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ESTADUAL
2020
2 Da jurisdição e da ação.
Atualizado em 23/01/2020
Bom dia amigos estudantes e concurseiros. Nesta rodada estudaremos o tema “Da
Jurisdição e da ação”. Diferentemente do Ponto 1, o ponto 2 é sazonal. Isto é, em algumas
épocas, o tema é mais recorrente, mas em outras nem tanto. A tulo de exemplo, nas bancas da
FCC, o tema Jurisdição e Condições da Ação foi cobrado diversas vezes, enquanto que, nos
concursos da Vunesp, o tema não costuma cair. Mas, como sempre digo, temos que estar
preparados para tudo, pois cada ponto ob do é mais um passo para a aprovação. Vamos juntos.
Abraços e bons estudos.
Guilherme Rodrigues de Andrade.
1.1 DA JURISDIÇÃO
1.1.1 CONCEITO
A Jurisdição pode ser entendida como a atuação (poder-dever) estatal, que tem por
finalidade a aplicação do direito obje vo ao caso concreto, de forma que se resolve de maneira
defini va uma situação de crise jurídica e, assim, gera, com tal solução, a pacificação social
(Daniel Amorim Neves). Cumpre salientar que, neste conceito, não consta o tradicional
entendimento de que a Jurisdição se presta a resolver um conflito de interesse e subs tuir a
vontade das partes, até porque, em algumas situações, haverá o exercício da Jurisdição sem que
exista lide ou sem que a vontade das partes seja subs tuída.
Vedação à Autotutela - O Estado, como regra, veda aos cidadãos o exercício da
autotutela, ou seja, a busca pelo próprio indivíduo da solução do conflito. Assim, o Estado tem
um poder-dever de promover a Jus ça através da Jurisdição.
Exercício da Jurisdição por Outros Poderes e Ins tuições - A Jurisdição NÃO é função
exclusiva do Judiciário. Dessa forma, de maneira excepcional, esta poderá ser exercida pelos 5
outros Poderes e, em determinados casos, por ins tuições privadas. Ex.: Arbitragem (Art. 1º da Lei
de Arbitragem – Lei 9.307/96), Senado Federal (art. 52, I e II, da CRFB), Tribunal Internacional etc.
ATENÇÃO 1!
O Tribunal de Contas e as agências reguladoras NÃO exercem jurisdição, pois suas decisões
são passíveis de análise pelo Judiciário.
ATENÇÃO 2!
Neste modelo, apenas a 01 órgão se defere competência para dizer o Direito de forma
defini va, ou seja, fazendo coisa julgada material.
ATENÇÃO!
No Brasil, a jurisdição é UNA, ou seja, ela é indivisível; o que existe é uma repar ção de
competências.
Neste modelo há previsão de dois órgãos com competência para dizer o Direito de
forma defini va, cada qual com competências próprias. É o que ocorre, por exemplo, na França.
1.1.3.1 Unidade
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A Jurisdição é exercida, em regra, pelo Poder Judiciário, por intermédio de seus juízes
(art. 16 do NCPC), os quais decidem monocra camente ou mediante órgãos colegiados, daí
porque se diz que ela é una.
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território
nacional, conforme as disposições deste Código.
Significa que, em regra, o juiz não pode instaurar processo de o cio, sendo necessária a
inicia va da parte (princípio da demanda). Daí porque se diz que a jurisdição é a vidade
“provocada” e não espontânea do Estado.
Art. 2º. O processo começa por inicia va da parte e se desenvolve por impulso oficial,
salvo as exceções previstas em lei.
ATENÇÃO!
A prestação jurisdicional deve sempre ser realizada, ainda que para se dizer que o
direito não existe, ou, simplesmente, para se declarar a incompetência.
CF-88, Art. 5º. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
NCPC, Art. 3º. Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
Observe que, em regra, também NÃO é necessário se esgotar as vias administra vas
para se buscar a solução no Judiciário.
Exceção a esta regra é o Habeas Data (art. 8º, Parágrafo único, da Lei 9.507/97) e a
Jus ça Despor va (art. 217, §1º, CRFB), que tem como condição de procedibilidade o
esgotamento das vias administra vas.
