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BIOLOGIA E GEOLOGIA 10

Osório Matias | Pedro Martins


a
Guerner Dias | Paula Guimarães | Paulo Rocha

Prova-Tipo Exame | 10.º ANO


Nome

©AREAL EDITORES
Turma N.º Data

Grupo I

Neve num sistema planetário bebé


Um marco gelado na formação planetária e cometária
Uma equipa internacional de astrónomos obteve pela primeira vez a imagem de uma linha de
neve num sistema planetário recém-nascido distante. A linha de neve, situada no disco que
rodeia a estrela TW Hydrae, do tipo solar, promete ensinar-nos algo mais sobre a formação de
planetas e cometas, incluindo os fatores que determinam a sua composição e, consequente-
mente, sobre a história do nosso Sistema Solar.
Os astrónomos usaram o Atacama Large Millimeter Array (ALMA) para obterem a primeira
imagem dessa linha de neve num sistema planetário recém-nascido.

Figura 1 – ALMA (infraestrutura astronómica internacional situada no Chile).

Na Terra, as linhas de neve formam-se a altitudes elevadas, onde as temperaturas baixas


transformam a humidade do ar em neve. Esta linha é claramente visível numa montanha, no
local onde o pico coberto de neve termina e a face rochosa descoberta começa.
As linhas de neve em torno das estrelas jovens formam-se de maneira semelhante, nas
regiões distantes e frias dos discos de poeira, a partir dos quais se formam os sistemas planetá-
rios. Partindo da estrela em direção ao exterior, a água (H2O) é a primeira a congelar, formando a
primeira linha de neve. Mais longe da estrela, à medida que as temperaturas descem, as molécu-
las mais exóticas podem gelar e transformar-se em neve, tais como o dióxido de carbono (CO2), o
metano (CH4) e o monóxido de carbono (CO).
Estes diferentes tipos de neve tornam “pegajosa” e dúctil a camada exterior dos grãos de poeira
cósmica, desempenhando um papel importante: permitem que os grãos não se fragmentem por
meio de colisões podendo, assim, tornar-se nos blocos constituintes de planetas e cometas.

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Cada uma destas diferentes linhas de neve – de água, dióxido de carbono, metano e monóxido
de carbono – podem estar ligadas à formação de tipos particulares de planetas. Em torno de uma
estrela do tipo solar, num sistema planetário como o nosso, a linha de neve de água corresponde-
ria à distância entre as órbitas de Marte e Júpiter, e a linha de neve de monóxido de carbono
corresponderia à órbita de Neptuno.
A linha de neve de monóxido de carbono pode ter outras consequências para além da forma-
ção de planetas. O gelo de monóxido de carbono é necessário à formação de metanol (CH4O), que
é um dos blocos constituintes das moléculas orgânicas essenciais à vida. Se os cometas levarem
estas moléculas para planetas recém-formados, do tipo da Terra, estes poderão ficar equipados
com os ingredientes necessários à Vida.
Fonte:
www.eso.org (consultado em abril de 2014)
http://www.almaobservatory.org/ (consultado em abril de 2014)

Nas questões 1. a 6., selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.

1. Segundo a Teoria Nebular, o arrefecimento da nuvem protoplanetária que deu origem ao Sistema
Solar ocorreu
(A) da periferia para o centro.
(B)
do centro para a periferia.
(C) unicamente na zona central.
(D) unicamente na zona periférica.

2. No caso do Sistema Solar, a linha de neve de água separa


(A) os planetas gigantes dos planetas anões.
(B)
os planetas secundários dos planetas anões.
(C) os planetas telúricos dos planetas gasosos.
(D) os planetas dos cometas.

3. A linha de neve de monóxido de carbono poderá assinalar a fronteira onde corpos gelados mais
pequenos se poderão formar, tais como
(A) asteroides e planetas anões.
(B) cometas e asteroides.
(C) asteroides e meteoritos.
(D) cometas e planetas anões.

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4.  concentração de gases e de poeiras no plano central de uma nuvem protoplanetária é importante
A
para isolar as áreas mais distantes da radiação estelar e desta forma permitir que o monóxido de
carbono e outros gases possam
(A) aquecer e sublimar.
(B) arrefecer e congelar.
(C) aquecer e evaporar.
(D) arrefecer e gasificar.

5. O processo de é prova de que, num passado distante, a Terra comportou-se como um sistema
.
(A) acreção (…) fechado
(B) acreção (…) aberto
(C) acreção (…) isolado
(D) diferenciação (…) fechado

6. Os diferentes tipos de neve fornecem proteção à poeira da nuvem protoplanetária e podem, ainda,
acelerar drasticamente o processo de
(A) acreção estelar.
(B) acreção planetária.
(C) diferenciação estelar.
(D) diferenciação planetária.

7. Ordene as frases identificadas de A a E, de modo a reconstituir a sequência cronológica dos aconteci-


mentos relacionados com a origem e evolução de planetas telúricos formados em sistemas protopla-
netários semelhantes ao da estrela TW Hydrae.
A. Acreção dos planetesimais em protoplanetas.
B. Rotação de uma nuvem primitiva de gases e poeiras.
C. Formação de planetesimais por aglutinação de poeiras protegidas por uma película de gelo.
D.
Formação de atmosferas planetárias primitivas.
E. Os materiais mais densos migram para as zonas mais internas dos planetas.

8. Explique de que modo o estudo do metanol e outros compostos orgânicos presentes na constituição
química dos cometas pode contribuir para compreender a formação do planeta Terra e fornecer pis-
tas para o aparecimento da vida na Terra.

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Grupo II

Há uma enorme rã nas Caraíbas que come tarântulas e serpentes


Na escuridão da noite nas florestas das Caraíbas, a galinha-da-montanha – uma das maiores
rãs do mundo – foi surpreendida a comer tarântulas e serpentes.
No mundo animal, as tarântulas e as serpentes estão entre os maiores predadores das rãs.
Mas, desta vez, a história acontece ao contrário. Gonçalo M. Rosa, do Centro de Biologia Ambien-
tal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e outros investigadores que trabalharam
na ilha de Montserrat, no mar das Caraíbas, em 2009, descobriram grandes rãs de tons acasta-
nhados – as galinhas-da-montanha (Leptodactylus fallax) – a comer tarântulas-de-montserrat
(Cyrtopholis femoralis), espécie endémica daquela ilha. Na verdade, aquela rã é o primeiro preda-
dor confirmado da tarântula-de-montserrat, dizem os autores do estudo publicado esta semana
na revista Tropical Zoology.


