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1.

INFLAÇÃO; CAUSAS E FEITOS

Um Kwanza, nos dias de hoje, já não compra nada como comprava a 6 anos atras. O
custo de quase todas as coisas aumentou. Esse aumento no nível geral de preços é
conhecido como inflação, e é uma das principais preocupações dos economistas e dos
formuladores de políticas. Em capítulos posteriores, examinaremos detalhadamente as
causas e os efeitos da inflação. Neste capítulo, discutiremos como os economistas
medem variações no custo de vida.
IPC, deflator do PIB e inflação

O indicador mais frequentemente utilizado para o nível de preços é o índice de


preços ao consumidor (IPC). Quem calcula o IPC, é o Instituto Nacional de Estatística
(INE). O processo começa com a coleta de preços de milhares de bens e serviços.

Assim como o PIB transforma valores correspondentes a inúmeros bens e


serviços em um único número que mede o valor correspondente à produção, o IPC
converte os preços de inúmeros bens e serviços em um único índice que mede o nível
geral de preços.

De que modo os economistas deveriam agregar os inúmeros preços na


economia em um único índice que mensurasse, de maneira confiável, o nível de
preços? Eles poderiam simplesmente calcular uma média para todos os preços.
Entretanto, esse tipo de abordagem trataria equitativamente todos os bens e serviços.

Uma vez que as pessoas compram maior quantidade de frangos do que de caviar,
o preço do frango deve ter um peso maior no IPC do que o preço do caviar. O INE faz
uma ponderação entre os diferentes itens por meio do cálculo do preço de uma cesta
de bens e serviços adquirida por um consumidor-padrão. O IPC corresponde ao preço
dessa cesta de bens e serviços em relação ao preço dessa mesma cesta em algum ano-
base.

𝐏𝐫𝐞ç𝐨 𝐝𝐨 𝐜𝐚𝐛𝐚𝐳 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐧𝐬 𝐞 𝐬𝐞𝐫𝐯𝐢ç𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐚𝐧𝐨 𝐜𝐨𝐫𝐫𝐞𝐧𝐭𝐞


𝐈𝐏𝐂 = ∗ 𝟏𝟎𝟎
𝐏𝐫𝐞ç𝐨 𝐝𝐨 𝐜𝐚𝐛𝐚𝐳 𝐝𝐨 𝐚𝐧𝐨 − 𝐛𝐚𝐬𝐞

Etapas de cálculo do IPC

1. Pesquisar os consumidores para determinar um cabaz ou cesta fixa de bens;

Exemplo: Cabaz= 4 tomates e 2 batatas


2. Coletar o preço de cada bem em cada ano;

Preço dos tomates Preço das batatas


Ano (AOA) (AOA)
2014 1 3
2015 2 3
2016 3 4

3. Calcular o custo da cesta de bens a cada ano;

2014: (𝐴𝑂𝐴 1,00 ∗ 4𝑡𝑜𝑚𝑎𝑡𝑒𝑠) + (𝐴𝑂𝐴 2 ∗ 2𝑏𝑎𝑡𝑎𝑡𝑎𝑠) = 𝐴𝑂𝐴 8 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑒𝑠𝑡𝑎

2015: (𝐴𝑂𝐴 2,00 ∗ 4𝑡𝑜𝑚𝑎𝑡𝑒𝑠) + (𝐴𝑂𝐴 3 ∗ 2𝑏𝑎𝑡𝑎𝑡𝑎𝑠) = 𝐴𝑂𝐴 14 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑒𝑠𝑡𝑎

2016: (𝐴𝑂𝐴 3,00 ∗ 4𝑡𝑜𝑚𝑎𝑡𝑒𝑠) + (𝐴𝑂𝐴 4 ∗ 2𝑏𝑎𝑡𝑎𝑡𝑎𝑠) = 𝐴𝑂𝐴 20 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑒𝑠𝑡𝑎

