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Geocronologia do magmatismo no sudeste brasileiro: evolução do


conhecimento a partir das contribuições de Umberto G. Cordani

Chapter · December 2020

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2 authors:

Silvio R. F. Vlach Valdecir Janasi


University of São Paulo University of São Paulo
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Magmatic-Hydrothermal evolution of the Inhandjara Leucogranite, Itu Granite Province, Brazil View project

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SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 12

valores de 0,7082 e 0,7080, respectivamente. Dados geotermobarométricos, li-


togeoquímicos e isotópicos da SSO indicam origem do magmatismo por fusão de
crosta paleoproterozoica induzida por injeção de magma básico e alojamento no
limite entre a crosta inferior e superior (Machado et al., 2016).

3.6 Granitos pós-colisionais e o estágio pós-orogênico


Os granitos pós-tectônicos (ou pós-colisionais) da Serra dos Órgãos foram
caracterizados por Rosier (1957, 1965) como rochas isotrópicas, não deformadas
ou metamorfisadas, que cortam de forma discordante a foliação dos gnaisses.
Considera-se que a primeira idade U-Pb em zircão de rochas do território brasi-
leiro foi obtida na amostra 50, de granito pós-tectônico (Ledent e Pasteels, 1968;
Cordani et al., 1968) foi obtida em amostra de granito pós-tectônico (figura 2d,
amostra 50). A amostra foi coletada em pedreira na estrada que ligava Nova
Friburgo a Campo do Coelho. Neste trecho da atual rodovia RJ-130 não há pe-
dreiras, com exceção para o sítio do aterro sanitário de Nova Friburgo, que teria
aproveitado uma cava de pedreira para iniciar a deposição de rejeitos. Ledent e
Pasteels (1968) analisaram duas frações não magnéticas de um concentrado de
zircões e atribuíram a idade aparente 207Pb/206Pb de 540 ± 60 Ma como a melhor
estimativa da idade de cristalização do granito. Para o sistema Rb/Sr, a amostra
50 foi analisada para rocha total, apatita, microclina e biotita. A isócrona interna
(ou mineral) calculada pelo IsoplotR (Vandeerben, 2018), fornece idade de 460
± 9 Ma, com 87Sr/86Sr inicial de 0,7099. A idade K-Ar em biotita, recalculada por
Tupinambá et al. (1997), é de 459 ± 23 Ma.
O Granito Nova Friburgo foi datado por U-Pb LA-MC-ICP-MS em zircão e tita-
nita, fornecendo idades entre 486 e 488 Ma (Valeriano et al., 2011). Juntamente com
outros tipos de granitos pós-colisionais da região serrana do Rio de Janeiro, represen-
tam um episódio ordoviciano de magmatismo, precedido por evento cambriano em
513 Ma (Valeriano et al., 2011). Análises de Sr do Granito Nova Friburgo (Tupinambá,
1999; Valeriano et al., 2016) indicam que o magmatismo resultou de mistura de fonte
com 87Sr/86Sr<0,705 e outra com 0,706-0,707, ambas fornecendo idades isocrônicas
semelhantes à idade U-Pb. Um conjunto com 87Sr/86Sr>0,708 e idade isocrônica de
444 ± 32 Ma sugere presença de fluidos hidrotermais pós-magmáticos. As razões
87
Sr/86Sr das amostras de granito analisadas por Ledent e Pasteels (1968) na Serra dos
Órgãos (50, 44 e 47, quadro 3), quando calculadas para a idade de 486 Ma, resultam
em razões entre 0,7085 e 0,7142, revelando a influência do evento pós-magmático.

4. Discussões e conclusões

U. Cordani foi pioneiro em levantamento de dados geocronológicos em ter-


Geocronologia e Evolução Tectônica do
renos policíclicos. A leste do Cráton do São Francisco, reconheceu, com sucesso,
Continente Sul-Americano: a contribuição
remanescentes arqueanos retrabalhados por eventos paleoproterozoicos e estabe-
leceu parâmetros robustos para formular um dos primeiros modelos evolutivos da
de Umberto Giuseppe Cordani
Orogênese Brasiliana.
Pesquisas posteriores comprovaram hipóteses levantadas por U. Cordani e
colaboradores. O Bloco
Andrea Piedade
Bartorelli (BrunoTeixeira
· Wilson et al., 2020) reúne remanescentes
· Benjamim arque-
Bley de Brito Neves
anos inicialmente reconhecidos por U. Cordani e um arco continental paleopro-
Organizadores

