Você está na página 1de 19

Invasão muçulmana da Península Ibérica

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Ocultar
Foram assinalados vários problemas nesta página ou
se(c)ção:

 Não tem fontes.
 Texto necessita de revisão, devido a
inconsistências e/ou dados de confiabilidade
duvidosa.
 Precisa de correção textual.

Invasão muçulmana da Península


Ibérica

Desenho do livro Las Glorias Nacionales (1852)


representando a Batalha de Guadalete (711), que
marcou o início da invasão islâmica da Península
Ibérica

Local Península Ibérica


Desfecho ocupação muçulmana da maior parte da
Península Ibérica

Combatentes

Mouros Reino Visigótico

Líderes e comandantes

Tárique Rodrigo
Muça ibne Noçáir
Abdalazize ibne Muça
A invasão islâmica da Península Ibérica, também referida como invasão
muçulmana, conquista árabe ou expansão muçulmana, refere-se a uma
série de deslocamentos militares e populacionais ocorridos a partir de 711, até
726, quando tropas islâmicas oriundas do Norte de África, sob o comando do
general berbere Tárique, cruzaram o estreito de Gibraltar, penetraram
na península Ibérica, e venceram Rodrigo, o último rei
dos Visigodos da Hispânia, na batalha de Guadalete. Após a vitória, termina
o Reino Visigótico.
Nos anos seguintes, os muçulmanos foram alargando as suas conquistas na
Península, assenhoreando-se do território designado em língua árabe como Al-
Andalus, que governaram por quase oitocentos anos.
A conquista Omíada da Hispânia foi a expansão inicial do Califado
Omíada sobre a Hispânia, estendendo-se em grande parte de 711 a 788. A
conquista resultou na destruição do Reino visigótico e no estabelecimento do
Emirado independente de Córdoba Abd ar-Rahman I, que completou a
unificação da Iberia governada por muçulmanos, ou Al-Andalus (711 – 1492). A
conquista marca a expansão ocidental tanto do Califado Omíada como do
governo muçulmano na Europa.

Índice

 1História
o 1.1Antecedentes
o 1.2A resistência asturiana
o 1.3A Reconquista
 2Cronologia
 3Aspectos populacionais
 4Referências

História
Antecedentes
Boa parte do território da Península era então dominada pelos visigodos. A
monarquia dos visigodos era eletiva. Com a morte do rei Vitiza em 710,
as cortes reuniram-se para eleger o seu sucessor, constituindo-se duas
facções em disputa pela eleição: o grupo de Ágila II e o de Rodrigo, o último rei
visigodo de Toledo.
Os partidários de Ágila II solicitaram apoio ao governador muçulmano de África,
Muça Ibne Noçair, abrindo-lhe as portas de Ceuta e incitando-o a enviar uma
expedição militar à Península. Quando se deu a invasão em 711, os judeus
auxiliaram o exército árabe, muitas vezes guarnecendo cidades
capturadas - isso aconteceu em Córdoba, Granada, Toledo e Sevilha. Isto
porque sob o reino Visigodo, tinha sido seguida uma política de
sistemático anti-semitismo, inclusive com baptismos forçados e proibição
de ritos judaicos. Ao longo do século VII, os judeus tinham sido
submetidos a espancamentos, executados, tiveram os seus bens
confiscados, taxados, proibidos de comerciar e alguns obrigados a
converter-se ao Cristianismo.[1] Os judeus sabiam ser melhor tratados pelos
invasores, apesar do estatuto de dhimmis, e apesar também do que está
escrito no próprio Alcorãoː Ó fiéis, não tomeis por amigos os judeus nem os
cristãos; que sejam amigos entre si. Porém, quem dentre vós os tomar por
amigos, certamente será um deles; e Alá não encaminha os iníquos. [2]
A resistência asturiana
Ver artigo principal: Reino das Astúrias
Série
História da península
Ibérica

