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CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA

E OUTROS TRATAMENTOS
OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS
OU DEGRADANTES
DECRETO No 40, DE 15 DE
FEVEREIRO DE 1991. Os Estados Partes da presente
Convenção,
Convenção contra tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, Considerando que, de acordo
desumanas ou degradantes com os princípios proclamados pela
Carta das Nações Unidas, o
O PRESIDENTE DA reconhecimento dos direitos iguais e
REPÚBLICA, usando da atribuição inalienáveis de todos os membros da
que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da família humana é o fundamento da
Constituição, e liberdade, da justiça e da paz no
mundo,
Considerando que a Assembléia
Geral das Nações Unidas, em sua XL Reconhecendo que estes direitos
Sessão, realizada em Nova York, emanam da dignidade inerente à
adotou a 10 de dezembro de 1984, a pessoa humana,
Convenção Contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Considerando a obrigação que
Desumanos ou Degradantes; incumbe os Estados, em virtude da
Carta, em particular do Artigo 55, de
Considerando que o Congresso promover o respeito universal e a
Nacional aprovou a referida observância dos direitos humanos e
Convenção por meio do Decreto liberdades fundamentais.
Legislativo nº 4, de 23 de maio de
1989; Levando em conta o Artigo 5º da
Declaração Universal e a observância
Considerando que a Carta de dos Direitos do Homem e o Artigo 7º
Ratificação da Convenção foi do Pacto Internacional sobre Direitos
depositada em 28 de setembro de Civis e Políticos, que determinam que
1989; ninguém será sujeito à tortura ou a
pena ou tratamento cruel, desumano
Considerando que a Convenção ou degradante,
entrou em vigor para o Brasil em 28 de
outubro de 1989, na forma de seu Levando também em conta a
artigo 27, inciso 2; Declaração sobre a Proteção de Todas
as Pessoas contra a Tortura e outros
DECRETA: Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes,
Art. 1º A Convenção Contra a aprovada pela Assembléia Geral em 9
Tortura e Outros Tratamentos ou de dezembro de 1975,
Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes, apensa por cópia ao Desejosos de tornar mais eficaz a
presente Decreto, será executada e luta contra a tortura e outros
cumprida tão inteiramente como nela tratamentos ou penas cruéis,
se contém. desumanos ou degradantes em todo o
mundo,
Art. 2º Este Decreto entra em
vigor na data de sua publicação. Acordam o seguinte:
PARTE I 3. A ordem de um funcionário
superior ou de uma autoridade pública
ARTIGO 1º não poderá ser invocada como
justificação para a tortura.
1. Para os fins da presente
Convenção, o termo "tortura" designa ARTIGO 3º
qualquer ato pelo qual dores ou
sofrimentos agudos, físicos ou 1. Nenhum Estado Parte
mentais, são infligidos procederá à expulsão, devolução ou
intencionalmente a uma pessoa a fim extradição de uma pessoa para outro
de obter, dela ou de uma terceira Estado quando houver razões
pessoa, informações ou confissões; de substanciais para crer que a mesma
castigá-la por ato que ela ou uma corre perigo de ali ser submetida a
terceira pessoa tenha cometido ou tortura.
seja suspeita de ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou 2. A fim de determinar a
outras pessoas; ou por qualquer existência de tais razões, as
motivo baseado em discriminação de autoridades competentes levarão em
qualquer natureza; quando tais dores conta todas as considerações
ou sofrimentos são infligidos por um pertinentes, inclusive, quando for o
funcionário público ou outra pessoa no caso, a existência, no Estado em
exercício de funções públicas, ou por questão, de um quadro de violações
sua instigação, ou com o seu sistemáticas, graves e maciças de
consentimento ou aquiescência. Não direitos humanos.
se considerará como tortura as dores
ou sofrimentos que sejam ARTIGO 4º
conseqüência unicamente de sanções
legítimas, ou que sejam inerentes a 1. Cada Estado Parte assegurará
tais sanções ou delas decorram. que todos os atos de tortura sejam
considerados crimes segundo a sua
2. O presente Artigo não será legislação penal. O mesmo aplicar-se-
interpretado de maneira a restringir á à tentativa de tortura e a todo ato de
qualquer instrumento internacional ou qualquer pessoa que constitua
legislação nacional que contenha ou cumplicidade ou participação na
possa conter dispositivos de alcance tortura.
mais amplo.
