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“Os enfermeiros no bloco operatório são como os músicos de uma orquestra, sem

eles não existe processo”

Por Sofia Filipe


 
A Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses (AESOP)
tem uma ação nacional para assinalar o Dia Europeu do Enfermeiro
Perioperatório agendada para 15 de fevereiro. O flash mob realiza-se em
várias cidades e a coreografia foi a forma escolhida para dar a conhecer a
atividade dos enfermeiros perioperatórios e a importância que assumem nas
intervenções cirúrgicas.
Em entrevista ao HdF Mercedes Bilbao, enfermeira e presidente da
AESOP, explicou melhor a função destes enfermeiros e o papel da
associação que preside na formação e na atividade profissional.
 
HdF: Quando é que a Associação dos Enfermeiros de Sala de
Operações Portugueses (AESOP) foi criada?
MB: Foi oficialmente criada em 1986, por escritura notarial. No entanto,
um ano antes, criou-se um grupo de profissionais que desenvolveu a ideia e
que convocou uma assembleia geral para aprovação dos estatutos.
 
HdF: Quais são os objetivos da associação?
MB: São objetivos da AESOP promover a qualidade dos cuidados
prestados no bloco operatório; desenvolver a investigação na área dos
cuidados perioperatórios; assegurar a formação contínua dos seus sócios;
salvaguardar os interesses profissionais; e promover social e
deontologicamente os seus associados.
 
HdF: Qual a importância da AESOP para os enfermeiros
perioperatórios?
MB: A Associação, enquadrada nos seus objectivos, organiza formação
para os enfermeiros perioperatórios, emite pareceres sobre enfermagem e
prática clinica perioperatória, define e normaliza a prática de cuidados de
saúde no âmbito do bloco operatório. Em resumo, a AESOP orienta de
forma científica o desempenho profissional dos enfermeiros
perioperatórios. Em termos de importância parece-nos que a AESOP é
reconhecida como uma referência profissional dentro da comunidade dos
enfermeiros em geral e dos enfermeiros perioperatórios em particular.
 
HdF: O que diferencia os enfermeiros perioperatórios dos restantes?
MB: Estes enfermeiros trabalham numa área de cuidados especializada e
reconhecida mundialmente como tal. Em termos históricos foi uma das
primeiras especializações desenvolvidas formalmente. A sua preparação é
muito longa, pois tem que incluir o desenvolvimento de conhecimento
generalista, associado a conhecimento especializado. Na área do
conhecimento especializado, a gestão dos riscos associados ao processo
cirúrgico em geral, a prevenção e controlo de infecção ou a gestão da
comunicação multiprofissional são características que  determinam a
prática da enfermagem perioperatória.
 
 HdF: Os enfermeiros perioperatórios têm preparação específica ao
nível académico?
MB: Na atualidade essa preparação pós-graduada é informal, mas muito
longa (anos) e efectuada no contexto do trabalho diário, com uma
organização do desenvolvimento profissional efetuada por níveis e
competências adquiridas.
 
 HdF: Qual a sua importância em toda a envolvente das operações
cirúrgicas?
MB: Os enfermeiros no bloco operatório são como os músicos de uma
orquestra, sem eles não existe processo. Não querendo com esta afirmação
dizer que os solistas não são importantes ou que o maestro não é
necessário; o que quero afirmar é que são a base de toda a organização do
ambiente perioperatório: logística; suporte dos cuidados de saúde; garantia
da segurança de doentes e profissionais; controlo de infecção; da
comunicação interdisciplinar; de ensino e informação à família.
 
HdF: No dia 15 de fevereiro assinala-se o Dia Europeu do Enfermeiro
Perioperatório. O que é que está preparado para comemorar esta
data?
MB: Este ano vamos ter, entre outras atividades, um flash mob de Norte a
Sul do país, para chamar a atenção dos cidadãos sobre a enfermagem
perioperatória: quem são os enfermeiros perioperatórios, o que fazem,
quantos são necessários numa sala de operações para garantir a segurança
do doente e dar resposta às suas necessidades. Também desta forma
pretendemos demonstrar como é possível uma disseminação de informação
transversal, que corresponde a esta busca contínua de uniformização de um
nível tendencialmente elevado de cuidados que pretendemos que o cidadão
português receba quando submetido a procedimentos cirúrgicos. Se
conseguimos dançar todos ao som da mesma música, também estamos
aptos a garantir um mesmo nível de cuidados perioperatórios ao cidadão
nacional!

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