Portugal Espanha

Pré-História

Período pré-romano

Invasão romana

Hispânia: Citerior e Ulterior

Bética; Cartaginense; Galécia; L
usitânia e Tarraconense

Migrações
bárbaras: Suevos e Visigodos

Invasão e domínio árabe

Período das taifas

A Reconquista e o Reino das


Astúrias

Reino de Leão

Aragão; Castela-
Portucale  
Leão e Navarra

Abdalazize ibne Muça subjugou a Lusitânia e a Cartaginense, saqueando as


cidades do Norte que lhe abriam as portas e atacando aqueles que lhe
tentaram resistir.
Às suas investidas escapou, porém, uma parte das Astúrias, no Norte, onde se
refugiou um grupo de visigodos sob o comando de Pelágio. Uma caverna nas
montanhas servia simultaneamente de paço ao rei e de templo de Jesus Cristo.
Por vezes, Pelágio e seus companheiros desciam das montanhas em surtidas
para atacar os acampamentos islâmicos ou as aldeias despovoadas de
cristãos. Um desses ataques, historiograficamente designado de batalha de
Covadonga (722), marcou, segundo muitos historiadores, o início do longo
processo de retomada dos territórios ocupados, ao qual se deu o nome
de Reconquista.
A partir do pequeno território, que Pelágio designou como Reino das Astúrias,
os cristãos (hispano-godos e lusitano-suevos), acantonados nas serranias do
Norte e Noroeste da Península, foram gradativamente formando novos reinos,
que se estenderam para o Sul. Surgiram os reinos de Castela, Leão (de onde
derivou mais tarde o Condado Portucalense e,
subsequentemente, Portugal), Pamplona e Aragão.
O reino das Astúrias durou de 718 a 925, quando Fruela II ascendeu ao trono
do Reino de Leão.
A Reconquista
Ver artigo principal: Reconquista
A Reconquista durou toda a Idade Média e só terminou no início da Idade
Moderna, em 1492, quando os muçulmanos foram definitivamente expulsos
pelos Reis Católicos, Fernando e Isabel.
A influência deixada pelos muçulmanos ainda pode ser percebida nas inúmeras
palavras do português e do castelhano que vieram do árabe, como "açúcar"
(azúcar), "alcaide", "almirante". Segundo o dicionário Houaiss, existem na
língua portuguesa cerca de 700 palavras de origem árabe.

Cronologia
O domínio muçulmano na Península Ibérica, então denominada al-Andalus,
durante a Idade Média pode ser dividido nas seguintes fases:
1º período (711 - 756): Invasão muçulmana da Península Ibérica e
estabelecimento de um emirado dependente do Califado de Damasco;
2º período (756 - 1031): O emirado tornou-se independente, sob Abderramão
I, em 756. Estabeleceu-se a capital em Córdova. Posteriormente os emires
tomaram o título de califas, ao ser fundado o Califado de Córdova, em 929:

 756 - 929. Estabelecimento do Emirado de Córdova, após a


proclamação de Abderramão I como emir independente;
 929 - 1031. Califado de Córdova, proclamado por Abderramão III.
3º período (1031 - 1492): Finda a hegemonia da família do primeiro-
ministro Almançor, o vitorioso, iniciou-se um período de anarquia (fitna de Al-
Andalus), alimentado pela ambição dos generais. Córdova aboliu o califado,
estabelecendo uma República. Com a desagregação do Califado, formaram-se
por toda a Hispânia variadíssimos pequenos estados independentes e rivais:
as taifas. Aproveitando-se de tal desordem, os cristãos apressaram o
movimento da Reconquista:

 1031 - 1085 - Primeiro período das taifas ou reinos islâmicos


independentes em al-Andalus, após a fragmentação do califado cordobês;
 1085 - 1144 - Império almorávida;
 1144 - 1172 - Segundo período das taifas;
 1172 - 1212 - Califado Almóada;
 1212 - 1238 - Terceiro período das taifas;
 1238 - 1492 - Reino nasrida de Granada.

Aspectos populacionais
A população sob o domínio muçulmano era muito heterogênea e constituída
por árabes e berberes, uns e outros muçulmanos, moçárabes (hispano-
godos que, sob o domínio muçulmano conservaram a sua religião, mas
adotaram as formas de vida exterior dos muçulmanos), cristãos arabizados
e judeus.
Os moçárabes, que constituíam a maioria da população, gozavam de liberdade
de culto e tinham leis próprias, mas a troco dessas vantagens eram obrigados
ao pagamento de dois tributos: o imposto pessoal de captação e imposto
predial sobre o rendimento das terras.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Reconquista
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
 Nota: Para outros significados, veja Reconquista (desambiguação).
Esta página cita fontes confiáveis, mas que não
cobrem todo o conteúdo. Ajude a inserir referências.
Conteúdo não verificável poderá ser removido.—
Encontre fontes: Google (notícias, livros e acadêmico) (Julho de
2020)

Reconquista

A rendição de Granada por Francisco Pradilla Ortiz

Data 718 – 1492
Local Península Ibérica
Desfecho  Vitória dos cristãos,
reconquistando a Península ibérica
 Fim da Reconquista para o Reino
de Portugal com a conquista de Faro
em 1249
 Fim da Reconquista com a
conquista de Granada em 1492

