Você está na página 1de 11

PORTFÓLIO - LICENCIATURAS MÓDULO A – FASE II EIXO 2 –

EDUCAÇÃO INCLUSIVA MÓDULO A


Tema: A escola e os tipos de inclusão Texto: artigo
Prática: Google presentations
OBJETIVOS
- Perceber a diferença entre os termos inclusão, exclusão, segregação e integração;
- Compreender a importância de uma escola inclusiva para o contexto atual de
sociedade e de educação;
- Pesquisar um tipo de deficiência e elaborar uma proposta de escola inclusiva para
este aluno;
- Elaborar um artigo acadêmico de acordo com o tema proposto;
- Elaborar, com as principais informações do artigo, uma apresentação do tema no
Google presentations
Observe a imagem e leia o artigo que segue:
1) Imagem:

Inclusão escolar: um desafio


Esteban Reyes Celedón
Doutorando em Literatura - UFRJ
Apresentação
Num movimento que se propõe dar vida à Declaração de Salamanca (Espanha,
1994) e ao Projeto de Resolução CNE / CEB 02/2001, onde no seu artigo 8o diz que “as
escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes
comuns: (VI) condições para a reflexão e elaboração teórica da educação inclusiva, com
protagonismo dos professores”, vimos a oferecer à SMEMP uma palestra abordando o
tema acima descrito.
Introdução
Nosso modelo educacional mostra há algum tempo sinais de esgotamento, faz-se
necessária a transformação. As diferenças culturais, sociais, étnicas e religiosas já faz
algum tempo que estão presentes na nossa escola (muito por ser o Brasil um pais de
multiplicidade). Porém, hoje vivemos num mundo onde é impossível fechar os olhos a
outra diferença. A diferença da igualdade. Todos nós temos o mesmo direito de ser
diferentes na igualdade. Isto é, somos todos seres humanos, e como tais, iguais. Contudo,
nunca antes se valorizou tanto o direito natural de cada um de nós se expressar conforme
suas próprias caraterísticas individuais. Quer dizer, o fato de ser bonito ou feio, magro ou
gordo, inteligente ou nem tanto, ter duas mãos ou não, poder andar com nossas próprias
pernas ou com ajuda, ser a nossa visão inferior ao do nosso vizinho, nossa audição aquém
do esperado, e assim por diante, nada disso nos faz 3 diferentes, continuamos iguais. A
diferença está em que cada um de nós pode elevar a sua mais alta potência suas
particularidades. O que nos faz diferente é se conseguimos ou não sobressair ao explorar
nossas particularidades. Um bom exemplo se dá nos esportes: o Brasil ganha mais
medalhas nas para-olimpíadas do que nas olimpíadas.
Este é o lado positivo da diferença. Porém, assim como a igualdade, a diferença
pode nos ajudar ou prejudicar. Por isso, temos o mesmo direito a sermos iguais e a sermos
diferentes. “Temos direito de ser iguais quando a diferença não inferioriza e direito de ser
diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. (Santos)
Diante dessa realidade, a escola não pode mais continuar ignorando os
acontecimentos (do Brasil e do mundo); ela é um espelho da sociedade, e se a sociedade
muda, ela tem a obrigação de mudar também. Se a sociedade somos todos, a escola é
para todos.
Desenvolvimento
1.- O que é educação inclusiva?
Temos de saber aonde queremos chegar para encontrar um caminho possível e
viável. Não existe “o caminho”, mas caminhos a escolher ou criar. E a escolha ou criação é
sempre correr riscos. Mas falta um dado relevante, saber aonde queremos chegar é
fundamental, mas para que o nosso trabalho/percurso seja viável, devemos, antes de
começarmos a caminhada, saber de onde partiremos, onde nos encontramos, onde
estamos (qual é a nossa situação atual). Por isso, devemos, primeiro, perguntarmos o que
entendemos quando ouvimos falar de educação inclusiva. O que entendemos por
Educação? O que entendemos por Inclusão?
Educação: Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral
da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social
(Aurélio).
Porém, mais do que seu significado, queremos saber do seu sentido, da sua
utilidade. Para além do Quê e do Por quê, queremos saber do Para quê e do Como.