285
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano
ORGANIZAÇÃO
Andrea Bartorelli
Wilson Teixeira
Benjamim Bley de Brito Neves
terozoico foi confirmado na Serra da MantiqueiraNota
(Brunodo
et Editor
al., 2020; Heilbron
COORDENAÇÃO et al., 2010; Teixeira
EDITORIAL e Figueiredo, 1996). Na Serra dos Órgãos, a idade de 620
E GRÁFICA
Carlos Cornejo Ma representa fusão crustal contemporânea ao Arco
Enquanto Rio Negro
coordenador (Tupinambá
editorial et
e gráfico do
Silvia Rita dos Santos
al., 1998, 2012), como hipotetizou U.livro, agradeço
Cordani. aos organizadores
O magmatismo o convite para
sin-tectônico de
participar de uma empreitada desta magnitude
Delhal et al. (1969) e Cordani et al. (1973) foi sistematicamente datado em 560-
que, ao sintetizar o conhecimento disponível so-
PRODUÇÃO GRÁFICA575 Ma (Heilbron e Machado, 2003; Silva
bre o et al., 2005;
assunto, põe aTupinambá,
disposição dos1999), idade
interessados
Solaris Edições do
e Produções
metamorfismo principal da Faixa Ribeira
uma obra (Machado et al.,se1996).
que certamente tornaráOs
umgranitos
marco e
Culturais e Multimídia Ltda. foram gerados entre o referência
pós-tectônicos Cambriano ineludível no desenvolvimento
e o Ordoviciano de suas
(Valeriano et
pesquisas.
al., 2011), como indicado no trabalho pioneiro de Ledent e Pasteels (1968).
Trata-se de um esforço monumental que, nas
PRÉ-IMPRESSÃO
Algumas questões abordadas na época
suas permanecem
6 partes, reúneem
52 aberto. Complexos
contribuições, ti-
em 4 lín-
Giclê Fineart Print
dos como arqueanos (Barbacena, Piedade guas,ecom
Sãomais
Bento dasautores
de 90 Torres) ainda carecem
nacionais e estran-
de determinações U-Pb para que sua geiros.e Nas
idade suas 728
evolução páginas,
possa ser o livro contémIda-
estabelecida. 645
IMPRESSÃO E ACABAMENTO figuras, entre fotografias, gráficos e tabelas, nele,
Coan Indústria des arqueanas foram encontradas no Complexo
Gráfica Juiz de
ficando registrada umaFora (Silva
história et al.,
de mais 2003;
de seis dé-
Heilbron et al., 2010; Fernandes André et al.,
cadas, com 2018), sem que
extraordinárias se possa
imagens dos atribuir
protago-
a núcleos arqueanos ou enclaves de rochas nistas demais
valiosos avanços
antigas. A científicos, uma revisão
idade e distribuição
dos metassedimentos de alto grau de exaustiva
Juiz de e uma
Fora, composta
idadeem isocrônica
dia do conhecimento,
Rb-Sr do
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) com especial destaque para o homenageado.
(Câmara Sideriano
Brasileira doprecisa ser melhor investigada Foi
Livro, SP, Brasil) ao longo da sutura entre os complexos
requerido um enorme esforço de padro-
Mantiqueira e Juiz de Fora. Na Serra dos Órgãos,
nização, o migmatito
em consulta de Areal
permanente comfoi
os inclu-
diver-
Bartorelli, Andrea
Geocronologia e ído notectônica
evolução Complexo Rio Negro, com assinatura
do Continente sos autoresquímica
e com ose organizadores
isotópica de da obra,
arco mag-na
Sul-Americano: a contribuição de Umberto Giuseppe Cordani / definição de conceitos
mático juvenil e idade entre 600 e 634 Ma (Tupinambá et al., 2000, 2012). No e termos de uso técnico,
Andrea Bartorelli, Wilson Teixeira, Benjamim Bley de Brito Neves. afim de aumentar a compreensão do texto e re-
– 1. ed. – São Paulo :entanto, estruturas diatexíticas como encontradas
Solaris Edições Culturais : Andrea
Wilson Teixeira, Benjamim Bley de Brito Neves, 2020.
Bartorelli,
duzir possíveisna pedreira de Areal precisam
ambiguidades.
ser entendidas no contexto de uma etapaFui evolutiva
convidadopré-colisional.
pelos organizadores porque
ISBN 978-65-991526-0-3 (Solarias Edições Culturais) queriam dar uma feição moderna ao livro, isto
é, com excelente qualidade editorial e gráfica, e
1. Ciências da terra 2. Cordani, Umberto Giuseppe
3. Geociências 4. Geocronologia 5. Geologia abundante iconografia, a fim de criar um regis-
6. Geologia estrutural – Trabalhos de campo 7. Tectônica tro perdurável e ao mesmo tempo atrativo, que,
I. Teixeira, Wilson. II. Neves, Benjamim Bley de Brito. III. Título ademais das imagens técnicas, incorporasse re-
Referências tratos
tinente dos autores, Evolução
Sul-Americano: cenas do da trabalho
obra dedeFernando
campo,
20–38961 CDD-550 da participação
Flávio em eventos
Marques de Almeida. e até da
São Paulo: convivência,
Beca Produções
Almeida, F. F. M.para
Índices 1977. O cráton
catálogo do São Francisco.
sistemático: para produzir
Culturais Ltda., p. uma obra que, além dos profundos
165-175.
Revista Brasileira de Geociências, 7(4): 349-364. conhecimentos
Cordani U. G., científicos até aqui
Delhal J., Gomes C.,atualizados,
Ledent, D.
1. Geociências : Ciências da terra 550
Almeida F.F.M., Amaral G., Cordani U.G., Ka- apresenta
1968. uma face sobre
Nota preliminar humana e bem-humorada.
idades radiométricas em
washita K. 1973.The
Maria Alice FerreiraPrecambrian evolution of the
– Bibliotecária – CRB-8/7964 rochas daNoSerra
desenvolvimento da edição, (leste
dos Órgãos e vizinhanças nos depara-
de Mi-
South America cratonic margin south of the Amazon nas mos
Geraiscom um mar
e Estado de de
do Rio estrangeirismos,
Janeiro). Revistaarcaísmos
Brasilei-
River. In: A. E. M. NAIRN & F. G. STEHLI, The técnicos
ra de e neologismos,
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em U. G., Melcher
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em interação F.F.M.
internacional
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e nas of the
fronteiras doPrecambrian
conhecimento. Geochronology of
Almeida F. D., Hasui Y., Brito Neves B. D., Fuck R. South America.
Houve uma Canadian Journal
verificação Earth Sciences.
de grafias, toponími- 5:
A. 1977. Províncias estruturais brasileiras. Simpósio de 629-632.
cos, datas, siglas e termos em diversas línguas (que
Geologia do Nordeste, 8, 363-391. Cordani espanhol,
incluem U. G., Amaral G., latim
italiano, Kawashita K. 1973a.
e inglês), com a
Bruno H., Elizeu V., Heilbron M., Valeriano C. Thepadronização
precambrian de evolution
fórmulasofe termos
South America.
técnicos, Geol.
com-
M., Strachan R., Fowler M., Bersan S., Moreira H., Rundschau,
pondo um 62:glossário
309-317.e atualizando a ortografia.
Dussin I., Eirado Silva L.G., Tupinambá M., Almeida Cordani U. G., Delhal J., Ledent D. 1973b. Oro-
Ao excelente e árduo trabalho dos organiza-
J., Neto C., Storey, C. 2020. Neoarchean and Rhya- gèneses superposèes dans le Précambrien du Brèsil Su-
cian TTG-Sanukitoid suites in the southern São Fran- d-Oriental num
dores, (Étatsdiálogo
de Rio constante,
de Janeiro aportamos diver-
et Minas Gerais).
cisco Paleocontinent, Brazil: evidence for diachronous sos critérios
Revista Brasileirae de
práticas editoriais
Geociências, destinadas
3(1): 1-22. a apri-
change towards modern tectonics. Geoscience Fron- morar
Cordani a apresentação
U. G. & Teixeirados textos
W. 1979.e imagens, estas
Comentários
Solaris Edições e Produções
tiers. In press. últimas
sobre de diversas geocronológicas
as determinações origens e épocas, em técnicas
existentes para
Culturais
Cordani, e Multimídia
U. G. 1973. Ltda.
Evolução Geotectônica da variadas,
as regiões dasmuitas
folhasdas
Rioquais exigiram
de Janeiro, demorado
Vitória tra-
e Iguape.
Rua Tavares
Região Costeira do Brasil,Bastos,
entre41 – Perdizes
Salvador e Vitória. Ha- In. balho
Fonseca,de M.J.G.
digitalização e recuperação.
(ed.) Carta geológica do Brasil ao
bilitationThesis,
São Paulo Universidade
– SP – CEP de São Paulo, 98p.
05012-020 Eis aqui
milionésimo: o resultado!
SF-23, SF-24, SG-23, Rio de Janeiro, Vi-
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286
SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 12

Delhal J., Ledent D., Cordani U. ANDREA


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287
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano

Geocronologia do magmatismo
granítico no sudeste brasileiro:
evolução do conhecimento a partir das
contribuições de Umberto G. Cordani
Silvio Roberto Farias Vlach
(srfvlach@usp.br).
Valdecir de Assis Janasi
(vajanasi@usp.br).
Universidade de São Paulo,
Instituto de Geociências.
Silvio Roberto Farias Vlach.
1. Introdução