Combatentes
Muçulmanos:
Cristãos:
  Califado
  Reino de
Omíada
Navarra
(661-750)
  Reino de   Emirado de
Castela Córdova
  Condado (756-929)
Portucalense   Califado de
(868-1139) Córdova
templarios (929-1031)
  Reino de   Império
Leão Almorávida
  Reino de (1061-1147)
Aragão   Califado
Almóada
  Reino de
(1145-1269)
Portugal
(1139-1249)   Reino
(1249-1415) nasrida de Granada
(1145-1492)
  Império
Merínida
(1244-1415)
Líderes e comandantes
Reino de Portugal:

  D. Afonso
Henriques
  D. Sancho I
  D. Afonso
II
  D. Sancho
II
  D. Afonso
III
  D. Dinis
  D. Afonso
IV
  D. Pedro I
  D.
Fernando
Vítimas
? mortos ? mortos
[Expandir]
Cruzadas
A Reconquista é o processo histórico em que os reinos cristãos da Península
Ibérica procuraram dominar a região durante o período do Alandalus. Este
processo decorreu entre 718 ou 722 (data provável da Batalha de Covadonga,
liderada por Pelágio das Astúrias) e 1492, com a conquista do Reino de
Granada pelos reinos cristãos. O controlo progressivo da península ganhou
destaque por ter possibilitado a fundação de novos reinos cristãos como
o Reino de Portugal e o Reino de Castela, precursores de Portugal e
de Espanha.
Houve resistência em várias partes da Península e os muçulmanos não
conseguiram ocupar o norte da península Ibérica, onde resistiram muitos
refugiados cristãos; aí surgiria Pelágio, que se pôs à frente dos refugiados,
iniciando imediatamente um movimento para reconquistar o território perdido.
Houve avanços e retrocessos. Portugal quase terminou sua Reconquista em
1187, mas o sul foi invadido pelo Califado Almóada do Norte da África ou no
século X devido as constantes invasões islâmicas e entre outros, a desunião
ibérica favoreceu bastante os muçulmanos.
Os reinos ibéricos eram monarquias feudais, era eficiente para combater
incursões muçulmanas e razias mas dificultava o processo de Reconquista
devido a desunião dinástica e as guerras feudais. A ocupação das terras
conquistadas fazia-se com um cerimonial: cum cornu et albende de rege, isto é,
com o toque das trombetas e o estandarte desfraldado.
A ideia de guerra santa, pela cruz cristã, só veio a surgir na época
das Cruzadas (1096) e já em 1085, os reinos cristãos já haviam reconquistado
mais da metade da Península Ibérica. A reconquista de todo o território
peninsular durou cerca de cinco séculos, só ficando concluída em 1491 com
a tomada do reino muçulmano de Granada pelos reis Católicos.
Em Portugal, a reconquista terminou antes com a conquista definitiva da cidade
de Faro pelas forças de D. Afonso III, em 1249, o extremo sul do país estava
completamente despovoado, a população encontrava-se no centro-norte até ao
sul de Évora e Santiago do Cacém. O Algarve foi repovoado na segunda
metade do século XIII.
Índice

 1O termo "Reconquista": historiografia e tradição


 2Contexto histórico
 3A revolta
 4A oportunidade
 5A cultura militar na Península Ibérica
 6Cavalaria e infantaria
 7As mudanças tecnológicas
 8Os ataques
o 8.1Santiago Mata-Mouros
 9Os reinos cristãos
o 9.1Portugal na Reconquista
 10Cronologia da Reconquista
 11Ordens religiosas e Cruzadas
 12Fim do domínio árabe
 13Ver também
 14Referências
 15Bibliografia

O termo "Reconquista": historiografia e tradição


O termo "Reconquista" não é globalmente aceito, uma vez que os reinos
cristãos que "reconquistaram" os territórios da Península se constituíram
posteriormente à conquista islâmica. Apesar dessas monarquias se
autoproclamarem descendentes diretos e herdeiros do antigo reino visigodo,
não passaria de um desejo de legitimidade política, bem como uma tentativa
dos reinos cristãos justificarem as suas conquistas.[1] No entanto, a Reconquista
constituiu um verdadeiro processo restaurativo e libertador para a população
cristã (moçárabe) que vivia no Al-Andalus, uma vez que estes eram mais
tolerantes às diferentes religiões do que os seus sucessores reinos cristãos.