ATENÇÃO!
No entanto, o STF vem entendendo que, para a concessão de bene cio previdenciário, é
necessário o prévio requerimento administra vo junto ao INSS, sob pena de ex nguir o
processo sem resolução do mérito por falta de interesse de agir, o que não viola o princípio da
inafastabilidade (RE 631240 / MG). Acompanhando o referido entendimento, a Primeira
Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.369.834-SP, na sistemá ca dos Recursos Repe vos,
passou a entender que “a concessão de bene cios previdenciários depende de requerimento
do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e
indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise”.
O Estado, através do Poder Judiciário, subs tuiu a solução que a priori deveria ter sido
perseguida pelos próprios conflitantes. Assim, há a subs tuição da vontade da parte pela
vontade da lei, imposta pela decisão judicial.
Exatamente em razão dessa caracterís ca é que se diz que a jurisdição é espécie de
HETEROCOMPOSIÇÃO dos conflitos.
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Algumas vezes, entretanto, esta subs tu vidade não estará presente, pois pode
ocorrer de um casal, de comum acordo, querer se divorciar, mas ter que submeter a questão ao
Poder Judiciário ante a existência de filho incapaz (art. 733 do NCPC).
1.1.3.8 Lide
É o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resis da. Regra geral, a
Jurisdição tem como fundamento uma lide que busca resolver no caso concreto. Dessa forma, a
Jurisdição busca a solução defini va dos conflitos.
1.1.3.10. Imparcialidade
O juiz deve ser imparcial no decorrer do processo. Assim, deve zelar para que as partes
tenham igual tratamento e igual oportunidade de par cipar na formação do convencimento
daquele que criará a norma que passará a reger o conflito de interesses.
Este princípio determina que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente”, devendo 1) haver a preexistência do órgão jurisdicional ao fato; 2) ser
proibido juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII, CRFB); 3) haver o respeito absoluto às 9
regras de competência.
Art. 5º, LIII, CRFB - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
Art. 5º, XXXVII, CRFB - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Pelo princípio do juiz natural entende-se que ninguém será processado senão pela
autoridade competente (art. 5.º, LIII, da CF).
O princípio pode ser entendido de duas formas dis ntas. A primeira delas diz respeito à
impossibilidade de escolha do juiz para o julgamento de determinada demanda, escolha essa
que deverá ser sempre aleatória em virtude de aplicação de regras gerais, abstratas e
impessoais de competência. Essa proibição de escolha do juiz a nge a todos; as partes, os
juízes, o Poder Judiciário etc.
Por outro lado, o princípio do juiz natural proíbe a criação de tribunais de exceção,
conforme previsão expressa do art. 5.º, XXXVII, da CF. Significa que não se poderá criar um juízo
após o acontecimento de determinados fatos jurídicos com a exclusiva tarefa de julgá-los, sendo
que à época em que tais fatos ocorreram já exis a um órgão jurisdicional competente para o
exercício de tal.
Todos têm direito não apenas ao devido processo legal, mas, principalmente, à efe vidade
do resultado (art. 5, LXXVIII da CF). Nesse princípio se inclui o da razoável duração do processo.
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CF-88, art. 5º. LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra vo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Segundo o art. 2º do NCPC, o processo civil começa por inicia va da parte, mas se
desenvolve por impulso oficial. Dessa forma, após a parte iniciar o processo, cabe ao magistrado
dar con nuidade a este.
Configura-se na possibilidade de revisão das decisões por outro órgão. O STF afirma
que este princípio não é garan a cons tucional plena, assim, em determinados casos não
haverá obrigatoriedade de duplo grau de jurisdição.
ATENÇÃO!
O órgão jurisdicional, uma vez provocado, não pode recusar-se, tampouco delegar a
função de dirimir os li gios, mesmo se houver lacunas na lei, caso em que poderá o juiz valer-se
de outras fontes do direito, como a analogia, os costumes e os princípios gerais (art. 4º, LINDB).
ATENÇÃO!
