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FICHA TÉCNICA

EDITOR
Sociedade Portuguesa Enfermagem Oncológica (SPEO)
Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis (ESEnfCVPOA)
DIRETOR
Henrique Lopes Pereira
CORPO DE REVISÃO
Aldiro Manuel de Oliveira Magano, RN, MPH
Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis
Alexandre Marques Rodrigues, RN, PHD
Universidade de Aveiro
Ana Carla Seabra Torres Pires, RN, PHD
Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis
António Manuel dos Santos Ferreira, RN, PHD Studant
Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis
Dinamene Alexandra de Matos Oliveira, RN, PHD Studant
Clínica Girassol Angola
Fernanda Maria Príncipe Bastos Ferreira, RN, MED, PHD Studant
Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis
Maria Manuela Henriques Pereira Ferreira, RN, PHD
Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis
Maria Raquel Soares Pacheco Esteves, RN, PHD
Instituto Politécnico de Saúde do Norte
Paulo Alexandre Puga Machado, RN, PHD
Escola Superior de Enfermagem do Porto
Ana Lúcia Siqueira Costa, RN, PHD
Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo
Aparecida de Cássia Giani Peniche, RN, PHD
Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo
Cibele Andrucioli de Mattos Pimenta, RN, PHD
Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo
Rita de Cássia Burgos de Oliveira Leite, RN, PHD
Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo
Sílvia Regina Secoli, RN, PHD
Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo
Vera Maria Sabóia, RN, PHD
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense
CORPO EDITORIAL
Paulino Artur Sousa, RN, PHD
Escola Superior de Enfermagem do Porto
Henrique Lopes Pereira, RN, PHD
Sociedade Portuguesa Enfermagem Oncológica
Margarida Ferreira, RN, PHD
Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis
CONSELHO CONSULTIVO
António Araújo, MD, PHD
Instituto Português de Oncologia; Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga
Armando Bettencourt, RN
L’Hôpital Cantonal de Fribourg, Suisse
Carla Corsello, MPS
Centro de Consultoria e Formação em Psicologia Organizacional e Clínica
Ramiro Délio Borges Meneses MD, PHD
Instituto Politécnico de Saúde do Norte
APOIO DOCUMENTAL
SECRETARIADO EDITORIAL
Maria Manuela Barbosa de Castro
Periodicidade: Semestral
Divulgação: www.speo.pt; www.esenfcvpoa.eu
Contatos:
Sociedade Portuguesa Enfermagem Oncológica
Estrada Interior da Circunvalação, 6657, 4200-177 Porto
Telm.: 912 252 029
URL: http://www.speo.pt
Escola Superior de Enfermagem CVP de Oliveira de Azeméis
Rua da Cruz Vermelha, Cidacos, 3720-126 Oliveira de Azeméis
Telf.: 256 661 430
URL: http://www.esenfcvpoa.eu

ISSN: 2182-9284
SUMÁRIO

Editorial

Riesgos ergonómicos y sus efectos entre los profesionales de enfermeria de un hospital geriátrico…….. 6
Francisco Jose Hernandez-Martínez; Alexandre Rodrigues; Juan Fernado Jimenez-Díaz; Bienvenida
Rodriguez-de-Vera; Maria del Pino Quintana-Montesdeoca; Rui Luís

Fatores determinantes na redução dos níveis de sobrecarga dos cuidadores informais de utentes com
dependência: Artigo de revisão……………………………………….………………………………………………….…….………….. 15
Ana Margarida de Almeida Fernandes; Verónica Janin da Silva da Costa; Maria Manuela Henriques
Pereira Ferreira; Rui José Sousa Girão

Benefícios da hipotermia terapêutica pós-paragem cardíaca fora do hospital: uma revisão sistemática. 23
Bernardete Regalo; Catarina Baptista; Catarina Santos; Sónia Pereira; Fernanda Príncipe

A enfermagem e a humanização de um olhar voltado à saúde da criança……………………..……………………… 36


Jane Kelly Oliveira Friestino; Natalia Valéria Alves do Amaral; Aparecida Sílvia Mellin

PUBLICAÇÃO DE PÓSTERES

Surto de clostridium difficile no hospital sousa Martins – ULS Guarda………………………………………………….. 44

Prevalência e tipo de infeções em um ano da UCC de Avanca………………………………………………………………. 45

Auditorias internas no controle da ICAS………………………………………………………………………………………………… 47

Recomendações para prevenção de infecção associada a cateteres venosas centrais em doentes


hemodialisados……………………………………………………………………………………………………………………………….…… 48

Grupos coordenados locais do PPCIRA: Novas atribuições novos desafios……………………………………………. 50


Adesão dos profissionais de saúde à lavagem das mãos……………………………………………………………………….. 51
Avaliação do risco de colonização/infeção por microrganismos epidemiologicamente importantes sua
importância na gestão de camas: “Um ensaio de uma boa prática……………………………………………………….. 53
Fatores de risco associados à deiscências de suturas em laparotomia………………………………………………… 54
“Bundles para redução de infeções nosocomiais”: Consulta de enfermagem pré-operatória……………….. 56
Exposição a sangue pelos profissionais de saúde: Procedimentos adotados………………………………………… 57
Complicações clínicas associadas à técnica de ECMO…………………………………………………………………………… 59
Bundles na prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV): intervenções
autónomas de enfermagem………………………………………………………………………………………………………………….. 61
Prevenção e controlo do risco de exposição ocupacional à tuberculose pulmonar……………………………….. 64

Monitorização de doentes com infeção por clostridium difficile……………………………………………………………. 66

Normas de publicação da Revista “EVIDÊNCIAS”


EDITORIAL
No último número desta publicação dedicamos este espaço à abordagem epistemológica e filosófica do
termo evidências e da evidência científica. Terminamos o editorial perspectivando o papel desta revista no
contexto do desenvolvimento científico da Saúde.
Neste número procuraremos estimular os leitores a uma prática consentânea com aquilo que a literatura
alude sobre as finalidades da investigação e enquadrar os seus resultados na prática dos cuidados. Neste
sentido e tendo por base este prelúdio é fundamental discutirmos aspectos relacionados com alguns
conceitos que a prática baseada na evidência envolve. A prática baseada na evidência, no âmbito da saúde,
é um assunto que tem preocupado e ocupado muitos investigadores e muitos profissionais pela sua
importância para uma prática de cuidados seguros, adequados e cientificamente válidos em função dos
problemas de saúde e das necessidades específicas dos doente e da diversidade dos contextos. Existe de
facto um conjunto muito vasto de literatura que desenvolve todo um discurso que tem por base a
importância das evidências científicas que suportem a prática clínica e que, por sua vez, esta alimente os
processos de investigação, tendo em vista a validação ou criação de novas teorias. Os resultados da
investigação e a prática dos cuidados devem informar-se mutuamente. Esta reciprocidade deve ser
reconhecida e compreendida por todos e por cada profissional de saúde e do ensino. O ensino das
metodologias de investigação, isto é dos processos e procedimentos que conduzem aos resultados, deve
ser devidamente contextualizado, coerente e rigoroso para que os seus resultados sejam compreensíveis,
válidos e reconhecidos pela comunidade científica à luz do conhecimento anterior. Se o contexto do
exercício profissional é o local mais comum onde se utilizam os resultados da investigação, onde a
transferência do conhecimento deve acontecer, é nas Escolas que o processo de aprendizagem, a este
nível, se inicia. Docentes e estudantes (principalmente, os que frequentam formação avançada) enfrentam
o desafio de promover uma atitude favorável e dinamizadora dos processos que evidenciem uma melhoria
contínua dos cuidados com base nos resultados da investigação, tornando-a assim útil à profissão e
essencialmente ao doente e família, alvo dos cuidados. Imbuir a tomada de decisão de critérios científicos,
de responsabilidade pessoal e profissional e do sentido ético e deontológico é um valor estratégico
incomensurável. A Escola é o local de eleição para a construção de valor acrescentado na transformação de
informação em conhecimento e na sua divulgação. Expor os resultados à crítica científica deve ser um
objectivo em todo e qualquer estudo científico, porque só o é, verdadeiramente, quando isso acontece.
Contudo, vale muito pouco conhecer e analisar apenas os resultados, esquecendo o que eles representam.
É fundamental desenvolvermos a capacidade de interpretação e aplicação do conhecimento. Neste sentido
algumas questões devemos levantar: Qual é o verdadeiro significado dos achados da investigação? Como se
relacionam com a prática clínica? Qual ou quais as implicações para a prática clinica, para a gestão, para as
políticas e desenvolvimento da profissão? Existe hoje uma maior consciencialização, por parte dos
profissionais de saúde, para uma prática clínica baseada na evidência, porém é necessário alimentar
continuamente este processo de aprendizagem, de saber decidir, de saber fazer e de saber estar. Uma
melhoria efetiva das competências pessoais, de grupo e das organizações passa, essencialmente, pela
capacidade de integrar as diferentes dimensões das competências para uma prática de qualidade, para o
mérito pessoal, para uma profissão reconhecida e para a notoriedade das organizações de saúde.

Caros Investigadores, Caros Profissionais, Caros Estudante e Caros Leitores, em conjunto podemos
promover a investigação e a prática clínica de excelência

Henrique Pereira
Diretor da Revista Evidências
RIESGOS ERGONÓMICOS Y SUS EFECTOS ENTRE LOS PROFESIONALES DE
ENFERMERIA DE UN HOSPITAL GERIATRICO

Riscos ergonómicos e os seus efeitos em profissionais de enfermagem de um


hospital geriátrico

Ergonomic Risks and their effects in nursing professionals of an geriatric hospital

Francisco Jose Hernandez-Martínez*; Alexandre Rodrigues**; Juan Fernado Jimenez-Díaz***; Bienvenida


Rodriguez-de-Vera****; Maria del Pino Quintana-Montesdeoca******; Rui Luís******
*
Enfermero Especialista en Enfermería del Trabajo Cabildo de Lanzarote
**
Professor adjunto da Universidade de Aveiro
***
Profesor del Departamento de Enfermería de la Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
****
Profesor del Departamento de Enfermería de la Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
*****
Profesora del Departamento de Matemáticas de la ULPGC
******
Professor Assistente convidado do Departamento de Economia e Gestão - Universidade dos Açores

Resumen
En el presente estudio se planteó identificar los riesgos ergonómicos a los que se expone el personal de
enfermería, determinando la contribución de estos factores como factores de riesgo en el entorno laboral.
Estudio cuantitativo e descriptivo. Se incluyeron 125 profesionales de enfermería que realizan su labor en la
Unidad de Geriatría del Hospital Insular de Lanzarote. Se utilizó una encuesta cerrada con un cuestionario
autocumplimentado; siendo las mujeres el grupo que más intervino en este estudio. Hay que destacar la
elevada prevalencia de los riesgos ergonómicos a los que el personal de Enfermería está expuesto;
acompañada de valores de riesgo relativo que permitirían explicar el alto índice de patologías. Como
conclusión, destaca la necesidad de mejorar las condiciones laborales y disminuir el alto índice de
patologías de origen profesional (accidentes laborales, enfermedad profesional y enfermedades derivadas
del trabajo), incorporando medidas preventivas mediante procedimientos de control, promoción de
programas de entrenamiento y capacitación laboral.
Descriptores: Ergonomía; Riesgo laboral; Enfermería; Geriatría.

Resumo
O presente estudo pretende identificar os riscos ergonómicos aos quais se expõe permanentemente os
profissionais de enfermagem e determinar o contributo destes factores como fontes de risco no meio
laboral. Estudo quantitativo e descritivo. Incluiram-se no estudo 125 profissionais de enfermagem que
trabalham na Unidade Geriátrica do Hospital Insular de Lanzarote. Foi utilizado um questionário fechado de
auto-preenchimento; sendo as mulheres, o grupo que participou maioritariamente. Devemos destacar a
elevada prevalência de riscos ergonómicos aos quais se expõe o pessoal de enfermagem; acompanhada de
valores de risco relativo que permitiriam explicar o alto índice de patologias encontradas. Como conclusão
generalizada, destaca-se a necessidade de melhorar as condições laborais e diminuir o alto índice de
patologias com origem profissional (acidentes laborais, doenças laborais e doenças derivadas do trabalho),
incorporando medidas preventivas mediante procedimentos de controlo, promoção de programas de
treino e de capacitação laboral.
Descritores: Ergonomia; Risco Laboral; Enfermagem; Geriatria

EVIDÊNCIAS 6 nº2/2015
Abstract
The present study intends to identify the ergonomic risks that the nursing professional is exposed and
determine the contribute of these factors as sources of risks in the labor environment. Quantitative,
descriptive study.
In this study 125 nursing professionals where included that work in a Geriatric Unit of the Lanzarote Insular
Hospital. A closed questionnaire with auto filling was used, where the women participated mostly.
We must stress the high prevalence of ergonomic risks that the nursing staff is exposed to, followed by
relative risk values that would explain the high index of pathologies found.
As a general conclusion, there is a need to improve the labor conditions and decrease the high index of
pathologies from a occupational source (labor accidents, labor diseases and diseases achieved thru labor),
incorporating preventive measures of control, promotion of training programs and employment training
capacity.
Descriptors: Ergonomy; Labor Risk; Nursing; Geriatrics

Introducción considerable dimensión humana sino también un


gran impacto en la economía. El enorme costo
No existe una definición oficial de la Ergonomía. económico de los problemas asociados con la
El término ergonomía deriva de dos palabras seguridad y la salud en el trabajo, reducen la
griegas: ergo (trabajo) y nomos (leyes, reglas). competitividad de las empresas e inhiben el
Por lo tanto, en el estricto sentido de la palabra, crecimiento económico (European Union, 2007).
significa leyes o reglas del trabajo. Fue Un ambiente de trabajo saludable es aquel en el
introducida en 1949 por el psicólogo británico que los trabajadores y los empleadores colaboran
K.F.H. (Murrell, 1969), cuando un grupo de en el uso de un proceso de mejora continua para
científicos se reunió en Inglaterra para formar la proteger la salud, seguridad y el bienestar de
Sociedad de Investigaciones Ergonómicas. La idea todos los trabajadores y la sostenibilidad del
fue cobijar bajo el mismo alero a ingenieros, lugar de trabajo. Es un factor de productividad y
fisiólogos, anatomistas, psicólogos, higienistas competitividad, donde se debe eliminar o
industriales, arquitectos, profesionales del área controlar los riesgos laborales mediante
de la salud y en general personas interesadas en proyectos institucionales que incluyan líneas de
el comportamiento humano en el trabajo. En investigación al respecto (Briseño, Herrera,
2011, el portal web del Consejo de la Enders & Fernández, 2008, González, 2007, OMS,
International Ergonomics Association, (2011) que 2010). Así pues, en España existe una normativa,
agrupa a todas las sociedades científicas a nivel la Ley de Prevención de Riesgos Laborales (Ley nº
mundial, mantiene la definición que se estableció 31/1995) que tiene por objeto promover la
a principios de siglo sobre el concepto de seguridad y la salud de los trabajadores mediante
Ergonomía, que abarca la interdisciplinariedad la aplicación de medidas y el desarrollo de las
que fundamenta a esta disciplina. actividades necesarias para la prevención de
La Organización Mundial de la Salud estima que riesgos derivados del trabajo. Específicamente y
actualmente sólo se registran entre el 1% y el 5% en lo relativo a la movilización de pacientes, el
de enfermedades profesionales, y que los Real Decreto 487/1997, establece las
trabajadores de los servicios hospitalarios están disposiciones mínimas de seguridad y de salud
expuestos a una considerable variedad de relativas a la manipulación manual de cargas que
riesgos. Los hospitales han sido clasificados como entrañe riesgos, en particular dorsolumbares,
centro de trabajo de alto riesgo, por el instituto para los trabajadores.
de salud ocupacional de los Estados Unidos de Los riesgos generales son muy diversos y variados
Norteamérica por la multiplicidad de riesgo a los en función del tipo de tarea.Existen diversos
cuales se exponen los trabajadores (Heiko, 2012, estudios que muestran la existencia de distintos
Internacional Ergonomics Association, 2011, tipos de riesgos que de forma directa o
OMS, 2010). encubierta afectan a los profesionales que
La Unión Europea resalta que la falta de salud y prestan servicios en el área de salud. En las
seguridad en el trabajo no solo tiene una investigaciones sobre el tema se expresa que

EVIDÊNCIAS 7 nº2/2015
además de los riesgos físicos, químicos, biológicos comportamientos y las decisiones. Pueden
y ergonómicos, se debe incluir la medición de la prohibir conductas que se perciben como
satisfacción laboral (Hernández, 2011, Melo, riesgosas, alentar las que se consideran
2009, Santiago, 2014). beneficiosas o proteger los derechos y el
Uno de los criterios esenciales de la ergonomía es bienestar (Rangel, 2008).
tomar a la persona como punto de referencia Ante lo expuesto, en el presente estudio se
fundamental a la hora de diseñar los sistemas o plantea como objetivos identificar, valorar y
puestos de trabajo, puesto que realmente es el evaluar los riesgos ergonómicos a los que se
ser humano el que interactúa con el entorno en expone el personal de enfermería de un Hospital
este caso concretamente con el centro de Geriátrico de la Isla de Lanzarote, y determinar la
trabajo. Con respecto a las investigaciones sobre contribución de estos factores ergonómicos como
riesgos ergonómicos se han algunos estudios factores de riesgo laboral. Así mismo, se pretende
epidemiológicos que relacionaban dichos riesgos establecer su impacto en la salud de cada
con las dorsalgias del personal de enfermería, profesional de la enfermería.
llegando a la conclusión que este personal
padece una tasa elevada de dorsalgias, algias de Material y método
esfuerzos y síntomas neurológicos (Blanco & Sola,
2008, Urbano et. al, 2014). Se ha realizado un estudio transversal,
Los problemas ergonómicos que sufre el personal descriptivo cuantitativo mediante cuestionario
de enfermería podrían estar asociados a la anónimo y autocumplimentado, entre 125
deficiencia de las instalaciones, manipulación profesionales de Enfermería de la Unidad de
manual de cargas y movilización de pacientes. Geriatría del Hospital Insular de Lanzarote,
Moreno & Báez (2011) sugieren tener en cuenta utilizando como instrumento de recogida de
que en los riesgos ergonómicos no sólo influyen datos una encuesta validada por el INSHT de
los aspectos físicos, sino también los factores Barcelona dependiente del Ministerio de
psicosociales como el descontento en el trabajo, Sanidad; siendo los riesgos ergonómicos
la monotonía, control limitado del trabajo y alta analizados los siguientes: Movilización de
exigencia mental que exige la profesión de pacientes, Tiempo de permanencia de pie
enfermera. Una higiene postural inadecuada, con durante la jornada laboral, Diseños de sillas
posturas incorrectas y una mala mecánica ergonómicamente incómodas, Manipulación
corporal en el ejercicio de las atribuciones manual de cargas e Inclinaciones o torsiones al
profesionales del personal de Enfermería, puede sentarse. A este cuestionario se añadieron datos
acarrear daños osteo-articulares y musculares a sociodemográficos: edad, sexo, antigüedad en el
corto y largo plazo (Rojas, 2011, Santiago, 2014). puesto de trabajo y categoría profesional
Investigaciones realizadas por Soto-Padilla y su (enfermeros o enfermeras y auxiliares de
equipo de colaboradores, comentan que la enfermería). El periodo de estudio abarca desde
lumbalgia es un síntoma muy frecuente la cual marzo a mayo de 2012.
ocupa la segunda causa de consulta en ortopedia, El acceso a las bases de datos debe estar
quinta de hospitalización y tercera de restringido, respetando con ello las normas
intervenciones quirúrgicas y afecta a 84% de las internacionales de protección de datos, así como
personas en algún momento de la vida (Soto- la legislación española (Ley Orgánica 15/1999). Se
Padilla et al. 2015). ha administrado una hoja de consentimiento
Por otra parte, teniendo en cuenta que los informado a cada participante, previamente a la
riesgos laborales ocupan un lugar relevante en los realización del cuestionario.
temas de salud pública, es necesario profundizar Se realizó un tratamiento estadístico de los datos
en los estudios que identifiquen los mecanismos recogidos de la muestra de 125 profesionales de
genéricos de producción de riesgos y los la salud, que realizan su trabajo en un centro
principales factores participantes para establecer geriátrico, mediante el programa de análisis
medidas de prevención (Ramirez, 2011). Las estadístico SPSS versión 21.0 para Windows XP.
políticas de salud son importantes porque Para el análisis de los datos se utilizaron métodos
afectan directa o indirectamente todos los estadísticos para poder resumir, organizar,
aspectos de la vida cotidiana, las acciones, los evaluar, interpretar y comunicar la información

EVIDÊNCIAS 8 nº2/2015
numérica. Se calcula la media y la desviación tiempo para recuperarse, por lo que el
estándar de la muestra. absentismo laboral aumenta en este grupo de
edad.
Resultados Con respecto a la categoría profesional: el 74.4%
son Auxiliares de Enfermería (93 personas) y el
En el análisis sociodemográfico se observó que la 25.6%, es decir 32, son Diplomados en
edad del personal encuestado en el estudio Enfermería.
(n=125) estaba entre 23 y 64 años, con una edad Para considerar el valor de riesgo de las tareas
media de 40,7 años. Atendiendo al sexo, son las ergonómicas, estas fueron analizadas tanto en el
mujeres el grupo mayoritario, con un 87% del personal expuesto como no expuesto. Los riesgos
total de encuestados y es el grupo entre 50 y 60 ergonómicos más elevados (Figura 1)
años, donde más lesiones aparecen y con mayor

70

60

50
Manip. Manual de Cargas
40
Inclinaciones o torsiones incorrectas de
30 C.V.

Material incómodo
20

10

0
Riesgos Ergonómicos

Figura 1 – Riesgos Ergonómicos

corresponden a la “Manipulación manual de realizar se modifique rápidamente por el riesgo a


cargas superior a 15 kg” (62%) “Inclinaciones o que en las transferencias se pueda caer al suelo.
torsiones inadecuadas de la columna vertebral Las partes del cuerpo donde se lesionan con más
(c.v.)” (24%) y “Diseños de sillas frecuencia los trabajadores del Hospital son: el
ergonómicamente incómodas” (7%). cuello en el 66% de los casos, la espalda en el
Este riesgo ergonómico que supone la m.m.c 22%, un 8% en los hombros y 1% en codos y
(manipulación manual de cargas) pueden manos, afectando a los miembros inferiores
ocasionar lesiones más graves en el sistema únicamente el 2% de las lesiones producidas por
osteomuscular del personal de enfermería, la m.m.c. y los movimientos inadecuados que se
debido a que el centro de gravedad de la carga es producen en estas manipulaciones, traslados o
inestable y cualquier movimiento del paciente transferencias efectuadas sobre los pacientes
hace que el agarre o la sujeción que se le debe de (Figura 2).

EVIDÊNCIAS 9 nº2/2015
Piernas

Manos
Localización lesiones en el
Codos
personal de Enfermería
Cintura Escapular

Espalda (Dorsal y Lumbar)

Cuello y columna cervical

0 10 20 30 40 50 60 70

Figura 2 – Localización de lesiones en el personal de enfermería

Del total del personal analizado el 67.5% Las lesiones se producen con mayor frecuencia
manifestó haber padecido en los últimos 5 años, en el turno de trabajo de mañana (76%), por las
alguna patología relacionada con los riesgos tardes aparecen el 20% de las lesiones y en el
ergonómicos, siendo la Lumbalgias y Cervicalgias trabajo de noche únicamente el 4%, (Figura 3)
las patologías más prevalentes.