A rã de hábitos noturnos, que passa o dia escondida em buracos e reentrâncias nas rochas,
alimenta-se sobretudo de pequenos grilos e pequenas aranhas que encontra no chão da floresta.
Mas o seu menu é mais diversificado.
A 9 de setembro de 2009, às 20 horas, uma tarântula dirigiu-se devagar na direção de uma rã
quando foi subitamente capturada. Desta vez foram precisos seis minutos para a galinha-da-
-montanha acabar de comer a tarântula. Estas observações foram feitas durante uma expedição
coordenada pelo Zoo de Jersey, e da qual Gonçalo M. Rosa fez parte, para tentar travar a pro-
gressão do fungo Batrachochytrium dendrobatidis, que ameaça a galinha-da-montanha.
Segundo Gonçalo M. Rosa, "as rãs não serão propriamente imunes ao veneno das tarântulas.
Mas as rãs abocanham, mordem e mastigam as tarântulas de tal forma que não lhes dão oportu-
nidade de espalhar o veneno", explicou. Mais tarde, em outubro de 2011 e na ilha de Dominica,
investigadores encontraram restos de serpente-de-julia (Liophis juliae) nas fezes da mesma espé-
cie de rã. Na opinião do biólogo, este estudo "dá-nos uma perspetiva que não é tão usual: a maio-
ria dos relatos de interação de rãs e tarântulas mostram estes aracnídeos como predadores
vorazes das indefesas rãs. Aqui assistimos ao oposto: uma rã a ingerir sem problemas uma
tarântula".
Além disso, a rã apresenta uma dieta da qual também fazem parte serpentes. Contudo, as
capacidades predatórias da rã não lhe garantem a sobrevivência. Hoje, a galinha-da-montanha
está classificada como Criticamente Ameaçada pela União Mundial de Conservação da Natureza
(UICN). Esta espécie existia em pelo menos seis ilhas das Caraíbas mas hoje já só existe em duas:
Montserrat e Dominica. Segundo os investigadores, o declínio deste anfíbio deve-se à perda de
habitat, sobrecaça para consumo e espécies exóticas invasoras.
“A recente introdução do fungo Batrachochytrium dendrobatidis naquelas duas ilhas causou
um declínio dramático nas populações que ainda restavam", acrescentam os investigadores. A
população de Dominica foi quase extirpada na sua totalidade e a de Montserrat foi afetada pelo
fungo mais tarde. Em muitos ribeiros da ilha, os números baixaram também drasticamente.
Vários programas têm juntado esforços para proteger esta espécie de outro obstáculo à rã – o
vulcão da ilha de Montserrat. Este tem tido uma atividade muito intensa e um terço da ilha está
inacessível, sob as cinzas. Muitas áreas de floresta desapareceram.

Fonte: Público, 22 de setembro de 2012 (adaptado)

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Nas questões 1. a 5. selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.

1. A quitina é uma substância que pode ser encontrada


(A) nas membranas das células das galinhas-da-montanha (Leptodactylus fallax).
(B)  na parede celular do fungo Batrachochytrium dendrobatidis e no exoesqueleto das
tarântulas-de-montserrat.
(C) no esqueleto da serpente-de-julia (Liophis juliae).
(D) na parede celular do fungo Batrachochytrium dendrobatidis e no esqueleto da serpente-de-julia
(Liophis juliae).

2. Os grilos e as aranhas que servem de alimento às galinhas-da-montanha


(A) possuem dois fluidos circulatórios distintos, o sangue e a linfa.
(B) apresentam um sistema circulatório duplo e incompleto.
(C) possuem nos vasos o mesmo fluido que preenche as lacunas.
(D) apresentam pigmentos respiratórios nos seus fluidos circulantes.

3. 
As células musculares da galinha-da-montanha obtêm a maior quantidade de ATP, necessária para a
sua atividade
(A)
em consequência da redução de moléculas de NADH que ocorre no citoplasma.
(B) por processos anabólicos que ocorrem no interior das mitocôndrias.
(C) por processos catabólicos que ocorrem no citoplasma.
(D) em consequência da oxidação de moléculas de NADH.

4. A galinha-da-montanha, ao alimentar-se de tarântulas


(A)
ocupa o 2.º nível trófico da cadeia alimentar.
(B) é um consumidor de 1.ª ordem.
(C) é considerado um macroconsumidor.
(D) transforma matéria inorgânica em matéria orgânica.

5. 
As rãs, para se movimentarem de forma eficaz, necessitam de uma rápida condução de impulsos
nervosos. A elevada velocidade dos impulsos nervosos, que ocorre nos neurónios motores das rãs, é
assegurado pela
(A) existência de mielina em torno dos axónios.
(B) existência de um potencial de repouso.
(C) despolarização da membrana dos neurónios.
(D) existência de um potencial de ação.

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6. 
Explique em que medida a atividade do vulcão da ilha de Montserrat contribui para a ameaça à
sobrevivência das galinhas-da-montanha (Leptodactylus fallax).

7. 
Faça corresponder cada uma das descrições relativas a processos envolvidos na nutrição dos verte-
brados expressos na coluna A à respetiva designação, presente na coluna B.
Utilize cada letra e cada número apenas uma vez.

COLUNA A COLUNA B
(a) Pequenas gotículas lipídicas são captadas por vesículas endocíticas das célu- (1) Fagocitose
las da parede intestinal. (2) Pinocitose
(b) Entrada de água da linfa intersticial para o interior das células. (3) Transporte ativo
(c) Entrada de glicose para as células, a favor do gradiente de concentração, com (4) Exocitose
intervenção de uma proteína transmembranar específica (GLUT).
(5) Difusão simples
(d) Células glandulares libertam enzimas, contidas no interior de vesículas, para (6) Difusão facilitada
o tubo digestivo.
(7) Osmose
(e) L ibertação de iões Ca2+ do interior das células para o lúmen intestinal com
(8) Endocitose mediada por recetores
consumo de ATP.