Entendemos educação como um movimento orgânico e harmônico, um constante nascer,
um aparecer, um eterno tornar-se, um devir na sua mais alta potencialidade. (REYES, Da
Educação). Ou seja, educação não é um conceito ideal e imutável. O que se entendia
ontem sobre educação pode não mais ser válido hoje. Aurélio falava de integração; hoje
falamos de inclusão.
Inclusão: Ato ou efeito de incluir, isto é, de compreender (entender alguém, aceitá-
lo como é), abranger (conter em si, mas também, apreender, perceber, entender, alcançar,
atingir); em estudos da linguagem, inclusivo se diz da 1ª pessoa do plural, que inclui o
falante e o ouvinte. (no nosso caso, professores e alunos).
Em educação especial é o ato de incluir pessoas portadoras de necessidades
especiais na plena participação de todo o processo educacional, laboral, de lazer, etc.,
bem como em atividades comunitárias e domésticas. (Aurélio). Só que aqui não estamos
falando em “educação especial”, todos nós aqui fazemos parte da “educação”, sem
nenhuma restrição, sem nenhum favorecimento especial, sem nenhum preconceito. Ou
seja, nossa educação não se restringe às pessoas chamadas “Portadoras de
Necessidades Educacionais Especiais” (PNEE); é para todos. E se entendemos que todos
somos especiais e que todos, por natureza, temos nossas 4 necessidades, a educação
especial é para todos. Isto é, deve ser chamada apenas de educação, não havendo a
necessidade de uma outra educação, diferente do que a educação.
Obs. Não existem “necessidades educativas”, necessidades “que educam, que
servem para educar”, não faz sentido; existem campanhas educativas, filmes educativos,
etc. Educacional sim, “é o que concerne à educação, no âmbito da educação”; como em
“política educacional”, “direitos educacionais”, etc. (Sassaki).
Segundo a Declaração de Salamanca (introdução 3):
“O termo "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianças
ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de
deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades
de aprendizagem e portanto possuem necessidades educacionais especiais em algum
ponto durante a sua escolarização”.
Lembrando de Marsha Forest, inclusão é “estar com o outro e cuidar uns dos
outros”, dizer “seja bem-vindo!”. Inclusão trata de como nós lidamos com a diversidade,
com a diferença de uma maneira positiva (provocando bons afetos). Sabemos que não
somos todos iguais e tratamos a diversidade e a diferença com gratidão e respeito.
2.- O que é Sociedade inclusiva Vivemos hoje, no Brasil, numa sociedade
democrática, capitalista e de uma consciência de vida como nunca antes se viu. Todos
estes fatores reunidos acabam gerando um campo propício para a chamada inclusão
social. Seja por ideais ou por motivos financeiros ou mesmo morais, a verdade é que existe
uma tendência a incorporar (incluir) todas as pessoas na vida social, principalmente nas
grandes cidades. Quanto maior o número de eleitores, maior a representatividade do
político eleito, o que lhe concede maior legitimidade; quanto maior o número de
trabalhadores, maior o volume de comércio, o que acarreta numa economia mais estável;
quanto maior o número dos incluídos (e menor o dos excluídos ou esquecidos ou
marginalizados), mais justa e feliz será a sociedade. Parece uma questão matemática.
Quanto maior o número de elementos, maior fica o conjunto. Ganha-se força e diversidade
(a diversidade é fundamental para a sobrevivência de um grupo ou sistema).
A inclusão, muito mais do que submeter (que geralmente é feito pelo uso da força),
é abranger, acolher. A tendência hoje é de uma sociedade inclusiva, porque, pelos valores
que seguimos na atualidade, é a via que melhor satisfaz ao indivíduo em particular e à
sociedade em geral. Quando o indivíduo está e se sente incluído, tem mais chances de
vencer na vida, por se sentir mais seguro e ter de fato mais oportunidades. Por sua vez,
uma sociedade onde seus cidadãos conseguem se realizar como indivíduos, tem mais
chances de sucesso e estabilidade.
Para construir uma sociedade com mais aceitação, mais amor, mais cuidado e
compaixão, devemos nos esforçar por incluir, acolher a todos, sem exceção. “Acreditamos
que as comunidades com diversidade sejam mais ricas, melhores e lugares mais
produtivos para viver e aprender. Acreditamos que comunidades inclusivas tenham a
capacidade de criar o futuro. Queremos uma vida melhor para todos. Queremos a
inclusão!” (Forest).