2. Cada Estado Parte punirá estes
ARTIGO 2º crimes com penas adequadas que
levem em conta a sua gravidade.
1. Cada Estado Parte tomará
medidas eficazes de caráter ARTIGO 5º
legislativo, administrativo, judicial ou
de outra natureza, a fim de impedir a 1. Cada Estado Parte tomará as
prática de atos de tortura em qualquer medidas necessárias para estabelecer
território sob sua jurisdição. sua jurisdição sobre os crimes
previstos no Artigo 4º nos seguintes
2. Em nenhum caso poderão casos:
invocar-se circunstâncias excepcionais
tais como ameaça ou estado de a) quando os crimes tenham sido
guerra, instabilidade política interna ou cometidos em qualquer território sob
qualquer outra emergência pública sua jurisdição ou a bordo de navio ou
como justificação para tortura. aeronave registrada no Estado em
questão;
b) quando o suposto autor for 4. Quando o Estado, em virtude
nacional do Estado em questão; deste Artigo, houver detido uma
pessoa, notificará imediatamente os
c) quando a vítima for nacional do Estados mencionados no Artigo 5º,
Estado em questão e este o considerar parágrafo 1, sobre tal detenção e
apropriado. sobre as circunstâncias que a
justificam. O Estado que proceder à
2. Cada Estado Parte tomará investigação preliminar a que se refere
também as medidas necessárias para o parágrafo 2 do presente Artigo
estabelecer sua jurisdição sobre tais comunicará sem demora seus
crimes nos casos em que o suposto resultados aos Estados antes
autor se encontre em qualquer mencionados e indicará se pretende
território sob sua jurisdição e o Estado exercer sua jurisdição.
não extradite de acordo com o Artigo
8º para qualquer dos Estados ARTIGO 7º
mencionados no parágrafo 1 do
presente Artigo. 1. O Estado Parte no território sob
a jurisdição do qual o suposto autor de
3. Esta Convenção não exclui qualquer dos crimes mencionados no
qualquer jurisdição criminal exercida Artigo 4º for encontrado, se não o
de acordo com o direito interno. extraditar, obrigar-se-á, nos casos
contemplados no Artigo 5º, a submeter
ARTIGO 6º o caso as suas autoridades
competentes para o fim de ser o
1. Todo Estado Parte em cujo mesmo processado.
território se encontre uma pessoa
suspeita de ter cometido qualquer dos 2. As referidas autoridades
crimes mencionados no Artigo 4º, se tomarão sua decisão de acordo com
considerar, após o exame das as mesmas normas aplicáveis a
informações de que dispõe, que as qualquer crime de natureza grave,
circunstâncias o justificam, procederá conforme a legislação do referido
à detenção de tal pessoa ou tomará Estado. Nos casos previstos no
outras medidas legais para assegurar parágrafo 2 do Artigo 5º, as regras
sua presença. A detenção e outras sobre prova para fins de processo e
medidas legais serão tomadas de condenação não poderão de modo
acordo com a lei do Estado mas algum ser menos rigorosas do que as
vigorarão apenas pelo tempo que se aplicarem aos casos previstos
necessário ao início do processo penal no parágrafo 1 do Artigo 5º.
ou de extradição.
3. Qualquer pessoa processada
2. O Estado em questão por qualquer dos crimes previstos no
procederá imediatamente a uma Artigo 4º receberá garantias de
investigação preliminar dos fatos. tratamento justo em todas as fases do
processo.
3. Qualquer pessoa detida de
acordo com o parágrafo 1 terá ARTIGO 8°
assegurada facilidades para
comunicar-se imediatamente com o 1. Os crimes a que se refere o
representante mais próximo do Estado Artigo 4° serão considerados como
de que é nacional ou, se for apátrida, extraditáveis em qualquer tratado de
com o representante do Estado de extradição existente entre os Estados
residência habitual. Partes. Os Estados Partes obrigar-se-
ão a incluir tais crimes como
extraditáveis em todo tratado de 1. Cada Estado Parte assegurará
extradição que vierem a concluir entre que o ensino e a informação sobre a
si. proibição de tortura sejam plenamente
incorporados no treinamento do
2. Se um Estado Parte que pessoal civil ou militar encarregado da
condiciona a extradição à existência aplicação da lei, do pessoal médico,
de tratado de receber um pedido de dos funcionários públicos e de
extradição por parte do outro Estado quaisquer outras pessoas que possam
Parte com o qual não mantém tratado participar da custódia, interrogatório ou
de extradição, poderá considerar a tratamento de qualquer pessoa
presente Convenção com base legal submetida a qualquer forma de prisão,
para a extradição com respeito a tais detenção ou reclusão.