20

Mañan
a
Tarde

76

Figura 3 – Lesiones por turno (%)

EVIDÊNCIAS 10 nº2/2015
y dicen utilizar medios mecánicos para la La mayoría de estas lesiones no se detectan
movilización y el traslado de pacientes el 71% de hasta que se hacen crónicas, y casi siempre van
los encuestados, aunque refieren que durante asociadas a otras, producidas porque el
muchos años, sobre disponer de estos medios, no trabajador intenta compensar su dolor y fuerza
los utilizaban hasta que la Institución (el Hospital) con otros músculos y articulaciones que
obligó el uso de estas ayudas mecánicas en los acabarán, a su vez, resultando afectados,
pacientes con movilidad reducida y otros tipos de agravándose la lesión. Estos resultados son
patologías invalidantes. similares al estudio de Vernaza y Paz, en cambio,
El 57% de la población de estudio (n= 125), en el artículo de investigación realizado por
comentan que existen ciertas posturas adoptadas Briseño, no se encontró asociación entre el uso
que son inevitables durante la realización de las de la mecánica corporal con las dorsopatías
tareas cotidianas efectuadas en la atención a los (Briseño, 2007, Verzana & Paz, 2006). Así mismo
pacientes, como la que se adopta al realizar la ocurre en la publicación de Santiago, donde
higiene en la cama, al vestir a los usuarios o a la obtiene resultados entre los estudiantes de
resultante que se realiza cuando se da de comer a Fisioterapia que refieren padecer dolor lumbar
estos pacientes, con barreras arquitectónicas o (Santiago, 2014).
material en exceso que impiden adoptar una También se encuentra coincidencia con el
correcta Higiene Postural en el cuidado de los estudio realizado por Hernández-Martínez en
pacientes y en la realización de las A.V.D. La profesionales de Enfermería (Hernández, 2011),
postura de agacharse se asocia con un aumento donde, respectivamente el 64% y 45% del
en el riesgo de lesiones. Generalmente se personal de enfermería sufre dolores de espalda
considera que más de una articulación que se y se recomienda dar importancia a la ergonomía
desvía de la posición neutral produce altos hospitalaria. Así mismo también son coincidentes
riesgos de lesiones. Posturas específicas que se con el estudio publicado por De Souza y
asocian con a lesiones (síndrome del túnel colaboradores (Souza, 2011). También en el
carpiano, protusiones discales, contracturas a realizado por Urbano y su equipo efectuado
nivel de la cintura escapular…) sobre el personal de enfermería que desarrolla su
En el 100% de los profesionales de la salud que se trabajo en áreas críticas, donde se detectaron
encargan del cuidado de los pacientes geriátricos dolencias y padecimientos de la columna
aparecen signos de ansiedad ocasionados por las vertebral en las enfermeras, atribuyéndoles a la
posibles denuncias y demandas judiciales que se organización del trabajo y a condiciones
pueden interponer ante ellos ante una posible ergonómicas inadecuadas (Urbano et al.2014).
conducta profesional imprudente o negligente, Estos hábitos también son relatados en el
que pueda ocasionar alguna lesión en los presente estudio, ya que las enfermeras
usuarios del centro. encuestadas se someten también a estos
procedimientos durante toda la jornada de
Discusión trabajo, padeciendo frecuentes dolores asociados
a la columna vertebral. Destacar que en la
En el estudio sobre los riesgos ergonómicos a los entrevista con el personal encuestado, un alto
que este personal está expuesto, se observó una porcentaje de enfermeros manifiestan
alta prevalencia de los mismos, acompañada de enfermedades, atribuyéndole las patologías al
valores de riesgo relativo que permitirían explicar tipo de trabajo que realizan y a la falta de
el alto índice de patologías encontradas tales prevención, ya que no existen procedimientos
como: Lumbalgias, Cervicalgias y Dorsalgias. En escritos, ni se toman medidas para evitar los
este sentido van encaminadas las publicaciones riesgos. Estas expresiones no sólo fueron
de Santiago y el equipo de Soto-Padilla, donde frecuentes en los Auxiliares de Enfermería, sino
escriben sobre la importancia de la prevalencia también en los Enfermeros profesionales.
de lumbalgias en trabajadores de la salud y en la Como indican los profesionales de Enfermería, en
población en general que acuden a consulta el trabajo con pacientes con movilidad reducida
(Santiago, 2014, Soto-Padilla et al., 2015). es inevitable el adoptar posturas incorrectas,

EVIDÊNCIAS 11 nº2/2015
debido principalmente a dos factores, en primer -Recordar que es obligatorio por Ley (Ley de
lugar el elevado número de pacientes con Prevención de Riesgos Laborales) la compra de
síndrome de inmovilismo y movilidad reducida, material por parte de la Administración y la
que necesitan ayuda para realizar la mayoría de formación específica del personal en el manejo
las Actividades de la Vida Diaria (A.V.D.), y en del mismo, así como el uso del mismo para las
segundo lugar, como se aprecia en la página web diversas movilizaciones que se realizan en los
del (Cabildo, s,d), no debemos olvidar que la pacientes. Gracias a sus reducidas dimensiones
estructura arquitectónica del Hospital se realizó a estas ayudas técnicas (por ejemplo: las grúas)
mediados del Siglo XX, por lo que existen muchas pueden pasarse de una habitación a otra o
habitaciones con barreras arquitectónicas que moverse entre el mobiliario con absoluta
dificultan realizar de forma óptima los cuidados comodidad, siendo muy fácil de manejar.
de Enfermería. -Es importante que el puesto de trabajo esté bien
Con respecto a los aspectos legales que pueden diseñado para evitar enfermedades relacionadas
surgir por una inadecuada o incorrecta con condiciones laborales deficientes, así como
manipulación traslado y/o transferencia de un para asegurar que el trabajo sea productivo. Hay
paciente, Soldevilla (2007), indica en su que diseñar todo puesto de trabajo teniendo en
publicación referida a estos aspectos legales pero cuenta al trabajador y la tarea que va a realizar a
en úlceras por presión, que no debemos olvidar fin de que ésta se lleve a cabo cómodamente, sin
nunca que es unívoco el considerar que la problemas y eficientemente.
responsabilidad de los cuidados descansa en el Si el puesto de trabajo está diseñado
profesional de enfermería (diplomado y por adecuadamente, el trabajador podrá mantener
delegación, en el auxiliar) y que la enfermera y/o una postura corporal correcta y cómoda, la cual
el médico, establecerán pautas sobre el régimen es importante porque una postura laboral
de reposo o movilización, ayudas técnicas a incómoda puede ocasionar múltiples problemas
implementar en el cuidado, etc., por lo que, una en los diferentes sistemas corporales, pero sobre
deficiencia en los cuidados, negligencia o mala todo a nivel osteomuscular.
praxis pueden tener consecuencias legales -La Ley de Prevención de Riesgos Laborales que
derivadas de estos actos. entró en vigor en España en el año 1995, recoge
la obligatoriedad por parte del empresario de
Conclusiones evaluar los riesgos derivados del trabajo y una
vez detectados, adoptar las medidas necesarias
La realización de este estudio nos permitió para eliminarlos, y si no fuese posible; intentar
conocer de una forma global los reducirlos. Entre otras medidas, también se
comportamientos profesionales del personal de recoge la obligatoriedad de que el personal sea
Enfermería (Enfermeros, Enfermeras y Auxiliares formado en materia específica en “prevención de
de Enfermería) respecto a los riesgos riesgos laborales”, y aunque el Hospital ofrezca la
ergonómicos que tienen implicaciones negativas posibilidad de contar con medios mecánicos para
sobre su salud y la calidad de los cuidados favorecer la movilización y el traslado de
prestados. pacientes, así como de preparar varios cursos
-A pesar de existir una normativa específica en específicos en prevención de riesgos laborales, el
prevención de riesgos laborales, los riesgos personal de Enfermería no tiene suficiente
ergonómicos a los que el personal de enfermería motivación para asistir a esa formación
están expuestos todavía son elevados. específica. Por lo tanto, se debería de inducir a
-Sigue siendo la patología de Columna Vertebral los trabajadores a utilizar los medios mecánicos
la más frecuente entre el personal de Enfermería disponibles en el centro hospitalario, así como
que realiza cuidados geriátricos. recordarles la obligatoriedad de la asistencia a los
-El material utilizado en el cuidado de personas curso de formación en materia de prevención
mayores no reúne los requisitos ergonómicos laboral: manipulación manual de cargas,
adecuados para reducir los riesgos laborales en prevención del dolor de espalda en el trabajo de
las unidades de Geriatría del Hospital Insular de Enfermería, Movilización y traslados de pacientes
Lanzarote. con movilidad reducida, etc.

EVIDÊNCIAS 12 nº2/2015
- Desde un punto de vista ergonómico, el cl=37189454&biw=1037&bih=614&bav=on.2,or.r
desarrollo tecnológico sólo se consigue en la _gc.r_pw.r_qf.&cad=b
medida que la mecanización, además de producir
aumentos en la producción, no presente riesgos Cabildo de Lanzarote (s.d). Hospital Insular de
para los trabajadores Lanzarote. Retirado de
-La ergonomía tiene un carácter "constructivo" http://www.cabildodelanzarote.com/tema.asp?i
que es fundamental para la incorporación de dTema=43&sec=Hospital%20Insular%20de%20La
tecnologías "sanas". Las labores correctivas, por nzarote
lo general, son de alto costo y nunca permiten
soluciones completamente satisfactorias. European Union. (2007). Community strategy
También es importante la disposición de las 2007-2012 on health and safety at work. Retirado
empresas para realizar intervenciones de
ergonómicas. Un mejor ambiente laboral, que http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.d
ayude a mantener el estado de alerta y la o?uri=COM:2007:0062:FIN:EN: HTM
motivación, como por ejemplo, creando mayor
variación en las tareas, haciendo el ambiente más González M. D. (2007). Ergonomía y
estimulante e incorporando a los trabajadores en psicosociología. (4ª ed.). Madrid. FC Editorial.
la toma de decisiones respecto a la mejor forma
de realizar sus actividades, son elementos Heiko E. (2012). Die Ernährung des
fundamentales en la búsqueda de sistemas de Intensivpatienten. Studienarbeit. Múnich. Ed.
trabajo en que se equilibre bienestar humano y GRIN.
productividad.
Por todo lo expuesto, y con la finalidad de Hernández M. (2011). Prevención del Dolor de
mejorar las condiciones laborales y disminuir el Espalda en la Profesión de Enfermería. Boletín
alto índice de patologías de origen profesional, Informativo Colegio Oficial de Enfermería de Las
sería recomendable la incorporación de medidas Palmas ,1(3),12-3.
preventivas mediante la implementación de
procedimientos de control y promoción de International Ergonomics Association, (2011)
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EVIDÊNCIAS 14 nº2/2015
FATORES DETERMINANTES NA REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE SOBRECARGA
DOS CUIDADORES INFORMAIS DE UTENTES COM DEPENDÊNCIA:
ARTIGO DE REVISÃO

Determining factors in reducing the overload levels of the informal caregiver of


dependent users

Factores determinantes en la reducción de los niveles de sobrecarga de los


cuidadores informales de pacientes con dependência

Ana Margarida de Almeida Fernandes*; Verónica Janin da Silva da Costa**; Maria Manuela Henriques
Pereira Ferreira***; Rui José Sousa Girão****
*
Enfermeira do ACeS Feira/Arouca
**
Enfermeira do ACeS Aveiro Norte
***
Professora Doutora na ESEnfCVPOA
****
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Serviço de Cardiologia

Resumo
O envelhecimento é um processo natural que exige intervenção e co-responsabilização na promoção da
autonomia e independência, por parte dos profissionais de saúde, com o envolvimento das famílias e de
outros prestadores de cuidados.
Esta revisão sistemática da literatura pretende identificar fatores determinantes na redução dos níveis de
sobrecarga dos cuidadores informais de utentes adultos com dependência.
Nesta revisão identificam-se como fatores determinantes, na redução dos níveis de sobrecarga dos
cuidadores informais de utentes com dependência: não ter alterações no estado de saúde do cuidador,
ter uma melhor qualidade de vida por parte do cuidador, a ausência de demência por parte do utente
dependente, ter menos dificuldades para o desempenho do papel de cuidar, boa interação entre o
cuidador e o utente com dependência, consistência nas relações sociais alargadas e pessoais do cuidador,
crenças religiosas favorecedoras, e finalmente, a existência de uma rede formal de cuidados de saúde
especializados.
É um fenómeno multifatorial que exige por parte dos profissionais de saúde um olhar atento para a
dicotomia do subsistema individual do cuidador e do utente com dependência, envolvendo os outros
subsistemas familiares e os sistemas alargados que interagem com o sistema familiar, tendo a família
como alvo da intervenção.
Palavras-chave: Cuidador informal; sobrecarga; utentes com dependência

Abstract
Aging is a natural process that requires intervention and co-responsibility of health professionals, the
involvement of families and of other care providers in the promotion of autonomy and independence.
This systematic literature review aims to identify determining factors in reducing the overload levels of
the informal caregivers of dependent users.
In this review several decisive factors can be identified which contribute to lower the overload of informal
caregivers of the dependent users such as: no changes in the caregiver's state of health, an improved
quality of life for the caregiver, the absence of dementia on the dependent users, facing fewer difficulties
in carrying out the role of caregiving, a good interaction between the caregiver and the dependent user,
consistency in the extended social and personal relations of the caregiver, beneficial religious beliefs and,
finally, the existence of a formal network of specialized health care.

EVIDÊNCIAS 15 nº2/2015
In conclusion, this is a multifactorial reality and requires a close insight from health professionals into the
dichotomy of the individual subsystem of both the caregiver and the dependent user. Having the family as
their target of intervention, other family subsystems and broader systems that interact with the family
subsystem should also be involved.
Keywords: Informal caregiver; overload; dependent users.

Resumen
El envejecimiento es un proceso natural que exige la intervención y co-responsabilización en la promoción
de autonomia e independencia, por parte de los profesionales de salud, con la participación de las
familias y de otros proveedores del cuidado y bien-estar.
Esta continua revisión de la literatura tiene como objetivo la identificación de los factores determinantes
en la reducción de los niveles de sobrecarga de los cuidadores informales de pacientes adultos con
dependencia.
En esta revisión se identifican como factores determinantes, en la reducción de los niveles de sobrecarga
de los cuidadores informales de pacientes con dependencia: no tener alteraciones en el estado de salud
del cuidador, tener una mejor calidad de vida por parte del cuidador, la falta de demencia por parte del
paciente dependente, tener menos dificultades a la hora de realizar su papel de cuidador, buena
interacción entre la persona que cuida y el paciente con dependencia, consistencia en las relaciones
sociales ampliadas y personales del cuidador, favorerer creencias religiosas, y por último, la existencia de
una red formal de atención sanitaria especializada.
Es un fenómeno multifactorial que requiere de los profesionales de la salud una mirada más atenta a la
dicotomía del subsistema individual del cuidador y del paciente con dependencia, involucrando otros
subsistemas como la familia y, de los sistemas ampliados que interactúan con el sistema familiar,
teniendo la familia como objetivo la intervención.
Palabras-clave: Cuidador informal; sobrecarga; pacientes con dependencia

Introdução desempenho do seu papel. Assim, as


intervenções a negociar devem ser orientadas
A função de cuidar de uma pessoa dependente em função das suas necessidades, contribuindo
pode tornar-se numa tarefa exigente e para a obtenção de ganhos em saúde no
desgastante, quer a nível físico, quer a nível cuidador e no utente com dependência, uma vez
afetivo e quer a nível socioeconómico (Melo, que o bem-estar do cuidador tem implicações
2014). Este papel é frequentemente positivas nos cuidados prestados por estes, à
desempenhado por cuidadores informais, que pessoa dependente.
são na maioria familiares, com necessidade de Nesta revisão da literatura, pretende-se
uma reestruturação familiar, implicando um identificar os fatores determinantes na redução
maior número de atividades para os membros dos níveis de sobrecarga dos cuidadores
da família para responder às necessidades de um informais de utentes adultos com dependência,
dos seus membros, com alterações na dinâmica com vista a contribuir para uma prática baseada
familiar (Figueiredo, 2012). Nesta perspetiva, na evidência, perspetivando intervenções que
Bonilla (1989) compara a família a um puzzle visem minimizar as dificuldades sentidas pelos
flexível, em que cada peça se adapta à mudança cuidadores informais.
e transformação de outra. Neste sentido,
quando um membro adoece, para que se Enquadramento
mantenha a harmonia inerente à família é
necessária a mudança da realidade de cada um Sequeira (2012) considera que é fundamental
dos membros a ela pertencente. Caso contrário reconhecer que os cuidadores informais são
surgirá o caos, a desordem e o desequilíbrio. parceiros (ao qual acrescentaríamos, co-
Os profissionais de saúde devem, antes de tudo, produtores) no desempenho dos cuidados de
preparar os cuidadores de utentes com saúde aos utentes com dependência, a curto e
dependência para o papel de prestador de longo prazo, pelo que deve ser uma prioridade
cuidados e estar atentos, aos níveis de nas políticas de saúde, tendo em conta o
sobrecarga e stress que podem desenvolver no envelhecimento da população e aumento da

EVIDÊNCIAS 16 nº2/2015
prevalência de doenças crónicas associadas a conhecimento, de recursos e de suporte social.
uma maior longevidade. Em alguns casos, denota-se conhecimento e
De facto, o envelhecimento da população, é uma capacidades que permitem prestar os cuidados
realidade nacional, conforme demonstram os necessários, no entanto verifica-se dificuldades
dados referentes a 2011, do Instituto Nacional na mobilização dos mesmos, facto que lhes gera
de Estatística (2011) nomeadamente o índice sobrecarga, sendo este um foco importante dos
envelhecimento (127,84%), o índice longevidade cuidados de enfermagem (Figueiredo, 2012).
(47,86%), índice de rejuvenescimento da Segundo Sequeira (2010), sobrecarga refere-se
população ativa (94,34%)o índice dependência às consequências físicas, psicológicas e sociais
idosos (28,8%), o índice dependência total que resultam do ato de cuidar de uma pessoa
(51,3%) e a esperança média de vida(76,7 anos dependente e da prestação ininterrupta de
para os homens e 82,6 anos para as mulheres). cuidados. A sobrecarga do cuidador pode ser
Com o aumento do índice de longevidade, avaliada através das diferentes dimensões que
aumenta o número de idosos com incapacidade incorporam a Escala de Zarit (Zarit Burden
e/ou dependência devido à diminuição das Interview), tem como objetivo identificar os
capacidades naturais e o aumento de doenças fatores que levam à exaustão do cuidador, e
crónicas que conduzem a uma perda da assim poder intervir de acordo com as suas
autonomia e aumento da dependência. Surgem necessidades (Sequeira, 2010).
assim, os cuidadores informais como resposta à No contexto da avaliação familiar é
manutenção da satisfação das necessidades preponderante identificar o cuidador
humanas básicas da pessoa com dependência. responsável pela prestação de cuidados ao
Para Sarmento (2010), o cuidador informal é indivíduo com dependência porque o
todo aquele que não é remunerado e presta desempenho deste novo papel implica um
cuidados, de modo parcial ou integral, à pessoa processo de interação e reestruturação familiar
com dependência. Este apoio informal é em que, a identificação das dificuldades no
maioritariamente prestado pela família, mas desempenho das funções de prestador de
também por vizinhos ou amigos. cuidados, estimulará o desenvolvimento de
O conceito de família, é abordado por Figueiredo estratégias de coping eficazes (Figueiredo, 2012).
(2012), no seu Modelo Dinâmico de Avaliação e Assim é possível identificar as forças e os
Intervenção Familiar, numa perspetiva sistémica recursos que permitem ao cuidador informal
que envolve variáveis relacionadas com a adaptar-se ao novo papel, assim como co-definir
autodeterminação da família que se carateriza estratégias que permitam a resolução dos
essencialmente por vínculos afetivos, numa rede problemas.
de relações múltiplas e dinâmicas entre os seus
membros e os outros sistemas. Assim, família é Metodologia
um “(…) sistema relacional inserido e articulado
em diversos contextos, agrega um sistema de Neste estudo foi feita uma revisão sistemática
valores, conhecimentos e práticas, num espaço da literatura, nas bases de dados: EBSCO, SciELO
relevante de socialização e humanização” e biblioteca virtual utilizando os descritores:
(Figueiredo, 2012, p.68). Informal caregiver; burden. Foram definidos os
Quando se identifica na família um elemento seguintes critérios de inclusão: serem estudos
com necessidade de cuidados, principalmente originais por autores portugueses e em contexto
em situação de dependência, Figueiredo (2012) português (embora possam estar publicados
reconhece a importância de uma reestruturação noutras línguas), com publicação a partir de
familiar como consequência do papel de 2009, sobre os fatores determinantes na
prestador de cuidados que é necessário redução da sobrecarga nos cuidadores informais
incorporar, implicando um maior número de de utentes dependentes, com 18 ou mais anos.
atividades para os membros da família, para A pesquisa bibliográfica foi realizada no período
responder às necessidades de um dos seus entre novembro de 2014 e fevereiro de 2015,
membros, com alterações na dinâmica familiar. recorrendo à pesquisa em bases de dados
Os cuidadores informais frequentemente eletrónicas, com recurso a motores de busca
apresentam dificuldades, na prestação de específicos, de artigos científicos, de estudos de
cuidadores ao utente com dependência, investigação primária sobre o tema. Das 125
relacionados essencialmente com a falta de publicações científicas obtidas, foram utilizadas

EVIDÊNCIAS 17 nº2/2015
cinco, por cumprirem os critérios de inclusão na alvo foram os cuidadores de utentes com
amostra. dependência, em que o número de elementos
da amostra que integraram o estudo nesses
Resultados artigos variou entre 94 e 184 cuidadores
informais.
No Quadro 1, apresentam-se os principais Os cuidadores informais são maioritariamente
resultados dos estudos analisados e a do grupo etário entre 40 e 70 anos,
enumeração dos fatores determinantes na predominando uma escolaridade baixa (1º ciclo
redução da sobrecarga do cuidador informal. do ensino básico) e situação laboral inativa;
Salienta-se que foram incluídos no trabalho género feminino; casados; cuidadores de
cinco estudos originais portugueses, de natureza familiares (cônjuge, filhas); cuidadores únicos,
quantitativa, dos quais quatro, são correlacionais com período de prestação de cuidados que
e um descritivo (artigo n.º 2), cuja população variou entre os 3 meses e os cinco anos.