Nessa a vidade, o juiz compõe os li gios entre as partes. Tem como caracterís cas a
ação, a lide, o processo e o contraditório ou sua possibilidade. Presume-se que haja um li gio
que origina um processo que produz a coisa julgada.
Diz-se que a jurisdição voluntária é aquela em que não existe conflito, porque não há
efe vamente uma negação ao direito de uma das partes; nesses casos, existe apenas a
necessidade de uma decisão homologatória. Exemplo: o procedimento de interdição.
a) Teoria Clássica ou Teoria Administra vista (Nelson Nery, Arruda Alvim entre outros) –
para os adeptos dessa teoria, a jurisdição voluntária não tem natureza jurisdicional, mas
se trata, na verdade, de uma a vidade administra va, exercendo uma função a pica.
Seria apenas uma mera administração pública de interesses privados.
b) Teoria Revisionista ou Teoria Jurisdicionalista (Candido Rangel Dinamarco, Luiz
Guilherme Marinoni) – os adeptos dessa corrente, por sua vez, equiparam a jurisdição
voluntária à jurisdição contenciosa, pois entendem que, na jurisdição voluntária, há
também aplicação do Direito obje vo e tutela dos Direitos subje vos, embora sem
conflitos. Desta forma, também haveria jurisdição.
c) Teoria Automista (Ellio Fazzalari) - Essa corrente não coloca a Jurisdição voluntária
como Jurisdição, tampouco a situa como uma função administra va. Para eles, estaria
a Jurisdição voluntária como uma categoria autônoma, unitária. Seus seguidores
acreditam que deveria se acabar com o conceito tripar do de Montesquieu, para se
criar um Quarto Poder, qual seja: a jurisdição voluntária.
ATENÇÃO!
NCPC, Art. 3º. Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§1º - É permi da a arbitragem, na forma da lei.
§2º - O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§3º - A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos
deverão ser es mulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
"Ao analisar o disposto no art. 3º do Novo CPC, percebe-se uma notória tendência de
estruturar um modelo mul portas que adota a solução jurisdicional tradicional
agregada à absorção dos meios alterna vos". (Novo CPC – Fundamentos e
sistema zação/Humberto Theodoro Júnior, Dierle Nunes, Alexandre Melo Franco Bahia,
Flávio Quinaud Pedron – 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 241).
Esta é jurisdição não estatal. Consiste no julgamento do li gio por terceiro imparcial,
escolhido pelas partes.
1.1.7.1.1 Cabimento
A arbitragem somente pode ser convencionada por pessoas maiores e capazes e com
relação a direitos disponíveis (art. 1º da Lei 9.307/96).
ATENÇÃO!
A compreensão a respeito dos direitos que podem ser subme dos à Arbitragem foi cobrada
pela BANCA FCC NA PROVA DO CONCURSO DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE ALAGOAS
DO ANO DE 2019, tendo a banca examinadora considerado incorreta a seguinte asser va: 14
“por ter natureza jurisdicional, a arbitragem pode tutelar quaisquer direitos, patrimoniais
ou imateriais, disponíveis ou não”.
Hoje, o tratamento que nosso direito posi vo lhe dispensa (à arbitragem) atribui à
sentença arbitral a natureza de tulo execu vo judicial (art. 515, VII do NCPC), o que corrobora
com o entendimento da corrente doutrinária que trata a ARBITRAGEM COMO ESPÉCIE DE
JURISDIÇÃO PRIVADA e não como mero subs tu vo da jurisdição.
ATENÇÃO!
Não obstante a exequibilidade das sentenças arbitrais, é imprescindível falar que o árbitro
não tem poder coerci vo, de maneira que as sentenças arbitrais devem ser executadas pela
via judicial. Da mesma forma, se, em um contrato de confissão de dívida, ver inserida uma
cláusula compromissória dizendo que as partes deverão se valer primeiro da via arbitral, a
parte poderá ajuizar a ação de execução pela via judicial, uma vez que o contrato de confissão
de dívida, por si só, já é um tulo execu vo e, mesmo que haja previsão da cláusula
compromissória, o árbitro não tem poderes para penhorar bens do executado (STJ. 3ª Turma.
