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TIPO DE PROVA: 1º Mini-Teste (AVALIAÇÃO MISTA)

DATA: 29/04/2016

ANO LETIVO: 2015/2016 2º SEMESTRE

1º CICLO EM DIREITO 1

UNIDADE CURRICULAR: DIREITO COMERCIAL

Duração da prova: 150 MINUTOS

Ana, apaixonada por pintura, inaugurou, em janeiro de 2014, uma galeria de arte,
na Rua Miguel Bombarda, Art and Painting, que explora com Marta, médica, irmã
de Pedro, com quem está casada no regime da comunhão de adquiridos, há 10
anos.

Para a noite da inauguração, Ana e Marta compraram a Bernardo, um bem-


sucedido viticultor do Douro, proprietário de muitas quintas, nas quais também
desenvolve actividades dedicadas ao agro-turismo e à equitação, o vinho para
oferecerem aos convidados.

A Lucas, proprietário de um famoso restaurante no Porto, adquiriram os petiscos


que vão acompanhar os vinhos.

Nessa mesma altura, em janeiro de 2014, para comercializarem na galeria, Ana e


Marta adquiriram a Juan, um talentoso pintor madrileno que há muitos anos
mantém um atelier no Porto, vários quadros da colecção laranja.

Ana e Marta compraram, também, em janeiro de 2014, à sociedade JP Electronics,


Lda., uma playstation para oferecer a Rui, filho de Ana e Pedro, que, nesse mês,
completava 7 anos.

Lucas, encantado com a beleza de Ana, comprou, em junho de 2014, um quadro


para decorar o restaurante.

IMP.GE.92.0
Pedro, marido de Ana, enciumado pelo interesse de Lucas por Ana, visitou-o, no
dia 23 de junho de 2014, no restaurante, onde, no meio da discussão, lhe destruiu o
computador onde era feita a faturação.

Lucas, ainda nesse mesmo dia, comprou, à sociedade JP Electronics, Lda. um


computador novo para o restaurante.
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Lucas, para fazer face a uns investimentos financeiros que correram mal, decidiu
vender a sua conhecida firma Lucas Cozinheiro Portuense, a Bártolo, que, nesse
mês, ia inaugurar um restaurante de tapas na baixa portuense.

Identificando os problemas relevantes, responda, de forma fundamentada,


às seguintes questões:

1 - Tendo em consideração que Marta e Ana não procederam ao pagamento


de qualquer uma das aquisições feitas a Bernardo, a Lucas, a Juan e à JP
Electronics, Lda. vencendo-se assim os respetivos débitos, diga, referindo o
regime das obrigações e a taxa de juros aplicáveis, se os credores poderão
hoje demandar Marta e Ana. (8,5 valores)
Qualificação dos sujeitos (2.5v)

Ana e Marta - comerciantes - art. 13º, nº 1 e art. 230, nº 5 do CCom (Também aceite a
qualificação com fundamento no art. 463º do CCom) - 0.25v

Referência aos demais requisitos da qualificação como comerciante: capacidade de


exercício, profissionalidade, em nome próprio – art. 13º, nº 1 do CCom. - 0.25v

Lucas - comerciante - art. 13º, nº 1 e art. 230º, nº 1 do CCom (Restauração qualificada


como atividade indústria-transformadora -art. 230º, nº 1 do CCom). - 0.5v

Juan não é comerciante. É um trabalhador autónomo não comerciante (pintor) cuja


actividade não é mercantil - art 230, § 3.º do Código Comercial- 0.5v

JP Electronics, Lda. - art. 13º, nº 2 e art. 1º, nº 2 do CSC e art. 463º, nº 3 do CCom. -
0.25v

Bernardo, um bem-sucedido viticultor do Douro. - 0.75v

Excluída a comercialidade– Coutinho de Abreu – arts. 230º § 1 e § 2 e 464º, nº 2 do


CCom.

Bernardo - comerciante (art. 13º, nº 1 do CCom e art. 230º, nº 1 do CCom).


Alusão ao facto de as atividades agrícolas poderem ser qualificadas como comerciais
quando sujeitas a empresarialização – Filipe Cassano Santos.

IMP.GE.92.0
Sempre que a atividade acessória, neste caso, atividades dedicadas ao agro-turismo e
à equitação, for superior em termos de volume de negócios– Pedro Vasconcelos, Direito
Comercial, Vol I, Almedina, 2011, pp. 93-94.