Quadro 1 – Apresentação dos resultados


Fatores determinantes na redução
Artigo/Autor/Ano
Resultados da sobrecarga do cuidador
Objetivos do estudo
informal
Artigo n.º 1 - Os fatores multidimensionais da Escala de Zarit são: impacto da - Sem alterações no estado de
Sequeira, Carlos A. C. prestação de cuidados; relação interpessoal; expetativas com o cuidar; saúde do cuidador (física e mental).
(2010) perceção de auto-eficácia. - Consistência nas relações sociais e
Objetivo: - Nível de sobrecarga é maior nos cuidadores de utentes com demência; pessoais do cuidador;
Adaptar e validar a Escala de - Os fatores “- Impacto da prestação de cuidados” e “Relação - Boa interação entre o cuidador e
Zarit para a população interpessoal” têm uma correlação mais significativa, pelo que os fatores o utente com dependência.
portuguesa. incluídos nestas dimensões terão mais impacto no nível de sobrecarga - Ausência de demência por parte
objetiva do cuidador; do utente dependente.
- Os fatores incluídos da dimensão “expectativas com o cuidar”, também
são considerados como principais fontes de sobrecarga;
- A maior parte dos cuidadores envolvidos no estudo apresentam
sobrecarga intensa (maior nível de sobrecarga avaliado pela escala).
Artigo n.º 2 - Os cuidadores são maioritariamente: adultos entre 61 e 70 anos; - Rede formal de cuidados de saúde
Ferreira, Fátima (et al) género feminino; casados; familiares (cônjuge na maioria); período de especializados, na área dos
(2010) prestação de cuidados superior a 4 anos, cuidadores únicos, nível de cuidados paliativos, reduz a
Objetivo: escolaridade coincidente com 1º ciclo de ensino básico. sobrecarga do cuidador
Validar a escala de Zarit em - Os utentes alvo de cuidados são maioritariamente do sexo feminino e a informal/familiar.
cuidados paliativos idade entre 70 e 80 anos, sendo a neoplasia a doença mais prevalente
domiciliários na população que conduziu à dependência.
portuguesa. - O total da média dos scores da escala de Zarit indica sobrecarga
moderada.
Artigo n.º 3 - 80% dos elementos são do género feminino, com uma média de idades - Melhor qualidade de vida do
Carvalho, M Graça P.H. entre os 40 e 70 anos; 34% referiram possuir ajuda de um cuidador cuidador informal.
(2012) secundário. - Consistência nas relações sociais e
Objetivo: - 63% são cuidadores de idosos totalmente dependentes do ponto de pessoais do cuidador: maior
Avaliar a relação entre as vista funcional, 8,2% de idosos gravemente dependentes, 15% de idosos satisfação com amigos.
variáveis qualidade de vida, moderadamente dependentes e os restantes cuidadores de idosos com
sobrecarga, suporte social e dependência leve.
morbidade psicológica. - 86% são casados ou em união de fato.
- 30% dos cuidadores são cônjuges, 60% filhos e os restantes possuem
outro grau de parentesco ou apenas amizade pelo cuidador.
- 51% dos cuidadores assumiram a prestação de cuidados há mais de 5
anos, 25% entre 3 meses e um ano, 20% há mais de um ano e os
restantes há menos de 3 meses.
- A qualidade de vida está relacionada negativamente com a sobrecarga
e morbidade e positivamente com a satisfação com os amigos.
- A sobrecarga e qualidade de vida correlacionaram-se com o suporte
social total.
Artigo n.º 4 - Os cuidadores são maioritariamente do género feminino (84,8%), com - Existência de uma rede social
Figueiredo, Daniela (et al) média etária de 57,1 anos e casados (78,8%). alargada na qual se incluem os
(2012) - A maioria dos cuidadores tem 4 anos de escolaridade (54,5%) e é profissionais de saúde.
Objetivo: reformado (28,3%) ou é doméstica (25,3%). - Existência de redes de apoio
Analisar a relação entre a - A maioria dos cuidadores são descendentes (52,5%) ou cônjuges (grupos de suporte e grupos

EVIDÊNCIAS 18 nº2/2015
rede social pessoal dos (24,2%) da pessoa de quem cuidam, não têm filhos a cargo (64,6%) e psicoeducativos).
cuidadores familiares de coabitam com o familiar dependente (82,8%).
idosos dependentes com e - Quanto ao grau de dependência, verifica-se que a maioria (51,5%) dos
sem demência; recetores de cuidados são totalmente dependentes.
Estudar a relação entre o - Os familiares que cuidam de uma pessoa idosa dependente tendem a
tamanho da rede social e a apresentar redes sociais pequenas muito concentradas nas relações
satisfação com a vida nos familiares e a sentir-se pouco satisfeitos com a vida.
dois grupos de cuidadores. - O impacto da tarefa de cuidar pode ser atenuado pela partilha, não só
dentro da rede social de suporte existente, mas recorrendo a outras
redes de apoio como os grupos de suporte ou a grupos psicoeducativos.
Artigo n.º 5 - A maioria dos cuidadores têm 60 e mais anos, 87% são mulheres, - Ausência de dependência mental
Sequeira, Carlos A. C. maioritariamente casados (78,8%), com um baixo nível de escolaridade parte do utente dependente.
(2012) (33,7% não concluíram o ensino básico e apenas 7,1% têm ensino - Apresentar menos dificuldades
Objetivo: secundário). para o desempenho do papel do
Caracterizar as principais - A maioria são domésticas, desempregados ou reformados, com baixos cuidador.
dificuldades, estratégias de rendimentos. - Existência de crenças religiosas
coping, satisfação e - Os cuidadores são maioritariamente filhas (44%), ou cônjuges (31,5%). (“Religião pode atuar como um
sobrecarga nos cuidadores - Nível de sobrecarga avaliado pela escala de Zarit é maior nos importante recurso pessoal em
informais de utentes cuidadores de utentes com dependência mental. termos de estratégia para
dependentes com e sem - Os fatores presentes na dimensão “ Impacto da prestação de cuidados” encontrar sentido na vida”).
demência. têm mais impacto no nível de sobrecarga objetiva do cuidador.

Da análise dos cinco estudos apresentados no e 70 anos, de baixa escolaridade, situação laboral
Quadro 1, identificam-se oito fatores inativa; do género feminino; casados e cuidadores
determinantes, na redução dos níveis de de familiares. Aguiar (2011) e Souza (2013) num
sobrecarga dos cuidadores informais de utentes estudo acerca das representações sociais dos
com dependência registados em: cuidadores no cuidar de idosos, também
3 estudos - a consistência nas relações sociais verificaram que o papel de cuidador era
alargadas e pessoais do cuidador; maioritariamente desempenhado por mulheres e
2 estudos - a ausência de demência ou de familiares com pouca formação. Estas
dependência mental por parte do utente caraterísticas relacionadas com o cuidador
dependente; informal podem interferir com o nível de
1 estudo - a existência de uma rede formal de sobrecarga dos mesmos, tal como referem Martín
cuidados de saúde especializados; melhor (2000), Martins (2003), Cruz e colaboradores
qualidade de vida do cuidador informal; crenças (2010), ao identificarem os fatores que se
religiosas favorecedoras; ausência de alterações relacionam com a sobrecarga do cuidador
no estado de saúde do cuidador; menos informal, entre os quais as características
dificuldades para o desempenho do papel de sociodemográficas do cuidador (género, idade,
cuidar; para além de uma boa interação entre o habilitações literárias, recursos económicos); o
cuidador e o utente com dependência. grau de dependência da pessoa e exigência dos
Desta análise, verifica-se que, a rede social do cuidados prestados; a falta de conhecimentos e
cuidador informal foi o fator que esteve presente habilidades por parte do cuidador, assim como de
em três dos estudos apresentados, desde a estratégias de coping; e por último, a utilização
qualidade da relação da díade cuidador informal e dos serviços de saúde e sociais, tal como o
dependente, ao apoio presente na família nuclear descanso do cuidador.
e na família alargada, ao apoio dos amigos, Ao ser humano é reconhecida a capacidade de,
vizinhos, a religião, as redes de apoio, através de perante os constrangimentos, desenvolver
grupos de suporte e/ou psicoeducativos, até às mecanismos de defesa, ou estratégias de
redes formais de prestação de cuidados de saúde adaptação que ajudam o indivíduo a lidar com a
e sociais. situação de crise que vivência. Segundo Neeb
(1997), o coping eficaz exige a utilização de
Discussão competências que possibilitem ao indivíduo
efetuar uma escolha saudável, e isto implica a
Nos artigos analisados os cuidadores informais utilização de novos instrumentos ou estratégias e
eram maioritariamente do grupo etário entre 40 a adoção de comportamentos mais adequados.

EVIDÊNCIAS 19 nº2/2015
Porém, em situações que envolvem uma elevada A manutenção de atividades sociais por parte do
carga emocional, a análise pode não ser tão cuidador informal diminui o isolamento social e a
linear, e conforme sublinha a autora, a sobrecarga, que se reflete num impacto positivo
consciência do indivíduo encontra-se perturbada, na satisfação com o papel de cuidador, com
interferindo com a capacidade própria de realizar implicações na qualidade de vida e na diminuição
escolhas adequadas, ou com a capacidade de do risco de deterioração da saúde mental e física
mobilizar os instrumentos que já havia aprendido. do cuidador (Sequeira, 2010; Pereira e
E neste sentido, nos momentos de maior stresse, colaboradores, 2010). Este aspeto já era
há tendência da mente se refugiar em defendido por Bonilla (1989), ao referir que a
mecanismos inconscientes, que constituem o seu doença não atinge unicamente um determinado
“apoio” habitual em situações que afetam o seu membro do grupo, mas influencia e contamina
equilíbrio; mas que Neeb defende trazerem toda a rede familiar e social isto é, afeta não só o
apenas ao indivíduo a ilusão de coping. indivíduo doente, como todos os outros que o
Os estudos analisados nesta revisão evidenciam envolvem, família e sociedade, na tentativa de
que o nível de sobrecarga é influenciado por restabelecer o equilíbrio perdido.
diversos fatores, alguns dos quais são A existência de um cuidador secundário minimiza
determinantes para a redução dos níveis de a sobrecarga do cuidar, sendo um apoio social
sobrecarga. Este dado é sustentado por Melo e para os cuidadores informais proporcionando-
colaboradores (2014), que referem que o cuidar lhes maior disponibilidade para se dedicar aos
de pessoas dependentes em casa (com e sem restantes membros da família e a si mesmo
demência), é um complexo processo individual, (Figueiredo e colaboradores, 2012). Por outro
que é influenciado por fatores de diferentes lado, cuidadores que possuem ajuda de um
contextos e está associado a um conjunto de cuidador secundário têm maior satisfação
agentes de stress, mediada pela relação de conjugal. Desta forma, a partilha de tarefas (com
prestação de cuidados e que pode resultar num o cuidador secundário) atenua o impacto no novo
maior ou menor grau de sobrecarga. Segundo papel desempenhado pelo cuidador. Muitas
Atkinson (1989), a natureza da doença vezes, procuram esse auxílio nos vizinhos e
influenciará o comportamento de todos os amigos e em certas instituições que os possam
elementos da família. Por outro lado, a sua ajudar no desempenho do papel de cuidador.
gravidade (leve ou grave, aguda ou crónica, ou Polaino e Lorente (1996) referem que o cuidar no
até mesmo terminal) e a sua própria entidade domicílio aumenta a sobrecarga física e
(congénita ou adquirida, mental ou orgânica), psicológica porque comporta uma carga maior e
condiciona igualmente a resposta da família ou da um sofrimento que aumenta com a angústia e
sociedade. dependência do doente.
Todos os estudos analisados referem que a O bom relacionamento conjugal é referenciado
presença de suporte familiar e social está por Figueiredo (2012) e Cruz e colaboradores
associada a uma diminuição dos efeitos do stress (2010) como fator de motivação intrínseca por
no indivíduo e sistema familiar, pelo que podem parte do cuidador, diminuindo o risco de
ser considerados como fatores protetores na depressão e stress psicológico, com implicações
sobrecarga dos cuidadores informais. Por outro mais evidentes na qualidade de vida dos
lado, Pereira e colaboradores (2012) referem que cuidadores informais. Por outro lado, quando o
altos níveis de sobrecarga manifestam um cuidador tem um bom ajustamento conjugal,
aumento de sintomatologia depressiva, poderá ficar menos vulnerável ao impacto das
ansiedade e stress, pelo que a continuidade do alterações estruturais envolvidas com o cuidar e
desempenho do papel de cuidador pode conduzir ao efeito negativo da depressão na sua qualidade
à exaustão e conduzir a uma situação de crise e de vida (Pereira, Carvalho, 2012). De facto,
rotura manifestando sintomas de tensão, fadiga, Pereira e Carvalho (2012) verificaram, no seu
stress, ansiedade e frustração como consequência estudo que o ajustamento conjugal total não
dos efeitos negativos da prestação dos cuidados. modera a relação entre a sobrecarga e a
Concluímos ainda, após análise dos artigos, que qualidade de vida mas por outro lado, modera a
níveis altos de sobrecarga refletem menor relação entre a depressão e a dimensão física da
qualidade de vida. qualidade de vida. Embora não seja considerado
um fator determinante na diminuição da

EVIDÊNCIAS 20 nº2/2015
sobrecarga do cuidador informal é entendido individual do cuidador e da pessoa alvo de
como um fator coadjuvante no bem-estar do cuidados, envolvendo os outros subsistemas
cuidador. No entanto, no mesmo estudo é familiares e os sistemas alargados que interagem
considerado como fator determinante na redução com o sistema familiar, como os recursos da
da sobrecarga, a existência de uma consistência comunidade (rede social), tendo sempre a família
nas relações sociais, enfatizando a satisfação com como alvo da intervenção, no que se refere à
os amigos com impacto na diminuição da redução dos níveis de sobrecarga do cuidador
morbidade psicológica (ansiedade e depressão informal e consequente promoção de elevados
clínica), com melhoria na qualidade de vida. níveis de satisfação com o papel de prestador de
Maronesi (2014), na sua investigação identificou cuidados, com a finalidade de proporcionar
que o nível de sobrecarga é maior nos cuidadores elevados níveis de cuidados informais à pessoa
informais do que nos cuidadores formais, alvo dos mesmos.
concluindo que é fundamental o
desenvolvimento de estratégias de resolução e Referências Bibliográficas
minimização dos níveis de sobrecarga
perspetivando melhor qualidade de vida para o Aguiar, S. et al. (jul/set, 2011). Representações
cuidador e consequentemente para o utente alvo Sociais do Cuidar de Idosos para Cuidadores:
de cuidados. Assim, esta revisão contribuiu para Revisão Integrativa. Revista Enfermagem, 19 (3)
uma melhor sistematização dos fatores 485-490.
determinantes na redução dos níveis de
sobrecarga dos cuidadores informais, que Atkinson, L. D. & Murray, M. E. (1989).
importa ter em atenção, de forma a prestar um Fundamentos de enfermagem: introdução ao
cuidado diferenciado e adaptado a cada cuidador processo de enfermagem. Rio de Janeiro:
informal, para um cuidado mais eficaz com Guanabara. ISBN 85-226-0328-6.
ganhos para o cuidador informal e pessoa alvo de
cuidados. Os profissionais de saúde na avaliação Bonilla, A. R. (1989). A família do doente, leitura
de um utente dependente, devem considerar a psicológica. Mem Martins, Hospitalidade, 53
sobrecarga do cuidador com vista ao (208).
desenvolvimento de estratégias no seu cuidado
que contribuam para a redução da sobrecarga, Cruz, D. C. & Miranda et al. (dez. 2010). As
perspetivando intervenções que visem minimizar vivências do cuidador informal do idoso
as dificuldades sentidas pelos cuidadores dependente. Revista Referência, (2),127-136.
informais.
Ferreira, F. et al. (2010). Validação da escala de
Conclusão Zarit: sobrecarga do cuidador em cuidados
paliativos domiciliários para a população
Com esta revisão, identificam-se como fatores portuguesa. Cadernos de Saúde, 3 (2), 13-19.
determinantes, na redução dos níveis de
sobrecarga dos cuidadores informais de utentes Figueiredo, M. H. (2012). Modelo Dinâmico de
com dependência: não existir alterações no Avaliação e Intervenção Familiar: Uma
estado de saúde do cuidador, uma melhor Abordagem Colaborativa em Enfermagem de
qualidade de vida por parte do cuidador, a Família. Loures: Lusociência. ISBN: 978-972-8930-
ausência de demência por parte do utente 83-7.
dependente, menor dificuldade para o
desempenho do papel de cuidar, boa interação Figueiredo, D., Lima, P., & Sousa, L. (2012).
entre o cuidador e o utente com dependência, Cuidadores Familiares de Idosos Dependentes
consistência nas relações sociais alargadas e com e sem Demência: rede social pessoal e
pessoais do cuidador, crenças religiosas satisfação com a vida. Psicologia, Saúde e Doença,
favorecedoras, e finalmente, a existência de uma 13 (1), 117-129.
rede formal de cuidados de saúde especializados.
Conclui-se que este fenómeno é multifatorial e Instituto Nacional de Estatística. (2014). Censos
exige por parte dos profissionais de saúde um 2011. Resultados definitivos. Lisboa, retirado de
olhar atento para a dicotomia do subsistema

EVIDÊNCIAS 21 nº2/2015
http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgi Pereira, M. & Carvalho, H. (2012). Qualidade vida,
d=ine_base_dados&contexto=bd&selTab=tab2 sobrecarga, suporte social, ajustamento conjugal
e morbidade psicológica em cuidadores de idosos
Maronesi, L. C., et al. (2014). Indicadores de com dependência funcional. Temas em
estresse e sobrecarga em cuidadores formais e psicologia, 20 (2), 369-383
informais de pacientes oncológicos. Psicologia
Social, 14 (3), 877-892. Polaino, A., Lorente & Barón G. M. (1996).
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Martín, I., Paul, C., & Roncon, J. (2000). Estudo de soporte en el enfermo com cáncer. Madrid:
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Martins, T., Ribeiro, J. P., & Garrett, C. (2003). Perspectiva Sistémica. Porto: Edições
Estudo de validação do questionário de avaliação Afrontamento, 1996. ISBN 972-36-0413-2.
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contexto familiar, uma análise da experiência de Sequeira, C. (2012). Difficulties, coping strategies,
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Mudança. Aveiro. Aveiro: Universidade de Aveiro.
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EVIDÊNCIAS 22 nº2/2015
BENEFÍCIOS DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA PÓS-PARAGEM CARDÍACA
FORA DO HOSPITAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Benefits of therapeutic hypothermia after out-of-hospital cardiac arrest: a


systematic review

Los beneficios de la hipotermia terapéutica después de un paro cardíaco exterior del


hospital: una revisión sistemática

Bernardete Regalado*; Catarina Baptista**; Catarina Santos***; Sónia Pereira;****Fernanda Príncipe*****

*
Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica
**
Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica
***
Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica; Pós-graduada em Enfermagem de Cuidados Intensivos
****
Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica; Pós-graduada em Enfermagem de Cuidados Intensivos.
*****
Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica; Professora adjunta da ESEnfCVPOA

Resumo
O objetivo deste estudo é avaliar o impacto da Hipotermia Terapêutica (HT) no outcome neurológico e
sobrevivência dos doentes em coma, com Recuperação da Circulação Espontânea (RCE) após Paragem
Cardíaca Fora do Hospital (PCFH). Foi realizada uma pesquisa da literatura existente, com recurso a diversas
bases de dados eletrónicas durante o mês de janeiro de 2013. Foram definidos critérios de inclusão e
exclusão e selecionados 7 estudos. Foi possível constatar, após a análise dos estudos selecionados, que a
utilização da HT no tratamento pós Paragem Cardíaca (PC) traduz-se numa melhoria do outcome neurológico
e aumento da sobrevivência. A HT deve ser considerada um tratamento altamente promissor na abordagem
a doentes pós PC. A sua utilização apresenta benefícios para o doente, com ganhos em saúde a vários níveis,
bem como para a própria instituição, evitando despesas decorrentes das sequelas neurológicas pós PC. A
utilização da HT é uma opção viável no tratamento pós PC, recomendada pela Internacional Liaison
Committee on Resuscitation (ILCOR), pois os dados existentes sugerem que a sua aplicação melhora o
outcome neurológico e aumenta de forma significativa a sobrevida. No entanto, em Portugal a sua utilização
ainda é escassa, tanto pelos custos envolventes como pela falta de formação na área.
Palavras-chave: Hipotermia terapêutica; outcome neurológico; paragem cardíaca; sobrevivência.

Abstract
The aim of this study is to evaluate the impact of Therapeutic Hypothermia (TH) on survival and neurological
outcome of patients in coma with Recovery of Spontaneous Circulation (ROSC) after Cardiac Arrest Outside
the Hospital (CAOH). We conducted a survey on existing literature, using several electronic databases during
the month of January 2013. Inclusion and exclusion criteria were defined and 7 studies were selected. We
can conclude, after the analysis of the selected studies that the use of TH in the treatment of post Cardiac
Arrest (CA) results in an improvement of the neurological outcome and increases survival. The TH should be
considered as a highly promising treatment in the approach to patients suffering from post CA. Its use has
benefits for patients with health gains at various levels, as well as to the institution itself, avoiding the costs
associated with neurological sequels post CA. The use of TH is a viable option on the treatment of post CA,
recommended by the International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR), because the existing data
suggests that its application improves neurological outcome and significantly increases survival. However, its
use in Portugal is still rare, not only for its costs but also for the lack of training in the area.

EVIDÊNCIAS 23 nº2/2015
Keywords: Therapeutic hypothermia; neurological outcome; cardiac arrest; survival.

Resumen
El objetivo de este estudio es evaluar el impacto de la Hipotermia Terapéutica (HT) en outcome neurológico
y la supervivencia de los pacientes en estado de coma con Recuperación de la Circulación Espontánea (RCE)
después de un Paro Cardíaco Fuera del Hospital (PCFH). Llevamos a cabo una búsqueda de la literatura
existente, utilizando varias bases de datos electrónicas durante el mes de enero de 2013. Se definieron los
criterios de inclusión y exclusión, y han sido seleccionados 7 estudios. Se estableció, después del análisis de
los estudios seleccionados, que el uso de HT en el tratamiento posterior de Paro Cardíaco (PC) se traduce en
una mejora en el outcome neurológico y una mayor supervivencia. La HT debe ser considerada como un
método de tratamiento muy prometedor para pacientes que han tenido PC. Su uso tiene beneficios para los
pacientes con beneficios para la salud en los distintos niveles, así como la institución misma, evitando los
costes asociados a las secuelas neurológicas después de PC. El uso de la HT es una opción viable para el
tratamiento después de un PC, recomendada por el Internacional Liaison Committee on Resuscitation
(ILCOR), ya que los datos existentes indican que su aplicación permite mejorar el outcome neurologico y
aumenta significativamente la supervivencia. Sin embargo, su uso en Portugal es aún escasa, ya que tanto
los costos en torno a la falta de formación en el área.
Palabras clave: Hipotermia terapéutica, outcome neurológico, paro cardíaco, supervivencia.

INTRODUÇÃO ensaios levaram à inclusão pela ILCOR da HT nos


cuidados pós PC desde 2003 (Nolan et al., 2003).
Estima-se que na Europa, a incidência de PC ronde Embora esteja recomendado o uso da HT em
os 375 000 casos por ano (HACA, 2002). Entre 7 e doentes pós PCFH com RCE, a sua aplicação tem
10% dos doentes que são inicialmente sido inferior à esperada em vários países
ressuscitados após PCFH, de causa cardíaca, desenvolvidos, incluindo Portugal (Abreu et al.,
sobrevivem e recebem alta hospitalar com bom 2011).
resultado neurológico (Fredriksson, Herlitz,
Enquadramento teórico
Nichol, 2003). A recuperação de uma PC sem
danos neurológicos residuais é rara (HACA,
A HT moderada é definida por Abreu et al. (2011)
2002).O fraco prognóstico destes doentes, em
como a diminuição da temperatura corporal
quem a RCE foi conseguida inicialmente, é
central até aos 33ºC +/- 0,5ºC, com o objetivo de
atribuído à síndrome pós-paragem, onde há a
prevenir e/ou reverter os processos responsáveis
combinação da lesão cerebral, da disfunção
pela lesão neurológica de reperfusão. Quando a
circulatória, isquémia sistémica e resposta de
HT é induzida ocorrem mudanças fisiológicas, tais
reperfusão (Nolan et al., 2010).
como a diminuição do consumo de oxigénio em
Para Bernard et al. (2002), a HT representa
6% a cada redução de 1ºC acima de 28ºC,
atualmente a opção mais eficaz de tratamento
diminuição da produção de radicais livres de
para reduzir danos neurológicos e a mortalidade
oxigénio, diminuição da libertação de
em doentes comatosos que tiveram RCE após PC.
aminoácidos excitatórios, alterações do cálcio
A HT já é conhecida desde os anos 40, tendo sido
intracelular, que conduzem ao dano mitocondrial
demonstrada a sua eficácia em estudos animais
e apoptose (Nolan et al., 2010).
em meados dos anos 80 (Abreu et al., 2011).
A aplicação, na prática, da HT divide-se em 3
Contudo, só recentemente foi validada como
fases: indução, manutenção e reaquecimento
terapêutica eficaz no contexto de PC. O seu efeito
(Diagrama 1). Existem diversos métodos, internos
cardioprotetor e a redução da mortalidade e das
e externos, para se atingir a temperatura alvo na
sequelas neurológicas após PC foram claramente
fase de indução (Nolan et al., 2010). Um dos
demonstrados em 2 ensaios clínicos
métodos mais frequentemente utilizados é a
randomizados e controlados, realizados pelo
perfusão de soros arrefecidos (geralmente SF a
Hypothermia After Cardiac Arrest (HACA) Study
4ºC a 30ml/Kg) que diminui em cerca de 1,5ºC a
Group (2002) e por Bernard et al. (2002). Estes

EVIDÊNCIAS 24 nº2/2015
temperatura central. Outros métodos possíveis Não existem diretrizes estabelecidas para
para induzir e manter a HT são sacos com gelo, monitorizar a temperatura. Contudo é
toalhas húmidas, arrefecidas, almofadas ou recomendado avaliar a temperatura central, de
cobertores de arrefecimento, almofadas de gel forma contínua, através de sensores
com água circulante, permutadores de calor nasofaríngeos, esofágicos, retais, vesicais ou
intravascular e circulação extracorporal (Nolan et intravasculares (Ortega, 2010).
al., 2010). O reaquecimento deve ser efetuado lentamente
A ILCOR recomenda, na sua publicação de 2002 com aumento de 0.25ºC por cada hora até o
que doentes adultos, inconscientes, com RCE após doente atingir a normotermia. Normalmente são
PCFH, deverão ser arrefecidos a temperaturas necessárias 12-16 horas para o reaquecimento.
entre os 32ºC e 34ºC, durante 12 a 24 horas, Após atingida a normotermia, o objetivo é manter
quando o ritmo inicial é a Fibrilhação Ventricular a temperatura a 37ºC e evitar a hipertermia
(FV), sendo que poderá ser benéfico em outros (Scirica, 2013).
ritmos ou em PC intra-hospitalar (Nolan et al., A HT está associada a um significativo número de
2003). Martin-Hernández et al. (2009) referem alterações fisiológicas e potenciais complicações
ainda que a temperatura deve diminuir cerca de 1 tais como: tremores; taquicardia e hipertensão;
a 1,3ºC/hora. bradidisritmias; hiperglicemia; hipocaliémia e
infeções (Scirica, 2013).

