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Percepções de usuários e profissionais da


saúde da família sobre o Núcleo de Apoio à
Saúde da Família
Perceptions of users and professionals of the family health about the
Family Health Support Center

Geovani Gurgel Aciole1, Dayana Kelly Silva Oliveira2

RESUMO O objetivo deste estudo foi explorar a percepção de usuários e profissionais da


Estratégia de Saúde da Família sobre o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf ). Trata-se
de investigação qualitativa, com entrevista semi-estruturada e grupo focal, sob o prisma da
análise de conteúdo. Os profissionais demonstraram conhecimento sobre o Nasf, mas difi-
culdade em conceituar os dispositivos da proposta. Os usuários, embora não reconheçam o
núcleo pelo nome, valorizam e descrevem bem o trabalho, na perspectiva de acesso e qua-
lidade do cuidado. As percepções sugerem que a proposta é reconhecida e valorizada pela
população e que é necessário fortalecer as práticas de educação permanente e apoio matricial
entre os profissionais.

PALAVRAS-CHAVE Atenção Primária à Saúde. Saúde da família. Atenção integral à saúde.


Serviços de saúde. Políticas públicas de saúde.

ABSTRACT The aim of this study was to explore the perception of users and professionals of
the Family Health Strategy about the Family Health Support Center (Nasf ). It is a qualitative
research, with semi-structured interview and focus group, from the perspective of content analy-
sis. The professionals demonstrated knowledge about the Nasf, but difficulty to conceptualize
the devices of the proposal. Users, although do not recognize the nucleus by name, value and
describe the work well, in the perspective of access and quality of care. Perceptions suggest that
the proposal is recognized and valued by the population and that it is necessary to strengthen the
practices of permanent education and matrix support among professionals.

1 Universidade Federal KEYWORDS Primary Health Care. Family health. Comprehensive health care. Health services.
de São Carlos (UFSCar),
Programa de Pós- Public health policy.
Graduação em Gestão da
Clínica – São Carlos (SP),
Brasil.
geovani.gurgel@gmail.com

2 Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp),
Programa de Pós-
Graduação em Saúde
Coletiva – São Paulo (SP),
Brasil.
dayanakso@yahoo.com.br

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 41, N. 115, P. 1090-1101, OUT-DEZ 2017 DOI: 10.1590/0103-1104201711508

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Introdução novo, ainda em construção, tem apresenta-