Rochas graníticas (s.l.) afloram em abundância no embasamento


cristalino da região de São Paulo e estados vizinhos, S-SE do Brasil, e
se constituíram em objetos de estudo de diversas gerações de geólo-
gos e pesquisadores devido a sua importância para a compreensão de
processos magmáticos, para a evolução crustal ao longo do tempo ge-
ológico e do seu potencial como fontes de diversos recursos naturais.
Ao início da década de 1970, os trabalhos dedicados ao magmatis-
mo granítico na área eram embasados principalmente em dados geo-
lógicos, estruturais e petrográficos, os quais eram em geral obtidos em
escala de reconhecimento regional. Nessa época, a teoria da tectônica
das placas progressivamente substituía a teoria geossinclinal clássica
e as ideias de geração de granitos por processos metassomáticos, que
Valdecir de Assis Janasi.
motivaram debates muito acalorados, estavam sendo abandonadas na
literatura internacional (cf. Read, 1957). No caso do Estado de São
Paulo, os conhecimentos prévios disponíveis para as ocorrências co-
nhecidas até meados dos anos 1980 foram compilados e apresentados
por Janasi e Ulbrich (1991, 1992).
Os primeiros dados geocronológicos para rochas graníticas, obti-
dos com as sistemáticas K/Ar em minerais (anfibólio, biotita, muscovi-
ta, feldspato alcalino) e Rb/Sr em minerais e rocha total, começaram
a surgir ao final dos anos 60, com contribuições significativas do Prof.
Umberto Cordani, do staff de pesquisadores e técnicos do Centro de
Pesquisas Geocronológicas do Instituto de Geociências da USP, e de
pesquisadores associados. Nesses períodos iniciais, anteriores à dis-
ponibilidade de dados e estabelecimento dos métodos mais precisos
de datação U/Pb em zircão e monazita, aquelas sistemáticas eram as
únicas ferramentas geocronológicas disponíveis para a comunidade
científica da América do Sul.
Dois aspectos fundamentais para a evolução do conhecimento ge-
ocronológico e para interpretações de dados isotópicos e, consequen-
temente, para a pesquisa do magmatismo granítico, e que receberam

288
SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 13

contribuições significativas do Prof. Cordani foram a definição dos principais perío-


dos deste magmatismo no contexto do então denominado “Ciclo Brasiliano” (Edia-
carano e Criogeniano) na região S-SE do Brasil e os estudos das limitações inerentes
ao método isocrônico Rb/Sr, os quais são revistos nos próximos dois itens.
A partir da década de 1990, datações pelo método U/Pb em zircão e monazita
passaram a constituir o método preferencial para a determinação da idade de
cristalização magmática de rochas graníticas e, desde então, sustentam largamen-
te o conhecimento atual da geocronologia dessas rochas no sudeste brasileiro.
Os itens 4 e 5 deste trabalho consideram, dentro de uma perspectiva histórica,
as principais contribuições trazidas pelo método convencional (ID-TIMS) e pelos
métodos pontuais de alta resolução espacial (SHRIMP, LA-MC-ICP-MS), que em
ambos os casos tiveram contribuições pioneiras do Prof. Cordani, bem como do
método Th-U-PbT em monazita e xenotima com EPMA. O item final apresenta
breves considerações sobre as perspectivas futuras de datação dos granitos no
sudeste brasileiro.

2. Sistemáticas K/Ar e Rb/Sr e a definição de idades


de referência para o magmatismo granítico

Uma das preocupações fundamentais dos pesquisadores a partir do final da


década de 1960 era a identificação dos granitos pré-, sin-, tardi- e pós-tectônicos
em relação ao posteriormente denominado Cinturão Orogênico Ribeira (figura
1; Almeida et al., 1976), a partir de dados geológicos e estruturais, uma classifi-
cação então equivalente e inspirada no clássico trabalho de Read (1955) sobre as
diferentes etapas de colocação de granitos (pré-, sin-, tardi- e pós-orogênicos) em
relação ao clímax da evolução de um “cinturão móvel” ou orógeno. Paralelamen-
te, diversas características texturais e petrográficas expeditas eram empregadas
para caracterizar e/ou identificar “tipos” correlacionados de granitos e diversos
termos como tipos “Itu”, “Pirituba”, “Anhanguera” e “Varejão” (e.g., Hasui e
Hama, 1972) ou ainda “granitos a duas micas” eram aplicados corriqueiramente
pelos geocientistas. Entretanto, não haviam dados geocronológicos quantitativos
que permitissem posicionar os diferentes eventos magmáticos na escala absoluta
de tempo geológico.
Os primeiros resultados que preencheram esta lacuna foram apresentados
para rochas graníticas do denominado “Grupo Açungui” por U. G. Cordani e
I. Bittencourt em resumo ao Boletim Paranaense de Geociências (Cordani e Bit-
tencourt, 1967). Este foi um marco para a identificação dos períodos principais
de colocação das intrusões sin-tectônicas e tardi-/pós-tectônicas entre 650 e 600
Ma e entre 580 e 530-500 Ma, respectivamente, para posicionar o soerguimento
do orógeno e consequente resfriamento regional em ca. 450 Ma, bem como co-
locar um limite superior em ca. 650 para o período de sedimentação do “Grupo
Açungui”. Além da contribuição específica para o posicionamento temporal do
magmatismo granítico, o trabalho esboça um primeiro quadro evolutivo da evo-
lução orogênica na região, abrindo caminhos para as primeiras sínteses geocro-
nológicas e suas implicações geotectônicas regionais (e.g., Cordani, 1971, 1974;
Campos Neto e Cordani, 1984).

289
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano

Figura 1: Arcabouço tectônico


do sudeste do Brasil (segundo Este quadro evolutivo durante o Ediacarano e o Criogeniano
Campos Neto et al., 2011).
AçD: Domínio Açungui.
foi sendo progressivamente refinado nos anos seguintes e estendido
CFT: Terreno Cabo Frio. para diversas regiões do Sul-Sudeste brasileiro, com contribuições
CT: Terreno Curitiba. significativas do Prof. Cordani, colaboradores e outros pesquisado-
ET: Terreno Embu.
Go: Arco Magmático de Goiás.
res, com destaque para determinações K/Ar e Rb/Sr para granitos da
LAM: Microplaca Luís Alves. região do Vale do Ribeira e vizinhanças (SP/PR) de Cordani e Kawa-
OcT: Terreno Ocidental. shita, 1971 (impresso em 1972) e determinações K/Ar em granitos
OrT: Terreno Oriental.
SBB: Cinturão Brasília
do Grupo São Roque (cf. localização de domínios geológicos na
Meridional. figura 1) apresentadas por Hasui e Hama (1972). Outras contribui-
SGN: Nappe Socorro-Guaxupé. ções nesta linha merecem ser mencionadas, como os resultados para
SRD: Domínio São Roque.
a região da Serra dos Orgãos (RJ/MG) obtidos por Delhal et al.
(1969) e Cordani et al. (1973); para o denominado “Bloco Jundiaí”
(SP) por Wernick et al. (1976) e Vlach (1985); para o Complexo
Granítico São Sepé, RS, e integração para a denominada “região
orogênica do Sudeste” (Sartori e Ruegg, 1979); para a região da ci-
dade do Rio de Janeiro (Fonseca et al., 1984) e, mais recentemente,
para os granitos sin- a tardi-orogênicos dos Complexos Três Córre-
gos e Cunhaporanga nos estados de Paraná e São Paulo (Reis Neto