crimes. A extradição sujeitar-se-á ás
outras condições estabelecidas pela lei 2. Cada Estado Parte incluirá a
do Estado que receber a solicitação. referida proibição nas normas ou
instruções relativas aos deveres e
3. Os Estado Partes que não funções de tais pessoas.
condicionam a extradição à existência
de um tratado reconhecerão, entre si, ARTIGO 11
tais crimes como extraditáveis, dentro
das condições estabelecidas pela lei Cada Estado Parte manterá
do Estado que receber a solicitação. sistematicamente sob exame as
normas, instruções, métodos e
4. O crime será considerado, para práticas de interrogatório, bem como
o fim de extradição entre os Estados as disposições sobre a custódia e o
Partes, como se tivesse ocorrido não tratamento das pessoas submetidas,
apenas no lugar em que ocorreu, mas em qualquer território sob sua
também nos territórios dos Estados jurisdição, a qualquer forma de prisão,
chamados a estabelecerem sua detenção ou reclusão, com vistas a
jurisdição, de acordo com o parágrafo evitar qualquer caso de tortura.
1 do Artigo 5º.
ARTIGO 12
ARTIGO 9º
Cada Estado Parte assegurará
1. Os Estados Partes prestarão suas autoridades competentes
entre si a maior assistência possível procederão imediatamente a uma
em relação aos procedimentos investigação imparcial sempre que
criminais instaurados relativamente a houver motivos razoáveis para crer
qualquer dos delitos mencionados no que um ato de tortura tenha sido
Artigo 4º, inclusive no que diz respeito cometido em qualquer território sob
ao fornecimento de todos os sua jurisdição.
elementos de prova necessários para
o processo que estejam em seu poder. ARTIGO 13

2. Os Estados Partes cumprirão Cada Estado Parte assegurará a


as obrigações decorrentes do qualquer pessoa que alegue ter sido
parágrafo 1 do presente Artigo submetida a tortura em qualquer
conforme quaisquer tratados de território sob sua jurisdição o direito de
assistência judiciária recíproca apresentar queixa perante as
existentes entre si. autoridades competentes do referido
Estado, que procederão
ARTIGO 10 imediatamente e com imparcialidade
ao exame do seu caso. Serão tomadas
medidas para assegurar a proteção do 10, 11, 12 e 13, com a substituição das
queixoso e das testemunhas contra referências a tortura por referências a
qualquer mau tratamento ou intimação outras formas de tratamentos ou
em conseqüência da queixa penas cruéis, desumanos ou
apresentada ou de depoimento degradantes.
prestado.
2. Os dispositivos da presente
ARTIGO 14 Convenção não serão interpretados de
maneira a restringir os dispositivos de
1. Cada Estado Parte assegurará, qualquer outro instrumento
em seu sistema jurídico, à vítima de internacional ou lei nacional que proíba
um ato de tortura, o direito à reparação os tratamentos ou penas cruéis,
e a uma indenização justa e desumanos ou degradantes ou que se
adequada, incluídos os meios refira à extradição ou expulsão.
necessários para a mais completa
reabilitação possível. Em caso de PARTE II
morte da vítima como resultado de um
ato de tortura, seus dependentes terão ARTIGO 17
direito à indenização.
1. Constituir-se-á um Comitê
2. O disposto no presente Artigo contra a Tortura (doravante
não afetará qualquer direito a denominado o "Comitê) que
indenização que a vítima ou outra desempenhará as funções descritas
pessoa possam ter em decorrência adiante. O Comitê será composto por
das leis nacionais. dez peritos de elevada reputação
moral e reconhecida competência em
ARTIGO 15 matéria de direitos humanos, os quais
exercerão suas funções a título
Cada Estado Parte assegurará pessoal. Os peritos serão eleitos pelos
que nenhuma declaração que se Estados Partes, levando em conta
demonstre ter sido prestada como uma distribuição geográfica eqüitativa
resultado de tortura possa ser e a utilidade da participação de
invocada como prova em qualquer algumas pessoas com experiência
processo, salvo contra uma pessoa jurídica.