do inúmeros desafios, sendo imprescindível
O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf ) pensar e repensar as práticas, a fim de atingir
foi criado, em 2008, como uma proposta ino- o seu ideal.
vadora do Ministério da Saúde para fortale- Conforme Nascimento e Oliveira (2010), o
cer e ampliar as ações da Estratégia Saúde principal desafio do Nasf é priorizar a qua-
da Família (ESF), buscando maior resoluti- lidade, o que exigirá mudança da cultura
vidade a partir da integralidade da atenção organizacional do Sistema Único de Saúde
(BRASIL, 2008). O Núcleo é constituído por uma (SUS). Na prática da ESF, observa-se um tra-
equipe multiprofissional com uma proposta balho limitado a alcançar metas numéricas
de trabalho interdisciplinar em um processo em cima de atendimentos predeterminados.
de cogestão do cuidado, com as equipes de O Nasf procura superar esta lógica, através
ESF, visando superar a lógica fragmentada da problematização com as equipes e usuá-
da saúde. Para isto, faz uso de ferramen- rios dos serviços acerca do processo saúde/
tas como apoio matricial, clínica ampliada, doença e das possibilidades de enfrentamen-
Projeto Terapêutico Singular (PTS), Projeto to das condições de adoecimento, procuran-
de Saúde no Território (PST) e pactuação do do, assim, aumentar a capacidade resolutiva
apoio (BRASIL, 2010). das EqSF (SILVA ET AL., 2012).
O Nasf pode ser constituído por profissio- Outro desafio é a demanda gerada pela
nais de diferentes campos do conhecimento, oferta insuficiente da atenção secundária,
compartilhando as práticas em saúde nos que pode levar o Nasf a assumir o papel de
territórios sob responsabilidade das equipes outros níveis de atenção (LIMA, 2013; SILVA ET AL.,
da ESF e/ou das Equipes de Atenção Básica 2012). Segundo Oliveira, Rocha e Cutolo (2012),
(EqAB) para populações específicas, tais a prática do Nasf é limitada devido à grande
como as ribeirinhas, as fluviais ou as que são demanda reprimida referente a usuários que
atendidas em consultórios na rua (BRASIL, 2008; já estão adoecidos, necessitando de cuidado
BRASIL, 2010). Há três modalidades de Nasf – 1, 2 individualizado. Atualmente, as necessida-
e 3 –, que diferem quanto à carga horária de des de saúde atendidas na ESF, na maioria
trabalho e ao número de equipes ESF/EqAB das vezes, têm exigido soluções rápidas e
que apoiam (BRASIL, 2012). De acordo com dados inadiáveis, enquanto o trabalho do Nasf é
do Departamento de Atenção Básica do baseado em discussão, reflexão e atuação
Ministério da Saúde (DAB/MS), de junho de compartilhada, requerendo tempo e dispo-
2017, foram implantadas 4.342 equipes Nasf nibilidade. Desta forma, a necessidade de
no País, sendo 2.490, 853 e 999 das modalida- atender a demanda, bem como da resolução
des 1, 2 e 3, respectivamente. rápida de alguns casos, pode gerar discre-
O grupo de profissionais de saúde que pância em relação à lógica de trabalho do
participou do estudo de Silva et al. (2012) traz Nasf (LANCMAN ET AL., 2013).
concordância com a Portaria nº 154 ao des- Para Tesser e Poli Neto (2017), as experi-
tacar a necessidade de o Nasf potencializar ências espalhadas pelo País sugerem que as
a Atenção Primária à Saúde (APS) e ampliar atuais equipes matriciadoras dos Nasf podem
as ações das Equipes de Saúde da Família e devem ser progressivamente fundidas com
(EqSF), articulando as redes de atenção à a atenção especializada, absorvendo as atri-
saúde e, assim, otimizando os fluxos de re- buições desta última. Equipes análogas aos
ferência e contrarreferência. Trata-se de Nasf, com os demais especialistas médicos,
uma proposta de grande potencial, visando à poderiam ser montadas, de modo que todos
maior qualidade e resolubilidade na atenção os especialistas (médicos e de outras profis-
básica. Porém, em se tratando de um projeto sões) poderiam atuar, na medida do possível

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e com adequações, de forma personalizada proposta ideal de clínica ampliada, baseada