290
SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 13

e Cordani, 1993) e para os granitos pós-orogênicos/colisionais da região da Serra


do Mar no leste paranaense (Kaul e Cordani, 1994; Siga Jr., 1995; Cordani et
al., 2000a), estes últimos atualmente incluídos na Província Graciosa de granitos
e sienitos de “tipo-A” (Gualda e Vlach, 2007).
Isócronas Rb/Sr que representam este marco histórico e fundamentaram as inter-
pretações decorrentes são apresentadas nas figuras 2 e 3, as quais reproduzem par-
cialmente resultados originais apresentados nos trabalhos de Cordani e Kawashita
(1971) e Cordani et al. (1973) para rochas graníticas do “Grupo Açungui” e da Serra
dos Orgãos, respectivamente. É aqui necessário destacar que os objetivos iniciais da
pesquisa geocronológica naqueles tempos eram de natureza regional e, neste sentido,
a maioria das isócronas obtidas eram isócronas de referência, e uma mesma isócrona
incluía, na maioria dos casos, amostras de granitos de diferentes plútons e/ou maci-
ços, que em geral não eram comagmáticas e/ou não cogenéticas.
Na revisão de dados Rb/Sr, deve ser lembrado, adicionalmente, que os valores
recomendados para a constante de decaimento do 87Rb (λ87Rb) mudaram signifi-
cativamente ao longo do tempo: enquanto que nas décadas de 1960 e 70 usava-se
em geral o valor λ87Rb = 1,47E-11 ano-1, este mudou para 1,42E-11 ano-1 a partir
da sistematização de Steiger e Jäger (1978) e, atualmente, o valor recomendado
aproxima-se de 1,395E-11 ano-1 (e.g., Snelling, 2014). Por questões históricas,
os valores originais publicados são mantidos nas figuras e quadro apresentados
neste capítulo, indicando-se em cada caso as constantes utilizadas. As necessá-
rias conversões devem ser feitas considerando-se a que a idade é inversamente
proporcional a λ87Rb. Merece ser destacado também que as precisões analíticas
nas determinações isotópicas, tanto para a sistemática Rb/Sr quanto para a K/
Ar, eram muito inferiores às atuais e as razões isotópicas eram medidas para um
intervalo de confiança equivalente a 1σ, o mesmo utilizado em geral para os cál-
culos isocrônicos. A título de exemplo, os erros analíticos nas determinações es-
pectrométricas das razões 87Sr/86Sr estavam inicialmente na terceira casa decimal,
passando para a quarta casa somente ao final da década de 1970, até alcançar a
quinta/sexta casa decimal dos tempos atuais. De forma similar, diversos dados K/
Ar (em geral em biotita) obtidos, face às dificuldades inerentes à época, traziam
algumas imprecisões. Naturalmente, as temperaturas relativamente baixas de fe-
chamento do relógio K/Ar em minerais implicam que os resultados obtidos se
aproximavam progressivamente mais das idades reais de cristalização nos casos
de granitos colocados em níveis crustais mais rasos (de cristalização mais rápida)
e que não tivessem sido afetados por eventos termais posteriores significativos;
por outro lado, estas mesmas características permitiam avaliar idades para os
eventos de resfriamento regional mais importantes.
Os resultados integrados obtidos através destes primeiros esforços são suma-
rizados no Quadro apresentado na figura 4 e permaneceram, com variações pon-
tuais, como as principais referências na literatura nacional para a evolução do
magmatismo granítico durante o final do Neoproterozoico no “Ciclo Brasiliano”
até meados da década seguinte.
Mais recentemente, Cordani et al. (2002) obtiveram uma isócrona Rb/Sr que
permitiu definir a idade de ortognaisses (derivados de tonalitos e granodioritos) aflo-
rantes na região NW do Complexo/Terreno Embu, Estado de São Paulo, em 821 ±
68 Ma, outra contribuição relevante, que permitiu estender para esta área um perío-

291
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano

Figura 2: Isócronas de referência para os magmatismos graníticos tardi- (A) e pós-tectônicos (B) no denomina-
do “Grupo Açungui” (Cordani e Kawashita, 1972). Notar que se incluem em ambos os casos amostras de dife-
rentes corpos intrusivos. Em A: Maciços/stocks Cantareira (UC-Cant-1 e RE3/1607), Acaré (JMC-3), Mauá
(JMC-7), Itaquera (JMC-8) e ocorrência de granito gnáissico de Campinas (AM.1a); em B: Maciços/stocks
São Francisco (JB-1), Perus (AM-PE-1), Itu (Itu-1), Guaraú (GB-54), Capivari (PG-3), Graciosa (A-294B,
A-469), Anhangava (MO-159) e Marumbi (MO-257). Idades calculadas para λ87Rb = 1,47E-11 ano-1.

Figura 3: Isócronas de referência para o magmatismo granítico “Brasiliano” (Ediacarano) da região da Serra dos
Orgãos (adaptado de Cordani et al., 1973). A: Isócrona de referência para os denominados “gnaisses sin-tec-
tônicos”; B: isócrona de referência para os granitos pós-tectônicos e isócrona mineral com apatita (Ap), rocha
total (RT) e Microclínio (MI). Como destacado pelos autores, a idade de uma amostra de granito pós-tectônico
resulta em ca. 540 Ma quando calculada para um valor (87Sr/86Sr)0 = 0.706, idade similar a um entre os primei-
ros resultados U/Pb em zircão obtidos para a região. Idades calculadas para λ87Rb = 1,47E-11 ano-1.

do orogenético anterior (ca. 790-800 Ma), já esboçado em Cordani et al. (2000b) e


comprovado por Vlach (2001) no extremo SSE deste Complexo/Terreno. No traba-
lho de 2002, os autores também se utilizam de pares Rb/Sr envolvendo rocha total
– feldspatos (potássico e plagioclásio) para sugerir o fechamento do sistema isotópico
em rocha total/feldspatos por volta de 560 Ma.

