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A OBTENÇÃO DE MATÉRIA PELOS SERES

AUTOTRÓFICOS

A energia luminosa e/ou química que os seres autotróficos captam, não é


utilizada diretamente pelas células, sendo que parte dessa energia é
transferida para um composto – o ATP (adenosina trifosfato) que é a fonte
de energia utilizável pela célula. Este é formado por:

§ Adenina – base azotada


§ Ribose – açúcar com cinco carbonos
§ Três grupos fosfato – compostos inorgânicos

Uma vez que as células não têm armazenadas grandes quantidades de


ATP, a transferência de energia depende do ciclo ATP – ADP.

Da hidrólise de uma molécula de ATP forma-se adenosina difosfato (ADP)


e liberta-se um grupo fosfato. Se a adenosina difosfato se hidrolisar, vai
formar-se a adenosina monofosfato (AMP), com libertação de outro grupo
fosfato.

A hidrólise de ATP trata-se de uma reação exoenergética, uma vez que há


transferência de uma determinada quantidade de energia que pode ser
utilizada nas atividades celulares, pois a energia mobilizada para romper as
ligações químicas é menor do que a energia transferida durante a formação
de novas ligações.

Por outro lado, quando ocorre síntese de ATP a partir de ADP e do ião
fosfato (fosforilação do ADP), a reação é endoenergética pois a energia
mobilizada para romper as ligações é maior do que a energia que se
transfere quando se formam novas ligações.
As reacções exoenergéticas a nível celular permitem a formação de ATP,
pois a energia é transferida para essa molécula. As reacções
endoenergéticas utilizam a energia transferida durante a hidrólise de ATP.

FOTOSSÍNTESE
A fotossíntese é o processo utilizado pelos seres fotoautotróficos para a
produção de matéria orgânica a partir de água e dióxido de carbono, na
presença de energia luminosa. Durante a fotossíntese a energia luminosa é
convertida em energia química, que surge sob a forma de um produto de
reação – a glicose. Posteriormente, a glicose é convertida noutras
substâncias orgânicas, como por exemplo a amido. A fotossíntese ocorre,
principalmente, ao nível das folhas das plantas. Por isso, nas células
vegetais que constituem as folhas, encontra-se uma grande densidade de
cloroplastos e, consequentemente, uma grande quantidade de pigmentos
fotossintéticos. As bactérias fotoautotróficas, uma vez que não apresentam
cloroplastos, realizam a fotossíntese ao nível de membranas internas, onde
se localizam os pigmentos fotossintéticos.

Os cloroplastos são organelos celulares, de forma variada, delimitados por


uma dupla membrana lipoproteica (com constituição idêntica à membrana
plasmática). A membrana interna do cloroplasto invagina para o interior do
organelo formando várias lamelas – os tilacoides – os quais se encontram
sobrepostos formando o granum. Nas membranas dos tilacoides
encontram-se os pigmentos fotossintéticos, como a clorofila, os carotenos e
as ficobilinas, que têm a capacidade de absorver energia luminosa e
convertê-la em energia química. Os tilacoides estão mergulhados
no estroma, um material amorfo onde também se podem encontrar
partículas de amido e gotículas de lípidos.
A clorofila a e b, os carotenos e as xantofilas são os principais pigmentos
presentes nas células das plantas.
O espectro luminoso e a Fotossíntese
O espectro solar é constituído por radiações com diferentes comprimentos
de onda, que vão desde as ondas rádio (elevado comprimento de onda,
baixa energia), até aos Raios Gama (baixo comprimento de onda, elevada
energia). Entre as várias radiações do espectro, o olho humano apenas
consegue visualizar luz com comprimentos de onda compreendidos entre
os 380nm e 750nm – espectro da luz visível ou luz branca. Esta, ao
atravessar um prisma ótico, decompõe-se nas várias radiações que a
constituem e que variam entre o violeta e o vermelho.