Grupo III

Estrutura interna da Terra – contributos para o seu conhecimento


Para os primeiros estudos da estrutura interna da Terra contribuíram os grandes sismos, que
permitiram estabelecer, entre 1906 e 1936, um modelo base em camadas concêntricas – a
crusta, o manto e o núcleo.

Mais tarde, as ondas sísmicas geradas por ensaios nucleares e pelas bombas atómicas permi-
tiram definir com mais precisão a estrutura do modelo, dado permitirem conhecer, com rigor, o
foco e a quantidade de energia libertada.

Por outro lado, o desenvolvimento de métodos de prospeção sísmica, no âmbito da atividade


mineira, petrolífera, hidrogeológica,..., proporcionou um conhecimento cada vez mais pormenori-
zado da estrutura da crusta e do manto superior. Estes métodos baseiam-se na produção de sis-
mos artificiais, cujas ondas são detetadas por geofones.

Por si só, estes métodos não permitem o conhecimento da toda a estrutura interna da Terra,
na medida em que as ondas geradas artificialmente para a sua aplicação apenas permitem o
estudo dos níveis estruturais superficiais, dado serem ondas de baixa energia e, portanto, com
baixa capacidade de penetração no globo terrestre. Já os sismos naturais de grande magnitude
produzem ondas com energia suficiente para atravessar todo o planeta, o qual reage vibrando
como um todo. A representação gráfica dos tempos de trajeto das ondas sísmicas, às respetivas
distâncias dos sismógrafos, designa-se por curva tempo-distância ou, abreviadamente, curva t-x
(figura 2).
Fonte: GUIMARÃES, P., 2000, Estrutura Interna da Terra – contributos da sismologia

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Distância epicentral (km)

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11 459 15 798
4450 8900 13 340 17 790

45

LQ
40

SP

LR
SK

SS
35 S S
PP PS KK
SK

P KS
30 ScS SKK
Tempo (m)

SKS
S PP
25
SKS PKS PKS

PKP 2
20
PKP
PP PKP
S
ScS da)
rata
15 P (dif
Pcs
P
PP

P
10 PcP

5
LP

0
20 40 60 80 100 120 140 160 180
103 142
Distância epicentral (º)

Fonte:OLROYD, D., 1996, Thinking about the Earth: A History of Ideas in Geology (adaptado)

Figura 2 – Curva t-x de um sismo de foco superficial

Nas questões 1. a 4. selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.

1. Um método direto para investigar a estrutura interna da geosfera é o estudo


(A) do paleomagnetismo dos fundos oceânicos.
(B) de rochas da litosfera.
(C) das anomalias gravimétricas na superfície geosférica.
(D) do comportamento das ondas sísmicas.

2. As ondas sísmicas P geradas por grandes sismos naturais atravessam todo o planeta porque são
(A) de grande magnitude.
(B)
elásticas.
(C) de elevada intensidade.
(D) longitudinais.

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3. 
A 5150 km de profundidade, sensivelmente, as ondas sísmicas aumentam a sua velocidade de propa-
gação porque são transmitidas para um meio
(A) fluido.
(B) de maior densidade.
(C) com maior temperatura.
(D)
sólido.

4. 
Selecione a única alternativa que classifica corretamente as afirmações 1, 2 e 3, relativas à estrutura
interna da geosfera.
1. O limite entre a litosfera e a astenosfera é assinalado pela descontinuidade de Mohorovicic.
2. A zona de sombra é uma faixa da superfície terrestre onde não se propagam ondas sísmicas
internas.
3. Uma das zonas de baixa velocidade das ondas sísmicas internas situa-se no manto superior.
(A) 1 é verdadeira; 2 e 3 são falsas.
(B) 1 e 2 são falsas; 3 é verdadeira.
(C) 2 é verdadeira; 1 e 3 são falsas.
(D) 1 é falsa; 2 e 3 são verdadeiras.

5.  aça corresponder V (afirmação verdadeira) ou F (afirmação falsa) a cada uma das letras das afirma-
F
ções que se seguem, relativas à estrutura interna da geosfera.
(A) A pressão aumenta com a profundidade gerando um gradiente geobárico.
(B) A astenosfera – zona de baixa velocidade sísmica – localiza-se no manto inferior.
(C)
A velocidade de propagação das ondas sísmicas diminui em profundidade função do aumento da
densidade.
(D) O estudo da composição de alguns meteoritos apoia a hipótese de uma composição ferroniqué-
lica para o núcleo.
(E) A propagação das ondas sísmicas internas atinge a sua velocidade máxima no manto.
(F) A litosfera é a camada da geosfera constituída pela crusta e pelo manto superior.
(G)
A velocidade de propagação das ondas sísmicas superficiais, a partir do foco sísmico, é sensivel-
mente constante.
(H) A análise comparativa da densidade média do planeta e da crusta indicia a existência, no interior
da geosfera, de materiais muito densos.

6.  om base nos dados da curva t-x da figura 2, explique a ausência de atividade sísmica expressiva na
C
zona de sombra.

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Grupo IV

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Efeito de bicarbonato de potássio sobre a severidade do oídio em plantas de soja
Na cultura da soja, dezenas de doenças são causadas por fungos, bactérias, nematoides e
vírus. De entre as doenças, o oídio, causado pelo fungo Erysiphe diffusa, requer, em algumas con-
dições, a utilização de fungicidas para garantir a produção, caso contrário as perdas podem atin-
gir até 40%.
O oídio da soja, causado por Erysiphe diffusa, é considerado uma doença esporádica podendo
ocasionar perdas quando atinge proporções epidémicas.
No contexto da procura de tratamentos alternativos, foi realizado um estudo em ambiente de
estufa, tendo-se utilizado uma variedade de soja suscetível de ser infetada pelo oídio. Em vasos
plásticos de 5 litros de volume, contendo uma mistura de solo vermelho e substrato de casca de
pinheiro (80%:20%, respetivamente), foram semeadas quatro sementes, mas deixando desen-
volver apenas duas plantas por vaso.
Foram realizados seis tratamentos diferentes com cinco repetições, totalizando 30 vasos. As
plantas foram mantidas na estufa e no 30.° dia foi realizada a primeira aplicação dos produtos.
Os tratamentos semanais consistiram na pulverização das plantas com concentrações de
0%, 0,25%, 0,50%, 0,75% e 1% (p/v) de bicarbonato de potássio, princípio ativo do produto Kali-
green®, e um fungicida (piraclostrobina + epoxiconazole) na dosagem recomendada.
A inoculação do oídio foi feita através de dispersão, colocando na estufa plantas já infetadas,
sobre as quais foi aplicada ventilação forçada. As avaliações da severidade da doença foram rea-
lizadas semanalmente, antes das pulverizações, sempre no período da manhã.
Paralelamente, verificou-se que as plantas que receberam 0,5%, 0,75% e 1% do produto
apresentaram sinais de fitotoxicidade, traduzidos pelo reduzido desenvolvimento e alteração
morfológica da área foliar (Tabela 1).