Contexto histórico
Ver artigo principal: Invasão árabe

Extensão da Reconquista no Território Almóada em 1157


Por volta do ano 711 a Península Ibérica foi invadida por soldados berberes,
comandadas por Tárique, obrigando os visigodos a recolher-se principalmente
na região de Astúrias, uma região no Norte da Península, que, pelas suas
características naturais, colocava grandes dificuldades ao domínio muçulmano.
Além disso, os muçulmanos podiam contornar essa região pois estavam mais
interessados em atravessar os Pirenéus e derrotar os Francos, do outro lado,
visto terem como objectivos conquistar todos os territórios à volta
do Mediterrâneo, o que acabou por não acontecer, pois foram derrotados pelos
Francos.
Assim, o período compreendido entre 711 e 1492 foi marcado, na Península
Ibérica, entre outros fatos, pela presença de governantes muçulmanos. Em
nome da recuperação da região, ocorreu um longo processo de lutas,
considerado por alguns como parte do movimento de cruzadas, resultando
finalmente na completa reconquista do território por parte dos cristãos.
Durante esta fase, dá-se o nascimento do Reino de Portugal e de diversos
outros reinos na Península Ibérica, tal como o Reino dos Algarves e o Reino de
Leão. Enquanto Portugal já em 1168 tinha seus limites muito próximos dos
atuais, a unificação da Espanha deu-se de forma gradual; até hoje ainda
existem movimentos separatistas.
No século XII, os almorávidas foram substituídos pelo Califado Almóada no
extremo Sul do território peninsular. Os almóadas surgiram em Marrocos,
descontentes com o insucesso dos almorávidas em revigorar os estados
muçulmanos fantoches na Península Ibérica, bem como em suster a
reconquista ibérica cristã. Isso porque os reinos cristãos ibéricos, que já haviam
reconquistado quase 3/4 da Ibéria no século XII, tinham juntos cerca de sete
milhões de habitantes, enquanto o Sul, dominado pelos mouros, tinha uma
população muito escassa em comparação.

A revolta
Antes de 750, os soldados berberes, que se acantonavam nas terras mais
ao norte, revoltaram-se contra os árabes: estes eram pouco numerosos e
chamaram tropas sírias, que dominaram a revolta. Em 718, Pelágio, chefe
dos visigodos, aproveita a desorganização muçulmana e dá início a um
processo de reconquista dos territórios hispânicos, que iria durar cerca de seis
ou sete séculos.
Estátua de Pelágio das Astúrias

Não se sabe muito sobre Pelágio: o nome não é gótico: os autores de


pequenas crónicas escritas pelo fim do século IX e no X procuram relacioná-lo
com os antigos reis visigodos, para estabelecerem uma relação entre os
guerrilheiros montanheses e a «restauração» do cristianismo em Espanha. Um
escritor árabe coevo diz que se tratava de um galego. Um historiador moderno
supõe que seria um servo que se conseguiu impor aos companheiros no
período de crise que seguiu a queda da monarquia; um outro considera-o um
nativo das Astúrias; outros autores consideram que Pelágio era duque da
Cantábria, parente, segundo a tradição, do rei Rodrigo.
Pelágio seria então o chefe daquele grupo de montanheses
(ástures e cântabros) que escaparam à dominação árabe da Península,
refugiados nas montanhas quase inacessíveis das Astúrias. O domínio
muçulmano na Península levava os guerreiros cristãos a porfiadas pelejas,
cada um querendo «gizar» um reino para si.
É em 722 que ocorre a primeira grande vitória dos ibero-cristãos contra os
mouros, na Batalha de Covadonga; dá-se assim a derrota dos
muçulmanos. Alexandre Herculano considera que o ardil de guerra que deu a
vitória a Pelágio tem muito de comum com aquele que Viriato pusera por vezes
em prática, cerca de novecentos anos antes: ainda que muito a custo, os
cavaleiros enviados em cilada para a floresta à esquerda das gargantas
de Covadonga, puderam chegar aí sem serem sentidos pelos árabes. Aquando
da aproximação dos árabes, os cristãos recuaram e os primeiros, atribuindo ao
temor esta fuga simulada, precipitaram-se em sua direcção. Pouco a pouco, o
duque da Cantábria atraiu-os para a entrada da gruta de Covadonga. Ao som
da trombeta de Pelágio, do cimo dos rochedos surgiram guerreiros que
dizimaram os africanos e os renegados godos com tiros e lançando rochedos.
Na batalha de Auseba foram vingados os valentes que pereceram na Batalha
de Guadalete, nas margens do Chrysus, com a morte de vinte mil sarracenos.