4. Escolher um ano-base (2010) e calcular o IPCN em cada ano.

2014: (𝐴𝑂𝐴 8,00/8,00) ∗ 100 = 100

2015: (𝐴𝑂𝐴 14,00/8,00) ∗ 100 = 175

2016: (𝐴𝑂𝐴 20,00/8,00) ∗ 100 = 250

5. Usar o IPCN para calcular a inflação.

(175 − 100)
2015: ∗ 100 = 75%
100
(250 − 175)
2016: ∗ 100 = 43%
100

∆𝜋 = 75% − 43% = 32%


O índice de preços ao consumidor é o índice de preços mais minuciosamente
observado, mas não é o único entre esses índices. Outro índice é o índice de preços do
produtor, que mede o preço de uma cesta típica de bens adquiridos por empresas, e
não por consumidores.

O IPC Versus o Deflator do PIB

O deflator do PIB e o IPC fornecem informações ligeiramente diferentes em


relação ao que está ocorrendo no nível geral de preços na economia.

Existem três diferenças fundamentais entre os dois indicadores:

 A primeira diferença é que o deflator do PIB mede o preço de todos os bens e


serviços produzidos, enquanto o IPC mede somente o preço de bens e serviços
adquiridos pelos consumidores. Assim, um aumento no preço de bens adquiridos
somente por empresas ou pelo governo aparecerá no deflator do PIB, mas não
no IPC.
 A segunda diferença é que o deflator do PIB inclui somente os bens produzidos
internamente. Bens importados não fazem parte do PIB e não aparecem no
deflator do PIB. Consequentemente, um crescimento no preço de uma Toyota
fabricada no Japão e vendida em Angola afeta o IPC de Angola, uma vez que a
Toyota é adquirida por consumidores angolanos, mas não afeta o deflator do PIB
de Angola.
 A terceira e mais sutil diferença resulta do modo pelo qual os dois indicadores
agregam os inúmeros preços na economia. O IPC atribui pesos fixos aos preços
dos diferentes bens, ao passo que o deflator do PIB atribui pesos que podem
variar. Em outras palavras, o IPC é calculado com o uso de uma cesta fixa de bens,
enquanto o deflator do PIB permite que a cesta de bens varie ao longo do tempo,
à medida que varia a composição do PIB. O exemplo a seguir ilustra as
diferenças entre essas abordagens. Suponhamos que um forte desastre destrua
a produção de tomates de Angola. A quantidade de tomates produzidos cai
para zero, e o preço dos poucos tomates que permanecem nas prateleiras dos
supermercados sobe assustadoramente. Uma vez que os tomates passam a
não mais fazer parte do PIB, o crescimento do preço dos tomates não aparece
no deflator do PIB. Entretanto, já que o IPC é calculado com base em uma cesta
fixa de bens que inclui tomates, o crescimento no preço dos tomates causa um
aumento substancial no IPC.

Os economistas chamam o índice de preços com uma cesta fixa de bens de índice
de Laspeyres e o índice de preços com uma cesta variável de índice de Paasche.
Os teóricos da economia vêm estudando as propriedades desses diferentes
tipos de índices de preços com o objetivo de determinar qual deles representaria um
melhor indicador do custo de vida. A resposta, conforme se verifica, é que nenhum
deles é evidentemente superior ao outro. Quando os preços correspondentes a
diferentes bens variam em diferentes proporções, o índice de Laspeyres (cesta fixa)
tende a superestimar o aumento do custo de vida, uma vez que não leva em conta
o fato de os consumidores terem a oportunidade de substituir bens mais caros por
outros mais baratos. Em contrapartida, o índice de Paasche (cesta variável) tende a
subestimar o aumento do custo de vida. Apesar de levar em conta a substituição de
bens alternativos, ele não reflete a redução em termos do bem-estar e satisfação
dos consumidores, a qual pode resultar dessas substituições.

O IPC Superestima a Inflação?

Muitos economistas acreditam que, por uma série de razões, o IPC tende a
superestimar a inflação.