Tabela 1 – Efeito do bicarbonato de potássio (Kaligreen®) sobre a percentagem de área foliar afetada por Erysiphe diffusa em
plantas de soja mantidas em estufa.

Tratamento 1.ª avaliação 2.ª avaliação 3.ª avaliação 4.ª avaliação 5.ª avaliação
30 dias após 38 dias após 44 dias após 51 dias após 58 dias após
0 20,85* a D 31,50 a C 41,67 a B 86,25 a A 84,17 a A

0,25% 9,08 b B 11,30 b B 23,25 b A 28,08 b A 31,33 b A

0,50% 3,43 b A 4,65 b A 10,75 c A 7,43 c A 10,55 c A

0,75% 4.22 b A 5,23 b A 2,50 c A 2,75 c A 0,60 d A

1,00% 2,98 b A 4,13 b A 6,33 c A 0,62 c A 0,10 d A

Fungicida 0,98 b A 0,95 b A 2,21 c A 2,63 c A 1,63 d A

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e pela mesma letra maiúscula na linha não diferem estatisticamente. A
primeira avaliação foi realizada no 30.º dia após a emergência e as demais no 38.º, 44.º, 51.º e 58.º dia após a emergência.

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Figura 3 – Efeito do bicarbonato de potássio (Kaligreen®) nas concentrações de
0,25% (A), 0,5% (B), 0,75% (C) e 1% (D) no controle de Erysiphe diffusa de soja.

Fonte: Medice, R.; Bettiol, W.; Altéa, U.Q.M. Efeito de bicarbonato de potássio sobre a
severidade do oídio em plantas de soja. Summa Phytopathologica,
v.39, n.1, p.35-39, 2013. (adaptado)

Nas questões 1. a 5., selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.

1. 
O bicarbonato de potássio mostrou-se capaz de controlar o oídio da soja
(A) apenas em concentrações superiores a 0,50%.
(B) apenas em concentrações inferiores 0,75%.
(C) em todas as concentrações em que o produto foi aplicado.
(D)
de forma inversamente proporcional ao aumento da sua concentração.

2. O objetivo do estudo foi


(A) avaliar a eficiência do bicarbonato de potássio no controle do oídio da soja.
(B) avaliar a eficiência do fungicida no controle do oídio da soja.
(C) determinar a concentração que produzia toxicidade.
(D) determinar a concentração mínima de bicarbonato de potássio capaz de controlar o oídio da soja.

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3. A translocação floémica que ocorre nas plantas da soja implica
(A) diminuição da pressão de turgescência nas células dos tubos crivosos que se encontram nas zonas
de produção de compostos orgânicos.
(B) consumo de ATP por parte das células dos tubos crivosos.
(C) um gradiente de concentração entre os locais de produção e os de armazenamento de compostos
orgânicos.
(D) uma diminuição da pressão osmótica nas células dos tubos crivosos que se encontram nas zonas
de produção de compostos orgânicos.

4. Durante a fase química, ocorre


(A) fixação do CO2 e redução do NADPH.
(B) consumo de ATP e redução de NADPH.
(C) fixação de CO2 e libertação de O2.
(D) consumo de ATP e oxidação de NADPH.

5. Em situações de stresse hídrico (carência de água), nas células estomáticas das plantas de soja, ocorre
(A) diminuição do volume dos vacúolos.
(B) aumento da pressão de turgescência.
(C) entrada de iões K+.
(D) aumento do volume dos vacúolos.

6. 
Os fungos do género Fusicoccum produzem uma toxina – a fusicocina – que tem a capacidade de esti-
mular as bombas de protões, presentes nas membranas celulares, a bombear iões H+ para o interior
das células. Em condições extremas, as plantas morrem por desidratação.
Explique o processo que provoca a morte das plantas quando as células-de-guarda são infetadas por
este fungo.

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Critérios de correção

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GRUPO I
1. (A).
2. (C).
3. (D).
4. (B).
5. (B).
6. (B).
7. B–C–A–E–D
8. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
– o metanol poderá formar-se a partir de neve de monóxido de carbono, o que reforça a ideia que a
maioria dos cometas provém de uma zona exterior à órbita de Neptuno;
– os cometas poderão corresponder a materiais primitivos que não terão sido objeto de alterações
posteriores a nível da composição, o que possibilitará o estudo das condições físicas e químicas da
formação do nosso planeta;
– a presença de metanol e outros compostos ricos em carbono, hidrogénio e oxigénio poderá refor-
çar a hipótese que as moléculas complexas essenciais à vida terão tido uma origem exterior ao
nosso planeta.

GRUPO II
1. (B).
2. (C).
3. (D).
4. (C).
5. (A).
6. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
– a relação entre a atividade vulcânica com libertação de cinzas e o desaparecimento de áreas flo-
restais (por limitar as trocas gasosas/a fotossíntese);
– a relação entre o desaparecimento de áreas florestais e a perda do habitat desta espécie com a
limitação da sua proliferação/sobrevivência.
7. (a) – 2; (b) – 7; (c) – 6; (d) – 4; (e) – 3.

