Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
06 Mensagem do Presidente
MOVE LISBOA (...) UM DESÍGNIO DE É nas grandes cidades, onde habita atual- bientais e vivenciais menos desejados, tendo-se traduzido Grandes desafios exigem uma visão e uma estratégia
mente 70% da população europeia, que numa frequente perda da acessibilidade de pessoas a bens e claras, de modo que todas as ações contribuam para um
TODOS PARA A PRÓXIMA DÉCADA a batalha contra as alterações climáticas serviços, com particular prejuízo das mais frágeis. De facto, mesmo objetivo. É dessa convicção que resulta a MOVE
se perde ou se ganha. Por isso, no Acor- a liberdade de utilização sem restrições do automóvel tem Lisboa - Visão Estratégica para a Mobilidade de Lisboa
do de Paris, as partes assumiram como ajudado à dispersão urbana e à diminuição da liberdade dos 2030: um documento onde se definem as nossas am-
meta atingir a neutralidade carbónica em 2050. A Comissão que veem diminuído o acesso aos transportes públicos e di- bições relativas à mobilidade e à acessibilidade para os
Europeia definiu metas ambiciosas na área dos transportes: ficultada a possibilidade de se deslocarem a pé e de bicicleta. próximos anos.
diminuir para metade o número de automóveis de combustão Contrariando esta tendência, propomos que em 2030 Exigem, igualmente, um compromisso alargado não
interna utilizados no transporte urbano até 2030; retirá-los Lisboa seja uma cidade mais saudável e mais livre, sob pena apenas da cidade de Lisboa, mas também dos municípios
de circulação nas cidades até 2050; descarbonizar a logística de ver defraudadas as expetativas criadas relativamente a envolventes, de instituições, empresas e cidadãos.
nos grandes centros urbanos até 2030. uma sociedade que se quer justa e para todos. Concretizar a MOVE Lisboa deverá, pois, ser um desíg-
Cidade ecologicamente responsável e Capital Verde Eu- A este nível, os desafios são muitos. Epicentro de uma nio de todos para a próxima década.
ropeia 2020, Lisboa ultrapassou já as metas definidas no área metropolitana dividida pelo rio Tejo, Lisboa transfor-
Pacto dos Autarcas para 2020 e cumprirá, também, as metas mou-se na charneira de ligação entre as duas margens que, Fernando Medina
com que se comprometeu com a assinatura do novo Pac- no seu conjunto, agregam quase 3 milhões de habitantes.
to Global de Autarcas para o Clima e Energia: redução das Diariamente, realizam-se dentro do seu perímetro urbano
emissões de GEE em 40% até 2030, entretanto revistas em mais de 1 milhão de viagens. É uma cidade com um centro
alta no Plano de Ação para as Energias Sustentáveis e o Cli- histórico de extraordinária mais-valia paisagística, cultural e
ma (2018), onde se aponta para 60% em 2030. E fá-lo não turística, mas cuja orografia impõe desafios importantes à
apenas por uma questão de sustentabilidade global, mas mobilidade e exige um equilíbrio permanente entre o espaço
também local, porque as ações em implementação neste urbano e as várias soluções de transporte.
âmbito concorrem igualmente para garantir uma população Em 2017 Lisboa conseguiu recuperar a gestão da CAR-
mais saudável e com melhor qualidade de vida, uma socie- RIS e assume-se agora como a gestora do seu sistema de
dade mais democrática e equitativa, uma Lisboa mais atra- transportes, no seio de uma Área Metropolitana que procu-
tiva para residentes, empresas e visitantes, uma cidade mais ra, também ela, contribuir ativamente para a alteração do
resiliente a fenómenos globais, sejam climáticos, pandémi- paradigma da mobilidade, de que é exemplo a criação da
cos ou outros. Acresce que promover uma mobilidade sus- Transportes Metropolitanos de Lisboa em 2018. A pé, de bi-
tentável é uma oportunidade económica, permite aumentos cicleta, em transportes públicos ou em veículos partilhados,
de eficiência energética, minimiza externalidades do sistema a cidade de Lisboa pretende oferecer respostas adaptadas
de transportes, gera emprego e aumenta o rendimento dis- a cada pessoa e a cada momento, num quadro global de
ponível das famílias. desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivo, em
Se é verdade que o acesso ao automóvel trouxe maior que o automóvel deixa de ser uma necessidade, mesmo em
mobilidade, é também certo que incorporou impactos am- tempos de pandemia, para passar a ser uma opção.
MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030
MOBILIDADE MAIS DESCARBONIZADA, Tempo é um dos bens mais preciosos clara na humanização da cidade e na melhoria da qualidade de bairros mais tranquilos. Deixará também uma perceção
da sociedade de hoje, e a qualidade da do espaço público. O cidadão tem sido posto no centro do diferente do que pode ser o futuro do trabalho, em parti-
INCLUSIVA E SEGURA mobilidade nas cidades condiciona dire- desenho urbano, priorizando-se o espaço pedonal e a cria- cular nos serviços, onde o teletrabalho abre novas formas
tamente a disponibilidade deste recur- ção de condições para promover o uso da bicicleta, sendo o de organização da nossa vida em sociedade, e impacta de
so. Uma decisão correta pode devolver transporte público a espinha dorsal da estratégia de mobili- forma objetiva as cargas na cidade em diferentes períodos
tempo aos indivíduos e às famílias, tornando a vida em so- dade na cidade, o que permite conciliar qualidade de espaço do dia. Em boa parte, esta pandemia reforça o que propõe
ciedade mais plena e proveitosa. Foi este o motivo que há 20 público com acessibilidade , em particular numa cidade com a MOVE Lisboa.
anos levou a dedicar-me profissionalmente ao tema. movimentos pendulares tão significativos como Lisboa. A MOVE Lisboa não é um plano, é uma visão de onde quere-
Hoje, sendo pai de dois filhos - o mais velho dos quais Todos os modos de transporte fazem parte da solução, mos chegar e os caminhos que propomos usar. É um documen-
atinge a idade adulta em 2030 - os desafios são para mim mas a cidade das décadas de 80 e 90, desenhada para o to que renova a estratégia de mobilidade na cidade de Lisboa,
claros. Enquanto sociedade comprometemo-nos com eles e automóvel particular, constitui hoje um fardo no legado ur- criado por diferentes gerações de técnicos da Câmara Munici-
com oitenta mil jovens e crianças da cidade de Lisboa a ter banístico de Lisboa, com vias onde não se consegue viver, pal, com o suporte, orientação e apoio do atual executivo.
nessa data uma cidade melhor. E é exatamente isso que nos elevados problemas de sinistralidade rodoviária, reduzida Este é um documento que corresponde à visão do exe-
é exigido em particular pelos jovens adultos. qualidade ambiental e ausência de condições de fruição de cutivo da Câmara Municipal de Lisboa. Num mundo em que
Restam-nos apenas 10 anos, o que significa, em tempo espaço público. a mobilidade já não se gere apenas em plano, mas cada vez
de cidade, uma única oportunidade de fazer bem em todas A cidade não será sustentável sem o contributo de uma mais em tempo real, o futuro para estas entidades, em par-
as áreas, sem hesitações e com determinação, para cumprir mobilidade mais descarbonizada, inclusiva e segura, pelo que a ticular para a Direção Municipal de Mobilidade e para o Cen-
o nosso compromisso. meta é a redução do uso do automóvel particular para não mais tro de Gestão de Inteligência Urbana de Lisboa, é de enorme
Tive a felicidade de participar no estudo “Lisboa: o de- de 34% das deslocações na cidade de Lisboa, o que permite exigência. Esta transformação só será conseguida com a
safio da Mobilidade”, documento de referência em Portugal equilibrar o espaço atribuído aos outros utilizadores e modos mobilização do capital humano destas orgânicas, com a sua
como um primeiro exercício de diagnóstico da mobilidade de transporte, nomeadamente aos mais vulneráveis. Só assim capacitação e uma forte modernização das tecnologias que
de uma cidade que já então apontava soluções concretas conseguiremos uma melhoria substancial da qualidade do ar, as ligam ao ecossistema da mobilidade.