 Um dos problemas diz respeito ao viés da substituição, sobre o qual já


discutimos. Uma vez que o IPC mede o preço de uma cesta de mercadorias fixa,
ele não reflete a capacidade dos consumidores de realizar substituições em favor
de mercadorias cujos preços relativos tenham caído. Sendo assim, quando os
preços relativos mudam, o custo de vida verdadeiro aumenta mais lentamente
do que o IPC.
 Um segundo problema diz respeito ao lançamento de novos bens. Quando um
novo bem é lançado no mercado, os consumidores ficam em situação vantajosa,
pois passam a ter maior variedade de produtos à sua escolha. De fato, o
lançamento de novos bens faz aumentar o valor real da moeda. Entretanto, esse
aumento no poder de compra da moeda não se reflete em um IPC mais baixo.
 Um terceiro problema diz respeito a variações não mensuradas na qualidade.
Quando uma empresa muda a qualidade do produto que vende, nem toda
variação do preço da mercadoria reflete uma variação do custo de vida.
Diferentes tipos de inflação

1. Inflação de demanda

Isso ocorre quando o AD


aumenta a uma taxa mais rápida
do que o AS. A inflação de
demanda normalmente ocorrerá
quando a economia estiver
crescendo mais rápido do que
a taxa de crescimento de
tendência de longo prazo . Se a
demanda exceder a oferta, as
empresas responderão elevando
os preços.

Este gráfico mostra a


inflação e o crescimento
económico no Reino
Unido durante a década de
1980. O alto crescimento
em 1987, 1988 de 4-5%
causou um aumento na
taxa de inflação. Foi só
quando a economia
entrou em recessão em
1990 e 1991, que vimos
uma queda na taxa de
inflação.

2. lnflação de custo
Isso ocorre quando
há um aumento no
custo de produção das
empresas, fazendo
com que a oferta
agregada se desloque
para a esquerda. A
inflação de custos pode
ser causada pelo
aumento dos preços da
energia e das
commodities.

3. Inflação de pressão salarial


O aumento dos salários tende a causar inflação. Na verdade, esta é uma
combinação de inflação de atração de demanda e inflação de custo. O aumento dos
salários aumenta os custos para as empresas e, portanto, estes são repassados aos
consumidores na forma de preços mais altos. Além disso, o aumento dos salários dá aos
consumidores maior rendimento disponível e, portanto, causa aumento do consumo e
DA. Na década de 1970, os sindicatos eram poderosos no Reino Unido. Isso ajudou a
aumentar os salários nominais; este foi um fator significativo na causa da inflação na
década de 1970.

4. Inflação importada

Uma depreciação da taxa de câmbio tornará as importações mais caras. Portanto,


os preços aumentarão apenas devido a esse efeito cambial. Uma depreciação também
tornará as exportações mais competitivas, aumentando a procura. Essa é a inflação
típica de Angola.

5. Fatores Temporários

A taxa de inflação também pode aumentar devido a fatores temporários, como o


aumento dos impostos indiretos. Se você aumentar a taxa de IVA de 17,5% para 20%,
todos os produtos com IVA aplicável serão 2,5% mais caros. No entanto, esse aumento
de preço durará apenas um ano. Não é um efeito permanente.

Também podemos categorizar a inflação pela rapidez com que os aumentos de


preços são, como:

1. Inflação crescente (1-4%)


Quando a taxa de inflação aumenta lentamente ao longo do tempo. Por
exemplo, a taxa de inflação sobe de 2% para 3%, para 4% ao ano.

2. Inflação moderada (2-10%)

É considerado inflação moderada quando os preços aumentam de forma lenta


e, como consequência disso, mantêm-se relativamente estáveis. Nesta situação, existe
a confiança na economia do país e as pessoas tendem a depositar dinheiro nos bancos,
através de produtos de depósitos remunerados a longo prazo, para que o seu dinheiro
não desvalorize ao longo do tempo. É considera modera quando a inflação está em um
dígito - menos de 10%. Nesse ritmo, a inflação não é um grande problema.

