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A EVOLUÇÃO
DUAS OPÇÕES FORÇADA
DE LEITURA DA REVISTA Uma investigadora
portuguesa está a estudar a
Pode escolher resposta dos animais para se
adaptarem às mudanças
como prefere ler provocadas pelo
aquecimento global
a edição semanal: LUÍS RIBEIRO
em formato de texto, sua extinção, seja por que razão for, não
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MPRE DIMEN
EMPREENDIMENTO ARRISCADO
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Pode pesquisar um tema que lhe interesse
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Ibiza. Inclui
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stock existente. Imagem não contratual. Consumo (l/100km): 5,2 a 5,8. Emissões CO2 (g/km): 118 a 131.
VISÃO
31 OUTUBRO 2019 / Nº 1391
RADAR
14 Imagens da semana
20 Raio X
22 A semana em 7 pontos
24 Holofote
25 Inbox
LUÍS BARRA
26 Almanaque
28 Transições
29 Próximos capítulos
FOCAR
56 Dulce Maria Cardoso: “A minha escrita é violenta
64 O caso do ajuste direto
da ministra da Agricultura
porque a vida é muito violenta”
Escreveu alguns dos romances mais importantes dos últimos anos
68 Menstruação na publicidade da literatura portuguesa e, desde abril, assina crónicas quinzenais
na VISÃO. Dulce Maria Cardoso teve uma vida cheia de peripécias
70 O refugiado afegão de Lisboa e de improbabilidades, sobre as quais não guarda segredo, nesta longa
para as Olimpíadas entrevista de vida
VAGAR
94 Os escritores adoram o Brexit
34 Quando a Natureza nos cura
Silêncio, paz, tranquilidade: desligue a ficha da rotina e volte a ligá-la
a ambientes selvagens, pois são estas as premissas para uma saúde
mental equilibrada. Saiba o que dizem os especialistas sobre a “cura”
VISÃO SETE pela Natureza e descubra os locais idílicos, onde pode passear e nem
sequer o telefone toca
OPINIÃO
6 Mia Couto Online W W W.V I S A O . P T
8 Rui Tavares Guedes Últimos artigos na BOLSA DE ESPECIALISTAS VISÃO
32 José Eduardo Martins
67 José Carlos de Vasconcelos
92 Luís Lima
100 Capicua
130 Ricardo Araújo Pereira Filipa Namora Sandra Duarte Tavares Eduardo Bastos
ARQUITETURA E INTERIORES LINGUÍSTICA PORTUGUESA MEDICINA DENTÁRIA
Faça acontecer! Cinco qualidades de O melhor dentista:
Interdita a reprodução, mesmo parcial, um líder de sucesso muito mais do que
de textos, fotografias ou ilustrações sob tratar dentes
quaisquer meios, e para quaisquer fins,
inclusive comerciais.
Todos os dias, um novo texto assinado por um dos 28 especialistas convidados
Já nas bancas
Contactos
visao@visao.pt
As cartas devem ter um máximo
de 60 palavras e conter nome, morada
e telefone. A revista reserva-se
o direito de selecionar os trechos
que considerar mais importantes.
NOVA MORADA
DENTES HALLOWEEN AMÁLIA CORREIO: Rua da Fonte da Caspolima
Tendências, as Partidas, histórias RODRIGUES – Quinta da Fonte,
melhores técnicas e máscaras A história secreta Edifício Fernão Magalhães, 8,
e todos os preços assustadoras 2770-190 Paço de Arcos
Guaparivás
POR MIA COUTO
ILUSTRAÇÃO: SUSA MONTEIRO
A
realidade tem sempre muita força claro: “A estabilização interna da economia
e, por isso, não vale a pena perder portuguesa exige a manutenção da política
tempo a teorizar sobre a hierarquia orçamental iniciada na anterior legislatura.”
formal e burocrática com que os Mas não só: vai continuar a exigir também
ministros são apresentados na lista “uma supervisão financeira ativa na redução
oficial do novo Governo. Seria um dos riscos”, em especial, conforme surge es-
exercício semelhante ao de ana- crito, num “cenário macroeconómico” para
lisar uma equipa de futebol pelos os próximos quatro anos “marcado por um Esta é uma ima-
números das camisolas dos jogadores e não quadro de maior incerteza”. gem já icónica para
pela estratégia, a disposição tática, o modelo Ou seja, Mário Centeno e a sua equipa vão o tema da “cura
de jogo e o perfil de cada atleta. No caso da continuar a desempenhar um papel central pela Natureza”.
equipa escolhida e apresentada pelo “mister” na condução do Governo. O que significa Mas tem um
António Costa, o nome de Mário Centeno que, em todas as propostas de cada minis- problema: é dema-
até pode surgir em quarto lugar, mas todos tério ou nas negociações com cada partido, siado vista.
sabemos que a sua influência na governa- vai ser preciso, antes de decidir, perguntar às
ção vai continuar a ser transversal a todos os Finanças se há ou não dinheiro para se poder
ministérios, projetos e dossiers. Neste Go- avançar. Não é por acaso que, nas muitas 2
verno, tal como no anterior, o ministro das páginas do documento, existem tão poucas
Finanças vai continuar a ser aquele a quem medidas devidamente orçamentadas. As ex-
cabe a última palavra nas decisões mais im- ceções são, claro, as metas económicas, em
portantes. Voltando à metáfora futebolística, que surgem quantificados os valores previs-
Mário Centeno vai voltar a tos para a receita e a despesa
ser, nesta nova temporada, do Estado, bem como para o
o mesmo médio “box to A grande questão saldo orçamental e a dívida
box” a quem cabe definir é a de saber se, nos pública, como autênticas li-
os tempos de jogo e que é próximos quatro nhas vermelhas que não po-
a extensão do treinador em dem ser ultrapassadas. Fica
campo (por coincidência, anos, continuar assim a certeza, também, de Uma foto como
o 4 também era o número a manter as contas que as principais medidas esta também
de Pep Guardiola nos seus certas ainda será anunciadas por António podia funcionar.
tempos de jogador...). Costa, no seu discurso no Mas, neste caso,
Se alguém tivesse dúvidas suficiente para Palácio da Ajuda, são aque- transmite mais
a esse respeito, alimentadas corresponder las para as quais já existe contemplação
do que ação.
até pela coreografia da ce- às expectativas aval das Finanças: a subida
rimónia de tomada de posse, do salário mínimo para 750
no Palácio da Ajuda, em que
dos eleitores euros, o fecho das centrais
Centeno assinou o livro ofi- a carvão, a manutenção dos 3
cial depois de Pedro Siza Vieira, de Augusto preços dos passes dos transportes públicos
Santos Silva e de Mariana Vieira da Silva, durante quatro anos. Tudo o resto está em
elas foram desfeitas poucas horas depois, aberto para negociação futura... consoante
quando se conheceu o texto do novo Pro- exista ou não dinheiro.
grama de Governo. Ali, naquele documento A grande questão é a de saber se, nos
de quase 200 páginas, a hierarquia é clara e, próximos quatro anos, continuar a manter
digamos, definitiva. Antes das medidas para as contas certas ainda será suficiente para
fazer frente aos quatro grandes objetivos do corresponder às expectativas dos eleito-
Governo (combate às alterações climáticas, res – completamente diferentes, no grau
resposta ao desafio demográfico, construção de exigência, face ao governo anterior. Até
da sociedade digital e redução das desigual- porque, nos últimos tempos, o mundo tem Aqui temos o
dades), tudo tem por base uma regra simples dado sinais de que as pessoas já não se con- momento perfeito,
e básica: a necessidade de manter as contas tentam apenas com o bom desempenho dos com alguém
certas. indicadores macroeconómicos. Em especial absorto num
É assim mesmo que surge escrito, logo na se eles não se refletirem na qualidade de vida cenário natural,
segunda página do documento: “Contas cer- da classe média, aquela que tem estado em completa
tas para a convergência.” Uma declaração de na origem dos protestos e das revoltas em tranquilidade. Só
princípio que é acompanhada por um aviso tantos países. rguedes@visao.pt ao olhar para ela,
já nos sentimos
melhor.
Há sempre a tentação de
banir e marginalizar partidos
populistas e excluí-los do
debate. A experiência europeia
mostra que é uma má
estratégia. Nas democracias
em que eles foram excluídos,
acabaram por se fortalecer
com o tempo
NUNO AGUIAR DIANA TINOCO
Onde estão os ricos? São cada vez mais os milionários em todo o mundo.
O que não quer, infelizmente, dizer que a riqueza
esteja a ser distribuída mais equitativamente
M A N U E L B A R R O S M O U R A mbmoura@visao.pt
De acordo com o Relatório Global de Riqueza deste ano, produzido pelo Credit Suisse Research Institute, existem atualmente
46,8 milhões de milionários no mundo, um aumento de 1,1 milhão em relação a meados de 2018. Entre eles, estão mais de
quatro milhões de chineses, três milhões de japoneses e dois milhões de alemães. Mas nenhum país é como os Estados
Unidos da América, que albergam quase 19 milhões de milionários e respondem por mais de metade do aumento deste ano.
1 322
832 4 447
2 460 3 025
274 185 2 187
Canadá Holanda
750 618
38 1 990
EUA Reino Unido Alemanha
Japão
2 071 810
18 614 China
177
Suíça
428
França Itália
1 496
979 424
1 180
172
Espanha 108
Austrália
7 440 PORTUGAL
Em 2019
1% tem 45% 117 E tudo o Brexit levou
O Credit Suisse calcula que No último ano, o Reino Unido
a parcela de riqueza pertencente Estimativa para 2024 perdeu 27 mil milionários. Tudo
174 mil
àquele 1% de adultos mais ricos por causa do enfraquecimento
até diminuiu levemente nos da libra como resultado da
anos anteriores à crise, mas não (crescimento de 49%) incerteza sobre o Brexit
62 milhões
parou de crescer desde então.
Atualmente, eles detêm
45% da riqueza do mundo,
diz o banco; os 10% SEGUNDO AS ESTIMATIVAS
mais ricos têm 82%. DESTE ESTUDO, O NÚMERO
Sobra pouco para os DE MILIONÁRIOS DEVERÁ
restantes 90%... ULTRAPASSAR OS 62 MILHÕES.
JÁ EM 2024, UM AUMENTO
DE QUASE 16 MILHÕES
RELATIVAMENTE AO PRESENTE
E 49 MILHÕES, SE SE CONTAR
A PARTIR DO INÍCIO
DO SÉCULO
POR
MAFALDA ANJOS*
JOSÉ CARLOS CARVALHO
– E SOBRINHO DO
A 10 de dezembro, zero”, em 2015,
Novo herdeiro Alberto Fernández quando entrou Na sombra
de Perón
Juan Domingo
toma posse e
os herdeiros do FOTÓGRAFO OFICIAL na Casa Rosada.
Agora, há mais
de Cristina
Claro que os
Perón pode general Perón
garantem a DE DOMINGOS PERÓN cinco milhões
de pobres do que
maiores desafios
– CONQUISTA A CASA
ter morrido há de Alberto
45 anos, mas presidência até nessa altura Fernández se
2023. No entanto, (no total, 35% da
o peronismo
continua de não se pense ROSADA E VAI LIDERAR população), com
prendem com
a situação
boa saúde na
Argentina.
que o professor
da Faculdade A ARGENTINA ATÉ 2023 a agravante de o
país se encontrar
económica e com
as medidas de
O general que de Direito da em recessão há austeridade que o
Universidade FILIPE FIALHO 13 meses e de, na
foi Presidente seu Governo terá
do país em três Nacional de última primavera, obrigatoriamente
ocasiões deixou Buenos Aires é ter recebido mais de aplicar.
p No
um legado que um novato na um empréstimo entanto, a tudo
permanece vivo política. As suas do FMI, no valor isto há que
em Buenos Aires. andanças pelos de 57 mil milhões somar a mulher
E essa é uma das corredores do de dólares, para que ele aceitou
razões para Martin poder iniciaram-se não entrar em nomear como
Wolf, o influente em 1985, quando o bancarrota. vice-presidente:
editor do Financial ex-Presidente Raul Estima-se que Cristina Fernández
Times, afirmar Alfonsín o nomeou mais de quatro de Kirchner.
que a “América subdiretor-geral de milhões de A antiga primeira-
Latina vive entre Assuntos Jurídicos argentinos -dama (2003-2007)
elites e populistas do Ministério da (7,7% dos também liderou o
depredadores”. Economia. Desde habitantes) vivam país (2007-2015)
No último domingo, então, serviu cinco com fome de forma polémica
27, o peronista chefes de Estado. e na indigência. e sobre si pendem
Alberto Fernández 13 processos-
ganhou, de forma -crime – a maioria
esmagadora, por corrupção.
as eleições Nos últimos
presidenciais e cinco anos, por
impediu que o ser senadora,
liberal Mauricio Cristina conseguiu
Macri continuasse evitar em sete
na chefia do ocasiões ir para a
Estado. A vitória do prisão. Agora, fica
ex-advogado evitou com imunidade
a realização de garantida para
uma segunda volta outro tanto.
e fez com que os
herdeiros de Perón
recuperassem a
Casa Rosada, a
velha mansão do
poder executivo.
M O D É S T I A À PA R T E
Sou, sem
margem para Eu disse-lhes
dúvidas, o maior
artista de todos
que ia matar
os tempos
KANYE WEST
alguém; eles
O rapper norte-americano,
apoiante de Trump, continua
convencido de que ainda vai ser
disseram que
Presidente dos EUA
ganhariam
mais
dinheiro se
eu o fizesse...
KEIRA KNIGHTLEY
A atriz inglesa conta como, na fase inicial
da carreira, quando foi nomeada
para o Oscar pelo papel em Orgulho
É muito fácil ser e Preconceito e brilhava no primeiro
provocador num episódio da saga Piratas das Caraíbas,
a imprensa tóxica e os paparazzi lhe
país de choninhas provocaram um “colapso mental”
amestrados
RUI ZINK
O autor acaba de publicar
o Manual do Bom Fascista
e apresenta-se como “um
provocador num país fofinho” FRASE DA SEMANA
Fontes: The Telegraph, Blitz, Diário de Notícias, Jornal de Negócios, Público, SIC Notícias
31 OUTUBRO 2019 VISÃO 25
ALMANAQUE
NÚMEROS DA SEMANA
300 milhões
Mais de 300 milhões
de pessoas em todo o
mundo sofrem de doenças
consideradas raras, segundo
um estudo publicado na
sexta-feira, 25, no boletim
europeu de genética humana.
Das mais de seis mil doenças
descritas na base de dados,
149 são predominantes
e responsáveis por 80% dos
casos de doenças raras no
mundo. Regista-se ainda que
72% são de origem genética
e 70% começam a
manifestar-se na infância.
PA R A J Á , S Ó N O S E UA
Facebook já dá notícias
O Facebook anunciou na sexta-feira, 25,
100
O governo em Botswana
o lançamento de um serviço de notícias, anunciou que investigações
um feed alimentado por jornalistas, com preliminares mostram que
a ajuda de algoritmos e, numa fase inicial, uma das principais causas
destinado apenas ao público norte- de morte de mais de 100
americano. O grupo de Mark Zuckerberg iniciativa está alinhada com o desejo do de elefantes, nos últimos
garante que o Facebook News “dará ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, dois meses, pode ser um
público mais controlo sobre os artigos em promover o “jornalismo de qualidade”, surto de antraz. As chuvas
que vê e a oportunidade de explorar uma como declarou na quarta-feira, 23, diante abaixo da média levaram a
gama maior de interesses”. A nova secção do Congresso norte-americano. O Facebook uma seca severa na região,
será separada dos feeds usuais e incluirá esclareceu ainda que montou uma o que obriga os animais a
artigos das cerca de 200 organizações equipa de jornalistas com “independência rebuscarem o solo e, assim,
de notícias parceiras da iniciativa, entre editorial” que vai selecionar artigos com a serem contaminados
as quais estão The Washington Post, base em diretrizes fáceis de usar e numa com o esporo de bactérias
The Wall Street Journal, Elle nos EUA, “personalização” algorítmica relativa a essa antraz, também conhecido
People, ABC, CBS News ou Fox News. Esta seleção de notícias. por carbúnculo.