para Lisboa. Estávamos em 2005, não havia uma tradição do do ambiente urbano e do espaço público, e poderemos alcançar Por fim, gostava de deixar uma palavra a todos os que
planeamento da mobilidade per se e começava pela primeira a Visão Zero - zero mortes nas ruas de Lisboa até 2030. no passado serviram na defesa do interesse público, con-
vez a fazer parte do léxico das cidades o conceito de mobi- À data da publicação deste texto, o mundo vive a pan- tribuindo para a melhoria da mobilidade em Lisboa, e uma
lidade sustentável. demia COVID-19, provocada pelo vírus SARS-CoV-2, que palavra muito amiga, de respeito e reconhecimento profis-
Nos últimos anos a cidade de Lisboa transformou-se. veio alterar profundamente a forma como vivemos como sional, pela transformação que Manuel Salgado e José Sá
Uma geração de técnicos superiores integrou o município sociedade. É um fenómeno que marcará uma geração, pela Fernandes trouxeram à cidade: o primeiro com uma enorme
com mais competência na área da mobilidade e espaço pú- tragédia que é à data de hoje, mas do qual não poderemos melhoria do espaço público e das condições para andar a pé,
blico, e um foco inequívoco no cidadão, com o objetivo de deixar de retirar lições para o futuro. o segundo com uma forte promoção dos espaços verdes da
criar uma cidade mais inclusiva e acessível a todos. Esta pandemia reforça a ambição na melhoria das con- cidade e do crescimento da rede ciclável.
Com as presidências de António Costa e Fernando Medi- dições ambientais de Lisboa, sendo clara a urgência da me-
na, tem havido da parte do município de Lisboa uma aposta lhoria da qualidade do ar e as oportunidades que resultam MIGUEL GASPAR
VISÃO ESTRATÉGICA
PARA A MOBILIDADE
2030
10 11
MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030 DA MOBILIDADE
Criar um ecossistema de mobilidade centrado nas pessoas,
que seja acessível, útil, confiável e seguro, assente numa rede integrada
QUE TEMOS
de transportes públicos completada por soluções inovadoras,
que permita escolhas conscientes e sustentáveis, posicionando,
À MOBILIDADE
até 2030, Lisboa como a capital europeia de referência QUE QUEREMOS
na área da mobilidade.
12
MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030
DA MOBILIDADE A Área Metropolitana de Lisboa (AML) re- face a 14% do automóvel. Desde então a repartição modal
gistou nas últimas décadas importantes di- foi alterada profundamente, com o automóvel a assumir o
QUE TEMOS nâmicas urbanas, sociais e económicas, que papel central no sistema de mobilidade, representando em
se revelaram determinantes nas escolhas de 2017 cerca de 46% das deslocações com origem e destino na
À MOBILIDADE mobilidade da população e na consequente cidade, comparativamente a apenas 22% do transporte públi-
QUE QUEREMOS evolução do sistema de transportes e respe- co. No que concerne à Área Metropolitana de Lisboa, a parcela
tiva repartição modal. Entre essas dinâmi- das deslocações em automóvel é ainda maior, representando
cas, duas assumem particular relevância: primeiro, o fluxo perto de 60%. Por outro lado, as deslocações a pé já consti-
demográfico de saída de residentes em Lisboa para os con- tuíam, em 2017, 30% das viagens na cidade de Lisboa, o que
celhos vizinhos da AML e, segundo, a proliferação da posse
e uso generalizado do automóvel. No início da década de
representa um aumento relativamente a 2001 e 2011, quando
o seu peso era de 21% e 17%, respetivamente. E também a
REPARTIÇÃO MODAL 2017
1980, a população residente na cidade de Lisboa ultrapas- utilização da bicicleta tem vindo a crescer. Apesar de estar
sava os 800 000 habitantes. Desde então, registou-se uma ainda em valores residuais, representando em 2017 cerca de VEÍCULO AUTOMÓVEL PRÓPRIO 46%
progressiva diminuição no número de residentes que, em 0,6% das deslocações na cidade, este valor corresponde a um
2017, rondava os 500 000 habitantes. No conjunto da AML, aumento próximo dos 200% em relação a 2011. TRANSPORTES PÚBLICOS
verificou-se uma dinâmica contrária, com um aumento glo- Reverter a atual repartição modal, de forma a libertar es-
bal da população que ultrapassou a barreira dos 2 800 000 paço público para os cidadãos e garantir a convergência com 22%
COLETIVOS
habitantes em 2011. os objetivos do Acordo de Paris, nomeadamente a neutralidade
Todavia, esta diminuição da população da cidade não carbónica em 2050, constitui o maior desafio das políticas de OUTROS32%
significou a redução da pressão sobre o sistema de mobili- mobilidade para a cidade de Lisboa. Para tal é preciso mudar
dade de Lisboa. Pelo contrário, a reorganização demográfi- de paradigma; é importante fomentar soluções que permitam
ca da AML alterou os padrões de mobilidade, o que, aliado a
uma massificação na utilização do automóvel, a um contínuo
reduzir a dependência do veículo próprio, melhorando a quali-
dade de vida e a saúde dos lisboetas. Lisboa necessita de ade-
META 2030
investimento em infraestruturas rodoviárias, com portagens quar o sistema de transportes públicos às zonas habitacionais
subsidiadas, e às reduções fiscais na atribuição dos veículos e respetivos fluxos migratórios, respondendo de forma eficaz e VEÍCULO AUTOMÓVEL PRÓPRIO 34%
de empresa, provocou uma procura excessiva na rede rodo- eficiente aos requisitos de mobilidade dos seus cidadãos.
viária de Lisboa, com consequências ao nível da circulação e
estacionamento, bem como da segurança e da qualidade de
Assistimos hoje a uma alteração vertiginosa das políti-
cas de mobilidade a nível global, em que estratégias ultra-
MODOS ALTERNATIVOS 66%
vida de quem habita e usa a cidade. Para isso também contri- passadas de predict and provide, que visavam o aumento das
buiu uma desadequação crescente do sistema de transportes infraestruturas para o tráfego rodoviário individual, foram
públicos à nova realidade da mobilidade das pessoas. substituídas por outras, mais focadas na humanização das ci-
Com efeito, grande parte dos trabalhadores e estudantes dades e no aumento da qualidade de vida de quem as utiliza.
SABIA QUE ENTRAM TODOS OS DIAS
na cidade de Lisboa continua a privilegiar a utilização do au- Em Lisboa, têm sido feitos esforços no sentido de devolver o
tomóvel nas deslocações diárias. Em 1981, o transporte públi- espaço público às pessoas, merecendo destaque a alteração CERCA DE 370.000 CARROS NA CIDADE DE
co era o principal modo de transporte utilizado nas desloca- proposta pelo PDM de 2012 onde, pela primeira vez, se articu- LISBOA? ALINHADOS PERMITIRIAM FAZER
ções casa-trabalho ou casa-escola, com uma quota de 67% lam as políticas de mobilidade e de ordenamento do territó- UMA FILA DE LISBOA A PARIS. *DADOS DE 2018
14 15
MOVE LISBOA MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030 VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030
rio. Neste âmbito, salienta-se: a multifuncionalidade proposta o Passe Único Metropolitano permitiu eliminar quase 4000 Por outro lado, a EMEL, assumindo-se como empresa de Lisboa é hoje reconhecidamente um palco de inovação na
para a generalidade do território; a proximidade de interfaces tarifários distintos e teve um impacto sem precedentes na mobilidade, passa a oferecer novos serviços de mobilidade mobilidade. A cada passo surgem e abraçam-se novas ideias,
de transportes como critério para a demarcação das novas economia das famílias dos 18 municípios, que viram fixado complementares, de que o Sistema de Bicicletas Públicas novos projetos, que rapidamente extravasam as fronteiras da
polaridades urbanas; a introdução de limites máximos para em 80€ por família o limite máximo a pagar pelo acesso a Partilhadas GIRA é um exemplo de sucesso. cidade. E a AML, centrada na grande praça que é o rio Tejo,
a criação de estacionamento privado na proximidade das es- uma rede que inclui todos os operadores da AML, quando Esta dinâmica dá indicações ao sistema de transpor- uma hidrovia que também urge explorar com inovação, é um
tações de transporte público; a revisão da hierarquia da rede antes podia haver lugar a despesas familiares superiores a tes e influencia e inspira novas soluções. O setor privado beneficiário direto da dinâmica que Lisboa impõe.
