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Introdução a guisa de prefácio

O mito é um modo de pensar que parte do princípio de que, se não se


pode compreender tudo, não se pode explicar coisa alguma.

Claude Lévi-Strauss

O título desta obra poderia ser qualquer um – “A Ufologia revisitada”


ou, remetendo a uma aventura no tempo, “Em busca da Ufologia per-
dida”, ou a algo mais incisivo como “A Ufologia passada a limpo”, − que
a ideia seminal não mudaria, isto é, a de promover uma depuração vi-
gorosa nas entranhas do tema para extrair dele o excesso de gordura
que impede um exame mais nítido de sua verdadeira natureza.
Mesmo sabendo que jamais teremos acesso à “verdadeira natureza”
do que quer que seja, ao menos aspiramos erradicar de vez a panaceia1
e a confusão reinante no meio. Ainda que com bom humor nos tenham
chamado ora reacionário raivoso ora antiufólogo, podemos assegurar
que tais adjetivos estão longe da realidade. Não se trata de uma atitude
dissidente, anárquica ou revoltosa, nem o presunçoso desejo de a obra
se impor tutelar, mas um processo natural de substituição dos rótulos
e arcaísmos por uma macrovisão historiográfica corretiva dos fatos.
Seria confortável ficar observando a entediante inoperância da

NAA: Esta obra usou a Nova Ortografia. Apesar do cuidado na revisão, pode
1

haver falhas, pelas quais nos desculpamos.

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A desconstrução de um mito

Ufologia, mas isso significaria violentar nossos princípios e ir contra


tudo aquilo que defendemos e acreditamos como pesquisadores e
analistas. Por isso, reconhecemos este livro catártico, porque capitali-
zamos através dele a nossa indignação diante de um espetáculo com
todos os adereços de um manicômio a céu aberto.
Para que não pairem dúvidas sobre porque catártico, descemos a
minúcias sobre o significado de catarse recorrendo a Joseph Campbell
ao se referir às interpretações metafóricas para Kátharsis2:

Num papiro antigo, é “abrir”, “limpar”; Em outro papiro, é “joeirar”,


como na separação dos grãos; Diocles usava o termo como a imagem
de limpar o alimento através do cozimento; Teofrasto usava como
“podar”; Filodemo e Epicuro usavam-na como “esclarecimento”;
Galeno, como sentido de “cura” através da aplicação de um remédio, e
por fim, para Crísipo era a “purificação” por meio do fogo.

A nossa receita aqui reuniu num único caldeirão as palavras-chaves


limpar, joeirar, cozer, podar, esclarecer, medicar e purificar.
Quanto ao subtítulo – Um mito nada moderno sobre coisas
vistas na Terra – o leitor, familiarizado com o assunto, certamente
percebeu a clara alusão à antológica obra de Carl G. Jung, que
será mencionada algumas vezes aqui – “Um mito moderno sobre
coisas vistas no céu”, de 1958. Longe de ser uma pretensiosa
comparação, até porque o enfoque é outro, e também jamais uma
sátira desrespeitosa, este livro convida a uma profunda reflexão
sobre o outro lado deste espelho mágico, que reflete nossa própria
imagem, e a um entendimento do por que é um mito nada moder-
no. Para saber por onde esta obra vai enveredar, vamos começar
procurando apreender o significado de mito, ressaltando que, em-

2
Mitos, Sonhos e Religião, Ediouro, RJ, 2001.

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Um mito nada moderno sobre coisas vistas na Terra

bora implícito nas entre páginas, sua amplitude não permite simpli-
ficações, já que ele é inesgotável por excelência. O leitor interes-
sado em mitologia tem a sua disposição belíssimas obras como,
por exemplo, “O Poder do Mito3 e O Homem e seus Símbolos”4,
de Joseph Campbell e Jung, respectivamente. E já que estamos
falando de duas das maiores autoridades no assunto, nada mais
oportuno do que extrair de um deles, ainda que superficialmente,
sua definição sobre mito.
Campbell declara que:

(...) o mito tem muitas funções. A primeira é que os mitos fazem


uma conexão entre nosso despertar de consciência e o mistério inteiro
do universo. Esta é sua função cosmológica. Ele permite ver a nós
mesmos em relação à natureza, conforme falamos em Pai Céu e
Mãe Natureza. Existe também uma função sociológica para o mito,
à medida que ele suporta e valida uma certa ordem social e moral
para nós. (...) Por último, o mito tem uma função psicológica que nos
oferece uma maneira de atravessar e lidar com os vários estágios desde
o nascimento até a morte.