DIAGRAMA 1 – Fases da HT

Metodologia “Quais os benefícios da HT, em comparação com


os cuidados convencionais, nos doentes com
Como referem Cruz e Nunes (2012), uma revisão retorno da circulação espontânea pós-paragem
sistemática da literatura consiste na análise geral cardíaca fora do hospital?” Na estruturação desta
de estudos primários, onde se definem objetivos, questão recorremos à estratégia PI[C]O:
materiais e métodos, com o intuito de apresentar Participants, Intervention, Comparations e
formas de atuação claras e reprodutíveis. Outcomes (Cluett, 2006, p.38).
Com o intuito de explorar a temática da HT, No sentido de orientar a resposta à questão
elaborámos a seguinte questão de investigação: supracitada, definimos como objetivo específico:

EVIDÊNCIAS 25 nº2/2015
avaliar o impacto da HT no outcome neurológico e diretamente relacionados com a temática, tendo
sobrevivência dos doentes em coma, com RCE sido selecionados um total de 4 estudos para
após PCFH. análise e discussão.
Foi realizada uma pesquisa da literatura existente, Para além destas bases de dados, e no sentido de
com recurso a diversas bases de dados encontrar mais estudos elegíveis para análise,
eletrónicas: PubMed, Europe PubMed Central, efetuou-se uma pesquisa complementar via
SciELO, EBSCO, LILACS e Biblioteca Virtual em motor de busca Google Académico e consulta no
Saúde. A pesquisa decorreu durante o mês de Repositório Científico de Acesso Aberto de
janeiro de 2013, com recurso às palavras-chave: Portugal, tendo sido encontrados e selecionados
hipotermia terapêutica; therapeutic hypothermia; estudos (E) adicionais para esta revisão. No final
mild therapeutic hypothermia AND neurologic da pesquisa (Quadro 1), obtivemos um total de 7
outcome AND cardiac arrest. Estas foram estudos (Quadro 2), que constituíram a base para
utilizadas para pesquisa em qualquer parte do a elaboração da discussão dos resultados e
texto. Limitou-se a pesquisa a estudos escritos em respetivas conclusões deste artigo.
Português (de Portugal ou do Brasil), Inglês ou
Espanhol, publicados nos últimos 5 anos. Apresentação e análise de dados
Foram definidos como critérios de inclusão
estudos sobre HT moderada, em adultos, com Como já referido, foram selecionados um total de
PCFH, em estado de coma mesmo após RCE, com 7 estudos, sendo que da sua análise foi possível
ritmo inicial desfibrilhável, nomeadamente de constatar que todos os artigos utilizaram uma
Taquicardia Ventricular sem pulso (TVsp) e/ou FV, abordagem quantitativa, com recurso a estudos
bem como não desfibrilhável – atividade elétrica retrospetivos, prospetivos e comparativos
sem pulso (AEsp) e/ou assistolia – posteriores a (Quadro 3).
2008, com recurso a metodologia experimental. Para avaliação do outcome neurológico foi
Seguiu-se um processo sistemático, desde a utilizada a Pittsburgh Cerebral Performance
seleção dos recursos de pesquisa até à avaliação Categories Scale (CPC). Outcome favorável inclui
crítica dos estudos selecionados. Foram doentes com CPC 1 – consciente e alerta, com
encontrados um total de 4207 estudos, dos quais função normal ou apenas ligeira incapacidade e -
foram selecionados 41 para uma avaliação mais CPC 2 – consciente e alerta, com incapacidade
profunda. Deste grupo foram posteriormente moderada. É considerado outcome desfavorável
excluídos os artigos de revisão sistemática da doentes com CPC 3 – consciente com
literatura, artigos de metodologia não incapacidade severa – CPC 4 – em coma ou estado
experimental, artigos repetidos nas diferentes vegetativo persistente e – CPC 5 – com morte
bases de dados, artigos com data anterior a 2008 cerebral ou por outras causas (Ferreira et al.,
e todos aqueles que não se encontravam 2009; Petrovié et al., 2011).

QUADRO 1 – Resultados da pesquisa por base de dados utilizada


Nº de estudos Nº de estudos Nº estudos
Base de dados
encontrados selecionados analisados

PubMed 2416 7 2

Europe Pubmed Central 1035 5 2

SciELO 24 3 0

EBSCO 296 14 0

Google Académico 16900 19 3

Repositório Científico de Acesso 69 6 0

EVIDÊNCIAS 26 nº2/2015
Aberto de Portugal

LILACS 25 6 0

Biblioteca Virtual em Saúde 411 6 0

QUADRO 2 – Estudos analisados


Kagawa, E. [et al.] – Who benefits most from mild therapeutic hypothermia in coronary intervention era? A
E1
retrospective and propensity-matched study. Critical Care, (2010) 1-12.
Gaieski, D. [et al.] – Early goal-directed hemodynamic optimization combined with therapeutic hypothermia in
E2
comatose survivors of out-of-hospital cardiac arrest. Ressuscitation, 80 (2009) 418-424.
Don, C. [et al.] – Active surface cooling protocol to induce mild therapeutic hypothermia after out-of-hospital
E3 cardiac arrest: A retrospective before-and-after comparison in a single hospital. Crit Care Med, 37(12) (2009)
3062-3069.
Ferreira, I. [et al.] – Therapeutic mild hypothermia improves outcome after out-of-hospital cardiac arrest.
E4
Netherlands Heart Journal, 17(10) (2009) 378-384.
Petrovié, M. [et al.] – Therapeutic hypothermia and neurological outcome after cardiac arrest. Vojnosanit Pregl,
E5
68(6) (2011) 495-499.
Walters, E. [et al.] – Implementation of a post-cardiac arrest care bundle including therapeutic hypothermia and
E6 hemodynamic optimization in comatose patients with return of spontaneous circulation after out-of-hospital
cardiac arrest. Shock, 35(4) (2011) 360-366.
MacLean, A. [et al.] – Therapeutic hypothermia for out-of-hospital cardiac arrest: An analysis comparing cooled
E7
and not cooled groups at a Canadian Center. J Emerg Trauma Shock, 5(4) (2012) 328-332.

EVIDÊNCIAS 27 nº2/2015
QUADRO 3 – Dados dos Estudos Analisados
Resultados
Objetivos Tipo de Estudo Amostra Intervenções
Sobrevivência Outcome Neurológico
E1 Investigar o impacto do intervalo Retrospetivo n=400 A HT moderada foi induzida utilizando colchões de Aos 30 dias: Grupo normotérmico:
de tempo entre o colapso e o (setembro 2003 a arrefecimento e administração de SF a 4ºC. CPC1 n=39/290 (13%)
RCE, em doentes em PC. janeiro de 2010) Grupo Antes de janeiro de 2008, a temperatura alvo, (32ºC- Grupo normotérmico: CPC2 n=1/290 (1%)
normotérmico: 34ºC), foi mantida 48h, seguida de reaquecimento de n= 47/290 (16%) CPC3 n=1/290 (1%)
Identificar o tipo de doentes que n= 290/400 (72%) 0.5ºC/12h. Após janeiro de 2008, a temperatura foi CPC4 n=8/290 (3%)
beneficiarão da HT. mantida por 24h, mantendo o mesmo reaquecimento. Grupo HT: CPC5 n=241/290 (82%)
Grupo HT: Antes de 2006, nos doentes com suspeita de Síndrome n= 53/110 (48%)
Grupo HT:
n= 110/400 (28%) Coronário Agudo, Angiografia Coronária de Urgência,
CPC1 n=42/110 (38%)
Intervenção Coronária Percutânea, ou ambas, eram p<0,001
CPC2 n=1/110 (1%)
realizadas. Após 2006, passaram a ser realizadas por
CPC3 n=0/110 (0%)
rotina em todos os doentes tratados com HT.
CPC4 n=8/110 (7%)
CPC5 n=59/110 (54%)

p< 0,001

E2 Examinar a viabilidade de Prospetivo n=36 A indução inicial da HT foi realizada com bólus de 2L de SF Grupo normotérmico: Grupo normotérmico:
estabelecer um algoritmo (maio 2005 a janeiro a 4ºC, via cateter periférico. Foi mantida utilizando n= 4/18 (22%) CPC 1 e 2 n=4/18 (22%)
integrado de ressuscitação pós 2008) Grupo mecanismos de arrefecimento de superfície, como CPC 3 n=0/18 (0%)
PC, combinando HT e otimização normotérmico: mantas e almofadas de arrefecimento, mantidos por 24h. Grupo HT: CPC 4 n=0/18 (0%)
hemodinâmica, nas primeiras 6 n=18/36 (50%) Sacos de gelo, colocados nas axilas e virilhas, foram n=9/18 (50%) CPC 5 n=14/18 (78%)
horas, desde a entrada no usados se existiu dificuldade em atingir a temperatura
Serviço de Urgência (SU). Grupo HT: alvo de 33ºC (32ºC-34ºC). p=0,16 Grupo HT:
n=18/36 (50%) O reaquecimento ativo foi conseguido aumentando a CPC 1 e 2 n=8/18 (44%)
temperatura 0,5ºC/2h, com o objectivo de reaquecimento CPC 3 n=0/18 (0%)
num mínimo de 8h. CPC 4 n=1/18 (6%)
O protocolo de atuação pós PC incluiu a realização de CPC 5 n=9/18 (50%)
otimização hemodinâmica.

EVIDÊNCIAS 28 nº2/2015
E3 Avaliar se a implementação de Retrospetivo n=491 A HT foi iniciada o mais rapidamente possível após Grupo normotérmico: Grupo normotérmico:
um protocolo de HT à chegada ao (1 de janeiro de Grupo chegada ao hospital. O arrefecimento foi realizado com n=73/287 (25%) CPC 1 e 2 n=31/287 (11%)
hospital beneficia a sobrevida e 2000 a 31 de normotérmico: gelo, mantas e almofadas de arrefecimento ou a [FV/TVsp n=36/93 (38,7%), [FV/TVsp n=14/93 (15%), p<0,01;
outcome neurológico em dezembro de 2004) n=287/491 (58%) combinação destes meios. p=0,04; Assistolia/AEsp Assistolia/ AEsp n=17/191 (8,9%), p=0,44]
doentes, inicialmente [FV/TVsp n=93/287 A temperatura alvo entre 32ºC e 34ºC foi mantida por n=37/191 (19,4%), p=0,65]
encontrados em FV, AEsp, ou (32%); assistolia/ 24h. Grupo HT:
assistolia, ressuscitados com AEsp As medidas de arrefecimento foram suspensas se a Grupo HT: CPC 1 e 2 n=42/204 (21%)
sucesso após PCFH. n=191/287 (66%)] temperatura baixasse dos 32ºC, se o doente deixasse o n=70/204 (34%) [FV/TVsp n=28/81 (34,6%),
serviço para realização de procedimentos ou recuperasse [FV/TVsp n=44/81 p<0,01;
Grupo HT: n=204/491
consciência. (54,3%), p=0,04; Assistolia/AEsp n=14/122 (11,5%), p=0,44]
(42%)
Após 24h de arrefecimento, o doente foi reaquecido Assistolia/AEsp n=26/122
[FV/TVsp n=82/204
passivamente. (21,3%), p=0,65]
(39%); assistolia/AEsp
Temperatura avaliada por sonda esofágica.
n=122/204 (60%)]

E4 Verificar se a indução da HT Retrospetivo n=75 Foi atingida a temperatura alvo da HT (33ºC), a uma taxa Grupo normotérmico: n= Grupo normotérmico:
melhora o outcome neurológico (janeiro 2005 a Grupo não superior a 2ºC/h e mantida durante 24h, utilizando 11/26 (42,3%) CPC 1 e 2 n=5/26 (19,2%),
e/ou a sobrevivência após PCFH dezembro 2006) normotérmico: métodos de arrefecimento externo ou endovascular (EV).
comparado com os cuidados n= 26/75 (35%) Fez-se reaquecimento a uma taxa não superior a 0,5ºC/h. Grupo HT: Grupo HT:
convencionais pós ressuscitação Avaliação da temperatura realizada através de cateter n= 33/49 (67,3%) CPC 1 e 2 n=15/49 (31%),
numa unidade de cuidados Grupo HT: Swan-Ganz. p<0,04 p<0,008
críticos. n=49/75 (65%)
Arrefecimento externo: Arrefecimento externo:
Averiguar qual o método de Arrefecimento
n=16/25 (64%) n=10/25 (40%)
arrefecimento que parece ser externo:
Arrefecimento EV: Arrefecimento EV:
mais eficaz na indução da HT n=25/49 (51%)
n=17/24 (70,8%) n=15/24 (62,5%)
após PCFH.
Arrefecimento EV:
n=24/49(49%) p=0,61 p=0,12

EVIDÊNCIAS 29 nº2/2015
E5 Avaliar o impacto da HT Prospetivo n= 82 Temperatura alvo de 33,3ºC. Grupo normotérmico: Grupo normotérmico:
moderada no outcome (fevereiro de Método de arrefecimento EV (SF ou Solução de n=7/37 (18,9%) CPC 1 n=7/37 (18,9%)
neurológico e sobrevivência 2005 a maio de Grupo Ringer a 4ºC, infundido através de cateter Swan- CPC 2 n=0/37 (0%)
de doentes em coma, após 2009) normotérmico: Ganz, 30ml/Kg, a 100 ml/min) em combinação com CPC 3 n=0/37 (0%)
PC com RCE. n=37/82 (45%) o arrefecimento externo, com sacos de gelo nas Grupo HT: CPC 4 n=0/37 (0%)
virilhas, peito, axilas, pescoço e cabeça ou apenas n= 23/45 (51,1%) CPC 5 n=30/37 (81,1%)
Grupo HT: externo (almofadas de arrefecimento) durante 24h.
n=45/82 (55%) Reaquecimento passivo. p=0,003 Grupo HT:
Monitorização da temperatura através do cateter CPC 1 n=21/45 (46,7%)
Swan-Ganz. CPC 2 n=3/45 (6,7%)
CPC 3 n=0/45 (0%)
CPC 4 n=1/45 (2,2%)
CPC 5 n=20/45 (44,4%)
p=0,006
E6 Examinar a viabilidade da Retrospetivo (fase n=55 As medidas de arrefecimento foram iniciadas com Grupo normotérmico: Grupo normotérmico:
implementação de uma pré- bundle: infusão de 2L (4ºC) de SF, juntamente com um n=8/26 (31%) CPC1 e 2 n=3/26 (12%)
bundle que inclua HT e agosto de 2007 a Grupo sistema de arrefecimento de superfície. CPC3 n=2/26 (7%)
otimização hemodinâmica agosto 2008) normotérmico: Monitorização contínua da temperatura retal. CPC4 n=3/26 (12%)
precoce, para doentes em n=26/55 (47%) Medidas de arrefecimento adicionais para atingir CPC5 n=18/26 (69%)
coma com RCE, após PCFH. Prospetivo (fase os objetivos terapêuticos de 32º a 34ºC, dentro de Grupo HT:
bundle: agosto Grupo HT: 4h, incluíram lavagem orogástrica e irrigação n=13/29 (45%) Grupo HT:
2008 a julho n=29/55 (53%) vesical com SF a 4ºC. A HT foi mantida por 24h. CPC1 e 2 n=9/29 (31%)
2009) O reaquecimento controlado foi iniciado depois das p=0,29 CPC3 n=2/29 (7%)
24h, para atingir temperaturas entre 36ºC a 38ºC, CPC4 n=2/29 (7%)
dentro de 8/12h. O sistema de arrefecimento de CPC5 n=16/29 (55%)
superfície foi aplicado num total de 48h e incluiu a
indução, a manutenção e a fase de reaquecimento p=0,08
da HT.

EVIDÊNCIAS 30 nº2/2015
A bundle incluiu a realização de otimização
hemodinâmica.
E7 Comparar taxas de Retrospetivo n= 49 A HT foi iniciada, ou no SU ou na Unidade de Grupo normotérmico: Grupo normotérmico:
recuperação cerebral e de (janeiro de 2001 a Cuidados Coronários, seguindo um protocolo. n=11/29 (38%) CPC1 e 2 n=7/29 (24%)
mortalidade, entre doentes janeiro de 2008) Grupo Podiam utilizar gelo, e/ou manta de arrefecimento
da Unidade de Cuidados normotérmico: e/ou SF a 4ºC, para atingir uma temperatura alvo Grupo HT: Grupo HT:
Coronários deste hospital, n=29/49 (59%) entre 32ºC e 34ºC. n=11/20 (55%) CPC1 e 2 n=11/20 (55%)
que realizaram HT, com um
grupo de controlo histórico. Grupo HT: p=0,26 p=0,03
n=20/49 (41%)

EVIDÊNCIAS 31 nº2/2015
Resultados e discussão arrefecimento externo, e o tempo para alcançar
a normotermia é também mais curto no
Na nossa revisão sistemática, o protocolo da HT reaquecimento EV, comparado com o
foi instituído com sucesso nos doentes vítimas reaquecimento passivo. Apesar destes
de PC, coincidindo com dados relatados na resultados, é necessário esperar por resultados
Austrália e na Europa, nos dois estudos de estudos com séries maiores para provar qual
randomizados e de referência nesta área, a forma de arrefecimento ideal, de modo a que
publicados por Bernard et al., (2002) e pelo seja possível a criação de um protocolo.
HACA (2002) respetivamente. Estes estudos, Para monitorização da temperatura foram
que foram incluídos nas guidelines do Conselho utilizados diferentes sensores, nomeadamente
Europeu de Ressuscitação, para a ressuscitação, sonda esofágica (Don et al., 2009), cateter de
demonstram um aumento da sobrevivência e Swan-Ganz (Ferreira et al., 2009; Petrovié, et
melhoria do outcome neurológico, em doentes al., 2011) e sonda retal (Walters et al., 2011). Os
com PCFH. Em Portugal existem poucos estudos restantes estudos não fazem referência ao
sobre HT, sugerindo uma fraca implementação método utilizado.
desta terapêutica. Quanto ao reaquecimento, Don et al. (2009) e
O processo de arrefecimento utilizado nos Petrovié, et al. (2011) utilizaram um método
estudos apresentados e analisados durou 24 passivo. MacLean et al. (2012) não referem o
horas, tal como referenciado nas método utilizado. Os restantes realizaram o
recomendações da ILCOR (Nolan et al., 2010), reaquecimento num período entre 8-12 horas.
exceto no estudo de MacLean et al. (2012), que Segundo a literatura, o reaquecimento deve ser
não faz referência à duração, e no estudo de lento, para que o processo destrutivo das
Kagawa et al. (2010), em que os doentes foram células não seja reiniciado (Polderman, 2009).
arrefecidos durante 48 horas, no período No estudo do HACA (2002), constituído por 273
anterior a janeiro de 2008. Não existem dados doentes randomizados, 75 de 136 doentes
baseados em estudos de séries maiores, que (55%), do grupo da HT tiveram alta com
revelem o período ótimo de manutenção da HT outcome neurológico favorável, comparado
– 12, 24 ou 48 horas – mas já é claro que o com 54 dos 137 doentes (39%) do grupo da
efeito da HT é mais benéfico se a temperatura normotermia ou grupo de controlo, p=0,009. A
alvo, entre os 32ºC e o 34ºC, for atingida o mais diferença é estatisticamente significativa.
rapidamente possível (Petrovié et al., 2011). Durante um período de 6 meses, a taxa de
Observou-se que em todos os estudos foi mortalidade foi de 41% no grupo hipotérmico,
utilizada a HT moderada, no intervalo de 32ºC a comparado com 55% no grupo normotérmico,
34ºC. Não existe referência nas recomendações p=0,02. No estudo de Bernard et al. (2002),
da ILCOR sobre um protocolo ou um método também foi obtida uma melhoria no outcome
exato para atingir a temperatura alvo (Nolan et neurológico no grupo da HT, onde 21 de 43
al., 2010). O estudo de Don et al. (2009) foi o doentes (49%) tiveram uma boa recuperação
único que utilizou somente métodos de comparado com o grupo de controlo, onde 9 de
arrefecimento externos, nomeadamente 34 doentes (26%) tiveram uma boa
através do uso de gelo, mantas e almofadas de recuperação, p=0,046.
arrefecimento. De acordo com Nolan et al. Nos estudos analisados, Kagawa et al. (2010)
(2003), esta técnica é conhecida por ser mais demonstraram uma melhoria no outcome
lenta a reduzir a temperatura central em neurológico favorável no grupo submetido à HT
relação ao arrefecimento interno. Os restantes em comparação com o grupo normotérmico
empregaram meios EV (SF ou Lactato de Ringer (39% vs 14%, p <0,001) e um aumento da
a 4ºC) e externos (os já referidos no estudo sobrevida (48% vs 16%, p <0,001). Também
anterior). Walters et al. (2011) utilizaram Petrovié et al. (2011) obtiveram resultados
medidas de arrefecimento interno através de semelhantes em termos de outcome
lavagem vesical e orogástrica com SF a 4ºC. neurológico favorável (46,7% vs 18,9%,
Como se pode observar no estudo de Ferreira et p=0,006) e sobrevivência (51,1% vs 18,9%,
al. (2009), o arrefecimento EV permite atingir a p=0,003). Decorrente dos resultados obtidos
temperatura alvo mais rapidamente do que o por Ferreira et al. (2009), observa-se que a HT