3. Evolução isotópica do Sr e limitações


das isócronas Rb/Sr em rocha total

No panorama internacional do final dos anos 1960 e início dos anos 70 houve
uma grande popularização de espectrômetros de massa e de recursos compu-
tacionais mais modernos e desenvolvimento de métodos analíticos mais preci-
sos que alavancaram o método de datação U/Pb em zircão, particularmente com
ID-TIMS. Paralelamente, emergiram de forma mais incisiva diversos trabalhos
de detalhe com aplicação da geoquímica dos isótopos estáveis e radiogênicos,
além da geoquímica convencional, para a compreensão da origem e evolução
das rochas graníticas. Estes revelaram grandes variabilidade e complexidade e,

292
SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 13

Figura 4: Quadro ilustrativo


especificamente, indicaram variações claras e significativas nas ra- para a evolução do magma-
tismo granítico e eventos
zões iniciais 87Sr/86Sr de amostras cogenéticas, de um mesmo plú- pós-magmáticos relaciona-
ton (e.g., Stephens e Halliday, 1979), mostrando que a premissa de dos, inferidos a partir dos
igualdade, em geral assumida a priori, para as razões 87Sr/86Sr ini- dados geocronológicos K/Ar
e Rb/Sr disponíveis na década
ciais das amostras consideradas cogenéticas e mesmo comagmáticas de 1970 para a região sul-
para a construção de isócronas Rb/Sr, era questionável em diversas sudeste do Brasil durante o
situações concretas. Paralelamente, diversos trabalhos já discutiam denominado Ciclo Brasiliano
(Ediacarano), modificado
conceitos como isócronas fictícias ou “do manto” ou ainda “erró- de Vlach (1985). A linha em
cronas” (e.g., Duncan e Compston, 1976) e iniciaram a geração torno de 580 ± 10 Ma mar-
de modelos (semi-)quantitativos mais robustos de processos como ca o valor médio aproximado
para o clímax dos magmatis-
mistura de diferentes componentes em processos magmáticos (e.g., mos pós-orogênico/colisio-
Langmuir et al., 1978). nal, considerando-se dados
Na área da “granitologia”, neste período e pouco após, foram Rb/Sr e U/Pb mais recentes e/
ou precisos. Ver discussão e
iniciados os primeiros mapeamentos faciológicos de detalhe em ro- referências no texto.
chas graníticas na região Sudeste do Brasil (Wernick, 1972; Vlach,
1985; Vlach e Ulbrich, 1984; ver sistematização em Ulbrich et al.,
2001), os quais abriram caminhos para examinar de forma mais

293
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano

apropriada a estratigrafia e a evolução cronológica dos eventos magmáticos em


escalas de plútons, batólitos e/ou complexos, bem como discutir conceitos de isó-
cronas “verdadeiras”, isócronas “de referência” e “errócronas” Rb/Sr, com base
em fundamentos geológicos mais concretos e realistas.
Os trabalhos de SRF Vlach (Vlach, 1985; Vlach e Ulbrich, 1984; Vlach e Kawa-
shita, 1984) foram determinantes para tal, ao demonstrar, com base principalmente
em argumentos geológico-estruturais, que as isócronas, a priori verdadeiras, obtidas
para as rochas graníticas da área oriental e meridional dos granitos de Morungaba
(plútons Oriental e Meridional de Vlach, 1993) apontavam para um intervalo de
colocação de magmas demasiado elevado (superior a 200 Ma), incompatível com a
evolução de plútons multi-intrusivos simples e em franca contradição com relações
estruturais observadas em campo: por exemplo, isócronas de amostras de rochas cla-
ramente mais jovens ou no mínimo contemporâneas resultavam em idades mais anti-
gas quando comparadas com isócronas de rochas mais antigas. Na figura 5 (A, B e C)
são reproduzidas algumas das isócronas obtidas para estes plútons e que permitiram
aos autores visualizar e analisar a questão da consistência do método isocrônico sob
uma perspectiva mais crítica.
Estes resultados, analisados à luz da literatura moderna da época, indicavam
que a explicação deveria necessariamente estar relacionada a variações nas ra-
zões isotópicas iniciais e/ou migração seletiva de Rb e/ou Sr nos estágios finais
de cristalização e/ou pós-magmáticos/hidrotermais das amostras utilizadas para
a construção das isócronas. Vlach (1985), Vlach e Kawashita (1984) e Vlach
e Cordani (1986) discutem os principais processos petrológicos que poderiam
explicar a situação observada: assimilação, herança isotópica, cristalização fra-
cionada prolongada, mistura de magmas, difusão e alteração pós-magmática, e
apresentam alguns modelos conceituais para alguns entre os mais simples destes
casos. Merece ser aqui salientado também que a partir do advento de métodos
de espectrometria de massa combinada com micro amostragem ou amostragem
por ablasão laser (LA-MC-ICP-MS) a partir do final da década de 1990, que
permitem análises isotópicas de frações e in situ de fases minerais específicas,
respectivamente, demonstrou-se em diversos casos que as razões iniciais 87Sr/86Sr
podem ser significativamente heterogêneas mesmo em domínios intra-mineral
(e.g., Davison et al., 2001).
Não se considerou à época o caso particular de granitos peralcalinos conten-
do essencialmente quartzo, feldspato alcalino e quantidades variadas de aegirina
ou anfibólio sódico, minerais máficos com teores insignificantes de Rb e/ou Sr,
para os quais a “amostra total” está representada essencialmente por feldspato al-
calino em termos da distribuição destes elementos e, portanto, idades isocrônicas
definidas e/ou muito dependentes de amostras deste tipo refletem, na prática, o
fechamento do sistema Rb/Sr em feldspato alcalino, que ocorre em temperaturas
baixas, e que, portanto, resultam em valores anomalamente jovens (Vlach et al.,
2011). São potenciais exemplos destes casos, alguns dos dados apresentados por
Kaul e Cordani (1994) para granitos da Província Graciosa, na região da Serra
do Mar paranaense.
O trabalho de Vlach (1985), não sem algumas discussões acaloradas face às
implicações embutidas para a interpretação geocronológica, abriu caminhos para
examinar em maior detalhe e principalmente sob uma perspectiva diferente a geo-