Qualificação dos atos (4.5v)

Aquisição de vinho a Bernardo - janeiro 2014. - 1v 3

Independentemente da qualificação da actividade de Ana e Marta - art. 230º, nº 5 ou


art. 463º do CCom - Ato de comércio subjetivo para Ana e Marta - art.2º, 2ª parte do CCom.

Ato de comércio objetivo (implícito) se, com fundamento no art. 230º, nº 5 do CCom,
for considerado ato praticado no quadro da empresa – Cassiano Santos

Ato de comércio unilateral – compra mercantil e venda civil – regime do art. 99º do
CCom - se Bernardo não for considerado comerciante.

Venda civil para Bernando – art. 230º, § 1 e art. 464º, nº 2 do CCom.

Ato de comércio bilateral – compra e venda mercantil - se Bernardo for considerado


comerciante.

Ato de comércio objetivo (implícito) para Bernardo.

Venda comercial - Insere-se na multiplicidade de atos fundamentais e actos praticados


na exploração da empresa para Bernardo (art. 230º, nº 1 do CCom) Vasco Lobo Xavier e
Coutinho de Abreu

Ato praticado no quadro da empresa – Cassiano Santos.

Aquisição de petiscos a Lucas - janeiro 2014 - 1v

Independentemente da qualificação da actividade de Ana e Marta - art. 230º, nº 5 ou


art. 463º do CCom - Ato de comércio subjetivo para Ana e Marta - art.2º, 2ª parte do CCom.

Ato de comércio objetivo (implícito) se, com fundamento no art. 230º, nº 5 do CCom,
for considerado ato praticado no quadro da empresa – Cassiano Santos

Ato de comércio objetivo (implícito) para Lucas.

Venda comercial - insere-se na Insere-se na multiplicidade de atos fundamentais e


actos praticados na exploração da empresa para a Lucas (art. 230º, nº 1 do CCom).

Ato praticado no quadro da empresa – Cassiano Santos.

Ato de comércio bilateral – compra e venda mercantil.

IMP.GE.92.0
Aquisição de quadros a Juan - 1v

Consoante a qualificação da actividade de Ana e Marta - art. 230º, nº 5 ou art. 463º do


CCom

Ato de comércio objetivo (implícito) para Ana e Marta - insere-se na multiplicidade de


atos fundamentais e actos praticados na exploração da galeria – compra de quadros (art. 230º,
nº 5 CCom) - Vasco Lobo Xavier e Coutinho de Abreu. 4

Ato praticado no quadro da empresa – Cassiano Santos.

ou

Ato de comércio objetivo, causal, substancialmente comercial e absoluto para Ana e


Marta - art. 463º,nº 1 do CCom.

Venda civil para Juan – art. 230º, § 3 do CCom.

Ato de comércio unilateral – compra mercantil e venda civil – regime do art. 99º do
CCom.

Ana e Marta - respondem no regime da solidariedade do art. 100º do CCom – perante


Bernando, Lucas e Juan. - 0.5v

A compra do vinho, quadros, petiscos sujeita ao prazo ordinário da prescrição - art.


309º do CC – 20 anos. – 0.5v

Será valorada com 0.25 a referência à prescrição presuntiva do art. 316º a qual, no
entanto,não é aplicável um vez que as devedoras exercem uma actividade de natureza
empresarial, profissional e lucrativa, obrigatoriamente sujeitas a regras de organização
contabilística minimamente exigentes , não se justificando a aplicação de um regime normativo,
destinado a tutelar o legítimo interesse do devedor em não permanecer onerado, por períodos
temporais prolongados, com a demonstração do pagamento de débitos normalmente exigidos
de imediato e de que não seja habitual exigir documento de quitação - Acórdão STJ de 23 de
Fevereiro de 2012, Proc 2254/03.1TBCLD.L1.S1., publicado em www.dgsi.pt

Juan não é profissional liberal - profissões sujeitas a controlo e regulamentação própria


(em regra através de ordens e câmaras) Coutinho de Abreu, Curso de Direito Comercial, 10º
ed, Almedina, Coimbra, 2016, p. 129.