3.- Inclusão ou integração?
Basicamente a diferença é simples: na inclusão é a escola que abre os braços para
acolher todos os alunos; na integração é o aluno que tem de se adaptar às exigências da
escola. Na primeira, o fracasso escolar é de responsabilidade da escola, ou melhor, de
todos (autoridades, professores, pais, alunos); na segunda, o fracasso é do aluno que não
teve competência para se adaptar às regras inflexíveis da escola, que presta mais atenção
aos impedimentos do que aos potenciais das crianças. A inclusão é estar com o outro; a
integração é estar junto ao outro (que não necessariamente significa compartir nem
aceitar, estamos junto dele, mas não estamos com ele).
Mas, a integração é ainda mais cruel, pois, nem todos os alunos com “deficiência"
têm a chance de entrarem numa turma de ensino regular, já que a escola faz uma seleção
prévia dos candidatos que estariam, ou não, aptos (segundo critérios da própria escola,
que nem sempre são claros, pelo menos para o candidato). Mesmo assim, no melhor dos
casos, a integração escolar acaba sendo o deslocamento da educação especial para
dentro da escola regular; muitas vezes, criando “turmas especiais” para atenderem os
“alunos especiais”, e permanecendo as “turmas normais” para “alunos normais”. Ou seja, a
discriminação e preconceito continuam, só que desta vez, dentro da própria escola.
Já a inclusão é incompatível com a integração, visto que, ela defende os direitos de
todos, sem exceção, a frequentarem as salas de aula de ensino regular. Não se trata
apenas de todos frequentarem a mesma escola, e sim, de frequentarem as mesmas salas
de aula. Todos os alunos juntos, independente das suas necessidades ou particularidades
(já que, a rigor, todos temos nossas necessidades, que constituem nossas
particularidades). Preferimos falar de particularidades em vez de necessidades; já que esta
última dá a impressão de carência (soa negativamente), e a primeira ressalta nossas
qualidades específicas (soa positivamente). Então, a escola inclusiva é aquela que tem
salas de aulas inclusivas, e mais, bibliotecas inclusivas, banheiros inclusivos, acessos
inclusivos, projeto pedagógico inclusivo, e, principalmente, alunos e professores inclusivos.
Na escola inclusiva não há mais a divisão entre ensino especial e ensino regular; o
ensino é um e o mesmo para todos, respeitando as particularidades, as diferenças. Trata-
se de um ensino participativo, solidário e acolhedor. Formas mais solidárias e plurais de
convivência. Uma educação global, plena, livre de preconceitos, e que reconheça e
valorize as particularidades (diferenças) de cada um dos outros iguais.
Para sermos mais poéticos, diremos que a metáfora da inclusão é o caleidoscópio
(de Marsha Forest). O caleidoscópio é constituído por vários pequenos pedaços coloridos;
todos eles são necessários para a produção de múltiplas figuras. Se retiramos alguns
deles, teremos menos possibilidades de figuras, e estas serão menos complexas, menos
coloridas, menos fecundas. Assim, também, as pessoas se desenvolvem, aprendem e
evoluem mais e melhor quanto mais rico e variado for o ambiente em que se encontram.
[...]
7. O preconceito à inclusão Sem dúvida há desrespeito à lei, mas, também, há
interpretações tendenciosas da legislação educacional, assim como problemas no
entendimento conceptual e preconceito à diferença. Tudo isto somado leva a reduzir a
inclusão escolar aos alunos classificados como PNEE; esquecendo a grande maioria dos
marginalizados.
Sem dúvida estamos atualizados e em sintonia com os países mais desenvolvidos
no que diz respeito a educação escolar (reflexões e inovações). Neste mundo globalizado,
tanto importamos pensamentos quanto exportamos (um bom exemplo ainda é o trabalho
reflexivo de Paulo Freire, que na era do hipertexto encontra uma excelente ferramenta para
sua aplicação: ver o excelente trabalho do professor espanhol José Luis Gómez-Martínez).
Contudo, verificamos que na prática, nas escolas, não encontramos a aplicação dessas
inovações. Por quê?