3. Inflação corrente (10-20%)

Quando a inflação começa a subir a uma taxa significativa. Geralmente é definida


como uma taxa entre 10% e 20% ao ano. Nesse ritmo, a inflação está impondo custos
significativos à economia e pode facilmente começar a aumentar.

4. Inflação galopante (20% -1000%)

A inflação galopante tem lugar quando a alta de preços dispara e para um


período anual, os preços aumentam em taxas com mais de um dígito, isto é, para 15%,
30% ou até 130%. Num país com esta situação de inflação galopante, o dinheiro perde
valor a uma velocidade vertiginosa, por isso, surgem mudanças de impacto
na economia. Com essa rápida taxa de aumento de preços, a inflação é um problema
sério e será um desafio controlá-la. Algumas definições de inflação galopante podem
estar entre 20% e 100%. Não existe uma definição universalmente aceita.

5. Hiperinflação (> 1000%)

A hiperinflação é um caso particular de inflação, que tem lugar quando a subida


dos bens ao longo de um ano é exagerada, em que a taxa de subida dos preços chega
até aos 1000%. Uma situação de hiperinflação reflete um estado de profunda crise
económica, dado que o dinheiro desvaloriza a um ritmo alarmante e a capacidade das
pessoas para comprar bens e serviços com a moeda é quase nula. Em períodos de
hiperinflação a corrida de preços é diária, os preços podem alterar de minutos a
minutos. Normalmente a hiperinflação produz-se quando o governo financia os seus
gastos através da introdução de moeda num mercado sem controlo.

Outra forma de avaliar a hiperinflação é olhar para a inflação acumulada. Se


durante os últimos 3 anos o país tiver inflação acumulada igual ou superior a 100%,
então diz-se que este país é hiperinflacionário.

Outros conceitos associados:


Desinflação - uma queda na taxa de inflação. Isso significa que os preços estão
aumentando a um ritmo mais lento.

Deflação - uma queda nos preços - uma taxa de inflação negativa.

 Os custos e benéficos da inflação


 Os custos da inflação não esperada ou da expectativa de inflação

Teoria quantitativa da moeda

A teoria quantitativa da moeda tem sua origem no trabalho de pioneiros no


estudo da teoria monetária, entre eles o filósofo e economista David Hume (1711-1776).
Essa teoria continua sendo a principal explicação para o efeito da moeda na economia
no longo prazo.

O ponto de partida para a teoria quantitativa da moeda é a percepção de que as


pessoas guardam moeda para adquirir bens e serviços. Quanto maior for a quantidade
de moeda de que precisam para realizar essas transações, maior será a quantidade de
moeda que guardam.

Portanto, a quantidade de moeda na economia está relacionada à quantidade de


unidades monetárias trocadas nas transações. O elo entre transações e moeda é
expresso na seguinte equação, chamada de equação quantitativa:

𝐌𝐨𝐞𝐝𝐚 ∗ 𝐕𝐞𝐥𝐨𝐜𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 = 𝐏𝐫𝐞ç𝐨 ∗ 𝐓𝐫𝐚𝐧𝐬𝐚𝐜çõ𝐞𝐬

𝐌∗𝐕=𝐏∗𝐓

O lado direito da equação quantitativa nos informa sobre as transações. T


representa a quantidade total de transações durante algum determinado período,
digamos, um ano. Em outras palavras, T é o número de vezes, em um ano, que bens ou
serviços são trocados por moeda. P representa o preço de uma transação típica — o
número de unidades monetárias trocados. O produto do preço de uma transação e o
número de transações, PT, é igual à quantidade de unidades monetárias trocadas em
um ano.

O lado esquerdo da equação quantitativa nos informa sobre a moeda utilizada


para concretizar as transações. M representa a quantidade de moeda. V é chamada de
velocidade de circulação da moeda, e mede o ritmo em que a moeda circula na
economia. Em outras palavras, a velocidade nos informa o número de vezes que uma
unidade monetária troca de mãos ao longo de um determinado período de tempo.