viária, no sentido de desincentivar o rápido acesso automóvel 400€ por família. Com a possibilidade de gerir localmente a percebeu já as indicações dadas pelas cidades e, apoiado Em suma, se as últimas décadas foram fortemente marca-
ao centro da cidade através dos eixos radiais e de retirar da CARRIS, a autarquia pode reestruturar a sua rede, renovar em tecnologias inovadoras, começou a oferecer serviços de das pela expansão da mancha urbana, a nível metropolitano,
zona histórica e ribeirinha o tráfego de atravessamento, tendo a sua frota, melhorar a sua oferta, aumentar o nível do seu mobilidade radicalmente diferentes, baseados em partilha muito suportada pelo transporte individual, torna-se agora
em vista a reabilitação urbana da mesma. serviço, oferecer novos produtos, ajustar os tarifários, me- e conexão de dados e veículos, maioritariamente susten- fundamental garantir uma oferta de mobilidade mais racio-
Outros instrumentos fundamentais introduzem ou en- lhorar a relação com a cidade, residentes e visitantes. O au- tados em plataformas de smartphones, e com modelos de nal, sustentável e acessível, mas também mais atualizada,
quadram medidas de promoção da mobilidade sustentável mento substancial da frota de autocarros, a contratação de negócio disruptivos, criando dinâmicas diferentes, impondo eficiente e atrativa. Pretende-se, assim, uma solução de mo-
e inclusiva na cidade, nomeadamente: o Plano de Acessi- mais motoristas, a criação de novas linhas e o alargamento ritmos acelerados e obrigando as cidades a reinventarem- bilidade integrada, em que os transportes públicos funcionem
bilidade Pedonal, o Plano Estratégico de Desenvolvimento da rede de elétricos, são medidas em curso que apontam já -se para se adaptarem, dada a força com que entram no em perfeita articulação com os modos ativos e os serviços
Urbano, o Plano Geral de Intervenções da Frente Ribeirinha a estes objetivos. Também o lançamento do concurso para mercado. São disto exemplo os serviços partilhados de car- partilhados, em que prevaleça a facilidade de utilização do
de Lisboa, o Programa “Uma Praça em cada Bairro”, o Pavi- a aquisição do serviço público de transporte rodoviário de ros, motos, bicicletas e trotinetas, bem como os serviços de sistema em termos de acessibilidade, informação, bilhética e
mentar Lisboa 2015-2020, a Estratégia Municipal de Adap- passageiros na área metropolitana de Lisboa levará a um transporte em veículos descaracterizados a partir de plata- preço, assente em sistemas de informação baseados na par-
tação às Alterações Climáticas, o Plano de Ação de Ruído e o aumento de 40% na oferta. formas eletrónicas. tilha de dados e garantindo uma melhor articulação entre o
Plano de Ação de Energia Sustentável e Clima. espaço público e as infraestruturas de transportes.
Mais de metade dos movimentos pendulares diários É nesse sentido que surge a MOVE Lisboa, um instru-
provenientes dos concelhos vizinhos é feita com recurso ao mento que pretende guiar a cidade na próxima década
automóvel. Este desequilíbrio poderá ser corrigido se, por rumo a uma cidade mais resiliente e com melhor qualida-
um lado, a oferta de transportes públicos for melhor, mais de de vida, fatores que provaram ser determinantes numa
integrada e complementada por modos ativos e outros ser- época de pandemia. Procura-se, assim, uma repartição mo-
viços de mobilidade e, por outro, se a população da cidade dal mais equilibrada, assente num sistema de mobilidade
de Lisboa aumentar, crescendo assim a resposta interna à integrada e conectada, alicerçado numa rede integrada e
sua oferta de emprego. Com a Câmara Municipal de Lis- multimodal de transportes públicos, numa rede pedonal e
boa a reforçar as suas competências na gestão e fiscaliza- ciclável segura, funcional e apelativa, e na proliferação de
ção da mobilidade da cidade, numa relação estreita com a serviços de mobilidade baseados em tecnologias mais lim-
Área Metropolitana de Lisboa e o Governo da República, irão pas, garantindo que, no futuro, Lisboa seja uma cidade de
conseguir-se melhorias significativas no serviço, tornando a emissões nulas, com elevados níveis de qualidade ambien-
utilização dos transportes públicos numa verdadeira opção tal, económica e social.
de mobilidade. Exemplo paradigmático foi a criação do Passe Assim, a MOVE Lisboa pretende ser uma ferramenta
Único Metropolitano, fixado em 30€ em Lisboa e 40€ na AML, para ajudar a atingir um dos objetivos estratégicos do go-
uma medida histórica de simplificação e de redução dos tari- verno da cidade: garantir MOBILIDADE ACESSÍVEL, AO
fários que levou a um aumento de 30% na procura. De facto, ALCANCE DE TODOS.
16 17
MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA
PARA A MOBILIDADE
2030
18 19
MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030
MOVE LISBOA Lisboa é hoje uma cidade particularmente que permitam reduzir a dependência do veículo próprio, crian- ser reservada ao trânsito local, transportes públicos, modos
atrativa. Deve-o à sua história, à sua geo- do alternativas que permitam promover a racional transferên- ativos, sistemas partilhados e veículos conectados e amigos
VISÃO ESTRATÉGICA grafia, às suas gentes e à forma como tem cia modal, melhorar a mobilidade e aumentar a acessibilidade. do ambiente.
vindo a desenvolver-se nos últimos anos. A Lisboa que ambicionamos é uma cidade com uma vida Deve ser fomentada também uma logística urbana mais
PARA A MOBILIDADE Em 2030, porém, Lisboa deverá ser uma de bairro, de quotidiano de proximidade, resguardado do trá- eficiente e sustentável, através da limitação dos horários de
2030 cidade ainda mais apelativa, fruto das mu- fego intenso, onde as pessoas se deslocam preferencialmente cargas e descargas, da otimização dos locais reservados para
danças que se preveem e de muitas outras a pé, de bicicleta ou em carreiras de bairro. Para tal, as barrei- este fim, assim como de soluções de micrologística, com re-
já iniciadas. ras pedonais serão diluídas, os percursos tornar-se-ão con- curso a sistemas de informação e comunicação e uso de veí-
A Lisboa que ambicionamos é uma cidade com um ecos- fortáveis e acessíveis e o tráfego circulará mais calmamente, culos mais ecológicos, distribuindo deste modo mais carga
sistema de mobilidade centrado nas pessoas, que seja acessí- passando a conviver de forma amistosa com peões e bicicle- em menos viagens e em menos tempo.
vel, útil, confiável e seguro, assente numa rede integrada de tas para segurança de todos. As ruas serão zonas de encontro Ao alterar a forma como as pessoas e as mercadorias se
transportes públicos complementada por soluções inovado- e fruição onde habitantes e visitantes se cruzarão e trocarão deslocam na cidade e acedem às suas funções e destinos,
ras, que permita escolhas conscientes e sustentáveis. experiências, onde o comércio e a cultura marcarão o ritmo, promover-se-á a igualdade de oportunidades, a melhoria da
Lisboa é, em 2020, Capital Europeia Verde, mas a transfor- onde as crianças poderão brincar e os idosos conviver. saúde da qualidade de vida da população, a eficiência dos
mação que está a realizar e ambiciona concretizar, permitirá Toda a cidade passará a estar ligada entre si através de serviços e a atratividade da cidade enquanto destino para
posicioná-la, até 2030, como a capital europeia de referência uma rede de eixos multimodais, onde circulará uma rede viver, visitar, estudar e investir.
