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A nossa cultura é controlada pela idéia de que o ser humano pode e deve ser
“perfeito”.
Anos e anos a idéia de “perfeição” vem modelando nossa mente e petrificando
nosso coração.
O conceito de perfeição está presente ativamente em todas as dimensões da
vida, sob diversas formas:
a sede insaciável de possuir e de fazer, a ilusão do “nascido para vencer”, a mística do
sucesso e
da eficiência, o “ser o 1 º” que respiramos por todos os povos, o medo do fracasso, a busca
da au-
to-glorificação, a ânsia de poder...
Desde a nossa infância somos impelidos a procurar a perfeição.
Esse conceito assumiu um valor central na compreensão e na orientação da
nossa vida. Mesmo na espiri-tualidade reforça-se a idéia de que tudo aquilo
que se endereça a Deus deve ser perfeito.
E a santidade passou a ser considerada como sinônimo de perfeição.
Nesta ótica, aquilo que é “humano” passou a representar decadência,
fragilidade, limite...
Para ser “perfeito” tornava-se necessário sair da “condição humana”:
sufocar o humano, dominar e controlar a condição humana... e buscar viver no
nível “sobre-humano”.
Além disso, o homem começou a perder a “visão humana” das coisas, da
natureza, dos outros... afastan-do-se totalmente das “outras coisas criadas” (EE. 23).
No entanto, a convivência no recinto da perfeição é inumana.
A expressão “atingir a perfeição” é uma imprudência. A procura da perfeição
não ajuda a pessoa a viver, a amar, a sonhar, a sorrir, a perdoar, a ser feliz...
Nas suas formas mais graves, a busca da perfeição é estressante, conduz ao
desprezo de si mesmo, torna insuportável a relação com os outros e pode
conduzir à auto-mutilação.
Isso não é vida. Queremos residir num lugar onde a compaixão e o cuidado possam abraçar nossas
fragilidades e limites. Devemos passar de um humanismo da “auto-exaltação” para um humanismo da
“auto-acolhida”.