Suponhamos, por exemplo, que 60 unidades de pão sejam vendidas em um


determinado ano, a AOA 0,50 a unidade. Sendo assim, T é igual a 60 unidades de pão
por ano, e P é igual a AOA 0,50 por unidade. A quantidade total de kwanzas trocados é
PT = AOA 0,50/pão × 60 pães/ano = AOA 30,00/ano. O lado direito da equação
quantitativa é igual a AOA 30,00 por ano, o valor de todas as transações em unidades
monetárias.

Suponhamos, ainda, que a quantidade de moeda na economia seja de AOA


10,00. Reformulando a equação quantitativa, podemos calcular a velocidade sob a
forma:

𝑃𝑇 30
𝑉= = = 3 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜
𝑀 10

Ou seja, para que ocorram AOA 30,00 de transações ao ano, com AOA 10,00 em
moeda, cada kwanza deve trocar de mãos três vezes ao ano.

Das Transações à Renda

O problema da primeira equação é que é difícil mensurar a quantidade de


transações. Para solucionar esse problema, o número de transações, T, é substituído
pelo produto total da economia, Y.

Transações e produto estão relacionados entre si, uma vez que, quanto mais a
economia produz, mais bens são comprados e vendidos. Entretanto, eles não significam
a mesma coisa. Quando uma pessoa vende um carro usado para outra pessoa, por
exemplo, ambas efetuam uma transação utilizando moeda, embora o carro usado não
faça parte da produção atual da economia. Ainda assim, o valor das transações, em
unidades de moeda corrente, é mais ou menos proporcional ao valor do produto.

Se Y representa o montante relacionado ao produto, e P é o preço de uma


unidade de produto, o valor do produto, em unidades monetárias, é igual a PY.

Encontramos indicadores para essas variáveis quando discorremos sobre as


contas nacionais, no Capítulo 1: Y é o PIB real, P é o deflator do PIB, e PY é o PIB nominal.

A equação quantitativa passa então a ser

Moeda × Velocidade = Preço × Produto

M × V = P × Y.

Uma vez que Y também é o total da renda, V, nessa versão para a equação
quantitativa, é conhecido como velocidade do rendimento da moeda. A velocidade
rendimento da moeda nos informa o número de vezes que uma cédula de unidade
monetária entra no rendimento de uma pessoa, em um determinado período de tempo.

A Função procura por Moeda e a Equação Quantitativa

Quando analisamos o modo como a moeda afeta a economia, geralmente é útil


expressar a quantidade de moeda em termos da quantidade de bens e serviços que essa
quantidade consegue adquirir. Esse montante, M/P, é chamado de saldos monetários
reais. Os saldos monetários reais medem o poder de compra do estoque de moeda.

Considere, por exemplo, uma economia que produza unicamente pão. Se a


quantidade de moeda corresponde a AOA 10,00 e o preço de uma unidade de pão é
igual a AOA 0,50, então o saldo monetário real corresponde a 20 unidades de pão. Ou
seja, a preços correntes, o estoque de moeda na economia é capaz de comprar 20
unidades de pão.

Uma função da demanda por moeda é uma equação que apresenta os


determinantes da quantidade de saldos monetários reais que as pessoas desejam ter
em suas mãos.

𝑀 𝑑
Uma função simples para a demanda por moeda seria ( 𝑃 ) = 𝑘𝑌, na qual k
representa uma constante que nos informa a quantidade de moeda que as pessoas
desejam ter em mãos, para cada unidade monetária de rendimento. Essa equação
enuncia que a quantidade de saldo monetário real procurada é proporcional ao
rendimento real.

A função da demanda por moeda é semelhante à função da demanda por um


determinado bem. Nesse caso, o “bem” é a conveniência de ter em mãos saldos
monetários reais. Do mesmo modo que ter um automóvel faz com que seja mais fácil
para uma pessoa viajar, ter em mãos moeda torna mais fácil realizar transações.