A oportunidade

Cantiga 181 da Batalha de Marraquexe

Os cristãos esperavam esses combates na esperança de um avanço na


reconquista cristã, e encontravam nas montanhas das Astúrias um campo
propício. Delas desceu um dia um grupo de godos, capitaneados pelo referido
Pelágio, que infligiria aos sarracenos uma formidável derrota na batalha de
Cangas de Onís (cerca de 722), e que seria o primeiro elo dessa cadeia de
combates que, prolongando-se através de quase oito séculos, fez recuar
o Alcorão para as praias de África e restituiu a Península ao cristianismo.
Seguiu-se uma prolongada guerra civil, a cerca de 740, em consequência da
qual as terras para o norte do Douro ficaram livres, ou quase livres, dos
invasores, porque os berberes, que lá estavam, marcharam para o sul para
fazer guerra aos árabes. As populações hispano-góticas dessas regiões
puderam, então, levantar cabeça e colocaram-se do lado dos cristãos contra
esses mouros. A Galiza foi uma zona onde essa luta foi mais renhida e
devastadora. Antes de terminar o século VIII, por efeito do recuo dos mouros,
divididos por guerras internas, a Península Ibérica tinha duas zonas, cujo limite
passava, aproximadamente, por Coimbra, seguia o curso
do Mondego por Talavera, Toledo, Tudela e Pamplona. As populações não
estavam submetidas a nenhuma organização definida permanente, a não ser
ao clero.
Algumas sés (entre elas as do Porto e Braga) foram abandonadas
pelos bispos, mas o culto cristão nunca foi interrompido. Alguns historiadores,
entre eles Alexandre Herculano, tomaram à letra algumas frases
dos cronicões da reconquista, em especial o atribuído a Sebastião, bispo
de Salamanca.
Rezam as crónicas que foi Afonso I (um chefe asturiano) quem reconquistou
uma enorme região, que incluía toda a Galiza, o Minho, o Douro e parte da
actual Beira Alta, passando os mouros a fio de espada e levando consigo, para
norte, todos os cristãos que encontrou no território.
É essa a origem da teoria do  ermamento (ver também Desierto del Duero): se
todos os mouros foram mortos e todos os cristãos levados, a terra transformou-
se num grande deserto, onde a vida social parou e só veio a renascer a partir
da sua incorporação nos novos reinos cristãos. Este ponto de vista foi depois
corrigido. Os cristãos que foram levados para o norte podem ser explicados
pela necessidade de mão-de-obra. E, entre os mortos e os feridos, há sempre
alguns que escapam.

A cultura militar na Península Ibérica


Em situação de constante conflito, a guerra e a vida cotidiana foram fortemente
interligados durante este período. Pequenos exércitos, levemente equipados
reflete como a sociedade tinha que estar em estado de alerta em todos os
momentos. Estas forças são capazes de percorrer grandes distâncias em
tempos curtos, permitindo um rápido retorno para casa depois de eliminar e
saquear um alvo. As batalhas que tiveram lugar foram, principalmente entre
clãs, expulsando exércitos intrusos ou expedições de saque e pilhagem.
No contexto do relativo isolamento da Península Ibérica do resto da Europa, e
o contato com a cultura mourisca, as diferenças geográficas e culturais
implicava o uso de estratégias militares, táticas e equipamentos que eram
marcadamente diferentes daqueles encontrados no restante da Europa
Ocidental durante este período.
Os exércitos ibéricos medievais foram compostos principalmente de dois tipos
de forças: a cavalaria (principalmente de nobres, mas incluindo os cavaleiros
vilões a partir do século X) e a infantaria ou os peões (os camponeses). A
infantaria somente iria para a guerra, se era necessário, o que não era comum.