e regionalizada, matriciando um conjunto nos princípios da integralidade e da inter-
de EqSF, atendendo a população filtrada em disciplinaridade. A incompreensão acerca
corresponsabilização. Tais comunicação, da proposta, que pode ser gerada por parte
adscrição e longitudinalidade facilitariam a dos profissionais, tanto da ESF quanto do
troca de conhecimento entre especialistas e próprio Nasf, pode também causar dúvidas
generalistas da APS, com melhora da educa- na população com relação a essa nova equipe.
ção permanente mútua e discussões dos casos De maneira geral, a proposta de trabalho
limítrofes e duvidosos (também por telefone do núcleo tem provocado resistências em
ou via digital), avançando na superação da algumas equipes de ESF, que indicam, entre
tradição viciosa dos ambulatórios especiali- outros elementos, um distanciamento da
zados isolados e suas mazelas mencionadas, realidade de trabalho e uma dificuldade no
viabilizando a coordenação do cuidado. trabalho interdisciplinar exigido pelo apoio
Diversos modelos de Nasf foram cons- matricial, assim como pelo trabalho em
truídos pelo País, tanto por dificuldades na saúde como um todo. Além disso, a maneira
interpretação acerca do processo de tra- de organizar o trabalho do núcleo exige
balho quanto pelos diferentes modelos de das equipes de ESF mudanças na rotina de
atenção implementados em cada município. trabalho, que, em geral, estão concentradas
Sampaio et al. (2012) relacionam este fato a em práticas assistenciais, curativas e indivi-
uma lacuna temporal gerada pela publica- duais. Em meio a estas tensões, somadas às
ção do ‘Caderno de Atenção Básica nº 27’, dificuldades advindas das condições de tra-
principal documento ministerial com dire- balho, os profissionais do Nasf, em diferen-
cionamentos gerais para a implementação tes regiões do País, experimentam aquilo que
do Nasf, que ocorreu somente um ano após a Sousa et al. (2014) denominou como espaço de
publicação da Portaria Gabinete do Ministro ‘não lugar’ nas unidades de saúde.
(GM) nº 154, de 24 de janeiro de 2008. Além Considerando o período de implanta-
disto, esta mesma Portaria, contemplando a ção dessa proposta, no Brasil, e a comple-
definição das ações e intervenções junto às xidade que envolve a prática pautada pelo
ESF, assegura que a gestão do processo de referencial teórico-metodológico do apoio
trabalho dos Nasf é de responsabilidade de matricial, um estudo de revisão sistemática
cada município (BRASIL, 2008). identificou uma visão quase utópica do Nasf
É importante considerar, ainda, que os di- como potencial indutor de mudanças sobre
ferentes modelos de conformação e atuação aspectos complexos do SUS, além de falta
do Nasf apresentam-se como um aspecto im- de clareza sobre o que se espera alcançar a
portante a ser considerado para a definição partir da atuação compartilhada e integra-
dos resultados possivelmente alcançados. da entre núcleos e equipes apoiadas. Ainda,
Esta diversidade é decorrente de fatores con- segundo este mesmo estudo, a literatura
textuais referentes à própria complexidade da analisada traz novos elementos em relação
atenção básica, à falta de compreensão sobre ao que se espera com a implantação do Nasf,
a lógica de atuação do Nasf por equipes e ges- destacando a identificação dos objetivos es-
tores envolvidos, e aos diferentes interesses pecíficos e dos resultados intermediários e
em jogo relacionados aos distintos modelos finais esperados como um exercício impor-
de atenção em saúde vigentes. tante para a reflexão e a posterior proposição
Essa heterogeneidade do discurso e das de indicadores coerentes com as diretrizes
práticas do Nasf podem dificultar o trabalho da Política Nacional de Atenção Básica, que
compartilhado entre as equipes, tornando-o venham a contribuir para a consolidação e o
fragmentado e desarticulado, contrariando a avanço do Nasf no País (SOUZA; CALVO, 2016).