E finaliza, dizendo que


(...) os mitos saem da imaginação criativa que todos nós partilhamos
e a história que cada um de nós reconhece em sua própria busca que
permeia todas as lendas de herói, como a dos Cavaleiros da Távola
Redonda, que deviam viajar a um mundo desconhecido e guerrear com
os poderes das trevas de modo a poder retornar com o presente do
conhecimento.5

3
Palas Athena, SP, 1991.
4
Nova Fronteira, RJ, 1964.
5
Entrevista a Eugene C. Kennedy, The New York Times, 1979.

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A desconstrução de um mito

Mas, uma terceira obra precisa ser mencionada pela sua atualida-
de. Aqui vão os primeiros respingos dela:

Outra característica peculiar da mente humana é a capacidade de


ter ideias e experiências que não podemos explicar racionalmente.
Possuímos imaginação, uma faculdade que nos permite pensar
a respeito de coisas que não se situam no presente imediato e que,
quando as concebemos, não têm existência objetiva. A imaginação
é a faculdade que produz a religião e a mitologia. O mito trata do
desconhecido; fala a respeito de algo para o que inicialmente não
temos palavras. Portanto, o mito contempla o âmago de um imenso
silêncio. Os seres humanos sempre foram criadores de mitos. 6

Os mitos não nascem da imaginação desenfreada do homem


ou de um capricho dos deuses, nem constituem forma de pen-
samento pré-científico. Eles são a expressão simbólica de for-
ças vivas e atuantes, que trabalham nos subterrâneos da psique.
A função destas forças parece ser a de relacionar o Homem às pro-
fundezas arquetípicas do universo, estabelecendo um vínculo entre
a superfície da consciência e o si mesmo incognoscível. Tornou-se
lugar-comum falar em crise das religiões, que, ou teriam se torna-
do desnecessárias, ou estariam sendo reprisadas pela iconoclastia
da época. Contudo, o que está acontecendo é que os pensamentos
religiosos estão migrando para fora dos cultos institucionalizados,
transferindo-se para canais alternativos: arte, ciência, política, etc.
Em alguns casos – como no da política, essa transferência pode ter
resultados catastróficos – as teocracias de Hitler e Stalin ou a idolatria
dos americanos pelo seu presidente. Com bons ou maus resultados,
entretanto, esse movimento de sacralização do profano é um fato,

6
Armstrong, K.; Breve História do Mito, Companhia das Letras, SP, 2005

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Um mito nada moderno sobre coisas vistas na Terra

nitidamente observável e aparentemente irreversível. A questão que


se apresenta é saber se o fenômeno Óvni7 estaria desempenhando o
papel de um desses campos alternativos para a expressão das ques-
tões religiosas, entre outras.
E por que nada moderno? Porque o que vamos discutir aqui não
tem mesmo nada de atual, e a continuação... Sobre coisas vistas na
Terra é emblemática: o mito a que nos referimos não é esse criado
por nós a que chamamos de Óvni*, porque dele pouco – ou nada –
sabemos. O mito em tela é aquele que moldamos sobre nós mesmos.
A matriz desse pensamento é que a Ufologia gravita em torno de um
fenômeno ainda maior – o próprio Homem.
O repúdio e o inconformismo aqui expostos revelam a transparência
de propósitos e reforçam o empenho em provocar uma ruptura nos atu-
ais padrões de pesquisa. Traduzem também a inquietação caracterís-
tica dos espíritos genuinamente libertários, inquiridores e insatisfeitos,
reafirmando o compromisso de uma luta sem tréguas contra a passi-
vidade e o imobilismo, ao invadir o “templo sagrado” de uma Ufologia
ortodoxa e suas semisseculares e anacrônicas (in)certezas. Libertário,
por ser atuante e dinâmico em sua nascente, inquiridor porque lança
dardos agudos contra verdades “estabelecidas”, e insatisfeito, em face
da pobreza escancarada da ação e do discurso, tão ruminante quanto
dominante, praticado. Podemos até nos imaginar reescrevendo a his-
tória da Ufologia, e tomara estejamos, porque nossos escritos almejam