Cavalaria e infantaria
As táticas ibéricas de cavalaria envolvem os cavaleiros que se aproximavam do
inimigo e atirando dardos, antes de retirar-se para uma distância segura, antes
de iniciar um outro assalto. Uma vez que a formação dos inimigos estava
suficientemente enfraquecidos, os cavaleiros encarregados de empunhar
lanças (as lanças pesadas não chegariam a Hispânia até o século XI). Havia
três tipos de cavaleiros: os cavaleiros reais, os nobres cavaleiros (os
cavalheiros fidalgos) e os cavaleiros plebeus (os cavalheiros vilões). Os
cavaleiros reais eram principalmente nobres com uma estreita relação com o
rei, e, portanto, reivindicavam uma herança gótica direta.
Os cavaleiros reais foram equipados da mesma maneira como seu
antecessores góticos - os braceletes, o escudo pipa, uma espada longa
(projetado para lutar a partir do cavalo) e, assim como os dardos e as lanças,
um machado de origem gótico similar à francisca dos francos. Os cavaleiros
nobres vieram das fileiras dos nobres menores, enquanto os cavaleiros plebeu
não eram nobres, mas eram ricos o suficiente para pagar um cavalo.
Excepcionalmente, na Europa, esses cavaleiros compreendeu uma força de
cavalaria de milícia sem ligações feudais, estando sob o controle exclusivo do
rei ou a contagem de Castela por causa das "charters" (ou foros). Os cavaleiros
entre nobres e plebeus usavam armaduras de couro e levava dardos, lanças e
escudos redondos (influência dos escudos mouriscos), bem como uma espada.
Os peões eram os camponeses que iam para a batalha a serviço de seu
senhor feudal. Mal equipados, com arcos e flechas, lanças e espadas curtas,
eles eram usados principalmente como as tropas auxiliares. Sua principal
função no campo de batalha era conter as tropas inimigas até que a cavalaria
chegar e para bloquear a infantaria inimiga de atacar os cavaleiros.
O arco longo, o arco compósito (arco composto ou laminado construído de
madeira, osso ou chifre, e tendões de animais) e a besta são os tipos básicos
de arcos, e especialmente populares na infantaria. O lançamento de dardos e o
tiro com a funda, o arco e a besta era intensamente incentivado pela
população. O treino regular era muito importante para qualquer guerreiro.
Normalmente a armadura era feita de couro, com malhas e escamas de ferro;
os casacos cheios de cota de malha eram extremamente raros e a barda para
os cavalos completamente desconhecido. As proteções para a cabeça
consistiu em um capacete com protetor em volta do nariz (influenciado pelos
desenhos usados por Vikings que atacaram durante os séculos VIII e IX) e um
capacete de cota de malha. Os escudos eram muitas vezes redondos ou em
forma de rim, com exceção dos projetos em forma de pipa usados pelos
cavaleiros reais. Normalmente, adornado com desenhos geométricos, cruzes
ou borlas, escudos eram feitos de madeira e tinha uma capa de couro.
As espadas de aço eram a arma mais comum. A cavalaria usavam as espadas
longas de dois gumes, a infantaria usavam as espadas curtas de um gume. As
guardas eram reta ou semicircular, mas sempre altamente ornamentados com
padrões geométricos. As lanças e dardos eram de até 1,5 metros de
comprimento e tinha uma ponta de ferro. O machado de duas lâminas, feito de
ferro, e com 30 cm de comprimento e extremamente afiado e possuir uma
grande vantagem, foi projetado para ser igualmente útil como uma arma de
arremesso ou no combate corpo a corpo. As maças e os martelos não eram
comuns, mas alguns espécimes permaneceram, e são pensados para ter sido
usado por membros da cavalaria.
Finalmente, os bandos de mercenários foram um fator importante, como muitos
reis não tinham soldados suficientes disponíveis. Os escandinavos, os
lanceiros flamengos, os cavaleiros francos, os arqueiros montados mouros e a
cavalaria ligeira berbere foram os principais tipos de mercenário disponível e
utilizado no conflito.

As mudanças tecnológicas
Este estilo de guerra permaneceu dominante na Península Ibérica até o final do
século XI, quando expressa as táticas da lança pesada de cavalaria pesada
chegaram da França, embora as técnicas tradicionais de arremessos de dardos
com cavalos continuaram a ser usados. Nos séculos XII e XIII, os soldados
normalmente carregavam uma espada, uma lança, um dardo, e quer um arco e
flechas ou uma besta e virotes/setas. A armadura consistia de uma cota de
malha sobre um casaco de couro acolchoado, estendendo-se pelo menos até
os joelhos, um elmo ou um capacete de ferro, e as braçadeiras para proteger
os braços e os coxetes para as coxas, feitos de couro ou metal.
Os escudos eram redondos ou triangulares, feito de madeira, coberto com
couro, e protegido por uma faixa de ferro, os escudos dos cavaleiros e nobres
suportaria o emblema de armas da família. Os cavaleiros andava tanto no estilo
muçulmano, a la ginete (ou seja, o equivalente a um assento de jóquei
moderno), um cinto de estribo curto e joelhos permitidos para um melhor
controle e velocidade, ou no estilo francês, a la brida , uma cinta de estribo
longo permitiu mais segurança na sela (ou seja, o equivalente ao assento de
cavalaria moderna, que é mais seguro) quando atua como uma cavalaria
pesada. Os cavalos foram ocasionalmente também equipados com uma cota
de malha.

Os ataques
As razias eram feitas nos lugares onde os saques podiam ser compensadores,
e o facto de se repetirem várias vezes mostra que as populações estavam
enraizadas. À aproximação dos soldados (umas vezes mouros, outras vezes
cristãos), os aldeões faziam como em Coimbra: refugiavam-se nos montes e
voltavam depois para construir novas choupanas e continuar as sementeiras. E
estas dificuldades iam fortalecendo o poder popular. As condições sociais
desta época são pouco conhecidas. Apesar disso, há indicações de conflitos
sociais violentos entre os servos e os senhores feudais.
Os cristãos consideravam que o seu protector era Santiago (ainda hoje patrono
da Espanha), apelidado de Santiago Matamouros.