também na área da mobilidade. de excelência de transportes públicos e novos serviços de
Para tal garantir, a Câmara Municipal de Lisboa assume-se mobilidade, que usará de forma eficiente as infraestrutu-
como a gestora da mobilidade na cidade. Planeia a sua mo- ras rodoviária e ferroviária e explorará de forma inovadora
bilidade e intervém a vários níveis: na gestão da rede viária, a hidrovia que é o rio Tejo, permitindo que qualquer pessoa
incluindo na sinalização luminosa, na estruturação do trans- possa deslocar-se para aceder a funções de escala urbana
porte de superfície, na gestão do estacionamento, na imple- (hospitais, universidades, polos de serviços, estádios, entre
mentação de percursos cicláveis, na promoção de serviços e outros) com flexibilidade e em liberdade de escolha. Essa li-
veículos partilhados, sejam de sua iniciativa ou de iniciativa berdade só será efetiva se for para todos, pelo que, em 2030,
privada, por via da regulação do espaço público e da integra- a cidade deverá ter níveis de acessibilidade cada vez mais
ção com outras formas de mobilidade. universais, garantida pelo desenho inclusivo do espaço pú-
Promovendo a integração entre os serviços municipais, a blico e simplificada pela proliferação de serviços on-line e
Carris, a EMEL e a Polícia Municipal, a Câmara Municipal de Lisboa de teletrabalho.
otimiza os seus meios para garantir melhor oferta de mobilidade. Importa também garantir a proteção progressiva do
Se, por um lado, a autarquia lidera o movimento de assun- centro e ampliar os seus elevados índices de atrativida-
ção do novo paradigma de mobilidade no seu território, por de, conforto, segurança e qualidade ambiental. Para que
outro procura inspirar diversos parceiros e integrá-los na sua a vivência deste espaço seja potenciada e a saúde pública
ação. Atuando diretamente com o Governo da República, a protegida, será necessário eliminar o tráfego de atravessa-
Área Metropolitana de Lisboa, outros Municípios, operadores mento da área central da cidade e torná-la uma zona de
de transportes, empresas de serviços de mobilidade, a Câmara emissões reduzidas, tendencialmente nulas, e de segurança
Municipal de Lisboa trabalha no sentido de fomentar soluções rodoviária máxima. A circulação na Baixa de Lisboa deverá
20 21
MOVE LISBOA MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030 VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030
4. MAIS ACESSIBILIDADE
Fortalecer a acessibilidade, inclusão, conveniência e proximidade da rede e do custo dos transportes a todos,
e promover uma experiência integrada, simples e centrada no utilizador.
5. MAIS INOVAÇÃO
Tornar Lisboa numa cidade pioneira e de experimentação de soluções de mobilidade inovadoras em am-
bientes reais mas controlados, gerando impacto positivo na economia e nos utilizadores.
6. MAIS RESPONSABILIDADE
Consciencializar os cidadãos e as empresas das opções modais e produtos de mobilidade existentes, sensibi-
lizando-os para o impacto do uso do veículo privado, promovendo alternativas sempre que estas existam e
desenvolvendo ações pedagógicas de promoção do espaço público e da mobilidade sustentável.
22 23
NO ÂMBITO DA ESTRATÉGIA DE
MOBILIDADE PRETENDE-SE PARA LISBOA:
AUMENTAR A ATRATIVIDADE de saúde e sinistralidade, em articulação culo particular por parte das famílias. 70% aqueles veículos que, vindos da área me-
DO TRANSPORTE PÚBLICO (TP) com os objetivos defendidos no PAESC. dos adultos que levam as crianças à esco- tropolitana, hoje estacionam nos bairros
Por via da simplificação e redução tarifária, la fazem-no de transporte individual, com residenciais da cidade.
melhoria da sua fiabilidade, regularidade, IMPLEMENTAR MEDIDAS DE PROMOÇÃO maior incidência na rede de ensino privado.
qualidade e aumento da velocidade comer- DA SEGURANÇA NO SISTEMA DE LOCALIZAR NOVOS POLOS DE
cial, nomeadamente através da implementa- MOBILIDADE, ESTRUTURADAS POR VIA EXPANDIR A REDE DE CICLOVIAS, EMPREGO NA ENVOLVENTE DAS
ção de corredores BUS de elevado desem- DO PLANO MUNICIPAL DE SEGURANÇA TORNANDO-A MAIS ABRANGENTE INTERFACES DE TP
penho, da criação de faixas dedicadas ao TP RODOVIÁRIA Permitirá absorver deslocações atualmente Permitirá concentrar o emprego nas zonas
nas principais vias de acesso a Lisboa, da fis- Permitirá ter ruas seguras, que ambicionem feitas em automóvel e oferecer alternativas melhor servidas de transporte público, redu-
calização do estacionamento na via pública zero mortes nas estradas de Lisboa. de mobilidade, em linha com o esforço feito zindo a necessidade de utilização do auto-
e da priorização semafórica. até aqui, e que contribui para, em 6 anos, móvel, fortalecendo os operadores de TP e
Permitirá aumentar a eficácia e previsibi- CONCRETIZAR UMA ESTRATÉGIA triplicar o total de viagens em bicicleta. aumentando a qualidade dos seus serviços.
lidade dos transportes públicos, recuperar DE ACELERAÇÃO DA ADOÇÃO
passageiros, reduzir o congestionamento. DA MOBILIDADE ELÉTRICA AUMENTAR A POPULAÇÃO RESIDENTE ASSUMIR NOVAS FORMAS DE TRABALHO
Adaptando a cidade a estes veículos, quer Permitirá reduzir a pendularidade, aumen- Aprendendo com as condições geradas
INTEGRAR NOVOS SERVIÇOS na perspetiva das redes de carregamento, tando as deslocações casa - trabalho/escola, pela pandemia, resultando em maior apro-
DE MOBILIDADE NO SISTEMA quer na discriminação positiva da sua utili- feitas a pé, de bicicleta e de transportes pú- veitamento do teletrabalho e desfasamento
DE TRANSPORTES zação, nomeadamente por via das zonas de blicos, e diminuir a necessidade de entrada de horários de entrada, com impactos sig-
Criando condições para a existência de pla- emissões reduzidas. diária de automóveis particulares na cidade. nificativos nas dinâmicas das famílias e das
taformas integradas de serviços de mobi- Permitirá reduzir localmente as emissões suas cadeias de mobilidade.
lidade, numa lógica de mobilidade como de GEE e de poluentes atmosféricos. PROMOVER A UTILIZAÇÃO DO RIO TEJO Permitirá reduzir o número de desloca-
serviço, garantindo informação ao público, COMO INFRAESTRUTURA PARA ções pendulares e achatar os picos das ho-
simplicidade na aquisição de serviços e me- REQUALIFICAR O ESPAÇO PÚBLICO A MOBILIDADE FLUVIAL ras de ponta.
lhoria da qualidade e eficiência dos mesmos. E A REDE PEDONAL Considerando o rio Tejo uma hidrovia me-
Permitirá aumentar a multimodalidade Permitirá humanizar a cidade, reduzindo tropolitana, que garanta a mobilidade ao DEFENDER A URGÊNCIA DO INVESTIMENTO
acrescentando flexibilidade e abrangência deslocações automóveis de curta distân- longo da cidade e entre margens. DE ÂMBITO METROPOLITANO NOS MEIOS
ao sistema de transportes. cia, potenciando a identidade dos bairros Permitirá a implementação de uma rede PESADOS DE MOBILIDADE (comboio,
e melhorando a acessibilidade universal de transportes fluviais, coletivos e indivi- metro, fluvial), nomeadamente no âmbito de
RESTRINGIR O ACESSO DE CARRO à rede de TP e de equipamentos. duais ao longo da frente ribeirinha. novos ciclos de programação de fundos.