294
SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 13

Figura 5: Isócronas em
química isotópica do Sr em rochas graníticas e as suas implicações princípio verdadeiras e de
referência para os granitos
para a geocronologia, temas apresentados preliminarmente no pri- pós-orogênicos dos plútons
meiro Workshop sobre Granitogênese e Mineralizações Associadas Meridional e Oriental de
realizado no Brasil (Cordani e Vlach, 1985; Caruaru, PE) e, em se- Morungaba. Observar signifi-
cativa variação de idades nos
guida, na forma de publicação completa em Vlach e Cordani (1986). primeiros casos, incompatível
Estes trabalhos permitiram também posicionar mais adequadamente com dados geológicos e estru-
o clímax do magmatismo granítico pós-tectônico/orogênico regional turais disponíveis.
A: quartzo monzonitos e
em ca. 590 ± 20 Ma com apoio de isócronas de referência para os monzogranitos marginais, ine-
plútons Meridional e Oriental de Morungaba (figura 5D), idade bem quigranulares e mais máficos.
superior a até então regionalmente admitida (cf. figura 4). B: monzo- e sienogranitos
equi- e inequigranulares róse-
Nas figuras 6 e 7 são reproduzidos dois dos modelos originais os principais.
de evolução isotópica do Sr e seus potenciais efeitos sobre os re- C: monzogranitos róseos
sultados isocrônicos. O primeiro, apresentado originalmente por equigranulares mais félsicos
(adaptado de Vlach, 1985).
McCarthy e Cawthorn (1978), considera os efeitos de cristalização D: isócronas de referência
fracionada muito prolongada sobre as razões isotópicas 87Rb/86Sr e, (consideradas como a melhor
consequentemente, 87Sr/86Sr das frações progressivamente mais fra- estimativa para a idade de
cristalização de ambos os
cionadas, muito enriquecidas em Rb em relação ao Sr. Este pode plútons), extraída de Vlach
explicar algumas idades anomalamente jovens observadas frequen- e Cordani (1986); notar a
temente em variedades graníticas mais diferenciadas, caso de alguns adição de granitos cinzentos
hololeucocráticos, peralu-
microgranitos e aplitos tardios, com altos valores 87Rb/86Sr. O segun- minosos (cf. Vlach, 1985;
do modelo ilustra potenciais efeitos de mistura simples (“mecânica”) isócrona tracejada). Discussão
isotopicamente não homogeneizada ou parcialmente homogeneizada no texto. Idades calculadas
para λ87Rb = 1,42E-11 ano-1.
de magmas com razões 87Sr/86Sr homogêneas, mas distintas, que se
aplica qualitativamente tanto para processos de assimilação de ro-
chas encaixantes, quanto para processos de mistura de magmas, estes

295
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano

Figura 6: Diagramas ilus-


trando potenciais efeitos típicos particularmente de rochas graníticas cálcio-alcalinas com es-
de cristalização fracionada
muito prolongada em um
pectro composicional mais expandido.
sistema comagmático sobre Entretanto, modelos de mistura simples como o mencionado não
isócronas Rb/Sr (McCarthy contemplam adequadamente os processos naturais, particularmente nos
e Cawthorn, 1978). A:
Variação das razões Rb/Sr
casos de rochas plutônicas em que mecanismos de cristalização fracio-
nos sólidos formados em nada são muito relevantes. Neste panorama, modelos mais complexos e
dependência da diferença que, naturalmente, se aproximam melhor das situações naturais, levam
entre os coeficientes de
partição totais (D) de Rb em consideração efeitos combinados de mecanismos que envolvem des-
(DRb) e Sr (DSr) de acordo de a fusão de áreas-fonte heterogêneas, mistura de magmas distintos, as-
com o modelo de Rayleigh. similação das encaixantes durante a ascensão, colocação e cristalização
B: Isócronas obtidas em caso
de cristalização fracionada final em câmaras magmáticas e processos pós-magmáticos/hidrotermais
rápida (a) e lenta (b e c, os subsequentes, e foram apresentados em literatura por diversos autores
quais indicam resultados ao longo das décadas de 1970 e 1980 (cf. Allègre, 2008). Neste panora-
para os sólidos fracionados
e as fusões coexistentes, ma, merece destaque o modelo de Assimilação combinada com Crista-
respectivamente). Diagramas lização Fracionada (ACF) desenvolvido por De Paolo (1981). Na figura
extraídos de Vlach (1985) e 8, reproduzida de Vlach e Cordani (1986), ilustra-se de forma simples
Vlach e Cordani (1986).
e conceitual os efeitos deste modelo para a evolução das composições
elemental e isotópica do Sr em sistemas graníticos e como este processo
tem potencial para afetar as razões 87Sr/86Sr medidas em amostras de
séries cogenéticas de rochas graníticas. No IGc-USP, com a disponibi-
lidade dos microcomputadores a partir do final dos anos 1980, foram
elaborados também softwares que permitiam examinar e modelar alguns
destes processos (e.g., IsoJob, Vlach, 1990).

4. Datações U/Pb por ID-TIMS

A possibilidade de utilizar o método de datação U/Pb em zircão, a


partir da década de 1990, permitiu superar muitas das limitações até
então encontradas para determinar idades de cristalização de granitos
do sudeste brasileiro. Ao longo desta década, apareceram pela primeira
vez na literatura resultados sistemáticos de determinações pelo método
ID-TIMS (Isotope Dilution – Thermal Ionization Mass Spectrometry) em
zircão (e, minoritariamente, em monazita), em boa parte obtidas em la-
boratórios estrangeiros, que permitiram estabelecer quadros evolutivos
mais precisos para o magmatismo granítico neoproterozoico e para as
rochas ortognáissicas que compõem o embasamento cristalino da por-
ção norte da Faixa Ribeira (Heilbron e Machado, 2003; Machado et al.,

296
SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 13

Figura 7: Diagramas isocrô-


nicos conceiturais ilustrando
1996), e definir a cronoestratigrafia de alguns dos principais batólitos os efeitos de processos de
que ocorrem em sua porção central (Ebert et al., 1996; Gimenez Filho mistura simples (“mecânica”)
considerando membros finais
et al., 2000; Janasi et al., 2001; Leite et al., 2007). silícicos e básicos, com Rb
Cabe aqui destacar que as primeiras idades U/Pb em zircão para = 150 ppm, Sr = 200 ppm
rochas graníticas do sudeste brasileiro haviam sido apresentadas duas e 87Sr/86Sr = 0,707 (A) e Rb
= 10 ppm, Sr – 400 ppm,
décadas antes, em colaboração do Prof. Cordani com Jacques Delhal e 87
Sr/86Sr = 0,703 (B), respecti-
Dolly Ledent, e permitiram, junto com dados Rb/Sr e K/Ar, identificar vamente. A linha lm (A-B) re-
a idade transamazônica (~2.07 Ga), com retrabalhamento no ciclo presenta uma linha de mistura
simples, com coeficiente que
Brasiliano (~0.6 Ga) para ortognaisses do “Grupo Paraíba” (Cordani determina uma idade fictícia
et al., 1973; Delhal et al., 1969). de 135 Ma. Representam-se
A partir dos anos 2000, foram apresentados os primeiros resul- situações em que o sistema
é total (h, isócrona th) e
tados de datações U/Pb TIMS em laboratórios brasileiros, especial- parcialmente homogeneizado
mente no CPGeo, cujos resultados levaram à definição da crono- (dois domínios homogêneos
estratigrafia de outros batólitos graníticos do sudeste brasileiro, à distintos: h1, isócrona th1 e
h2, isócrona th2). Em todos
identificação da idade das rochas de núcleos de embasamento da os casos, amostras representa-
porção centro-sul do cinturão Ribeira (Cury et al., 2002; Passarelli tivas dos domínios homogê-
et al., 2004; Prazeres Filho et al., 2003; Siga Jr. et al., 2007), e à neos resultam em idades reais
de cristalização e os valores
identificação de ortognaisses de caráter pré-colisional na Nappe So- (87/Sr/86Sr)0 variam com as
corro-Guaxupé (Hackspacher et al., 2003). proporções relativas em massa
Várias determinações U/Pb em zircão de granitos do sudeste brasilei- dos componentes A e B na
mistura e das suas composi-
ro, especialmente aqueles de caráter mais diferenciado, apresentaram re- ções isotópicas. A inclusão
sultados fortemente discordantes, mesmo após intensa abrasão física dos de amostras de diferentes
cristais datados, que se refletiram em imprecisões na determinação da ida- domínios resulta em idades
(tnh) bem maiores e valores
de de cristalização e, normalmente, as idades apresentadas eram idades (87Sr/86Sr)i menores, ambos
de intercepto superior da linha discórdia com a concórdia (e.g., Siga Jr., sem qualquer significado real.
1995). Nesses casos, a datação de rochas máfico-intermediárias contem- Extraído de Vlach (1985) e
Vlach e Cordani (1986).
porâneas (e.g., enclaves e diques sin-plutônicos), nas quais os cristais de
zircão apresentam probabilidade significativamente menor de conter fra-
ções herdadas e/ou de ser afetados por efeitos pós-magmáticos, se mostrou
uma excelente alternativa para a obtenção de precisas (Vlach et al., 2011).