Mas será valorada com 0.25v a resposta que considere a venda dos quadros sujeita ao
prazo da prescrição presuntiva prevista no art. 317º, al c) do CC com fundamento no facto de a
atividade de pintor poder ser considerada uma profissão liberal para efeitos deste artigo – art.
151º CIRS.

Já decorreu o prazo da prescrição presuntiva prevista no art. 317º, al c) do CC.

IMP.GE.92.0
Esta presunção de que beneficia Marta e Ana só pode ser afastada por confissão, nos
termos dos arts. 313º e 314º do CC.

O Decreto-Lei nº 62/2013, de 10 de maio que transpôs para a ordem jurídica nacional a


Diretiva nº 2011/7/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de fevereiro de 2011, que
estabelece medidas contra os atrasos de pagamento nas transações comerciais – art. 1º.
5
Este diploma aplica-se a todos os pagamentos efetuados como remuneração de
transações comerciais – art. 2º.

Aquisições de vinho, petiscos e quadros são transações comerciais - art. 3º, al b) e d )


Decreto-Lei n.º 62/2013.

Atraso de pagamento para efeitos do art. 3º, al a) do DL nº 62/2013.

Taxa de juros moratórios: art. 102º, § 5 do CCom - Portaria n.º 277/2013, de 26 de


agosto.
Taxa de 8,05% - Aviso nº 890/2016, Diário da República, 2ª série - Nº 18 - 27 de
janeiro de 2016.
0.5v

Compra de Marta e Ana a JP Electronics, Lda de playstation para Rui – janeiro de


2014 (1.5v)

Ato de comércio unilateral - regime do art. 99º do CCom.

Compra civil – art. 2º do CCom - o contrário resulta do próprio ato e art. 464º, nº 1 do
CCom.

Venda mercantil - art. 463º, nº 3 do CCom.

Sujeito ao prazo da prescrição presuntiva prevista no art. 317º, al b) do CC.

Já decorreu o prazo da prescrição presuntiva prevista no art. 317º, al b) do CC.

Esta presunção de que beneficia Marta e Ana só pode ser afastada por confissão, nos
termos dos arts. 313º e 314º do CC.

JP Electronics, Lda terá, por isso, muitas dificuldades em exigir o valor em débito a
Marta e Ana. - 0.75 v

Ana e Marta respondem no regime da conjunção - art. 513º do CC a contrario.

Não é transação comercial - art. 2º, nº 2, al a) Decreto-Lei nº 62/2013, porque é um


contrato celebrado com o consumidor.

Taxa de juros moratórios

IMP.GE.92.0
Taxa de juro aplicável – art. 102º, § 3 e 4 - Portaria nº 277/2013, de 26 de agosto.

Taxa de 7,05% - Aviso nº 890/2016, Diário da República, 2.ª série - N.º 18 - 27 de


janeiro de 2016. - 0.75v

2 - Poderão os credores responsabilizar Pedro pelo pagamento destes


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débitos? (2,5 valores)

Regime da responsabilidade por dívidas do cônjuge do comerciante.

Princípio igualdade – art. 1671º do CC.

Legitimidade para contrair dívidas sem consentimento - art. 1690º do CC.

Dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges.

0.25v

O regime do art. 1691°, nº1, al d) do CC, visa a tutela do comércio: alargando-se o


âmbito da garantia patrimonial concedida aos credores daqueles que exercem o comércio,
facilita-se a obtenção de crédito por aqueles.

Art. 15.º do CCom - Dívidas comerciais do cônjuge comerciante.

As dívidas comerciais do cônjuge comerciante presumem-se contraídas no exercício


do seu comércio.

Pedro pode querer afastar a comunicabilidade da dívida.

Teria de mostrar que a dívida não foi contraída no exercício do comércio do devedor,
ao contrário do que a presunção do art. 15º CCom indica; ou seja, que a dívida, embora
comercial, não foi contraída no exercício do comércio do cônjuge comerciante.

No que diz respeito aos negócios celebrados com Bernardo, Lucas e Juan não
conseguiria afastar a presunção do art 15º do CCom, sendo aplicável o art. 1691º, al d) do CC.

A al d) estabelece uma verdadeira presunção legal de proveito comum, em favor do


credor - ao contrário do que se passa no regime da alínea c) do art. 1691º do CC.

Seria muito difícil para pedor afastar a presunção de proveito comum – respondiam
bens comuns do casal e, na falta ou insuficiência destes, bens próprios solidariamente –art.
1695º CC.