PRIVADO À BAIXA E COLINAS
ENVOLVENTES MELHORAR A MOBILIDADE DE E PARA CONTINUAR O DESENVOLVIMENTO REFORÇAR A COORDENAÇÃO DE NÍVEL
As zonas históricas da cidade deverão passar A ESCOLA DE PARQUES DE ESTACIONAMENTO METROPOLITANO DOS SISTEMAS DE
a ser reservadas a transportes públicos, mo- Permitirá reduzir o número de viagens em DISSUASORES JUNTO MOBILIDADE, nomeadamente através do
dos ativos, sistemas partilhados e veículos veículo particular para a escola, por via da ÀS INTERFACES DE TP DA PERIFERIA, pleno desenvolvimento da empresa de
verdes. Estas restrições deverão estender-se promoção do acesso em transporte público, COM INTEGRAÇÃO TARIFÁRIA Transportes Metropolitanos de Lisboa e
progressivamente a outras zonas da cidade. modos suaves ou ridesharing, fomentando Permitirá promover o park&ride, reduzin- da assunção, pela Área Metropolitana, das
Permitirá melhorar a qualidade de vida a segurança na envolvente das escolas e re- do a entrada de automóveis na cidade de funções de autoridade de transportes sobre
urbana e obter ganhos diretos em termos duzindo a necessidade de utilização do veí- Lisboa e oferecendo uma solução para todos os meios.
24 25
UMA SOLUÇÃO
INTEGRADA
DE PLANEAMENTO
E GESTÃO
26 27
MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030
UMA SOLUÇÃO Dada a complexidade do sistema de oferece uma rede de transportes públicos abrangente, que Da definição coerente destas redes e serviços e dos
transportes, a necessidade do seu fun- se encontra em fase de investimento na infraestruturação referidos eixos transversais, surgirá uma Lisboa acessível,
INTEGRADA cionamento em cadeia e a diversidade de dos modos ativos e que está a lançar serviços partilhados onde as pessoas, independentemente da sua condição físi-
fatores que contribuem para as opções to- ca ou económica, poderão deslocar-se livremente e aceder
DE PLANEAMENTO de elevado impacto. A definição de medidas assertivas em
aos bens e serviços de que necessitam.
madas por quem se desloca, a MOVE Lisboa termos de gestão pode contribuir de forma determinante
E GESTÃO propõe um conjunto de diretrizes para que para o sucesso destes novos investimentos, potenciando a
se consiga obter uma significativa redução utilização das infraestruturas e maximizando as possibili-
na utilização do automóvel particular e, consequente- dades de êxito da sua integração na vida da cidade, com
TURÍSTICOS
mente, uma maior utilização dos transportes públicos e reduzidos rácios custo/benefício.
dos modos ativos. As ações de gestão permitem também garantir a inte- COMPLEMENTARES
Embora o investimento em infraestrutura seja necessá- gração e coerência das medidas concretas a implementar LOGÍSTICA URBANA
rio para a resolução de certos aspetos do sistema de trans- no âmbito das 5 redes e dos 5 serviços, bem como o ali-
portes, muito pode e deve ser feito para potenciar os meios PARTILHADOS
nhamento das mesmas com a visão definida. Esta atuação
existentes, esperando-se desta atuação, que integra Planea- integrada possibilita, assim, assegurar a otimização dos ESTACIONAMENTO
mento e Gestão, melhorias relevantes neste sistema. recursos públicos.
INTERFACES
Neste sentido, foi proposto um Planeamento da Mobi- Deste modo, a MOVE Lisboa propõe que a Gestão da
CICLÁVEL
lidade assente em 5 redes e 5 serviços que devem articular- Mobilidade da cidade de Lisboa se organize em torno de
-se e sobrepor-se de forma coerente, dando corpo ao siste- 5 eixos transversais: Gestão, Controlo e Otimização de RODOVIÁRIO
ma multimodal e intermodal de transportes apresentado. meios; Informação, Promoção, Sensibilização e Participa- TP
A Gestão da Mobilidade apresenta um potencial parti- ção Pública; Financiamento; Regulamentação; Monitoriza-
PEDONAL
cularmente interessante para uma cidade como Lisboa, que ção, Avaliação e Revisão.
28 29
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS
REDE PEDONAL
PORQUÊ? • Criando eixos pedonais atrativos e plenamente acessí-
Andar a pé constitui a mais universal e democrática forma de veis que motivem o andar a pé e o uso dos transportes
deslocação, sendo por isso dever dos municípios promover a públicos;
acessibilidade pedonal a qualquer ponto da cidade, para que • Pedonalizando eixos e praças e criando zonas de coe-
todos tenham liberdade de assim se deslocar no território. xistência sempre que possível;
A rede pedonal constitui a base do sistema de mobilidade, • Implementando medidas de acalmia de tráfego e de
na medida em que qualquer deslocação, independente- prioridade ao peão, especialmente nas zonas envolven-
mente do modo utilizado, incorpora em algum momento tes às escolas, no acesso aos bairros e em todos os locais
uma deslocação a pé sendo, portanto, um elemento-chave onde ocorra maior concentração de atropelamentos;
no acesso aos outros modos.
• Introduzindo soluções de acessibilidade pedonal nos
Consequentemente, é fundamental garantir uma boa instrumentos de planeamento, de forma a minimizar
oferta de rede pedonal, que promova o andar a pé e se atempadamente os constrangimentos da rede pedonal;
conecte com os destinos de proximidade, em particular com
• Implementando uma rede de mobilidade pedonal
o sistema de transportes públicos e com os equipamentos
vertical, assistida por meios mecânicos que ajudem a
de ensino, determinantes na escolha da forma de deslo-
vencer os desníveis nas colinas;
cação quotidiana da população ativa com filhos.
• Introduzindo pavimentos confortáveis e seguros, princi-
palmente nos espaços pedonais novos ou a requalificar;
VISÃO!
A MOVE Lisboa propõe uma rede pedonal contínua, conexa e • Arborizando os percursos pedonais, por forma a melhorar a
inclusiva, que garanta deslocações confortáveis e seguras en- sua atratividade, conforto e ensombramento.
tre as áreas residenciais, equipamentos, serviços e comércio de
proximidade, ligando estas funções aos transportes públicos.
Esta rede deverá ser atraente, convidativa e acessível a todos, Propõe-se que em 2030 Lisboa seja pedonalmente aces-
independentemente das suas faculdades de locomoção pedonal. sível a todos, tanto no interior dos bairros como nos
Toda a cidade deverá tornar-se mais segura, através da difusão principais eixos de acesso às áreas centrais e aos equi-
de medidas de acalmia e da implementação de zonas protegidas. pamentos, em particular às interfaces e à rede escolar.
COMO?
• Promovendo uma rede pedonal contínua, conexa e livre de SABIA QUE... A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE
obstáculos ao longo de todo o território da cidade; SAÚDE RECOMENDA QUE SE DEEM 10 000
• Implementando o Plano de Acessibilidade Pedonal: PASSOS POR DIA?