LUÍS BARRA
impressionado com o trabalho
da jovem ativista e gostaria
de prestar homenagem à sua
ESTUDO contribuição excecional para
as questões ambientais”, disse
Ar quente de África mais frequente Michael Darby, que descobriu
o pequeno inseto entre os 22
As massas de ar quente de África que “invadem” a Península Ibérica, gerando ondas de milhões de espécies da coleção
calor como as que atingiram Portugal, em 2018, e a Europa Central, no passado verão, do museu. O Nelloptodes greate
aumentaram de frequência nos últimos 40 anos. A conclusão consta de um estudo tem menos de um milímetro de
divulgado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (UL), onde trabalham comprimento e não
alguns dos cientistas que participaram na investigação, a ser publicada na edição tem olhos ou asas.
impressa de dezembro da revista da especialidade Weather and Climate Extremes. Segundo a BBC, o
O estudo analisa dados desde 1948 sobre as “intrusões de massas de ar” quente do inseto foi recolhido
deserto do Sara na Península Ibérica, nos meses de verão, concluindo que estas foram em Nairobi, no Quénia,
cada vez mais frequentes e severas, sobretudo a partir de meados de 1970, com estes nos anos 1960, por
fenómenos a atingirem “latitudes cada vez mais a norte”, na Europa. A justificação pode William Block que doou
estar numa correlação de fatores, como o crescente aumento da temperatura do ar as suas amostras ao
e “alterações nos padrões atmosféricos”, provocadas pelo aquecimento da atmosfera. museu, em 1978.
BILHETES À VENDA EM BLUETICKET.PT, FNAC, WORTEN, EL CORTE INGLÉS E NOS LOCAIS HABITUAIS HOUSEOFFUN.PT
TRANSIÇÕES
PRÉMIO
O Parlamento Europeu
decidiu distinguir com o
Prémio Sakharov para a
Liberdade de Pensamento
2019 o intelectual Ilham
Tohti, condenado em
2014 pela Justiça chinesa
a prisão perpétua por
“separatismo”, num
processo que suscitou uma
onda de protestos por parte
de governos estrangeiros e
organizações de defesa dos
Direitos Humanos. Apesar
da condenação, continua a
ser uma voz da moderação
e da reconciliação. O
economista chinês Ilham
Tohti é conhecido por lutar
pelos direitos da minoria
uigur e pela defesa de leis
regionais de autonomia.
Durante mais de duas
décadas, trabalhou para
promover o diálogo e a A B U B A K R A L- B AG H DA D I 19 7 1-2 0 19
compreensão entre uigures
e chineses. Já recebeu o
Prémio PEN/
/Barbara Goldsmith
Freedom to Write (2014), o
Prémio Martin Ennals (2016)
O homem mais perigoso do planeta
e o Prémio para a Liberdade Com a morte do líder do Daesh, capturado pelas forças
da Internacional Liberal norte-americanas, ficará o mundo um lugar mais seguro?
(2017) e foi nomeado para o
Nobel da Paz de 2019.
As circunstâncias da morte do descendente do Profeta Maomé.
MORTE terrorista mais procurado do mundo Desde a adolescência que fazia notar
Vencedor da primeira edição poderão estar mal explicadas, mas a sua obsessão com a religiosidade,
do Prémio Luso-Espanhol Donald Trump apressou-se a anunciar passando horas a aprender a recitar
de Arte e Cultura, atribuído no domingo, 27, em direto da Casa o Corão e criticando quem não
por Portugal e Espanha,
Branca, a captura de Abu Bakr al- cumprisse a Sharia, a lei islâmica.
em 2006, José Bento foi,
-Baghdadi na fronteira Síria- Em Tobchi, um bairro pobre de
desde a década de 1950, um
dos principais divulgadores
Turquia. Em Barisha, al-Baghdadi Bagdade, enquanto al-Baghdadi
de autores como Jorge morreu enquanto fugia da Delta estudava na Universidade Islâmica
Luis Borges, García Lorca, Force, uma das unidades secretas (bacharelato em Estudos Islâmicos),
Miguel de Unamuno, Santa de operações especiais das Forças também fazia parte da equipa de
Teresa de Ávila, San Juan Armadas dos EUA. A sua captura era futebol, com qualidades de craque.
de la Cruz ou Miguel de uma das principais prioridades da Pessoa educada e sossegada, como
Cervantes, com a tradução administração Trump, e o Presidente classificavam os colegas
das suas obras, e também dos EUA foi prolixo na declaração: da juventude, estratega silencioso
um poeta premiado, autor “O homem morreu num túnel depois que não dava entrevistas, nem
de livros como Sítios e Um de chorar e gritar. Chegou ao fim do gravava mensagens em vídeo, tinha
Sossegado Silêncio. Nascido túnel e detonou o colete, morrendo a cabeça a prémio, em troca de
em Pardilhó, Aveiro, em e matando ao mesmo tempo três dos uma recompensa de 25 milhões de
17 de novembro de 1932, seus filhos. Morreu como um cão, dólares. Com o gradual desvanecer
fundou a revista literária como um cobarde. O mundo é agora do Daesh e a morte do seu líder,
Cassiopeia, nos anos 1950. um lugar muito mais seguro.” terminarão os ataques suicidas,
Morreu no sábado, 26, no Ibrahim Awwad Ibrahim Ali al-Badri as decapitações, os raptos e todas as
hospital Amadora-Sintra, al-Samarrai (nome real) terá nascido ações bárbaras ordenadas pelo “líder
onde estava internado. na cidade iraquiana de Samarra, há de todo e qualquer muçulmano” que
Tinha 86 anos.
48 anos, no seio de uma família de queria lutar até à conquista
sunitas ultrarreligiosos que se dizia de Roma? Sónia Calheiros
PERISCÓPIO
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OPINIÃO
Tudo é composto
de mudança
P O R J O S É E D U A R D O M A R T I N S / Advogado e ex-deputado do PSD
O
ra então, houve eleições. Desta vez, terão Conclusão: dê lá por onde der, com mais ou
reparado, o PS ficou à frente e desfez em menos diversidade ao lado, é ao PSD que cabe
dois dias a artimanha que durou quatro comandar o centro-direita e oferecer uma alternativa
anos. A ladainha do novo paradigma de a este pântano.
esquerda foi uma balela imposta por uma E é no centro moderado, na abstenção, que o PSD
derrota. Ultrapassada a contingência, não precisa de recuperar o seu eleitorado tradicional.
é preciso Geringonça para nada, e lá se O milhão de votos perdido está na imensidão de
retoma o costume constitucional: governa pessoas que precisam de sentir que alguém tem
quem ganha. Se não conseguir, repetem-se uma resposta para o que mudou no mundo, que
as eleições. Acabam aqui, para já, as boas resiste à voragem do tempo e não perde coerência
notícias. O PS, que agora só precisa de engambelar em posições sucessivamente contraditórias para dar
um parceiro de cada vez, tem algum tempo e desíg- resposta às notícias e não aos problemas.
nio, ou paixão se preferirem, de sempre: colonizar o E para isso não basta saber se é o dr. Rio o
Estado. A comprar golas e barretes vários com os de mais teimoso ou se é o dr. Montenegro que tem
baixo e à espera da providência do império do meio, mais cabelo. Não é uma guerra de personalidades,
por cima, com quatro ministros de por melhores que fossem, que
Estado a fazer o laçarote da vidinha. entusiasma a inteligência dos
Talvez seja só muito Estado para o É ao PSD que moderados que já não votam.
que se adivinha. Pior do que isso, de resto, só
Mas quando a instalação da As-
cabe comandar escavar trincheiras onde no PSD
sembleia da República se consome o centro-direita havia pequenas lombas, com uma
entre temas de moda para asses-
sores e carpintaria para portinho-
e oferecer uma guerra de supostos liberais, contra
alegados sociais-democratas.
las na bancada direita, até pode alternativa Para vencer o problema
resultar. Para já, estão instalados os a este pântano estrutural do seu afundamento
tais 70 governantes. Depois, logo se e liderar um bloco político que
verá o que está a “precisar de res- possa governar, o PSD tem de
posta” nas redes sociais. E por aí se fica a coisa. ser um partido moderno que valoriza o mercado, a
Não é pós-ideologia, como reclamam os novos empresa e a democracia representativa, mas que o faz
partidos identitários. É incapacidade, à esquerda, de porque valoriza antes de mais a liberdade individual e
apresentar propostas ordenadas, sequenciais e subs- o gosto de viver sem, contudo, desejar uma sociedade
tantivas. Incapacidade de desenvolver uma matriz de “cada um por si” e um Estado alheio ao seu papel
política coerente para os problemas contemporâ- no “elevador social” e na proteção dos excluídos.
neos sobrando, para lá desta navegação à vista do PS, Agora é tempo de construir uma alternativa que
apenas a asneira avulsa ou o confisco sortido como junte os melhores em torno de quem percebe esta
solução. necessidade de mudança, e julgo sinceramente que
É esta desgraça anunciada que torna mais pertur- Miguel Pinto Luz é o único na corrida que quer con-
bante a debacle do centro-direita. Fora do folclore, gregar a vontade humilde e determinada de muitos
não há alternativa ao deixa andar. E os que votam que não desistiram de atrair para o PSD todos os que
cada vez menos são os que deixaram este lado, que dele se afastaram, mais do que nas sedes, no orgu-
emagrece a cada eleição, mas que não foram para lho e na vontade de ser representado. Não precisa de
lado nenhum. Estão só sem estímulo que os orgulhe. mais para começar.
Rapidamente, para recordar os factos, o PSD teve São tempos de mudança. O reformismo de que
uma derrota histórica em que nem os votos do CDS as democracias liberais precisam está em procurar
foi buscar, como acontece por estas alturas. Aparece- resistir à velocidade das soluções imediatas e, ainda
ram três partidos novos e dois até elegeram deputa- assim, oferecer alternativa aos que não vociferam
dos: um que rejeita a democracia liberal e outro mais mas estão sem representação. Por cá, ninguém o faz;
libertário do que liberal, mas nenhum acrescentou o PSD tem aqui a sua oportunidade para assumir a
votos à direita que já havia. liderança. visao@visao.pt
Canhão
do Nabão
Agroal
Póvoa
N113
N13
Tomar
Parar e sentir
O guia Quirino
encantado.
João Pedro, 50 anos, é quem nos leva por
esta montanha acima, numa subida que se
AOS MEUS
e mental”, assegura Daren. da Covilhã –, fartam-se de tomar banho na
À medida que voltamos à base, e o rio se pequena barragem que prende o rio e que
PACIENTES QUE
adensa, registamos que não tropeçamos em dantes, em levada, transportava a água aos
eucaliptos – aqui só há árvores autóctones. moinhos que ainda se avistam, em ruínas.
Parque Natural
da Serra da Estrela
N232
Manteigas
Verdelhos
Rio Zêzere
N18
Covilhã
Mágico O vale
do Beijames está
praticamente a
salvo da intervenção
humana, apesar
de ainda existirem
algumas casas
por aqui, quase
todas desabitadas.
Pessoas, só mesmo
quando passa algum
pastor e os seus
rebanhos de cabras
ou algum caminhante
contemplativo
FOTOS: JOSÉ CARLOS CARVALHO
EXPLORAR EM GRUPO
No Parque Nacional da Peneda-Gerês parti-
mos à descoberta de Fafião, uma das aldeias
mais dinâmicas do concelho de Montalegre,
onde o comunitarismo ainda é uma realida-
de. Muito graças à intervenção da Associação
Vezeira, nome da atividade em que diferentes
famílias alternam entre si o pastoreio do gado
(bovino e caprino), levado para o alto da serra,
entre maio e outubro, onde existem prados
verdejantes e água abundante. Em 2018, o
grupo delineou o Trilho do Pão e do Azeite,
uma pequena rota circular de 12 quilómetros
pela serra do Gerês, devidamente homologa-
da, em que elementos patrimoniais como um
fojo do lobo (uma antiga armadilha dos pre-
dadores), um lagar de azeite ou um moinho
disputam as atenções com bosques, poços
(lagoas) e fechas (cascatas).
“As caminhadas estão na moda, anti-
gamente não havia GPS nem informações
sobre os trilhos, hoje está tudo na internet”,
diz Júlio Marques, um dos dinamizadores da
associação. “As pessoas vêm para limpar a ca-
beça e gostam de se embrenhar pelos trilhos
mais inóspitos, onde encontram silêncio e
paz”, acrescenta. Curiosamente, Júlio é um
forasteiro nestas paragens, nascido e criado
no bulício da cidade da Maia. Vive em Fafião
há dois anos. “Sou asmático e diminuí imen-
so a medicação, tinha vertigens e perdi-as…
A minha vida mudou muito”, conta.
Voltando ao trajeto, há que andar mais
uns quilómetros por estradão largo até se
enveredar por um caminho mais estreito, ao
encontro de uma microfloresta com todo o
tipo de árvores autóctones, por onde se er-
gue uma formação rochosa surpreendente, a
rasgar os céus. Dali se desprende a fecha do
Quelhão, uma queda-d’água com cerca de
40 metros, a alimentar o leito do rio Conho
que, mais à frente, se juntará ao rio Fafião. É
neste vale, mais próximo da “civilização”, que
se encontra outro postal ilustrado, o Poço
da Cancela, lago fundo e cristalino onde os
O ESTILO DE turistas mergulham no verão. participantes em cada etapa, de várias loca-
NOS PERMITE
criada há 12 anos. “As caminhadas são vician- recorda. “Os cenários mais inóspitos e sel-
tes. Quem gosta de Natureza, nunca mais de- vagens estão lá, conseguimos andar 20 a 30
Parque Nacional
Peneda-Gerês
Fafião
Barragem
N103
Rio Cávado
Venda Nova
Cores
Esta serra é sempre
bonita, mas no outono
ganha tonalidades
especialmente
encantadoras,
DIOGO BAPTISTA/NFACTOS
sobretudo quando nos
embrenhamos pelos
trilhos mais inóspitos
Arga de Baixo
Arga de Cima
Serra de Arga
N302
N27
Rio Lima
Vila Franca
Pitoresco
Passear nesta serra
DIOGO BAPTISTA/NFACTOS
A MONTANHA,
bem-estar geral. Um estudo da Universidade tremendo, havia filas para tudo”, recorda.
de Exeter, no Reino Unido, publicado, este No regresso a Arga de Baixo, a aldeia onde
ano, na revista Scientific Reports, tendo por
base inquéritos feitos a quase 20 mil pessoas,
nasceu, com pouco mais de 200 habitantes,
encontrou “outra qualidade de vida”. Há uma ATÉ DO MEU
refere que bastam duas horas por semana
em contacto com a Natureza, seja em zonas
imagem que imediatamente o remete para um
refúgio de tranquilidade: o nascer do sol no NOME ME
selvagens ou no parque, para se reduzirem
os níveis de stresse e a tensão arterial, assim
alto da montanha, às sete horas da manhã,
após ter saído de casa com os cães para caçar. ESQUEÇO”
como o risco de doenças cardiovasculares. “Vejo aquela vista e liberto-me de tudo”, conta ROGÉRIO SILVA, CAMINHANTE
DIA A DIA,
-e-foge que surtirá bom efeito. Na margem é importante para a componente cardior-
direita do rio, de quem chega da Póvoa, a ve- respiratória, mas o mais importante são os
getação é mais densa e as formações calcárias
imponentes. Por isso, trepamos por elas para
resultados mentais. Sinto que, quando trago
aqui alguém, lhes estou a dar algo de bom. SENTIRMO-NOS
ter uma vista panorâmica e respirar de tal
forma que enchemos os pulmões, renovan-
Anda tudo muito cansado”, refere Quirino.
Está na hora de regressarmos à estrada, PEQUENINOS.
do-os para aguentarem a pressão da cidade.
Quirino Tomás, 33 anos, acompanha-nos
de sair deste torpor bom, mas antes ainda
passamos por túneis de árvores sombrios, ONDE HOUVER
nesta inspiração, de braços abertos, como
quem quer agarrar o cenário que conhece
que nem deixam o sol outonal penetrar, e pi-
samos medronhos vermelhos que mostram o
ESPAÇO, É ONDE
bem. É dono da Hikeland, uma jovem em-
presa que organiza caminhadas, algumas
seu interior amarelo ao serem esborrachados.
Nesta altura do ano, o musgo cobre a maioria
PLANEAMOS IR”
vezes a este destino. Aqui no alto, diz-nos: das pedras rasteiras e há bolotas caídas por RUI HENRIQUES, CAMINHANTE
“Tento quebrar a maldição do tempo que entre as folhas caducas, que já desistiram dos
corre demasiado depressa durante a semana, troncos das árvores. Uma última inspiração
especialmente nas grandes cidades, pon- e estamos prontos para publicar este texto.
do um travão para voltarmos ao momento visao@visao.pt
EDIÇÃO MENSAL
GRATUITA,
EXCLUSIVA PARA
INVISUAIS
Porque
é bom ler
COM O APOIO DE:
A outra juíza
casos como os do juiz Neto de Moura clarifica o presidente da ASJP.
devem ser punidos com penas mais António Martins era presidente da
graves do que a simples advertência. ASJP quando, em 2008, foi aprovado
por unanimidade, no 8º congresso dos
Aos 49 anos, e pouco depois
BARREIRA ÉTICA juízes portugueses, o documento Com-
de o mandato de nove anos
Com a tomada de posse do novo Go- no Tribunal Constitucional ter promisso ético dos juízes portugueses.
verno, Justiça, Administração Interna chegado ao fim (em abril deste Trata-se, recorda à VISÃO, do produto
e Defesa Nacional passaram a ter juí- ano), a docente universitária (aqui de um “grupo de trabalho vastíssimo
zes em lugares de relevo quando, por a tomar posse) aceitou o convite de juízes” que, há mais de uma década,
comparação, no primeiro governo de e integra agora o Ministério da “pensaram a ética” da classe. “Ser como
António Costa, apenas a juíza Helena Defesa Nacional, como secretária se deve ser e parecer como se é” seria,
Mesquita Ribeiro integrava a equipa, de Estado de Recursos Humanos nas palavras do magistrado, uma das
nas funções agora desempenhadas por e Antigos Combatentes. ideias fundamentais a retirar daquelas
Belo Morgado. E quando, antes disso, Ex-membro do Conselho 30 páginas.