A experiência de Theodore Engelmann


Theodore Engelmann realizou uma experiência que consistiu na
observação ao microscópio ótico, de um filamento de Spirogyra(alga
filamentosa), entre lâmina e lamela, usando como meio de montagem água
com bactérias aeróbias (que utilizam O2 na sua respiração). Ele observou
que quando a luz branca incidia sobre a lâmina, as bactérias estavam
uniformemente dispersas pela preparação, no entanto, ao adaptar um
prisma ao microscópio, que decompôs essa luz branca, verificou que, ao
fim de algum tempo as bactérias se encontravam aglomeradas junto às
zonas vermelho – alaranjada e azul-violeta. Esta observação permitiu
concluir que estes comprimentos de onda são os mais eficazes para a
realização da fotossíntese, uma vez que as bactérias deslocaram-se para
essas zonas à procura oxigénio fornecido pela Spirogyra através da
fotossíntese. Ou seja, estas radiações são as mais absorvidas pelas
plantas de cor verde, uma vez que a maiores taxas fotossintéticas
correspondem as maiores taxas de absorção de radiação. Efetivamente, as
plantas de cor verde não absorvem as radiações com comprimentos de
onda correspondentes à cor verde, essas são refletidas, daí vermos a cor
verde nas plantas.
A Fotossíntese ocorre em duas etapas:
1. Fase fotoquímica: é a fase em que a energia luminosa é captada e
convertida em energia biologicamente utilizável. Tem lugar nos
tilacoides dos cloroplastos. Esta fase envolve as seguintes etapas:
§ Fotólise da água: na presença de luz, as moléculas de água

dissociam-se em oxigénio, que se liberta, hidrogénio (que será


utilizado noutras etapas) e eletrões (a água é o dador primário de
eletrões; estes vão repor os eletrões perdidos pela clorofila, após
excitação pela absorção luminosa).
§ Oxidação da clorofila a: a clorofila a, ao absorver energia luminosa

fica excitada e liberta eletrões que são transferidos para uma cadeia
transportadora de eletrões, ficando oxidada.
§ Fluxo de eletrões: os eletrões ao passarem através das cadeias

transportadoras, vão baixando o seu nível energético. Essas


transferências de energia que ocorrem permitem a fosforilação da
molécula de ADP, que a passa a ATP – fotofosforilação.
§ Redução do NADP+: os protões provenientes da fotólise da água,

juntamente com eletrões provenientes do fluxo eletrónico da cadeia


de transportadores, São fundamentais para reduzir uma molécula
transportadora de hidrogénio NADP+ (nicotinamida adenina
dinucleótido fosfato), transformando-se em NADPH.
2. Fase química – ciclo de Calvin: corresponde ao conjunto de reações
da fotossíntese não dependentes da luz, ocorre no estroma dos
cloroplastos e analisa o percurso do CO2 desde a entrada no
processo até à sua integração em compostos orgânicos. A síntese de
compostos orgânicos necessita da presença de CO2, ATP e NADPH.
Nesta fase a Ribulose difosfato, um composto com 5 átomos de Carbono e
dois átomos de fósforo, combina-se com o CO2absorvido para formar um
composto com 6 átomos de Carbono, extremamente instável. Este
rapidamente se desdobra em dois compostos com três átomos de carbono
cada, o ácido fosfoglicérico – PGA. As duas moléculas de PGA formadas
são fosforiladas pelo ATP e reduzidas pelo NADPH, formados na fase
fotoquímica, originando cada uma delas outro composto, o aldeído
fosfoglicérico – PGAL, que continua a ter três carbonos. Estas duas
moléculas de PGAL vão seguir dois caminhos diferentes. A maior parte vai
intervir na regeneração da Ribulose difosfato, outra parte é utilizada para
síntese de outras substâncias no estroma, principalmente síntese de
glicose, sendo necessário que o ciclo se repita seis vezes, para se formar
uma molécula de glicose.

QUIMIOSSÍNTESE

Ao contrário das plantas, alguns seres vivos, conseguem reduzir o dióxido


de carbono sem utilizar a energia luminosa – são
seres quimioautotróficos ou quimiossintéticos. Neste caso não ocorre
fotossíntese mas sim quimiossíntese. Como não há recurso à energia solar,
a energia usada é proveniente da oxidação de compostos minerais. Estes
são os dadores primários de eletrões e não a água.
Tal como na fotossíntese, também aqui podemos considerar duas etapas:
1. Oxidação de substratos minerais: é desta oxidação que resulta um fluxo
de eletrões e protões provenientes do substrato considerado, formando-
se um composto redutor, o NADPH e moléculas de ATP. Parte da
energia aqui mobilizada é transferida para as moléculas de ATP.
2. Etapa equivalente à fase química da fotossíntese: nesta fase ocorre a
redução do CO2 o que conduz à síntese de substâncias orgânicas.

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