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Práticas de Direito I
Curso Secundário Profissionalmente
Qualificante-10º Ano
Humanidades/Direito
Segundo este critério, o Direito Público distingue-se do Direito Privado pelo facto
de, no Direito Público, serem reguladas relações entre dois sujeitos, em que um
deles (a entidade pública/Estado) está numa posição de supremacia perante o
outro (o particular), em virtude de se encontrar no exercício de poderes públicos
(ius imperii).
Ainda de acordo com o critério acima apontado, são também de Direito Público
aquelas regras ou normas que disciplinam a organização e atividade do Estado e
de outras entidades públicas, como por exemplo as autarquias, e ainda as normas
que regulam as relações desses entes públicos entre si, no exercício dos poderes
que lhes competem.
Esta última categoria do Direito (Direito Privado) integra, assim, normas jurídicas
que regem as relações entre simples particulares e ainda as relações entre
particulares e entes públicos, quando estes últimos não atuem revestidos de
poderes de autoridade. São, portanto, relações de paridade e não de supremacia
as relações que são objeto desta categoria do Direito.
Dessa forma, pode-se dizer que são ramos do Direito Público: o Direito
Constitucional, Administrativo, Financeiro, Penal, Internacional Público,
Internacional Privado e Processual. E os ramos do Direito Privado são: Direito
Civil, Direito Empresarial, Direito do Trabalho. É importante dizer, nesse momento,
que o que se pretende não é fornecer conceitos específicos de cada um dos
ramos acima citados, mas tão-somente abordar, de forma bastante genérica, do
que tratam cada um desses ramos.
Direito Penal: ramo do Direito que disciplina as condutas humanas que podem
pôr em risco a coexistência dos indivíduos na sociedade. O Direito Penal vai
regular essas condutas com base na proteção dos princípios relacionados à vida,
intimidade, propriedade, liberdade, enfim, princípios que devem ser respeitados no
convívio social. Dessa forma, o Direito Penal vai descrever as condutas
consideradas crimes (condutas mais graves) e contravenções (condutas menos
grave) e as respectivas penas cominadas. Vale dizer que o Estado é o
responsável pelo direito de punir, e o faz mediante critérios préestabelecidos, com
o intuito de desestimular os indivíduos a transgredirem as normas, e, também, de
readaptar o indivíduo ao convívio social.
Direito Civil: ramo do Direito Privado por excelência, pois visa regular as relações
dos indivíduos, estabelecendo direitos e impondo obrigações. O Direito Civil atua
em toda a vida do indivíduo, pois disciplina todos os campos de interesses
individuais. O Código Civil, ou seja, reunião de todas as leis de Direito Civil, é
estruturado em duas grandes partes: geral, que contém normas de caráter
abrangente, que servem a qualquer área do Direito Civil e parte especial, que trata
dos assuntos específicos. Na parte Geral encontram-se os livros que contêm os
temas relativos às pessoas, aos bens e aos fatos jurídicos. Já a parte especial os
livros são: obrigações, Direito de Empresa, Direito das Coisas, Direito de Família,
Direito das Sucessões e um livro complementar das disposições finais e
transitórias. Assim verifica-se que o Direito Civil abrange todas as áreas do
relacionamento humano, que serão objeto de estudo durante todo o Curso de
Direito.
Exercícios
1 - Introdução ao estudo do Direito- 12º ano- Almerinda Dinis, Evangelina Henriques e Maria Isidra
Contreiras, com a participação e revisão científica do Prof. Doutor Jorge Miranda, pagina 250.
2 Idem, 258 3
Idem, pagina 258
3 Ibidem, pagina 249.
4 Imperium: voz lat. Poder supremo, soberania.
Embora existam vozes discordantes de que o DPC não seja um ramo do direito
público e sim do ramo do direito privado. Como justificação está o facto de o
5 - O novo processo civil- António Montalvão Machado e Paulo Pimenta – 5ª edição, setembro de 2003.
6 - O novo processo civil- António Montalvão Machado e Paulo Pimenta – 5ª edição, setembro de 2003,
pág. 12, 13, 14.