7
Optamos por usar a sigla Óvni (Objeto Voador Não Identificado), mantendo
a expressão em inglês Ufo apenas para os casos de citação, títulos de obras ou
situações em que julgamos correto preservá-la. Além disso, a palavra Óvni -
strictu sensu , designa “objetos que voam e não podem ser identificados”.
* NRT Embora seja popularmente conhecida a grafia de Objeto Voador Não
Identificado como OVNI, optamos pela grafia do acrônimo de acordo com os
dicionários e manuais normativos de Língua Portuguesa.

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A desconstrução de um mito

ser uma bússola confiável nesse oceano desconhecido, apontando um


norte para uma travessia de longo curso e, quem sabe, ser uma caixa
de ressonância em algum lugar no tempo e no espaço. Só o tempo dirá.
Podemos até imaginar também que havia uma Ufologia antes e que
haverá outra depois. Só o tempo dirá isso também.
Quando nos perguntam se a Ufologia é polimórfica, dizemos que
não, ao contrário, é totalmente amórfica, mas que camaleônica ela
é sim, sem dúvida. E também sincrética. Não sabemos do que tra-
ta o fenômeno, embora para alguns segmentos não exista mistério,
já que para eles as respostas sobrepassam as perguntas. Este é o
erro imperdoável que se comete impunemente, gerando um painel
confuso, entulhado de explanações canhestras, lacunas que não se
preenchem, clichês surrados recendendo a jornal velho, respostas
inconclusivas e arrevesadas, enfim, uma cantilena desarmônica in-
terminável. Se for para encontrar a luz no fim do túnel, temos primeiro
que achar o túnel. Não estamos aqui reivindicando os “direitos auto-
rais” da Ufologia nem defendendo uma verdade íntima ou criando um
duelo de convicções pessoais. Estamos, sim, alinhados com o que
se passa no resto do mundo, em todos os campos do conhecimento:
ciências, religião, relações humanas e sociais, ética, política, histó-
ria, economia, artes, educação, literatura, comportamento, filosofia,
todos interagindo entre si. Nenhum escapa ao olhar cada vez mais
sensível de uma sociedade perscrutadora, exigente e crítica.
Também não se trata de levar a Ufologia ao tribunal e colocá-la no
banco dos réus, até porque ela não está sendo acusada de nada, ao
contrário, é vítima, por deixar flancos abertos vulneráveis a toda espé-
cie de críticas e ataques e à invasão desenfreada de pseudopesquisa-
dores metidos a entendidos no assunto. Solo fértil, portanto, à afluência
de aportes debochados, quando não pejorativos, alguns plenamente
justificáveis. Por não ter dicção própria, qualquer um pode se apre-
sentar como porta-voz, e aí reside o perigo. A ausência de métodos e
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Um mito nada moderno sobre coisas vistas na Terra

