Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
b) Estrutura do solo
A estrutura dos solos é um fator importante na definição da sua compressibilidade. Solos
granulares podem ser arranjados em estruturas fofas, densas e favo de abelha (solos finos),
conforme mostrado na Figura 3.3. Considerando que os grãos são admitidos como
incompressíveis, quanto maior o índice de vazios, maior será a compressibilidade do solo.
Um exemplo dessa variação é apresentado na figura abaixo
Figura 3.3
Devido à importância da estrutura na definição da compressibilidade dos solos, ensaios de
laboratório para determinação das características de compressibilidade devem ser sempre
executados em amostras indeformadas. No caso dos solos granulares, de difícil amostragem, os
ensaios devem ser realizados em amostras moldadas segundo o índice de vazios de campo.
c) Nível de tensões
O nível de tensões a que o solo está sendo submetido interfere na sua compressibilidade
tanto no que diz respeito à movimentação relativa entre partículas, quanto na possibilidade
de acarretar em processos de quebra de grãos.
No gráfico abaixo quanto mais vertical é a tangente à curva, maior é a compressibilidade do
material. Quando, por exemplo, um solo arenoso fofo é comprimido, as partículas vão se
posicionando em arranjos cada vez mais densos, diminuindo a compressibilidade do solo.
A medida que o nível de tensões é aumentado, elevam-se as tensões intergranulares
acarretando em fraturamento e/ou esmagamento das partículas. Com a quebra de grãos, a
compressibilidade aumenta sensivelmente.
Na maioria das obras de engenharia os níveis de tensão não atingem os patamares
necessários para causar deformações ou quebra nos grãos.
Quebra dos grãos
d) Grau de Saturação
No caso de solos saturados, a variação de volume ocorre por uma variação de volume de água
contida nos vazios (escape ou entrada). No caso de solos não saturados, o problema é mais
complexo uma vez que, ao contrário da água, a compressibilidade do ar é grande e pode interferir
na magnitude total das deformações.
∆h ∆r σ εR
εl = εr = E= ν=
h r εL εL
Figura 3.4. Definição de parâmetros elástico dos solos a partir de ensaio de compressão
O modulo de elasticidade depende da pressão a que o solo está confinado. Tal fato mostra como é
difícil estabelecer um modulo de elasticidade para um solo, pois ele se encontra, na natureza,
submetido a confinamentos crescente com a profundidade. Para os casos corriqueiros, admite-se
um modulo constante como representativo do comportamento do solo para a faixa de tensões
ocorrentes no caso em estudo.
Como ordem de grandeza pode-se indicar os valores apresentados na tabela 1 como módulos de
elasticidade para argilas sedimentares saturadas em solicitações rápidas, que não dão margem à
drenagem).
Tabela 1- Modulos de elasticidade típicos de argilas saturadas em solicitação não drenada (Pinto,
2006)
Consistência Modulo de elasticidade (MPa)
Muito mole < 2,5
Mole 2,5 a 5,0
Media 5 a 10
Rija 10 a 20
Muito rija 20 a 40
Dura >40
Para as areias os módulos que interessam correspondem à situação drenada, pois a permeabilidade
é alta em relação ao tempo de aplicação das cargas.
Os ensaios de compressão devem ser feitos com confinamento dos corpos de prova. Os módulos são
função da composição granulométrica, do formato e da resistência dos grãos. Uma ordem de
grandeza de seus valores, para tensões de confinamento de 100 KPa, é indicada na Tabela 2.
Tabela 2- Modulos de elasticidade típicos de areais em solicitação drenada, para tensão confinante
de 100 KPa
Descrição da areia Modulo de elasticidade Modulo de elasticidade
(MPa) (MPa)
Compacidade Fofa Compacta
Areias de grãos frágeis, 15 35
angulares
Areias de grãos duros, 55 100
arredondados
Areia basal de São Paulo, bem 10 27
graduada, pouco argilosa
Para pressões confinantes diferentes de 100 KPa, os módulos podem ser obtidos através da seguinte
expressão empírica, conhecida como a equação de Janbu, pesquisador que a determinou
empiricamente:
n
σ
Ε σ = Ε a .Pa
Pa
onde Ea é o modulo correspondente á pressão atmosférica, Pa adotada como igual a 100 KPa; Eσ é o
modulo correspondente a tensão considerada σ e n é um expoente geralmente adotado como 0,5.
http://www.youtube.com/watch?v=eiAzJAffbLo
Em relação á altura inicial dos corpos de prova, pode-se representar a variação de altura ou os
recalques em função das tensões verticais atuantes.