Portanto, exatamente do mesmo modo que uma renda mais alta acarreta maior
demanda por automóveis, uma renda mais alta acarreta também maior demanda por
saldos monetários reais.

Essa função da demanda por moeda oferece outra maneira de visualizar a


equação quantitativa. Para ver isso, acrescente à função da demanda por moeda a
𝑀 𝑑 𝑀
condição de que a demanda por saldos monetários reais ( ) seja igual à oferta, ( ).
𝑃 𝑃

𝑀 𝑑
Portanto, ( 𝑃 ) = 𝑘𝑌. Uma simples reformulação dos termos modifica essa
1 1
equação para 𝑀 (𝑘) = 𝑃𝑌 que pode ser escrita como MV = PY, em que 𝑉 = (𝑘). Esses
poucos passos de matemática simples ilustram a relação entre a demanda por moeda e
a velocidade de circulação da moeda.
Quando as pessoas desejam ter em mãos uma grande quantidade de moeda para
cada unidade monetária de renda (k é grande), a moeda troca de mãos com pouca
frequência (V é pequeno). Inversamente, quando as pessoas desejam ter em mãos
simplesmente uma pequena quantidade de moeda (k é pequeno), a moeda troca de
mãos com mais frequência (V é grande). Em outras palavras, o parâmetro k, para a
demanda por moeda, e a velocidade de circulação da moeda, V, representam dois lados
da mesma questão.

Moeda, Preços e Inflação

Temos, agora, uma teoria que explica aquilo que determina o nível geral de
preços da economia.

A teoria acima apresentada tem três fundamentos:

 Os fatores de produção e a função de produção determinam o patamar de


produção, Y.
 A oferta monetária, M, determina o valor nominal da produção, Y. Essa
conclusão decorre da equação quantitativa e do pressuposto de que a
velocidade da moeda é fixa.
 O nível de preços, P, é, assim, a proporção entre o valor nominal da produção,
PY, e o nível de produção, Y.

Em outras palavras, a capacidade produtiva da economia determina o PIB real, a


quantidade de moeda determina o PIB nominal, e o deflator do PIB é a proporção entre
o PIB nominal e o PIB real.

Conclusão: Essa teoria explica o que acontece quando o banco central modifica a
oferta monetária. Uma vez que a velocidade V é fixa, qualquer alteração na oferta
monetária M provoca necessariamente uma mudança proporcional no PIB nominal PY.
Como os fatores de produção e a função de produção já determinaram o nível de
produção Y, o PIB nominal PY pode se ajustar, somente se houver uma mudança no nível
de preços P. Portanto, a teoria quantitativa implica que o nível de preços é proporcional
à oferta monetária.

Uma vez que a taxa de inflação é a variação percentual no nível de preços, essa
teoria sobre o nível de preços é também uma teoria sobre a taxa de inflação.

Portanto, a teoria quantitativa da moeda enuncia que o banco central, que


controla a oferta monetária, exerce o controlo definitivo sobre a taxa de inflação. Se o
banco central mantém estável a oferta monetária, o nível de preços permanece estável.
Se o banco central aumenta rapidamente a oferta monetária, o nível de preço sobe
rapidamente.
Taxa de juros e inflação (efeito fisher)

Suponhamos que você deposite suas economias em uma conta bancária que
remunere 8% de juros ao ano. No ano subsequente, você retira sua poupança e os juros
acumulados. Você está 8% mais rico do que na ocasião em que fez o depósito, um ano
antes?

A resposta depende do que significa “mais rico”. Certamente, você tem 8% a


mais do que antes, em termos de unidades monetárias. Contudo, se os preços subiram,
cada unidade monetária compra menos, e o seu poder de compra não aumentou em
8%. Se a taxa de inflação foi de 5% ao longo do ano, a quantidade de bens que você
consegue comprar aumentou em apenas 3%. E se a taxa de inflação foi de 10%, seu
poder de compra teve uma perda de 2%.

