Você está na página 1de 23

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Credenciada pelo Decreto Estadual nº 7.344 de 27.05.98


Departamento de Tecnologia Rural e Animal

Ciência e Mecânica dos Materiais/Resistência dos Materiais


Engenharia de Alimentos/Engenharia Ambiental

Professor: Luciano B. Rodrigues


rodrigueslb@gmail.com
Período Letivo: 2011.1

PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

INTRODUÇÃO

As propriedades são as características obtidas para um

material em função do tipo e da intensidade da resposta a

um estímulo específico que lhe é imposto. Geralmente, as

definições das propriedades dos materiais são feitas

independentes do seu tamanho e forma.

O princípio que os engenheiros devem ter é que “as

propriedades de um material originam-se na sua estrutura

interna”.

1
A estrutura interna de um material é a forma como estão
arranjados os átomos e o modo como estes se associam em
cristais, moléculas e microestrutura.

A estrutura interna (ou atômica), inclui todos os átomos e


seus arranjos, que compõem os alicerces da matéria.
Desses alicerces emergem todos os níveis nano, micro e
macro das estruturas.

ESTRUTURA CRISTALINA

A estrutura dos materiais sólidos é resultado da natureza


de suas ligações químicas, a qual define a distribuição
espacial de seus átomos, íons ou moléculas.

A grande maioria dos materiais


comumente utilizados em engenharia,
particularmente os metálicos, exibe
um arranjo geométrico de seus
átomos bem definido, constituindo
uma estrutura cristalina.

2
Um material cristalino é aquele no qual os átmoms estão

situados em um arranjo que se repete ou que é periódico

ao longo de grandes distâncias atômicas.

Existe ordem de longo alcance, de tal


modo que quando ocorre a solidificação
os átomos se posicionarão em um
padrão tridimensional repetitivo, no
qual cada átomo está ligado aos seus
átomos vizinhos mais próximos.

Todos os metais, muitos materiais cerâmicos e certos

polímeros formam estruturas cristalinas sob condições

normais de solidificação. Os materiais que não cristalizam

não apresentam ordem atômica de longo alcance e são

denominados não-cristalnos ou amorfos.

3
Algumas propriedades dos sólidos cristalinos dependem

da estrutura cristalina do material, ou seja, da maneira

segundo a qual os átomos, íons ou moléculas estão

arranjados espacialmente.

Existe um número extremamente grande de estruturas

cristalinas diferentes, todas com ordenação atômica de

longo alcance, desde estruturas simples exibidas pelos

metais até estruturas mais complexas exibidas pelos

cerâmicos e polímeros.

Em 1848, o cientista francês Auguste Bravais propôs que

o estudo das estruturas cristalinas poderia ser elaborado

com a utilização de sete sistemas cristalinos básicos.

Partindo desses sete sistemas cristalinos seria possível

descrever catorze células unitárias, as quais englobariam

qualquer tipo de estrutura cristalina conhecida.

4
Em função dos parâmetros de rede, isto é, do comprimento
dos lados e dos eixos do paralelepípedo elementar da célula
unitária, e dos ângulos que as suas faces formam entre si,
podem identificar-se sistemas de cristalização, ou sistemas
cristalinos básicos.

Sistemas cristalinos em função dos comprimento dos eixos e dos


ângulos entre eles

As catorze redes de Barvais agrupadas nos sete sistemas cristalinos

5
A estrutura cúbica é uma das que ocorrem com maior
freqüência nas substâncias cristalinas e é considerada a
de maior importância. Dependendo da posição que os
átomos ocupam na estrutura cúbica, a mesma pode ser
classificada em cúbica simples (CS), cúbica de corpo
centrado (CCC) e cúbica de face centrada (CFC).

(a) posições dos átomos; (b) arranjo atômico; (c) átomos no interior da célula unitária.

Estrutura Cúbica Simples (CS)

• Apenas 1/8 de cada átomo cai


dentro da célula unitária, ou
seja, a célula unitária contém
apenas 1 átomo;
• Essa é a razão que os metais não
cristalizam na estrutura cúbica
simples (devido ao baixo
empacotamento atômico).

6
cúbica de corpo centrado (CCC)

1/8 de átomo

cúbica de face centrada (CFC)

1/2 átomo

7
Cristais cúbicos de cobre

Bismuto
Estrutura cristalina Romboédrica

Número de Átomos por Célula Unitária

Um número específico de pontos define uma célula


unitária. Assim ao contar o número de pontos
pertencentes a cada célula unitária, devemos levar em
conta que estes pontos podem ser compartilhados por
mais de uma célula unitária.
O número de átomos por célula unitária corresponde ao
número de átomos por ponto de rede multiplicado pelo
número de pontos de rede.

8
Alguns materiais podem ter mais de uma estrutura

cristalina. Estes são denominados alotrópicos ou

polimórficos. O termo alotropia é normalmente

reservado para tal comportamento em elementos puros,

enquanto que polimorfismo é utilizado para substâncias

compostas.