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Estudos com relação a experiências de apoio dos profissionais foi feita devido ao fato de inte-
matricial são encontrados frequentemente na grarem equipe de referência e trabalharem no
área de saúde mental, nos quais são apontados Nasf. Foram convidados 24 profissionais, 1 de
aspectos positivos desta prática nas Unidades cada equipe das 4 UBS selecionadas, dos quais
Básicas de Saúde (UBS) e em equipes de saúde 18 aceitaram realizar a entrevista. O ponto de
mental, tais como: melhor integração entre saturação das informações coletadas foi levado
equipe; visão de melhora da assistência por em consideração no estudo.
parte dos profissionais de saúde; e maior facili- A seleção dos usuários foi realizada de
dade no atendimento e para encaminhamentos modo intencional, a partir da indicação de
(ONOCKO-CAMPOS ET AL., 2012). Porém, no caso dos cada profissional entrevistado, priorizando
Nasf, ainda existe escassez na literatura sobre o envolvimento do usuário no cotidiano da
experiências concretas de ações relacionadas UBS, ou caso ele fosse líder comunitário e
ao apoio matricial. participativo na UBS. Foram indicados 12
Por essas razões apontadas, estudar a usuários, convidados para o grupo focal, em
proposta do Nasf em todas as suas nuances dia e horário marcado, em um local na co-
e dimensões se configura como uma neces- munidade, porém apenas 6 compareceram e
sidade perante a qual este artigo se coloca, participaram da pesquisa.
construído com base em parte dos resul- Em função dos números, foram realiza-
tados da pesquisa de mestrado realizada a das entrevistas semiestruturadas com os
partir do Programa de Saúde Coletiva, da profissionais, e grupo focal com os usuários
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), selecionados, aplicando roteiros diferentes.
com o objetivo de analisar a percepção de O roteiro de entrevista foi dividido em duas
usuários e profissionais de UBS da família na partes: a primeira, envolvendo dados pes-
Zona Leste do município de São Paulo (SP), soais do perfil dos profissionais; a segunda,
sobre o processo de trabalho do Nasf. com questões relativas ao processo de tra-
Acredita-se que a percepção dos profis- balho do Nasf. O grupo focal foi norteado
sionais de saúde e usuários pode favorecer por um roteiro de debate também dividido
o conhecimento de aspectos do trabalho em duas partes: a primeira, referindo-se ao
que vem sendo desenvolvido pelo Nasf, bem perfil dos usuários; e a segunda, abordan-
como apontar possibilidades e contribuir em do discussão coletiva quanto aos diferentes
seu processo dinâmico de construção. serviços de saúde, a relação deles com os
serviços e o entendimento sobre serviços e
profissionais de saúde.
Metodologia Para o registro das entrevistas e do grupo
focal, foi utilizado o aplicativo Easy Voice
Tratou-se de um estudo exploratório e des- Recorder®, do Tablet Samsumg Galaxy® 7,
critivo, com abordagem qualitativa, realiza- e observação livre. A identificação dos par-
do em quatro UBS do bairro de Guaianases, ticipantes da pesquisa foi realizada pela se-
na Zona Leste do município de São Paulo guinte codificação: ‘P’ para os profissionais
(SP), no período de outubro a dezembro de entrevistados e ‘U’ para os usuários do grupo
2013. Os critérios de inclusão foram: possuir focal, que foram numerados de acordo com
Nasf no serviço e ser unidade sede da equipe a ordem de realização da entrevista, para os
Nasf de referência. profissionais, e com a ordem da fala durante
Os sujeitos pesquisados foram os profis- o grupo focal, para os usuários. Essa identifi-
sionais de saúde de nível superior da equipe cação também foi utilizada na apresentação
mínima (médico ou enfermeiro) e usuários dos resultados e na discussão deste estudo.
cadastrados das UBS selecionadas. A inclusão Para a apreciação dos dados, utilizou-se

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a análise de conteúdo na modalidade temá- os profissionais de saúde, considerando as