EVIDÊNCIAS 32 nº2/2015
melhora o outcome neurológico e a p=0,04. No que diz respeito aos ritmos não
sobrevivência em doentes comatosos, pós desfibriláveis, no grupo da HT, 26/112 (21%)
PCFH, quando comparado com os cuidados pós- sobreviveram, sendo que no grupo
reanimação convencionais: (31% vs 19,2%, p normotérmico sobreviveram 37/191 (19%),
<0,008) e (67,3% vs 42,3%, p <0,04), p=0,65. Em relação ao outcome neurológico, no
respetivamente. No estudo de MacLean et al. grupo da HT, 28/81 (35%) dos doentes com
(2012), evidencia-se que a HT melhora o ritmo inicial desfibrilhável tiveram um outcome
outcome neurológico em sobreviventes de PC neurológico favorável, enquanto no grupo
(55% vs 24%, p=0,03). No entanto, apesar da normotérmico neste tipo de ritmo 14/93 (15%),
sobrevivência ser maior em doentes p <0,01, tiveram o mesmo tipo de resultado. Em
submetidos a HT, esta não foi estatisticamente relação aos ritmos não desfibrilháveis, no grupo
significativa (55% vs 38%, p=0,26). Walters et al. HT, 14/122 (12%) tiveram outcome neurológico
(2011) obtiveram bons resultados no outcome favorável, enquanto no grupo normotermico
neurológico favorável no grupo da HT 17/191 (9%) apresentaram o mesmo tipo de
comparando com o grupo normotérmico (31% resultado, p=0,44. A implementação de um
vs 12%, p=0,08). Contudo, relativamente à protocolo de HT melhorou a sobrevida e os
sobrevivência os resultados não são resultados neurológicos em doentes com
estatisticamente significativos (45% vs 31%, FV/TVsp fora do hospital, mas não teve nenhum
p=0,29).Quanto ao estudo de Gaieski et al. benefício em doentes cujo ritmo inicial era
(2009), no que se refere à sobrevivência, assistolia ou AEsp. Este facto poderá estar
verificou-se vantagem na utilização da HT, relacionado com o aumento do tempo da
apesar de apresentar significância estatística restauração da circulação de uma PC em
reduzida (50% vs 22%, p=0,16). No que diz AEsp/assistolia quando comparado a uma
respeito aos resultados de outcome neurológico rápida ressuscitação nos doentes em FV/TVsp.
favorável, obteve-se 44% vs 22%, não referindo Antes da RCE há perfusão e oxigenação cerebral
nível de significância. limitada e depois de um certo ponto, a
A HT mostrou ter benefícios clínicos na PC por aplicação de HT pode já não ser benéfica. A
FV/TVsp nos dois estudos randomizados falta de eficácia da HT nos ritmos não
inicialmente nomeados e tem sido desfibrilháveis, devido a um atraso na RCE, é
recomendada desde 2003 nestes doentes. Em suportada pelo trabalho de Oddo, et al. (2006).
recentes estudos experimentais, a HT em Embora os dados obtidos mostrem que a HT
doentes com FV/TVsp tem também sido não melhora a sobrevivência ou o outcome
associada a um melhor prognóstico. Tal como neurológico em doentes com ritmos não
comprovou o estudo de Oddo et al. (2006), os desfibrilháveis, mais estudos prospetivos,
melhores resultados do arrefecimento são controlados, são necessários para resolver esta
atingidos quando o ritmo inicial é a FV. O questão definitivamente.
estudo incluiu 109 doentes comatosos após PC A maioria dos estudos analisados não refere se
com ritmo inicial de FV. Um outcome houve ocorrência de complicações decorrentes
neurológico favorável foi obtido em 56% dos da utilização da HT. Apenas Petrovié et al.
doentes que foram arrefecidos, comparando (2011) referem não ter existido qualquer
com 26% dos doentes normotérmicos. A complicação associada a este processo.
diferença é significativa (p=0,004). A diferença Deste modo, a HT deve ser considerada um
não foi significativa quando o ritmo inicial foi tratamento altamente promissor na abordagem
AEsp ou assistolia (Oddo et al., 2006). a doentes pós PC. Estes estudos sugerem que a
Relativamente a ritmos desfibrilháveis ou não HT apresenta benefícios para o doente, com
desfibrilháveis, apenas no estudo de Don et al. ganhos em saúde a vários níveis, bem como
(2009) comparam resultados em doentes para a própria instituição, evitando despesas
normotérmicos e submetidos a HT, consoante o decorrentes das sequelas neurológicas.
ritmo inicial de paragem. Neste estudo, no
grupo da HT, 44/81 (54%) doentes com ritmos Conclusão
desfibrilháveis sobreviveram, em comparação
com 36/93 (39%) no grupo normotérmico,

EVIDÊNCIAS 33 nº2/2015
Nos estudos analisados, a HT moderada us/samplechapters/9780443101946/97804431
aumentou a sobrevida e melhorou o outcome 01946.pdf
neurológico de forma geral, nos doentes
comatosos, pós PCFH, com RCE. No entanto, os Cruz, A., Nunes, H. (2012). Prevalência e
doentes com ritmos não desfibrilháveis nos factores de risco de dores nas costas em
grupos sujeitos à HT tiveram resultados adolescentes: uma revisão sistemática da
semelhantes aos doentes sujeitos aos cuidados literatura. Revista Referência. Série 3 (6), p131-
convencionais. Mais estudos são necessários 146.
para melhor definir o protocolo ideal de
hipotermia e o seu papel em doentes cujo ritmo Don, W. et al. (2009). Active surface cooling
inicial não é a FV/TVsp. Em Portugal existem protocol to induce mild therapeutic
poucos estudos sobre esta temática, o que hypothermia after out-of-hospital cardiac
poderá sugerir uma aplicação reduzida deste arrest: A retrospective before-and-after
tratamento. comparison in a single hospital. Crit Care Med,
Apesar destes resultados serem interessantes é 37 (12), 3062-3069. Retirado de
importante salientar várias limitações http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC
decorrentes desta análise, como o facto de 3128345/pdf/nihms301369.pdf>
alguns estudos serem retrospetivos e não
randomizados. Também o número limitado de Ferreira, I.A. et al. (2009). Therapeutic mild
doentes e de tempo de seguimento, a presença hypothermia improves outcome after out-of-
de diversos tipos de ritmos de PC que têm hospital cardiac arrest. Netherlands Heart
intrinsecamente resultados diferentes quanto à Journal, 17 (10), 378-384. retirado de
sobrevivência e outcome neurológico, tornam http://europepmc.org/articles/PMC2773029?p
estes achados apenas descritivos. Os resultados df=render>
enfatizam a necessidade de novas investigações
clínicas testando novos e diferentes esquemas Fredriksson, M.; Herlitz, J.; Nichol, G. (2003).
de hipotermia nestes doentes, com o objetivo Variation in outcome in studies of out-of-
de reforçar a sua potencial eficácia, tanto na hospital cardiac arrest: a review of studies
sobrevivência como no outcome neurológico. conforming to the Utstein guidelines. The
American Journal of Emergency Medicine, 21 (4)
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EVIDÊNCIAS 35 nº2/2015
A ENFERMAGEM E A HUMANIZAÇÃO DE UM OLHAR VOLTADO À
SAÚDE DA CRIANÇA

Humanization of Nursing to look for child health

Jane Kelly Oliveira Friestino*, Natalia Valéria Alves do Amaral**, Aparecida Sílvia Mellin***
*
Enfermeira, Mestre e Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva na Universidade Estadual de
Campinas – SP, Brasil
**
Enfermeira da UTI Cardíaca da Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba – SP, Brasil.
***
Enfermeira. Doutora. Professora da Faculdade de Enfermagem da PUC-Campinas – SP, Brasil.

Resumo
Objetivo: O objetivo deste estudo foi incluir na pauta da Atenção Básica a aplicação do teste de
acuidade visual, em crianças entre seis e onze anos matriculadas no ensino fundamental em duas
escolas localizadas no território de um Centro de Saúde da região Noroeste de Campinas-SP/Brasil;
identificar distúrbios oftalmológicos e encaminhar para especialistas, quando necessário. Metodologia:
Relato de experiência do Estágio Curricular Supervisionado em Saúde Coletiva. Os alunos com acuidade
visual menor ou igual a 0,8 ou, que apresentaram algum sinal e sintoma de problema visual foram,
encaminhados para especialistas. Resultados: Na população, composta por 268 alunos, observou-se
dificuldade visual em 33 (12,3%) sendo 18 (55%) encaminhados, após preenchimento do roteiro de
anamnese. Conclusão: Além do diagnóstico precoce, verifica-se a importância das ações de saúde na
prevenção de problemas visuais interferentes no processo de aprendizagem. O trabalho também
apresentou relevância para a formação acadêmica de novos enfermeiros, suscitando na equipe da
escola e do serviço de saúde estímulo para a realização da atividade até então pouco explorada em suas
práticas diárias.
Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem; Atenção Primária à Saúde; Saúde da Criança; Saúde Ocular.

Abstract
Objective: This study has the objective of including in the agenda of Primary Care the appliance of the
visual acuity test in children between six and eleven years enrolled in primary education in two schools
located in the territory of a Health Center in the Northwest region of Campinas-SP/Brazil; identifying
ophthalmologic disorders and referring it to specialists when needed. Methodology: Experience report
of a Supervised Community Health Internship with Nursing students of the 8th graduation period.
Students with visual acuity less than or equal to 0.8 or presenting any signs and symptoms of visual
impairment were referred to specialists. Results: In the population of 268 students, was observed
visually impairment in 33 (12.3%) individuals of which 18 (55%) submitted to a specialist, after
completion of a medical detailed form. Conclusion: In addition to an early diagnosis, there is the
importance of health actions to prevent learning disabilities due to visual impairment. The study also
had relevance to academic training of new nurses, raising the school staff and health service stimulus for
carrying out the activity little explored in their daily practices.
Keywords: Nursing Care; Primary Health Care; Child Health; Eye Health.

Introdução diretrizes que apontam para a gratuidade,


universalidade, equidade e integralidade da
O Sistema de saúde vigente no Brasil desde atenção, o que é reiterado pela Estratégia de
1988 - Sistema Único de Saúde-SUS (Lei nº Saúde da Família (1994) (Ministério da Saúde,
8.080, de 19 de Setembro de 1990), tem 2002) que coloca que as equipes de Atenção

EVIDÊNCIAS 36 nº2/2015
Básica devem vincular-se e comprometer-se exames oftalmológicos (Couto, Jardim, Oliveira,
com as pessoas que vivem no território adstrito Gobetti, Portes, & Neurauter, 2010; 2007).
aos serviços de saúde, seguindo a diretriz de Os distúrbios oftalmológicos causam limitações
regionalização. O Sistema é composto pela em crianças em idade escolar, tendo em vista o
atenção básica, ou atenção primária, serviços processo de ensino-aprendizagem, relação
de média e alta complexidade e considera social e interação intelectual. As causas mais
ainda, o trabalho intersetorial na área da comuns de acuidade visual diminuída em
saúde. escolares são os erros de refração
O atendimento realizado nestes três níveis de (hipermetropia, astigmatismo e miopia) e
atenção passou, no ano 2000, a ser orientado estrabismo. O rastreamento, com uso de escala
pela Política Nacional de Humanização do SUS de avaliação, assim como questionários
– HumanizaSus que é focada nos agentes das dirigidos pode ser realizado por pessoal
práticas em saúde, nos profissionais de saúde, capacitado que, após avaliação, utilizando o
e no processo de trabalho, valorizando a sistema de referência das Unidades Básicas de
responsabilidade do indivíduo junto ao Saúde, ou Centros de Saúde para realizar o
coletivo. Além disso, são fortalecidos o encaminhamento ao especialista (média
compromisso do trabalho em equipe utilizando complexidade) para eventual tratamento
como ferramenta a informação, a comunicação (Couto, Jardim, Oliveira, Gobetti, Portes, &
e a educação continuada, de modo a atender a Neurauter, 2010, Pinto, Pessoa, Coelho &
Constituição Federal de 1988 em suas Rodrigues,2007).
disposições sobre o direito à saúde (Rois, Para orientar a saúde ocular infantil foi lançado
2009). em 2007 o projeto federal “Olhar Brasil”,
A humanização garante qualificação na redigido pelos Ministérios da Educação e Saúde.
resolução de problemas dos usuários, de forma Neste projeto estão as diretrizes para identificar
a ouvi-los e acolhê-los, além de promover problemas de visão prevenindo a evasão escolar
orientações para melhorias na qualidade da e dificuldades de aprendizados. A proposta
assistência prestada (Solla 2005, Meneses, contempla a avaliação inicial que busca
2015). identificar, na população, a existência de
As políticas de Estado voltadas à Saúde da distúrbios de refração realizada por meio de um
Criança e as ações programadas preveem a teste simples utilizando a escala de sinais de
atenção integral que inicia com a atenção pré- Snellen (Ministério da saúde, 2008).
natal e garante o acompanhamento até a fase Desde que treinados, a avaliação pode ser
adulta. Em todo esse processo, todos os realizada por qualquer profissional que atue na
atendimentos realizados pelo SUS devem Atenção Básica, favorecendo a inclusão da
basear-se na humanização e incluir a saúde aplicação do teste de acuidade visual em
ocular de escolares como elemento escolares menores de 11 anos de idade nos
fundamental a ser considerado no processo de cuidados primários à saúde (Ministério da
aprendizagem. saúde, 2008, Freiberger, Donati, Baiotto &
A visão é o sentido responsável pela aquisição Rosani 2013). Além disso, os enfermeiros e a
de cerca de 80% do conhecimento humano e as equipe de enfermagem que atuam na Atenção
alterações oftalmológicas nas crianças em idade Primária à Saúde devem contribuir
pré-escolar (02 a 05 anos) e escolar (06 a 11 positivamente com a identificação de
anos) podem levar à incapacidade visual. O que problemas visuais (Lopes, Alves, Marques, Lino
deve ser enfocado pelas ações de promoção e & Morais2003), para a manutenção de uma boa
prevenção inerentes à Atenção Básica (Couto, acuidade visual e desenvolvimento da visão
Jardim, Oliveira, Gobetti, Portes, & Neurauter, binocular, essenciais para bom
2010, 2007). desenvolvimento psicossensorial da criança
Um estudo brasileiro apontou prevalência de (Ministério da Educação, 2004).
20% de transtornos de visão em crianças em O objetivo deste estudo foi incluir na pauta da
idade escolar (Albuquerque & Alves 2003) Atenção Básica a aplicação do teste de acuidade
também, indicou que a maioria das crianças visual, em crianças entre seis e onze anos
brasileiras em idade escolar nunca passou por matriculadas no ensino fundamental em duas

EVIDÊNCIAS 37 nº2/2015
escolas localizadas no território de um Centro para que a luz incidisse atrás ou dos lados da
de Saúde da região Noroeste de Campinas- criança e a Escala de Sinais de Snellen foi
SP/Brasil; identificar distúrbios oftalmológicos e colocada em uma parede a distância de cinco
encaminhar para especialistas, quando metros da pessoa a ser examinada (Ministério
necessário. da Saúde, 2008).
Os examinadores (acadêmicos de enfermagem
Métodos e as professoras responsáveis) fizeram marca no
piso com giz ou fita adesiva, e a cadeira dos
Trata-se de um relato de experiência vivenciado examinados (crianças) antes da linha
durante a realização do Estágio curricular em demarcada e em casos de cadeirantes, o teste
Saúde Coletiva do curso de Enfermagem, que foi realizado na própria cadeira. Durante a
ocorreu em um Centro de Saúde - CS da região realização dos exames, atentou-se para que as
Noroeste do município de Campinas – São linhas de optotipos correspondentes a 0,8 a 1,0
Paulo, Brasil. estivessem situadas ao nível dos olhos do
Para a identificação precoce dos distúrbios examinado; nos casos em que o examinado
oftalmológicos, a intervenção foi realizada em apresentou dificuldades de diferenciar
duas escolas pertencentes à área de optotipos, foi utilizado papel de cor única para
abrangência do CS e que solicitaram esse tipo cobrir os optotipos vizinhos (Ministério da
de ação. O trabalho foi realizado entre Saúde, 2008).
setembro e novembro de 2013 e a equipe de Adotou-se a sistemática de identificação de
atuação foi constituída por 10 acadêmicos e anormalidades prevista no projeto “Olhar
duas professoras responsáveis. Brasil”, que considera como ambliopia a
A partir das demandas das escolas, e da acuidade visual corrigida de 0,8 ou menos no
solicitação da Coordenação do CS, houve pior olho e anisometropia como sendo a
parceria com as escolas de ensino fundamental diferença de 2,00 dioptrias esféricas ou o
com alunos na faixa etária entre seis e onze equivalente esférico entre os dois olhos (Couto,
anos de idade. Realizaram-se reuniões de Jardim, Oliveira, Gobetti, Portes, &
apresentação do projeto junto aos membros Neurauter,2007, Chang, 1997). As crianças com
das diretorias e supervisão dessas escolas que acuidade menor ou igual a 0,8 ou com
se responsabilizaram por providenciar a estrabismo; história de glaucoma na família ou
autorização dos pais para a participação dos sintomas oculares como: prurido,
filhos, bem como possibilitar meios de contato lacrimejamento ocasional e cefaleia foram
com os pais, após a realização dos exames. A encaminhadas para exame completo pelos
população do estudo foi composta por todos os oftalmologistas da rede municipal de
alunos presentes nos dias da avaliação e que saúde(Chang, 1997, Toledo, Paiva, Camilo,
entregaram a autorização assinada pelos pais Maior, Leite & Guerra, 2010).
ou responsáveis. Como devolutiva aos familiares, entregou-se um
Os recursos materiais necessários para a comunicado de que a criança foi submetida ao
realização das atividades foram: Questionário exame e, quando houve a necessidade do
específico do sistema municipal aplicado para encaminhamento ao oftalmologista, fez-se a
pais das crianças com problemas identificados, convocação para a entrevista com a equipe para
Escala de Sinais de Snellen com optotipos realização da anamnese completa. Além disso,
infantis; objeto para apontar os optotipos (lápis, foram realizadas estatísticas descritivas dos
régua, dentre outros); giz; cadeira; fita métrica; atendimentos prestados.
impresso para anotações dos resultados
(Ministério da Saúde, 2008). Resultados
O local para a realização do exame seguiu um
detalhamento que considerou a adequação do Nas duas escolas foram avaliados 268 alunos, o
ambiente em relação a fatores estressores, que corresponde a 20% da população menor de
mantendo boa iluminação e preparo do 11 anos de idade que reside na área de
ambiente para que não houvesse a abrangência do Centro de Saúde (IBGE, 2010).
possibilidade de ofuscar a visão. Houve cuidado Destes, 33 (12,3%) (Figura 1) necessitaram

EVIDÊNCIAS 38 nº2/2015
encaminhamento, sendo que a maioria ocorreu reiteraram o convite para que estes
na faixa etária menor do que 07 anos de idade e comparecessem ao Centro de Saúde e de todas
em crianças que referiram não ter realizado o as crianças encaminhadas 95% (31 crianças)
teste anteriormente. nunca tinham realizado consulta com
Dentre as 33 crianças, somente 18 (55%) pais oftalmologista.
e/ou responsáveis compareceram para a Os resultados foram apresentados para as
realização da segunda consulta e escolas, coordenação do serviço de saúde e
preenchimento do roteiro de anamnese, equipes de Saúde da Família. Durante a
possibilitando o encaminhamento ao apresentação, houve sensibilização dos
especialista. A falta dos pais na entrevista profissionais, que apontaram a necessidade de
impediu o encaminhamento. As escolas acompanhamento dessa população.

12%

Com Problemas
oculares
Sem Problemas
oculares

88%

Figura 1. Prevalência transtorno de visão em crianças em idade escolar em 02 escolas da rede


pública de Campinas – SP

A retomada do Projeto “Olhar Brasil” junto ao uso do critério de encaminhar aquelas com
Estágio Curricular Supervisionado em Saúde acuidade menor ou igual a 0,8 ou, com
Coletiva beneficiou a comunidade de atuação, estrabismo, alguma história familiar de
essa medida apresentou como resultado glaucoma ou sintomas como prurido,
positivo a identificação de crianças em idade lacrimejamento e cefaleia constante.
pré-escolar e escolar e seus respectivos Detectar precocemente os problemas visuais é
encaminhamentos ao profissional especialista. de suma importância para a Atenção Básica
A experiência possibilitou que acadêmicos de porque a maior parte do relacionamento da
enfermagem vivenciassem, na práxis, ações de pessoa com o mundo externo dá-se pela visão,
saúde coletiva de forma multisetorial, nas crianças é sabido que tais situações
colocando-os em contato com escolas da área representam prejuízos à aprendizagem e
de abrangência do Centro de Saúde, convivência (Toledo, Paiva, Camilo, Maior, Leite
expandindo os conhecimentos e ampliando o & Guerra, 2010).
cuidado de enfermagem à comunidade. O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) do ano 2000 considerou que
Discussão 16,5 milhões de habitantes tinham deficiência
Separados por série, verifica–se que 12,3% dos visual no Brasil, cerca de 10% da população, e
alunos, necessitaram de encaminhamento, com

EVIDÊNCIAS 39 nº2/2015
que as crianças representavam 20 a 30% dos Atenção Básica possibilitou que esses indivíduos
casos (IBGE, 2000) fossem identificados precocemente, ainda em
A escola tem papel de relevância na detecção idade pré-escolar e escolar, e encaminhados ao
destes e a aplicação do teste de acuidade visual especialista oftalmologista para que fosse
nesta fase de vida permite cobrir a lacuna tomada a melhor conduta.
existente entre o nascimento e o ingresso na A triagem ocular e acompanhamento das
escola (Meneses, 2015). Observa-se que ações crianças em idade pré-escolar e escolar são
de detecção precoce da baixa acuidade fundamentais para a saúde. As pesquisas de
previnem problemas posteriores o que se saúde ocular apontam que aproximadamente
comprova em ações realizadas em outros 15% das crianças da primeira série possuem
países, reduzindo danos e custos (Granzoto, alguma alteração visual, e, no entanto, 20%
Ostermann, Brum, Pereira & Granzoto, 2003). dessas mesmas crianças são acompanhadas
A promoção de saúde visual em escolares visa pelos médicos. Portanto, todas as crianças
primeiramente a impedir que problemas visuais deveriam ser examinadas por um oftalmologista
interfiram na aprendizagem, impossibilitando o antes de iniciarem a vida escolar, e serem
desenvolvimento das atividades sociais e acompanhadas no decorrer dos anos (Oliveira,
intelectuais. Quanto mais cedo se busca Fernandes, Costa, Lima , Couto, Portes 2010).
investigar esses problemas, melhores serão os Uma limitação do estudo foi o número reduzido
prognósticos. de crianças que participaram da intervenção,
Considera-se que o crescimento e o visto que somente teve a cobertura de 20% de
desenvolvimento ocular nessa faixa etária são crianças. Recomenda-se para estudos futuros a
rápidos. Com isso a criança tem maior reprodução desta intervenção, com um maior
vulnerabilidade de desenvolver distúrbios número de participantes.
visuais, sendo que estes representam inibição Portanto, as triagens realizadas pelas
importante no desenvolvimento infantil, que faculdades, associações filantrópicas, governo,
tende a se refletir na vida adulta. Ou seja, sociedade de classe, alunos, trabalhos
quanto mais tarde se identifica as afecções voluntários de profissionais da saúde, dentre
visuais na infância, maiores as chances das outros, seriam uma forma de preencher as
sequelas se tornarem mais graves, e dessa lacunas dos serviços públicos (Ministério da
forma, a prevenção e recuperação precoce dos saúde, 2008).
problemas visuais nessa faixa etária, tornam se
um grande instrumento na área de saúde Conclusões
pública (Albuquerque & Alves 2003).
Uma forma eficaz na prevenção das afecções A acuidade visual reduzida interfere de modo
visuais está voltada para as observações dos significativo no processo de aprendizagem e no
professores de ensino fundamental quanto aos desenvolvimento psicossocial da criança. Estas
sinais apresentados por seus alunos na sala de sequelas podem ser minimizadas ou reduzidas
aula e que estejam relacionadas à visão. Estas quando detectadas precocemente. Estabelecer
observações juntamente com o teste de a prevalência da acuidade visual reduzida
acuidade visual, são formas valiosas para possibilita a elaboração de estratégias e
detectar os problemas visuais na infância programas de prevenção relacionados a
(Lopes, Alves, Marques, Lino & Morais, 2003). dificuldades de aprendizagem e inclusão social.
O presente estudo evidenciou que é possível Os resultados identificados possibilitam
incluir a saúde ocular na criança de forma conhecer a realidade da acuidade visual em
humanizada no âmbito da Atenção Básica, e escolares do município de Campinas e, por meio
para além, apontou a prevalência de problemas da parceria estabelecida com o Centro de Saúde
oculares na infância em crianças que ainda não da Região Noroeste, foi possível o
tiveram a oportunidade de ir ao oftalmologista. encaminhamento ao oftalmologista como
Embora a prevalência encontrada (12,3%) tenha medida de redução do problema visual,
sido menor do que outros estudos (cerca de acentuando assim o valor da detecção precoce
20%), isso pode ser justificado pelo número de de distúrbios visuais em escolares.
escolares investigados, e a inclusão do tema na

EVIDÊNCIAS 40 nº2/2015
Além do diagnóstico precoce, verifica-se a Albuquerque, R.C. & Alves J.G.B. (2003).
importância das ações de saúde na prevenção Afecções oculares prevalentes em crianças de
de problemas visuais interferentes no processo baixa renda atendidas em um serviço
de aprendizagem. O trabalho também oftalmológico na cidade do Recife - PE, Brasil.
apresentou relevância para a formação Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 66, 831-
acadêmica de novos enfermeiros suscitando na 834.
equipe da escola e do Serviço estímulo para a
realização da atividade até então pouco Pinto, S., Pessoa. B. Coelho ,P. & Rodrigues F.
explorada em suas práticas diárias. (2007). Estudo piloto para validação de um
protocolo de rastreio oftalmológico infantil em
Referências Bibliográficas cuidados de saúde primários . Acta Pediatr
Portuguesa, 38 (3), p. 93-98.
Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990.
Dispõe sobre as condições para a promoção, Ministério da Saúde. (2008). Projeto Olhar
proteção e recuperação da saúde, a organização Brasil: triagem de acuidade visual manual de
e o funcionamento dos serviços orientação. Brasília: Ministério da Saúde.
correspondentes e dá outras providências.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Freiberger, C., Donati I.L., Baiotto, D. & Rosani
Brasília, DF. 19 set. 1990. Retirado de C. (2013). Prevalência da acuidade visual
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l808 reduzida em crianças matriculadas na rede de
0.htm>. ensino público de cruz alta.

