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São Paulo
2011
RENATA DE LIMA VELLOSO
Orientador:
Prof. Dr. José Salomão Schwartzman
São Paulo
2011
V441a Velloso, Renata de Lima.
Bibliografia: f. 88-98.
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. José Salomão Schwartzman, por de forma tão generosa dividir seus
conhecimentos, ajudando no meu crescimento profissional e pessoal intensamente,
minha eterna admiração.
Ao MackPesquisa, pelo apoio financeiro sem o qual não seria possível a conclu-
são deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Décio Brunoni e à Profa Dra Maria Eloísa Famá D ntino, que partici-
pam do Grupo de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento do Programa de Pós-
graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mac-
kenzie, por engrandecer meus conhecimentos por meio do convívio e das reuniões.
Às amigas que participam também desse grupo, sempre dispostas a ajudar: Cintia
Perez Duarte, Alessandra Aronovich Vinic e Tatiana Pontrelli Mecca.
À Profa Dra Roberta Monterazzo Cysneiros, à Profa Dra Maria Cristina Triguero Ve-
loz Teixeira e à Profa Dra Cristiane Silvestre de Paula, que participam também das
discussões do grupo, dividindo suas experiências.
À Profa Dra Ceres Alves de Araújo, que contribuiu de forma rica para que este tra-
balho se tornasse uma tese.
Ao Prof. Dr. Geraldo Fiamenghi Júnior, que colaborou muito com sugestões para
este estudo.
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Aos meus pais, Célia e Gerson, pelo incentivo, pelo amor, pela ajuda e pela dedi-
cação durante todos esses anos, que possibilitaram a conquista de mais uma vitória
importante em minha vida.
À minha avó, que de forma especial e pessoal contribuiu para minha formação.
Ao meu avô, com muita saudade, que representou fonte de sabedoria e força.
Ao meu marido, Leonardo, por acreditar em mim: Obrigada por ficar ao meu lado
mesmo nos momentos difíceis!
vi
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
Resumo ............................................................................................................................. vi
Abstract ............................................................................................................................. vii
Lista de Tabelas ................................................................................................................ viii
Lista de Figuras ................................................................................................................. ix
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 53
5. RESULTADOS .............................................................................................................. 66
6. DISCUSSÃO ................................................................................................................. 77
7. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 87
ANEXO A
Critérios Diagnósticos do DSM-IV ..................................................................................... 99
xii
ANEXO B
Critérios Diagnósticos da CID-10 ...................................................................................... 101
ANEXO C
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ao sujeito da pesquisa) ............................ 103
ANEXO D
Carta de Informação à Instituição ....................................................................................... 104
ANEXO E
Tradução do Teste .................................................................................... 105
ANEXO F
Teste Avançado em Teoria da Mente (Happé, 1994) ............................... 107
ANEXO G
Dados das crianças do grupo experimental ........................................................................ 109
ANEXO H
Dados das crianças do grupo-controle ............................................................................... 111
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1. INTRODUÇÃO
1979).
nos TEA: a Teoria da Mente e a Linguagem. Os sujeitos com TEA apresentam difi-
Cohen, 1995), o que envolve a Teoria da Mente. Esses sujeitos apresentam também
Mente fornece poucos dados e usa testes restritos à Teoria da Mente. Além disso,
mente e indicados para avaliação e diagnóstico de linguagem nos TEA, o que indica
TEA sejam avaliadas por meio de testes adaptados que contemplem situações natu-
ralísticas e que, assim, apresentem questões para respostas mais reais. É também
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muito importante que essas habilidades e dificuldades sejam estudadas além das
diferenças entre as concepções teóricas sobre os TEA, uma vez que influenciarão
tervenção adequada.
realização deste estudo, que inclui a tradução e a adaptação para a Língua portu-
da Teoria da Mente, e a discussão dos achados à luz das teorias cognitivista e de-
senvolvimentista.
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2. REVISÃO DA LITERATURA
O autismo foi descrito pela primeira vez por Leo Kanner, psiquiatra infantil, em
1943, após estudar 11 crianças com idade de dois a 11 anos, sendo oito meninos e
três meninas, com quadro caracterizado por isolamento extremo, atividades repetiti-
para assumir postura antecipatória para serem carregadas; dificuldades para usar a
barulhos com volume alto; e aspecto físico essencialmente normal. Descreveu como
com manifestações clínicas semelhantes àquelas descritas por Kanner, e que pare-
ram: pobreza de contato de olho, limitação de empatia, fala pedante e com pouca
sistência a mudanças e falhas nas habilidades motoras. Asperger nomeou este qua-
mento feitas por Asperger (1944) e encontrou similaridades com aquelas feitas por
quadro. Até a sua introdução na literatura por Lorna Wing em 1981, essa condição
nos anos 1970 e 1980, o que possibilitou uma série de estudos posteriores a esse
respeito (Szatmari, 1992; Wing, 1996; Berney, 2000; Beglinger e Smith, 2001; Wil-
social, dificuldades severas nas comunicações tanto verbais como não verbais, e
estereotipados.
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dos à Saúde - CID-10 (OMS, 2000) também utiliza o termo Transtornos Globais do
contram no Anexo B.