Pedro Passos Coelho (em 2011 e em Consultivo da Procuradoria- Num dos pontos desse documento,
2015) e José Sócrates (2005-2009) não -Geral da República e do precisamente onde se concentram os
contaram com qualquer magistrado Conselho Superior dos Tribunais princípios sobre a “independência” dos
nas equipas que lideraram. Administrativos e Fiscais, fez magistrados, lê-se que “o juiz respeita
“Uma coisa é um cargo técnico, em todo o percurso académico escrupulosamente o princípio da sepa-
que se pode discutir a utilidade do juiz na Faculdade ração de poderes”. E, no mesmo pará-
– no caso de serem chamados para de Direito da grafo, acrescenta-se que “a salvaguarda
assessores da ministra da Justiça, para Universidade de da independência externa, que confere
Coimbra, onde é
assumirem funções como diretor-geral as condições de imparcialidade dos
professora desde
da Administração da Justiça ou funções tribunais e garante a confiança pública
1994. Foi ali que
idênticas na área da Administração regressou depois
na Justiça, leva a que o juiz se oponha
Interna”, ressalva o presidente da as- da passagem pelo a qualquer tentativa de politização dos
sociação sindical que representa 95% Palácio Ratton. seus órgãos próprios de governo ou da
dos juízes portugueses. “Esses cargos, sua função”.
podemos discuti-los, mas não levan- Os princípios orientadores da clas-
tam problemas”, diz Manuel Ramos se foram então reafirmados e estavam
Soares. Outra coisa são os “cargos de amplamente consensualizados, mas
confiança política, como os de ministro em 2015 e, novamente, em 2019, hou-
e secretário de Estado, que levantam ve quem voltasse a dar o salto. “O que
problemas éticos”, concretiza o ma- leva o poder político a considerar que
gistrado. A dúvida aplica-se tanto aos os juízes têm um valor acrescentado
três novos secretários de Estado como na decisão política? Porque é que os
PORTAS FECHADAS
DEFENDE modelos: ou não regressar de todo [à
magistratura] ou um sistema em que,
O debate sobre os limites à ação dos REGRAS MAIS quando se está no exercício [de funções
APERTADAS
juízes na esfera do poder político não governativas], se fica com a condição de
é, claramente, matéria de direito. Fon- juiz suspensa”, ficando também con-
te oficial do Conselho Superior da
Magistratura salienta, em resposta PARA QUEM dicionado o reingresso nas anteriores
funções a uma avaliação do Conselho
escrita à VISÃO, que “o Estatuto dos ENTRA NO Superior da Magistratura e perdendo
GOVERNO.
Magistrados Judiciais autoriza que os a antiguidade que tinha antes.
juízes exerçam funções governativas, Não seria o fim do problema, mas
em regime de comissão não judicial”.
Aliás, a nova versão do estatuto, que MAGISTRADOS essa solução “resolvia, pelo menos em
parte”, o dilema ético que agita toda
entra em vigor em janeiro do próximo DEVEM PERDER a classe, sempre que um magistrado
PRIVILÉGIOS
ano, “reafirma o aludido entendimen- tira a beca e avança para a porta que
to”, destaca a mesma fonte. dá acesso ao governo. prainho@visao.pt
O
s portugueses nunca simpati-
zaram com a rainha consorte Confesso o erro de ter assumido, demasiado cedo, a minha relação
D. Leonor Teles (c. 1350- amorosa como o conde de Andeiro. Já o meu marido, D. Fernando,
-1386). Referimo-nos, é claro, aos mi- que soubera de tudo, havia conspirado para matar o Andeiro. Há quem
nimamente instruídos, àqueles que, diga que, dessa missão, tinha encarregado o seu meio-irmão, João, o
na velha Escola Primária, aprenderam dissimulado Mestre de Avis e (nunca o adivinharíamos...) futuro rei de
que a sedutora mulher do rei D. Fer- Portugal. Ou talvez este rumor, citado por Fernão Lopes, apenas sirva
nando, que viveu subjugado por ela para legitimar, a posteriori, o que o Mestre, de facto, viria a fazer... (...)
desde que a conheceu, foi-lhe infiel Agora, faltava-lhes gizar um plano para liquidar o conde de Andeiro,
na vida privada e traidora na vida eliminando o principal apoio interno da regente – eu própria – e tomar
pública. Uma imagem desgraçada. o poder. Mas a eliminação de Andeiro, mais do que por razões de honra,
O cronista Fernão Lopes foi o impunha-se por razões políticas...
principal responsável por esta “má E eis que surge Álvaro Pais, ex-chanceler-mor (primeiro-ministro) de
imprensa” da primeira rainha de D. Pedro e, depois, do próprio D. Fernando. Alto-funcionário da Coroa,
Portugal nascida em território por- homem rico, burguês, influente e popular na cidade de Lisboa, ele
tuguês. Porque o fez? Porque, escre- nunca perdoara o ascendente da minha própria influência nos destinos
vendo décadas mais tarde, defendeu do Reino. Álvaro Pais organiza uma rábula a que, no vosso século,
e justificou a justeza do partido ven- chamariam “fake news”. Sem redes sociais à sua disposição, usaria
arautos a cavalo para espalharem o alarme na cidade, proclamando a
cedor, contrário ao dela. “A Aleivosa”,
falsa informação de que “matavam o Mestre”.
como lhe chamou Lopes, assumiu a
(Neste ponto, em minha defesa, devo sublinhar que a manipulação das
regência do reino depois da morte massas pela mentira não é má quando nos prejudica nem boa quando
do marido, em 1383. Nessa altura, nos convém. Mas esse julgamento deixo-o à História, consciente de que
o seu amante, o conde galego João ela é uma entidade que nem sempre faz justiça.)*
Fernandes Andeiro, adquiriu im-
portância política, o que desagradou
à burguesia, ao povo e a alguns se-
tores da nobreza, que receavam que
Portugal viesse a ser governado por
estrangeiros – tanto mais que a filha
única de D. Fernando e de D. Leonor
Teles se casara com o rei de Castela, o
que conferia a este soberano o direito
de herdar a Coroa portuguesa. Foi
nesse contexto que D. João, mestre
da Ordem de Avis, surgiu como líder
do partido dos descontentes e assas-
sinou Andeiro com as próprias mãos,
levando Leonor Teles a fugir.
O resto é história bem conhecida.
Uma tropa improvisada, comanda-
da pelo jovem Nuno Álvares Pereira,
conseguiu desbaratar, em Aljubarrota,
o poderoso Exército castelhano que
vinha fazer valer a causa do rei de
Castela. Se a sorte da batalha tivesse
sido outra, Portugal não existiria hoje
como Estado independente e... talvez
ninguém se lembrasse já de Leonor
Teles. Escutemos a sua defesa.
O
s tais mesmos portugueses
– e ainda são muitos – que
antipatizam profundamente
com D. Leonor Teles veem em Mi-
guel de Vasconcelos (c. 1590-1640) o
mais refinado de todos os traidores.
Então não é verdade que foi ele que
governou Portugal em nome do rei de
Espanha durante o domínio filipino?
Bom, é verdade, mas apenas par-
cialmente. Só nos cinco anos finais
do reinado português de Filipe IV de
Espanha (Filipe III de Portugal) é que
este homem de confiança do chefe
do governo espanhol, conde-duque
de Olivares, foi secretário de Estado
(primeiro-ministro) da duquesa de
Mântua, vice-rainha do nosso país.
Esse período relativamente escasso
foi, no entanto, suficiente para que
o povo passasse a odiá-lo, uma vez
que aplicou impostos pesadíssimos
que descontentaram todas as classes
sociais, incluindo a nobreza, chamada
a combater sob a bandeira espanhola
em teatros de guerras que não lhe
diziam respeito, com todas as más
consequências físicas e financeiras
daí decorrentes. Até para reprimir O meu espírito eleva-se acima do meu cadáver que já começa a ser
a revolta da Catalunha foram arre- mordido por cães vadios, no Terreiro do Paço, em Lisboa. Pouco
gimentados fidalgos lusos, dando passa das nove da manhã de 1 de dezembro do ano da graça de
consistência à política de progres- 1640. Ainda há minutos, tudo estava em paz na fiel e mui nobre
siva integração de Portugal na Es- cidade ibérica da foz do Tejo, vassala da Madrid imperial. De súbito,
panha defendida por Olivares (e que porém, ouviram-se gritos, vozes alteradas, portas a bater, um ou
ia contra o modelo de autonomia dois tiros de bacamarte. Um tropel de passos em corrida a subir
administrativa que ficara disposto em as escadas do edifício do Paço, portas arrombadas pelo caminho,
1580, quando o primeiro dos Filipes desconhecidos que procuram a duquesa de Mântua, da sua
assumiu a Coroa portuguesa). graça Margarida de Saboia, e o seu humilde secretário de Estado
Miguel de Vasconcelos acabou mal. (e escrivão da Fazenda da vice-rainha): eu próprio. Um armário
sólido e meio escondido, que servia de arquivo à papelada menos
No 1º de Dezembro de 1640, os cons-
consultada, parecia ser, agora, o único ponto possível de fuga. Abro
piradores que iniciaram à restauração
as suas grandes portas e enfio-me lá dentro, quieto, silencioso,
da independência de Portugal deram mas com o coração a explodir-me dentro do peito. Oiço vozes de
com ele escondido num armário do intimidação a Sua Alteza, que terá de obedecer à voz de prisão.
Paço, crivaram-no de balas e arre- Rebeldes! Nacionalistas portugueses? Nobres despeitados pela
messaram o corpo pela janela, para perda de importância nos destinos políticos do Reino? Burgueses
gáudio da multidão que se comprimia descontentes pela alta de impostos? Soldadesca desertora que
no Terreiro do Paço. Se ele pudesse se recusa a engrossar as fileiras de Sua Majestade, el-Rei de
ter escrito as suas memórias teria Espanha, de Portugal e dos Algarves e imperador dos Habsburgos
dito, provavelmente, o que se segue. espanhóis, senhor de territórios onde o sol nunca se põe, de seu
nome Filipe IV (III de Portugal)? Simples arraia-miúda desordeira,
bêbedos da noite anterior?*
T
anto a Corte como o povo O ano de 1816 é o da morte, no Brasil, da rainha D. Maria I. Afastada dos
odiavam esta feiíssima, ninfo- negócios do Estado, vários anos antes, por loucura, fora, entretanto,
maníaca e intriguista princesa substituída, no governo do Reino, pelo seu filho, o regente D. João, agora
espanhola, mulher do pobre e fraco el-Rei D. João VI. Foi nessa data que me tornei, em terras brasileiras,
rei D. João VI. Razões não faltavam: rainha consorte de Portugal. Para celebrar, encarreguei a baronesa
Carlota Joaquina (1775-1830) traía o Ardisson de me fazer, em Paris, umas compritas. (...). Joias, roupas,
marido colecionando amantes, defen- lingerie, sapatos, luvas, meias, cosméticos e acessórios (mais de
dia os interesses do seu país natal em 500 lenços de mão, por exemplo), calçado em seda bordada, meias da
detrimento dos daquele de que era melhor seda transparente e leques de várias qualidades de marfim estão
rainha, defendeu a causa do absolu- entre os artigos adquiridos junto dos melhores estilistas, joalheiros
tismo contra o constitucionalismo, e retalhistas da moda parisiense. Posso ter ficado para a História como
apoiando as revoltas “caceteiras” uma das grandes vilãs de Portugal, mas tinha bom gosto. (...)
do seu filho D. Miguel, suspeita-se Nunca pude adivinhar que a tenacidade de D. Pedro o levasse ao ponto
mesmo de que tenha envenenado de abandonar a sua terra adotiva, agora transformada em império, para
o marido, que acusava de ser inca- regatear a sórdida porção europeia que teimava em reivindicar para a
paz de governar. Não há dúvida de filha. Nunca pude adivinhar que Maria da Glória, numa digressão pela
que Carlota Joaquina sonhava vir a Europa, se tivesse tornado amiga de brincadeiras de bonecas da pré-
tornar-se regente do nosso país, ao -adolescente da sua idade, e sua prima, Vitória, futura rainha Vitória,
da Inglaterra. E nunca pude adivinhar – nem a isso assisti viva – que Pedro
mesmo tempo que ambicionava a
haveria de abdicar de duas Coroas, a de Portugal, a favor da filha, e a do
Coroa de Espanha.
Brasil, a favor do seu filho homónimo, para embarcar rumo à Europa,
No tempo em que a Corte por- tornando-se um mero e errante duque de Bragança, sem terra nem trono,
tuguesa esteve sediada no Rio de só para dirigir as tropas que haveriam, contra Miguel, de conduzir Maria
Janeiro para evitar a abdicação face da Glória ao trono. Maldito seja nos infernos! (...)
a Napoleão, a “Megera de Queluz” Os vencedores da História esquecem-se de contar que a grande maioria
manobrou para vir a constituir para do povo, ferida no seu orgulho pela perda da grande colónia das Américas,
si própria um reino nas províncias estava com D. Miguel. Hoje, os seus detratores chamar-lhe-iam,
espanholas da parte mais meridional sem dúvida nenhuma, um populista de extrema-direita...*
da América do Sul. Aliás, no Brasil,
“a Ratazana” é ainda mais odiada do
que em Portugal: é voz corrente que
detestava aquele país, e a cultura po-
pular de além-Atlântico faz eco dessa
convicção. Ouçamo-la.
V
olta e meia, a RTP encarrega-
-se de nos refrescar a memó-
ria acerca deste figurão inte-
ligente e bem-falante, repondo um
seriado inspirado na sua vida e nas Meus senhores! Eu sou um honestíssimo empreendedor, cujos meios
de fortuna nada ficam a dever aos grandes financeiros do vosso século.
suas façanhas à margem da lei. Mas
Parafraseando um posterior colega meu, que vós deveis conhecer bem,
a fama de Artur Virgílio Alves Reis
tudo o que fiz foi “para ajudar a banca nacional”. (…) Fiquei conhecido,
(1898-1955) extravasa das fronteiras sobretudo, pelo golpe das notas de 500 escudos, com a efígie de Vasco
portuguesas, pois mais ninguém, que da Gama. De forma difamatória, fui acusado de falsificação. Mais do
conste, conseguiu falsificar dinheiro que um equívoco, tal acusação é uma fraude – e em fraudes, farão a
verdadeiro... justiça de reconhecer, serei eu uma autoridade. (…) Se eu alguma vez
Filho de um cangalheiro, embar- falsifiquei alguma coisa, essa coisa não foram notas de banco. Talvez
cou em novo para Angola, onde se umas assinaturas. Se calhar um ou outro documento oficial. E claro,
fez passar por engenheiro, falsifi- com a tenra idade de 18 anos, um magnífico diploma de engenheiro, da
cando um diploma de Oxford. Ali, própria Universidade de Oxford, uma das mecas do Ensino Universitário
enriqueceu comprando, com um mundial, certificado pela prestigiadíssima Polytechnic School of
cheque sem cobertura, a maioria das Engineering – instituição, aliás, inexistente. Ora, mas quem nunca?...
ações de uma companhia ferroviária. (...) Se adquirisse as ações da empresa, mediante o pagamento com
De regresso a Lisboa, adquiriu uma um cheque careca (...), poderia vendê-las a tempo de dotar a conta
empresa de revenda de automóveis de provisão, ainda antes de ele ser descontado. (…) Se fosse no vosso
norte-americanos passando um che- século, teria pedido emprestado ao banco para comprar as ações,
que sem provisão que, depois, cobriu dando por garantia os próprios títulos. (...) É um esquema genial,
com os fundos da própria firma. Com reconheço, e tiro o meu chapéu aos que, depois de mim, inventaram
o dinheiro restante, tentou adquirir este tipo de estratagemas...*
uma empresa mineira de Angola, mas
descobriu-se a fraude e ele foi deti-
do. Defendendo-se bem, conseguiu
ser libertado, após o que concebeu
o plano de encomendar uma grande
quantidade de notas de 500 escudos
à própria casa impressora britânica
que costumava imprimir o dinheiro
português por encomenda do Ban-
co de Portugal. Desta avalanche de
dinheiro falso que era “verdadeiro”,
meteu ao bolso 25%, quantia com a
qual fundou o Banco Angola e Me-
trópole, jogou fortemente na Bolsa,
comprou um palácio e três quintas,
tornou-se proprietário de uma em-
presa de táxis, encheu a mulher de
joias e tentou apoderar-se do Diário
de Notícias. O seu objetivo último
era comprar o número de ações do
Banco de Portugal (que, na altura,
era semiprivado) necessário para
poder abafar o escândalo das notas,
na eventualidade de a maquinação
ser descoberta.