7 Idem
8 Idem
9 Significa conflito concreto de interesses digno de ser apresentado à consideração de uma entidade
independente (em regra o tribunal) para efeito de uma justa composição desses interesses. Vid. Ana
Prata, dicionário jurídico, 2014, 5º edição, volume I.
10 Ibidem, pagina 13, 14.
fazer valer esses direitos e deveres, competirá ao DPC fornecer ao titular dos
respectivos direitos o método e a técnica de os executar judicialmente.
Logo é evidente a importância do direito processual civil.
(judicial/extrajudicial)12.
13 Idem
14 Ibidem, 26, 27.
15 Idem, Pág. 26.
16 O novo processo civil- António Montalvão Machado e Paulo Pimenta – 5ª edição, setembro de 2003,
pág. 28.
Caso prático nº 1
Perguntas:
Antes de responder às questões que te são colocadas, leia o texto com muita
atenção, e responda com clareza, objectividade, e fundamente sempre que for
preciso as questões que te são colocadas segundo as características e princípios
fundamentais do Direito Processual Civil.
Caso prático 2
direito a interpor uma acção correspondente contra o senhor que lhe devia
dinheiro. Maria interpôs acção nos tribunais alegando os factos acontecidos e no
pedido, formulou que o Sr. Carlos deveria pagar-lhe o valor em divida. Durante a
tramitação processual o advogado do André e ele próprio nunca compareceram
para fornecer provas ou dar explicações, apesar de devidamente notificados para
o efeito. O tribunal analisou a questão e decidiu que não valia a pena ouvir o Sr.
André, já que no processo estavam todas as provas essenciais para decidir com
consciência e a letra da lei. Assim sendo lavrou a sentença e condenou o Sr.
André a pagar a quantia em dívida e considerou ainda que tendo o réu incumprido
a dívida por dois anos deveria pagar um juro de um milhão por cada mês que
passou, até o momento da sentença.
PERGUNTAS
Antes de responder às questões que te são colocadas, leia o texto com muita
atenção, e responda com clareza, objectividade, e fundamente sempre que for
preciso as questões que te são colocadas.
515 do CPC)18.
4.5 - AS ACÇÕES
19 Dicionário jurídico de direito civil, Ana Prata, 5º edição, volume I, 2014, pagina 15.
20 Idem, pagina 1131.
21 Jorge Constantino e Mário Figueiras, jurisdição Cível – programa PIR PALOP II, Novembro 2003, pág. 48.
4
Idem, pág. 48.
Nas acções declarativas- o que o autor pede ao Tribunal é que o tribunal profira
uma declaração final de direito, isto é uma sentença que ponha cobro ao conflito
que o separa do réu e que dessa forma componha definitivamente tal litígio 22. Em
suma o fim da acção declarativa consiste nessa declaração de o juiz vai proferir, a
qual vai solucionar o caso submetido a julgamento.
22 O novo processo civil- António Montalvão Machado e Paulo Pimenta – 5ª edição, pág.
31 6 Idem,31
Por outro lado a acção poderá ser julgada improcedente, absolvendo-se desta
forma o réu do pedido formulado pelo autor.
A sentença -declaração- proferida pode ter sido favorável ao autor, mas o réu
pode não pagar. Se isto acontece o autor já não pedira ao tribunal que declare um
direito (de que já dispõe e o próprio tribunal já reconheceu), o autor ira sim pedir
ao tribunal que tome medidas ou providencias materialmente necessárias e/ou
adequadas a reparação efectiva do seu direito violado. O autor fará isso através
de uma acção executiva (artº4.3), vai pedir a execução da sentença
condenatória. No entanto nem sempre a acção declarativa segue depois uma
acção executiva, e pode existir uma acção executiva sem antes preceder uma
acção declarativa (este conteúdo será objecto de estudo mais a frente ainda nesta
unidade).
Nesta acção o autor pede para que o réu seja condenado a pagar determinada
quantia, a entregar determinado objecto, a prestar qualquer facto, ou a absterse
de determinada conduta.