Uma coisa é o que está escrito (nas Leis, convenções e declarações), outra é o que
encontramos no cotidiano das escolas e salas de aulas. Estamos no “faça o que digo, não
faça o que faço”. Porém, de maneira nenhuma, o professor deve assumir essa triste
máxima, temos o dever de fazer aquilo que pensamos e falar daquilo que fazemos,
assumindo as consequências desse fazer.
Uma das maiores barreiras à inclusão é nossa preguiça, nossa falta de
compromisso e coerência, ou nossa falta de desafios (como diz a professora Mantoan,
2003, p.46). Quando temos de lidar diretamente com a inclusão, o primeiro que fazemos é
distorcer o seu sentido, ao distorcermos os conceitos e definições (por isso a nossa
preocupação de definir claramente cada um deles). Reduzimos assim a inclusão apenas
para um pequeno grupo de supostos alunos, que, curiosamente, pelo geral, não são os
nossos (geralmente os PNEE), e continuamos marginalizando muitos, às vezes, a maioria.
Enganamos a nós mesmos quando pensamos que incluir é não excluir, esquecendo
que o contrário da inclusão é a marginalização (no âmbito educacional). E assim, seguimos
tampando o sol com a peneira e reproduzindo um sistema educacional conservador,
ultrapassado e preconceituoso (que, como dissemos antes, dá maior atenção aos
impedimentos do que aos potenciais dos educandos).
Aparecem as desculpas: nós não temos dinheiro suficiente; não fomos treinados
para tomar conta dessas crianças; eu não escolhi a educação especial; não tenho
especialização na área; não temos tempo para criarmos um novo currículo (flexível) para
“eles”; as outras crianças serão prejudicadas; etc. E ainda há os mais radicais: não ganho
para isso. Como se algum professor ganhasse para excluir, marginalizar, ou mesmo
exterminar; como se a educação especial não fosse educação; como se alguns alunos não
fossem crianças e sim vírus.
Estou receoso! Estou com medo! Mas, este tipo de receio e medo devem ser
enfrentados e superados. Toda mudança é assustadora, mas esta é necessária. Temos
medo da mudança, do fracasso, da diferença, nos sentimos ameaçados e tudo isto acaba
gerando preconceito. Contudo, nós não temos o direito de marginalizar ninguém. Nosso
medo é simplesmente isso, medo, um obstáculo a ser superado, uma barreira a ser
rompida. E nada melhor para vencer 7 esse desafio do que a união, união entre
professores, união com os alunos, união com os pais, união com todos aqueles que
desejem colaborar para tornar este mundo melhor.
Há o medo do desconhecido. Quem é esse aluno tão diferente? Quais são suas
possibilidades, seus desejos, suas dificuldades e limitações? Pois bem, perguntemos a ele.
Mas antes devemos acolhê-lo. Todo aluno traz consigo um conhecimento da sua
realidade, o qual não deve ser desconsiderado. É ele mesmo, e só ele, quem nos ajudará
a entende-lo.
8.- O professor(a) está preparado(a) para a inclusão?
Se nós não estamos, muito menos o político, o jurista, o empresário (assim como a
própria escola não estaria preparada). Devemos estar cientes de que as soluções coletivas
são as mais acertadas e eficazes. E, não devemos esperar nem aceitar que as soluções
venham de fora; é a nossa responsabilidade. Cabe a nós a coragem e ousadia para buscar
alternativas, outras formas de interpretação e de conhecimento, que nos deem as bases e
o rumo para realizar as mudanças que já se fazem necessárias. Não estar preparados não
é um problema, é um desafio. Além do mais, os professores, no geral, carecem de uma
boa formação para ensinar a qualquer um; em educação, se aprende muito na prática,
assumindo os desafios.
A inclusão é uma ruptura de base na estrutura organizacional da educação, por isso,
quem mais está autorizado, no sentido de ter maior competência para realizar esse novo
trabalho (desafio), somos nós professores(as). E devemos lembrar que “o papel do
professor é ser regente de classe, e não especialista em deficiência” (Mantoan, 2005, p.26)
A escola tradicional não se torna automaticamente uma escola inclusiva só porque
recebeu um ou alguns alunos, anteriormente marginalizados, nas classes comuns. Não se
trata simplesmente de receber e sim de acolher, estar de braços abertos, dizer sejam bem-
vindos (para todos).