REsp 1.373.710-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015 - Info 560).
Lei nº 9.307/1996, Art. 1º. §1º - A administração pública direta e indireta poderá u lizar-
se da arbitragem para dirimir conflitos rela vos a direitos patrimoniais disponíveis.
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Como a Administração Pública deve obediência ao princípio da legalidade (art. 37, da
CF/88) e, a fim de evitar ques onamentos quanto à sua cons tucionalidade, a lei nº
13.129/2015 determinou que a arbitragem, nestes casos, NÃO poderá ser por equidade,
devendo sempre ser feita com base nas regras de direito. Confira:
Lei nº 9.307/1996, Art. 2º. §3º - A arbitragem que envolva a administração pública
será sempre de DIREITO e respeitará o princípio da publicidade.
1.1.7.2 Autocomposição
1.1.7.2.1 Conceito
1.1.7.2.2 Espécies
1.1.7.3. Conciliação 17
Na conciliação, um terceiro imparcial interveniente buscará, em conjunto com as
partes, chegar voluntariamente a um acordo, interagindo, SUGESTIONANDO junto às mesmas.
O conciliador pode sugerir soluções para o li gio.
Art. 165. §2º - O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não
houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o li gio, sendo
vedada a u lização de qualquer po de constrangimento ou in midação para que as
partes conciliem.
1.1.7.4 Mediação
Art. 165. §3º - O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo
anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os
interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação,
iden ficar, por si próprios, soluções consensuais que gerem bene cios mútuos.
O Novo Código de Processo Civil (lei nº 13.105/2015) trouxe como novidade procedimental o
tratamento da Conciliação e da Mediação no âmbito dos Tribunais, na PARTE GERAL, LIVRO III
(DOS SUJEITOS DO PROCESSO), TÍTULO IV (DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA), CAPÍTULO
III (DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA), SEÇÃO V (DOS CONCILIADORES E MEDIADORES JUDICIAIS),
art. 165 e seguintes.
Além do NCPC, a lei nº 13.140/2015, que trata sobre a mediação, é de extrema importância,
recomendando-se sua leitura.
1.1.7.5. Autotutela
1.2 DA AÇÃO
1.2.1.1 Conceito
a) Teoria Imanen sta ou Civilista - Segundo essa teoria, a ação é imanente ao direito
material controver do, de forma que a jurisdição só pode ser acionada se houver o direito
postulado. Em outras palavras, a ação seria o próprio direito material violado em estado de
reação à agressão ou ameaça de agressão a este direito. Segundo essa teoria não há ação sem
direito material.
ATENÇÃO!
A teoria eclé ca ou instrumental da ação foi a adotada pelo Brasil no Código de Processo Civil
(arts. 17 e 485, VI, do NCPC).
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legi midade.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
VI - verificar ausência de legi midade ou de interesse processual;
Pela teoria eclé ca da ação, adotada pelo ordenamento pátrio, são caracterís cas da
ação: (“ASPA”)
ATENÇÃO!
Antes de passarmos propriamente ao estudo das condições da ação, é preciso que o aluno esteja
ciente do seguinte: para alguns doutrinadores, diante da supressão da expressão “condições da
ação” do art. 485, VI do NCPC (em comparação com o art. 267, VI, do CPC de 1973), as condições
da ação teriam sido ex rpadas tanto da lei quanto da teoria geral do processo, sendo suas
hipóteses recebidas, ora como pressuposto processual, ora como análise de mérito.
Entretanto, ainda se mantém firme a existência de tais hipóteses como condições da ação,
conforme doutrinadores do porte de Humberto Theodoro Júnior e Daniel Amorim Neves em
suas mais recentes obras.
Por outro lado, cumpre ressaltar que desaparece no NCPC (ar go 485, VI) a possibilidade
jurídica do pedido, enquanto condição da ação. Todavia, conforme Daniel Amorim Neves:
ainda que não seja mais prevista como condição da ação, a possibilidade jurídica do pedido
não deixará fa camente de exis r, cabendo sua análise mesmo que no Novo Código de
Processo Civil sua presença passe a levar à ex nção do processo por falta de interesse de agir,
pressuposto processual ou improcedência da ação (pedido).
a) Interesse de agir;
b) Legi midade das partes.