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GRUPO III

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1. (B).
2. (B).
3. (D).
4. (B).
5. Afirmações verdadeiras: A, D, E e H. Afirmações falsas: B, C, F e G.
6. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
­ – a zona de sombra sísmica é a região da superfície da geosfera, situada entre os 11 459 km/103º
e os 15 798 km/142º de distância do epicentro, onde não se propagam ondas sísmicas internas de
elevada energia devido ao ângulo de refração/reflexão que lhes é imposto pela presença do
núcleo externo metálico e fluido;
­ – nesta zona e como evidencia a curva t-x, propagam-se inúmeras ondas, sendo, contudo, ondas que
sofreram reflexões/refrações múltiplas, razão pela qual são ondas de baixa energia que não
geram atividade sísmica significativa.

GRUPO IV
1. (C).
2. (A).
3. (C).
4. (D).
5. (A).
6. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
– a relação entre o aumento da atividade das bombas de protões e o aumento da pressão de turges-
cência/aumento da pressão osmótica seguida da entrada de água;
– a relação entre o aumento da pressão de turgescência e a abertura dos estomas;
– a relação entre a abertura dos estomas e a perda de água, provocando a morte da planta por
desidratação.

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BIOLOGIA E GEOLOGIA 11
Osório Matias | Pedro Martins
a
Guerner Dias | Paula Guimarães | Paulo Rocha

Prova-Tipo Exame | 11.º ANO


Escola

©AREAL EDITORES
Turma N.º Data

Grupo I

A restinga do rio Douro


Na foz do rio Douro, na margem esquerda (a sul) do estuário do rio Douro e com uma exten-
são média de cerca de 800 m, encontra-se um elemento geomorfológico de grande importância
– uma restinga denominada de Cabedelo. A sua formação deve-se à acumulação de areias e
outros materiais sedimentares provenientes da bacia hidrográfica do rio, que ao longo do seu
transporte até ao mar, se vão acumulando junto à foz. Ao longo dos anos algumas das suas carac-
terísticas, bem como a sua posição e dimensão, têm sofrido alterações.

A acumulação de areias que se observa à superfície prolonga-se em profundidade, preen-


chendo o paleovale wurmiano do Douro, formado num dos últimos episódios glaciares, numa
altura em que o nível do mar estava mais baixo do que o atual e a foz do rio se estabelecia na
plataforma continental, cerca de 30 km a oeste da foz atual.

Este cordão arenoso tem uma certa mobilidade e funciona como uma espécie de válvula
reguladora da circulação marinha e fluvial. Em épocas de cheia pode quase desaparecer, facili-
tando o escoamento do caudal fluvial. Em épocas de acalmia da agitação marítima pode lenta-
mente reconstituir-se, criando um obstáculo à penetração da agitação marítima no estuário. Na
atualidade, o canal de navegação do rio Douro sofre a influência de fortes correntes fluviomaríti-
mas que procedem à sua dragagem natural, isto é, à remoção de sedimentos.

Este processo natural tem sido muito perturbado nas últimas décadas, por vários fatores
antrópicos. A tendência para o recuo do Cabedelo manifesta-se desde os finais do século XIX,
tendo provocado uma migração da linha de costa de mais de 600 metros para o interior.

O recuo da restinga tem aumentado o perímetro do estuário exposto à agitação, com graves
consequências para a estabilidade destas zonas e para a população nela residente.

No sentido de se melhorarem as condições de segurança das zonas ribeirinhas e de acesso à


barra e impedir, ou até reverter, o processo erosivo foram construídos dois quebra-mares na foz
do rio Douro.

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a

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Norte Sul
Canal de navegação
Cabedelo
0

Sedimentos
Profundidade (km)

20

Bed Rock

40

60
250 500 750 1000 (metros)

Figura 1 – Corte transversal da zona de encaixe da foz do rio Douro com destaque
do paleovale e do atual canal de navegação.

Porto

Quebra-mar
Norte
Canal de navegação

Obras de reforço
do Cabedelo

Quebra-mar
Sul

Cabedelo

V. N. de Gaia

Figura 2 – Esquema geral das estruturas construídas na embocadura do rio Douro.

Fonte:
GOMES, A.; PEREIRA, J; ARAÚJO, A; (2002) - A riqueza geomorfológica e geológicas da praia de Lavadores (Vila Nova de Gaia) –
Um património a Divulgar e a preservar.
GOMES, F.; PINTO, F; PAREDES, G.; (2009) – Estudo da evolução da fisiografia da restinga do rio Douro desde 2002.
SANTOS, I.; TEODORO, A.; PINTO, F.; (2010) – Análise da evolução morfológica da restinga do rio Douro.

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a
1. 
O paleovale wurmiano do Douro formou-se num regime onde dominavam os processos de

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.
(A) regressivo (…) erosão e transporte
(B) transgressivo (…) erosão e transporte
(C)
regressivo (…) transporte e sedimentação
(D) transgressivo (…) transporte e sedimentação

2. A evolução morfológica da restinga está maioritariamente relacionada com


(A)
a agitação marítima.
(B)
os caudais fluviais.
(C) a agitação marítima e os caudais fluviais.
(D) a agitação marítima e os caudais lagunares.

3. Estimulada pela energia das ondas e das marés que penetram com maior intensidade no estuário,
durante os períodos de fraco caudal fluvial, a extremidade do Cabedelo pode recuar para
(A)
montante (norte).
(B)
montante (leste).
(C) jusante (leste).
(D) jusante (oeste).

4. Para melhorar as condições de segurança da barra do rio Douro e potenciar a estabilização e recupe-
ração da restinga foram construídos dois quebra-mares. Com esta obra de engenharia costeira pre-
tende-se a erosão a que a restinga do rio Douro está sujeita e desta forma promover o do
tamanho e do volume desta estrutura sedimentar.
(A)
aumentar (…) acréscimo
(B)
diminuir (…) decréscimo
(C) aumentar (…) decréscimo
(D)
diminuir (…) acréscimo

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a
5. A mobilidade natural da restinga do rio Douro tem sido afetada ao longo dos tempos por diversos

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fenómenos antrópicos.
Faça corresponder S (sim) ou N (não) a cada uma das letras que identificam as seguintes afirmações,
de acordo com a possibilidade de serem utilizadas como fatores antrópicos que condicionem a mobi-
lidade natural do Cabedelo e favoreçam o seu recuo.

A – Construção de barragens hidroelétricas ao longo do rio Douro.


B – Enchimento artificial da restinga.
C – Construção dos molhes do porto marítimo de Leixões a norte da foz do rio.
D – Extração de inertes do rio.
E – Construção de diversas pontes rodoviárias e ferroviárias.
F – Variação do nível do mar.