Ministério da Saúde. Programa Saúde da Família Lopes, C., Alves, M., Marques, E.S., Lino, A. &
(2002). Revista de Saúde Pública. São Paulo, 34, Morais, N. (2003). O trabalho da enfermagem
316-319. na detecção de problemas visuais em
crianças/adolescentes. Revista Eletrônica de
Rios IC. (2009).Humanização: a essência da ação Enfermagem. 5 (2), 55-59.
técnica e ética nas práticas de saúde. Revista Ministério da Educação (2004). Saberes e
Brasileira de Educação Médica, 33, 253-261. práticas da inclusão: dificuldades de
comunicação e sinalização. Brasília: MEC/SEESP.
Solla, P. (2005). Acolhimento no sistema
municipal de saúde. Revista Brasileira de Saúde Chang, D. (1997). Exame oftalmológico. 4ª ed.
Materno Infantil, 5 493-503. São Paulo: Atheneu.

Meneses, B. (2015). Humanização entre o agir e Toledo, C.C., Paiva, G., Camilo, G.B., Maior, S.,
a vontade: um modelo nos cuidados de saúde. Leite, G. & Guerra, M.R. (2010) Detecção
Evidências, 1, 44-48. precoce de deficiência visual e sua relação com
o rendimento escolar. Revista da Associação
Couto, J. , Jardim J.L., Oliveira, D., Gobetti, T.C., Médica Brasileira, 56, 415-419.
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Couto, J. , Jardim J.L., Oliveira, D., Gobetti, T.C., paulo|campinas.
Portes, F. & Neurauter, R. (2007). Prevalência
das ametropias e oftalmopatias em crianças IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e
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EVIDÊNCIAS 41 nº2/2015
Oliveira, A.M., Fernandes, B.M., Costa, L., Lima,
Granzoto, J.A., Ostermann, E., Brum L.F., A., Couto, J. (2010). Portes A. Detecção de
Pereira, P.G. & Granzoto T. (2003) Avaliação da ambliopia, ametropias e fatores ambliogênicos
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Oftalmologia, 66, 167-171. Revista Brasileira de Oftalmologia, 69, 110-113.

EVIDÊNCIAS 42 nº2/2015
EVIDÊNCIAS 43 nº2/2015
SURTO DE CLOSTRIDIUM DIFFICILE NO HOSPITAL SOUSA MARTINS –
ULS GUARDA

Gina Monteiro*; Leonor Silva; Ana Simões; Alcina Tavares


*
Enfermeira do GCLPPCIRA
Introdução: Clostridium difficile (CD) é considerado um agente de infeção nosocomial capaz de provocar
pequenos surtos em ambientes hospitalares ou noutras instituições de cuidados de saúde. A taxa de
infeção por CD tem aumentado significativamente nos últimos anos; a taxa de colonização, em
hospedeiros adultos assintomáticos é inferior a 10%, no entanto, após um internamento hospitalar, esta
taxa de colonização pode chegar aos 50%. A recidiva por CD ocorre em 8 a 50% dos casos, causada pelo
microrganismo original ou como re-infeção. Muitos surtos diarreicos têm sido atribuídos a uma estirpe
hipervirulenta, ribotipo 027, por vezes associada a doença mais grave e a pior prognóstico. No Hospital
Sousa Martins – ULS Guarda, teve início a 6 de Abril de 2015 um surto por CD, contabilizando 29 casos,
maioritariamente pelo ribotipo 027.

Objetivos: Caraterizar epidemiologicamente o surto por Clostridium difficile no Hospital Sousa Martins –
ULS Guarda e avaliar a eficácia dos procedimentos instituídos.

Metodologia: Com vista ao controlo e erradicação do surto por CD, o GCLPPCIRA adotou uma
metodologia interventiva e participativa, através da instituição de medidas internas, nomeadamente a
elaboração de um procedimento transversal aos serviços com casos identificados, com o objetivo de
chegar precocemente ao diagnóstico e instituir a terapêutica antimicrobiana adequada, impedindo a
disseminação da infeção. Este procedimento teve por base uma articulação multidisciplinar,
destacando-se a autonomia atribuída às equipas de enfermagem na avaliação do doente, colheita das
amostras e envio ao laboratório, reorganização das equipas e formação contínua ao longo do surto. Foi
elaborado um documento com orientações sobre a infeção por CD para o doente e família na alta e
documentos informativos para Cuidados de Saúde Primários, Unidades de Cuidados Continuados e
Lares. Foi ainda elaborada uma Norma institucional - “Prevenção da transmissão da infeção por
Clostridium difficile” de forma a uniformizar procedimentos de limpeza e desinfeção, identificação,
isolamento e acompanhamento de novos casos de CD.

Resultados e Conclusões: O surto teve a duração de cerca de 2 meses com resolução a 2 Junho de 2015.
Totalizou 29 casos, dos quais houve 6 registos de recidiva. No que respeita à distribuição por serviços,
foram identificados casos nos serviços de Medicina, Cirurgia, UCIP e SO - Urgência. Os doentes infetados
apresentavam idades compreendidas entre 49 e 94 anos, sendo que, 52% dos casos ocorreram na faixa
etária compreendida entre os 80 e 89 anos. Relativamente à proveniência, 20 doentes com infeção por
CD eram provenientes de lares e 9 do domicílio. Registou-se uma média de internamento de 42 dias. A
rápida identificação dos doentes com sintomatologia compatível com infeção por CD, foi essencial para
uma precoce instituição de medidas de isolamento e de terapêutica antimicrobiana adequada,
atenuando assim a transmissão horizontal e contaminação ambiental. Acreditamos que a abordagem e
o envolvimento institucional, contribuíram para o êxito no controlo do surto, e que todas as medidas
tomadas, nomeadamente a adoção de boas práticas de higiene, revelaram-se fulcrais na prevenção e
diminuição da transmissão da infeção por Clostridium difficile no Hospital Sousa Martins – ULS Guarda.

Referências Bibliográficas:
Norma da DGS Nº 19/2014 (2015). Diagnóstico da Infeção por Clostridium difficile nos Hospitais, Unidades de
Internamento de Cuidados Continuados Integrados e na Comunidade. Lisboa
Direcção Geral da Saúde (s.d). Microsite do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos
Antimicrobianos Direção Geral da Saúde.
César, A. (2010). Clostridium difficile: prevenção e controlo. Revista Arquivos de Medicina.

EVIDÊNCIAS 44 nº2/2015
PREVALÊNCIA E TIPO DE INFEÇÕES EM UM ANO DA UCC DE AVANCA

Nuno Rafael Neves de Oliveira*


*
Centro Paroquial e Social Santa Marinha de Avanca - nuno_avanca14@hotmail.com
Introdução: Devido ao envelhecimento da população, o número de pessoas idosas com necessidades de
tratamento em Unidades de Cuidados Continuados tem vindo a aumentar. Estes indivíduos são mais
vulneráveis a infeções pelas caraterísticas próprias da idade. Nesse contexto, as boas práticas de
prevenção e controlo de infeção assim como o uso apropriado de antimicrobianos nestas instituições
torna-se um desafio importante.
Objetivo: Dar a conhecer a prevalência de infeção e o uso de antimicrobianos ao longo de um ano de
funcionamento da Unidade de Cuidados Continuados Integrados Dr. Egas Moniz de Avanca.
Metodologia: Estudo exploratório, descritivo e quantitativo. A recolha de dados foi efetuada desde o dia
1 de Outubro de 2014 até 30 de Setembro de 2015. A colheita que temos vindo a fazer é de cariz
quantitativo. Os dados foram analisados com recurso a estatística descritiva.
Desenvolvimento: A institucionalização dos utentes em ambientes fechados, proporciona uma maior
probabilidade de transmissão cruzada de microrganismos patogénicos e oportunistas.
A prestação de cuidados nas Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) tem algumas
especificidades, por exemplo as manifestações clínicas de infeção podem ser mínimas e os sintomas
crónicos interferirem com a sua avaliação e valorização; normalmente existem restrições significativas
no recurso a exames laboratoriais, nomeadamente microbiológicos e mesmo havendo, os resultados
podem ser de difícil interpretação ou não permitirem distinguir a infeção da colonização; as UCCI
recebem muitos utentes oriundos do hospital, em situações clínicas cada vez mais complexas, na
maioria das vezes já colonizados ou infetados com estirpes multirresistentes, constituindo risco
acrescido de infeção cruzada. A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) defende e
exige das UCCI elevados níveis de humanização dos cuidados, fundamental para o processo de
reabilitação física e emocional a que se destinam, que em muito distanciam as UCCI do ambiente
asséptico e impessoal dos Hospitais e que podem contribuir de forma adversa no controlo da infeção
cruzada. Como exemplo disso temos a personalização do ambiente como retratos de família ou até
flores, roupa pessoal, atividades realizadas em grupo, alimentação no refeitório e o incentivo e
envolvimento da família com visitas pouco restritiva.
Discussão: Durante este ano de funcionamento da Unidade Dr. Egas Moniz de Avanca, têm sido
registados todos os casos que tivemos de infeção a cumprir antibioterapia durante o internamento. Foi
possível verificar que das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde cerca de 55% dos episódios de
infeção ativa foram infeções do trato urinário, sendo este o tipo de infeção mais prevalente, seguindo-se
as infeções nas vias respiratórias. Não se observou diferença significativa entre a origem hospitalar ou
do domicílio do utente prévia ao internamento nesta unidade de saúde. Dos 74 utentes que foram alvo
de cuidados de saúde nesta unidade da RNCCI, num total de 8179 dias de internamento (soma final de 1
ano de funcionamento), ocorreram 105 infeções ativas, com necessidade de cumprir 810 dias de
antibioterapia.
Conclusão: Os utentes internados na RNCCI apresentam muitas vezes fragilidades imunitárias, que
originam períodos de agudização por uma infeção ativa, que em associação da sua doença crónica
necessitam de ser encaminhados aos serviços de urgência, aumentando ainda mais o risco de infeção e
a resistência aos antimicrobianos. A equipa UCCCI de Avanca irá começar a adotar a estratégia de
registo e monitorização de risco de infeção na admissão de cada utente na unidade. Iremos
implementar uma colheita e análise de dados através de uma escala para uma prestação de cuidado
mais eficaz, tendo em conta o risco de infeção de cada utente. No que se refere à organização das
atividades de prevenção e controlo das infeções, existe um profissional responsável da área de
Enfermagem que deverá fazer uma avaliação periódica dos hábitos de risco na transmissão de infeção

EVIDÊNCIAS 45 nº2/2015
de todos os profissionais de saúde da UCCI, assim como sessões de educação para a saúde sobre
aspetos relacionados com o controlo da infeção, como por exemplo sessões de educação para a saúde
sobre a lavagem das mãos.
Palavras-chave: Controlo de infeção, Prevenção
Referências Bibliográficas:
Comissão para a Formulação do Programa Nacional de Prevenção das Infecções Nosocomiais (2006) Relatório
Síntese das Conclusões.
Ministério da Saúde. (1999). Circular Normativa nº 20/ GAB / DG de 30.07.99. Lisboa: Direção Geral da Saúde.
Ministério da Saúde. (2013). Inquérito de prevalência de infeção e uso de antimicrobianos nas unidades de
cuidados continuados. retirado de http://webcache.googleusercontent.com

EVIDÊNCIAS 46 nº2/2015
AUDITORIAS INTERNAS NO CONTROLE DAS IACS

Maria de Fátima Cleto*; Susana Leal


*
Instituto Português de Oncologia do Porto - maria. fcleto@gmail.com

Introdução: A prevenção das infeções associadas aos cuidados de saúde, é fundamental para o doente.
Este tem o direito a ser protegido e defendido na sua integridade. O impacto das IACS é assustador,
tanto pela mortalidade como pela morbilidade e também pelo grande peso económico que assume nos
cuidados de saúde. Com base na prevenção são efetuadas auditorias com a incumbência de uma
avaliação objetiva, destinada a adicionar valor e melhorar a prestação de cuidados, difundindo um apoio
à instituição onde está incluída.
Objetivos: Tem como objetivos identificar deficiências no sistema de controle interno e apresenta
recomendações para melhorá-los e auferir o rigor da execução do procedimento em causa tendo como
padrão de referência manuais, protocolos, instituídos na instituição de forma a permitir uma análise no
sentido de mudança/ajustamento de comportamentos.
Metodologia: Descritiva
Conclusões: Como consequências das IACS observa-se agravamento do estado de saúde, aumento do
tempo de internamento, sequelas e morte, custos económicos adicionais elevados no sistema de saúde,
custos pessoais e sofrimento físico e emocional nos doentes e famílias. A finalidade das auditorias é
auferir o rigor da execução do procedimento em causa tendo como padrão de referência manuais,
protocolos, instituídos na instituição de forma a permitir uma análise no sentido da
mudança/ajustamento de comportamentos.

EVIDÊNCIAS 47 nº2/2015
RECOMENDAÇÕES PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO ASSOCIADA A CATETERES
VENOSOS CENTRAIS EM DOENTES HEMODIALISADOS

Esmeralda Pacheco*, Paula Poças, Sandra Fonseca, Vera Gomes; Fernanda Príncipe; Margarida Ferreira
*
CHVNGaia/Espinho,EPE - nefrosandra@gmail.com

Introdução: A complexidade do insuficiente renal exige intervenções terapêuticas sofisticadas, para as


quais é necessário uma prestação de cuidados diferenciada e criteriosa. Estes doentes necessitam de um
acesso vascular seguro e duradouro, capaz de permitir uma terapia eficaz. Muitas vezes, esse acesso só
se obtém através da introdução de um Cateter Venoso Central (CVC), um dispositivo que nos nossos dias
se torna útil e imprescindível para a prática de diversos procedimentos terapêuticos, nomeadamente a
hemodiálise, desde que corretamente utilizado. A redução da incidência das infeções constitui um
desafio multidisciplinar. Por isso, é fundamental que todos os intervenientes compreendam a
importância da adesão aos programas de boas práticas de uma forma contínua e o impacto que eles
produzem nos ganhos em saúde.
Objetivos: 1) Identificar evidências científicas do contributo da Bundle no controlo da infeção sistémica,
na manipulação do CVC, em doentes Hemodialisados; 2) Compreender a relevância das boas práticas na
redução da infeção relacionada com o CVC
Metodologia: A metodologia consistiu na revisão integrativa de artigos indexados na base de dados da
Literatura Internacional em Ciências da Saúde e das publicações referentes ao tema em estudo. Foram
critérios de seleção: Contexto clínico e elevada evidência científica; Doentes adultos em hemodiálise;
Bundle no controlo da infeção; manipulação de cateter venoso central. Estudos realizados entre os anos
de 2010 e 2014, escritos em língua portuguesa, espanhola e inglesa. Dos 2256 artigos indexados na base
de dados, 9 contemplavam os critérios de inclusão da pesquisa sendo estes estudos retrospetivos ou
observacionais. Acrescentei esta parte, estava miserável
Desenvolvimento: A Doença Renal Crónica (DRC) define-se pela perda contínua, progressiva e
frequentemente irreversível da filtração glomerular. Quando esta incapacidade se instala é necessário
recorrer a terapias de substituição da função renal, entre as quais a hemodiálise. Para isso, é necessário
um acesso vascular seguro, duradouro e eficaz. Na Nefrologia a Fistula Artéria Venosa (FAV) é
considerada o acesso vascular de eleição porque quando comparada com o CVC e/ou próteses
apresenta menores taxas de infeção, logo, menos morbilidade e mortalidade associadas, National
Kidney Foundation, Kidney Disease Outcomes Quality Initiative (NKF KDOQI), GUIDELINES,
2006).Contudo, nem sempre é possível a sua construção, sendo o CVC o recurso disponível para dar
resposta à estratégia dialítica com a particularidade de ser introduzido rapidamente, poder ser utilizado
de imediato, ser de fácil manuseamento e permitir uma sessão de hemodiálise sem dor. No entanto, é
responsável por uma taxa de infeção hospitalar significativa. Atualmente a repercussão da Infeção da
Corrente Sanguínea relacionada com o CVC é preocupante. A sua prevenção passa pela adoção das
várias estratégias desenvolvidas e descritas no Centers for Disease Control (CDC) como diretrizes
(Guidelines for the Prevention of Intravascular Catheter- Related Infections), e que formam um
conjunto de intervenções de cuidados específicos denominado de Bundle (BRACHINE, et al, 2012),
criadas para a prevenção da infeção do CVC baseadas nas melhores práticas, sendo as mais recentes
publicadas em 2011, tendo sido definidos níveis de evidência categorizados em IA, IB, IC e II. Existem
outras orientações direcionadas para o controlo de infeção do CVC em HD como as NKF KDOQI
(Guidelines) e ainda diretrizes lançadas por identidades idóneas como: European Best Practice
Guidelines (EBPG) e as recomendações do CDC e as Clinical Practice Guidelines for the Prevention
Discussão: A infecção relacionada com o CVC é a maior causa de morbilidade e mortalidade em doentes
em Hemodiálise pelo que os profissionais não devem subestimar a importância das precauções de
prevenção e controlo da infecção (CHU, et al. 2013) e adotar as precauções básicas, nomeadamente, as

EVIDÊNCIAS 48 nº2/2015
recomendações do CDC, quer pelos profissionais quer pelos doentes, durante a inserção e o
manuseamento do CVC para hemodiálise, constituindo a base da prevenção e controlo da infecção
relacionada com o cateter.
Estas recomendações passam pela higienização das mãos, a antissépsia da pele com Clorohexidina a 2%,
utilização de compressas esterilizadas e pensos transparentes semipermeáveis os quais devem ser
substituídos se sujo ou descolado, utilização de técnica asséptica, e uso de máscaras e luvas. Deixar o
local secar antes de aplicar o penso, podendo este ser transparente com almofada de gel e
clorohexidina. Podem ser preconizadas outras medidas para diminuir o risco de infecção durante o
manuseamento do cateter: uso de antimicrobianos tópicos profilácticos no local de inserção do cateter,
utilização de soluções profilácticas de preenchimento do cateter, utilização de dispositivos de acesso
fechados. Recomendam ainda evitar a tosse e a conversação durante os procedimentos ao cateter,
Os agentes antissépticos locais recomendados são subutilizados, apesar de demonstrado o seu
contributo para a prevenção da infecção. A experiência confirma a importância de uma gestão
cuidadosa CVC como uma característica crucial na redução da incidência de eventos infeciosos em
doentes com CVCs em tratamento dialítico e da adesão às medidas recomendadas para controlo de
infeção e implementadas nas unidades de HD.
Conclusão: A pesquisa integrativa da literatura permitiu apurar a utilização das bundles preconizadas na
manipulação do CVC e identificar evidências científicas do contributo da Bundle no controlo da infeção
sistémica, na manipulação do CVC, em doentes Hemodialisados. Possibilitou a percepção de que
existem recomendações e guidelines reconhecidas pela sua eficácia e aplicabilidade na qualidade dos
cuidados prestados no contexto do doente portador de CVC para HD. A salientar a educação e formação
dos profissionais na colocação e manutenção dos CVC, a higienização das mãos, as precauções máximas
de barreira e a aplicação de clorhexidina na pele. O conjunto de medidas que integram várias
intervenções a desenvolver na introdução e manipulação do CVC, quando aplicadas em simultâneo
geram melhores resultados. Contudo, parece-nos que a adesão dos profissionais não é linear, pelo que
consideramos fundamental um investimento na sensibilização e na formação dos profissionais de saúde
para que atuem de acordo com as práticas baseadas na evidência científica, com o objectivo de
promover a excelência dos resultados na redução da infecção associada ao uso de CVC.
Referências bibliográficas
Brachine, J., Peterline, M. & Pedreira, M. (2012) . Método Bundle na Redução de Infeção de Corrente Sanguínea
Relacionada a Cateteres Centrais: Revisão Integrativa. Revista Gaúcha de Enfermagem, 33 (4), 200-210.
Dinwiddie, L. & Bhola, C. (2010). Hemodialysis Catheter Care: Current Recommendations for Nursing Practice in
North America. Nephrology Nursing Journal, 37 (5), 507- 528
Chu, G, Adams,K. & Crawford, S. (2013). Improving Catheter- Related Blood Stream Infection in Haemodialysis
Patients Using a Practice Development Framework. Renal Society of Australasia Journal, 9 (1), 16-21
Cornacchiari, M. et al (2011). Effectiveness of a protocol for the prevention of hemodialysis venous catheter-
related infections. Journal Vascular Access. 12 (4), 313-317 9

EVIDÊNCIAS 49 nº2/2015
GRUPOS COORDENADORES LOCAIS DO PPCIRA: NOVAS ATRIBUIÇÕES,
NOVOS DESAFIOS
David Peres*, Ilda Devesa e Isabel Neves
*
Unidade Local de Saúde de Matosinhos - david.peres@ulsm.min-saude.pt
Introdução: Recentemente foi criado o novo “Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e
Resistência aos Antimicrobianos” (PPCIRA), com carácter de programa de saúde prioritário e cujos
objetivos gerais focam a redução da taxa de infeções associadas aos cuidados de saúde, hospitalares e
da comunidade, assim como da taxa de microrganismos com resistência aos antimicrobianos.1
Desenvolvimento: A operacionalização local dos novos objetivos surge com o Despacho n.º 15423/2013
em que a Comissão de Controlo de Infeção se passa a designar “Grupo de Coordenação Local do
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos” (GCL-PPCIRA).2
Nesta remodelação, além das quatro áreas “clássicas” de atuação (Vigilância Epidemiológica; Formação/
Informação; Normas e Recomendações de Boas Práticas e Consultadoria/ Apoio) 3,4 estipula-se a
constituição de um “Programa de Apoio à Prescrição dos Antimicrobianos”, para “rever e validar as
prescrições de, pelo menos, carbapenemes e fluoroquinolonas, nas primeiras 96 horas de terapêutica”.
A nível da vigilância epidemiológica, torna-se obrigatório o cumprimento dos seus programas,
nomeadamente com a notificação de microrganismos-problema e de microrganismos alerta e a
implementação de auditorias clínicas internas.2
Discussão: Na sequência das novas atribuições dos GCL-PPCIRA, e perante definição de rácios de
atividade de enfermagem e médica2, houve necessidade de reestruturar equipas, com reforço dos
recursos humanos e logística associada. Com a inclusão da área da “prevenção da resistência aos
antimicrobianos”, uma área embrionária em muitas unidades de saúde, foi necessário criar grupos de
validadores e procedimentos, estabelecer circuitos de informação e sensibilização dos prescritores para
esta área. Outros desafios surgem, como a implementação da monitorização de indicadores na área de
controlo de infeção e resistência aos antimicrobianos e sua associação a incentivos financeiros.
Conclusão: Numa área em constante mudança, a adaptação das unidades de saúde é desejável e
inevitável. Neste trabalho mostramos como a ULSM geriu este desafio.
Referências bibliográficas:
Despacho do Ministério da Saúde nº 2902/2013 de 22 de fevereiro (2013). Diário da República nº38.2ª Série.
Secretário de Estado do Ministro da Saúde. Lisboa, Portugal
Despacho do Ministério da Saúde n.º 15423/2013 de 26 de novembro (2013) Diároi da República nº 229. 2ª Serie.
Gabinete do Secretário de estado adjunto do ministério da saúde. Lisboa, Portugal
Direção Geral da Saúde (2007). Circular Normativa da Direção-Geral da Saúde Nº 18/DSQC/DSC de 15/10/2007.
DGS: Lisboa