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legi midade.
1.2.4.2.1. Conceito
A legi midade para agir diz respeito à tularidade passiva ou a va da ação; ou seja, consiste
em saber QUEM pode promover a ação e CONTRA QUEM ela poderá ser movida. A legi midade,
em regra (legi midade ordinária), está relacionada à relação jurídica de direito material.
Esta úl ma observação feita quanto aos direitos individuais homogêneos quer apenas
diferenciar a legi mação autônoma do processo cole vo (para quem entende que esta seria
diferente da legi mação extraordinária) da legi mação extraordinária. Em regra, a
legi midade é a ordinária, ou seja, a pessoa tem que ter relação jurídica de direito material
com a situação para discu r algo em juízo (ex: você me agride e eu ajuízo uma ação contra
você – eu ve minha integridade sica e minha honra violadas), conforme es pula o ar go 18
do NCPC, segundo o qual “ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico”. Mas veja que o próprio ar go 18, parte final,
permite que, caso previsto pelo ordenamento jurídico, alguém vá a ajuízo, EM NOME
PRÓPRIO, defender interesse de outro, situação em que atuará como LEGITIMADO
EXTRAORDINÁRIO. Para parcela da doutrina, tratando-se de direitos cole vos LATO SENSU, a
atuação do Ministério Público seria com base em uma legi mação extraordinária, já que o MP
não é o tular do direito, mas atuaria em seu próprio nome em defesa do direito de terceiros.
Mas outros doutrinadores defendem que LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA SE LIMITA À
TUTELA INDIVIDUAL, afirmando que por meio dessa espécie de legi mação se defende em
juízo um direito subje vo singular de tularidade DE PESSOA DETERMINADA. Segundo esta 23
corrente, sendo o direito difuso de tularidade da cole vidade (SUJEITOS INDETERMINADOS
E INDETERMINÁVEIS) e o direito cole vo de uma comunidade – classe, grupo ou categoria de
pessoas (sujeitos indeterminados, mas determináveis) –, inaplicável a eles a legi mação
extraordinária. Então, a advertência é justamente para quem entende pela existência da
legi mação autônoma do processo cole vo como outra espécie diferente da legi mação
extraordinária. Assim, para esta corrente, teríamos:
Direitos difusos e cole vos (pessoas indeterminadas, mas determináveis) – legi mação
autônoma.
Direitos individuais homogêneos (pessoas determinadas) – legi mação extraordinária.
ATENÇÃO!
O Ministério Público quando atua na Defesa de Menores, atua como subs tuto processual.
Sobre o tema, é importante o estudo da Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem
legi midade a va para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente
independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se
encontrar nas situações de risco descritas no ar go 98 do Estatuto da Criança e do
Adolescente, ou de quaisquer outros ques onamentos acerca da existência ou eficiência da
Defensoria Pública na comarca.
Atenção com essa diferenciação:
Ação de alimentos proposta pelo MP - Na ação de alimentos, o MP atua como subs tuto
processual, pleiteando, em nome próprio, o direito do infante aos alimentos. Para isso, em
tese, o Parquet não precisa que a mãe ou o responsável pela criança ou adolescente procure o 24
órgão em busca de assistência. O MP pode atuar de o cio. Aliás, na maioria das vezes o MP
atua quando há a omissão dos pais ou responsáveis na sa sfação dos direitos mínimos da
criança e do adolescente, notadamente o direito à alimentação.
Ação de alimentos proposta pela Defensoria - Na ação de alimentos, a Defensoria Pública
atua como representante processual, pleiteando, em nome da criança ou do adolescente, o
seu direito aos alimentos. Para tanto, a Defensoria só pode ajuizar a ação de alimentos se for
provocada pelos responsáveis pela criança ou adolescente.
As condições da ação são matérias de ordem pública, logo, sua falta, pode ser
reconhecida em qualquer grau de jurisdição, até mesmo de o cio pelo juiz; assim, não estão
sujeitas à preclusão. A consequência da falta de uma das condições da ação é a ex nção do
processo SEM a resolução do mérito.