o foco errado das pesquisas têm sido os grandes, mas não únicos, vi-
lões. Nossa proposta é uma tentativa de contribuir para a melhoria dos
instrumentos de investigação e elucidar alguns aspectos ainda bastan-
te obscuros, porque a coisa chegou a um ponto insustentável.
É uma atitude, acima de tudo, de responsabilidade e coerência com
os princípios elementares da crítica. A radiografia revela uma situa-
ção que exige um tratamento invasivo e definitivo: drenar a insensa-
tez acumulada pela falta de inteligência para ocupar essas cavidades.
Para começar, uma providência é imprescindível e inegociável, antes
que sejamos engolfados por um pessimismo incurável – extirpar os
males que foram ao longo do tempo e sabe-se lá por quais razões,
incorporados à Ufologia, tornando-se verdadeiras células cancerosas
de um corpo originalmente saudável. Isto requer precisão cirúrgica
no corte: pirâmides, triângulo das Bermudas, círculos ingleses, crâ-
nios de cristal, ossadas incomuns, mensagens telepáticas, canaliza-
ções8, chupacabras, implantes, Terra oca, aparições marianas, pistas
de Nazca, deuses astronautas, bases submarinas ocultas, relevos
marcianos e uma infinidade de outros temas que não trouxeram ne-
nhuma luz e se transformaram em um autêntico festival de sandices.
A Ufologia tornou-se hospedeira natural destes parasitas, um buraco
negro tragando para seu interior tudo aquilo que tangencia seu “hori-
zonte de eventos”, um vertedouro de aberrações e absurdos indescri-
tíveis, rodopiando em torno de si mesma num carrossel de impossibi-
lidades. Essa Ufologia coisificada e embalada para consumo imediato

Canalização é um fenômeno estudado pela Parapsicologia, enquadrado na


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categoria dos fenômenos Theta,. Ocorre quando alguma forma de manifestação


externa se utiliza de uma pessoa (sensitivo ou médium) como veículo de
comunicação. A canalização seria, então, uma forma de “mediunidade”,
diferente da telepatia, pois envolve a palavra falada e normalmente a
inconsciência do receptor, sem vincular fenômenos ou efeitos físicos externos
ocorrendo no ambiente.

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A desconstrução de um mito

está nitidamente introjetada no espírito atual, por sua vez desprovido


de um comando capaz de abortar essa linha suicida de pensamento.
Imaginamos que, sem eles, ou ela se tornará um abatedouro ou um
orfanato de ufólogos com neurônios desocupados, ou então – e aí se
daria um salto extraordinário – eles se tornarão realmente ufólogos,
pesquisando somente o que interessa e da maneira correta. Por outro
lado, é bastante provável também que uma reviravolta em conceitos
tão fossilizados provoque algum revertério em massas cinzentas mais
cinzentas que massa, mas esse é o preço da maturidade. Talvez, as-
sim acabe de vez o contorcionismo mental a que se está sujeito cada
vez que surge um novo modismo. Tudo bem que foram tentativas ho-
nestas e bem intencionadas de se encontrar alguma relação com o
assunto, uma explicação para tantas dúvidas, mas, ao invés disso,
embaralharam ainda mais a sua compreensão. Seus prazos de vali-
dade dentro da Ufologia se esgotaram há muito, por isso devem ficar
confinados as suas respectivas arenas, sejam quais forem. Certos fa-
tos são tão poderosos em seu potencial de convencimento que não se
tornam evidentes em sua falsidade ou logro.

Uma das lições mais tristes da história é a seguinte: se formos


enganados por muito tempo, a nossa tendência é rejeitar qualquer
evidência do logro. Já não nos interessa descobrir a verdade.
O engano nos aprisionou9.

Numa só palavra, a Ufologia, tal como é vista e tratada, hoje, não


passa de um grande engano, e os ufólogos, fiéis signatários, não per-
cebem que estão encabrestados por um autoengano. Quanto mais
estacionado na obsolescência, mais difícil entender, absorver e acom-
panhar as mudanças no mundo.