tica que busca compreender o pensamento percepções destes sobre o processo de traba-
dos sujeitos por meio das condições empíri- lho do Nasf.
cas do texto, tendo sido realizada a partir das
seguintes etapas: pré-análise; exploração do CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE
material; e tratamento e interpretação dos SAÚDE SOBRE A PROPOSTA DO NASF
resultados (BARDIN, 2011). Na pré-análise, foi uti-
lizada a técnica da leitura flutuante, com explo- O apoio matricial é o referencial teórico-me-
ração do material transcrito, a fim de conhecer todológico que orienta o trabalho do Nasf,
o texto e se deixar invadir por impressões e e tem como objetivo assegurar retaguarda
orientações. A fase seguinte, de exploração do especializada a equipes e profissionais de
material, consistiu na administração sistemá- saúde, de maneira personalizada e interativa
tica das impressões tomadas na fase anterior, (CUNHA; CAMPOS, 2011). Envolve troca de conheci-
para a qual se realizou leitura aprofundada de mentos teórico-práticos, reflexão, discussão
cada entrevista, seguida da produção de análise e pactuação de responsabilidades para o se-
individual das mesmas, e de uma síntese. guimento das ações (BARROS ET AL., 2015).
Após a conclusão dessa síntese, com os Grande parte dos profissionais entre-
resultados significativos, foram propostas vistados mostrou entendimento acerca da
inferências e realizaram-se interpretações proposta do Nasf, baseando-se na prática
com base nos objetivos traçados, que apon- do apoio matricial, evidenciando trabalho
taram os seguintes agrupamentos temáticos multiprofissional, troca de saberes, compar-
como categorias de análise: 1) conhecimen- tilhamento de casos e atendimento conjunto,
to dos participantes acerca da proposta de confirmando o Nasf como uma equipe de
Nasf; e 2) relação entre as práticas de APS e apoio matricial à ESF, conforme previsto nas
Nasf. A análise dos discursos dos profissio- diretrizes. Para os profissionais da ESF, o en-
nais e dos usuários foi realizada separada- tendimento que tinham sobre o Nasf estava
mente, devido à diferenciação das técnicas atrelado fortemente ao apoio matricial:
de coleta de dados, com o intuito de facilitar
a compreensão da percepção de cada um dos Apoio para poder tentar ajudar a resolver os pro-
grupos pesquisados. blemas que, às vezes, o enfermeiro, o profissional
A pesquisa foi submetida aos Comitês médico, não tem tanto conhecimento. Então, não
de Ética e Pesquisa (CEP) da Unifesp e da sabe muito bem como direcionar. (P1).
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo
(SMS-SP), e aprovada sob os protocolos nº O Nasf é um grupo multidisciplinar que vem dar
326.848 e nº 597.482-0, respectivamente. Todos um apoio para o pessoal da estratégia. [...] En-
os sujeitos participantes da pesquisa assinaram tão, acho que o Nasf vem ajudar nos casos mais
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. complicados, casos mais complexos. (P12).

Contraditoriamente, o estudo de Barros et


Resultados e discussão al. (2015) coloca o apoio matricial como um dos
desafios enfrentados pelo Nasf, apontando
que este não está totalmente assimilado por
Percepção dos profissionais de saúde todas as equipes de ESF, o que dificulta a efe-
tivação de sua lógica de trabalho. Martinez,
A seguir, apresenta-se parte dos resultados e Silva e Silva (2015) relatam que a maioria das
da discussão, a partir das categorias extraí- ferramentas tecnológicas do processo de tra-
das da leitura e análise das entrevistas com balho do Nasf (clínica ampliada, PTS e PST)