A taxa de juros com que o banco remunera é conhecida como taxa de juros
nominal, enquanto o aumento do seu poder de compra é conhecido como taxa de juros
real. Se i representa a taxa de juros nominal, r a taxa de juros real e π a taxa de inflação,
consequentemente a relação entre essas três variáveis pode ser escrita sob a forma

𝒓= 𝒊−𝝅

A taxa de juros real é a diferença entre a taxa de juros nominal e a taxa de inflação

O Efeito Fisher

Reorganizando os termos em nossa equação para a taxa de juros real, podemos


demonstrar que a taxa de juros nominal é a soma entre a taxa de juros real e a taxa de
inflação: 𝑖 = 𝑟 + 𝜋

A equação escrita dessa maneira é chamada de equação de Fisher, em


homenagem ao economista Irving Fisher (1867-1947). Ela demonstra que a taxa de juros
nominal pode se modificar por duas razões: porque a taxa de juros real se modifica, ou
porque a taxa de inflação se modifica.

A teoria quantitativa e a equação de Fisher, juntas, definem como a expansão


monetária afeta a taxa de juros nominal. De acordo com a teoria quantitativa, um
crescimento equivalente a 1% na taxa de expansão monetária causa um aumento de 1%
na taxa de inflação. De acordo com a equação de Fisher, um aumento de 1% na taxa de
inflação, por sua vez, causa um aumento de 1% na taxa de juros nominal. A relação do
tipo um para um, entre a taxa de inflação e a taxa de juros nominal, é chamada de efeito
Fisher.
-
0,00200
0,00400
0,00600
0,00800
0,01000
0,01200
jan/14
jan/09
abr/14
jun/09
jul/14
out/14 nov/…
jan/15 abr/10
abr/15 set/10
jul/15 fev/11
out/15 jul/11
Trajetória da inflação em Angola

jan/16
dez/11
abr/16
mai/…
jul/16
out/12
out/16
jan/17 mar/…
abr/17 ago/…
jul/17 jan/14
out/17 jun/14

certo ou indirecta)
jan/18 nov/…
abr/18
abr/15
jul/18
set/15
out/18
fev/16
jan/19
abr/19 jul/16
jul/19 dez/16

Evolução da taxa de câmbio desde 2014 (Cotação ao


out/19 mai/…
Tragetória da Inflação homóloga desde 2009

jan/20 out/17
abr/20 mar/…
jul/20
ago/…
jan/19
jun/19
nov/…
abr/20
set/20
Evolução da taxa de câmbio desde 2014 (Cotação ao
incerto ou directa)
700,000

600,000

500,000

400,000

300,000

200,000

100,000

0,000
out/15
out/14

out/16

out/17

out/18

out/19
jul/14

jul/15

jul/16

jul/17

jul/18

jul/19

jul/20
jan/14

jan/15

jan/16

jan/17

jan/18

jan/19

jan/20
abr/18
abr/14

abr/15

abr/16

abr/17

abr/19

abr/20
1. Exercício

2000 2010
Bem Quantidade Preço (AOA) Quantidade Preço (AOA)
Automóveis 100,00 50,00 120,00 60,00
Pão 500 000,00 10,00 400 000,00 20,00

a) Usando o ano de 2000 como ano-base, calcule as seguintes estatísticas para cada
ano: PIB nominal, PIB real, o deflator implícito de preços para o PIB e um índice
de preços com peso fixo, como o IPC.
b) Quanto os preços aumentaram entre 2000 e 2010? Compare as respostas
fornecidas com base no índice de Laspeyres e no índice de Paasche. Explique a
diferença.
c) Suponhamos que você seja um senador que esteja elaborando um projeto de lei
para indexar as pensões federais e a seguridade social. Ou seja, seu projeto de
lei reajustará esses benefícios, de modo a compensar as variações no custo de
vida. Você utilizará o deflator do PIB ou o IPC? Por quê?

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