9
Sagan, C.; O Mundo Assombrados pelos Demônios, Cia. de Bolso, SP, 2006.

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Um mito nada moderno sobre coisas vistas na Terra

O fio condutor que impulsionou esta empreitada foi a inadiável ne-


cessidade de se instaurar uma revisão ampla e legítima em um as-
sunto impregnado de questões adjacentes e subjacentes que jamais
deveriam fazer parte de seu estudo. Uma proposta ainda mais desa-
fiadora que a matéria principal, sem dúvida, pois estamos pisando em
terreno minado – um tropeço e voamos pelos ares (é preferível ima-
ginar que estamos pisando em ovos). Há uma indolência generaliza-
da, um ranço, uma abstinência, uma atrofia intelectual que dificulta a
busca de caminhos alternativos para o entendimento de um fenômeno
que contraria todos os postulados da lógica, da ciência, da racionali-
dade e do bom senso.
Por isso, esta obra ousa ser singular e pioneira na contracorrente do
mercado editorial no gênero, porque pretende preencher um vazio na
bibliografia ufológica brasileira, não só por nunca ter havido uma que
desnudasse a Ufologia com olhar agudo, implacável e mordaz, mas
também porque nenhuma outra atreveu solapar os pilares erguidos em
todos estes anos e provocar fissuras em sua estrutura básica. Ela é tam-
bém, por sua própria natureza, nosso labor oratorium hoje – o melhor e
mais eficiente instrumento para expressar e compartilhar experiências
e resultados. Mas, as ambições deste livro não param por aí. Anseia
ser o precursor de uma nova linguagem em oposição à informação
estratificada, repetitiva, retrógrada e alienante que recheia livrarias,
estantes e bibliotecas, salvo raras exceções. Deseja ser um oásis no
deserto literário sobre o tema, dar um sopro de lucidez nas ideias em-
poeiradas nos porões da inteligência, remodelar o pensamento des-
gastado e viciante e parir um novo conceito de pesquisa. Um divisor
de águas, marco zero para a emancipação de uma disciplina que nem
mesmo tem status para ser assim chamada. A rigor, a Ufologia sequer
figura nos bancos acadêmicos, não é matéria curricular de escola al-
guma, não gera empregos nem divisas, não dá diploma nem doutora-
do e muito menos forma especialistas. Está desorientada no meio do
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A desconstrução de um mito

nada. Se almeja uma “inserção social”, um “reconhecimento oficial”


ou uma estatura representativa, precisa adotar uma fala inteligente
e palatável, nem que para isso tenha que ser virada pelo avesso e
recomeçar do zero.
Portanto, não nos permitimos concessões nem concisões, no que
pedimos complacência para com as críticas mais ácidas, nunca gratui-
tas, e sábia compreensão quando houver traços de rebeldia. Na gíria
adolescente, não deixamos barato, abrimos a caixa de ferramentas e
mandamos ver. Temos um compromisso com o futuro. Basta de rifar a
Ufologia. Estamos atendendo a um apelo de nossas consciências. Se
há um comprometimento explícito ele é, antes de tudo, com o leitor,
mas com o de hoje e o de amanhã, porque o de ontem vai ter que re-
bolar para se entender conosco, ou estará predestinado a viver eterna-
mente nesse atraso. Ou se acompanha o ritmo do mundo ou fica-se na
cadeira de balanço dando adeus a quem passa. Com este pensamen-
to, somos genuinamente argonautas em busca do tempo perdido.
Não há como precisar quando exatamente este livro começou a
ser escrito, uma vez que permaneceu incubado em nossos ideais por
um período impossível de ser estimado. O que podemos dizer com
segurança é que foi moldado ao longo das vivências e lapidado pelas
experiências individuais, forjado pela premência de sanear uma histó-
ria eivada de falhas de construção argumentativa, conduzida por abor-
dagens daltônicas e esquivas e nutrida por pesquisas que se intitulam
científicas, mas que não passam de procedimentos amadores e ca-
ricatos, arremedos da verdadeira pesquisa científica. Malgrado esse
perfil, consegue atrair uma plateia cativa, ávida por revelações ainda
que espúrias. Além disso, este trabalho vem emoldurar uma militância
de mais de 30 anos de andanças, jornada essa que também foi vítima
de falhas, próprias da necessidade de convencer e se convencer de
uma realidade que até então era o que se dispunha para estudo. Não
vamos contabilizar os erros, fizeram parte do ofício. O tempo da inge-
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