30 31
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS
32
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS
• Uma rede intermédia que garanta maiores percursos • Reforçando o corredor do elétrico 15 entre o Jamor
com menos transbordos; e Sacavém;
• A criação da rede de bairros que garanta o transpor- • Promovendo opções fluviais inovadoras que utilizam
te de proximidade. o rio Tejo como infraestrutura;
• Melhorando a qualidade dos serviços a bordo, como wi-fi • Promovendo soluções de transporte a pedido ou flexível, de
e serviços de informação ao passageiro; forma complementar à oferta regular de serviço público;
• Melhorando a qualidade de serviço dos transportes pú- • Revendo as políticas e regras relativas ao serviço de táxi,
blicos de superfície, nomeadamente através de corredo- com vista à sua modernização e aumento da sua com-
petitividade;
res BUS de elevado desempenho, do aumento do núme-
ro de corredores BUS e do reforço da sua fiscalização; • Mapeando as redes de forma integrada, para melhorar
a informação ao público e os canais em que a mesma é
• Concretizando o Plano de Recuperação Económica, in-
disponibilizada aos utilizadores, incorporando todos os
cluindo a expansão do Metropolitano de Lisboa, corredo-
modos e promovendo a intermodalidade em Lisboa e na
res de elevada capacidade e reforço das ligações fluviais área metropolitana;
e metro ligeiro;
• Promovendo a articulação entre a rede de TP e o desen-
• Expandindo a rede de metropolitano e metro ligeiro, in- volvimento urbanístico e económico da cidade;
cluindo:
• Implementando percursos pedonais e cicláveis, contínuos
• A extensão da linha amarela do Rato ao Cais do So- e conexos, que relacionem zonas residenciais, equipamen-
dré, criando uma circular urbana com a linha verde; tos, polos de emprego e de atração com a rede de TP;
• O prolongamento da linha vermelha de São Sebas- • Melhorando a intermodalidade no que respeita à coor-
tião a Campo de Ourique e Alcântara; denação entre modos, conforto, acessibilidade e infor-
• A oferta de metropolitano no corredor Telheiras, Co- mação disponibilizada;
légio Militar e Benfica; • Promovendo uma acessibilidade inclusiva aos TP.
• A ligação em metro ligeiro entre Alcântara e Cruz
Propõe-se que em 2030 a rede de TP na cidade seja mais
Quebrada;
abrangente, robusta e coerente, que integre novos mo-
• A ligação em metro ligeiro entre Santa Apolónia e dos e que garanta uma acessibilidade fácil e inclusiva.
Sacavém;
• O prolongamento da linha vermelha entre o Aero-
SABIA QUE... NA DÉCADA DE 80 OS TRANS-
porto e Entrecampos.
PORTES PÚBLICOS ERAM RESPONSÁVEIS
• Desenvolvendo sistemas de bilhética desmaterializada e
programas de fidelização que recompensem a preferên- POR CERCA DE 65% DAS DESLOCAÇÕES EM
cia pelo transporte público e promovam a sua adoção LISBOA E QUE ATUALMENTE ESSE VALOR
por todo o agregado familiar; NÃO CHEGA A 25%?
34 35
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS 5 REDES | 5 SERVIÇOS
REDE RODOVIÁRIA
PORQUÊ? • Criando condições de fluidez nas circulares internas da • Definindo uma estratégia para implementação de Zonas • Incentivando a utilização da CRIL e da CREL em substi-
Nas últimas décadas, o acesso generalizado ao automóvel veio cidade, diminuindo a facilidade de penetração em dire- 30, superblocks e de Zonas de Coexistência, que incen- tuição da utilização de vias mais urbanas;
revolucionar a forma como nos movemos, trazendo benefícios ção ao centro urbano; tive o comércio local, a vivência da rua e o sentido de • Reformulando os nós de acesso à CRIL, bem como redefi-
múltiplos, mas também acarretando consequências menos comunidade no interior dos bairros; nindo a circulação viária de acesso ao Aeroporto de Lisboa,
• Concretizando um sistema viário de 5 circulares internas
positivas para as pessoas, as cidades e o planeta. As cidades à cidade (a partir da CRIL), claramente sinalizado e com • Dando continuidade e reforçando a implementação das libertando capacidade na 2ª circular como via de distribuição.
tornaram-se, neste processo, mais dispersas, menos inclusivas fluidez de tráfego melhorada, tendo em vista reforçar al- Zonas de Emissões Reduzidas (ZER), identificando os locais
e menos seguras. Tornaram-se também menos saudáveis, tal ternativas eficazes ao centro histórico, resolvendo liga- de maior vulnerabilidade em termos de qualidade do ar;
como os seus cidadãos, sujeitos a uma degradação da qualida- ções pontuais com vista à sua efetiva consolidação; • Promovendo uma política de Visão Zero baseada no Pla- Propõe-se que em 2030 a circulação automóvel em
de do ar e tendo por base uma mobilidade sedentária. no Municipal de Segurança Rodoviária, garantindo zero Lisboa seja preferencialmente feita na malha viária de
• Transformando os bairros da cidade em Zonas 30 (km/h),
Neste contexto, durante anos em Lisboa, a área dedicada mortes nas ruas de Lisboa até 2030; maior capacidade, permitindo proteger o centro e os
garantindo a fluidez de circulação nas vias estruturantes e
ao automóvel foi sistematicamente priorizada, tornando-se • Liderando pelo exemplo na conversão de frotas do uni- bairros do trânsito de atravessamento.
distribuidoras (1.º, 2.º e 3.º níveis) do Plano Diretor Municipal;
desequilibrada do ponto de vista da qualidade do espaço pú- verso municipal para elétrico;
blico. Para além disso, a existência de um aeroporto na cidade • Renovando o sistema de gestão semafórica da cidade,
• Minimizando o efeito de rotura da Segunda Circular,
impõe pressões significativas no tráfego automóvel induzido, uma nova sala de gestão da mobilidade, com a coordena- SABIA QUE... A REDE RODOVIÁRIA DE LISBOA
dando-lhe um caráter mais urbano, integrando-a na
nomeadamente na Segunda Circular. ção da Polícia Municipal, EMEL, CARRIS e Direção Munici- TEM CERCA DE 1 700 KM, ONDE CIRCULAM
malha urbana e criando um corredor de transporte
pal da Mobilidade, integrando-o nos processos de gestão DIARIAMENTE PERTO DE 500 000 VEÍCULOS?
público em sitio próprio;
VISÃO! de mobilidade diária da cidade, contribuindo para a re-
A MOVE Lisboa propõe uma rede rodoviária que aumente a dução do congestionamento, tempo perdido e poluição;
Ocupação média de um automóvel
importância e fluidez dos eixos circulares da cidade e reduza • Implementando uma rede de sistemas de suporte à se- em 2017 é de 1,6 pessoas.
a importância dos eixos radiais, protegendo o centro através gurança rodoviária, como sejam câmaras, radares e sen-
de coroas sucessivamente mais restritivas. Estas deverão fazer sores de semáforo vermelho e yellow box;
parte de um novo mapa mental de circulação na cidade, que
• Introduzindo medidas de acalmia que garantam a redu-
potencie uma utilização mais racional do automóvel e reduza o
ção generalizada de volumes e velocidades de tráfego;
atravessamento dos bairros. As velocidades reais de circulação
deverão ser reduzidas, em particular nas vias locais, aumentan- • Eliminando o tráfego de atravessamento da zona central
do-se a segurança rodoviária. Os veículos que a utilizam devem da cidade e do interior dos bairros;
progressivamente passar a ser descarbonizados, conectados e • Controlando e reduzindo de forma significativa os im-
partilhados. A convivência harmoniosa e segura entre os vários pactos ambientais e de tráfego resultantes das ativida-
modos que partilham a rede deverá, então, ser uma realidade. des aeroportuárias, restringindo a atividade aerea sobre
a cidade e encontrando novas soluções mitigadoras;
COMO? • Delimitando a proteção do centro histórico da cidade,
• Aumentando a legibilidade da hierarquia viária, ajustan- com circulação reservada a modos ativos, TP, residentes Em média, um automóvel está parado 92%
do-a à estratégia de mobilidade; e veículos de cargas e descargas com emissões zero; do tempo. Ou seja, 23 horas por dia.
1,6% do tempo
à procura de 1% parado no trânsito.
estacionamento.
36 5% em condução. 37
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS 5 REDES | 5 SERVIÇOS
REDE CICLÁVEL
PORQUÊ? COMO?
