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E OUTROS TRATAMENTOS
OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS
OU DEGRADANTES
DECRETO No 40, DE 15 DE
FEVEREIRO DE 1991. Os Estados Partes da presente
Convenção,
Convenção contra tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, Considerando que, de acordo
desumanas ou degradantes com os princípios proclamados pela
Carta das Nações Unidas, o
O PRESIDENTE DA reconhecimento dos direitos iguais e
REPÚBLICA, usando da atribuição inalienáveis de todos os membros da
que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da família humana é o fundamento da
Constituição, e liberdade, da justiça e da paz no
mundo,
Considerando que a Assembléia
Geral das Nações Unidas, em sua XL Reconhecendo que estes direitos
Sessão, realizada em Nova York, emanam da dignidade inerente à
adotou a 10 de dezembro de 1984, a pessoa humana,
Convenção Contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Considerando a obrigação que
Desumanos ou Degradantes; incumbe os Estados, em virtude da
Carta, em particular do Artigo 55, de
Considerando que o Congresso promover o respeito universal e a
Nacional aprovou a referida observância dos direitos humanos e
Convenção por meio do Decreto liberdades fundamentais.
Legislativo nº 4, de 23 de maio de
1989; Levando em conta o Artigo 5º da
Declaração Universal e a observância
Considerando que a Carta de dos Direitos do Homem e o Artigo 7º
Ratificação da Convenção foi do Pacto Internacional sobre Direitos
depositada em 28 de setembro de Civis e Políticos, que determinam que
1989; ninguém será sujeito à tortura ou a
pena ou tratamento cruel, desumano
Considerando que a Convenção ou degradante,
entrou em vigor para o Brasil em 28 de
outubro de 1989, na forma de seu Levando também em conta a
artigo 27, inciso 2; Declaração sobre a Proteção de Todas
as Pessoas contra a Tortura e outros
DECRETA: Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes,
Art. 1º A Convenção Contra a aprovada pela Assembléia Geral em 9
Tortura e Outros Tratamentos ou de dezembro de 1975,
Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes, apensa por cópia ao Desejosos de tornar mais eficaz a
presente Decreto, será executada e luta contra a tortura e outros
cumprida tão inteiramente como nela tratamentos ou penas cruéis,
se contém. desumanos ou degradantes em todo o
mundo,
Art. 2º Este Decreto entra em
vigor na data de sua publicação. Acordam o seguinte:
PARTE I 3. A ordem de um funcionário
superior ou de uma autoridade pública
ARTIGO 1º não poderá ser invocada como
justificação para a tortura.
1. Para os fins da presente
Convenção, o termo "tortura" designa ARTIGO 3º
qualquer ato pelo qual dores ou
sofrimentos agudos, físicos ou 1. Nenhum Estado Parte
mentais, são infligidos procederá à expulsão, devolução ou
intencionalmente a uma pessoa a fim extradição de uma pessoa para outro
de obter, dela ou de uma terceira Estado quando houver razões
pessoa, informações ou confissões; de substanciais para crer que a mesma
castigá-la por ato que ela ou uma corre perigo de ali ser submetida a
terceira pessoa tenha cometido ou tortura.
seja suspeita de ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou 2. A fim de determinar a
outras pessoas; ou por qualquer existência de tais razões, as
motivo baseado em discriminação de autoridades competentes levarão em
qualquer natureza; quando tais dores conta todas as considerações
ou sofrimentos são infligidos por um pertinentes, inclusive, quando for o
funcionário público ou outra pessoa no caso, a existência, no Estado em
exercício de funções públicas, ou por questão, de um quadro de violações
sua instigação, ou com o seu sistemáticas, graves e maciças de
consentimento ou aquiescência. Não direitos humanos.
se considerará como tortura as dores
ou sofrimentos que sejam ARTIGO 4º
conseqüência unicamente de sanções
legítimas, ou que sejam inerentes a 1. Cada Estado Parte assegurará
tais sanções ou delas decorram. que todos os atos de tortura sejam
considerados crimes segundo a sua
2. O presente Artigo não será legislação penal. O mesmo aplicar-se-
interpretado de maneira a restringir á à tentativa de tortura e a todo ato de
qualquer instrumento internacional ou qualquer pessoa que constitua
legislação nacional que contenha ou cumplicidade ou participação na
possa conter dispositivos de alcance tortura.
mais amplo.
2. Cada Estado Parte punirá estes
ARTIGO 2º crimes com penas adequadas que
levem em conta a sua gravidade.
1. Cada Estado Parte tomará
medidas eficazes de caráter ARTIGO 5º
legislativo, administrativo, judicial ou
de outra natureza, a fim de impedir a 1. Cada Estado Parte tomará as
prática de atos de tortura em qualquer medidas necessárias para estabelecer
território sob sua jurisdição. sua jurisdição sobre os crimes
previstos no Artigo 4º nos seguintes
2. Em nenhum caso poderão casos:
invocar-se circunstâncias excepcionais
tais como ameaça ou estado de a) quando os crimes tenham sido
guerra, instabilidade política interna ou cometidos em qualquer território sob
qualquer outra emergência pública sua jurisdição ou a bordo de navio ou
como justificação para tortura. aeronave registrada no Estado em
questão;
b) quando o suposto autor for 4. Quando o Estado, em virtude
nacional do Estado em questão; deste Artigo, houver detido uma
pessoa, notificará imediatamente os
c) quando a vítima for nacional do Estados mencionados no Artigo 5º,
Estado em questão e este o considerar parágrafo 1, sobre tal detenção e
apropriado. sobre as circunstâncias que a
justificam. O Estado que proceder à
2. Cada Estado Parte tomará investigação preliminar a que se refere
também as medidas necessárias para o parágrafo 2 do presente Artigo
estabelecer sua jurisdição sobre tais comunicará sem demora seus
crimes nos casos em que o suposto resultados aos Estados antes
autor se encontre em qualquer mencionados e indicará se pretende
território sob sua jurisdição e o Estado exercer sua jurisdição.