Materiais como o Ferro e o Titânio, por exemplo podem

ter mais de uma estrutura cirstalina.

Em baixas temperaturas, o ferro apresenta uma estrutura

CCC, mas transforma-se em uma estrutura CFC em

temperaturas mais elevadas.

9
Alotropia do Ferro

ccc De 1394°C - PF
• Na temperatura ambiente, o
Ferro têm estrutura ccc,
cfc De 910-1394°C • A 910°C, o Ferro passa para
estrutura cfc
• A 1394°C o ferro passa
ccc Até 910°C novamente para ccc.

Vários materiais cerâmicos, como a sílica (SiO2) e a

zircônia (ZrO2), são também polimórficos. Pode ocorrer

mundança de volume na transformação durante o

aquecimento ou resfriamento. Caso nao seja

adequadamente controlada, esta mudança de volume fará

com que o material apresente trincas e falhas.

10
Átomos por
Estrutura Exemplos
célula

Cúbica Simples 1 Polônio (Po)

Ferro, Titânio,
Cúbica de
Tungstênio, Nióbio,
Corpo 2
Potássio, Sódio,
Centrado
Zircônio, Cromo
Ferro, Cobre, Ouro,
Cúbica de Face
4 Platina, Prata, Chumbo,
Centrada
Níquel
Titânio, Magnésio, Zinco,
Hexagonal
2 Berílio, Cobalto,
Compacta
Zircônio, Cádmio

O Atomium foi construído em 1958


em Bruxelas no âmbito da Expo 58
(Feira Mundual de Bruxelas). Com
103 metros de altura, o Atomium
representa um cristal elementar de
ferro ampliado 165 bilhões de vezes,
com tubos que ligam as 9 partes
formando 8 vértices.

As esferas de ferro com cerca de 18 metros de diâmetro estão ligadas por tubos
com escadas no seu interior com um comprimento de cerca de 35 metros. As
janelas instaladas na esfera do topo oferecem aos visitantes uma vista
panoramica da cidade. Outras esferas têm exposições sobre os anos 50. As três
esferas, às quais só se tem acesso por tubos verticais, estão fechadas ao público
por razões de segurança.

11
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

Para atingir certas propriedades, os materiais precisam ser


processados, de modo a obterem transformações, tanto na
forma como nas propriedades da matéria.
Um material, na forma de produto acabado, possui um
conjunto de propriedades escolhidas para atender as
exigências de projeto.

PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

O material manterá suas propriedades indefinidamente,


desde que não haja mudança na sua estrutura interna.
Portanto, ao se escolher um material para uma determinada
aplicação, devem-se levar em conta suas propriedades, às
quais ditam o seu comportamento.

De forma geral, as principais propriedades dos materiais


sólidos podem ser agrupadas em seis categorias diferentes:
mecânicas, elétricas, térmicas, magnéticas, ótica e
deteriorativas. Para cada uma existe um tipo característico
de estímulo capaz de provocar diferentes respostas.

12
•Propriedades elétricas: o estímulo é o campo elétrico;
•Propriedades mecânicas: relacionam a deformação
com uma carga ou força aplicada;

•Propriedades térmicas: o comportamento é obtido


como resposta a ação do calor;

•Propriedades magnéticas: demonstram a resposta de


um material à aplicação de um campo magnético;

•Propriedades óticas: o estímulo é a radiação


eletromagnética ou a luminosa;

•As características deteriorativas indicam a reatividade


química dos materiais.

Estas propriedades foram reunidas em dois grupos, em


função da resposta fornecida pelo material.

PROPRIEDADES FÍSICAS

Propriedades que determinam o comportamento do


material em todas as condições do processo de
fabricação e de utilização.
•Mecânicas;
•Térmicas;
•Elétricas;
•Magnéticas;
•Óticas.

13
Propriedades Mecânicas

Estas propriedades aparecem quando o material está


sujeito a esforços de natureza mecânica. Elas relacionam
a deformação com uma carga ou força aplicada, ou seja,
determinam a maior ou menor capacidade que o
material tem para transmitir ou resistir aos esforços que
lhe são aplicados.

Dentre as propriedades desse grupo, a mais importante é


a resistência mecânica, a qual permite ao material ser
capaz de resistir à ação de esforços como a tração e a
compressão. Ela está ligada às forças internas de
atração existentes entre as partículas que compõem o
material.

14
A elasticidade é a capacidade que o material deve ter de
se deformar, quando submetido a um esforço, e de voltar
à forma original quando o esforço termina.

Propriedades Térmicas

Determinam o comportamento do material quando


submetido a variações de temperatura, que podem
ocorrer tanto na sua fabricação quanto na utilização do
material.
À medida que um sólido absorve energia, na forma de
calor, sua temperatura varia, assim também como suas
dimensões.
Os principais tipos de energia térmica em um sólido
ocorrem devido a energia vibracional dos átomos e a
energia cinética dos elétrons livres.

15
Algumas dessas propriedades são assim definidas:

•Ponto de fusão se refere à temperatura que o material


passa do estado sólido para o estado líquido.