Os índices de vazios finais de cada estagio de carregamento são calculados a partir do índice de
vazios inicial do corpo de prova e da redução da altura. A maneira convencional de apresentar os
resultados dos ensaios é a representação do índice de vazios em função da tensão aplicadas. Nas
figura 3.5. abaixo estão os resultados tipos de ensaios de compressão edometrica de solos arenosos
e argilosos. (Pinto, 2006)
Figura 3.5 e 3.6. Resultados de ensaios edometricos
Como se observa nos resultados apresentados a variação da deformação com as tensões não é
linear. Ainda assim, para determinados níveis de tensão, os seguintes parâmetros são empregados:
- Coeficiente de compressibilidade: a v = − de / dσ v
a v = (1 + e0 ).mv
D = 1 / mV
Originalmente, acreditava-se que o trecho de compressão virgem pudesse ser representado por
uma reta. Entretanto, com os avanços das técnicas de amostragem e preparação de corpos de prova
para realização de ensaios; isto é, com a melhoria da qualidade das amostras, tem-se verificado a
não linearidade do trecho de compressão virgem. Há uma redução da compressibilidade (cc) com o
aumento do nível de tensão efetiva. Este comportamento pode ser atribuído à indução de
alinhamento das partículas com o aumento da tensão efetiva vertical. Com isso, gera-se uma
mudança na estrutura e, conseqüentemente, na compressibilidade do material.
Na prática, a relação entre a tensão efetiva de pré-adensamento (σ’vm) e a tensão efetiva
vertical de campo (σ’vo ) pode se dar de duas maneiras:
σ ´VM
(RPA) ou OCR (“Over Consolidation Ratio”), definida como sendo RPA=
σ ´VO
O gráfico e x log σv’ indica, para a areia ensaiada, que há um patamar praticamente
horizontal até o nível de tensões de 10MPa. Não há variação expressiva de índice de vazios
até os valores de tensões próximos a 10MPa. Somente, a partir deste valor, as deformações
volumétricas são sensivelmente maiores. Pode-se observar também que o comportamento é
similar para os ensaios relativos a materiais “fabricados” com quartzo e feldspato moídos.
Em todas as curvas e x log σv’, observa-se que existe um valor de tensão onde a partir desta,
as deformações volumétricas aumentam rapidamente com o logaritmo de σv’. A esta tensão
dá-se o nome de “Tensão de Escoamento” (σ’esc).
Para carregamentos finitos, inicialmente ocorrem recalques devido aos deslocamentos horizontais
do solo da fundação (recalques iniciais) e, numa segunda fase, tais recalques só ocorrerão se houver
a expulsão de água de forma análoga à analogia do carregamento infinito. A este recalque dá se o
nome de recalque por adensamento ou primário. Em geral, esses dois tipos ocorrem
simultaneamente, preponderando em determinadas condições um ou outro.
Ressalta-se, portanto, que, tanto o recalque inicial ou não drenado quanto o recalque primário ou de
adensamento ocorrem devido a variações nas tensões efetivas, fisicamente observada através da
deformação da mola.
σ 0 .B
ρ = 1. .(1 − υ 2 )
E
Onde σ0 é a pressão uniformemente distribuída na superfície
E e ν são os parâmetros de solo já definidos;
B é a largura (ou o diâmetro) da área carregada;
I é o coeficiente que leva em conta a forma da superfície carregada e do sistema de
aplicação de pressões, que podem ser aplicadas por meio de elementos rígidos (sapatas de
concreto, por exemplo) ou flexíveis (aterros).
No primeiro caso o recalque é igual em toda área carregada (embora as pressões deixem de
ser uniformes e, na realidade, o valor adotado só representa a relação entre a carga
aplicada e a area de aplicação). NO segundo caso os recalques no centro da area carregada
são maiores do que nas bordas . Os valores de I estão na tabela 3.3.
ρ
vazios vazios
H1
H2
H0
H0 sólidos
sólidos
Figura 3.9 Esquema para calculo de recalque
O recalque é a diferença entre H1 e H2 de onde se tem:
(1 + e2)
H 2 = H 1.
(1 + e1)
(1 + e1 − 1 − e2)
ρ = H 1.
(1 + e1)
A deformação ou recalque especifico expressa-se por:
ρ (e1 − e2)
Ε= =
H1 (1 + e1)
E tems-e
H1
ρ= (e1 − e2)
(1 + E1)
h
e= − 1 sendo h= altura do corpo de prova e hs= altura dos sólidos
hs
h0
hs =
(1 + e0 )
E
a
Quando o carregamento ultrapassa a tensão de pré-adensamento, o recalque é calculado em 02
etapas: da tensão existente até a tensão pré-adensamento (do ponto A ao ponto P) e desde até a
tensão final resultante do carregamento (ponto P ao ponto C).
A expressão para calculo dos recalques fica assim:
− −
−
H σa σ f
ρ= . Cr . log − + Cc . log − (9.6)
1 + e1 σi σa
Exemplo de gráfico com calculo de tensões pré-adensamento