A Crónica Sebastianense e a crónica Albeldense falam-nos de uma revolta


de libertinos, isto é, descendentes de antigos escravos. Diz que se revoltaram
contra os senhores mas foram vencidos e «reconduzidos à escravidão». Em
alguns casos, as populações revoltavam-se após a incorporação dos territórios
em que habitavam no domínio cristão. Essas revoltas não eram de
carácter religioso: não existem indícios de uma profunda adesão dos povos
ao credo islâmico. Mas os «reconquistadores» não aceitavam as organizações
dos vizinhos que, entretanto, se tinham enraizado.
Santiago Mata-Mouros
Ver artigo principal: Santiago Maior
De acordo com outras tradições, Santiago teria aparecido miraculosamente em
vários combates travados em Hispânia durante a Reconquista Cristã, sendo a
partir de então apelidado de Matamoros (Mata-Mouros). Santiago y cierra
España foi desde então o grito de guerra dos exércitos da Península. Santiago
era também protector do exército português até à crise de 1383-1385, altura
em que o seu brado foi substituído pelo de São Jorge, trazido pelos ingleses
contra as hostes espanholas.

Os reinos cristãos
Ver artigo principal: Tabela cronológica dos reinos da Península Ibérica
O primeiro reino cristão foi o das Astúrias, fundado por Pelágio, e mais tarde
o Reino de Leão. Nos princípios do século X, a província de Navarra tornou-se
independente, formando o Reino de Navarra.
Os reis ásturo-leoneses foram alargando os domínios cristãos que atingiram
o rio Mondego (Afonso III de Leão, e, ao mesmo tempo, iam repovoando terras
e reconstruindo igrejas e mosteiros, ficando célebre na parte ocidental
o Mosteiro de Guimarães – com grandes propriedades rústicas e
muitos castelos por todo o norte do país.
Porém, já no século X, as discórdias entre os chefes cristãos enfraqueceram o
reino, e Almançor tomou a ofensiva destruindo Leão, a capital, e reduzindo o
reino cristão ao último extremo.
Mapa da evolução da conquista cristã.

No século XI, Sancho de Pamplona, rei de Navarra, anexou o condado de


Castela e, por sua morte, os seus estados foram divididos pelos três filhos,
sendo nessa altura os condados de Aragão e de Castela elevados à categoria
de reinos. O reino de Castela coube a Fernando I, o Magno, mas este em
breve se apoderou também do reino de Leão.
Fernando, rei de Leão e Castela, notabilizou-se na luta contra os muçulmanos
recuperando muitas terras, entre as quais Coimbra (1064), alargando assim
definitivamente os limites da reconquista até ao Mondego. Este monarca
desenvolveu o território entre o Douro e Mondego, o qual aparece designado
por Portucale, separadamente dos outros territórios da Galiza, com dois
distritos ou condados – Portugal e Coimbra – gozando de autonomia
administrativa, com magistrados próprios.
Fernando I, ao falecer (1065), repartiu os seus domínios pelos
filhos: Sancho ficou com Castela, Afonso com Leão e Astúrias, e Garcia com a
Galiza (e com ele o condado de Portugal), transformado no
independente Reino da Galiza. Depois de várias lutas entre os irmãos, morto
Sancho e destronado Garcia, Afonso VI de Castela reúne novamente todos os
estados de seu pai, tornando-se assim rei de Leão, de Castela e de Galiza.
Afonso VI, aproveitando as lutas entre os principados muçulmanos após a
desagregação do califado de Córdova (1031), prosseguiu a guerra contra os
infiéis e conquistou Toledo, onde fixou a capital.
Face às vitórias cristãs, os emires pedem auxilio
aos Almorávidas da Mauritânia, e estes, vindo à Península, derrotam os
exércitos cristãos na Batalha de Zalaca (1086). Porém, a oeste, os nobres
galegos e do condado portucalense, tomam Santarém e a
seguir Lisboa e Sintra (1093), estendendo assim a reconquista até ao Tejo.
Contudo, em 1110, uma reacção mais forte dos sarracenos trouxe-os de novo
até junto de Santarém e após um longo assédio a cidade rendeu-se,
diminuindo de extensão o poder dos leoneses. Santarém permanece então no
poder dos mouros até ser reconquistada definitivamente por D. Afonso
Henriques em 1147. Acudindo aos apelos de Afonso VI, entre os cavaleiros
de além-Pirenéus, vem Raimundo da Borgonha, filho do conde de Borgonha,
que casaria com D. Urraca, filha do rei de Leão e recebe deste (1093) o
governo de toda a Galiza até ao Tejo. No ano seguinte chega à Península D.
Henrique, irmão do Duque de Borgonha e primo de Raimundo, que recebe a
mão de D. Teresa, filha ilegítima de Afonso VI e recebe, depois, o governo da
província portucalense que fazia parte do Reino da Galiza - terra que seu
filho Afonso Henriques (revoltando-se contra ela e o seu padrasto Fernão
Peres de Trava) alargou e tornou em reino independente. Assim, a formação
do reino de Portugal foi uma frutuosa consequência das cruzadas do Ocidente.
O reino da Galiza passou a ser unicamente aquele ao norte do rio Minho,
ficando, com o tempo, mais dependente do poder do Reino de Castela —
limitada por Leão a Este e por Portugal a Sul, a Galiza assumia assim a sua
fronteira e Portugal seria o único a constituir um estado independente do
poder castelhano.
Depois de D. Afonso VI de Leão, o último grande reconquistador espanhol até
aos Reis Católicos, a reconquista contra o Califado Almóada foi prosseguida
pelos reis de Portugal, Castela, Aragão e pelos condes de Barcelona.
Portugal na Reconquista
D. Afonso Henriques, filho do conde de Portucale, iria revoltar-se contra a sua
mãe, conquistando a Independência de Portugal e iniciando a reconquista
portuguesa autonomamente. Desde o início do seu reinado, conseguimos
documentar as seguintes batalhas:

Reinado Acontecimento Local Ano

Afonso Henriques Fundação do Castelo Leiria 1135

Afonso Henriques Batalha de Ourique Ourique 1139

Afonso Henriques Tomada do Castelo Santarém 1147

Afonso Henriques Conquista de Lisboa Lisboa 1147

Afonso Henriques Batalha de Sacavém * Sacavém 1147

Afonso Henriques Tomada do Castelo Almada 1147

Afonso Henriques Tomada do Castelo Palmela 1147

Afonso Henriques Conquista Alcácer do Sal 1158


Afonso Henriques Conquista do Castelo de Cera Tomar 1159

Afonso Henriques Conquista de Évoramonte Évoramonte 1159

Afonso Henriques Conquista de Beja Beja 1159

Afonso Henriques Reconquista de Beja Beja 1162

Afonso Henriques Conquista de Évora Évora 1165

Afonso Henriques Tomada de Serpa Serpa 1166

Afonso Henriques Tomada de Moura Moura 1166

Afonso Henriques Batalha de Badajoz Badajoz 1169

Sancho I Conquista de Alvor Alvor 1189

Sancho I Cerco de Silves Silves 1189

Afonso II Batalha Navas de Tolosa Navas de Tolosa 1212

Afonso IV Batalha do Salado Cádiz 1340

* - Considerada lendária pela historiografia moderna

Cronologia da Reconquista
Ver artigo principal: Cronologia da Reconquista

Ordens religiosas e Cruzadas


Todos os reinos ibéricos puderam beneficiar do apoio de várias Ordens
Militares, das quais se destacam a Ordem dos Hospitalários e a Ordem dos
Templários, ordens de cavalaria militar e religiosa instituídas com o propósito
da cristianização.[2]
Portugal, especialmente, viria a beneficiar das Cruzadas em trânsito para
o Médio Oriente, tendo estas desempenhado um papel importantíssimo na
tomada de algumas cidades portuguesas e subsequente expansão, bem como
na fundação do próprio Reino de Portugal.

Fim do domínio árabe

Granada — entrega das chaves da cidade pelo próprio rei Boabdil à rainha Isabel I


de Castela.

Em 1492, com a conquista do reino de Granada, a Reconquista chegava ao


fim. Já os reinos da Galiza, Leão, Castela, Navarra e Aragão iniciavam uma
relativa unificação ao possuir um único rei (embora mantendo a autonomia
económica, administrativa e comercial), que posteriormente recebeu o nome
de Espanha. Juntamente com o reino independente de Portugal, debatiam-se
estes dois Estados pelas conquistas marítimas. Ainda com o apoio da Igreja,
ambos os reis estavam agora de olhos postos no Norte de África, nas praças
comerciais de renome, como Ceuta e Tânger, sob o pretexto da cristianização.
Caminhava-se, paralelamente, para a fase inicial dos Descobrimentos.

Ver também
 Reino das Astúrias
 História de Portugal e Espanha
 Listas de reis: Astúrias, Galiza, Navarra, Castela, Leão, Aragão, Portugal
 Tabela cronológica dos reinos da Península Ibérica
 Decreto de Alhambra

Referências
1. ↑ Lomax, Derik. «The Reconquest of Spain». Cambrige
University Press. doi:10.1017/S0165115300017460
2. ↑ PINHO, António Brandão de (2017). A Cruz da Ordem de Malta
nos Brasões Autárquicos Portugueses. Lisboa: Chiado Editora.
426 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2017

Bibliografia

Você também pode gostar