A bicicleta é o modo de transporte energeticamente mais • Consolidando uma rede ciclável estruturante, contínua, se-
eficiente. Em áreas urbanas é muito competitiva, especial- gura e funcional, que relacione interfaces, zonas residen-
mente nas deslocações de curta distância (até 5 km), per- ciais, grandes equipamentos, centros de emprego, zonas
mitindo poupar até 30% do tempo de viagem e garantindo verdes e de lazer e aponte ligações aos concelhos vizinhos
deslocações de porta a porta. com pelo menos 200 km de novos percursos cicláveis;
Apesar de Lisboa ser conhecida como a cidade das 7 co- • Promovendo a utilização segura da bicicleta nas áreas re-
linas, 73% das suas ruas são planas ou apresentam declives sidenciais, através da acalmia de tráfego no interior dos
inferiores a 5%, ou seja, são acessíveis à maioria dos utiliza- bairros e da melhoria das ligações cicláveis entre estes;
dores. Por outro lado, a proliferação da bicicleta elétrica e de • Promovendo a complementaridade entre bicicleta e
outros modos suaves análogos, bem como de meios mecâni-
cos de apoio, permite solucionar as dificuldades impostas pela Rede de 6 eixos
transportes públicos;
• Promovendo e facilitando o acesso à bicicleta através de
orografia e aspirar a uma Lisboa plenamente ciclável.
No entanto, em 2017, apenas cerca de 0,6% das deslocações •
estruturantes
apoios à compra das mesmas;
Disseminando uma rede de suportes para parqueamento
em Lisboa eram feitas com recurso à bicicleta. Apesar de este nú- de bicicletas de curta duração e criando parqueamentos
mero revelar um crescimento de cerca de 200% relativamente a seguros de longa duração nas interfaces e parques de
2011, está muito longe da realidade de outras cidades, havendo estacionamento;
algumas em que este valor ascende a mais de 40%. De facto, • Implementando um serviço de bicicletas públicas par-
apesar do crescente peso da “economia ciclável” na maioria das tilhadas, denso e abrangente, cobrindo toda a cidade,
cidades europeias, e do reconhecimento internacional de que recorrendo também a bicicletas eletricamente assistidas;
este modo é um pilar fundamental do sistema de mobilidade
• Promovendo a acalmia de tráfego e a partilha de espaço
das cidades modernas, apenas em 2017, com o aumento da in-
entre veículos a baixa velocidade, através de uma rede
fraestrutura ciclável na malha urbana e a introdução do sistema global de Vias 30 + Bicicleta;
de bicicletas públicas partilhadas GIRA, a bicicleta começou a ser
• Disponibilizando informação ao público, sensibilizando-o
considerada uma alternativa real para muitas pessoas em Lisboa.
para as vantagens da utilização da bicicleta e promoven-
do a sua utilização nas deslocações diárias;
VISÃO!
Suportada por uma rede contínua, eficaz e segura, que promova • Reforçando a criação e utilização de ferramentas digitais
a utilização diária da bicicleta nos percursos casa-trabalho/esco- para escolha de percursos em bicicleta e outros modos ativos.
la por pessoas de todas as idades, Lisboa propõe-se ser uma cida-
de ciclável. Deve ter também uma rede abrangente de parquea- Propõe-se que em 2030 Lisboa seja uma cidade ciclável,
mentos e oferecer serviços de bicicletas partilhadas. A utilização com uma rede urbana que permita a utilização diária
da bicicleta como modo de transporte deverá ser fácil e atrativa da bicicleta nas deslocações casa-trabalho/escola e nas
para que este modo ganhe relevância na repartição modal. viagens de lazer.
38 39
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS
40 41
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS
REDE DE INTERFACES
PORQUÊ? • Promovendo ligações eficazes e confortáveis entre dife-
A rede de interfaces constitui uma infraestrutura de base rentes modos de transporte, sem perdas de tempo nas
e privilegiada para acesso à rede de transportes públicos e deslocações a pé entre estes;
para efetuar transbordos entre diferentes modos. Ela permi- • Integrando os diversos modos de transporte em termos
te que o sistema de transportes seja intermodal, garantindo de horário, bilhética e informação, incluindo os modos de
a utilização de diferentes modos em cadeia e atribuindo fle- mobilidade partilhada e novos serviços de mobilidade;
xibilidade e sentido a um sistema de transportes multimodal. • Criando condições para a eficaz aquisição de títulos de
transporte, com oferta de soluções simples e flexíveis;
VISÃO! • Criando ligações de percursos pedonais e cicláveis con-
A MOVE Lisboa propõe que a cidade se equipe com uma rede tínuos, conexos e atrativos que permitam relacionar in-
de interfaces eficaz e coerente, que garanta a interligação flui- terfaces com as zonas residenciais, equipamentos, polos
da e confortável de todos os modos do sistema de transportes de emprego e de atração;
públicos – municipais, intermunicipais e regionais-, bem como • Promovendo a acessibilidade pedonal plena na envol-
a nível nacional e internacional. Esta rede terá: interfaces de vente às interfaces e no seu interior;
nível superior, que serão a ligação preferencial a partir dos • Oferecendo equipamentos, comércio e serviços quoti-
concelhos limítrofes; interfaces internos de média dimensão, dianos nas interfaces (supermercados, creches…);
de onde deverá ser possível alcançar qualquer ponto da cidade • Privilegiando a criação de hubs de mobilidade partilhada
com, no máximo, um transbordo; e pequenos nós, junto às junto das principais paragens de transporte público;
centralidades, onde pelo menos dois a três modos se cruzam, • Potenciando o transporte fluvial de alta e baixa capacidade;
relacionando toda a cidade com as interfaces de nível médio e • Reforçando a capacidade de gestão do município nas inter-
superior, no máximo a um transbordo de distância. faces das redes rodoviárias suprametropolitanas.
42
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS 5 REDES | 5 SERVIÇOS
44
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS 5 REDES | 5 SERVIÇOS
46 47
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS 5 REDES | 5 SERVIÇOS
VISÃO!
Lisboa propõe que se desenvolva um sistema de logística ur-
bana sustentável e integrador das necessidades dos parceiros Propõe-se que até 2030 Lisboa desenvolva um siste-
locais, constituindo-se como um fator de crescimento econó- ma de distribuição no último quilómetro com recurso a
mico. O modelo de gestão de logística da cidade deverá fazer veículos ecológicos a partir de centros logísticos locali-
uso de soluções tecnologicamente avançadas, sistemas de in- zados na periferia da cidade.
formação, cadeias mais eficientes e veículos mais compactos,
mais leves e mais ecológicos, com maiores taxas de ocupação
das áreas de armazenagem, que distribuirão mais carga em
SABIA QUE... SE ESTIMA QUE MAIS DE 50%
menos viagens. A zona histórica da cidade deverá tornar-se
progressivamente uma zona de logística urbana verde, ape- DO TOTAL DE OPERAÇÕES DE CARGAS
nas acessível a veículos amigos do ambiente, em linha com as E DESCARGAS SEJAM EFETUADAS COM
metas do Livro Branco dos transportes. PARAGENS EM SEGUNDA FILA?
48 49
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS
50 51
PLANEAMENTO DA MOBILIDADE
5 REDES | 5 SERVIÇOS
52 53
GESTÃO DA MOBILIDADE
5 EIXOS TRANSVERSAIS
54
GESTÃO DA MOBILIDADE GESTÃO DA MOBILIDADE
5 EIXOS TRANSVERSAIS 5 EIXOS TRANSVERSAIS
56 57
GESTÃO DA MOBILIDADE
5 EIXOS TRANSVERSAIS
REGULAMENTAÇÃO
O sucesso da implementação da visão estratégica da mobili- A MOVE Lisboa propõe que se crie ou se reveja a regu-
dade de Lisboa depende também do desenvolvimento de me- lamentação que promova a sustentabilidade e a eficácia do
canismos legais, institucionais e regulatórios que assegurem sistema de transportes:
a efetiva concretização das medidas definidas para a melhoria • No estacionamento e circulação na via pública;
do sistema de transportes. Sendo os instrumentos normativos
• Nos serviços de transportes turísticos;
vinculadores das políticas dominantes, eles podem ser utiliza-
dos para alterar mentalidades e comportamentos de pessoas, • No serviço de táxis;
instituições e empresas, através da imposição de regras, da • Nos serviços de mobilidade partilhados;
adoção de taxas e da criação de incentivos.