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ainda são pouco conhecidas pela maioria dos para o aumento da referência ou de encami-
profissionais da ESF, bem como, por alguns nhamentos novos a outros serviços. No estudo
dos integrantes do Nasf. de Silva et al. (2012), profissionais de saúde (ESF
Na prática do Nasf, deve ocorrer a compre- e Nasf ) relatam que o Nasf precisa potencia-
ensão do que é conhecimento nuclear do es- lizar a APS, ampliando as ações das equipes,
pecialista e do que é conhecimento comum e além de articular com as redes de saúde, otimi-
compartilhável entre a equipe da ESF (equipe zando os fluxos de referência e contrarreferên-
de referência) e o referido especialista. A cia. Ajudar as equipes a evitar ou qualificar os
equipe de referência é considerada essencial na encaminhamentos faz parte das competências
condução de problemas de saúde dos usuários do Nasf (BRASIL, 2014). As falas a seguir evidenciam
do serviço e deverá acionar o apoio quando per- a prática de apoio matricial ainda na lógica do
ceber dificuldades em lidar com alguns casos fortalecimento dos encaminhamentos, suge-
(BRASIL, 2010). Segundo Matuda (2012), o profissio- rindo que o Nasf deve funcionar para referen-
nal da ESF considera a importância da equipe ciar os casos discutidos, e reforçando que a
de apoio através da ampliação das possibilida- prática realizada, apesar de condizente com a
des de atuação e pelo conhecimento adquirido proposta da ferramenta, ainda se volta predo-
na interação com o outro, quando reconhece minantemente para solucionar o gargalo do
e incorpora seu papel na responsabilização atendimento secundário.
dos casos. Neste sentido, alguns profissionais
mostraram conhecimento sobre o conceito do Apoio matricial é me orientar como ter acesso
apoio matricial, trazendo uma definição mais a todas as redes e saber direcionar o que é de
ampla, a partir da aquisição de novos conhe- quem. (P13).
cimentos, contribuindo para outras opções de
atuação na prática: Então, a gente faz esse matriciamento direta-
mente com eles, pra poder referenciar, se possí-
Apoio matricial, eu entendo que são situações, vel. (P15).
assim, específicas, na qual eu não tenho domínio.
Então, são profissionais que tem conhecimento Outra ferramenta de trabalho proposta
que eu não tenho e que vêm colaborar o meu tra- para o Nasf é a clínica ampliada, que deve
balho, enriquecendo meu conhecimento e dando funcionar como norteadora do intuito de
ferramentas, né? Trazendo ferramentas para que atuar de forma integral e desfragmentada,
eu possa trabalhar. (P4). visando melhorar a qualidade do serviço
ofertado (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010). Lima (2013)
Apoio matricial é quando o profissional vem na confirma que as ações do Nasf, bem como
unidade, quando um especialista da área vem da ESF, devem visar à qualidade e à resolu-
ajudar a gente a entender alguns processos e dei- bilidade, aspectos esses que regem a clínica
xar a gente capacitado para estar atendendo al- ampliada. Além disto, Matumoto (2011) indica
guns problemas [...] que a gente antes não tinha que os enfermeiros conseguem enxergar o
condições de estar avaliando. (P12). fazer clínico de formas diferentes a partir do
entendimento da clínica centrada no usuário,
O apoio matricial sugere uma lógica de contemplando a prática da ferramenta.
corresponsabilização territorial que vem, ao Apesar de fazer parte da Política Nacional
contrário do método tradicional de encami- de Humanização (PNH), a clínica ampliada
nhamentos indiscriminados, buscando maior parece não ser conhecida pelos profissionais
resolutividade (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010). Para entrevistados, pelo menos, enquanto defini-
Andrade et al. (2012), as ações de apoio devem ção. Foi percebida confusão no entendimen-
diminuir os encaminhamentos e não contribuir to do conceito, tornando-a restrita ao acesso

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à unidade de saúde, e alguns profissionais re- longitudinal, próximo da população e na