acusada de tortura como prova de que
a declaração foi prestada. 2. Os membros do Comitê serão
eleitos em votação secreta dentre uma
ARTIGO 16 lista de pessoas indicadas pelos
Estados Partes. Cada Estado Parte
1.Cada Estado Parte se pode indicar uma pessoa dentre os
comprometerá a proibir em qualquer seus nacionais. Os Estados Partes
território sob sua jurisdição outros atos terão presente a utilidade da indicação
que constituam tratamento ou penas de pessoas que sejam também
cruéis, desumanos ou degradantes membros do Comitê de Direitos
que não constituam tortura tal como Humanos estabelecido de acordo com
definida no Artigo 1, quando tais atos o Pacto Internacional de Direitos Civis
forem cometidos por funcionário e Políticos e que estejam dispostas a
público ou outra pessoa no exercício servir no Comitê contra a Tortura.
de funções públicas, ou por sua
instigação, ou com o seu 3. Os membros do Comitê serão
consentimento ou aquiescência. eleitos em reuniões bienais dos
Aplicar-se-ão, em particular, as Estados Partes convocadas pelo
obrigações mencionadas nos Artigos Secretário-Geral das Nações Unidas.
Nestas reuniões, nas quais o quorum negativamente dentro de um prazo de
será estabelecido por dois terços dos seis semanas, a contar do momento
Estados Partes, serão eleitos em que o Secretário-Geral das Nações
membros do Comitê os candidatos que Unidas lhes houver comunicado a
obtiverem o maior número de votos e a candidatura proposta.
maioria absoluta dos votos dos
representantes dos Estados Partes 7. Correrão por conta dos Estados
presentes e votantes. Partes as despesas em que vierem a
incorrer os membros do Comitê no
4. A primeira eleição se realizará desempenho de suas funções no
no máximo seis meses após a data de referido órgão.
entrada em vigor da presente
Convenção. Ao menos quatro meses ARTIGO 18
antes da data de cada eleição, o
Secretário-Geral das Nações Unidas 1. O Comitê elegerá sua mesa
enviará uma carta aos Estados Partes para um período de dois anos. Os
para convidá-los a apresentar suas membros da mesa poderão ser
candidaturas no prazo de três meses. reeleitos.
O Secretário-Geral organizará uma
lista por ordem alfabética de todos os 2. O próprio Comitê estabelecerá
candidatos assim designados, com suas regras de procedimento; estas,
indicações dos Estados Partes que os contudo, deverão conter, entre outras,
tiverem designado, e a comunicará as seguintes disposições:
aos Estados Partes.
a) o quorum será de seis
5. Os membros do Comitê serão membros;
eleitos para um mandato de quatro
anos. Poderão, caso suas b) as decisões do Comitê serão
candidaturas sejam apresentadas tomadas por maioria de votos dos
novamente, ser reeleitos. No entanto, membros presentes.
o mandato de cinco dos membros
eleitos na primeira eleição expirará ao 3. O Secretário-Geral das Nações
final de dois anos; imediatamente após Unidas colocará à disposição do
a primeira eleição, o presidente da Comitê o pessoal e os serviços
reunião a que se refere o parágrafo 3 necessários ao desempenho eficaz
do presente Artigo indicará, por das funções que lhe são atribuídas em
sorteio, os nomes desses cinco virtude da presente Convenção.
membros.
4. O Secretário-Geral das Nações
6. Se um membro do Comitê vier Unidas convocará a primeira reunião
a falecer, a demitir-se de suas funções do Comitê. Após a primeira reunião, o
ou, por outro motivo qualquer, não Comitê deverá reunir-se em todas as
puder cumprir com suas obrigações no ocasiões previstas em suas regras de
Comitê, o Estado Parte que procedimento.
apresentou sua candidatura indicará,
entre seus nacionais, outro perito para 5. Os Estados Partes serão
cumprir o restante de seu mandato, responsáveis pelos gastos vinculados
sendo que a referida indicação estará à realização das reuniões dos Estados
sujeita à aprovação da maioria dos Partes e do Comitê, inclusive o
Estados Partes. Considerar-se-á como reembolso de quaisquer gastos, tais
concedida a referida aprovação, a como os de pessoal e de serviço, em
menos que a metade ou mais dos que incorrerem as Nações Unidas em
Estados Partes venham a responder
conformidade com o parágrafo 3 do 1. O Comitê, no caso de vir a
presente Artigo. receber informações fidedignas que
lhe pareçam indicar, de forma
ARTIGO 19 fundamentada, que a tortura é
praticada sistematicamente no
1. Os Estados Partes submeterão território de um Estado Parte,
ao Comitê, por intermédio do convidará o Estado Parte em questão
Secretário-Geral das Nações Unidas, a cooperar no exame das informações
relatórios sobre as medidas por eles e, nesse sentido, a transmitir ao
adotadas no cumprimento das Comitê as observações que julgar
obrigações assumidas em virtude da pertinentes.