1.25v

Aquisição de Playstation à JP Electronics, Lda

IMP.GE.92.0
Estando em causa uma compra civil, Pedro poderia afastar a presunção do art. 15º do
CCom e, por via disso, a al. d) do art 1691º do CC.

Aos credores restava lançar mão da al. c) do art. 1691º do CC que considera ser da
responsabilidade de ambos os cônjuges as dívidas “As dívidas contraídas na constância do
matrimónio pelo cônjuge administrador, em proveito comum do casal e nos limites dos seus
poderes de administração”. 7

A prova do proveito comum seria fácil já que a playstation era para Rui, filho de Pedro
e Ana, sendo assim responsabilizados ambos os cônjuges e satisfeito o crédito com bens
comuns do casal e, na falta ou insuficiência destes, bens próprios solidariamente – art. 1695º
do CC.

1v

3 - Aprecie a validade da alienação, por Lucas, da firma Lucas Cozinheiro


Portuense. (2,5 valores)

A nossa lei adota conceito subjetivo de firma - a firma é um sinal distintivo do


comerciante, apesar de não ser exclusiva de comerciantes.

A firma é o nome pelo qual o comerciante ou empresário mercantil é conhecido no


exercício da sua atividade e no giro comercial, identificando também a sociedade comercial ou
qualquer outro sujeito de Direito Comercial.

Trata-se de uma obrigação mercantil dos comerciantes - art. 18º CCom.

Neste caso, é uma firma mista, sendo admissível, nos termos do artigo 38º, nº 1 do
RRNPC.

É permitida a transmissão da firma com a empresa, porque a firma é um “colector de


clientela“ (Coutinho de Abreu, Curso de Direito Comercial, cit., p.180), tendo, por isso, valor
económico e está também ligada à empresa.

A transmissão entre vivos de firma obedece a três requisitos - art. 44.º RRNPC:

1º A transmissão de uma firma tem de fazer-se com a de um estabelecimento


comercial a que esteja ligada.
2º Acordo das partes - devendo o consentimento do transmitente da firma ser dado por
escrito, em regra no documento que titula a transmissão do estabelecimento.
3º O adquirente deve aditar à sua própria firma menção de sucessão e a firma
adquirida (cfr. também o nº 2 do art. 38° RRNPC).

Estes requisitos não foram observados no caso em análise.

Lucas não pode alienar a firma sem o estabelecimento.

IMP.GE.92.0
2.5v

4 - Por causa dos investimentos financeiros ruinosos, Lucas também não


procedeu ao pagamento das várias compras realizadas. Referindo a taxa de
juro aplicável, diga se os credores Ana e a JP Electronics, Lda. poderão hoje 8
obter o pagamento dos créditos? (2,5 valores)

Qualificação dos sujeitos - remissão

Qualificação dos atos

Aquisição de quadro para o restaurante - janeiro 2014 - 0.75v

Ato de comércio subjetivo para Lucas – art. 2º, 2ª parte do CCom.

Não se trata de um ato que seja integrado na noção de atos fundamentais e de atos
praticados na exploração da empresa defendida por Lobo Xavier e Coutinho de Abreu,
respetivamente.

Ato de comércio objetivo (implícito) - ato praticado no quadro da empresa – Cassiano


Santos.
Consoante a qualificação da actividade de Ana e Marta - art. 230º, nº 5 ou art. 463º do
CCom

Ato de comércio objetivo (implícito) para Ana e Marta - insere-se na multiplicidade de


atos fundamentais e actos praticados na exploração da galeria – venda de quadros (art. 230º,
nº 5 CCom) - Vasco Lobo Xavier e Coutinho de Abreu.

Ato praticado no quadro da empresa – Cassiano Santos.

ou

Ato de comércio objetivo, causal, substancialmente comercial e absoluto para Ana e


Marta - art. 463º, nº 3 do CCom.

Ato de comércio bilateral – compra e venda mercantil.

Aquisição computador à JP Electronics, Lda - janeiro 2014 - 0.75v

Ato de comércio objetivo (implícito) para Lucas

Insere-se na multiplicidade de atos fundamentais e actos praticados na exploração do


restaurante - computador para faturação - (art. 230º, nº 1 CCom) - Vasco Lobo Xavier e
Coutinho de Abreu.