EVIDÊNCIAS 50 nº2/2015
ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE À LAVAGEM DAS MÃOS

Margarida Ferreira*; Carlos Ferreira; Fernanda Príncipe ; Marina Tavares; Diana Gonçalves
*
Docente na ESEnfCVPOA
Introdução: Em Portugal têm vindo a ser realizados estudos de prevalência que mencionam uma taxa de
infeção hospitalar de 10,6%, valor acima da prevalência europeia (6,1%), sendo o género masculino o
mais afetado, com uma taxa de prevalência de 12,4% contra 8,8% para o género feminino (Pina et al.,
2013). A Higiene das Mãos é uma das medidas mais simples e mais efetivas na redução das infeções
associadas aos cuidados de saúde, que integrada no conjunto das Precauções Básicas, constitui uma das
medidas com mais impacto na sua redução, na diminuição da resistência aos antimicrobianos e na
redução de custos associados a esta problemática, contribuindo assim para a segurança e saúde dos
doentes e dos Profissionais de Saúde (PS). A adesão à prática de higienização das mãos observada na
fase de avaliação diagnóstica da Campanha Nacional de Higiene das Mãos situou-se nos 46,2%, tendo
vindo a aumentar progressivamente até 68% (Pina et al, 2014). A higienização das mãos é um processo
simples, que pode salvar vidas. Passa pelos PS em geral, e por cada um de nós realizar uma gestão
adequada dos recursos disponíveis e tomar consciência de que uma parte deste problema está nas
nossas mãos. É necessário informar, formar e sensibilizar os PS para esta prática. (Albuquerque, 2008).
Objetivos: Identificar fatores que interferem na adesão do PS à lavagem das mãos; Sensibilizar para a
melhoria das práticas na prestação de cuidados, garantindo a segurança do doente e do profissional;
Consciencializar para a implementação das Guidelines sobre a Higiene das Mãos nos Cuidados de Saúde.
Metodologia: Estudo de natureza descritiva, quantitativo e transversal, realizado através de um
questionário. Foi selecionada uma amostra não probabilística de conveniência, constituída por 20
Profissionais de Saúde, que prestam cuidados num Serviço de Cirurgia de um Centro Hospitalar da Zona
Norte.
Resultados/Discussão: Os Enfermeiros que constituem a nossa amostra são maioritariamente do
género feminino (72%), com uma média de idades de 28 anos, na sua maioria licenciados e com uma
experiencia profissional a rondar os 6 anos. A adesão dos enfermeiros à lavagem das mãos antes do
contato com o doente é “frequente” em apenas 40% e mais de metade “raramente” a executa. Metade
dos enfermeiros lava “frequentemente” as mãos antes de procedimentos asséticos e apenas 10%
referem lavar “sempre” as mãos. Após exposição a fluidos orgânicos e após contato com o ambiente do
doente, 30% referem lavar “sempre” as mãos e 40% “raramente” o fazem. Estes resultados são em
parte concordantes com estudos publicados pela DGS (2014) que descreve o momento de menor
adesão à lavagem das mãos continua a ser antes do contato com o doente (58%) e o momento de maior
adesão após exposição a fluidos. Estes resultados são concordantes com estudos publicados que
referem uma baixa adesão dos PS à lavagem das mãos antes do contato (Arenas, 2005). Da população
inquirida 70% respeita frequentemente o tempo de recomendado para a eficaz lavagem das mãos, no
entanto não cumprem na íntegra todos os passos. Quanto à avaliação do procedimento correto da
higienização das mãos, de acordo com as Guidelines da OMS, verificamos que a totalidade dos inquiridos
referem cumprir o procedimento apenas num passo “esfregar palma com palma”, 70% esfregam o
dorso das mãos e todos os restantes passos são sempre cumpridos por apenas 20% dos inquiridos. De
referir que 60% raramente esfregam os punhos e o polegar e 30% raramente esfregam unhas com
palma, articulações dos dedos e espaços interdigitais. O tempo de lavagem preconizado não é
respeitado por 80% dos inquiridos, Assim, podemos inferir que o procedimento recomendado pela
OMS, na sua generalidade não é cumprido pela maioria dos inquiridos, contribuindo assim para a
disseminação da infeção. Os resultados corroboram com os estudos que referem que uma minoria dos
PS lava corretamente as mãos (Alleganzi, 2009)
Conclusões: Os resultados do nosso estudo sugerem que a proporção de Enfermeiros que lavam as
mãos antes do contato com o doente é consideravelmente baixa e apenas uma minoria realiza o
procedimento de forma correta. Quanto ao tempo recomendado para os diferentes tipos de lavagem

EVIDÊNCIAS 51 nº2/2015
das mãos este não é respeitado por uma parte dos enfermeiros e a maioria não cumpre na íntegra todos
os passos do procedimento. Denota-se a necessidade de investir mais na formação e sensibilização dos
profissionais de saúde, bem como na supervisão da realização das referidas praticas.
Referências Bibliográficas:
Albuquerque, M. G. S. (2008). Prevenção a qualquer nível/Material seguro/Boas práticas. Nursing, 230, 13 – 14.
Allegramzi, B. & Pittet, D. (2009). Role of hand hygiene in healthcare-associated infection prevention. J Hosp
Infect, 4, 305-315. Retirado de http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19720430
Arenas, M. D. [et al.] (2005). A multicentric survey of the practice of hand hygiene in haemodialysis units: factors
affecting compliance. Nephrol Dial Transplant, 6, 1164-1171. Retirado de
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19720430
Direção-Geral da Saúde (2013). A estratégia nacional para a melhoria da higiene das mãos em 10 perguntas.
Direção-Geral da Saúde (DGS). Retirado de http://www.dgs.pt
Noriega E. & Pina E. (2014). Programa Nacional para a prevenção e controlo de Infeção e Resistencia aos
Antimicrobianos: relatório campanha nacional de higiene das mãos. DGS.

EVIDÊNCIAS 52 nº2/2015
Conceição Afonso*; Lúcia Lopes; Jaime Neto; Isabel Veloso
*
maria.conceicao.afonso@hospitaldebraga.pt

Metodologia: A revisão da literatura aliada à boa prática comprovada permite-nos adotar uma Prática
Baseada na Evidência. Plano de formação transversal a todos os grupos profissionais. Implementação
obrigatória da Escala de Avaliação de Risco para MEI no momento de admissão da pessoa para
internamento.
Resultados: Identificação e sinalização precoce do risco de colonização/infeção por MEI no ato da
admissão; Circuito e alocação da pessoa baseados no score da escala de avaliação de risco; Otimização
da atribuição de camas e dos recursos materiais; Dotações seguras minimizam custos, agilizam o
processo de internamento, garantindo a segurança da pessoa e dos profissionais.
Conclusão: Da análise das nossas práticas emerge uma atitude reflexiva sobre fatos inevitáveis e leva-
nos a assumi-los como um desafio constante. Este trabalho orientador de práticas seguras traduz-se na
garantia da qualidade dos cuidados. O algoritmo da avaliação instituído indica as atitudes a tomar
quanto ao rastreio, terapêutica, medidas de isolamento e uso de equipamento de proteção individual. A
avaliação deste procedimento implicará a monitorização contínua de resultados nos diferentes domínios
do processo. O grupo de trabalho está convicto dos ganhos a obter com esta prática pelos benefícios
para a pessoa, profissionais, instituição e para a saúde de todos.

EVIDÊNCIAS 53 nº2/2015
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À DEISCÊNCIA DE SUTURA EM
LAPAROTOMIA

Márcio André Marques Rodrigues*; Maria José Carvalho Guedes; Patrícia Joaquim; Susana Cristina
Cardoso Serrano
*
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, EPE - Marcio_rodrigues86@Hotmail.com

Introdução: A deiscência de sutura é uma séria complicação pós-operatória, que está associada a altos
índices de morbilidade e mortalidade, não obstante os mais complexos cuidados que os doentes
recebem hoje em dia. É um problema multifatorial, condicionado por fatores locais e sistémicos, pré,
peri e pós operatórios.
Objetivos: Conhecer a taxa de incidência de deiscência de sutura após laparotomia e identificar os
fatores de risco associados ao desenvolvimento de deiscência da ferida cirúrgica após laparotomia.
Realizada uma revisão integrativa de literatura. Para obtenção de evidências foi efetuada pesquisa nas
bases de dados: CINAHL Complete, MEDLINE Complete, Cochrane, MedicLatina, SciElo e na página
disponibilizada pela biblioteca do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho, E.P.E.. De um total
de dezasseis artigos obtidos, apenas três foram incluídos neste estudo após aplicação do seguintes
critérios de seleção: tipo de texto, horizonte temporal, participantes, idioma, fatores de risco e tipo de
cirurgia. De acordo com os estudos analisados verifica-se que os de Kenig [et al.] (2012) e Spiliotis [et al.]
(2009) estão em concordância com a bibliografia consultada, nomeadamente com Kelley & Heller (2012)
que situam a taxa de deiscência em pacientes submetidos a laparotomia abdominal entre 0,25 e 3%.
Segundo Kenig [et al.] (2012) a percentagem de deiscência da ferida cirúrgica por laparotomia
abdominal é de 2,9%, visto que acontece em 56 casos dos 1879 integrados na análise. No estudo de
Spiliotis [et al.] (2009) a percentagem de deiscência é ainda menor, sendo de apenas 0,43% o que
corresponde a 15 casos de deiscência num total de 3500 laparotomias. Por último, Ramshort [et al.]
(2010) refere uma percentagem de deiscência da sutura de 0,084% que corresponde a 363 casos de
deiscência em 429906 doentes submetidos a laparotomia abdominal, o que não se encontra de acordo
com a percentagem referida por Kelley & Heller (2012).
Resultados: Da pesquisa efetuada resultaram vinte fatores de risco associados à deiscência de ferida
cirúrgica por laparotomia. É de salientar a idade avançada, o género masculino e a cirurgia de urgência
como os principais fatores de risco associados a esta problemática. Outros fatores de risco como a
infeção do local cirúrgico, HTA, Doença coronária, Cirurgia Gastrointestinal, Deiscência da anastomose, o
uso de corticoides, história de DPOC e anemia estão diretamente ligados à deiscência de sutura. Existe
um consenso quanto à baixa incidência de deiscência da ferida cirúrgica por laparotomia e demonstrou-
se que os principais fatores de risco associados são a idade avançada, o género masculino e a cirurgia de
urgência. Outros fatores como a infeção do local cirúrgico, o uso de corticoides, história de DPOC e
anemia têm também um importante papel na história de deiscência de sutura.
Referências bibliográficas:
Hahler B. (2006). Surgical wound dehiscence Medsurg Nursing, 15 (5), 296-300. Retirado de
<URL:http://www.researchgate.net/publication/6669392_Surgical_wound_dehiscence>.
Kelley B. P. & Heller L. (2012). A novel approach to repair of wound dehiscence in the complicated patient [em
linha]. Hernia, 16 (3), p. 369-372. Retirado de www:<URL:
http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?vid=4&sid=e491f2c9-ef07-4c3c-802a-
cae5531ddfe4%40sessionmgr4002&hid=4201>.
Kenig, J. [et al.] (2012). Risk factors for wound dehiscence after laparotomy – clinical control trial [em linha]. Polish
Journal of Surgery. 84 (11), 565–573. Retirado de www:<URL:
http://web.b.ebscohost.com/ehost/detail/detail?vid=4&sid=4f652a48-d02d-455d-9a0b-
a181f51f448c%40sessionmgr4005&hid=128&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnImc2l0ZT1laG9zdC1saXZl#db=mdc
&AN=23399620>.

EVIDÊNCIAS 54 nº2/2015
Ramshort, G. H. [et al.] (2010). Abdominal wound dehiscence in adults: development and validation of a risk model
[em linha]. World Journal of Surgery. 34, (20–27. Retirado de
www:<URL:http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?vid=7&sid=e491f2c9-ef07-4c3c-
802a-cae5531ddfe4%40sessionmgr4002&hid=4201>.
Spiliotis, J. [et al.] (2009). Wound dehiscence: is still a problem in the 21th century: a retrospective study [em
linha]. World Journal of Emergency Surgery. 4 (12) Retirado de www:URL:
http://web.b.ebscohost.com/ehost/detail/detail?vid=10&sid=4f652a48-d02d-455d-9a0b-
a181f51f448c%40sessionmgr4005&hid=128&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnImc2l0ZT1laG9zdC1saXZl#db=mdc
&AN=19341486

EVIDÊNCIAS 55 nº2/2015
"BUNDLES PARA REDUÇÃO DE INFEÇÕES NOSOCOMIAIS": CONSULTA
DE ENFERMAGEM PRÉ-OPERATÓRIA

Andreia Alexandra Ferreira dos Santos*; Liliana Cristina Rebelo da Silva; Mónica Soares Matos Ferreira
*
Centro Hospitalar entre o Douro e Vouga - andreia.alexandra@gmail.com

Introdução: A infeção nosocomial ocorre após o internamento no hospital sendo que essa infeção não
se encontrava presente na admissão do doente. A implementação de algumas normas de atuação na
consulta pré-operatória realizada pelo enfermeiro é um ponto crucial para a redução das infeções
nosocomiais.
Objetivos: Reconhecer a problemática das infeções nosocomiais; Reconhecer a importância da consulta
de enfermagem no pré- operatório na prevenção das infeções; Implementar na consulta pré operatória
bundles que visem a redução das taxas de infeção nosocomial.
Metodologia utilizada: Revisão bibliográfica
Desenvolvimento/discussão: A infeção nosocomial está relacionada com a hospitalização e é um efeito
adverso dos cuidados de saúde. Trata-se de um problema a nível mundial com consequências
importantes na morbilidade e nos altos custos quer a nível hospitalar (aumento de tempo de
internamento, aumento de consumo de recursos) como para os doentes e familiares. A adequada
preparação do doente para a cirurgia é fundamental para o procedimento cirúrgico. Esta preparação
começa no momento pré-operatório na consulta de enfermagem pré-cirúrgica. Este momento é crucial
para o enfermeiro efetuar uma colheita de dados onde seja possível detetar fatores de risco intrínsecos,
como a diabetes, hábitos tabágicos, uso de terapêutica com corticoides, coexistência de infeções em
locais diferentes, malnutrição, entre outros, de forma a serem minimizados ou resolvidos antes da
intervenção cirúrgica. Os fatores de risco extrínsecos a abordar na consulta são algumas das medidas
básicas de prevenção de infeção. A preparação da pele na véspera e no dia com clorexidina, a higiene da
boca e do couro cabeludo, a importância da lavagem das mãos, etiqueta respiratória, uso de
espirómetro e exercícios respiratórios são alguns dos pontos a serem focados. Durante a consulta
também deverá ser avaliado o risco de transmissão de agentes infeciosos de forma a cumprir com a
correta colocação de doentes na admissão.
Conclusão: a consulta de enfermagem pré-cirúrgica realizada por enfermeiros treinados no controlo de
infeção é crucial para o sucesso da cirurgia e redução de custos e taxas de infeção nosocomial.
Referências Bibliográficas:
Direção Geral da Saúde (2013). Norma nº nº024/2013: Prevenção da infeção do local cirúrgico. Lisboa: DGS.
Phipps,W. J. et al (1999) Enfermagem Médico-cirúrgica Loures: Lusociência.
Direção Geral da Saúde (2012). Norma nº 002/2013 de 12/02/2013 : Cirurgia Segura, Salva Vidas. Lisboa: DGS.

EVIDÊNCIAS 56 nº2/2015
EXPOSIÇÃO A SANGUE PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE:
PROCEDIMENTOS ADOTADOS

Alejandra Carolina Romero Lima*; Cláudia Raro; Margarida Ferreira; Carlos Ferreira
*
Enfermeira CHVNG/carolinaromero@live.com.pt
Introdução: Uma das características do processo de trabalho da Enfermagem, especialmente em
ambientes hospitalares, é a proximidade física com os usuários e a realização de procedimentos
invasivos. Nas suas atividades diárias utilizam materiais considerados de risco, nomeadamente os
cortoperfurantes como agulhas, lancetas e bisturis, não só pela sua natureza cortante como pelo fato de
estarem associados a resíduos biológicos e daí a probabilidade de haver contaminação pelo vírus da
Hepatite C (VHC), Hepatite B (VHB) e Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). Os acidentes de serviço e
as patologias decorrentes das situações de trabalho representam um gravativo encargo para os
trabalhadores, famílias e para a sociedade em geral, afetando o seu bem-estar e a qualidade de vida,
constituindo desta forma as inter-relações trabalho-saúde/doença uma área prioritária em Saúde
Ocupacional. Durante a identificação das notificações de acidentes de trabalho com exposição a fluidos
biológicos, constatou-se que há uma subnotificação no que diz respeito a esse evento, sendo estimado
em alguns estudos uma elevada percentagem de trabalhadores que não relatam os acidentes (NIOSH,
2008).
Objetivos: Caraterizar os profissionais de saúde que sofreram exposição por fluidos biológicos (sangue);
analisar fatores que interferem nessa exposição; identificar procedimentos adotados pelos profissionais
de saúde após a exposição. Teve como finalidade identificar se os profissionais de saúde conhecem os
procedimentos a adotar após exposição a fluidos biológicos (sangue).
Metodologia: Este projeto enquadra-se num estudo do tipo descritivo nível II, correlacional,
quantitativo, transversal. A população foi constituída pelos profissionais de uma instituição de saúde da
zona norte, tendo como amostra os profissionais de um serviço de cirurgia. Foi usado como instrumento
de colheita de dados o questionário. Os dados foram submetidos a tratamento estatístico através de um
software de estatística SPSS (Statistical Package for Science) com aplicação de procedimentos de
estatística descritiva e inferenciais e, através do programa Microsoft Office Excel, onde foram
organizados em gráficos.
Resultados/Discussão: Constatamos que a exposição acidental ao sangue é preocupante visto daí advir
infeções como VHB, VHC e VIH. Uma elevada parte dos profissionais de saúde não sabem o prazo
correto para participar um acidente e muitos não sabem quais os procedimentos a adotar após uma
exposição percutânea a sangue. Podemos igualmente constatar que alguns profissionais têm por hábito
recapsular agulhas e que 50% dos acidentados notificaram o acidente e 50% não o fizeram. Como
motivo para não o fazerem, 67% consideraram que a exposição a que tiverem sujeitos não constituiu
risco de infeção e 33% afirmaram que não o fizeram devido à burocracia envolta na participação de
acidentes. Os resultados evidenciam que 50% dos profissionais acidentados utilizam o contentor de
cortoperfurantes até estar completamente cheio e que 50% não o faziam até a totalidade.
Conclusões: Os trabalhadores carecem estar informados e treinados para evitar problemas de saúde
devendo ser efetuados esforços de prevenção para reduzir o risco, contemplando a notificação,
programas educacionais e protocolos de atuação. Torna-se evidente a falta de informação e de ausência
de comportamentos seguros, por metade dos participantes sendo de extrema importância investir em
sessões de informação, sensibilização e monitorização das práticas que envolvem os acidentes de
trabalho com exposição a sangue.
Referências Bibliográficas
Centers for Disease Control and Prevention (2005). Exposicíon a la Sangre [em linha]. Centers for Disease Control
and Prevention (CDC). Retirado de http://www.cdc.gov/Spanish/prevencion/exposangre.htm

EVIDÊNCIAS 57 nº2/2015
The National Institute for Occupational Safety and Health (2008). DHHS publicación N.º 2008-118. The National
Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). Retirado de
http://www.cdc.gov/spanish/niosh/docs/2008-118_sp/
Soares, L.G., et al. (2013). Perceção do risco em trabalhadores de enfermagem. Cogitare Enfermagem, 18 (1), 36-
42.
Wang, H. Q., Zhang, M., Li, T.,& Du, X. (2009). A pooling analysis of occupational sharp injury on clinical nurses in
China. Am. J. Ind. Med, 27 (2), 65-70.

EVIDÊNCIAS 58 nº2/2015
COMPLICAÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS À TÉCNICA DE ECMO

Sofia Pinheiro Leite*; Bruno Sousa; Carol Pinto; Conceição Mour; Nelma Pinto; Margarida Ferreira;
Fernanda Príncipe
*
Enfermeiro Hospital de São João, Porto- sofiapinheiroleite@gmail.com

Introdução: A Membrana de Oxigenação Extracorporal (ECMO) é uma técnica de suporte temporário da


função do coração/pulmão, através de um bypass cardiopulmonar. O ECMO evoluiu dos laboratórios
para as unidades de Cuidados Intensivos de forma definitiva nas duas últimas décadas. O
aperfeiçoamento do material utilizado, da experiência adquirida, da eficiência e da segurança refletiu-se
na melhoria significativa dos resultados, tornando-se parte integrante no tratamento de doenças. A
técnica de ECMO não é isenta de complicações, que influenciam o sucesso do tratamento e qualidade
de vida futura do doente. A identificação e intervenção precoce das possíveis complicações contribui
para o sucesso da técnica e para a sua viabilidade. Considerando a responsabilidade do Enfermeiro nos
cuidados prestados aos doentes submetidos a ECMO, torna-se imprescindível que estes profissionais
tenham conhecimento das principais complicações decorrentes desta técnica, a fim de obter bases
sólidas para uma prática segura e de qualidade.
Objetivo: deste estudo é conhecer as complicações clínicas mais frequentes associadas à técnica ECMO
em doentes adultos.
Metodologia: consistiu na revisão integrativa de artigos indexados na base de dados da Literatura
Internacional em Ciências da Saúde e das publicações referentes ao ECMO (ELSO). Os artigos foram
pesquisados na plataforma Medline & Pubmed com os seguintes critérios de seleção: o contexto clínico
e a elevada evidência científica; realizados entre 2010 e 2014; em doentes adultos; com palavras-chave
ECMO e complicações. Dos 2256 artigos indexados na base de dados, apenas nove artigos
contemplavam os critérios de inclusão da pesquisa, sendo estes estudos retrospetivos ou
observacionais.
Resultados: obtidos da pesquisa revelaram como complicações mais frequentes, as vasculares (29%),
infeciosas (25%) e as hemorrágicas (20%), seguidas das neurológicas (15 %), das renais (10%) e das
hepáticas (5%). A análise dos artigos evidencia a complexidade que o suporte de ECMO envolve no
tratamento e manutenção do doente com patologia respiratória e/ou cardíaca. Muitas das complicações
clínicas conduzem a um aumento da morbilidade e mortalidade dos doentes.
Conclusão:A prevenção, o diagnóstico precoce e a intervenção atempada por uma equipa
multidisciplinar representa uma boa prática para recuperação mais rápida do estado clínico e qualidade
de vida do doente. Os enfermeiros, enquanto elementos da equipa multidisciplinar, são responsáveis
pela participação na monitorização e vigilância dos doentes com a terapêutica de ECMO e desta forma
representam um elo essencial para o sucesso da evolução do estado do doente.
Referências bibliográficas
Aubron, C. [et al.]. (2013). Factors associated with outcomes of patients on extracorporeal membrane oxygenation
support: a 5-year cohort study. Critical Care, 17 (2), 1-12.
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Brodie, D. & Bacchetta, M. (2011). Extracorporeal Membrane Oxygenation for ARDS in Adults. NEJM, 365, 1905-
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Gail, M. A. [et al.] (2012). ECMO - Extracorporeal Cardiopulmonary Supoport in Critical Care. Michigan:
Extracorporeal Life Support Organization.
Guo, Z. [et al.] (2013). Cannulation related complications and prevention for extracorporeal membrane
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Roncon-Albuquerque R. (2010). ECMO ( extracorporeal membrana oxygenation) como opção Terapêutica no ARDS
Grave. Rev Port Med Int, 17, 43-46.