Foi mesmo descoberta, e Alves dos
Reis condenado a uma pesada pena
de prisão. Seria libertado em 1945,
com 47 anos, e morreria de ataque
cardíaco, uma década mais tarde.
Vamos dar-lhe a palavra.
U
ma das figuras mais sinistras
da nossa crónica coletiva,
o forte, rude e “abrutalha-
do” Casimiro Monteiro (1920-1993),
nasceu em Goa, de pai português
e mãe indiana. Veio em jovem para
Portugal e daqui saltou a fronteira
para lutar nas fileiras franquistas
durante a Guerra Civil de Espanha.
Terminado este conflito, mudou-se
para Inglaterra onde trabalhou como
talhante e se casou com a filha do
patrão. Nos anos 50, voltou a Goa,
integrou a polícia local e “celebri-
zou-se” pela forma particularmente
cruel como interrogava e torturava
os ativistas pró-libertação do terri-
tório que tinham a má sorte de cair
nas suas garras. Depois da invasão
do Estado Português da Índia e da
sua anexação pela União Indiana,
Casimiro Monteiro foi recrutado
para os quadros da Pide, nos quais
se evidenciou novamente pela dureza
dos seus métodos de interrogatório.
Em 1965, fez parte da brigada
encarregada de assassinar o general Nunca fui um vilão importante, ou glorioso, influencer da História, como
Humberto Delgado, o mais incó- muitas das personagens que me precedem neste livro. Fui apenas
modo dos oposicionistas com que um vulgar assaltante e violador, que se tornou esbirro policial de uma
Salazar teve de se haver. E foi ele que polícia secreta e que as circunstâncias e os imponderáveis do destino
cometeu o homicídio propriamente fizeram, por um minuto fatal, importante. Devo isso, apenas e só, à
dito, praticado a sangue-frio, des- relevância pessoal e histórica da minha vítima mais famosa. Humberto
ferindo pancadas, com um grande Delgado é a causa da minha duvidosa glória. Sem ele, eu teria sido uma
ferro, na cabeça do “General sem peça menor de la petite histoire. (…) No dia em que o matei, conhecia
Medo”. No final da década, sempre dele apenas alguns factos: tinha sido general e tinha sido demitido.
como agente da Pide, mudou-se Conspirava contra Salazar e contra o regime. Era amigo de comunistas.
para Moçambique, pulou a fronteira Odiava e publicamente desprezou os membros da minha corporação,
para a Tanzânia e assassinou Eduar- a Pide. Por mim, devia ser abatido como um cão. (…)
do Mondlane, líder da Frelimo, por Nessa altura, já a secretária tinha saído da viatura, aos gritos, tentando
meio de uma bomba enviada numa agredir-me. Rosa Casaco mandou o Tienza agarrá-la e tapar-lhe a boca.
encomenda. Por altura do 25 de Abril, Livre do pequeno estorvo, era a minha vez. Já com Delgado dominado,
estava em Portugal, mas conseguiu dei-lhe uma cabeçada na fonte e esmaguei-lhe o maxilar. O general
fugir para África do Sul, onde morreu caiu no chão. Depois, com uma moca, apliquei-lhe uma pancada que
lhe desfez a base do crânio. Morreu instantaneamente. (…) Em fevereiro
passadas duas décadas.
de 1968, Eduardo Mondlane, fundador e líder da Frelimo (Frente de
Que justificações daria ele da sua
Libertação de Moçambique), dirigiu-se ao escritório do movimento
conduta? em Dar es Salaam, na Tanzânia, para recolher correspondência.
Ao abrir uma encomenda, acionou um engenho explosivo que o cortou,
literalmente, em duas metades. (…) Numa única vida, eu tinha acabado
com a existência de dois heróis nacionais de dois países. O que me dá
um lugar de destaque na galeria dos vilões modernos.*
*Trechos retirados do livro “A História de Portugal Contada Pelos Vilões” e editado pela VISÃO
FOCAR
Ajuste direto polémico
“A arte é a
mentira que nos
permite conhecer
a verdade”
Pablo Picasso
Pintor espanhol
(1881-1973)
Maria do Céu
Albuquerque
As dores de cabeça
da nova ministra
da Agricultura
P
o projeto da estátua do centenário da cidade ao escultor
Charters de Almeida, por 65 mil euros. Problema: uma
doação do artista ao município impediria a contratação, rimeiro, surgiu a notícia de
a menos que fosse invocado o estatuto seis adjudicações, por ajuste
de mecenato cultural – só que nunca foi. Até agora... direto, a uma empresa de fil-
mes do filho do deputado do
O C TÁV I O L O U S A D A O L I V E I R A PS Pedro Bacelar de Vascon-
celos, por um valor total de
515 mil euros. Depois, voltou
a emergir o caso da compra
de 30 oliveiras por 60 mil
euros a uma sociedade gerida
por familiares do secretá-
rio de Estado das Florestas,
João Paulo Catarino. Agora, o passado
autárquico volta a ensombrar a carreira
da nova ministra da Agricultura. Quan-
do era presidente da Câmara Municipal
de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque
contratou o escultor João Charters de
Almeida e Silva para elaborar o projeto
de escultura alusiva ao centenário da ci-
dade que viria a ser colocada na Avenida
das Forças Armadas, na rotunda junto ao
quartel. O município pagou 65 mil euros
(a que acresceria o IVA) pelo projeto, mas,
segundo apurou a VISÃO, a adjudicação
tem contornos polémicos.
Vamos por partes. De acordo com a
documentação que integra o portal Base,
o contrato foi firmado por Maria do Céu
Albuquerque e por Charters de Almeida,
a 5 de maio de 2016, e teve como suporte
um despacho do vice-presidente (à data
e agora) da autarquia, João Caseiro Go-
mes, emitido a 13 de abril do mesmo ano.
O problema é que poucos dias antes, a
29 de março, as partes tinham alterado
um protocolo de cooperação (cuja versão
original remontava a 2006), que previa a
doação de parte do espólio de Charters
de Almeida à autarquia – com direito a
cerimónia pública de oficialização.
Face a essa oferta, a adjudicação pode
automaticamente ter-se tornado irregular.
Ou, pelo menos, questionável. O Código
dos Contratos Públicos determina que, em
situações de ajuste direto, não podem “ser
convidadas a apresentar propostas entida-
des que tenham executado obras, forne-
cido bens móveis ou prestado serviços à
entidade adjudicante, a título gratuito, no
ano económico em curso ou nos dois anos
económicos anteriores, exceto se o tiverem
feito ao abrigo do Estatuto do Mecenato”.
Sucede que o estatuto que poderia jus-
tificar a exceção à proibição legal nunca
foi invocado em nenhum documento do
processo de adjudicação. Só esta semana,
quando a VISÃO questionou a ministra so-
bre o assunto, é que uma fonte autorizada
se socorreu dele, frisando que “(…) o acervo
doado pelo protocolo de 2006 e aditamen-
D.R.
tos de 2011 e 2016 destina-se a integrar que (2009-2019). Esse interlocutor nota
o museu, sendo passível de enquadramen-
to nos fins prosseguidos pelo mecenato
Um historial complicado que foi “uma comissão independente de
cidadãos abrantinos” a escolher Charters
cultural, previstos no artigo 62º B nº 1 d) do Ainda Maria do Céu Albuquerque de Almeida para assinalar a efeméride e
Estatuto dos Benefícios Fiscais, na medida não tinha tomado posse como nova aponta ainda que o “início do procedimen-
em que o município é entidade detentora ministra da Agricultura e os casos to de aquisição dos serviços ocorreu por
e responsável pelo museu em construção, de ajustes diretos controversos despacho de 01.12.2015, ou seja, em mo-
que tem abrangência supra local, alicerçada relativos aos tempos em que mento anterior à assinatura do aditamento
no património cultural, determinante para fora presidente da Câmara de ao protocolo (29/3/2016)”, versão acompa-
a afirmação territorial de Abrantes e para Abrantes começaram a vir à tona. nhada pelo município. Esse calendário não
a qualificação e alargamento da carteira Primeiro, a revista Sábado revelou coincide, porém, com a data do despacho
de recursos com potencial turístico”. que, entre 2014 e 2018, a antiga a que o contrato assinado pela ex-autarca
autarca assinara seis contratos, faz alusão. Ainda assim, esse responsável
no valor de 515 mil euros
AS SUSPEITAS DA OPOSIÇÃO garante que, face aos argumentos apre-
(IVA incluído), com a empresa
Logo numa reunião da assembleia muni- sentados, “fica claro que nunca houve
OSTV Lda., detida pelo filho do
cipal a 29 de abril, o agora presidente da deputado do PS Pedro Bacelar de
intenção de quaisquer contrapartidas”. Da
concelhia de Abrantes do PSD levantou Vasconcelos, que coabitou com a parte da autarquia, é sublinhado que “não
a questão da alegada violação da lei e la- também ex-secretária de Estado há acréscimo de obras doadas na listagem”
mentou que Maria do Céu Albuquerque do Desenvolvimento Regional no de março de 2016.
não tenha mencionado que Charters de Secretariado Nacional do PS entre No entanto, no email remetido à VISÃO,
Almeida, “em apenas três prestações de 2014 e 2016. Depois disso, voltou é confirmado que nunca existiu qualquer
serviços nos últimos dez anos”, arrecadara a estar sob fogo da comunicação referência ao Estatuto dos Benefícios
“cerca de 200 mil euros” provenientes dos social por um assunto que fora Fiscais ou ao alegado mecenato cultural e
cofres da autarquia. “(…) a bancada do PSD notícia há seis anos: a aquisição, também se pode atestar que o despacho do
entende bem a sua estratégia de aliciamen- também por ajuste direto, vice-presidente “não teve subjacente um
to para atingir as suas ambições, os seus de 30 oliveiras pelo montante parecer jurídico”. “No entanto, a decisão
desejos, os seus sonhos. Contudo, é preciso de 60 mil euros. Pormenor: a suportou-se em informações técnicas,
relembrar que é, mais uma vez, à conta dos adjudicatária, a Aeroflora, é uma nos termos dos procedimentos habituais
contribuintes abrantinos que o arquiteto empresa de Proença-a-Nova, seguidos no Município de Abrantes (...)”,
Charters de Almeida vai doar parte do seu gerida pela irmã e pelo pai de João termina.
espólio para instalar no Edifício Carneiro. Paulo Catarino, que chefiava a
É caso para se dizer que uma mão lava câmara local e tomou posse este AS DÚVIDAS DOS ESPECIALISTAS
a outra”, reforçou o deputado municipal. sábado, 26, como secretário Já os especialistas em Contratação Pública
Em nome da ministra, a mesma fonte de Estado das Florestas. mostram-se céticos. Paulo Veiga e Moura
sublinha a relação que “existe há longos refere que este tipo de contratos deve “obe-
anos” entre o escultor e Abrantes, anterior decer a um princípio de transparência”, o
aos mandatos de Maria do Céu Albuquer- que obrigaria, desde logo, “a haver uma
A nova legislatura
P O R J O S É C A R L O S D E VA S C O N C E L O S
1 3
A legislatura agora iniciada O Parlamento é dos sítios que co-
distingue-se de todas as outras nheci de (ou o de...) maior injustiça
pelo maior número de partidos salarial. Porque há salário igual para
representados na Assembleia trabalho desigual a todos os níveis:
da República (AR). Tal é positivo se de volume, especialização, dedica-
corresponder a uma efetiva plura- ção, esforço. E até acontece, graças às
lidade de perspetivas, de vozes com “ajudas de custo” e não só, muitos dos
identidade própria, no respeito pela piores deputados receberem mais do
democracia e, digamos, “decentes”. que os melhores. Assim, uns ganham
É negativo quando se verifica o con- muito acima do que merecem e outros
trário, enxameando partidos que só muito abaixo do que deviam. Valerá a
impedem ou dificultam a governa- pena refletir nessas e noutras questões.
JOSÉ CARLOS CARVALHO
4
à exceção que o mecenato permitiria, é breposições desneces- salarial. Há
categórico: “As regras deviam ser claras sárias e talvez nocivas. Também em
deputados que
2
desde o início. Não é a posteriori que se relação ao novo
diz que é ou deixa de ser mecenato. Pa- Só a prática ganham muito Governo apenas
rece-me que ela [a ministra] está agora parlamentar da acima do que a forma como
a arranjar uma solução à pressa. Como é nova legislatura merecem irá funcionar, e os
óbvio, tinha de haver uma referência a isso e de seus novos resultados que obtiver,
e uma justificação clara do ajuste.” A con- protagonistas dirá se à e outros muito mostrará se é positivo
jugação destes dados, resume o também mudança quantitativa abaixo do que ou negativo ser o maior
professor universitário, pode resultar na corresponderá uma deviam desde 1976. Na sua
“nulidade do contrato”: “A meu ver, pelo alteração qualitativa, posse, António Costa
que me explica, é ilegal.” um enriquecimento do fez um bom discur-
Por sua vez, Paulo Otero coloca a ques- debate e do trabalho ou um agrava- so, muito articulado quanto a grandes
tão no plano da ética e da transparência, mento do confronto e da confusão. orientações e objetivos. Há coisas, po-
que, na sua ótica, podiam ter sido mais Uma coisa é certa: a conveniência rém, bem concretas, da maior impor-
bem tratadas. “A circunstância de não ser do debate ser vivo mas não agres- tância, que de imediato tocam mais os
invocada a exceção [prevista pelo mece- sivo, sem insultos nem ataques in- portugueses e das quais é fundamental
nato] não significa que a cláusula não seja justificáveis. O CDS, com Assunção o primeiro-ministro falar – e o Governo
operada ou validada [a adjudicação]. Há Cristas, foi quem mais pisou esse agir. Sem entrar em campos como o da
uma mera irregularidade que não invalida risco, supondo assim afirmar-se Saúde, cito uma, escandalosa, antiga mas
o ato”, observa. Além disso, o antigo presi- como principal força da oposição. sobre a qual surgiu agora nova informa-
dente da Faculdade de Direito da Univer- Viram-se os resultados. E espera-se ção: cerca de 50 mil milhões de euros
sidade de Lisboa diz que “a contratação que aprendam a lição os que dela desviados de Portugal para offshores en-
de um artista é feita no sentido em que só necessitarem. A maior dúvida, se tre 2001 e 2016 (a terceira maior soma da
aquela pessoa e a sua habilidade, o seu ta- dúvida há, vem do Chega. Cujo “pe- UE), com todos os imensos prejuízos daí
lento específico podem garantir o serviço”. rigo”, porém, convém não exagerar: decorrentes para o País. O Governo tem
É a chamada “infungibilidade do prestador presta-lhe um serviço quem lhe dê obrigação de dizer o que está ou vai ser
do serviço”. Simplificando, defende que o uma expressão, uma importância, feito mais neste vergonhoso domínio.
artista não é substituível, e que isso pode que (ainda?) não tem. jcvasconcelos@jornaldeletras.pt
fundamentar o ajuste direto. ooliveira@visao.pt
Menstruação,
o último tabu
A criação de um emoji alusivo ao período e um
anúncio “arrojado” a pensos higiénicos causaram
polémica. Pormenores? Não, o preconceito
tem impacto ao nível dos Direitos Humanos
N
VÂ N I A M A I A
DE 14 ANOS SUICIDOU-
vistadas, 86 eram licenciadas. “A maioria vila de Hapur – não só combate o aban-
diz falar sobre o tema e, à partida, já nin- dono escolar como torna as mulheres que
guém acredita nos mitos de antigamente,
como não cozinhar ou não lavar o cabelo -SE DEPOIS DE SER vendem os pensos higiénicos financeira-
mente independentes. A história valeu o
quando se está com o período, mas isso
não significa que o preconceito tenha
RIDICULARIZADA NA Oscar de Melhor Curta-Metragem Docu-
mental ao filme Period. End of Sentence,
desaparecido”, afirma a jovem de 25 anos.