presente Convenção, dentro de prazo
de um ano, a contar do início da 2. Levando em consideração
vigência da presente Convenção no todas as observações que houver
Estado Parte interessado. A partir de apresentado o Estado Parte
então, os Estados Partes deverão interessado, bem como quaisquer
apresentar relatórios suplementares a outras informações pertinentes de que
cada quatro anos sobre todas as dispuser, o Comitê poderá, se lhe
novas disposições que houverem parecer justificável, designar um ou
adotado, bem como outros relatórios vários de seus membros para que
que o Comitê vier a solicitar. procedam a uma investigação
confidencial e informem urgentemente
2. O Secretário-Geral das Nações o Comitê.
Unidas transmitirá os relatórios a todos
os Estados Partes. 3. No caso de realizar-se uma
investigação nos termos do parágrafo
3. Cada relatório será examinado 2 do presente Artigo, o Comitê
pelo Comitê, que poderá fazer os procurará obter a colaboração do
comentários gerais que julgar Estado Parte interessado. Com a
oportunos e os transmitirá ao Estado concordância do Estado Parte em
Parte interessado. Este poderá, em questão, a investigação poderá incluir
resposta ao Comitê, comunicar-lhe uma visita a seu território.
todas as observações que deseje
formular. 4. Depois de haver examinado as
conclusões apresentadas por um ou
4. O Comitê poderá, a seu critério, vários de seus membros, nos termos
tomar a decisão de incluir qualquer do parágrafo 2 do presente Artigo, o
comentário que houver feito de acordo Comitê as transmitirá ao Estado Parte
com o que estipula o parágrafo 3 do interessado, junto com as observações
presente Artigo, junto com as ou sugestões que considerar
observações conexas recebidas do pertinentes em vista da situação.
Estado Parte interessado, em seu
relatório anual que apresentará em 5. Todos os trabalhos do Comitê a
conformidade com o Artigo 24. Se que se faz referência nos parágrafos 1
assim o solicitar o Estado Parte ao 4 do presente Artigo serão
interessado, o Comitê poderá também confidenciais e, em todas as etapas
incluir cópia do relatório apresentado dos referidos trabalhos, procurar-se-á
em virtude do parágrafo 1 do presente obter a cooperação do Estado Parte.
Artigo. Quando estiverem concluídos os
trabalhos relacionados com uma
ARTIGO 20 investigação realizada de acordo com
o parágrafo 2, o Comitê poderá, após
celebrar consultas com o Estado Parte
interessado, tomar a decisão de incluir b) se, dentro de um prazo de seis
um resumo dos resultados da meses, a contar da data do
investigação em seu relatório anual, recebimento da comunicação original
que apresentará em conformidade pelo Estado destinatário, a questão
com o Artigo 24. não estiver dirimida satisfatoriamente
para ambos os Estado Partes
ARTIGO 21 interessados, tanto um como o outro
terão o direito de submetê-la ao
1. Com base no presente Artigo, Comitê, mediante notificação
todo Estado Parte da presente endereçada ao Comitê ou ao outro
Convenção poderá declarar, a Estado interessado;
qualquer momento, que reconhece a
competência dos Comitês para c) o Comitê tratará de todas as
receber e examinar as comunicações questões que se lhe submetam em
em que um Estado Parte alegue que virtude do presente Artigo somente
outro Estado Parte não vem cumprindo após ter-se assegurado de que todos
as obrigações que lhe impõe a os recursos jurídicos internos
Convenção. As referidas disponíveis tenham sido utilizados e
comunicações só serão recebidas e esgotados, em consonância com os
examinadas nos termos do presente princípios do Direito internacional
Artigo no caso de serem apresentadas geralmente reconhecidos. Não se
por um Estado Parte que houver feito aplicará esta regra quando a aplicação
uma declaração em que reconheça, dos mencionados recursos se