EVIDÊNCIAS 60 nº2/2015
BUNDLES NA PREVENÇÃO DA PNEUMONIA ASSOCIADA À
VENTILAÇÃO MECÂNICA (PAV): INTERVENÇÕES AUTÓNOMAS DE
ENFERMAGEM

Daniela Rocha*; Ana Vieira; Vera Mesquita; Herlander Soares


*
danielarocha_bv_85@hotmail.com
Introdução: No contexto de Cuidados Intensivos são utilizados procedimentos invasivos que são cruciais
para a vida dos utentes, entre eles estão a entubação endotraqueal e o subquente uso de Ventilação
Mecânica. Este procedimento, podendo ser indispensável à vida do paciente pode acarretar diversas
complicações, que pode influenciar negativamente a recuperação dos utentes, como por exemplo a
Pneumonia. Deste modo a referir a importância dos Cuidados de Enfermagem em doentes ventilados e
o consequente êxito das Bundles que é conseguido através da aplicação de intervenções com evidência
científica de forma simultânea. Desta forma promovem uma cultura de trabalho estruturada e
permitem melhorar e rever as práticas diárias por parte da equipa de saúde (Saldaña et al, 2012).
Objetivos: Identificar na evidência científica publicada fatores que contribuem para o aparecimento da
PAV; Analisar o uso de medidas na prevenção da PAV; Propor Bundles de atuação no âmbito das
intervenções Autónomas de Enfermagem na Prevenção da PAV.
Metodologia: Revisão Integrativa da Literatura; Leitura em Base de dados: SCIELO e EBSCO; Pesquisa
efetuada em dezembro de 2014; Palavras-chave: Pneumonia, Ventilação Mecânica, Paciente Adulto,
Unidade de Terapia Intensiva; Encontrados 20 artigos, após seleção resultou análise de 6 artigos (Souza
& Santana; 2012), (Gonçalves, Brasil, Minamisava, Caixeta, Oliveira & Cordeiro; 2012), (Silva, Laus, Canini
& Hayashida; 2011), (Gonçalves, Brasil, Ribeiro & Tipple; 2012), (Orlandini & Lazzari; 2012), (Pombo,
Almeida & Rodrigues 2010).
Desenvolvimento: Enquadramento teórico: PAV Processo infecioso que acomete pacientes submetidos
à entubação endotraqueal e Ventilação Mecânica por mais de 48-72 horas e para as quais a infeção não
foi o motivo para iniciar a ventilação (Silva et al, 2012). É uma preocupante infeção nosocomial que
ocorre em cerca de 30% dos doentes com Ventilação Mecânica. A Taxa de mortalidade varia entre 20%
e 70% (Matos & Sobral, 2010). Principal causa de infeção hospitalar em contexto de UCI, ocorrendo em
mais de 90% dos casos em pacientes submetidos a VM, sendo assim a mais importante e comum
infeção que acomete pacientes críticos ventilados mecanicamente nas unidades (Silva et al, 2013).
Fatores de Risco da PAV: Entubação oro traqueal, SNG, Cabeceira a menos de 30º, Imobilização devido
ao coma, trauma ou cirurgias, Uso prolongado de VM, Mãos contaminadas.
Resultados: Na análise comparativa dos seis artigos, verifica-se: Necessidade da implementação de
protocolos de atuação; Necessidade de formação contínua das equipas; Importância da HO com
clorexidina; Aspiração secreções; Pressão do cuff; Elevação da cabeceira 30-45º.
Discussão: O uso de Bundles tem contribuído para a redução das taxas de mortalidade, das taxas de
infeção e tempo de internamento (Gonçalves et al, 2012). É importante a elaboração de uma proposta
educativa que norteie a atuação dos profissionais de saúde das UCI e contemple as estratégias
necessárias para a prevenção da PAV. Os artigos 2,3 4 e 6, salientam a importância da formação bem
como a implementação de protocolos de atuação. Neste contexto, emergiu a necessidade de evidenciar
cuidados fundamentais para a implementação de uma Bundle de atuação que contemple as
intervenções de enfermagem relacionadas com os seguintes aspetos: Importância da Higiene Oral com
clorexidina, Aspiração secreções, Pressão do cuff, Elevação da cabeceira 30-45º.
Sugestão de Bundle de atuação:

EVIDÊNCIAS 61 nº2/2015
Conclusão: Constatámos que é necessário elaborar, atualizar e incluir nos protocolos de Serviço da
prevenção da PAV, as intervenções não farmacológicas analisadas com o propósito de fortalecer
conhecimentos e, com isto, enaltecer a qualidade dos cuidados prestados aos doentes por parte da
equipa de Enfermagem. Com o propósito de uniformizar e orientar os Enfermeiros para práticas de
excelência, vimos através deste artigo de revisão propor Bundles de Intervenções Autónomas de
Enfermagem vocacionadas na prevenção da PAV.
Referências Bibliográficas:
Beraldo, C. & Andrade, D. (2008). Higiene bucal com clorexidina na prevenção de pneumonia associada à
ventilação mecânica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 34 (9), 707-714. Retirado de
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-37132008000900012&script=sci_arttext. ISSN 1806-3713
Gonçalves, F., Brasil, V., Minamisava, R., Caixeta, C., Oliveira, L. & Cordeiro, J. (2012). Eficácia de estratégias
educativas para ações preventivas da pneumonia associada à ventilação mecânica. Esc Anna Nery, 16,
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Matos, A. & Sobral, A. (2010). Como eu, Enfermeiro faço – Prevenção da Pneumonia associada à Ventilação
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http://www.spci.pt/Revista/Vol_17/2010331_REV_Mar10_Volume17N1_61a65.pdf
Mendes,K., Silveira, R. & Galvão, C. (2009). Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000400018. ISSN 0104-0707
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Revista Brasileira Terapia Intensiva, 22 (2), 192-195. Retirado de
http://www.scielo.br/pdf/rbti/v22n2/a14v22n2.pdf>
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Intensiva sobre prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica. Ciências & Saúde Coletiva, 1
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Saldaña, D., Manrique, Y., Coral, D. & Salazar, J. (2012). Intervenciones de enfermería para prevenir la neumonía
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Sampaio, R.F. & Mancini, M. C. (2007). Estudos de Revisão Sistemática: Um guia para síntese criteriosa da
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Silva, S., Nascimento, E. & Salles, R. (2012). Bundle de Prevenção da Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica:
Uma Construção Coletiva. Texto contexto Enferm, 21 (4), 837-844. Retirado de
http://www.scielo.br/pdf/tce/v21n4/14.pdf
Silva, O., Weinhal, G., Ascari, R. & Ascari, T. (2013). Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica: Cuidados de
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http://www.mastereditora.com.br/periodico/20130624_204043.pdf

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Sociedade Paulista de Infectologia (2006). Diretrizes sobre Pneumonia associada à Ventilação Mecânica (PAV). São
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Universidade federal de mato grosso (s.d). Bundle de Prevenção de Pneumonia associada à Ventilação Mecânica.
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Vieira, K. et al. (2014). Acciones de enfermeria para la prevención de la neumonía associada a ventilación
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dcb8038f9f50%40sessionmgr4004&vid=6&hid=4204>. ISSN 1695-6141.

EVIDÊNCIAS 63 nº2/2015
PREVENÇÃO E CONTROLO DO RISCO DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL À
TUBERCULOSE PULMONAR

Patrícia Pinto; Rosa Oliveira *; Cláudia Silva; Nuno Vieira; Liliana Xavier
*
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho - rosa.mf.oliveira@gmail.com
Introdução: Considerando-se a elevada taxa de transmissão de tuberculose em ambientes fechados, e
relatos de taxas elevadas de transmissão em hospitais, serviços de urgência e no sistema prisional, é
importante a adoção de medidas de controlo para prevenção da sua transmissão. O risco dos
profissionais de saúde depende geralmente dos mesmos fatores dos doentes em meio hospitalar,
podendo estar aumentada pela frequência, duração e intensidade da exposição e ainda com as funções
e locais de trabalho.
Objetivos: Sensibilizar os profissionais de saúde e instituições de saúde para a problemática da
Tuberculose Pulmonar e adoção de estratégias de prevenção e controlo eficientes, ajustadas ao nível de
risco geográfico e institucional.
Metodologia: Descritiva e expositiva
Desenvolvimento: A realização deste trabalho surge da necessidade de sensibilização dos profissionais
de saúde e instituições de saúde para a problemática da Tuberculose Pulmonar e adoção de estratégias
de prevenção e controlo eficientes, ajustadas ao nível de risco geográfico e institucional. Este assenta
numa breve caracterização da doença e dos princípios base de um programa de prevenção e controlo do
risco de exposição ocupacional. As medidas adotadas para controlo da transmissão da tuberculose
ocupacional devem ter em consideração o tipo de instituição, sendo divididas em 3 grupos: Medidas
administrativas: compreendem investigação, diagnóstico e tratamento precoce dos casos; planeamento
para o controlo da infeção; treino e educação dos profissionais de saúde; triagem e avaliação destes
profissionais quanto ao risco de tuberculose, infeção e doença; Medidas de controlo ambiental:
ventilação/exaustão do ambiente; medidas de controlo do fluxo aéreo, medidas para reduzir a
contaminação do ar e auxiliar na limpeza do ar, utilizando-se filtro HEPA (“high-efficiency particulate
air”) e UVGI (irradiação germicida ultravioleta); Medidas de proteção respiratória: utilização de
máscaras respiratórias específicas que podem reduzir o risco de exposição à infeção dos profissionais de
saúde, além do uso de máscaras cirúrgicas pelos doentes.
Discussão: Para o sucesso de um programa de prevenção e controlo do risco de exposição ocupacional,
é fundamental reconhecer o problema e promover o envolvimento de todos os intervenientes,
nomeadamente do órgão de gestão da instituição de saúde. As Instituições deverão possuir os recursos
e os processos necessários para uma intervenção eficaz, minimizando eventos adversos na abordagem
da Tuberculose Pulmonar.
Conclusão: Compete aos órgãos de gestão promover uma cultura organizacional de segurança, que
abranja utentes e profissionais. A aplicação de medidas de intervenção com base na epidemiologia local
é fundamental, sendo que a tuberculose pulmonar deverá ser parte integrante do plano de atividades
institucional, caso o mesmo se demonstre com um fator de risco potencial ou presente.
Referências Bibliográficas:
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Health Care Workers In A Japanese Hospital Without Tuberculosis-Specific Wards. Springer Plus.
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EVIDÊNCIAS 64 nº2/2015
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2013. European Centre For Disease Prevention And Control,
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EVIDÊNCIAS 65 nº2/2015
MONITORIZAÇÃO DE DOENTES COM INFEÇÃO POR CLOSTRIDIUM
DIFFICILE

Elisabete Isabel Ferreira da Ponte Figueiredo; Ana Catarina Aparício Gonçalves Pereira; Eduardo
Luis de Almeida e Melo; Judite da Conceição Lourenço Patrício Almeida
Introdução: O Clostridium difficile (Cd) é um bacilo Gram +, anaeróbio, com capacidade de formar
esporos, inicialmente identificado como constituinte do microbioma intestinal normal. Em 1978 foi
incriminado como causador da colite pseudomembranosa em doentes sob antibioterapia.A Infeção por
Cd é a principal causa das diarreias associadas a antibióticos, sendo considerada uma Infeção associada
a cuidados de saúde da maior importância pela gravidade clínica e potencial de transmissão cruzada. O
Cd é naturalmente resistente a antibióticos como Cefalosporinas, Clindamicina e Fluoroquinolonas, e
por isso a utilização dessas classes antibióticas aumenta o risco de infeção. A utilização de associações
de antibióticos de largo espetro e terapêuticas prolongadas potenciam esse risco, mas a administração
de uma toma única pode desencadear a doença.Deve-se suspeitar de infeção por Cd em qualquer
doente exposto a antibióticos ou cuidados de saúde que apresente diarreia e/ou dor abdominal. No
entanto, só devem ser testadas fezes diarreicas, porque todos os testes laboratoriais não-culturais
foram desenvolvidos e validados apenas para doentes sintomáticos. As formas vegetativas de Cd são
pouco viáveis fora do intestino não sobrevivendo por mais de 24h. No entanto, as formas esporuladas
são extremamente resistentes aos detergentes e desinfetantes, podendo persistir com viabilidade em
superfícies e equipamentos durante meses.
Objetivos: Minimizar o risco de transmissão de microrganismos multirresistentes (MMR) e
microrganismos epidemiologicamente importantes (MEI); Alocar os casos de doentes com C. difficile em
quarto individual com medidas de contacto; Supervisionar as medidas implementadas; Analisar os
resultados com os gestores operacionais.
Metodologia: O programa de Vigilância Epidemiológica de MEI e MMR é desenvolvido, em colaboração
direta com o Laboratório de Microbiologia, desde 2009 através do sistema ALERTA e operacionalizado,
desde 2014, pela solução informática HEPIC (Hospital Epidemiologic Control) da First Solution,
permitindo calcular taxas de incidência destas estirpes, detetar precocemente casos de
infeção/colonização e controlar surtos.
Tipo de estudo: Vigilância ativa de casos de infeção a C. difficile internados no CHTV;
População: Doentes internados com notificação em HEPIC;
Recolha de dados: Grelha de auditoria com visita aos serviços 2 vezes/semana;
Tratamento de dados: Recurso ao programa EXCEL.
Desenvolvimento e discussão: O aumento exponencial das notificações laboratoriais da toxina de
Clostridium difficile em 2012 poderá corresponder a maior incidência da doença e/ou a redobrada
atenção dos clínicos para este tipo de infeção, com incremento dos pedidos. Assim, perante o número
elevado de casos e no sentido de melhorar as práticas dos profissionais, em 2013 (já com a edição do
Manual de Higienização Ambiental, complementado com checklists), a CCIRA concretizou um programa
de formação em serviço sobre a temática dos Isolamentos e Higiene Ambiental. Foram abrangidos todos
os serviços clínicos, tendo como destinatários enfermeiros e assistentes operacionais num total de 323
Enfermeiros e 245 Assistentes Operacionais. Para continuar a desenvolver o ciclo de melhoria da
qualidade foi reformulada a vigilância contínua de doentes com precauções adicionais, onde se inclui o
Clostridium difficile, através de auditoria às estruturas e práticas, abrangendo os seguintes padrões:
Concretização das medidas de isolamento;Utilização de sinaléticas; Disponibilidade e adequação de
EPI’s; Cumprimento dos checklists de limpeza ambiental.As notificações de alertas desencadeiam um
conjunto de intervenções que incluem a consulta do processo (GLINTT), o contacto telefónico imediato
e a visita aos serviços/unidades pela CCIRA, que informam e orientam os profissionais para a
implementação e cumprimento das medidas recomendadas. A monitorização do cumprimento das

EVIDÊNCIAS 66 nº2/2015
orientações faz parte das atividades regulares do núcleo de enfermagem da CCIRA até à descontinuação
das medidas, transferência, óbito ou alta do doente. Os resultados desta monitorização mostraram-nos
que é prioritário continuar a sensibilizar os gestores operacionais e membros dinamizadores da CCIRA
para a importância do cumprimento das recomendações para o controlo ambiental e isolamento de
doentes com precauções adicionais.
Conclusão: As orientações nacionais e internacionais elegem como estratégias para reduzir a incidência
de infeção associada a C. difficile a utilização judiciosa dos antimicrobianos, a lavagem das mãos, as
precauções de isolamento de contacto e as medidas de controlo ambiental. Com as sucessivas
mudanças no sistema de saúde, as intervenções dos peritos em controlo de infeção são um contributo
fundamental para a melhoria da segurança e qualidade da assistência prestada aos doentes. Esta forma
de intervenção tem como objetivo acompanhar os profissionais de forma a garantir que as práticas
recomendadas sejam implementadas e difundidas de forma sistemática e consistente.De uma forma
geral, a intervenção clínica, formativa e de assessoria técnica da CCIRA no acompanhamento dos casos
com gestão das práticas (ênfase na lavagem das mãos e higiene ambiental, com recurso a checklists de
higiene diária e terminal), contribui para a implementação de uma cultura institucional de segurança.
Referências bibliográficas:
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Internamento de Cuidados Continuados Integrados e na Comunidade. DGS: Lisboa.
Plano Nacional Controlo de Infeção (2005). Recomendações para as precauções de isolamento, precauções básicas
e precauções dependentes das vias de transmissão. INSARJ: Lisboa.
Provincial Infectious Diseases Advisory Committee (PIDAC) (2011). Routine Practices and Additional Precautions in
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Infections. Retirado de http://www.apic.org/Resource_/EliminationGuideForm/e3a85b7e-7ad8-4ab6-9892
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European Centre for Disease Prevention and Control (2013). Annual Epidemiological Report 2012. Reporting on
2010 surveillance data and 2011 epidemic intelligence data. Stockholm: ECDC

EVIDÊNCIAS 67 nº2/2015
NORMAS DE PUBLICAÇÃO DA REVISTA “EVIDÊNCIAS”

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demonstrem clara relevância para o avanço relevância de acordo com a literatura. Objetivos do
científico da problemática em estudo. estudo.
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conteúdo dos artigos, bem como, o respeito pelos Apresentação do estado da arte relativa ao tema em
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originalidade do artigo, do cumprimento dos estudo/ Desenho. Instrumentos de colheita de
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interesse encontra-se em anexo para preenchimento Técnicas de análise de dados utilizadas.
do primeiro autor (DA). Resultados: Apresentação e análise de dados.
Sugere-se que os apoios, financiamentos ou Rigor da análise.
colaborações externas sejam mencionados na secção Discussão: Análise comparativa dos resultados com
de agradecimentos. o conhecimento existente acerca do tema e
relevância dos novos conhecimentos que emergem
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A publicação dos artigos na “EVIDÊNCIAS” pode ser objetivos/questões/hipóteses de investigação. Os
sob a forma de artigo de investigação original, artigo resultados devem suportar ou refutar a temática
de revisão, artigo teórico ou artigo de opinião. Estes estudada e apresentada no artigo. Limitações do
deverão ser enviados em suporte informático, para estudo. Implicações para as Ciências da Saúde e
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formulário de auto verificação, para além da Agradecimentos: (facultativo) Devem ser
Declaração do Autor, que se encontram na página evidenciados todos os apoios, financeiros, técnicos
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e o contato para correspondência. peso de autoria.
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português, inglês ou espanhol. O título, o resumo e Associação Americana de Psicologia (APA). As
as palavras-chave têm de estar nos 3 idiomas. O referências devem ser de fonte primária, incluídas
texto deve ser datilografados, letra Calibri, tamanho no texto, cuja apresentação deve ser feita por ordem
11, espaço 1,5, em formato Word justificado, alfabética. Sugere-se a integração de uma referência
páginas em formato A4, evitando negritos e publicada na Revista Evidências.
sublinhados, variação de tipo de letra, fundos de cor,
etc. O artigo não deverá ultrapassar as 15 páginas (Exemplos)
incluindo referências, quadros e figuras.
Os quadros e as figuras só devem ser incluídos se ESPECIFICAÇÃO DE AUTOR
absolutamente necessário para a compreensão do Com 1 Autores
artigo. Têm de ser identificados ao longo do texto Bolander, V. (1998)
com a numeração por ordem de inclusão. Os
quadros têm de apresentar o número e título em Com 2 a 7 Autores:
cabeçalho. As figuras têm de apresentar a sua Roper, N., Logan, W. & Tierney, A. J
identificação no rodapé. No caso de conterem
abreviaturas, devem ser apresentadas nos rodapés Com mais de 7 autores:
das mesmas. Cooper, l., Eagle, K., Home, L., Robertson, A., Taylor,
D., Reims, H. … Smith, W.A.
Os artigos científicos deverão conter o seguinte:
Editor como Autor: Atas de congressos
Melo, M. C., & Lopes, J. M. (Eds). Congresso Nacional de bibliotecários, arquivística e
documentalista (1987). Integração europeia: um
Autor Coletivo: desafio à informação: atas de conferência. Coimbra:
Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Minerva, 1987.
Portuguesa de Oliveira de Azeméis
ARTIGOS DE PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
Sem Autor Expresso: (Nota: A nível de autores segue as regras do livro)
Entrada pelo título se a obra é anónima no local do
autor coloca-se Anónimo Gomes, R. M. (2012, Janeiro). Serra da Estrela.
Revista Fugas, 152, (4), 20-21.
PUBLICAÇÃO SEM ANO
Autor (s.d.). DOCUMENTOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS
Decreto-Lei nº 192/89 de 08 de Junho (1989). Diário
LIVROS da República nº 131/89. I Série. Ministério, da
Um autor agricultura pescas e alimentação. Lisboa, Portugal
Bolander, V. (1998). Enfermagem Fundamental. (1ª
ed). Lisboa: Lusodidacta, 1998. PORTARIA nº 1111/89 de 29 de Dezembro (1989)
Diário da República nº 298. I Série. Ministérios das
Dois a sete autores Finanças e da Indústria e Energia. Lisboa, Portugal
Roper, N., Logan, W. & Tierney, A. J. (1995). Modelo
De enfermagem. (3ª ed.) Alfragide: McGraw-Hill DOCUMENTOS ELETRÓNICOS
Livros
Oito ou mais autores, coloque os seis primeiros Almodovar, A., & Cardoso, J. L. (1998). A history of
nomes dos autores, seguido de reticências e o portuguese economic thougth London: Routledge.
último autor Retirado de
Benavente, A., Silva, R., Gomes, P., Aníbal, A., URL:http://www.ebrary.com/lib/mctbrasilia
Guerra, B., Santos, P.,… Simões, C. (1987). Do outro
lado da escola. Lisboa. Instituto de Estudos para o Artigos de publicações periódicas
Desenvolvimento. Nono, M. A. & Mizukami, N. (2002). Casos de ensino
e processos de aprendizagem profissional docente.
Editor literário Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 83 (203),
Akai, K., Hayashi, M., & Nishimatsu, Y. (Eds). (1981). 172. retirado de
Weak rock: soft fractured and weathered rock: http://site.ebrary.com/lib/mctbrasilia/Doc?id=10055
proceedings of the international symposium Tokyo, 894&ppg=172>. ISSN 0034-71803.
1981. Rotterdam: A. A. Balkema,
CITAÇÕES
Capítulo de livros A citação de ideias permite identificar a publicação
Napolitano, J. (2013). Development, sustainability onde estas foram obtidas e quando referenciadas
and internacional politics. In L. Meuleman (Ed.), por diferentes autores, estes devem ser
Transgovernance: Advancing sustainability apresentados por ordem alfabética. Nas citações de
governance (pp. 163-211). Berlin: Springer onde foram obtidas ideias, estas terão só menção ao
nome do autor e o ano.
Coletividade autor: Ex.: (Benner, 2001) ou segundo Benner
Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde. (2004). (2001).
Plano Nacional de Saúde 2004-2010. Lisboa: Direção
Geral da Saúde Numa citação de excerto de parte de uma
obra/documento, para evitar o plágio, é necessário
Teses, dissertações e outras provas académicas indicar com precisão, a página de forma que o leitor
FERREIRA, P. (2004). Melhoria contínua da qualidade a possa recuperar. As citações devem seguir alguns
na prestação de cuidados de saúde ao doente princípios:
diabético tipo 2 (Tese de Mestrado). Instituto de Ex.: Benner (2001, p. 236) diz-nos: “As
Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina. enfermeiras têm poder”.

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