Independentemente de não ter sido arguida a carência de ação, esta pode ser alegada
a qualquer tempo. Trata-se de uma objeção de natureza processual.
Em sede de STJ e STF, a ausência das condições da ação não pode ser conhecida se não
houver o preenchimento do requisito do preques onamento, ou seja, se não verem sido
discu das anteriormente. Isso porque, o ar go 105, III, da CRFB dispõe que “compete ao
Superior Tribunal de Jus ça julgar, em recurso especial, as causas DECIDIDAS, em única ou
úl ma instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios [...]”. Da mesma forma, dispõe o ar go 102, III, da CRFB que “compete ao
Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas DECIDIDAS em
única ou úl ma instância [...]”. Observa-se que, tanto no RESP quanto no RE, para a admissão do
recurso é imprescindível que a questão (condições da ação) já tenha sido DECIDIDA pelos
Tribunais, ou seja, é necessário o chamado preques onamento.
O NCPC NÃO prevê mais que o réu que não alegar em momento oportuno e vier a alegar
posteriormente arcará com as custas do prolongamento da ação, como era previsto no art.
267, §3º, do CPC de 1973.
É requisito processual de validade que se relaciona com a capacidade para estar em juízo,
quer dizer, de pra car atos processuais independentemente de assistência ou representação.
Esta refere-se à Capacidade de Fato ou de Exercício, que consiste na possibilidade de o
sujeito estar à frente de seus direitos e deveres (é o que os incapazes não podem fazer). Ou seja,
é a ap dão que o ser humano tem ou não de exercer os seus direitos. 26
A capacidade para ser parte relaciona-se com a ap dão para adquirir direitos e contrair
obrigações na órbita civil (personalidade judiciária).
Todas as pessoas naturais e jurídicas detêm capacidade para ser parte. Além dessas
pessoas, reconhece-se capacidade de ser parte a entes despersonalizados, como o espólio, a
massa falida e a herança jacente.
Esta refere-se à Capacidade de Direito também chamada de Capacidade de Gozo,
consiste na possibilidade que toda pessoa tem de ser sujeito de Direito, isto é, figurar num dos
polos da relação jurídica. É caracterís ca inerente ao ser humano, e nenhum pode ser privado
dessa capacidade pelo ordenamento jurídico, como está no Art. 1º do Código Civil: "Toda pessoa
é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”
Súmula nº 235 do STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles
já foi julgado.
Súmula nº 515 do STJ: A reunião de EXECUÇÕES FISCAIS contra o mesmo devedor
cons tui FACULDADE do juiz.
Súmula nº 383 do STJ: A competência para processar e julgar as ações conexas de
interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.
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Abaixo, o Enunciado do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) que se
refere a este ar go:
Enunciado nº 237 do FPPC: O rol do art. 55, § 2º, I e II, é exemplifica vo.
Art. 56. Dá-se a con nência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver iden dade
quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange
o das demais.
h) Juízo Prevento - O NCPC, em seu art. 59, impõe que o registro (quando a comarca
conta com apenas um juízo competente) ou a distribuição (quando na mesma comarca há mais
de um juízo competente) da pe ção inicial torna prevento o juízo.
1.2.8 PEDIDO 29
1.2.8.1 Conceito de Pedidos (Objetos)
O pedido é o núcleo da pe ção inicial, pois ele é aquilo que você pretende alcançar com
o processo.
Arts. 322 e 324 do NCPC - O NCPC determina que, em regra, o pedido deve ser certo e
determinado (an debeatum e quantum debeatum).
É permi da a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos,
ainda que entre eles NÃO haja conexão.
Para que essa cumulação seja admissível, é preciso:
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários
pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§1º - São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compa veis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o po de procedimento.
§2º - Quando, para cada pedido, corresponder po diverso de procedimento, será
admi da a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do
emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos
especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem
incompa veis com as disposições sobre o procedimento comum.