com relação a si próprio, a prolongar injustificadamente ou
competência do Comitê. O Comitê não quando não for provável que a
receberá comunicação alguma relativa aplicação de tais recursos venha a
a um Estado Parte que não houver melhorar realmente a situação da
feito uma declaração dessa natureza. pessoa que seja vítima de violação da
As comunicações recebidas em virtude presente Convenção;
do presente Artigo estarão sujeitas ao
procedimento que se segue: d) o Comitê realizará reuniões
confidenciais quando estiver
a) se um Estado Parte considerar examinando as comunicações
que outro Estado Parte não vem previstas no presente Artigo;
cumprindo as disposições da presente
Convenção poderá, mediante e) sem prejuízo das disposições
comunicação escrita, levar a questão da alínea c), o Comitê colocará seus
ao conhecimento deste Estado Parte. bons ofícios à disposição dos Estados
Dentro de um prazo de três meses a Partes interessados no intuito de se
contar da data do recebimento da alcançar uma solução amistosa para a
comunicação, o Estado destinatário questão, baseada no respeito às
fornecerá ao Estado que enviou a obrigações estabelecidas na presente
comunicação explicações ou Convenção. Com vistas a atingir esse
quaisquer outras declarações por objetivo, o Comitê poderá constituir, se
escrito que esclareçam a questão, as julgar conveniente, uma comissão de
quais deverão fazer referência, até conciliação ad hoc;
onde seja possível e pertinente, aos
procedimentos nacionais e aos f) em todas as questões que se
recursos jurídicos adotados, em lhe submetam em virtude do presente
trâmite ou disponíveis sobre a Artigo, o Comitê poderá solicitar aos
questão; Estados Partes interessados, a que se
faz referência na alínea b), que lhe
forneçam quaisquer informações constituam objeto de uma
pertinentes; comunicação já transmitida nos termos
deste Artigo; em virtude do presente
g) os Estados Partes Artigo, não se receberá qualquer nova
interessados, a que se faz referência comunicação de um Estado Parte uma
na alínea b), terão o direito de fazer-se vez que o Secretário-Geral haja
representar quando as questões forem recebido a notificação sobre a retirada
examinadas no Comitê e de da declaração, a menos que o Estado
apresentar suas observações Parte interessado haja feito uma nova
verbalmente e/ou por escrito; declaração.

h) o Comitê, dentro dos doze ARTIGO 22


meses seguintes à data de
recebimento de notificação 1. Todo Estado Parte da presente
mencionada na b), apresentará Convenção poderá, em virtude do
relatório em que: presente Artigo, declarar, a qualquer
momento, que reconhece a
i) se houver sido alcançada uma competência do Comitê para receber e
solução nos termos da alínea e), o examinar as comunicações enviadas
Comitê restringir-se-á, em seu por pessoas sob sua jurisdição, ou em
relatório, a uma breve exposição dos nome delas, que aleguem ser vítimas
fatos e da solução alcançada; de violação, por um Estado Parte, das
disposições da Convenção.O Comitê
ii) se não houver sido alcançada não receberá comunicação alguma
solução alguma nos termos da alínea relativa a um Estado Parte que não
e), o Comitê restringir-se-á, em seu houver feito declaração dessa
relatório, a uma breve exposição dos natureza.
fatos; serão anexados ao relatório o
texto das observações escritas e as 2. O Comitê considerará
atas das observações orais inadmissível qualquer comunicação
apresentadas pelos Estados Partes recebida em conformidade com o
interessados. presente Artigo que seja anônima, ou
que, a seu juízo, constitua abuso do
Para cada questão, o relatório direito de apresentar as referidas
será encaminhado aos Estados Partes comunicações, ou que seja
interessados. incompatível com as disposições da
presente Convenção.