297
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano

Figura 8: Diagrama
87
Sr/86Sr vs. 1/Sr ilustran-
do tendências evolutivas
mais simples em processos
combinando cristalização
fracionada e assimilação
(ACF, De Paolo, 1981)
e destacando o efeito do
coeficiente de partição
total de Sr (DSr) e das
razões entre as razões de
cristalização (Mc) e de
assimilação (Ma). Notar
que quando DSr = 1 ou
Mc/Ma = 0 a trajetória
corresponde a uma mis-
tura simples, “mecânica”,
tal como representada no
diagrama da figura 7. O
modelo parte de um mag-
ma inicial com Sr = 400
ppm e 87Sr/86Sr = 0,705
(representativo do manto
e/ou crosta inferior) que
evolui por cristalização
fracionada e paralela-
mente assimila material
supra-crustal com Sr =
200 ppm e 87Sr/86Sr =
0,740. Extraído de Vlach
e Cordani (1986).

5. Datações U/Pb pontuais


(SHRIMP, LA-MC-ICP-MS e EPMA)

O impacto da utilização de métodos pontuais SHRIMP (Sensitive High-Resolu-


tion Ion MicroProbe) e LA-MC-ICP-MS (Laser Ablation-Multi Collector-Inductively
Coupled Plasma Mass Spectrometry) na datação de granitos do sudeste brasileiro,
também inicialmente obtida principalmente em laboratórios estrangeiros, começou a
ser sentido ainda na década de 2000. Também neste caso, trabalho pioneiro utilizan-
do o método SHRIMP foi liderado pelo Prof. Cordani (Cordani et al., 2002), iden-
tificando a presença de ortognaisses de idade Toniana (811 ± 13 Ma) com heranças
de ~1 Ga e ~2 Ga) no Complexo Embu.
Os métodos pontuais, embora sem ganho significativo em termos de precisão
analítica (em geral limitada, para o Neoproterozoico, a 1% relativo, ou 5-6 Ma
para a faixa de idades típica do magmatismo granítico na região (~600 Ma),
passaram a substituir largamente as determinações por TIMS, em vista da rapi-
dez, facilidade de preparação e menor risco de contaminação, mas também pela
vantagem inerente de evitar inclusões e porções afetadas por perda de chumbo, e
datar núcleos herdados, dada a sua grande resolução espacial. Na prática, as van-
tagens dos métodos pontuais acabaram por resultar muitas vezes em melhor pre-
cisão (por gerar um grande número de resultados concordantes) e notavelmente,
exatidão, e revelaram que algumas idades U/Pb TIMS previamente consideradas
indicadoras de cristalização magmática (e.g., Toepfner, 1996) eram mais antigas

298
SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 13

Figura 9: Diagramas Con-


que as idades obtidas por SHRIMP ou LA-ICP-MS, o que tem sido córdia comparando dados
e resultados U/Pb em zircão
atribuído à presença de pequenas proporções de núcleos herdados obtidos com métodos diferen-
nas frações multi-grão analisadas (Janasi et al., 2016; Toledo et al., tes para amostras similares de
2018). Deste modo, por exemplo, a idade dos granitos cálcio-al- sienitos do Plúton Corupá,
Província Graciosa. A: idades
calinos potássicos que constituem o principal volume dos maiores obtidas pelo método ID-TIMS
batólitos graníticos na NESG e na porção central da Faixa Ribeira convencional, a partir de 4
encontra-se atualmente bem estabelecida na faixa de 610-600 Ma e frações magnéticas distintas de
cristais de zircão (zr1, zr2, zr3
portanto claramente mais jovem que os principais eventos colisio- e zr4) que definem uma linha
nais, o que até então era incerto, em vista de idades ca. 20-30 Ma Discórdia, cujo intercepto su-
mais velhas. perior com a curva Concórdia
define a idade de cristaliza-
Na figura 9 são representados exemplos simples de diagramas ção. Neste exemplo a fração
concórdia que comparam procedimentos e resultados geocronoló- zr4, não-magnética, é quase
gicos U/Pb em zircão obtidos através do método ID-TIMS conven- concordante, resultando em
uma idade muito adequada;
cional, a partir de frações de cristais de zircão, e do método pontual esta situação não é comum em
LA-MC-ICP-MS para amostras equivalentes de sienito do Plúton Co- rochas graníticas diferencia-
rupá, na Província Graciosa, o primeiro obtido na década de 1990 e das, para as quais o intercepto
superior apresenta desvios sig-
o segundo representativo dos tempos atuais. nificativos, acarretando erros
Idades U/Pb pontuais em zircão têm contribuído fortemente para o bem mais elevados. Parâmetros
melhor conhecimento da história evolutiva do magmatismo granítico para avaliação do erro indica-
do não reportados, reproduzi-
no sudeste brasileiro, especialmente após a sua implementação no CP- do de Siga Jr. (1995), no qual
Geo-USP (SHRIMP e LA-ICP-MS) e em outras instituições geocientí- se encontram diversos outros
ficas brasileiras, com a datação de núcleos de embasamento (Heilbron resultados para a província.
B: idades pontuais obtidas por
et al., 2010), da proveniência de metassedimentos (Henrique-Pinto et LA-MC-ICP-MS em cristais
al., 2012), e especialmente do amplo intervalo de formação de grani- de zircão extraídos da fração
tos associados aos processos tectônicos no final do Neoproterozoico não-magnética. Observar que
todos os resultados pontuais
e início do Fanerozoico (Cury, 2009; Vlach et al., 2011; Alves et al., são concordantes dentro dos
2013; Heilbron et al., 2013; Janasi et al., 2016; Valeriano et al., 2016; erros das medidas. Modificado
Passarelli et al., 2019). de Vilalva et al. (2019).
A vantagem de obter resultados concordantes, no entanto, tem
trazido alguns problemas inesperados para a interpretação das ida-