§3º - O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
PRÓPRIA IMPRÓPRIA
Na cumulação própria, o juiz se depara com 02 ou Na cumulação imprópria, o juiz se depara com 02
mais pedidos a serem julgados (A + B). ou mais pedidos, mas somente um deles será
Nesse caso todos serão julgados e poderão ser acolhido (A ou B).
acolhidos. A cumulação imprópria pode ser de 02 espécies:
A cumulação própria pode ser de 02 espécies: a) Eventual - O autor formula mais de um pedido,
a) Simples - Nessa cumulação não há relação em ordem alterna va, mas tem preferência pelo
entre os pedidos. O que rege essa cumulação é o acolhimento de um deles, o principal (acessorium
princípio da economia processual. sequitur principale).
b) Sucessiva - Nesse caso os pedidos são ligados b) Alterna va - O autor formula mais de um
(um depende do outro). Dessa forma, o pedido, mas pretende o acolhimento de apenas
acolhimento do pedido consequente (o um deles, excluído o acolhimento do outro (art.
prejudicado) depende do acolhimento do pedido 326, parágrafo único, do NCPC).
antecedente (o prejudicante).
Arts. 141 e 492 do NCPC - Determinam que o juiz não pode julgar nem fora nem além do
pedido. Assim, o julgamento se limita àquilo que foi pedido.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige inicia va da parte.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como
condenar a parte em quan dade superior ou em objeto diverso do que lhe foi
demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.
1.2.9.1 Conceito
Estas são os fundamentos do pedido. O juiz acolhe ou rejeita o pedido com base na
causa de pedir. Dessa forma, não é o pedido que é justo ou injusto e sim a causa de pedir.
ATENÇÃO!
Ressalta-se que há doutrinadores que invertem o conceito de causa de pedir remota e causa
de pedir próxima.
OBSERVAÇÃO:
ATENÇÃO!
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O novo Código aboliu a ação cautelar como objeto de processo autônomo. Destarte, as
tutelas urgentes conserva vas (cautelares), sa sfa vas ou da evidência devem ser
requeridas incidentalmente no bojo do processo principal (Humberto Theodoro Júnior).
Art. 2º O processo começa por inicia va da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as
exceções previstas em lei.
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1º É permi da a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser
es mulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.
LIVRO II
DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
TÍTULO I
DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional,
conforme as disposições deste Código. 36
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legi midade.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado
pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo subs tuição processual, o subs tuído poderá intervir como
assistente li sconsorcial.
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
II - da auten cidade ou da falsidade de documento.
Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do
direito.
Seção II
Do Pedido
CAPÍTULO XIII
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
Seção I
Disposições Gerais
Súmula 637 do STJ - O ente público detém legi midade e interesse para intervir,
incidentalmente, na ação possessória entre par culares, podendo deduzir qualquer matéria
defensiva, inclusive, se for o caso, o domínio.
Súmula 601 do STJ - O Ministério Público tem legi midade a va para atuar na defesa de direitos
difusos, cole vos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da
prestação de serviço público.
Súmula 594 do STJ - O Ministério Público tem legi midade a va para ajuizar ação de alimentos
em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos
pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto
da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros ques onamentos acerca da existência ou
eficiência da Defensoria Pública na comarca.
Súmula 572 do STJ - O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de
Cheques sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de no ficar previamente o devedor
acerca da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legi midade passiva para as ações de 41
reparação de danos fundadas na ausência de prévia comunicação.
Súmula 525 do STJ - A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos
ins tucionais.
Súmula 529 do STJ - No seguro de responsabilidade civil faculta vo, não cabe o ajuizamento de
ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado
causador do dano.
Súmula 521 do STJ - A legi midade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento
imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
Súmula 329 do STJ - O Ministério Público tem legi midade para propor ação civil pública em
defesa do patrimônio público.
Súmula 150 do STJ - Compete a Jus ça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico
que jus fique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.
Súmula 99 do STJ - O Ministério Público tem legi midade para recorrer no processo em que
oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.
Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legi midade para propor ação popular.
Súmula 630 do STF: A en dade de classe tem legi mação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respec va categoria.