
palestino Estados organizados de forma que o texto chegar a denominar como feudo-
colonial, pois visto que os perfis dirigentes eram oriundos da nobreza feudal europeia e
em suma as relações eram ditadas pelas normas e códigos do feudalismo ocidental e
porque os povos das localidades dominadas eram de diferentes religiões da de seus
conquistadores. O livro assegura que os Estados latinos do Oriente eram nítidas criações
artificiais, muito afastadas do Ocidente ligado a este apenas por via marítima, eram
dependentes assim dos interesses comerciais italianos. Os ocidentais eram tidos como
minoria no Oriente e como seres impossíveis de tornarem-se: “assimiladores e
assimiláveis” como Hilário Franco Jr no evidencia. A grande ambição dos chefes
ocidentais, que os conduzia a rivalidades intensas e desgastantes, enfraquecia suas já
limitadas forças, sendo interpretada tal situação pelos seus oponentes como fáceis
oportunidades de obter vantagens.

A Segunda Cruzada (1147-1149) envolveu alemães, franceses, ingleses, flamengos, e


frísios. Os franceses e alemães e seus constante atritos dificultavam a ação conjunta dos
cristãos, quando decidiram agir atacaram Damasco, resultando mais uma derrota aos
francos (cristãos) e no malogro desta Cruzada. A Terceira Cruzada (1189-1192) foi
impulsionada pela retomada de pose da Cidade Santa de Jerusalém pelos mulçumanos,
(após 84 anos de domínio cristão) resultante do impressionante empenho político e
militar do líder Saladino, que caracterizava-se por ser uma nova potência em ascensão
no mundo. Porém Ricardo Coração de Leão conseguiu derrotar Saladino algumas vezes,
preferiu explorar seus resultados em forma de acordos com os mulçumanos, Saladino
reconheceu a pose do litoral sírio-palestino aos ocidentais e permitiu os cristãos
peregrinarem a Jerusalém, que ainda contudo continuava sob seu poder. Esta cruzada
assegurou aos Estados francos territórios fundamentais para sua sobrevivência.
A Quarta Cruzada (1202-1204), decorrente de fatores que iam gradativamente
enfraquecendo o espirito original de cruzada e fazendo com que o movimento fosse
muitas vezes desviado de seus objetivos primordiais, acabou configurando-se por uma
guerra contra cristãos, decorrente dos velhos desacordos ocidentais-bizantinos e dos
interesses econômicos de Veneza. A Cruzada das Crianças (1212), oriunda dos
verdadeiros e originais preceitos cristãos e crítica aos rumos que as cruzadas haviam
seguido, foi um movimento espontâneo e popular que abrangeu a Europa, iniciada por
um garoto alemão que reuniu milhares de jovens em sua maioria camponeses,
baseando-se na crença geral de que as crianças poderiam obter vitória graças à sua
pureza, muitos foram sequestrados e escravizados ou mortos no caminho.

A Quinta Cruzada (1217-1219), envolveu húngaros, austríacos, cipriotas, frísios,


noruegueses e francos da Síria. Seu plano de ação concebido outrora, consistia em
atacar o Egito por ser o mais rico território mulçumano para assim enfraquecer o sultão,
simplificando a toma de pose de Jerusalém. Os cruzados conseguem tomar a relevante
cidade de Damieta, entretanto demoraram-se a partir para o Cairo, permitindo que os
islamitas se recuperassem e os derrotassem.

A Sexta Cruzada (1228-1229), no livro “As Cruzadas”, é retratada sob um ponto de


vista que caracteriza-se pela sobreposição da moral lucrativa e política a mística e
divina, o imperador alemão Frederico II é fornecido como exemplo, suas ambições
sobre o Oriente o fez realizar esta cruzada, mesmo sendo excomungado pelo papa
devido a divergência de interesses envolvendo a Itália, não tendo então apoio do
católicos orientais e ele começou a negociar com o sultão, como resultado houve o
Tratado de Jafa, no qual Jerusalém e outros demais territórios eram devolvidos ao
ocidente, Jerusalém tornava-se cidade aberta, com muçulmanos conservado mesquitas e
os cristãos o Divino Sepulcro.