lataram desconhecê-la, conforme se exem- perspectiva da integralidade, conforme as
plifica nas falas a seguir: diretrizes da atenção básica (BRASIL, 2012).
Assim, cabe ao Nasf contribuir na discus-
A clínica ampliada seria o acesso que damos aos são junto aos gestores sobre os indicadores
usuários, uma vez por mês, com consultas mé- de saúde relacionados com a qualidade do
dicas, tanto de clínica como de ginecologia, de cuidado prestado à população, com o intuito
pediatria, integrais, para orientar. (P7). de refletir sobre a ineficácia da valorização
de metas simplesmente quantitativas, pois
Agora, clínica ampliada, nunca ouvi falar. (P1). estas não medem o impacto das ações nem
são suficientes para avaliar a qualidade do
Portanto, para o desenvolvimento do tra- cuidado (SILVA ET AL., 2012).
balho na ESF, além do conhecimento técnico, Quando questionados sobre as atividades
são esperados outros conhecimentos, tais desenvolvidas no serviço, e que são comuns
como: políticas públicas de saúde, território, entre Nasf e ESF, os profissionais relaciona-
perfil epidemiológico da população, rede de ram, em sua grande maioria, as atividades
cuidados e habilidade para abordar o pacien- em grupo: “Os grupos de orientações mesmo.
te, acolher, ouvir e comunicar-se com ele [...] São esses grupos, que mais parece” (P9).
(NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010). O estudo de Silva et “Acho que a parte mesmo de grupos, de orien-
al. (2012) sugere que é preciso reconsiderar a tações...” (P10).
agenda e a organização do trabalho do Nasf, Na prática, as equipes do Nasf são respon-
quanto aos atendimentos individuais e à sáveis por vários grupos (terapêuticos, temá-
construção do trabalho interdisciplinar, para ticos, educativos, oficinas etc.), com ou sem
uma maior qualidade do cuidado. a parceria das equipes da ESF. Devido aos
Os aspectos referenciados acima visam diferentes modelos de gestão e da prática de
a uma abordagem ampliada, que se faz ne- trabalho entre Nasf e ESF, além das grandes
cessária para efetivar o cuidado integral em demandas e metas de produtividade da ESF,
saúde e é esperado para o trabalho do Nasf. os grupos acabam sendo centralizados nos
Os entrevistados apresentam a percepção de profissionais de Nasf (GONÇALVES, 2015).
que os profissionais de Nasf possuem uma Os profissionais do Nasf devem propor
abordagem mais ampliada, voltada às ações ações que busquem ir além dos grupos prio-
de promoção e prevenção, para intervirem ritários, visando ampliar as intervenções da
em casos mais complexos, de maior vulnera- ESF, que ainda enfoca um modelo centrado
bilidade, e no enfoque familiar: na doença (OLIVEIRA; ROCHA; CUTOLO, 2012).
Nessa perspectiva, se encontram as ati-
Nasf é nosso apoio em relação às ações, à comu- vidades isoladas da ESF, que não condizem
nidade, porque a maior parte da demanda [...] com a prática de trabalho do Nasf, relata-
são problemas sociais, e eles têm uma experiên- das pelos profissionais entrevistados, e que
cia mais ampla [...]. O Nasf tem um entendimen- são relacionadas com a atuação específica
to maior da família... (P11). médica ou de enfermagem, tais como: inter-
venções com medicação, exames, supervisão
e urgências. Ou seja, há um predomínio de
RELAÇÃO ENTRE AS PRÁTICAS DA ESF E DO práticas mais curativas.
NASF
A terapêutica de doenças mesmo [...] e farmaco-
O apoio do Nasf às equipes deve se basear lógica, que o Nasf não faz. (P11).
na produção de um cuidado continuado e