2. As disposições do presente
Artigo entrarão em vigor a partir do 3. Sem prejuízo do disposto no
momento em que cinco Estado Partes parágrafo 2, o Comitê levará todas as
da presente Convenção houverem comunicações apresentadas em
feito as declarações mencionadas no conformidade com este Artigo ao
parágrafo 1 deste Artigo. As referidas conhecimento do Estado Parte da
declarações serão depositadas pelos presente Convenção que houver feito
Estados Partes junto ao Secretário- uma declaração nos termos do
Geral das Nações Unidas, que enviará parágrafo 1 e sobre o qual se alegue
cópia das mesmas aos demais ter violado qualquer disposição da
Estados Partes. Toda declaração Convenção. Dentro dos seis meses
poderá ser retirada, a qualquer seguintes, o Estado destinatário
momento, mediante notificação submeterá ao Comitê as explicações
endereçada ao Secretário-Geral. Far- ou declarações por escrito que
se-á essa retirada sem prejuízo do elucidem a questão e, se for o caso,
exame de quaisquer questões que
indiquem o recurso jurídico adotado mediante notificação endereçada ao
pelo Estado em questão. Secretário-Geral. Far-se-á essa
retirada sem prejuízo do exame de
4. O Comitê examinará as quaisquer questões que constituam
comunicações recebidas em objeto de uma comunicação já
conformidade com o presente Artigo á transmitida nos termos deste Artigo;
luz de todas as informações a ele em virtude do presente Artigo, não se
submetidas pela pessoa interessada, receberá nova comunicação de uma
ou em nome dela, e pelo Estado Parte pessoa, ou em nome dela, uma vez
interessado.  que o Secretário-Geral haja recebido a
notificação sobre retirada da
5. O Comitê não examinará declaração, a menos que o Estado
comunicação alguma de uma pessoa, Parte interessado haja feito uma nova
nos termos do presente Artigo, sem declaração.
que se haja assegurado de que;
ARTIGO 23
a) a mesma questão não foi, nem
está sendo, examinada perante uma Os membros do Comitê e os
outra instância internacional de membros das Comissões de
investigação ou solução; Conciliação ad noc designados nos
termos da alínea e) do parágrafo 1 do
b) a pessoa em questão esgotou Artigo 21 terão o direito às facilidades,
todos os recursos jurídicos internos privilégios e imunidades que se
disponíveis; não se aplicará esta regra concedem aos peritos no desempenho
quando a aplicação dos mencionados de missões para a Organização das
recursos se prolongar Nações Unidas, em conformidade com
injustificadamente ou quando não for as seções pertinentes da Convenção
provável que a aplicação de tais sobre Privilégios e Imunidades das
recursos venha a melhorar realmente Nações Unidas.
a situação da pessoa que seja vítima
de violação da presente Convenção. ARTIGO 24

6. O Comitê realizará reuniões O Comitê apresentará, em virtude


confidenciais quando estiver da presente Convenção, um relatório
examinado as comunicações previstas anula sobre suas atividades aos
no presente Artigo. Estados Partes e à Assembléia Geral
das Nações Unidas.
7.O Comitê comunicará seu
parecer ao Estado Parte e à pessoa  PARTE III
em questão.
ARTIGO 25
8. As disposições do presente
Artigo entrarão em vigor a partir do 1. A presente Convenção está
momento em que cinco Estado Partes aberta à assinatura de todos os
da presente Convenção houverem Estados.
feito as declarações mencionadas no
parágrafo 1 deste Artigo. As referidas 2. A presente Convenção está
declarações serão depositadas pelos sujeita a ratificação. Os instrumentos
Estados Partes junto ao Secretário- de ratificação serão depositados junto
Geral das Nações Unidas, que enviará ao Secretário-Geral das Nações
cópia das mesmas ao demais Estados Unidas.
Partes. Toda declaração poderá ser
retirada, a qualquer momento, ARTIGO 26
A presente Convenção está conferência dos Estados Partes
aberta à Adesão de todos os Estados. destinada a examinar a proposta e
Far-se-á a Adesão mediante depósito submetê-la a votação. Se, dentro dos
do Instrumento de Adesão junto ao quatro meses seguintes à data da
Secretário-Geral das Nações Unidas. referida comunicação, pelos menos
um terço dos Estados Partes se
ARTIGO 27 manifestar a favor da referida
convocação, o Secretário-Geral
1. A presente Convenção entrará convocará uma conferência sob os
em vigor no trigésimo dia a contar da auspícios das Nações Unidas. Toda
data em que o vigésimo instrumento emenda adotada pela maioria dos
de ratificação ou adesão houver sido Estados Partes presentes e votantes
depositado junto ao Secretário- na conferência será submetida pelo
Geral das Nações Unidas. Secretário-Geral à aceitação de todos
os Estados Partes.