Uma das recomendações saídas da in-
SALA DE AULAS POR realizado por Rayka Zehtabchi. Cinema
sangrento que não deve meter medo
vestigação é a existência de dispensadores ESTAR COM O PERÍODO a ninguém. vfmaia@visao.pt
V
MANUEL BARROS MOURA DIANA TINOCO
i pessoas serem mortas e à Turquia, de onde, após anos de espe- como é próprio do seu carácter: “Quero
gente a desistir de viver, ra, partiu para o refúgio em Portugal. receber uma medalha. É por isso que
atirando-se de penhascos, País que o recebeu bem, que aprendeu luto todos os dias.”
nas montanhas. Eu não. Eu, a amar e onde, faz questão de o dizer, O que aqui se conta é a fantástica
miúdo, ia sempre à frente, quer “construir um futuro”. E esse futu- história de um miúdo que foi obrigado a
sempre a andar para che- ro pode passar, já no ano que vem, pelos fazer-se homem bem cedo na vida e que,
gar a um destino. O meu Jogos Olímpicos de Tóquio, integrado com ou sem medalhas, é um vencedor.
destino.” Quem o diz é Fa- na equipa internacional de refugiados Uma história relatada pelo próprio, as-
rid Walizadeh, afegão de 22 organizada pelo Comité Olímpico In- sente nas memórias que vai conseguindo
anos, que assim descreve o ternacional. Para isso acontecer, com domar. Sim, porque aquelas que – como
que mais o marcou num trajeto de vida o apoio do Comité português, Farid o próprio admite – o atormentam, lhe
desumano, que o obrigou, separado da treina boxe diariamente, com a mes- provocam pesadelos e o mantêm “preso
família e com apenas 8 anos, a atraves- ma determinação que o fez atravessar dentro da própria cabeça”, essas, não as
sar a pé as montanhas do seu país, do todas as montanhas gélidas da vida na conta a ninguém. “Não tenho com quem
Paquistão, e desde o Irão, para chegar perseguição de um sonho ambicioso, partilhar ou desabafar muitas das coisas
que vivi. Ninguém em quem possa con- espantosos: “Éramos um grupo grande passou a ter acesso a cama, mesa, educa-
fiar totalmente e que, sobretudo, não quando saímos do Afeganistão. Andámos ção e roupa lavada, mas os anos passados
me julgue.” juntos até metade do trajeto no Paquis- naquele orfanato não foram menos duros
tão, até que caí de um autocarro e fiquei do que aqueles em que andou na travessia
“FARTO DE LEVAR PORRADA” sozinho até ao final do Irão. Mas também das montanhas.
Farid nasceu em 1997, em Puli Khumri, não queria companhia. Não confiava em “Os rapazes eram maiores do que eu.
cidade do Nordeste do Afeganistão. Per- ninguém e estava farto de levar porrada Eram turcos e eu, o único afegão. Que-
deu a família com apenas 1 ano de idade. de toda a gente.” riam dar-me ordens, mas nunca deixei
O pai morreu e a mãe, perseguida por Dos meses que passou sozinho, con- que mandassem em mim. Então, ba-
ser ismaelita, foi obrigada a fugir para ta pouco. A alguns membros da equipa tiam-me. Deram-me uma sova que me
as montanhas. Estando grávida, teve de do Comité Olímpico de Portugal que o partiram todo, mas levantei-me e fui-me
deixar Farid para trás, com uma famí- acompanham atualmente, diz apenas: a eles. Voltaram a massacrar-me e voltei
lia amiga. Ali viveu até à morte da mãe “no dia em que puder regressar, gostaria a responder. E assim sucessivamente, até
adotiva. O padrasto pô-lo, então, fora de de ir pedir desculpa e de agradecer às que desistiram. Perceberam que eu me
casa, pagando para que o levassem para pessoas a quem fui roubando fruta para levanto sempre.” Essa capacidade de luta e
longe do país, integrado num grupo que sobreviver.” Na conversa com a VISÃO, foi a necessidade de se defender abriram-lhe
escapava da guerra e da pobreza. Quase mais curto e grosso: “Comi tudo o que era as portas do desporto. No taekowondo,
sempre a pé, porque o preço pago pela ser vivo e mexia.” O resto das memórias descobriu a modalidade certa para cana-
“viagem” não dava direito a lugar na garu- lá continuarão presas na sua cabeça, a lizar a sua raiva e aperfeiçoar as técnicas
pa do burro. Não passava de uma criança atormentarem-lhe o sono. de autodefesa.
de 8 anos, forçada a lutar, sozinha, pela O calvário terminou, quase um ano Com a mesma determinação com que
sobrevivência. depois, em Istambul. Apesar de ter che- chegou a solo turco, Farid tornou-se um
“Passei por coisas que nem a maioria gado à Europa, os primeiros tempos na campeão, somando vitórias. Até que der-
dos adultos alguma vez passou, quanto Turquia também não foram fáceis. “Es- rotou a pessoa errada: “Ganhei ao filho de
mais uma criança”, reconhece, sem, no tive preso até aos 10 anos. Depois, colo- um mandachuva qualquer lá do ginásio.
entanto, mostrar qualquer sinal de pie- caram-me num centro educativo, que Atropelaram-me e bateram-me. Estive
dade por si próprio. Antes, sim, de uma era outra prisão. Fugi várias vezes, mas uma semana em coma e fiquei com lesões
confiança e, até, de um desassombro apanhavam-me sempre.” É verdade que no braço e numa perna. Os médicos di-
C A S A S , C O N S T R U Ç Ã O E A R R E N D A M E N T O
TENDÊNCIAS
No mundo do
superluxo, é preciso
convite para ser
comprador
NÚMEROS
ENTREVISTA As melhores
Ricardo Sousa e as piores cidades
diz quais são as para se viver
zonas que vão sozinho
valorizar
IMOBILIÁRIO / DOSSIER
TERRA DE OPO
Vender a casa na cidade e partir para um local mais tranquilo,
ou simplesmente mudar de bairro... Em tempos de bons negócios,
fomos conhecer quem se aventurou e ainda lucrou com isso
MARISA ANTUNES
T4 EM
muito tempo destinada a casas de fé-
rias, mas que, nos últimos dois anos,
sofreu uma revolução na procura de
lotes de terreno para construção, uma ODIVELAS EM
boa parte para primeira habitação. Por APENAS DOIS
DIAS
todo o lado se vê movimentação de
obras privadas, com casas em constru-
€600 MIL
O terreno de 1 250 metros quadra-
dos (onde só lhes é permitido erigir
uma habitação com um máximo de
250 metros quadrados), adquirido
A venda de duas na Verdizela por 150 mil euros, vai
50€
casas em Lisboa permitir construir a casa ideal por
rendeu €865 mil. 400 mil euros, reforça a empresária:
A nova vivenda vai
“O arquiteto do atelier A3A Arquitec-
custar €600 mil.
tos desenhou exatamente o que nós
queríamos: uma casa toda feita de
acordo com a exposição solar, com
ção e placas de “Vende-se” em vários uma cozinha e uma sala amplas e uma
lotes. Mas é uma movimentação, por zona mais resguardada para os quatro
enquanto, tranquila, onde os carros quartos. A piscina, durante os meses
passam espaçadamente e se consegue de verão, vai apanhar sol o dia todo.”
sentir o ar mais puro, apesar da A2 e da A flexibilidade de horários como voucher *
Ponte 25 de Abril. empresários por conta própria eli-
Uma das casas atualmente em cons- minou o grande inconveniente da
trução é a da família Simplício. A opor- Margem Sul, aponta ainda Ana: “Os
tunidade de se lançarem nesta nova engarrafamentos não são uma questão REGISTE-SE
etapa surgiu há pouco mais de um ano
pela simples observação do frenesim
para nós. Imagino o nosso futuro pró-
ximo com muito sossego, onde os sons
NA APP C21 PARA
imobiliário que os rodeava. Além do que ouvimos não são os das buzinas e BENEFICIAR JÁ
T4 em Odivelas, onde residiam há dez
anos, a família possuía também um
das travagens dos carros, mas os dos
pássaros, e onde ao final do dia, nos DESTAS VANTAGENS
T2 em Telheiras, no Parque dos Prín- meses de verão, podemos ainda dar um EXCLUSIVAS
cipes, comprado há 20 anos quando se mergulho na praia da Fonte da Telha,
casaram e que mantiveram arrendado a quatro quilómetros daqui.”
quando se mudaram para Odivelas, na century21app.pt
altura em que a família cresceu. “Um MUDAR DE BAIRRO
dia, durante o jantar, comentámos João Pedro Conim, consultor da Re-
sobre a quantidade de casas vendidas max Prestige e mediador numa das
à nossa volta, das placas das mediado- casas transacionadas pelo casal Sim-
ras que tão rapidamente saíam pouco plício (a de Telheiras), trabalha na área
depois de serem colocadas. Questio- imobiliária há cerca de cinco anos e
námo-nos se nos dariam exatamente tem acompanhado este “fenómeno” ®
aquilo que queríamos pela nossa casa
e resolvemos avançar com uma espécie
crescente de nacionais atentos a boas
oportunidades. “Durante muitos anos,
Por Sua Casa
de valor-teste. Em dois dias vendemos em Lisboa e em zonas mais periféri-
Desconto de 50€ aplicado em encomendas iguais ou
o apartamento de Odivelas”, recorda o cas, praticamente ninguém ganhava superiores a 150€. Válido nos artigos para CASA, marcas La
empresário. dinheiro com as casas e acabavam por Redoute Intérieurs e AM.PM., exceto artigos com indicação
"Excluído da promoção", não acumulável com os descontos em
O apartamento tinha sido compra- vendê-las ao preço a que as tinham vigor no site ou com qualquer outra oferta comercial. O
desconto de 50€ é aplicado ao valor base do artigo. Oferta
válida uma vez por cliente até 30 de junho de 2020. Código
intransmissível.
ÄäÄÄþïĢßĆÄìĕŝŊĈäĆßÄëƛĢÄĢßëĆŊÄĠëĢŕëĆĢäëŇëĢäëĢŕë
IMOBILIÁRIO / DOSSIER
€450 MIL
Trinta anos depois,
este foi o valor da
venda de um T4
na Costa da Caparica,
que custara
€100 mil.
FA M Í L I A M I R A N D A
MUDAR DE BAIRRO
Miguel e Cristina Miranda
tinham um apartamento no
Bairro Azul, paredes-meias
com a Fundação Calouste
Gulbenkian, que venderam
com uma mais-valia de
250 mil euros. “Quisemos
mudar para estar perto
da escola dos miúdos, em
Telheiras, mas se a opção
fosse comprar uma casa na
mesma zona, num edifício
reabilitado e com garagem,
não pagaríamos menos de
850 ou 900 mil euros”, dizem. €620 MIL
O valor de um T4
em Telheiras com
No entanto, o mercado tem sofrido mil euros pelos meus pais para casa de
garagem para dois
alterações nos tempos mais recentes: carros e um terraço
férias”, recorda Florbela, proprietária
“Há dois anos e meio, vendíamos imó- de áreas generosas. de uma ótica no centro de Lisboa.
veis todas as semanas. Às vezes nem A cobertura – do último piso de
tanto. Por diversas vezes, eu cheguei a um condomínio com piscina e uma
vender a casa logo na primeira visita, vista aberta para toda a zona ribeiri-
quando a localização era muito central. nha de Lisboa até Cascais – acabaria
A estrangeiros e a nacionais que, nessa por ser vendida em quatro meses por
altura, pesavam de igual forma na mi- 450 mil euros a um casal português,
nha carteira de clientes”, continua João para primeira habitação. “Fomos muito
Pedro Conim. felizes naquela casa, e o meu pai che-
Hoje, o peso dos estrangeiros na gou a viver lá em permanência quando
sua carteira é mais reduzido e o rit- se reformou”, recorda Florbela. Nos
mo médio de vendas é mais alar- anos mais recentes, já depois do fale-
gado, rondando atualmente os três cimento do pai, a empresária chegou a
meses. Na Remax Prestige, uma das colocar a casa no Airbnb, “com muito
mais dinâmicas da rede, os cerca de sucesso nos meses de verão, apesar de
110 consultores que ali trabalham querem comprar em Lisboa, mas não precisar de obras de renovação”.
angariam uma média de 200 imóveis abdicam de ter garagem; os que estão O bom momento do mercado aju-
por mês. E a maior parte dessas casas em processo de divórcio; investidores, dou-a a avançar para a venda, até
está a ser adquirida por nacionais. etc.”, conta João Pedro Conim. porque a família deixou de usufruir
“Neste momento, os portugueses Foi ele que deixou Florbela Tibúrcio do imóvel a partir do momento em
representam 70% da minha carteira, surpresa quando lhe garantiu que a que este entrou para o circuito do
e tenho de tudo: clientes com casas sua casa de férias, um T4 na primei- arrendamento de curta duração: “Já
muito grandes e que querem algo mais ra linha da Costa da Caparica, tinha não fomos capazes de desfrutar da
pequeno, porque os filhos cresceram atualmente um valor de mercado na casa da mesma maneira, não era a
e já lá não estão; a situação inversa: ordem do meio milhão de euros. “Nem mesma, estava descaracterizada. E a
famílias a crescer e que não dispen- queria acreditar! O apartamento, com necessidade de obras e de manutenção
sam escritório e terraço; aqueles que 30 anos, tinha sido comprado por 100 era algo que me sufocava.”
Com o dinheiro da venda acertou
hipotecas, amortizou o empréstimo
da sua habitação em Oeiras, comprou
SEGUNDO O EUROSTAT, um carro e pagou “uma batelada” em
Ricardo Sousa
“Os preços vão subir
nas periferias de Lisboa”
O líder da Century 21 Portugal fala das zonas à volta
da capital e do Porto, que vão valorizar, e diz que o mercado
de arrendamento tem uma grande oportunidade
MARISA ANTUNES MARCOS BORGA
A
os 40 anos, Ricardo Sousa médio e médio baixo, começa a des- tro é fácil ver como os preços sobem
é um dos homens-fortes locar-se para mercados onde o valor precisamente ao longo dessa linha.
do imobiliário nacional, médio é inferior e são essas transações Uma pessoa que não vive no cen-
liderando a rede Cen- que têm mais peso hoje. tro de Madrid, vive fora da capital,
tury 21 Portugal. A sua Que periferias são essas? e, nesse caso, é mesmo fora! Aqui é
visão estratégica e arejada Dando como exemplo a Área Me- tudo muito perto, quando falamos em
tornou-o também o res- tropolitana de Lisboa (AML), temos Odivelas, Amadora ou Oeiras… Uma boa
ponsável pelo mercado o centro e os mercados periféricos a
espanhol, funções acu- norte do Tejo – que recuperou muito
muladas que desempenha mais rápido e onde a taxa de esforço é
há uma década. Numa análise ao mer- muito mais alta – e a sul do Tejo, onde
cado imobiliário, estima que o valor essa recuperação foi mais lenta e está
das casas nas periferias de Lisboa vai agora a começar a mover-se, sobre-
continuar a crescer, especialmente as tudo nas zonas do Montijo, Barreiro,
que seguem a linha do metro, como Seixal – um eixo servido pelos barcos
Amadora e Odivelas. e agora também animado com vários
Qual é a situação do mercado projetos. O Seixal tem um masterplan
em termos de valor médio muito interessante que começa a di-
da transação a nível nacional? namizar o mercado e a atrair muitas
Notamos que o valor médio da tran- pessoas… O Barreiro também está com
sação baixou 8 por cento. Posso dizer uma dinâmica muito interessante.
que, no ano passado, por esta altura, A Margem Sul, aliás, é hoje uma gran-
estávamos nos 162 mil euros e, este de alternativa. Há o comboio, as liga-
ano, vamos nos €150 mil. Esta descida ções fluviais…
não deixa de ser contraditória: num Mas a norte do Tejo, a pressão
mercado em que os preços estão a é maior.
subir, o valor médio da transação está Temos de passar a olhar para Lisboa
a baixar. A explicação tem que ver como área metropolitana. Esta
com o movimento das pessoas para subida de preços que estamos a
mercados mais periféricos… ver em Odivelas, Amadora,
Mercados onde os preços ainda etc., está diretamen-
não subiram? te ligada à mobi-
Sim, mas começam a subir. Por um lidade urbana –
lado, o segmento alto começa cla- e aqui o ponto
ramente a esfriar, porque a procura fundamental é
é mais limitada; por outro, a grande o metro… Se
maioria da população, que está a as- seguirmos a
segurar as transações nos segmentos linha do me-
O
que têm em comum Chris- by invitation – nós definimos o públi- já recebeu a password para aceder ao
tian Louboutin, Madonna co-alvo para o projeto e convidamos site que lhes vai dando acesso a uma
ou Monica Bellucci? Des- as pessoas que se encaixam nesse variedade de informações sobre o
cobriram e adoram Portu- perfil”, diz Paul Henri Shelfout, CEO projeto, como a primeira imagem e,
gal, ao ponto de se muda- da Finangeste, sociedade gestora mais recentemente, o vídeo teaser.”
rem para cá. Outros como com uma carteira de ativos na ordem No dia 6 de novembro, será feita a
Shakira, Cindy Crawford dos 1,3 mil milhões de euros. apresentação oficial a este grupo de
ou Michael Bolton incluí- Na consultora imobiliária Quintela clientes da Quintela e Penalva, que
ram o nosso país no seu e Penalva, parceira da Finangeste para ronda as 200 pessoas e, apesar do in-
roteiro de férias. A capital a comercialização em exclusivo do teresse dos estrangeiros, a maioria são
portuguesa está assim – cosmopolita D’Avila, o processo de aguçar o ape- portugueses. “Temos alguns clientes
e tão bem-sucedida na sua capacida- tite aos potenciais compradores deste estrangeiros, entre eles atores brasilei-
de de atração, que rivaliza facilmente clube restrito já começou, conta Jorge ros, por exemplo, mas a maioria, cerca
com outras cidades top, como Nova Costa, diretor de desenvolvimento da de 60 a 70%, são nacionais, muitos
Iorque, Londres ou Paris. Parte fun- empresa: “Não há necessidade de ir ao deles já residentes nas Avenidas Novas
damental da fórmula de sucesso (além mercado procurar clientes, porque já e que desejam um upgrade da casa
dos fatores sempre referenciados os temos e estivemos a trabalhar com atual”, refere ainda Jorge Costa, re-
como o clima, hospitalidade e segu- o arquiteto Capinha Lopes, que assi- velando que, apesar da exclusividade,
rança) é a sensação de respeito pela na o projeto, para ir precisamente ao estas serão casas de “luxo acessível”,
privacidade que estas figuras mediá- encontro destas pessoas. Este grupo com os preços dos T1 a começar nos
ticas sentem sempre que cá estão a 374 mil euros.
desfrutar das suas casas portuguesas.