24 Ibidem, pág. 34
Este tipo de acção é motivada pela necessidade de reagir contra uma situação de
incerteza acerca da existência ou inexistência de um direito ou de um facto. A
diferença do que acontece nas acções de condenação, em que o motivo é da
instauração da acção é o incumprimento de qualquer obrigação por parte do réu,
nas acções de simples apreciação o autor apenas solicita que o tribunal aprecie a
situação de incerteza jurídica e ponha cobro a tal insegurança, declarando se
determinado direito (ou facto) existe ou não, conforme se peticionou.
Aqui o juízo apreciativo que o juiz fará é o fim único que se pretende atingir. Na
acção de condenação ha também o juízo apreciativo sobre o facto, mas este é
apenas um meio uma primeira etapa do raciocínio para se chegar ao fim – que
seria então a possível condenação.
Exemplo: A. para ter acesso a via publica passa a já vários anos pelo terreno que
é propriedade de seu vizinho B. Este a dado momento, começa a afirmar
publicamente que aquela travessia é só é feita por A. por sua mera tolerância e
favor. No entanto A. entende que que o prédio por onde vem atravessando está
na verdade, onerado por um direito de servidão de passagem a seu favor. Por sua
vez B. tem opinião contraria conforme afirma publicamente.
Nesta acção ele vai pedir ao tribunal que aprecie a situação e declare que o prédio
do réu está, na verdade onerado com o direito de servidão de passagem, ou seja
vai pedir que se declare a existência de determinado direito - vai instaurar para
isso uma acção de simples apreciação positiva25.
25 O novo processo civil- António Montalvão Machado e Paulo Pimenta – 5ª edição, pág.
38 10 Idem, pág. 37.
Por ultimo a divisão das acções declarativas em três espécies não significa que
elas tenham que ser estudadas ou intentadas por separado, na medida em que na
mesma acção podem cumular-se diversos pedidos – pretensões. Ex. Podese
pedir que o réu seja condenado a pagar determinada quantia e entregar certa
coisa.
AS ACÇÕES EXECUTIVAS
As acções executivas podem ser - para pagamento de quantia certa, para entrega
de coisa certa, prestação de facto positivo ou negativo, art.º 45.2 CPC.
Na acção executiva que nem sempre sucede a acção declarativa, o tribunal vai
desencadear mecanismos processuais para coercivamente assegurar ao autor
(exequente) o recebimento da quantia em que o réu (executado) foi condenado.
Como?
Antes neste texto se mencionou que nem sempre a acção executiva sucede de
uma acção declarativa, pois bem, isto acontece porque existe determinados
documentos que por si só valem o suficiente para gerar uma acção executiva, são
os chamados títulos executivos.
O Código Processo Civil no seu art.º 45 “estabelece que toda a execução tem por
base um título pelo qual se determinam o fim e os limites da acção executiva”.
O código de processo Civil estabelece no art. 460º que o processo pode segundo
a forma ser comum ou especial.
Para sabermos que forma de processo seguir devemos ter em conta dois critérios:
o valor da causa e a alçada do Tribunal.
O valor da causa – que é valor indicado pelo autor na petição inicial, e que vem
representando a utilidade económica imediata do pedido. Através desse valor se
determina a forma do processo comum a seguir e a relação da causa com a
alçada do tribunal, art. 467º.1. e) CPC.
E para a fixação do valor da causa há diversos critérios previstos nos art.º 306 e
ss do CPC. Estabelece que se pela acção se pretende obter qualquer quantia
certa em dinheiro, é esse o valor da causa … se pela acção se pretende obter um
benefício diverso, o valor da causa é a quantia em dinheiro equivalente a esse
benefício. Etc…
A alçada do tribunal é o valor limite até o qual ele julga em definitivo, sem
admissibilidade de recurso.
26 O novo processo civil- António Montalvão Machado e Paulo Pimenta – 5ª edição , pág. 52
Nos termos da art. 24º.1 da Lei 7/2010 lei base do sistema judiciário a alçada em
matéria cível dos tribunais de 1ª Instância é de 10 vezes o salário mínimo da
função pública, (seria 975.000 x 10 = 9.750.000 Dbs- aproximadamente).