•Ponto de ebulição é a temperatura em que o material


passa do estado líquido para o estado gasoso.

•Calor específico representa a capacidade calorífica por


unidade de massa.

• Capacidade calorífica é a propriedade que serve


como indicativo da habilidade de um material absorver

calor da sua vizinhança externa. Esta característica

depende muito pouco da estrutura e da microestrutura

do material.

• Expansão térmica é característica da maioria dos


materiais sólidos, os quais se aumentam suas

dimensões quando submetidos a um aquecimento, ou

contraídos, quando esfriados.

16
•Condutividade térmica é a propriedade que permite
o fenômeno segundo o qual o calor é transmitido do
ponto de maior temperatura para o de menor
temperatura.
O calor é transportado nos sólidos de duas maneiras:
por vibrações quantizada da rede (fônons) e pela
movimentação de elétrons livres.

Propriedades Elétricas

Uma das características mais importantes de um


material sólido é a facilidade com que ele transmite
corrente elétrica.
Em 1820 já era possível produzir e detectar correntes
elétricas, medir as diferenças de potencial e a
resistência elétrica dos resistores.
Em 1827 Georg Simon Ohm formulou a Lei que relaciona
a tensão, a corrente e a resistência elétrica (V, I e R).

17
A resistividade (ρ) é a resistência que o material
oferece passagem da corrente elétrica e está presente
em materiais mau condutores de eletricidade.
O inverso da resistividade é a condutividade elétrica
(σ), a qual é usada para especificar a natureza elétrica
do material.

Os materiais sólidos exibem uma variada faixa de

condutividades elétricas. Inclusive, uma das formas de

se classificar estes materiais é de acordo com a

facilidade como eles conduzem corrente elétrica, a qual

existem três grupos principais: condutores (metais);

semicondutores (diodos e transistores) e isolantes

(borracha).

18
A temperatura exerce efeitos opostos na condutividade

elétrica dos diferentes materiais.

Um aumento da temperatura causa:

•diminuição de σ nos Materiais metálicos;

•aumento de σ nos semicondutores e isolantes.

Outras propriedades elétricas que merecem destaque

são a supercondutividade, a termoeletricidade e o

comportamento dielétrico.

Propriedades Magnéticas

Até 1820, a eletricidade e o magnetismo desenvolveram-


se como ciências independentes. Foi quando Hans
Cristian Oersted descobriu que a passagem de uma
corrente elétrica por um condutor cria um campo
magnético o qual afeta a agulha imantada de uma
bússola. Nascia aí o eletromagnetismo.

19
As propriedades magnéticas correspondem ao

comportamento do material sob a ação de um campo

eletromagnético externo. O magnetismo é um

fenômeno segundo o qual os materiais impõem uma

força ou influência atrativa ou repulsiva sobre outros

materiais.

Propriedades Óticas

Por propriedade ótica subtende-se a resposta de um


material a exposição à luz visível.
A luz visível ocupa uma região muito estreita do espectro
de radiações eletromagnéticas, com comprimentos de
onda que vão de 0,4 µm a 0,7 µm.
Quando a luz segue de um meio para o outro, parte da
radiação luminosa é transmitida através do meio, parte
é absorvida e parte é refletida.

20
Os materiais capazes de transmitir a luz com

absorção e reflexão relativamente pequenas são

denominados transparentes. (T >> A+R)

Os materiais que são impenetráveis à transmissão da

luz visível são conhecidos como opacos. (T << A+R)

Os materiais translúcidos são aqueles através dos

quais a luz é transmitida de uma maneira difusa, ou

seja, a luz dispersa no interior do material , num grau

em que os objetos não são claramente distinguíveis

quando observados através de uma amostra desse

material. (T pequenos).

21
PROPRIEDADES QUÍMICAS

São aquelas que se manifestam quando o material entra

em contato com outros materiais, com o ambiente ou

ainda, devido ao efeito da temperatura. Elas se

apresentam sob a forma de presença ou ausência de

resistência à corrosão, aos ácidos e a soluções salinas.

A "resistência à corrosão" e "resistência à oxidação" são,

portanto, características de grande importância, em

vista da influência que o meio externo (gasoso, líquido

ou mesmo sólido) e que a temperatura exercem sobre o

material, provocando diversos tipos de ataque corrosivo

e oxidante, muitos dos quais são de caráter irregular e

de determinação relativamente difícil.

22
O comportamento dos metais a elevadas temperaturas

exige igualmente uma avaliação cuidadosa, em face

das condições extremamente críticas, em relação à

temperatura, a que muitos metais estão sujeitos,

influindo na sua capacidade de resistir às cargas a que

estão submetidos.

A necessidade de utilizar-se metais em condições de

ambiente agressivo e a temperaturas acima do

ambiente, levaram ao desenvolvimento de ligas

especiais, resistentes à corrosão e ao calor, além do

emprego de tratamentos superficiais que permitem

aumentar sua resistência à corrosão e à oxidação.

23

Você também pode gostar