Foi para ir ao encontro deste tipo VIZINHOS ASSINAM DECLARAÇÃO
de clientes, mas não só, que a Finan- DE CONFIDENCIALIDADE
geste e a Quintela e Penalva se pre- Composto por 22 apartamentos en-
param para apresentar, na próxima tre o T1 (apenas 4 unidades) e o T3,
semana, a um grupo muito restrito o D’Avila distribui-se por dez pisos,
de potenciais clientes, o novo edifí- numa reconversão de um edifício de
cio residencial de luxo que vai surgir
nas Avenidas Novas – o D’Avila, com “LISBOA ESTÁ escritórios para uma residencial de
luxo. Nos últimos dois pisos, ficam
22 apartamentos, onde em tempos fun-
cionou a sede da seguradora Açoreana.
A ATRAIR um T2 duplex e um T3 duplex, cujos
valores estão, por enquanto, no se-
“Lisboa é finalmente considerada PESSOAS gredo dos deuses. As áreas interiores
uma das melhores cidades do mundo
para se viver e, por essa razão, o ADN DE TODO O variam entre os 43 e os 215 m² e as
exteriores, disponíveis para 18 das
da cidade está a ser reinventado, o que
está a atrair pessoas de todo o mundo.
MUNDO QUE 22 unidades, entre os 8 e os 54 m².
Todos os apartamentos têm esta-
Muitas delas são artistas, pessoas da PAGAM PARA cionamento, estando atribuídos um
política, CEO de grandes multinacio-
nais, pessoas que pagam para ter a sua TER A SUA lugar aos T1, dois aos T2 e três aos T3.
Com porteiro e garagens de acesso
privacidade assegurada. E quantos
edifícios existem em Lisboa que asse-
PRIVACIDADE direto às casas, o condomínio incluirá
também um spa com piscina interior
guram essa total privacidade? Não há
muitos, apesar da procura crescente.
ASSEGURADA” aquecida e ginásio (com sauna e ba-
nho turco), salas de reuniões e duas
Mas acredito que vão começar a sur- PAUL HENRI SHELFOUT entradas no prédio, uma delas mais
gir mais edifícios com este conceito CEO da Finangeste “discreta”. O condomínio prevê ainda
NÚMERO RESIDÊNCIAS
€2 mil
Um negócio milionário
Os portugueses da U.Hub venderam por
130 milhões de euros o seu portefólio de residências
milhões
universitárias ao fundo belga Xior. O negócio engloba
um total de 1 900 camas, incluindo quatro ativos
em Lisboa e dois no Porto, em diferentes fases
de desenvolvimento. Esta foi a maior operação
deste tipo realizada até hoje, em Portugal. “Neste
portefólio, incluem-se cerca de 800 camas em
É a estimativa construção e outras mil em projeto, com previsão de
do volume total estarem concluídas até 2022, o que irá dar um forte
de investimento impulso à oferta de alojamento para estudantes nas
imobiliário para duas maiores cidades universitárias portuguesas”,
este ano referiu Fernando Ferreira, da JLL, consultora
que representou o vendedor.
O Prime Watch, estudo
semestral da consultora
B.Prime, antecipa que o
mercado de investimento
português, em 2019, não
deverá registar o volume
transacionado em 2018,
em que se ultrapassou a
fasquia dos 3 mil milhões
de euros. O Prime Watch
refere ainda que os
investidores estrangeiros
continuam a dominar,
representando 87% do
volume transacionado,
com destaque para
os norte-americanos,
devido à aquisição de
três hotéis Tivoli por
313 milhões de euros.
MEDIADORES
Remax Portugal
em expansão E N D I V I D A M E N T O D A S FA M Í L I A S
Franceses
à frente
Os franceses continuam
Quintela e Penalva - Real Estate
CONTEÚDO PATROCINADO
a liderar a venda de casas
a estrangeiros que, no
primeiro semestre deste
ano, representaram 16%
de todas as transações
imobiliárias efetuadas
no País, refere a
APEMIP. Assim, e entre
os estrangeiros, os
franceses absorveram
21% das transações,
seguindo-se os ingleses
e os brasileiros (ambos
com 18%), os alemães
(9%) e os chineses (7%).
“Não há dúvida de que
esta rota veio para ficar, e
acentua-se a diversificação
deste investimento que
Afinal, há ou não uma “bolha”
não se centra apenas
nas principais cidades”,
no mercado imobiliário português?
declarou Luís Lima.
A Quintela e Penalva é peremptória espaços como co-work, residências
na resposta à pergunta que, com universitárias, turismos em diversas
a desaceleração do mercado, variantes – que, por sua vez, criou
muitos começam a fazer: “não há pressão sobre os preços”.
bolha”. E explica que, apesar de o A procura é notória, tanto por
R E TA L H O FMI referir a existência de “nuvens edifícios para reabilitação, como
no horizonte a médio prazo” e de por terrenos para construção
o banco alemão Commerzbank nova, e tanto nacional como
afirmar que “é uma questão de internacional, mas a oferta tem
Sonae Sierra vende tempo” até a bolha imobiliária demorado mais tempo a reagir e a
centros comerciais existente na Europa “rebentar”, o
mercado de investimento imobiliário
surgir. “Uma maior oferta ajudaria
a estabilizar os preços. A dinâmica
A Sonae Sierra vai fechar a venda português continua muito atrativo, tem também o impulso resultante
de mais três centros comerciais, tendo, inclusivamente, a PWC dos benefícios disponíveis aos
desta vez o LoureShopping, identificado Lisboa como o destino investidores estrangeiros: Golden
mais competitivo para o investimento Visa e RNH. Mas o principal
em Loures, o RioSul Shopping,
imobiliário em 2019. “O facto de constrangimento para isso está
no Seixal, e o 8ª Avenida, em existirem alguns apartamentos na celeridade – ou falta dela – da
São João da Madeira. A notícia vendidos a preços de Londres e de emissão das licenças de construção”,
avançada pelo Eco (que cita Paris, acima de 12.000 euros/m2, explica ainda o responsável,
o site PropertyEU) revela que isso não torna o mercado acrescentando que “hoje há mais
o comprador será o fundo norte- especulativo. A média dos preços em áreas a beneficiar do fenómeno
-americano Harbert Management Lisboa anda pelos 3.500 euros/m2, da reabilitação e construção, e em
Corporation. O negócio deverá um valor reduzido no contexto paralelo da melhoria das condições
ficar concluído até ao final do ano. das capitais europeias”, defende infraestruturais que naturalmente
Este será o primeiro investimento Francisco Quintela, managing acompanham este crescimento. Mas,
partner da QP. a nosso ver, deve haver uma eficaz
deste fundo oportunista em
É um facto que o preço das casas intervenção pública, maximizando
Portugal, que tem no mercado disparou nos últimos anos, mas os bens e espaços públicos
nacional, há cerca de um ano, Francisco Quintela esclarece disponíveis para oferta, que pode
uma equipa à procura de ativos que, “dado o congelamento do ser de qualidade, mas a preços mais
para comprar, mas a preços mais mercado de arrendamento e devido acessíveis (permitindo menor taxa de
baixos, diz a mesma publicação. a uma procura (nomeadamente esforço dos orçamentos familiares).
Recorde-se que há cinco meses, internacional) pouco dinâmica, O Estado não se deve demitir da sua
o fundo Sierra Portugal o ponto de partida de preços era obrigação constitucional, fazendo-o
(participado e gerido pela Sonae bastante baixo. A subida de preços não contra, mas com a ajuda dos
Sierra) vendeu, por 128 milhões de deve-se, sobretudo, a uma maior privados, aproveitando
procura, em quantidade e em a dinâmica do mercado
euros, o LeiriaShopping ao grupo
qualidade – por novas ocupações de imobiliário nacional”.
DWS, um fundo de gestão de
ativos com sede na Alemanha.
O desafio
de Ana Pinho
POR LUÍS LIMA / PRESIDENTE DA APEMIP
É
já conhecida a composição do novo exclusivamente dirigida aos segmentos altos,
elenco governativo, que mantém à frente enquanto os segmentos médio e médio baixo
do Ministério das Infraestruturas e continuaram a ser praticamente excluídos.
Habitação o ministro Pedro Nuno Santos, Infelizmente, a crise habitacional que se vive
e Ana Pinho a liderar a Secretaria de hoje não é uma surpresa, mas sim fruto de uma
Estado da Habitação, o que creio ser falta de planeamento estratégico de sucessivos
um bom sinal, dentro de uma lógica governos que, durante décadas, deixaram
de estabilidade e de continuidade do votada ao esquecimento a pasta da habitação,
trabalho que tem sido desenvolvido, que, quando foi retomada (e bem) pelo anterior
sobretudo no que diz respeito à promoção governo, era já uma bomba-relógio prestes a
da habitação acessível. rebentar.
Acredito verdadeiramente que o tema da Se, anteriormente, quem não conseguia
habitação será um dos mais quentes desta nova reunir condições para comprar uma casa
legislatura, que agora se ainda conseguia encontrar
rege pela Lei de Bases da soluções à medida das suas
Habitação, aprovada em julho Apesar do ligeiro possibilidades no mercado
deste ano. de arrendamento, hoje
Pela frente, o Governo
arrefecimento, não há opção possível,
tem agora o dever de pôr em a falta de oferta levando muitas pessoas
prática as medidas propostas,
garantindo o cumprimento
não permitirá um a assumirem taxas de
esforço absolutamente
do direito constitucional à equilíbrio dos preços, desproporcionais ao seu
habitação, desígnio que é daí ser necessária rendimento.
particularmente relevante Apesar de o mercado
tendo em conta as fortes
uma intervenção começar já a notar um ligeiro
dificuldades que os jovens do Estado, no sentido arrefecimento, a falta de
e as classes média e média
baixa têm enfrentado em
de promover casas a oferta não permitirá um
equilíbrio dos preços, daí
encontrar uma casa para preços acessíveis para ser necessária uma real
viver. os jovens e classes intervenção do Estado,
Recordo-me de que, no sentido de promover a
quando em 2017, no meu
média e média baixa existência de casas a preços
discurso de tomada de posse acessíveis para os jovens e
enquanto presidente da classes média e média baixa.
APEMIP, alertei para a necessidade urgente de E reitero aquilo que já tenho dito noutros
regressar à construção nova, se gerou alguma fóruns: a ação governativa, seja do poder central
discórdia perante o argumento de que, de acordo seja do poder local, só deverá ser feita no sentido
com os dados do INE, havia muitas casas vazias. de aumentar a oferta, e nunca para travar a
Mas de que adianta haver casas se estas não procura imobiliária, sobretudo por estrangeiros,
têm condições de habitabilidade, não estão onde que aos poucos se tem vindo a descentralizar
há procura ou, pura e simplesmente, não são e a promover novas dinâmicas económicas em
colocadas no mercado? regiões que precisam.
Do que falava à data era de uma construção O desafio que Ana Pinho tem em mãos é
planeada para dar resposta às necessidades complexo, mas sei que tem vontade política para
dos jovens e das famílias portuguesas, repondo encontrar e executar as soluções que estiverem ao
o stock e aliviando os preços que se estavam a seu alcance, sem prejudicar o mercado que tanto
praticar. De lá para cá, começou a assistir-se ao contributo dá para a economia nacional.
regresso da construção, mas infelizmente é quase visaoimobiliario@visao.pt
VAGA R
Um
Bliterário
rexit
“Os impérios
do futuro
são os impérios
da mente”
Winston Churchill
Político e escritor
(1874-1965)
CONSIGO DEIXAR
despercebidos à primeira (e adolescente) ria dos textos literários sobre o Brexit
leitura, mas sobressaem ao olhar mais ficciona um passado cruel e fictício, com
atento (e adulto).
Adrian Mole é um dos muitos exem- DE PENSAR NELE” sentimentos, valores e esperanças que
os britânicos herdaram da propaganda
plos da proximidade entre política e lite- TEM DITO O ESCRITOR imperialista e que afetam o presente”,
ratura no mundo anglo-saxónico ou do IAN MCEWAN SOBRE O BREXIT acrescenta Rogério Puga.
Q
uem nunca fez o clássico exercício de imaginar o
que faria com o prémio do Euromilhões mesmo sem
ter jogado? Eu, que quase nunca jogo, já me fartei
de fazer planos para a minha fortuna imaginária.
As casas incríveis em sítios idílicos, como o Porto
ou Lisboa, onde nunca conseguirei comprar uma
casa com quintal a um preço viável. A ambição da
P O R C A P I C U A / Rapper autossuficiência ecológica numa casa de campo, com
todos os gadgets de produção de energia, tratamento de esgotos,
produção agrícola sustentável, etc. As viagens às Caraíbas e os longos
meses de praia (não sei se já vos disse, mas acalento o desejo de
Sonhar descobrir quanto tempo de praia seria preciso para me fartar de estar
de férias e, isso, sendo no mínimo uns meses, só podendo). E a música
que faria, mesmo sem precisar de trabalhar. Discos e discos...
acordado Ora bem, desde que tive um bebé, o exercício mudou. Agora gosto
de imaginar o que faria se tivesse tempo livre, sendo que a ideia de ter
tempo livre é tão distante e improvável como ganhar o Euromilhões.
Ter tempo para o básico é, por si só, bastante difícil e, entre todo o
tempo dedicado à criança, às tarefas domésticas e às tentativas de voltar
a ter uma vida própria (como trabalhar e fazer exercício), sobram menos
de oito horas para dormir (e ainda por cima é aos retalhos).
No meio disto tudo, decidi fechar um disco. Um disco que já comecei
antes da gravidez, mas que se arrasta como uma gestação de elefante.
Num parto que se dificulta pelas circunstâncias. E se há muito quem
me diga para ter paciência e adiar mais um pouco, há também a minha
enorme vontade de fechar a etapa, porque, sendo uma sobrecarga, é
também uma forma de me reencontrar comigo, como ser independente e
com livre-arbítrio, determinado em fazer da sua visão artística um meio
de sustento tão válido como outro qualquer. Antes cansada que frustrada,
escolho eu, que não nasci para ser dona de casa a tempo inteiro (sem
nenhum demérito, muito pelo contrário, não tenho é estofo para isso).
Neste contexto, dou por mim a sonhar alto com os serões que serão
(quando tiver tempo, um dia), com as escapadas de fim de semana, que
me escapam por entre as mãos ocupadas a trocar fraldas, com a semana
de férias que terei quando puder tirar férias da maternidade. E mesmo
sabendo que, quando isso finalmente acontecer, passarei o tempo todo
tensa de saudades e a pedir que me enviem fotos do bebé, nos meus
sonhos impossíveis é tudo perfeito.
Uma sexta-feira à noite com sushi e cinema (já que desde que estou
em prisão domiciliária parece que só se estreiam filmes bons). Sem
dispensar um passeio pelos corredores do shopping para ver as montras
(com a calma de quem vai à sessão da meia-noite, porque pode dormir
até tarde no dia seguinte) e, obviamente, um balde de pipocas tamanho-
-javardo.
Um fim de semana inteiro no spa das termas, com entrada na sexta-
-feira ao fim da tarde e saída na segunda de manhã, novinha em folha.