6. 
A deposição de sedimentos depende de diversos fatores, nomeadamente da energia do meio. De uma
maneira geral, em ambientes de baixa energia depositam-se sedimentos mais finos e em ambientes
de alta energia depositam-se sedimentos mais grosseiros.
Tendo presente a energia do meio, caracterize a granulometria dos sedimentos nas zonas Oeste, Este
e Norte da restinga da foz do Douro.

Grupo II

Proteína poderá ser chave para travar metástases em doentes com cancro
A proteína periostina poderá ser a chave para travar as metástases, que constituem uma das
maiores complicações para os doentes com cancro, revela um estudo publicado na revista cientí-
fica Nature. Uma equipa de investigadores suíços descobriu que sem a periostina, que existe
naturalmente no organismo, as células cancerígenas espalhadas a partir de um tumor maligno
inicial não podem desenvolver-se em metástases, ou seja, em novos tumores. Os cientistas isola-
ram em ratinhos a proteína nos «nichos» propícios ao desenvolvimento de metástases e conse-
guiram demonstrar que sem ela não há novos tumores. «Sem esta proteína, a célula-mãe cance-
rígena não pode desenvolver uma metástase, desaparece ou torna-se dormente», explicou um
dos investigadores, Joerg Huelsken, citado pela agência AFP. De acordo com o estudo, o bloquea-
mento da ação da periostina impede, por isso, a formação de novos tumores a partir de células-
-mãe cancerígenas difundidas por um tumor maligno inicial. Contudo, os investigadores não
estão certos ainda quanto à possibilidade de ser encontrado um anticorpo equivalente que fun-
cione nos humanos, nem mesmo se o bloqueio da ação da proteína tem os mesmos poucos efei-
tos secundários observados nos ratinhos.

Agência Lusa (adaptado)

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a
Nas questões 1. a 7., selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.

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1. No processo de síntese de periostina, a polimerização de ribonucleótidos é
(A) precedida pela ligação da RNA polimerase a uma das cadeias de DNA.
(B) sucedida pela ligação da DNA polimerase a uma das cadeias de DNA.
(C) precedida pela ligação da DNA polimerase a uma das cadeias de DNA.
(D) sucedida pela ligação da RNA polimerase a uma das cadeias de DNA.

2. Os anticorpos são substâncias de natureza proteica sintetizados por células designadas linfócitos B.
Quando os linfócitos B sintetizam o anticorpo anti-periostina estão a realizar um processo
(A) anabólico, havendo consumo de energia.
(B) anabólico, havendo produção de energia.
(C)
catabólico, havendo consumo de energia.
(D) catabólico, havendo produção de energia.

3. Os meristemas são tecidos constituídos por células


(A) tumorais típicas dos embriões animais.
(B) tumorais típicas das plantas.
(C) indiferenciadas típicas das plantas.
(D) indiferenciadas típicas dos embriões animais.

4. A técnica a que poderá permitir travar a formação de metástases baseia-se


(A) na produção de uma proteína designada periostina.
(B) na modificação de genes envolvidos na produção de metástases.
(C) na modificação da funcionalidade de uma proteína.
(D) na ativação dos genes responsáveis pela síntese de periostina.

5. A proliferação celular que ocorre nas metástases implica


(A) a ocorrência de redução cromática.
(B) a formação do fuso acromático.
(C) uma divisão reducional seguida de um divisão equacional.
(D) fenómenos de crossing-over.

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a
6. No sistema circulatório dos mamíferos, como o ratinho,

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(A) o sangue atravessa os capilares com elevada velocidade.
(B) o sangue abandona o coração a baixa pressão.
(C) é fechado, enquanto que o sistema linfático é aberto.
(D) é fechado, tal como o sistema linfático.

7. Nos mamíferos, como o ratinho, constitui uma adaptação ao meio terrestre


(A) o desenvolvimento de parabrônquios.
(B) o desenvolvimento de eficazes mecanismos de contracorrente.
(C) a existência de extensas superfícies respiratórias intracorporais.
(D) a existência de eficazes mecanismos de difusão direta dos gases respiratórios.

8. 
As células tumorais produzem substâncias angiogénicas, isto é, substâncias que promovem a forma-
ção de novos vasos sanguíneos na região do tumor. Uma linha terapêutica que tem sido explorada
consiste na aplicação de substâncias, como a angiostatina e a vasostatina, que são inibidores da
angiogénese.
Explique como é que a aplicação de inibidores da angiogénese pode constituir um processo de com-
bate a alguns tipos de cancro, limitando o crescimento tumoral e a formação de metástases.

Grupo III

O vale tifónico das Caldas da Rainha


Do ponto de vista geomorfológico, a região de Óbidos/Caldas da Rainha está inserida num
vale tifónico. Esta unidade geomorfológica, situada no interior de um diapiro extruído, formou-se
por erosão diferencial entre os limites do diapiro, constituídos por rochas mais resistentes – cal-
cários – e o seu núcleo, constituído por rochas friáveis – argilitos – e por rochas solúveis
– evaporitos.

Um diapiro forma-se por movimentação de materiais rochosos plásticos (como, por exemplo,
gesso, sal-gema e argilitos) que, comprimidos em profundidade, se movimentam em direção a
zonas de menor pressão, por onde tendem a ascender à superfície. Esta ascensão deforma as
camadas rochosas suprajacentes, podendo culminar no rompimento das rochas de cobertura.
Expostos à ação dos agentes de meteorização, os materiais plásticos são facilmente erodidos,
deixando em relevo as rochas mais duras, originando-se um vale tifónico.

Os geomateriais mais antigos que afloram no vale tifónico das Caldas da Rainha pertencem à
Formação de Dagorda e originaram-se há cerca de 200 milhões de anos, no Jurássico inferior,
correspondendo a materiais silto-argilo-evaporíticos, por vezes margosos, que se terão deposi-
tado em ambientes de clima árido a semiárido.