299
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano

des dos granitos. Em muitos casos, observa-se um espalhamento de idades con-


cordantes ao longo de intervalos muito superiores aos erros individuais das aná-
lises. A interpretação desses padrões de distribuição de idades é em muitos casos
ambígua, pois pode se dever a: (1) perda de Pb ou recristalização em eventos
pouco posteriores à cristalização magmática; (2) presença de cristais previamente
formados dentro do mesmo sistema magmático cristalizados (antecristais); (3)
presença de xenocristais derivados de rochas-fonte ou encaixantes pouco mais
antigas que os granitos.
Paralelamente, a introdução de métodos de datação de minerais portadores
de Th e U com microssonda eletrônica EPMA (Electron Probe Micro-Analyser)
a partir da década de 1990 (e.g., Suzuki e Adachi, 1992) trouxe também con-
tribuições significativas. Embora de aplicação mais restrita, em geral limitada à
monazita e, subordinadamente, à xenotima, o método Th-U-PbT com EPMA é o
que, entre os métodos in situ, apresenta a melhor resolução espacial e, portan-
to, o maior potencial para desvendar a história evolutiva de cristais poligenéti-
cos. Importante, o método permite determinar simultaneamente as composições
químicas dos diferentes domínios cristalinos, o que possibilita relacionar idades
absolutas com características químicas e avaliações termométricas decorrentes,
um avanço muito significativo para a petrologia e a geocronologia. Os primeiros
resultados para rochas graníticas do sudeste brasileiro foram apresentados por
Vlach et al. (1999) e Vlach e Gualda (2000), a partir dos quais foi obtido nú-
mero significativo de dados para diversas rochas graníticas e metamórficas, com
destaque para o “Complexo Embu” e vizinhanças, e para situações, antes pouco
evidentes, de registros de diferentes processos petrogenéticos em monocristais de
monazita. Vlach (2008) sistematiza os dados até então obtidos; diversos outros
são discutidos em Martins et al. (2009) e Vlach (2010).

6. Perspectivas

A datação pontual U/Pb em zircão (e monazita) tem contribuído fortemente para


o estabelecimento de um quadro evolutivo aprimorado para o magmatismo granítico
no sudeste do Brasil. O grande volume de rochas graníticas intrusivas nas faixas do-
bradas brasilianas, ou presentes nos núcleos de embasamento, demanda ainda muito
investimento em datações geocronológicas pelo método U/Pb utilizando metodolo-
gias pontuais. Por outro lado, para a correta compreensão da história evolutiva de
plútons graníticos pode ser necessária a obtenção de idades com maior precisão (por
exemplo, incertezas da ordem de 1 Ma para granitos neoproterozoicos), que só é
alcançada pelo método TIMS, em laboratórios ultra-limpos e utilizando processos
de abrasão química em cristais individuais de zircão. De fato, trabalhos recentes
demonstraram que câmaras magmáticas graníticas podem ter histórias prolongadas
(e.g., por mais de 10 Ma, cf. Coleman et al., 2004), porém marcadas por pulsos
magmáticos que se sucedem em escala temporal que podem ser resolvidas com as
precisões significativamente melhores obtidas atualmente pelo método TIMS (da
ordem de 0.1% relativo, e.g., Schaltegger et al., 2009).
Para além da resolução temporal, a integração entre a idade e a composição
isotópica e/ou química do mineral datado, através da análise simultânea do mes-

300
SEGUNDA PARTE: ESTADO DA ARTE DO CONHECIMENTO – CAPÍTULO 13

mo volume do cristal, apresenta grande potencial para o estudo da evolução de


sistemas magmáticos. Tais procedimentos tornaram-se possíveis em anos recen-
tes, graças especialmente a melhoramentos analíticos, como a chamada LAAS
(Laser ablation split-stream analysis) (Kylander-Clark et al., 2013), e são parte
de um ramo da geologia que se desenvolve rapidamente, a chamada “petrocro-
nologia” (e.g., Schaltegger e Davis, 2017). Um exemplo aplicado a processos de
metamorfismo geração de magmas crustais no sudeste brasileiro é o trabalho
recente de Rocha et al. (2017), que integra a química de zircão e monazita em
granulitos e charnockitos da Nappe Socorro-Guaxupé com datação desses mine-
rais, respectivamente por LA-MC-ICP-MS e EMPA.
Embora o investimento atual na geocronologia de granitos seja fortemente
direcionado para o método U/Pb, cumpre destacar que, não obstante as dificulda-
des analíticas inerentes e os problemas relativos à interpretação dos métodos K/
Ar e Rb/Sr, bem como aos erros relativamente elevados associados, os primeiros
resultados obtidos para as rochas graníticas do sudeste brasileiro se revelaram ex-
tremamente importantes para posicionar de forma pioneira as diferentes etapas
dos magmatismos Ediacarano e Criogeniano na região S-SE do Brasil. Tais resul-
tados forneceram as bases para a elaboração das primeiras ideias sobre a evolução
geodinâmica da crosta continental nesta região. De fato, a análise geral dos dados
disponíveis, acompanhada de seleção criteriosa e eliminação de diversos resulta-
dos espúrios, mostra em diversos casos que esses resultados, afora os intervalos
de erro bem superiores, se comparam muito bem com dados modernos, obtidos
com métodos mais precisos, U/Pb em zircão, seja em frações de vários cristais,
seja in situ em cristais únicos. Como exemplo, Vlach et al. (2011) sistematizam
criteriosamente os dados prévios disponíveis para os granitos pós-colisionais da
Província Graciosa nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, e mostram
que os valores médios, ponderados pelos erros individuais, das determinações K/
Ar, Rb/Sr e U/Pb (ID-TIMS, em geral idades de intercepto superior) em zircão
mais apropriados são similares: 576 ± 26, 580 ± 20 e 581 ± 16 Ma, respectiva-
mente, os quais são iguais, considerando as margens de erro, às determinações U/
Pb (ID-TIMS) em zircão concordantes e precisas obtidas por estes autores em 581
± 3 Ma e iguais às determinações similares recentes obtidas com LA-MC-ICP-MS
(ca. 580 Ma, cf. Vilalva et al., 2019).

Dedicatória

Os autores dedicam este capítulo à


memória do Prof. Dr. Koji Kawashita,
pela sua incomparável dedicação
ao CPGeo-USP.

301
Geocronologia e Evolução Tectônica do Continente Sul-Americano

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