O professor tem que estar comprometido; estar interessado com o que o aluno
deseja aprender; interessado em conhecê-lo, ouvi-lo; respeitar o potencial de cada um;
acreditar que todos conseguem desenvolver suas habilidades, as quais são diferentes para
diferentes pessoas; estimular constantemente o aluno, aumentando assim sua autoestima;
acreditar nos seus alunos e em sua capacidade de aprender; estar consciente que os
alunos precisam diferentes suportes, dependendo das suas particularidades; repensar os
sistemas de avaliação, optando, de preferência, por uma avaliação formativa (para que
sejam inclusivos); estimular a participação dos pais e dos outros professores; e trabalhar
com um currículo flexível.
Incluir é uma questão de vontade. Vontade de todos para acolhermos a todos.
Inclusão é incluir não só os alunos, mas também, os pais, a comunidade e os professores.
E, o que é incluir os professores? É dar-lhes apoio, orientação, capacitação, recursos
tecnológicos, treinamento para bem usufruir dos mesmos, etc.
9.- Aprendendo a lidar com a diferença.
“Vivemos em um mundo onde queremos ser simultaneamente iguais e diferentes.
Pensamos uma cidadania planetária que respeite as diferentes culturas como a
muçulmana, hindu, indígena ou africana. Não queremos um falso universalismo que destrói
todas as 8 diferenças e que impõe a cultura branca, masculina e ocidental como um
padrão universal”. (Santos).
Para aprender a lidar com a diferença precisamos: primeiro, reconhecer que ela
existe, o que não existe é a homogeneidade; segundo, estar dispostos a aceitá-la, afirmá-
la e valorizá- la; e, terceiro, conviver com ela, viver em comunhão, com intimidade,
familiaridade. Só assim aprenderemos a lidar com ela. Por isso, é de suma relevância que
as crianças tenham essa oportunidade de convívio desde cedo.
Não devemos confundir diferença com deficiência. Por esta última se entende: falha,
imperfeição, defeito; em medicina: insuficiência: incapacidade, maior ou menor, de um
órgão para executar a função que lhe cabe. Como se na natureza alguém tivesse a
obrigação de corresponder a um padrão (idealizado não se sabe por quem nem para que),
ou ser igual à maioria. A natureza não é democrática, nem precisa; pelo contrário, para sua
sobrevivência fazse necessária a diversidade, a mudança, a adaptação. Por isso, devemos
mais é afirmar a diferença, as particularidades, para “com” elas aprendermos.
Não existem normais e deficientes; existem os diferentes, que somos todos, existem
as pessoas, seres humanos com o direito a uma vida digna e feliz. Com a diferença
aprendemos a relevância da diversidade, como fim e meio pelos quais aprendemos mais
sobre o outro e também sobre nós mesmos; aprendemos mais sobre a vida.
10.- Como ensinar numa turma inclusiva?
O maior obstáculo à inclusão parte da atitude negativa por parte de muitos pais,
professores, líderes e políticos que não aceitam (ou não entendem) que os alunos
precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com suas condições
(particularidades), porque cada um é diferente do outro. É essa diferença que precisa ser
observada e não a outra que discrimina.
Se na integração o aluno tinha que se adaptar à escola, agora, na escola inclusiva o
aluno se adapta ao conhecimento, de acordo com suas possibilidades de assimilar o novo
relacionando-o ao que já conhece.
A educação especial ainda tem o seu campo de atuação: o de prestar atendimento
para complementar e não para substituir o ensino da escola comum. Na escola especial
não se ensina o que é próprio da escola comum, a cidadania. Existe escola especial como
existe escola de futebol, escola de natação, cursos de línguas, de informática, etc. Trata-se
de escolas e cursos complementares à educação comum (direito de todos), e que o aluno
procura por interesse e habilidades próprias.
