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Claude Lévi-Strauss
NAA: Esta obra usou a Nova Ortografia. Apesar do cuidado na revisão, pode
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A desconstrução de um mito
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Mitos, Sonhos e Religião, Ediouro, RJ, 2001.
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Um mito nada moderno sobre coisas vistas na Terra
bora implícito nas entre páginas, sua amplitude não permite simpli-
ficações, já que ele é inesgotável por excelência. O leitor interes-
sado em mitologia tem a sua disposição belíssimas obras como,
por exemplo, “O Poder do Mito3 e O Homem e seus Símbolos”4,
de Joseph Campbell e Jung, respectivamente. E já que estamos
falando de duas das maiores autoridades no assunto, nada mais
oportuno do que extrair de um deles, ainda que superficialmente,
sua definição sobre mito.
Campbell declara que:
3
Palas Athena, SP, 1991.
4
Nova Fronteira, RJ, 1964.
5
Entrevista a Eugene C. Kennedy, The New York Times, 1979.
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A desconstrução de um mito
Mas, uma terceira obra precisa ser mencionada pela sua atualida-
de. Aqui vão os primeiros respingos dela:
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Armstrong, K.; Breve História do Mito, Companhia das Letras, SP, 2005
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Optamos por usar a sigla Óvni (Objeto Voador Não Identificado), mantendo
a expressão em inglês Ufo apenas para os casos de citação, títulos de obras ou
situações em que julgamos correto preservá-la. Além disso, a palavra Óvni -
strictu sensu , designa “objetos que voam e não podem ser identificados”.
* NRT Embora seja popularmente conhecida a grafia de Objeto Voador Não
Identificado como OVNI, optamos pela grafia do acrônimo de acordo com os
dicionários e manuais normativos de Língua Portuguesa.
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o foco errado das pesquisas têm sido os grandes, mas não únicos, vi-
lões. Nossa proposta é uma tentativa de contribuir para a melhoria dos
instrumentos de investigação e elucidar alguns aspectos ainda bastan-
te obscuros, porque a coisa chegou a um ponto insustentável.
É uma atitude, acima de tudo, de responsabilidade e coerência com
os princípios elementares da crítica. A radiografia revela uma situa-
ção que exige um tratamento invasivo e definitivo: drenar a insensa-
tez acumulada pela falta de inteligência para ocupar essas cavidades.
Para começar, uma providência é imprescindível e inegociável, antes
que sejamos engolfados por um pessimismo incurável – extirpar os
males que foram ao longo do tempo e sabe-se lá por quais razões,
incorporados à Ufologia, tornando-se verdadeiras células cancerosas
de um corpo originalmente saudável. Isto requer precisão cirúrgica
no corte: pirâmides, triângulo das Bermudas, círculos ingleses, crâ-
nios de cristal, ossadas incomuns, mensagens telepáticas, canaliza-
ções8, chupacabras, implantes, Terra oca, aparições marianas, pistas
de Nazca, deuses astronautas, bases submarinas ocultas, relevos
marcianos e uma infinidade de outros temas que não trouxeram ne-
nhuma luz e se transformaram em um autêntico festival de sandices.
A Ufologia tornou-se hospedeira natural destes parasitas, um buraco
negro tragando para seu interior tudo aquilo que tangencia seu “hori-
zonte de eventos”, um vertedouro de aberrações e absurdos indescri-
tíveis, rodopiando em torno de si mesma num carrossel de impossibi-
lidades. Essa Ufologia coisificada e embalada para consumo imediato
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Sagan, C.; O Mundo Assombrados pelos Demônios, Cia. de Bolso, SP, 2006.
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