Aquela cama de hotel bem grande, com um sobrecolchão modelo-
nuvem, para dormir o sono dos justos. Doze horas, no mínimo. A comida
do restaurante das termas, da mais santinha à mais regional, porque afinal
Agora gosto de tanto sou moça para peixe cozido como para uma de rojões à moda do
Minho. A maratona de Netflix no intervalo dos banhos. Mas, sobretudo,
imaginar o que faria ficar de molho durante horas, naquela água quente com cheiro a enxofre,
se tivesse tempo livre, até ficar com os dedos encarquilhados e todos os átomos do meu corpo
sendo que a ideia amolecidos. Sem esquecer as massagens a que tenho direito, pelas horas
que passo a embalar mais de oito quilos em braços.
de ter tempo livre é tão Uma semana em São Miguel. Uma road trip na Escócia. Voltar a
distante e improvável Fernando de Noronha. Ir a Cuba, antes que vire Miami. Ir a Miami, antes
que vire fundo do mar. Enfim, os planos são infinitos. E, sendo certo
como ganhar que não tenho tempo nem para uma pedicure, para sonhar acordada,
o Euromilhões só é preciso não dormir (o que facilita muito por aqui). visao@visao.pt
MARCOS BORGA
Na linha da Beira Baixa
Castelos, paisagens, museus e centros de arte,
não esquecendo os sabores da região, eis os
encantos de Castelo Branco, Vila Velha de Ródão
e Oleiros. Passeio ideal para um fim de semana
S A N D R A P I N T O spinto@visao.pt
É
naturalmente, permitindo a criação do bicho-da-seda em
grande escala. Ao longo de várias salas, o percurso revela
os diferentes processos, desde a sementeira do linho e
tecelagem à evolução do bordado e da sua técnica (pontos),
não esquecendo o enquadramento histórico. Já perto da
saída do edifício, que também funcionou como cadeia
e, mais recentemente, como biblioteca municipal, fica a
Oficina do Bordado de Castelo Branco. É nesta sala/atelier
que Rosa Gonçalves, 60 anos, uma das seis bordadeiras,
trabalha diariamente com afinco. Dedica-se ao ofício há
cerca de cinco décadas, depois de ter terminado a antiga
quarta classe, conta Rosa, entre pequenas pausas, frente
ao painel (com 85 cm de altura por 1,30 de largura) que
está a fazer. “Aqui o cliente escolhe o desenho, as cores e o
tamanho da peça que quer bordada”, explica, reconhecendo
ser um trabalho difícil de aprender. “Faço isto há 50 anos,
aprendi que há diversos pontos com que podemos jogar
para embelezar o bordado de Castelo Branco.” Já em jeito
de despedida, desafia: “Estamos à espera de que venha
É através da janela da torre de menagem do castelo, alguém jovem que queira prosseguir com esta arte.”
sobranceiro à cidade de Castelo Branco, que se fica mais A cerca de um minuto de distância, o Museu Cargaleiro,
tempo a admirar a paisagem. Em dia de céu limpo, deste aberto em 2005, guarda a coleção de Manuel Cargaleiro,
ponto alto, a vista alcança as serras de Monforte, a sudeste, artista nascido, em 1927, numa pequena aldeia de Vila Velha
da Gardunha e da Estrela, a norte. O passeio continua pela de Ródão. “É um grande colecionador, estão aqui expostas
escadaria em pedra, rodeada por árvores frondosas, em mais de mil peças, mas ainda há obras por inventariar”,
direção ao centro histórico, que ainda guarda memórias diz Cláudia Baltazar, técnica deste museu que se estende
dos tempos medievais. Por entre ruelas estreitas, vale a atualmente por dois edifícios, dividindo-se em vários
pena abrandar o passo para apreciar as casas quinhentistas núcleos. Entre estes, destacam-se a Cerâmica Ratinha, com
e outras com vestígios da presença judaica nesta região. forte ligação a esta terra, e a Cerâmica Triana, com peças
Em poucos minutos, chega-se à Praça de Camões, também do século XIX, oriundas de Triana, em Sevilha. Do outro
conhecida como Praça Velha, para se visitar o Centro de lado da rua, na Praça Manuel Cargaleiro, precisamente,
Interpretação do Bordado de Castelo Branco, um dos num edifício contemporâneo, é a pintura do Mestre, desde
ícones mais representativos da cidade, onde antigamente a década de 50 até à atualidade, que dá as boas-vindas
era comum a cultura do linho e as amoreiras cresciam aos visitantes. Das últimas doações do artista, evidencia-
LUGAR À CRIATIVIDADE
Entretido a limar e a afiar ferro, Vasco Veríssimo,
22 anos, ocupa a sala de serralharia da novíssima Fábrica
da Criatividade, inaugurada em julho deste ano, junto à
entrada norte de Castelo Branco. Desde pequeno que Vasco,
X nascido em Vila Velha de Ródão, gostava de afiar as facas
R. Bartolomeu da Costa, 5, Castelo Branco > T. 272 348 320
> abr-set: 9h-19h, out-mar: 9h-17h > €2, mais de 65 anos €1, de pesca do pai. Mais tarde, começou a seguir especialistas
menores de 12 anos grátis no YouTube e a ver programas de televisão sobre cutelaria.
MARCOS BORGA
da Rainha, onde conheceu Paulo Tuna, “provavelmente o
homem mais conhecido em Portugal a fazer facas”, decidiu
dedicar-se a esta arte. “Ainda não estou 100% orgulhoso
do meu trabalho, mas já são boas facas”, admite. Quando
atingir a perfeição, Vasco espera poder mostrar e vender Por entre ruelas estreitas, vale a pena
a chefes de cozinha os seus exemplares, feitos em metal abrandar o passo para apreciar as casas
e protegidos por uma capa de madeira. quinhentistas e outras com vestígios
As facas de Vasco Veríssimo são um dos 40 projetos
desenvolvidos por mais de 80 pessoas na Fábrica da da presença judaica nesta região
Criatividade, equipamento que visa apoiar projetos em
diferentes áreas artísticas, do teatro, dança, música, cinema,
vídeo ao design, design de moda e artes gráficas. Aberto
24 horas por dia, tem oficinas e ateliers (metais, cerâmica,
gesso, plástico, serigrafia, gravura, têxtil, fotografia,
vídeo e arte digital) e ainda um auditório (de construção dos abutres, são uma das maiores aves existentes em
de espetáculos), duas black boxes, estúdio de fotografia Portugal e nidificam nas escarpas, ali bem perto das Portas
analógica e sala de conferências. de Ródão, classificado como Monumento Natural Nacional.
Alguns passos separam a torre do pequeno miradouro que
UM IMENSO RIO desvenda a beleza do rio Tejo, lá em baixo, podendo ser
Em Vila Velha de Ródão, a cerca de 30 quilómetros apreciado mais de perto, num passeio de barco.
de Castelo Branco, impõe-se a subida, entre curvas e A presença abundante de ródão (a palavra significa rio
contracurvas, ao topo da montanha onde fica o Castelo caudaloso) terá propiciado a fixação do Homem por estas
do Rei Wamba. Rodeada por oliveiras, a pequena torre, bandas, há mais de 150 mil anos, considerado um local
construída na época dos mouros, guarda uma lenda de um sagrado no período Neolítico, e que está bem patente na
amor adúltero entre um rei e uma rainha. O olhar distrai-se diversidade e na escala de arte rupestre que o Centro
com alguns grifos que sobrevoam a paisagem. Da família de Interpretação da Arte Rupestre do Tejo, em Vila Velha
A caminho de Oleiros, a serra do Muradal de Ródão, guarda no seu interior. Nos dois pisos desta
antiga prisão, junto ao pelourinho, observam-se fósseis,
é companheira de viagem. A sua beleza como trilobites encontrados na serra da Achada, um pedaço
natural, polvilhada por pinheiros e de uma telha datada de 1573, pontas de seta e um peso de
castanheiros, abre o apetite para uma tear, entre muitos outros artefactos, alguns com cerca de
paragem na Adega dos Apalaches 300 milhões de anos.
RESPIRAR AR PURO
A caminho de Oleiros, a serra do Muradal é uma boa
(e inesperada) companheira de viagem. A sua beleza natural,
polvilhada por pinheiros e castanheiros, abre o apetite para
a paragem (obrigatória!) que se segue, a oito quilómetros:
a Adega dos Apalaches, na aldeia de Roqueiro. Há que ir
com reserva feita antecipadamente, para garantir lugar à
mesa, e com apetite para o verdadeiro repasto que o espera.
PAULO VINHAS MOREIRA
X ASSOCIAÇÃO CLUBE
Av. de Espanha, Lt. 17, RAIA AVENTURA
Castelo Branco > T. 96
663 2540 > seg-sáb
Organiza diferentes
12h-15h, 19h-23h atividades na
região, entre elas,
ADEGA DOS APALACHES paintball, tiro com
o arco, escalada,
X rappel, slide e
R. Sra. das Neves, descidas no rio.
Roqueiro, Oleiros
> T. 93 402 8365 >
qui-sáb 12h-15h, X
sex-sáb 20h-23h R. da Piscinas,
Castelo Branco >
CABRA PRETA T. 96 276 5105
Pratos da cozinha
beirã, como a MUSEU CARGALEIRO
prova de chouriço,
preparada com a X
R. dos Cavaleiros, 23,
carne da matança
Castelo Branco > T.
do porco, e o 272 337 394 > ter-dom
ensopado de 10h-13h, 14h-18h > €2
veado.
VILA PORTUGUESA
X Passeios de barco
R. de Santa Maria, 13, no rio Tejo.
Castelo Branco
> T. 272 030 303 >
seg, qui-dom 12h-15h, X
10h-22h, qua 19h-22h Cais Fluvial de Vila
Velha de Ródão > T.
272 541 138 >a partir
de €12,50 (1 hora)
FÁBRICA DA
CRIATIVIDADE APP VISIT BEIRA BAIXA
X Aplicação,
Alameda do Cansado, desenvolvida
Castelo Branco pela Comunidade
> T. 272 330 370 Intermunicipal
da Beira Baixa,
PAULO VINHAS MOREIRA
S U S A N A L O P E S F A U S T I N O slopes@visao.pt
inaugura o renovado
Pavilhão > bonzinho
Rosa Mota, no Porto.
A arquitetura exterior ÉPOCA DA TRUFA
O restaurante Eleven, em Lisboa,
do edifício, nos Jardins organiza, até ao próximo dia 9, a Quin-
do Palácio de Cristal, zena da Trufa Branca, com um menu
especial de almoço, no qual constam
foi mantida, assim como pratos como a presa de porco-ibérico
com risoto de trufa de Alba (€35,
os 768 óculos da cúpula. entrada, prato e sobremesa)
D.R.
Marisqueira Azul Lisboa
O resultado do trabalho de Manuel é frescura
Depois de cinco anos a servir no Mercado da Ribeira, esta marisqueira cresceu para o Terreiro
do Paço. A receita mantém-se: peixes e mariscos frescos, preferencialmente da nossa costa
Nesta nova Esta nova Marisqueira Azul o marisco são do melhor que há no mercado.
cervejaria do (a primeira abriu em 2014, no Mal se entra na nova cervejaria, que fica
Terreiro do Mercado da Ribeira) tem 180 lugares debaixo das arcadas da ala nascente da Praça
Paço, há todo o e interiores acolhedores, mas nós por do Comércio, vê-se o fruto desse trabalho: uma
tipo de marisco, aqui preferimos sempre o ar livre e, enorme montra ostenta robalos, douradas,
que se serve mesmo com algum frio, a esplanada garoupas, pregados, chernes e lulas que hão de
mais simples, com vista para o Terreiro do Paço aparece como sair em prato; e gambas, amêijoas, conquilhas,
apenas cozido, a melhor opção. Notámos antes que havia berbigões, mexilhões, lingueirões, que se servem
ou trabalhado, mantas e aquecedores para resolver qualquer como entradas. E, noutro campeonato, ainda se
utilizando os
constrangimento. E foi a estes subterfúgios que veem lagostas, carabineiros e camarão-tigre.
tradicionais
recorremos para saborear, tranquilamente, Como em qualquer templo de marisco, existem
azeite, alho
e coentros
o marisco que chegou na travessa: uma sapateira algumas opções de carne, que se destinam a
recheada, gambas cozidas, ostras de Setúbal e rematar uma série de petiscos ou a satisfazer
percebes, apesar do defeso (Mariscada da Praça, os mais carnívoros – dois tipos de pica-pau
€52,50 para duas pessoas). E as torradinhas com do lombo (€14,90) e dois bifes (€21). Para quem
manteiga aromatizada vêm mesmo a calhar. ainda tiver estômago, ou desejos de açúcar depois
Antes, já prováramos a salada de polvo que chega de sair deste banho de mar, há uma boa baba de
à mesa numa lata (€5,50), juntamente com o camelo (€4,20) e um merengue original, com
pão. De lista na mão, fazemos juras de cá voltar creme de limão e morangos (€4,50). O resto,
para a canja de amêijoas (€5,50) ou para a sopa confessamos, não tivemos capacidade para provar,
de peixe à Manel (€6,50). O Manel, nome que mas dizemos já que o bolo de rolo brasileiro deve
também vem pegado às puntillitas (lulas bebé ser uma escolha acertada (não havia neste dia) e
fritas, à moda de Espanha), é Manuel Aguiar, a mousse de chocolate, o tiro mais conservador
a cara do restaurante e aquele que se mexe muito da lista. Antes de largarmos a nossa vista lisboeta,
bem por entre os fornecedores de Sesimbra, bebemos o último gole de um Papa Figos branco,
Nazaré e Peniche, para garantir que o peixe e fresquinho. Luísa Oliveira
X
Terreiro do Paço, 70, Lisboa > T. 21 886 3065 > seg-dom 10h-24h
POR
MANUEL
G O N ÇA LV E S
D A S I LVA
comer&beber@visao.pt
Domingo O nome composto Ferreira. Tem três salas, legumes que variam conforme
e quarta-feira, resulta da relação a última das quais aberta para a época e a praça (feijão-
no inverno, entre o restaurante a cozinha, com paredes de verde, couve, brócolos, batatas
é dia de cozido atual e a mosaico a imitar tijolo burro a murro, com os peixes;
à portuguesa, churrasqueira que e madeira (em parte, caixas legumes, batatas fritas em
digno do nome o precedeu, e de vinho verdadeiras, que rodelas grandes e estaladiças,
que tem corresponde a duas fases do constituem uma garrafeira arrozes vários, com as carnes),
projeto do casal Maria de Jesus extensa e atraente). Entre as cozinhados e apresentados de
e Dionísio Ferreira: primeiro a duas primeiras salas há um forma simples mas rigorosa.
churrasqueira, que abriu há pequeno balcão de serviço com Há sempre dourada (que não
25 anos, feitos no dia 10 deste montras de peixes e de carnes se diz e não é, nem podia
mês, com frango, batatas fritas, que, a par das prateleiras ser, do mar àquele preço,
pão e outras coisas do género de vinhos, são as bem- mas que irradia frescura), tal
que eram vendidas para fora; -aventuranças da casa. como a garoupa e os chocos,
depois o restaurante, já sem A comida é de conforto com adquiridos diariamente na
take-away, como agora se diz, culinária simples, mas muito praça, podendo juntar-se-lhes
e com instalações mais amplas cuidada, e produtos de alta cantaril, pregado, peixe-espada
e gastronomia renovada com qualidade. Dionísio, o pai, que preto e outras espécies, sendo
produtos variados e de trabalha em restaurantes desde o critério de escolha sempre
qualidade muito superior. os seus 12 ou 13 anos, trata da baseado na frescura. Nas
Ao casal fundador juntaram-se cozinha (pena o afastamento carnes prevalecem: vazia (de
o filho, Pedro, e a nora, cuja da mãe, por doença) e Pedro, peças inteiras) e costeleta de
presença foi decisiva para a o filho, que é formado em vitela, secretos de porco preto
evolução rápida e sólida do Hotelaria, domina a sala. e coelho, que é desossado e
restaurante, mas nunca Mais de 90% dos peixes fica muito apelativo. O “prato
esquecendo o seu passado. e das carnes vão ao calor das do pai” é uma sugestão do dia
“Há de chamar-se sempre brasas antes de chegarem assim distribuída: domingo
Churrasqueira”, diz Pedro à mesa, acompanhadas de e quarta-feira, no inverno,
X
R. Álvaro de Campos, 1, Loja 1, Ramada, Odivelas > T. 21 934 2833 > ter-sáb 12h-15h, 19h-22h, dom 12h-15h > €25 (preço médio)
D.R.