Atenção: significa que a alçada do tribunal pode variar consoante as alterações
que o salário mínimo27 sofrer.
27 Com a última atualização da grelha salarial, Decreto-Lei nº 5/2012 publicado no Diário da Republica nº 24
(Quinta-feira 5 de abril de 2012) o salário mínimo que corresponde ao valor de 975.000 Dbs. (Novecentos e
setenta e cinco mil dobras).
2º- Sendo comum há que atender ao valor da causa, se exceder a alçada a acção
será ordinária, se não exceder é sumária, excepto se o valor for igual ou inferior á
alçada e destinados ao cumprimento de obrigações pecuniárias (não provenientes
de contratos), à indeminização por danos e a entrega de móveis que então a
acção será sumaríssima.
1º- Os processos de jurisdição voluntária são aqueles que não visam resolver
um conflito de interesse, antes regular judicialmente um interesse comum a ambas
as partes. É caracterizado pela ausência do litígio e de conflito. E se justifica pelo
facto de esse interesse apesar de comum, ser perspectivado de modo diverso
pelas partes. Exemplo: o processo de regulação judicial do exercício do poder
paternal28.
28 Nestas acções se define a guarda dos menores, o regime de visitas e as prestações alimentícias. Neste
caso o que esta em causa é o interesse dos menores, interesses que ambos os pais querem ver
salvaguardados mais tem opinião distinta sobre o mesmo.
Exercícios
Maria tem como meio para subsistir o negócio de aluguer de carros. A cinco
meses atrás alugou um Nissam Terrano para o senhor Francisco, a cinco
milhões por cada mês. Ficou acordado entre os dois que o aluguer seria por dois
meses, e que no final de cada mês ele entregaria pessoalmente a quantia a
Maria, o que não aconteceu em nenhum dos meses, e como se não bastasse o
Sr.º ainda conserva o carro consigo. Por esse facto a maria está muito chateada
III
A petição inicial, vale dizer, é a peça que traz ao juiz os problemas de pessoas
Dessa
forma, deve se ter o maior zelo possível ao confeccionar a redacção que será
imprescindível no destino daquele que o confiou ao advogado.
V – o valor da causa;
A constituição São tomense de 2003 preconiza no seu artigo 20.º que: “Todo o
cidadão tem direito de recorrer aos tribunais contra os actos que violem os
seus direitos reconhecidos pela Constituição e pela lei, não podendo a justiça
ser denegada por insuficiência de meios económicos”. No excerto acima a
epígrafe é o acesso aos tribunais e não como nos outros ordenamento jurídicos
constitucionais acesso ao direito e aos tribunais.
BIBLIGRAFIA
LEGISLAÇÃO
LIVROS
Rocha, Isabel, Carlos José Batalhão e outros, Direito 12º ano, porto editora.
Dicionário de relações internacionais – Fernando de Sousa (Dir)
MANUEL INÁCIO DA SILVA PINHEIRO, «Cadastro Predial, Breves Notas», in
Fisco, n.º 113/114, ano XV, Abril de 2004
Rocheta Gomes, registo in dicionário jurídico da administração pública,
VII vol.
J. de Seabra Lopes, direito dos registos e do notariado, 2ª edição, editorial
Almedina, Janeiro 2003
Teoria Geral do Direito Civil, lições pol., 4 vols., Lisboa, 1974-1981
Introdução ao Estudo do Direito, Professor João de Castro Mendes,
Introdução ao Estudo do Direito, Oliveira Ascenção
AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. 5. ed., Rio de Janeiro:
Renovat, 2003
Raimundo, Leandro Silva. Dos pressupostos processuais e das condições
da acção no processo civil.
Silva, Germano Marques da, Curso de Processo Penal, 2ª Ed., Verbo,
Lisboa, 2000, Vol III.
Valente, Manuel Monteiro Guedes, Regime Jurídico da Investigação
Criminal, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2004 .