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A Formação de Dagorda iniciou-se durante as primeiras tentativas de transgressão que ocor-
reram no início do Jurássico, devido ao primeiro episódio de rifting da Pangeia, que principiou a
abertura do Atlântico Norte. Nesta formação rochosa encontram-se importantes ocorrências de
sal-gema, exploradas nas marinhas (salinas artificiais) de Fonte da Bica, Rio Maior, abastecidas
por água salgada extraída de um poço de 6 m de profundidade.
Posteriormente à Formação de Dagorda, ainda no Jurássico inferior, depositou-se uma série
rochosa carbonatada.
No vale tifónico predominam as areias, os calhaus rolados e os arenitos pouco consolidados,
com cerca de 1,8 M.a.
Nesta região regista-se também atividade hidrotermal, tendo a cidade de Caldas da Rainha
nascido e crescido em torno do primeiro hospital termal do mundo.
A figura 1 representa, de forma simplificada, um perfil geológico do vale tifónico das Caldas
da Rainha e estruturas geotectónicas associadas.
A tabela 1 caracteriza parcialmente a água termal da nascente “Piscina da Rainha”, compa-
rando-a com a de uma água subterrânea da região.

Fonte: VEIGA, A., 2011, Caracterização geotécnica dos terrenos do vale tifónico de Parceiros Leiria;
Carta Geológica de Portugal, Notícia Explicativa da folha 26-D, Caldas da Rainha, 1960 (adaptado)

Oeste Este
Vale tifónico das Serra dos Candeeiros
Caldas da Rainha
Caldas da Rainha Vale tifónico de
Rio Maior
S. Martinho do Porto Alcobaça
Oceano
Atlântico

Legenda:
Soco ante-Mesozoico
Formação de Dagorda, Jurássico inferior
Série carbonatada, Jurássico inferior-médio
Formação de Cabaços, Jurássico superior (calcários, margas de arenitos)
Formação de Montejunto, Jurássico superior (calcários, calcários margosos e margas)
Arenitos com fósseis de plantas e de dinossáurios, Jurássico superior tardio
Esforços tectónicos
Diapirismo

Figura 3 – Perfil geológico simplificado do vale tifónico de Caldas de Rainha e área adjacente.

Fonte: ZBYSZEWSKI, G., 1959, L’Étude structurale de l'aire typhonique de Caldas da Rainha (adaptado)

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Tabela 1
Parâmetros analisados Água termal Água subterrânea
T (ºC) 31,1 16,4

pH 6,80 5,20
2+
Ca (mg/L) 267 30
2+
Mg (mg/L) 56 6
+
Na (mg/L) 662 24

HCO (mg/L)
3 317 3

SO (mg/L)
2 639 35

Cℓ (mg/L) 1000 41

Fonte: MARQUES et al, 2012, Contribuição de traçadores geoquímicos e isotópicos para a avaliação das
águas termais das Caldas da Rainha (adaptado)

1. Do ponto de vista geotectónico, o vale tifónico de Caldas da Rainha é uma


(A) antiforma anticlinal.
(B) sinforma anticlinal.
(C) antiforma sinclinal.
(D) sinforma sinclinal.

2. A série de rochas que compõe a formação de Dagorda sedimentou em regime


(A) detrítico-quimiogénico de fácies marinha abissal.
(B) detrítico-quimiogénico transgressivo.
(C) transgressivo com clima árido a semiárido.
(D) de ciclos transgressivos/regressivos com clima quente e seco.

3. Na natureza, o carbonato de cálcio pode ocorrer na forma de calcite e de


(A) aragonite, sendo estes minerais isomorfos.
(B) whiterite, sendo estes minerais isomorfos.
(C) aragonite, sendo estes minerais polimorfos.
(D) magnesite, sendo estes minerais polimorfos.

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a

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4. Faça corresponder cada uma das caracterizações da coluna A à respetiva rocha sedimentar da coluna
B. Utilize cada letra e cada algarismo apenas uma vez.

Coluna A Coluna B
(A) Forma-se no interior de maciços cársicos em erosão. 1. Argilito
2+ 2-
(B) Resulta da precipitação dos sedimentos quimiogénicos Ca e SO .
4 2. Siltito

(C) Rocha detrítica de menor granulometria. 3. Arenito

(D) Rocha carbonatada com teor em argila variável entre 35% a 60%. 4. Marga

(E) Tipo de rocha predominantemente constituída por 5. Calcário

6. Travertino

7. Sal-gema

8. Gesso

5. Explique o enriquecimento químico da água termal da nascente “Piscina da Rainha”.

6. Em 2012, uma companhia petrolífera realizou trabalhos de prospeção de hidrocarbonetos em


Alcobaça.
Explique a importância dos diapiros na prospeção petrolífera por métodos gravimétricos.

Grupo IV

Poliploidia
O cariótipo é o conjunto de cromossomas presente numa determinada célula, que é caracte-
rístico de uma espécie pelo seu número e morfologia. Um cariótipo que apresente o número
normal de cromossomas diz-se euploide. Normalmente, os organismos são haploides (n) ou
diploides (2n). Contudo, erros que podem ocorrer durante a meiose podem multiplicar o conjunto
de todos os cromossomas, originando poliploidias. As poliploidias podem originar indivíduos
cujas células possuam três cópias de cada cromossoma – triploide (3n) – ou quatro cópias tetra-
ploide (4n). Embora, na maioria dos casos, a poliploidia resulte de uma falha na separação dos
cromossomas durante a meiose, em casos mais raros esta situação pode resultar da união de
mais do que dois gâmetas.

Na espécie humana, a polipoidia é letal. No entanto, existem espécies, nomeadamente algu-


mas plantas, em que a poliploidia não só é viável, como pode conduzir à formação de novas espé-
cies. As duas principais espécies de trigo cultivadas comercialmente Triticum turgidum (tetra-
ploide) e Triticum aestivum (hexaploide) são exemplos de polipoidia bem sucedida.

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Na figura seguinte está representada a distribuição percentual de espécies de plantas poliploides por dife-
rentes latitudes em algumas regiões do hemisfério Norte.

80

70 Gronelândia (Sul)
Espécies poliploides (%)

Islândia
60
Noruega
Grã-Bretanha Finlândia
Suécia
Dinamarca
50
Hungria

40
Sicília

30
30 40 50 60 70 80
Latitude (N)

Figura 4 – Distribuição de espécies de plantas polipoides


(em %) em diferentes latitudes do hemisfério Norte.
Fonte: Exame Nacional de Biologia, GAVE, 2001, 1.ª Fase, 1.ª Chamada

Nas questões 1. a 5., selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.