A Sétima Cruzada (1248-1250), tinha por objetivo o Egito que interpretavam ser a
chave para o controle da Palestina. Foi marcada pelos mesmo erros na Quinta Cruzada,
São Luís rei de França ainda se fazia de cruzado obtendo derrotadas na fortaleza de
Manzura e ao ser aprisionado em sua retirada, para que fosse liberto ele e seus homens
teve de restituir Damieta e pagar uma grande quantia em dinheiro, derrotado ele dirigiu-
se para a Síria onde ficou por quatro anos preparando forças cristãs e aguardado o
momento de atacar Jerusalém, porém teve de voltar à Europa.
A Oitava Cruzada (1270), ocorreu na Tunísia, em que logo após o desembarque uma
epidemia matou centenas de cruzados, inclusive o rei da França São Luís, sem a sua
liderança e entusiasmo a expedição naturalmente fracassou, tendo-se assim que voltar
logo após para a França. Em síntese, nos dois séculos que se deram as cruzadas as
mudanças foram profundas, de modo que elas perderam sua razão e acabaram
desacreditadas.

O MOVIMENTO DAS CRUZADAS NO OCIDENTE

Desde que os mulçumanos conquistaram a Península Ibérica, nos primórdios do século


VIII, havia dado início ao processo denominado de Reconquistada Cristã, a princípio de
não tinha motivações religiosas este movimento mas ao decorrer do tempo tornou-se
vantajoso para a nobreza e a Igreja, pois para estas a retomada de pose da península
significava a ampliação de terras em seu dispor, logo deste modo aumentado suas áreas
de atuação.

Além da Península Ibérica, uma outra região da Europa apresentava características da


expansão cristã, que marcou de maneira relevante os séculos XI-XIII, tal área em
ascensão era a Europa Oriental eslava, diferindo-se da península apenas no caráter
agrário-comercial pois este era mais acentuado. O caso mais relevante de movimentos
contra cristãos no Ocidente é o da Cruzada Albigense (1209-1226), dirigida contra os
heréticos da seita albigense em uma nítida união de interesses da Igreja, da monarquia
francesa e da nobreza feudal do norte francês.

O OCIDENTE APÓS AS CRUZADAS

Apesar do expressivo número de indivíduos que partiram para o Oriente Médio, a


Península Ibérica e a Europa Oriental, a Comunidade Cristã permaneceu superpovoada
para os recursos dos quais possuía, exemplo disso era a alta no preço dos cereais, da
estagnação e da baixa nos salários. O comercio muito desenvolvido em virtude das
contribuições provenientes das Cruzadas, também foi gravemente abatido pelos
problemas que estas geraram. A religiosidade encontrava-se com o fracasso das
cruzadas muito abalada, o sentimento de angustia, de abandono divino eram crescentes
e tudo isto era atribuído a Igreja, começava-se a questionar a própria razão de pertencer
a esta, estes pensamentos sobreviveram e ganharam força com o tempo dando origem,
em 1517, ao Protestantismo.
Socialmente, as cruzadas resultaram: no enfraquecimento da aristocracia, o
fortalecimento da burguesia e o enfraquecimento da servidão. Politicamente elas
resultaram na ampliação da Cristandade Latina e no enorme impulso no processo de
centralização política. Culturalmente, supervalorizou-se a influência dos cruzados, as
Cruzadas tiveram grande participação no fenômeno de transmissão cultural, que se deu
basicamente na reincorporação na Cristandade de localidades muito tempo mulçumanas
e desta maneira impregnados de sua cultura. As Cruzadas são vista como colaboradoras
indiretas de cultura mulçumana no Ocidente. Economicamente, as Cruzadas não foram
responsáveis pelas transformações econômicas e sim produto delas, entretanto elas não
deixaram de contribuir de modo significativo para o avanço de tais transformações,
como exemplo disto houveram Veneza e Gênova, principais centros econômicos da
época e obtiveram importantes papéis nas Cruzadas, com a abertura dos mercados
orientais o que possibilitou suas promoções como potências econômicas.

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