2. Para os Estados que vierem a
ratificar a presente Convenção ou a 2. Toda emenda adotada nos
ela aderir após o depósito do vigésimo termos das disposições do parágrafo 1
instrumento de ratificação ou adesão, do presente Artigo entrará em vigor
a Convenção entrará em vigor no assim que dois terços dos Estados
trigésimo dia a contar da data em que Partes da presente Convenção
o Estado em questão houver houverem notificado o Secretário-
depositado seu instrumento de Geral das Nações Unidas de que a
ratificação ou adesão. aceitaram em consonância com os
procedimentos previstos por suas
ARTIGO 28 respectivas constituições.

1. Cada Estado Parte poderá 3. Quando entrarem em vigor, as


declarar, por ocasião da assinatura ou emendas serão obrigatórias para todos
da ratificação da presente Convenção os Estados Partes que as tenham
ou da adesão a ela, que não aceito, ao passo que os demais
reconhece a competência do Comitê Estados Partes permanecem
quando ao disposto no Artigo 20. obrigados pelas disposições da
Convenção e pelas emendas
2. Todo Estado Parte da presente anteriores por eles aceitas.
Convenção que houver formulado uma
reserva em conformidade com o ARTIGO 30
parágrafo 1 do presente Artigo poderá,
a qualquer momento, tornar sem efeito 1. As controvérsias entre dois ou
essa reserva, mediante notificação mais Estados Partes com relação à
endereçada ao Secretário-Geral das interpretação ou à aplicação da
Nações Unidas. presente Convenção que não puderem
ser dirimidas por meio da negociação
ARTIGO 29 serão, a pedido de um deles,
submetidas a arbitragem. Se durante
1. Todo Estado Parte da presente os seis meses seguintes à data do
Convenção poderá propor uma pedido de arbitragem, as Partes não
emenda e depositá-la junto ao lograrem pôr-se de acordo quanto aos
Secretário-Geral das Nações Unidas. termos do compromisso de arbitragem,
O Secretário-Geral comunicará a qualquer das Partes poderá submeter
proposta de emenda aos Estados a controvérsia à Corte Internacional de
Partes, pedindo-lhes que o notifiquem Justiça, mediante solicitação feita em
se desejam que se convoque uma conformidade com o Estatuto da Corte.
2. Cada Estado poderá, por 3. A partir da data em que vier a
ocasião da assinatura ou da ratificação produzir efeitos a denúncia de um
da presente Convenção, declarar que Estado Parte, o Comitê não dará início
não se considera obrigado pelo ao exame de qualquer nova questão
parágrafo 1 deste Artigo. Os demais referente ao Estado em apreço.
Estados Partes não estarão obrigados
pelo referido parágrafo com relação a ARTIGO 32
qualquer Estado Parte que houver
formulado reserva dessa natureza. O Secretário-Geral das Nações
Unidas comunicará a todos os Estados
3. Todo Estado Parte que houver membros das Nações Unidas e a
formulado reserva nos termos do todos os Estados que assinaram a
parágrafo 2 do presente Artigo poderá presente Convenção ou a ela
retirá-la, a qualquer momento, aderiram:
mediante notificação endereçada ao
Secretário-Geral das Nações Unidas. a) as assinaturas, ratificações e
adesões recebidas em conformidade
ARTIGO 31 com os Artigos 25 e 26;

1. Todo Estado Parte poderá b) a data de entrada em vigor da


denunciar a presente Convenção Convenção, nos termos do Artigo 27, e
mediante notificação por escrito a data de entrada em vigor de
endereçada ao Secretário-Geral das quaisquer emendas, nos termos do
Nações Unidas. A denúncia produzirá Artigo 29;
efeitos um ano depois da data de
recebimento da notificação pelo c) as denúncias recebidas em
Secretário-Geral. conformidades com o Artigo 31.

2. A referida denúncia não eximirá ARTIGO 33


o Estado Parte das obrigações que lhe
impõe a presente Convenção 1. A presente Convenção, cujos
relativamente a qualquer ação ou textos em árabe, chinês, espanhol,
omissão ocorrida antes da data em francês, inglês e russo são igualmente
que a denúncia venha a produzir autênticos, será depositada junto ao
efeitos; a denúncia não acarretará, Secretário-Geral das Nações Unidas.
tampouco, a suspensão do exame de
quaisquer questões que o Comitê já 2. O Secretário-Geral das Nações
começara a examinar antes da data Unidas encaminhará cópias
em que a denúncia veio a produzir autenticadas da presente Convenção a
efeitos. todos os Estados.

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