Nave Nove Porto
O melhor da Galiza
Originalidade é coisa que não falta à mesa deste restaurante temporário, com um único menu
preparado por um coletivo de 22 chefes de cozinha galegos
Por este dias, o Hotel Carrís Porto nenhum, mas de todos”, sublinha Daniel Guzmán. A dupla de
Ribeira é palco do Grupo Nove, que está É no restaurante do Hotel Carrís, com porta bivalves, com
no Porto para mostrar o melhor da para a rua e arcadas em granito, da época romana, navalheira
cozinha galega. “Entender a nossa que está instalado, até 17 de novembro, o Nave e vieiras
gastronomia é respeitar o produto”, Nove, qual embaixada da Galiza, com uma cozinha marinadas em
salienta o chefe de cozinha Daniel de produto e da época. À mesa, serve-se o primeiro água do mar,
Guzmán, membro do Nove e defensor “de uma momento da noite: uma dupla de bivalves, com abre o menu de
cozinha tradicional, com técnica e método”, a navalheira e vieiras marinadas em água do mar, nove pratos,
mesma que pratica no Nova, o seu restaurante e de que parece trazer a brisa do Atlântico, tal é a sua assinado em
conjunto pelos
Julio Sotomayor, em Ourense. frescura. O jantar prossegue com pescada em cinza
22 chefes de
Recuamos a 2003 para explicar que foi de alho-porro, alhada picante (um molho típico
cozinha que
neste ano que nove chefes da Galiza decidiram galego, feito à base de pimentão) e salsa verde, que compõem o
juntar-se para promover a chamada “cozinha dá depois lugar à tainha com caldeirada de couve Grupo Nove
atlântica” e seu trabalho (criativo, simples, feito e cebola. Já nos segundos pratos, entra a carne
com produtos locais de pequenos produtores). maturada com pickles e o repolho com cogumelos
No grupo, estavam, entre outros, Pepe Solla, e castanhas, um prato da estação. A fechar, uma
Javier Olleros, Yayo Daporta ou Pepe Viera. Hoje, degustação de três queijos e um doce de castanha
são 22 cozinheiros e cozinheiras (8 Estrelas e maçã. Falta apenas dizer que o menu se serve
Michelin incluídas) que formam esta associação apenas ao jantar e os pratos rodam diariamente, de
e assinam, pela primeira vez, um menu “sem forma a dar a conhecer a diversidade de produtos
egos”, composto por nove pratos que “não são de da despensa galega. Susana Silva Oliveira
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Hotel Carrís Porto Ribeira > R. do Infante D. Henrique, 1, Porto > T. 22 096 5786 > até 17 nov, ter-dom 19h30, 21h30 > €90, €120
(com harmonização vínica)
Sabor concentrado
Portugal e Brasil à mesa, em formato miniatura
CHEF KIKO
LUCÍLIA MONTEIRO
Menina e Moça do Porto Porto
Ler, comer e beber
Aberta há dois anos no Cais do Sodré, em Lisboa, a livraria-bar rumou ao Jardim da Cordoaria.
Ali, pode folhear e comprar livros, tomar um copo e petiscar
Na decoração, A abertura de uma livraria é sempre homenageia Sophia e Agustina, a dos homens
destacam-se uma boa notícia. E mais ainda quando, lembra as gaivotas que se escutam na cidade.
as cores tanto aos livros, se acrescenta um punhado Mas espreitemos os livros. À entrada, moram os
no balcão como de boas ideias. A Menina e Moça do premiados Pão de Açúcar, de Afonso Reis Cabral
nas mesas Porto, que acaba de abrir junto ao (Prémio José Saramago 2019) e A Angústia do
em triângulo. Jardim da Cordoaria, em frente ao Guarda-Redes Antes do Penalty, de Peter Handke
As pinturas coreto, dá continuidade ao projeto que Cristina (Nobel da Literatura 2019). As estantes vão de
do teto são Ovídio tem, desde 2017, no Cais de Sodré, em Fernando Pessoa a José Saramago (em português
da ilustradora Lisboa. “O Porto surgiu por acaso. A cidade e em inglês), de Valter Hugo Mãe a Richard
Mariana Rio
inspira-me mais literariamente do que Lisboa”, Zimler, de Jorge Luis Borges a Italo Calvino… Há
confessa a responsável, que trabalhou como lugar privilegiado para a poesia (Sophia de Mello
editora na Clube de Autor. Filha do físico e Breyner, Eugénio de Andrade, Manuel António
cientista António Manuel Baptista, admite ter Pina), além de um outro destinado à ilustração
tido o privilégio de ter vivido rodeada de livros. infantil. “Apostamos em livros com os quais nos
Tal como em Lisboa, também a livraria-bar identificamos”, ressalva Cristina Ovídio.
do Porto tem muito que ver com o seu mundo: Nesta Menina e Moça (o nome vem do
“É uma espécie de prolongamento da minha romance homónimo de Bernardim Ribeiro)
casa, com o piano e muitas fotografias.” No podem folhear-se livros ao mesmo tempo que
teto, saltam à vista as ilustrações coloridas de se conforta o estômago. Na carta, pensada para
Mariana Rio (em Lisboa, o ilustrador foi João todas as horas, há cocktails (o Menina e Moça
Fazenda). Está lá o gato de Manuel António Pina, leva vinho do Porto, bagaço e lima, €6), tostas,
Ana Plácido a chorar a um canto, a antiga Cadeia tábuas de queijos, entre outras sugestões.
da Relação onde Camilo Castelo Branco esteve O programa cultural ainda está a ser definido,
preso. A arte, nesta livraria com arquitetura de mas há de vir a ter jam sessions, aos domingos,
Henrique Vaz Pato, marido de Cristina, continua um clube de leitura, horas do conto, leituras
nas casas de banho, com intervenções de António encenadas e um quiz cultural. É ou não é uma
Vaz Pato e Carlos Santos – a das mulheres boa notícia? F.A.
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Campo Mártires da Pátria, 44, Porto > T. 22 243 6855 > seg-dom 12h-2h
Território e Natureza F LO R B E L A A LV E S
falves@visao.pt
“Travessias” é o tema do festival do pensamento Fórum do Futuro que, de 3 a 9 de novembro, dá voz a 52 pessoas
de todo o mundo, entre escritores, ativistas e atores, com o Rivoli como palco principal
1. 3. 5. 6. 7.
Fernão Sustentabilidade Performances Concerto Museu
de Magalhães A ativista e líder Em Rant (3 nov, 19h30, na Casa de Serralves
À sexta edição, o indígena Sônia Palácio dos Correios), da Música Pela primeira vez, o
festival do pensamento Guajajara e o artista o artista Kevin Beasley A britânica Lafawndah Fórum do Futuro ocupa
parte dos 500 anos brasileiro Ernesto e o coréografo Ralph atua pela primeira vez o Museu de Serralves
da primeira viagem de Neto conversam sobre Lemon partem no Porto, na Casa da durante um dia (8
circum-navegação de A luta pelo território dos sons de uma Música (6 nov, 22h), nov) com a exposição-
Fernão de Magalhães, e a destruição da descaroçadora onde apresenta o -performance da
para “pensar Amazónia (4 nov, mecânica de algodão, seu primeiro álbum, húngara Eszter
processos de ocupação 21h). Destacam-se para refletirem sobre Ancestor Boy, cuja Salamon (12h-18h,
territorial e cultural, os debates de Fiesta raça e escravidão temática tem que ver repete dia 9) e duas
numa perspetiva Warinwa (5 nov, 19h), nas plantações. O com a questão cultural conversas. A artista e
historiográfica e atual”, da African Wildife performer Calixto Neto das travessias. escritora Cuco Fusco
salienta Guilherme Foundation, acerca da fala da “libertação do (19h) fala sobre os
Blanc, programador conservação da vida corpo” em Oh!Rage confrontos entre a
do Fórum do Futuro, natural em África, da (4 nov, 19h, Galeria comunidade artística
juntamente com Filipa escritora Christina Municipal). Já no e o Governo de Cuba,
Ramos (editora da Sharpe (6 nov, 19h), da Rivoli, Crystallmess que a impediu de
agenda de arte e-flux), o antropóloga Elizabeth cruza alienação pós- entrar no país antes
produtor Gareth Evans A. Povinelli (7 nov, 19h) -colonial, tecnologia e da abertura da Bienal
e o escritor britânico ou da ativista ambiental cultura em In Memory de Havana, e o artista
de ascendência ganesa indiana Vandana Shiva of Logobi (9 nov, 22h). Arthur Jafa (Leão
John Akomfrah. O (7 nov, 21h). de Ouro na Bienal
tema Travessias junta de Veneza) conversa
52 convidados de
14 países, da Índia
4. com Philippe Vergne,
diretor do Museu de
ao Sudão do Sul, da Ciclo Artist Talks Serralves, sobre a
Lituânia a Singapura. O ciclo (sempre às 17h, produção cultural
no Rivoli) abre com o negra (21h).
2. brasileiro Ernesto Neto
(4 nov), defensor da
Chimamanda arte como mediadora
e Danny Glover entre o político e o
A escritora nigeriana espiritual. Seguem-
Chimamanda Adichie -se o artista britânico
(3 nov, 17h), eleita pela Naeem Mohaiemen
Time como uma das 100 (5 nov), a brasileira
pessoas mais influentes Vivian Caccuri (6 nov)
do mundo, abre o fórum – lembra o regresso
abordando o racismo da febre amarela à
nos dias de hoje. O América do Sul através
ator e ativista norte- da peça musical
americano Danny Glover A Mão da Febre –,
( A Cor Púrpura ou a artista Wu Tsang
Arma Mortífera) reflete (7 nov) e a historiadora
sobre justiça social, Clémentine Deliss
ativismo e cidadania (9 nov), que lerá o
global (5 nov, 21h). Já o manifesto pelo direito
arquiteto David Adjaye de acesso às coleções
encerra o festival com coloniais sequestradas
uma conversa sobre na Europa Ocidental.
Identidades e Formas
(9 nov, 19h).
PlayStation Now
Uma Netflix de jogos
Portugal é um dos 19 países com acesso a este sistema de subscrição de jogos na “nuvem”.
Uma revolução no mundo dos videojogos?
Há um bocadinho de tudo. Bestsellers Mediterrâneo, Adriático e Balcãs, para quem
modernos, como God of War, o PlayStation Now está para os jogos como a
Uncharted 4 e Grand Theft Auto 5 (que Netflix para as séries e os filmes. “Queremos
vendeu mais de 100 milhões de cópias); trazer a este serviço jogos de sucesso, não só
títulos para serem apreciados em ao nível comercial, mas também ao nível da
família, como Little Big Planet 3, Sonic crítica, e jogos produzidos não só pelos grandes
e Toy Story Mania; e uma seleção de clássicos estúdios, como por estúdios independentes.
retro, como Golden Axe, Lemmings e Crazy Taxi. A nossa prioridade é proporcionar aos nossos
Estes são alguns dos mais de 700 jogos do subscritores uma experiência de jogo de alta
PlayStation Now, o serviço de streaming de qualidade, o melhor dentro daquilo que é novo
videojogos da PlayStation 4, com um preço de e mais antigo.” Todos os meses, são adicionados
€9,99 por mês (ou €59,99 por ano). Lançado novos jogos, diz a representante da PlayStation.
em 2014 nos EUA, chegou este ano a Portugal, O streaming é considerado por analistas
que se tornou assim um dos 19 países a da indústria o futuro dos videojogos. A aposta
disponibilizarem uma biblioteca de jogos da de gigantes da tecnologia parece confirmá-lo:
consola para serem jogados na “nuvem” (a marca Apple, Google, Microsoft e Nvidia já têm, ou vão
recomenda uma velocidade de internet de pelo ter em breve, os seus próprios serviços de jogos
menos 5 Mbps; de qualquer modo, cerca de 300 na “nuvem”. Talvez por isso – para aumentar
títulos podem ser descarregados, para evitar a sua base de potenciais clientes e tornar o
eventuais problemas de latência). produto mais competitivo –, a Sony permite que
“O entretenimento em streaming é uma mesmo quem não tenha uma PlayStation jogue:
tendência”, justifica Liliana Laporte, diretora- basta um PC com Windows e um comando.
-geral da PlayStation para a Península Ibérica, Luís Ribeiro
Grand Theft
Auto V é o
jogo preferido
dos clientes
portugueses
do PlayStation
Now. Mas só
está disponível
até 2 de janeiro
(tal como God of
War, Uncharted
4: O Fim de
um Ladrão
e InFAMOUS
Second Son)
D.R.
X
www.playstation.com
Ney Matogrosso
Porto e Lisboa
Aos 78 anos, Ney
Matogrosso atira-se a
mais uma digressão.
O palco é a sua casa,
a sua vida. Depois
da longa digressão
Atento aos Sinais,
D.R.
chega agora ao lado
de cá do Atlântico
e recentes de Rodrigo
Amado, que além de músico
também é fotógrafo.
X
X Culturgest > R. Arco do Cego, 77,
Teatro de Vila Real > Alameda de Grasse, Vila Real > T. 259 320 000 > 31 out, qui 21h30 > €5 Lisboa > T. 21 790 5155 > 31 out,
qui 21h > €14
X
São Luiz Teatro
Municipal > R. António
Maria Cardoso 38, Lisboa
X > T. 21 325 7640 > 1-3 nov,
Teatro do Bairro Alto > R. Tenente Raul Cascais, 1A, Lisboa > T. 21 875 8000 > 1-3 nov, sex e sáb 21h30, dom 17h30 sex e sáb 21h, dom 17h30
> €5-€12 > €12-€15
D.R.
X
Vários locais de Coimbra > T. 91 078 7255 > 2 nov-20 dez > grátis
X
X Cinema São Jorge > Av. da Liberdade
De Pedro Costa, com Vitalina Varela, Ventura > 124 minutos 175, Lisboa > T. 21 310 3400 > 30 out-
-3 nov > €4 e €45 (passe)
Spazutempo Zarco
São um quinteto
português que
D.R.
acaba de lançar o
seu primeiro longa
e proveniências,
num projeto
museológico único.
X
Lg. do Convento,
Sousel > T. 265 550
X 103 > ter-sex 9h30-
Av. 14 de Janeiro, 13, Elvas > T. 268 244 000 > a partir de €110 -17h30, sáb-dom 9h30-
-13h, 14h-17h30 > €3
Palavras cruzadas O S T E R M O S - C H AV E D A AT U A L I D A D E
// 4. Mirei, Luada. // 5. Irar, Candor. // 6. Lardo. // 7. Comer, Pi. // 8. Jaguadi, Art. // 9. Ali, Lesador. // 10. Viam, Viva. // 11. Am, Mulher.
// 8. Mundo, Ave. // 9. Raiado, Adir. // 10. Deado, Prov. // 11. Ar, Arbitrar. >> V E RT I CA I S > > 1. Pl, Esquerda. // 2. Rapto, Era. // 3. Alumia.
> > H O R I ZO N TA I S > > 1. Prémio, Java. // 2. La, Ir, Calim. // 3. Paralogia. // 4. Et, Er, Mu, Mm. // 5. Soai, Leal. // 6. Cardeal. // 7. Uvular, Is.
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e Paulo Duarte (Produtores), Isabel Anton (Coordenadora de Circulação),
Helena Matoso (Coordenadora de Assinaturas),
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se usares roupa de confiança e inteligente
estarás preparado para qualquer ocasião.
C
inco anos após ter sido detido para ser os procuradores o acusaram de levar uma vida faus-
interrogado por um juiz, José Sócrates é tosa, respondeu, celebremente: “A vida faustosa é ir
interrogado esta semana por outro juiz. tirar um mestrado para Paris? Querer que os filhos
Findo este interrogatório, decidir-se-á se acabem o liceu numa escola internacional?” De facto,
Sócrates irá a julgamento, durante o qual quando pensamos em todas aquelas pessoas reme-
é provável que venha a ser submetido a diadas que mantêm filhos em escolas internacionais
vários interrogatórios. ao mesmo tempo que vão estudar uns anos para
Como se vê pela relação que mantém Paris, não podemos deixar de concordar que talvez
com a maior parte dos jornalistas, Sócra- a acusação se tenha precipitado. visao@visao.pt
tes não gosta muito que lhe façam per-
guntas. Mesmo que seja inocente, só em interrogató-
rios já cumpriu uma pena bem pesada.
Tendo em conta a minha idade e estilo de vida, é
improvável que eu consiga assistir ao desfecho deste
caso. Mas tenho pena. Primeiro, José Sócrates disse
aos amigos que era rico, por via da mãe, herdeira de
uma fortuna. Depois, disse aos juízes que era pobre,
e precisava da ajuda de um amigo, que lhe empres-
tava dinheiro – embora ele não saiba quanto é nem
quando vai pagar. Tenho muita curiosidade de saber
se Sócrates dará outras versões da sua vida econó-
mico-financeira. Não sobram muitas mais hipóte-
ses. Um dos maiores desafios deste caso é saber a
que classe social pertence José Sócrates. É rico às
segundas, quartas e sextas; pobre às terças, quin-
tas e sábados? Quem pede quantias avultadas a um
amigo é um milionário ou um pedinte? São questões
importantes porque, segundo se costuma dizer, em
Portugal há uma justiça para ricos e outra para po-
bres. Como é que o tribunal sabe que justiça admi-
nistrar a uma pessoa de classe indefinida, como José
Sócrates? A resposta não é simples. Como tem ficado
claro em entrevistas e escutas telefónicas, Sócrates
ILUSTRAÇÃO: JOÃO FAZENDA
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