não extradite de acordo com o Artigo
8º para qualquer dos Estados ARTIGO 7º
mencionados no parágrafo 1 do
presente Artigo. 1. O Estado Parte no território sob
a jurisdição do qual o suposto autor de
3. Esta Convenção não exclui qualquer dos crimes mencionados no
qualquer jurisdição criminal exercida Artigo 4º for encontrado, se não o
de acordo com o direito interno. extraditar, obrigar-se-á, nos casos
contemplados no Artigo 5º, a submeter
ARTIGO 6º o caso as suas autoridades
competentes para o fim de ser o
1. Todo Estado Parte em cujo mesmo processado.
território se encontre uma pessoa
suspeita de ter cometido qualquer dos 2. As referidas autoridades
crimes mencionados no Artigo 4º, se tomarão sua decisão de acordo com
considerar, após o exame das as mesmas normas aplicáveis a
informações de que dispõe, que as qualquer crime de natureza grave,
circunstâncias o justificam, procederá conforme a legislação do referido
à detenção de tal pessoa ou tomará Estado. Nos casos previstos no
outras medidas legais para assegurar parágrafo 2 do Artigo 5º, as regras
sua presença. A detenção e outras sobre prova para fins de processo e
medidas legais serão tomadas de condenação não poderão de modo
acordo com a lei do Estado mas algum ser menos rigorosas do que as
vigorarão apenas pelo tempo que se aplicarem aos casos previstos
necessário ao início do processo penal no parágrafo 1 do Artigo 5º.
ou de extradição.
3. Qualquer pessoa processada
2. O Estado em questão por qualquer dos crimes previstos no
procederá imediatamente a uma Artigo 4º receberá garantias de
investigação preliminar dos fatos. tratamento justo em todas as fases do
processo.
3. Qualquer pessoa detida de
acordo com o parágrafo 1 terá ARTIGO 8°
assegurada facilidades para
comunicar-se imediatamente com o 1. Os crimes a que se refere o
representante mais próximo do Estado Artigo 4° serão considerados como
de que é nacional ou, se for apátrida, extraditáveis em qualquer tratado de
com o representante do Estado de extradição existente entre os Estados
residência habitual. Partes. Os Estados Partes obrigar-se-
ão a incluir tais crimes como
extraditáveis em todo tratado de 1. Cada Estado Parte assegurará
extradição que vierem a concluir entre que o ensino e a informação sobre a
si. proibição de tortura sejam plenamente
incorporados no treinamento do
2. Se um Estado Parte que pessoal civil ou militar encarregado da
condiciona a extradição à existência aplicação da lei, do pessoal médico,
de tratado de receber um pedido de dos funcionários públicos e de
extradição por parte do outro Estado quaisquer outras pessoas que possam
Parte com o qual não mantém tratado participar da custódia, interrogatório ou
de extradição, poderá considerar a tratamento de qualquer pessoa
presente Convenção com base legal submetida a qualquer forma de prisão,
para a extradição com respeito a tais detenção ou reclusão.
crimes. A extradição sujeitar-se-á ás
outras condições estabelecidas pela lei 2. Cada Estado Parte incluirá a
do Estado que receber a solicitação. referida proibição nas normas ou
instruções relativas aos deveres e
3. Os Estado Partes que não funções de tais pessoas.
condicionam a extradição à existência
de um tratado reconhecerão, entre si, ARTIGO 11
tais crimes como extraditáveis, dentro
das condições estabelecidas pela lei Cada Estado Parte manterá
do Estado que receber a solicitação. sistematicamente sob exame as
normas, instruções, métodos e
4. O crime será considerado, para práticas de interrogatório, bem como
o fim de extradição entre os Estados as disposições sobre a custódia e o
Partes, como se tivesse ocorrido não tratamento das pessoas submetidas,
apenas no lugar em que ocorreu, mas em qualquer território sob sua
também nos territórios dos Estados jurisdição, a qualquer forma de prisão,
chamados a estabelecerem sua detenção ou reclusão, com vistas a
jurisdição, de acordo com o parágrafo evitar qualquer caso de tortura.
1 do Artigo 5º.
ARTIGO 12
ARTIGO 9º
Cada Estado Parte assegurará
1. Os Estados Partes prestarão suas autoridades competentes
entre si a maior assistência possível procederão imediatamente a uma
em relação aos procedimentos investigação imparcial sempre que
criminais instaurados relativamente a houver motivos razoáveis para crer
qualquer dos delitos mencionados no que um ato de tortura tenha sido
Artigo 4º, inclusive no que diz respeito cometido em qualquer território sob
ao fornecimento de todos os sua jurisdição.
elementos de prova necessários para
o processo que estejam em seu poder. ARTIGO 13