As dificuldades e limitações para implantar a educação inclusiva são reais para
todos (alunos, professores, pais, autoridade e comunidade), como já mencionamos antes,
contudo, não é motivo para desistir. No campo pedagógico, que é onde o professor pode
atuar mais independentemente, existem algumas propostas, sempre visando o educar para
a diversidade, como:
 um currículo não-disciplinar (transversalidade curricular);
 trabalhar com redes de conhecimento e significações;
 integração de saberes;
 autonomia do aluno na conquista do conhecimento e desenvolvimento
do seu talento;
 valorização dos saberes prévios do aluno, assim como da sua
realidade;
 a aprendizagem está centrada nas possibilidades e não nas
dificuldades;
 incentivar os debates, pesquisas e principalmente o diálogo;
 trabalhar com a “cooperação” substituindo a competição;
 saber respeitar o ritmo do aluno mais do que o calendário;
 estar ciente de que as pessoas são diferentes, o que funciona para um,
ou mesmo para a maioria, não funciona necessariamente para outro, ou para todos;
 trabalhar com a avaliação formativa (avaliação do desenvolvimento das
competências e não dos conteúdos).
Devemos “entender que a diferenciação é feita pelo próprio aluno, ao aprender, e
não pelo professor ao ensinar! (Mantoan, 2005, p. 72). O aluno deve desenvolver sua
habilidade de emancipação com relação ao ato de aprender e não de submissão com
relação ao professor. E quanto mais heterogêneo for o grupo (a turma), maiores são as
possibilidades de novos aprendizados. A educação autêntica não é do professor “para” o
aluno; não é do professor “sobre” o aluno; é do professor “com” o aluno, do aluno “com” o
professor, do aluno “com” o aluno, é de todos “com” todos. (Freire).
Conclusão
O ser humano antes de ser racional, ou qualquer outra coisa, é um ser VIVO, por
isso, o assunto que cumpre um papel de relevância nas inquietações da alma de qualquer
pessoa deve ser a VIDA, e qualquer outro assunto estudado só faz sentido se estiver, de
uma maneira ou outra, ligado à VIDA.
Como nos ensinou Marsha Forest: “acolher pessoas com diferenças desafiantes em
nossas escolas e comunidades não é simplesmente para o bem delas; é antes para o bem
de nossa própria saúde e de nossa própria sobrevivência”. O que será de mim quando eu
estiver velho? Se eu, agora, não ensinar as crianças a serem inclusivas, acolhedoras,
quando chegar a minha velhice, provavelmente, elas me esquecerão.
Metáfora da gravidez. “Não se pode estar um pouco grávida, assim como não se
pode estar um pouco incluída”. Quando a mulher engravida, muda tudo: seu corpo, seu
estado de ânimo, seus desejos, etc. Não há como incluir e não mudar. É muito difícil, mas
também é maravilhoso. Se alguém não tivesse ficado grávida, nós não estaríamos aqui; se
alguém não nos tivesse incluído, nós não estaríamos aqui. Se nós não incluímos agora,
talvez, ninguém nos incluirá no futuro.
Apêndice: como chamar os que têm deficiência.
Os movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil, estão
debatendo o nome pelo qual elas desejam ser chamadas. Mundialmente, já fecharam a
questão: querem ser chamadas de "pessoas com deficiência" em todos os idiomas. E esse
termo faz parte do texto da Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos
Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência, a ser aprovada pela Assembleia Geral
da ONU em 2005 ou 2006 e a ser promulgada posteriormente através de lei nacional de
todos os Países-Membros.
Eis os princípios básicos para os movimentos terem chegarem a esse nome:
1. Não esconder ou camuflar a deficiência;
2. Não aceitar o consolo da falsa ideia de que todo mundo tem
deficiência;
3. Mostrar com dignidade a realidade da deficiência;
4. Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência;
5. Combater neologismos que tentam diluir as diferenças, tais como
"pessoas com capacidades especiais", "pessoas com eficiências diferentes",
"pessoas com habilidades diferenciadas", "pessoas deficientes", "pessoas
especiais", "é desnecessário discutir a questão das deficiências porque todos nós
somos imperfeitos", "não se preocupem, agiremos como avestruzes com a cabeça
dentro da areia" (i.é, "aceitaremos vocês sem olhar para as suas deficiências");
6. Defender a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais
pessoas em termos de direitos e dignidade, o que exige a equiparação de
oportunidades para pessoas com deficiência atendendo às diferenças individuais e
necessidades especiais, que não devem ser ignoradas;
7. Identificar nas diferenças todos os direitos que lhes são pertinentes e a
partir daí encontrar medidas específicas para o Estado e a sociedade diminuírem ou
eliminarem as "restrições de participação" (dificuldades ou incapacidades causadas
pelos ambientes humano e físico contra as pessoas com deficiência).