Ato praticado no quadro da empresa – Cassiano Santos.

IMP.GE.92.0
Ato de comércio objetivo, causal, substancialmente comercial e absoluto para JP
Electronics, Lda - art. 463º, nº 3 do CCom.

Ato de comércio bilateral – compra e venda mercantil.


Estes credores podem hoje exigir o pagamento do valor em débito – art. 309º do CC –
prazo ordinário de 20 anos - 0.5v
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O Decreto-Lei nº 62/2013, de 10 de maio que transpôs para a ordem jurídica nacional a
Diretiva nº 2011/7/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de fevereiro de 2011, que
estabelece medidas contra os atrasos de pagamento nas transações comerciais – art. 1º.

Este diploma aplica-se a todos os pagamentos efetuados como remuneração de


transações comerciais – art. 2º.

Estes atos de comércio são transações comerciais - art. 3º, al b) e d ) Decreto-Lei n.º
62/2013.

Atraso de pagamento para efeitos do art. 3º, al a) do DL nº 62/2013.

Taxa de juros moratórios: art. 102º, § 5 do CCom - Portaria nº 277/2013, de 26 de


agosto.

Taxa de 8,05% - Aviso nº 890/2016, Diário da República, 2.ª série - N.º18 - 27 de


janeiro de 2016. - 0.5 v

II
Margarida, num jantar de amigos num restaurante da moda no Porto, ficou
deliciada com as trufas de chocolate com morangos que a proprietária do
restaurante, a D. Emerenciana, confecionou.

Depois de lá ir jantar mais umas vezes, propôs a D. Emerenciana encontrar


restaurantes no sul do país que comprassem as deliciosas trufas de chocolate com
morangos, mediante o pagamento de 12, 5 % sobre o valor faturado.

Dado o esforço desenvolvido por Margarida, durante o ano de 2012, as trufas de


chocolate com morango rapidamente se tornaram um êxito no sul do país,
conquistando os restaurantes mais caros de Lisboa e do Algarve.
Cerca de 3 anos depois, Margarida já tinha estabelecido contactos com os
principais restaurantes de Portugal e do Centro e Sul de Espanha para
comercializarem tão deliciosa iguaria.

Influenciada pelo filho Luís, invejoso dos valores elevados que Margarida, ao
longo dos anos, tinha recebido como contrapartida da sua actividade, a D.

IMP.GE.92.0
Emerenciana, no dia 3 de abril de 2016, comunicou a Margarida já não ser
necessária a sua intervenção, pondo termo ao contrato, com efeitos imediatos.

Margarida, inconformada, procura os seus serviços para ser ressarcida dos danos
decorrentes da repentina cessação do contrato. Quid iuris? (4 valores)

Qualificação como contrato de agência (exposição dos elementos essenciais típicos) 10


por tempo indeterminado (art. 27.º, n.º1 do DL nº 178/86).

Contrato de agência - art. 1º do DL nº 178/86.

 Elementos essenciais:
o Obrigação do agente de promover a celebração de contratos
o Atuação do agente por conta do principal - cfr. arts. 2º, 3º e 21º a 23º do
DL nº 178/86
o Autonomia do agente - art. 5º do DL nº 178/86 - subagência
o Estabilidade da relação
o Retribuição
o A atribuição de uma zona é facultativa

1.5 v

Denúncia; violação do prazo de aviso prévio - arts. 28º, nº1,1ª parte e al. c), e 29º, nº1
do DL nº 178/86.

0.5 v

Indemnização de clientela

Este direito indemnizatório do agente está, todavia, dependente da verificação


cumulativa de vários pressupostos no caso concreto:
a) O agente tenha angariado novos clientes para a outra parte ou aumentado
substancialmente o volume de negócios com a clientela já existente;
b) A outra parte venha a beneficiar consideravelmente, após a cessação do contrato,
da atividade desenvolvida pelo agente;
c) O agente deixe de receber qualquer retribuição por contratos negociados ou
concluídos, após a cessação do contrato, com os clientes referidos na alínea a).

Art. 33º, nº 3 do DL nº 178/86 - O contrato não cessou por facto imputável ao agente.
Art. 33º, nº 4 do DL nº 178/86 - Prazo para comunicação e propositura da ação.
Art. 34º do DL nº 178/86 - Cálculo da indemnização da clientela.

2v

IMP.GE.92.0

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