• Sempre que se justificar a salvaguarda do espaço públi-
Neste sentido, tem vindo a ser criada legislação e regula- co e segurança dos utilizadores vulneráveis;
mentação europeia, nacional e local, tendo em vista o incen-
tivo dos modos ativos, a promoção de uma acessibilidade • Na mobilidade elétrica.
inclusiva, a redução das emissões de carbono, o aumento Em todo o caso, a regulamentação deve atender à ma-
da eficiência energética, a redução do congestionamento de turidade da matéria regulada, não sendo per si um entrave
trânsito e o aumento da segurança rodoviária. à inovação.
58 59
GESTÃO DA MOBILIDADE
5 EIXOS TRANSVERSAIS
60
MOBILIDADE
ACESSÍVEL
AO ALCANCE
DE TODOS
62 63
MOVE LISBOA
VISÃO ESTRATÉGICA PARA A MOBILIDADE 2030
MOBILIDADE Estamos a preparar uma Lisboa mais huma- do informação em tempo real. Qualquer pessoa poderá saber O surgimento da pandemia de Covid-19 veio reforçar
nizada, mais saudável e com maior quali- quais as disponibilidades que o ecossistema de mobilidade a necessidade e a emergência de medidas que privilegiem
ACESSÍVEL dade de vida. Para nós e para as gerações oferece a cada momento e poderá planear, reservar, adquirir os modos mais sustentáveis e devolvam o espaço público
AO ALCANCE vindouras. E a MOVE Lisboa define as linhas e aceder aos seus serviços de forma integrada. Quem vem de às pessoas, garantindo o seu usufruto de forma segura e
mestras da mobilidade para essa Lisboa. fora poderá saber onde se localizam os parques dissuasores, confortável.
DE TODOS Em 2030, Lisboa será ainda mais apela- qual a sua disponibilidade e as ligações que permitem à rede Assim, em 2030, Lisboa será uma cidade mais inte-
tiva, mais confortável e mais segura, uma multimodal, motivando a sua utilização diária. grada, mais fluida, mais acessível, mais inovadora e
cidade de bairros onde é agradável andar a pé e fluir entre A oferta de estacionamento será adequada ao tráfego mais responsável.
as ruas e praças, com fácil acesso ao ecossistema de serviços desejado para cada zona e as tarifas variarão de acordo com
de mobilidade, que nos permite aceder facilmente a qualquer a pressão, a escassez de espaço e a proximidade da rede de
ponto da cidade e conectar com o resto da metrópole. transportes públicos, com vista à proteção das áreas his-
A base deste ecossistema é a rede de transportes públi- tóricas e dos bairros. Os parques em estrutura deverão ser
cos. Uma rede multimodal que cobrirá a cidade de forma uma alternativa apetecível ao estacionamento à superfície,
integrada, coerente e mais eficiente. Organizado em torno propiciando estacionamento de longa duração.
das redes de metro, comboio e outros transportes em sítio Desta forma o espaço público poderá ter novos usos,
próprio, e densificado por uma forte oferta de autocarros, como espaços de lazer e estadia, e poderão ser melhora-
elétricos e táxis, o ecossistema multimodal de mobilidade das as redes pedonal e ciclável, o que facilitará a ligação
de Lisboa compreende também uma miríade de serviços entre zonas residenciais, polos de emprego, equipamentos
partilhados e a pedido. Todos estes modos se interligam em e interfaces.
estações e interfaces modernas e eficazes. Os transportes a pedido e os sistemas partilhados, como
O centro da cidade será protegido do tráfego excessi- o bikesharing e o carsharing, ao conferirem mais liberdade
vo, que será encaminhado para eixos circulares capazes de e alternativas contribuem também para que outras pessoas
garantir a sua fluidez, com o apoio de soluções inovadoras. experimentem, como modo de transporte, os novos servi-
No centro histórico os peões terão ao seu dispor meios ços de mobilidade, a bicicleta e outras opções equivalentes,
mecânicos para ligação entre a baixa e as colinas, como ele- podendo mesmo libertar-se do encargo de ter o seu próprio
vadores ou funiculares. automóvel.
A Baixa Pombalina será cada vez mais reservada a veí- Ao mesmo tempo, uma logística urbana regulada e otimi-
culos de emissão zero. Essas restrições irão estender-se pro- zada, capaz de articular entregas, conduzirá a uma cidade me-
gressivamente ao resto da cidade, com vista à eliminação nos congestionada, com menos ruído e poluição atmosférica.
progressiva dos veículos a gasóleo e gasolina. Lisboa é uma cidade de extraordinário valor e enorme
CAIS DO SODRÉ
Um centro operacional integrado vai contribuir para a atratividade, onde é essencial oferecer variadas e apelati-
gestão do tráfego, estacionamento, semaforização, radares, vas opções de mobilidade, sem contudo comprometer o seu
transportes públicos, interfaces, logística, serviços partilha- usufruto, especialmente no coração dos bairros e nas zonas
dos, entre outros, conectando equipamentos e veículos, dan- mais emblemáticas. E é isso que a MOVE Lisboa propõe!
64 65
DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
66 67
GLOSSÁRIO
AML – Área Metropolitana de Lisboa Smart city - cidade com ambições sustentáveis, centrada nas
pessoas, que promove projetos e soluções urbanas, muitas vezes
Bikesharing – sistema de bicicletas públicas partilhadas
com suporte tecnológico, com objetivos de progresso social e
Cargobikes – bicicletas para transporte de cargas bem-estar dos seus residentes e visitantes
Carsharing – sistema de automóveis partilhados Superblocks - Quarteirões livres de carros, concebidos para
maximizar o espaço público, favorecendo a interação social e
Vias 30 + bici - vias partilhadas por bicicletas e automóveis,
económica ao nível da rua
com um limite de velocidade máximo de 30 km/hora
TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação
GEE – Gases com Efeito de Estufa
TP – Transportes Públicos
Modos ativos – modos de deslocação e transporte de baixo
peso e velocidade reduzida, automovidos, que ocupam pou- Tuk-tuks – veículos ligeiros, motociclos, quadriciclos, triciclos
co espaço na via pública e não emitem poluentes atmosfé- ou ciclomotores que exercem atividade de animação turística
ricos nem ruído ZER - Zona de Emissões Reduzidas - área onde só podem circu-
lar veículos com características específicas, no que diz respeito
Modos suaves - modos de deslocação e transporte de baixo
à emissão de poluentes, de acordo com a norma europeia de
peso e velocidade reduzida, automovidos ou com motoriza-
emissões considerada (Normas EURO)
ções de baixa potência, que ocupam pouco espaço na via pú-
blica e com emissões nulas ou reduzidas Zonas 30 - zonas da cidade desenhadas com o intuito de
limitar 30 km/hora a circulação rodoviária
Park&ride – Título integrado de transporte e de estacionamento
Zona de coexistência - zona da via pública especialmente
PDM – Plano Diretor Municipal
concebida para utilização partilhada por peões e veículos,
Repartição Modal - distribuição das deslocações realizadas onde vigoram regras especiais de trânsito, de acordo com o
pelas pessoas e cargas entre diferentes modos de viagem Código da Estrada
68 69
FICHA TÉCNICA
MOVE LISBOA
Visão Estratégica para a Mobilidade 2030
70 71