A tendência é no sentido de parar de dizer ou escrever a palavra "portadora" (como
substantivo e como adjetivo). A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta
pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Tanto o verbo "portar" como o
substantivo ou o adjetivo "portadora" não se aplicam a uma condição inata ou adquirida
que faz parte da pessoa. Por exemplo, não dizemos e nem escrevemos que uma certa
pessoa porta olhos verdes ou pele morena.
Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar, deliberada ou casualmente.
Por exemplo, uma pessoa pode portar um guarda-chuva se houver necessidade e deixá-lo
em algum lugar por esquecimento ou por assim decidir. Não se pode fazer isto com uma
deficiência, é claro.
A quase totalidade dos documentos, a seguir mencionados, foi escrita e aprovada
por organizações de pessoas com deficiência que, no atual debate sobre a Convenção da
ONU a ser aprovada em 2003, estão chegando ao consenso quanto a adotar a expressão
"pessoas com deficiência" em todas as suas manifestações orais ou escritas.
Bibliografia
FOREST, Marsha e PEARPOINT, Jack. Exclusão: um panorama maior. Disponível
em: http://www.associacaosaolucas.org.br/educacao_inclusiva_12.htm Acesso em: 30 ago.
2005. ·
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1978. ·
PEARPOINT, Jack e FOREST, Marsha. Inclusion: It's About Change!. Disponível
em: http://www.inclusion.com/inclusion.html Acesso em: 30 ago. 2005. ·
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer?
São Paulo: Moderna, 2003. · __________ Fala, Mestre! Entrevista com Maria Teresa Eglér
Mantoan por Meire Cavalcante. Revista Escola, p. 24-26, mai. 2005. ·
GÓMEZ-MARTÍNEZ, José Luis. La pedagogía libertadora del brasileño Paulo Freire
y el hipertexto, Hispanistas 86.1, p. 9-16, 2003. disponível em:
http://www.ensayistas.org/critica/teoria/hipertexto/gomez/ Acesso em: 28 jul. 2005. ·
ONU. Declaração de Salamanca. Disponível em:
http://www.educacaoonline.pro.br/doc_decl_salamanca.asp Acesso em: 30 ago. 2005. ·
REYES CELEDON, Esteban. Da Educação: um estudo sobre o sentido da educação
hoje. Disponível em: geocities.com/profestebanpolanco Acesso em: 08 ago. 2005. ·
SANTOS, B. S. Entrevista com o professor Boaventura de Souza Santos. Disponível
em: http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/boaventura/boaventura_e.html Acesso em:
27 ago. 2005. ·
SASSAKI, Romeu. As escolas inclusivas na opinião mundial. Disponível em:
http://www.entreamigos.com.br/textos/educa/edu1.htm Acesso em: 09 ago. 2005.
Para ler o artigo em sua totalidade, acesse:
http://teleduc.proinesp.ufrgs.br/cursos/diretorio/tmp/72/portfolio/item/70/inclusao.htm.
Acesso em: 11 jul. 2016.

TECENDO IDEIAS:
A escola e o professor devem estar preparados para todo o tipo de inclusão,
segundo a lei, atendendo a todos os tipos de deficiências: visual, física, auditiva, autismo,
déficit de atenção, down ...
Pesquise um tipo de necessidade educativa especial. Entreviste um professor e a
família de um aluno que tenha essa necessidade educativa especial para coletar mais
informações. Depois, organize os dados coletados e escreva um artigo que contemple:
Características desse tipo de necessidade;
Potencialidades que esse aluno tem;
Proposta de uma escola inclusiva, capaz de atender a esse aluno e a sua família.
Pensar, aqui, em combinados comuns que poderiam ser realizados entre os professores
de diferentes disciplinas.
O artigo deve ter de 3 a 5 laudas e deve ser postado no AVA, no link “Trabalhos”.
Apresente a sua proposta de escola inclusiva aos seus colegas, no polo. Para tanto,
crie sua apresentação, expondo as ideias principais, no Google Presentation. Desta forma,
você conhecerá mais um instrumento tecnológico para ser usado em apresentações.

Você também pode gostar