TEA nem sempre é um trabalho fácil. Seria possível, segundo Perissinoto (2003),
categoria seria composta por Transtorno Autista e por Transtorno de Asperger, sen-
Autismo (TEA). Neste estudo, será utilizado o termo TEA (Transtornos do Espectro
um tipo de TGD, seja retirada dessa lista no DSM-V, uma vez que os critérios para o
lência média de TEA nos últimos 37 anos e percebeu aumento de 4,4:10.000 (entre
1966 e 1991) para 12,7:10.000 (entre 1992 e 2001). Estudos atuais estimam taxas
de prevalência mais altas: 13:10.000 para indivíduos com autismo; 2,5-3:10.000 para
Fombonne, 2005). Frente a esses dados, Fombonne (2003) discute essa prevalên-
meninas com autismo, na proporção de 4:1, e de meninos com melhor índice de de-
geral, sofre forte influência genética e ambiental, embora também compreenda cau-
na população, cada vez mais as pesquisas apontam para recursos diagnósticos que
Gould, 2003).
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natureza do prejuízo primário nos TEA. Serão relatadas a seguir as principais teorias
tende-se, ao final deste capítulo, retomar essas teorias, levantando as duas princi-
pais vertentes teóricas que hoje são discutidas em relação ao prejuízo primário nos
Kanner relatou em 1943 que crianças autistas sofriam de uma inabilidade inata
psicanalítica.
Melanie Klein (1965) reconheceu a presença, nas crianças com autismo, de ca-
mas não distinguia os quadros autistas da esquizofrenia infantil. A autora foi a pre-
ança à rejeição materna; sua interpretação do mundo seria a imagem da sua cólera
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embora salientasse que esse não seria o único fator causal implicado no autismo.
necessidades viria de algum lugar externo ao eu. Em seguida, viria a fase de simbi-
ose normal, na qual o bebê funciona como se ele e sua mãe fossem uma unidade
(Mahler, 1975).
das psicoses infantis com uma regressão ou fixação a uma fase inicial do desenvol-
Em 1981, Tustin propôs que o autismo seria uma reação traumática à experi-
1994, Tustin já não usava mais o termo autismo psicogênico, e ressaltava a impor-
criticando o fato de grande parte dos psicanalistas dar enfoque à descrição do fun-
profissionais para indivíduos com TEA. Barros (2011) ressalta que, apesar de ainda
haver uma forte tendência para a psicanálise ser considerada como forma antiquada
Tal discussão não será aqui aprofundada, uma vez que o intuito deste capítulo é a-
penas descrever o histórico das principais teorias que buscam, ao longo dos anos,
sas teorias, a Teoria da Mente é a que mais tem sido utilizada para investigar os as-
1999). Em item posterior deste estudo, a Teoria da Mente será mais bem descrita,
falta da tendência natural a juntar partes de informações para formar um todo com
significado, característica marcante nos TEA. Segundo essa teoria, sujeitos com TEA
não integram as informações a que são expostos, e são inaptos para fazer inferências
e identificar as relações de causa e efeito entre as ações, pois não constroem inter-
série de palavras sem sentido em vez daquelas com significado. Shah e Frith (1993)
forma, Happé (1993) relatou resultados superiores apresentados por crianças com
TEA nas escalas de Weschler que envolvem reunião e classificação de imagens por
algumas atividades pelas crianças com TEA pode ser explicado pela tendência a ver
cias quanto as habilidades dos indivíduos com TEA. A autora discutiu também o fato
de essa teoria não esclarecer a sua relação com os déficits sociais e comunicativos,
víduos com disfunção cortical pré-frontal e aqueles com TEA (Ozonoff et al., 1991).
estratégias para atingir metas está ligada ao funcionamento dos lobos cerebrais
frontais. Kelly et al. (1996) referiram que essas habilidades englobam flexibilidade de
com uma disfunção executiva, Ozonoff et al. (1991) referiram que esses sujeitos
causador do prejuízo nas diversas áreas dos TEA. Rutter (1976) enfocou a impor-
área. Este aspecto, a linguagem, será mais bem abordado em item posterior deste
estudo, uma vez que, ao lado da Teoria da Mente, se relaciona diretamente ao obje-
tivo da pesquisa.
vas atuais sobre o autismo. O autor referiu que a criança com TEA apresentaria uma
son (1989, 1990, 2004), são processos básicos que iniciam o ser humano no pen-
dade, uma vez que defende a hipótese de que os indivíduos com TEA não experi-
nar a representação do afeto vivido pelo próprio eu com o de outras pessoas. A ex-
riam o contexto em que tais esquemas de ação social surgem, quando se dá o de-
Segundo Mundy et al. (1993), crianças com TEA apresentam, desde muito ce-
lias, 2000).
dade que o indivíduo com TEA apresenta para participar da interação social e de-
Ao discutir as teorias afetivas sobre os TEA, Araújo (2011a) refere que o mútuo
engajamento com o outro é parcial ou ausente nos indivíduos com TEA, o que traz
a autora discute a possível relação do fato de muitas crianças com TEA nunca fala-
rem, com a questão de que a maior motivação para se aprender linguagem é afetar
sentadas pelos indivíduos com TEA foram atribuídas, ao longo dos anos, a prejuízos
tato afetivo. Na segunda fase, o autismo passa a ser visto, nas décadas de 1970 e
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