1. Tendo em conta os dados do gráfico é correto afirmar que


(A) a percentagem mais baixa de espécies poliploides encontra-se nas regiões de latitude superior a 60°.
(B)
as regiões de temperaturas mais elevadas são favoráveis à existência de uma grande percenta-
gem de espécies poliploides.
(C) relativamente às latitudes consideradas, a percentagem de espécies poliploides aumenta com a
latitude.
(D) a
 maior percentagem de espécies formadas por duplicação cromossómica encontra-se entre os
50° e os 60° de latitude.

2. Num ciclo de vida haplonte, a meiose


(A) ocorre imediatamente antes da formação do zigoto.
(B) ocorre imediatamente após formação do zigoto.
(C) precede a formação de esporos.
(D) precede a formação de gâmetas.

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3. O trigo duro Triticum turgidum e o trigo comum Triticum aestivum pertencem
(A) à mesma família e à mesma classe.
(B) à mesma espécie e à mesma família.
(C) ao mesmo género e a famílias diferentes.
(D) ao mesmo género e à mesma subespécie.

4. Segundo o sistema de classificação de Whittaker modificado, os indivíduos pertencentes à espécie


Triticum aestivum são incluídos, inequivocamente, no reino Plantae, porque são
(A) autotróficos e apresentam elevada diferenciação tecidular.
(B) multicelulares e autróficos.
(C) eucariontes e autotróficos.
(D) autotróficos e não apresentam diferenciação tecidular.

5. Nas células de Triticum aestivum, a cadeia respiratória


(A) ocorre na membrana interna dos tilacoides.
(B) ocorre no estroma dos tilacoides.
(C) conduz à redução do ácido pirúvico.
(D) conduz à redução do oxigénio.

6. Faça corresponder cada uma das situações expressas na coluna A à respetiva perspetiva evolutiva,
presente na coluna B.

Coluna A Coluna B
As alterações climáticas desempenham um papel importante na evolução dos (1) De acordo com a perspetiva
(a) 
organismos. Lamarckista
(b) As cobras, pelo hábito de rastejarem e passarem através de orifícios, aumentaram o (2) De acordo com a perspetiva Darwinista
seu comprimento. (3) D
 e acordo com a perspetiva Lamar-
(c) O tamanho de uma população de organismos está relacionado com a luta pela ckista e Darwinista
sobrevivência.
(d) Uma população de bactérias tende a crescer segundo uma progressão geométrica.
(e) As modificações nos seres vivos são explicadas pela necessidade de adaptação ao
meio.

7. Sementes de uma planta de uma determinada espécie com 2n = 24 cromossomas foram embebidas
numa solução de colquicina, solução que inibe a formação das fibras do fuso acromático nas células
em divisão. Após a germinação dessas sementes, verificou-se que as células das novas plantas apre-
sentaram 48 cromossomas.

Explique o facto de as células da planta em causa e que resultaram de sementes sujeitas ao trata-
mento com colquicina, apresentarem 48 cromossomas.

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a
Critérios de correção

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GRUPO I
1. (A).
2. (C).
3. (B).
4. (D).
5. Sim – afirmações A, C, D; Não – afirmações B, E e F.
6. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
– a energia nos diversos setores da restinga do rio Douro é condicionada pela variação das marés/
ondulação/corrente marinha e pela corrente fluvial;
– na zona Oeste, de alta energia em resultado da ondulação do mar, depositam-se sedimentos mais
grosseiros. Na zona Este, onde predominam as correntes fluviais de energia mais baixa, deposi-
tam-se sedimentos mais finos;
– na zona Norte da restinga, correspondente ao atual canal de navegação, onde ocorrem fortes cor-
rentes fluviais e marítimas com uma consequente dragagem natural do canal/erosão do canal, os
fenómenos de sedimentação são irrelevantes.

GRUPO II
1. (A).
2. (A).
3. (C).
4. (C).
5. (B).
6. (C).
7. (C).
8. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
– os vasos sanguíneos são fundamentais para o fornecimento de oxigénio e nutrientes às células
tumorais, permitindo o crescimento do tumor;
– os vasos sanguíneos permitem que as células abandonem o tumor original e formem novas
metástases;
– ao limitar o crescimento do tumor (por falta de O2 e nutrientes) e a disseminação, podem comba-
ter alguns tipos de cancro.

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a
GRUPO III

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1. (A).
2. (D).
3. (C).
4. (A) – 6
(B) – 8
(C) – 1
(D) – 4
(E) – 3
5. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
– as águas termais são águas quentes com temperaturas de emergência superiores a 20 ºC, o que
aumenta o seu poder de dissolução, razão pela qual são ricas em sais minerais;
– o aumento da concentração de HCO3–, de Ca2+ e de Mg2+ pode ser atribuído à interação entre a água
termal e as rochas carbonatadas do Jurássico (calcários, margas);
– as concentrações em Na+, Cl– e SO42– e (também Ca2+) estarão associadas à dissolução da halite
(NaCℓ) e de gesso (CaSO4) presentes na formação de Dagorda.
6. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
– as áreas diapíricas revelam anomalias gravimétricas negativas, devido à menor densidade das
rochas evaporíticas/sal-gema e gesso, comportamento que auxilia a sua localização;
– os diapiros podem estar associados a concentrações/jazigos de hidrocarbonetos pois as rochas
evaporíticas/sal-gema e gesso que os constituem, de baixa permeabilidade, atuam como rochas
de cobertura permitindo a concentração do petróleo em armadilhas petrolíferas, como, por exem-
plo, em antiformas.

GRUPO IV
1. (C).
2. (C).
3. (A).
4. (A).
5. (D).
6. (a) – 3; (b) – 1; (c) – 2; (d) – 2; (e) – 1.
7. A resposta deve contemplar os tópicos seguintes:
– a relação entre a não-formação do fuso acromático e a impossibilidade de se realizar a segrega-
ção dos cromatídeos;
– a referência ao facto de, em consequência da ausência de separação dos cromatídeos, as células-
-filhas ficarem com o dobro dos cromossomas característicos da espécie.

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