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Acho que, basicamente, é questão de troca de em relação à sigla ou ao seu significado. “Eu
receitas [...] e isso aí, o Nasf não precisa fazer. ouvi falar, mas não me profundei ainda” (U1).
(P12). “Eu não sei, nunca ouvi falar” (U4). “Não sei
mesmo o que é” (U3).
Esse resultado espelha o encontrado em um Para Souza et al. (2013B), existe o reconhe-
estudo realizado em Fortaleza (CE), no qual os cimento das atividades realizadas pelo Nasf,
profissionais do Nasf apontaram que as ações mesmo quando estas não são associadas ao
da ESF eram voltadas, predominantemente, nome da proposta. Legitimando as conside-
para a assistência baseada em protocolos con- rações do autor acima, as falas a seguir de-
solidados (OLIVEIRA; ROCHA; CUTOLO, 2012). monstram o reconhecimento das categorias
Conforme Lima (2013), as ações realizadas profissionais do Nasf, tais como nutricionis-
entre os profissionais de Nasf se assemelham tas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais
com as atividades desenvolvidas entre Nasf e fonoaudiólogos, de forma atuante na UBS,
e ESF, e devem visar à clínica ampliada, a pois os usuários frequentam atividades de-
partir do atendimento compartilhado e da senvolvidas por estes profissionais.
intervenção interdisciplinar, com troca de
saberes, capacitação e responsabilidades [...] Falei da nutricionista porque eu perguntei
mútuas, gerando conhecimento para todos pra ACS [Agente Comunitária de Saúde] [...] e
os profissionais envolvidos. Considerando ela falou para ele participar de um grupo que tem
que a ESF encontra-se em um panorama aqui, de segunda-feira [...]. (U4).
fortemente influenciado pelo modelo bio-
médico e se propõe a romper com tal modelo [...] por exemplo, crianças que têm problema
assistencial, este segue sendo um grande de fonoaudióloga, têm grupos que atende [...].
desafio para a construção da nova prática (U2).
(VIEGAS; PENNA, 2013).
A participação nas atividades do Nasf
Percepção dos usuários também não é impedida pela falta de com-
preensão da definição ou sigla, porém pode
Os resultados e a discussão apresentados comprometer a articulação entre as ações
abaixo emergem a partir do estudo com o realizadas e uma proposta de saúde, no
grupo dos usuários, que se centrou em torno futuro (SOUZA ET AL., 2013A). O discurso abaixo
da percepção dos mesmos acerca de sua relata a participação do usuário em duas
relação com o Nasf. atividades distintas do Nasf, porém, para
O estudo de Souza et al. (2013B) evidenciou ele, parece não importar quem são e/ou de
que os usuários não reconhecem a equipe onde são esses profissionais de saúde. Esta
Nasf pela sigla. No entanto, existem pesqui- ‘não identificação’ do Nasf pode ser espe-
sas nas quais os usuários atribuem as ações rada, se for pensada sob a perspectiva da
do Nasf à melhoria da qualidade de vida, transdisciplinaridade.
mas, nesses casos, a coleta de dados foi rea-
lizada imediatamente após os sujeitos parti- [...] Na segunda-feira, às 10 horas da manhã, eles
ciparem das atividades do Nasf (NÓBREGA, 2013; fazem as coisas pros idosos, lá. É terapia ocupa-
SOUZA ET AL., 2013B), possivelmente, facilitando o cional. [...] pra quem também tem problema de
reconhecimento da equipe. tendinite, artrite, artrose, essas coisas. Eu partici-
Quando da realização do grupo focal, pava também na fisioterapia. (U3).
sobre o que entendiam das atividades do
Nasf, observou-se que os usuários partici- Tentando definir o trabalho do
pantes relataram total desconhecimento Nasf, dois usuários arriscaram e

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acabaram confundindo-o com alguns servi- matricial, o que sugere que, apesar do en-
ços de atenção domiciliar que são ofertados tendimento sobre a ferramenta, sua prática
na região pesquisada pelo SUS, ou por con- ainda não está consolidada enquanto rotina.
vênios privados de saúde. A presente investigação também mostrou
imitações acerca do conhecimento mais
O Nasf é aquele [...] que eles levam as aparelha- aprofundado sobre a clínica ampliada, ob-
gens para fazer o tratamento em casa [...] ao in- servando pouco ou nenhum embasamento,
vés de ficar no hospital, eles ficam em sua própria por parte dos profissionais da ESF. Estes
residência [...]. (U1). aspectos relacionados ao entendimento de
conceitos e práticas de trabalho sugerem
Seria mais um home care? [...] quando as pesso- um investimento em educação permanente,
as precisam de fralda, colchão ou alguma coisa com as equipes no cotidiano do trabalho, que
especializada? (U3). pode ser realizado pela própria equipe Nasf.
Em relação aos usuários, o Nasf não foi
Os dados revelam a percepção dos usuá- reconhecido pela sigla, mas houve relatos
rios frente à importância da ação multidis- sobre participações em atividades realizadas
ciplinar na qual estão envolvidos, porém na UBS por profissionais do Nasf. Esta ‘não
também afirmam que falta divulgação de tais identificação’ nominalista, por parte dos usu-
atividades (SOUZA ET AL., 2013B). Para Souza et al. ários, pode ser esperada caso seja pensada
(2013A), fica clara a necessidade de divulgação, sob a perspectiva da transdisciplinaridade.
para a comunidade, do atendimento multi- E permite especular que, para a população,
profissional, cuja cobertura ainda é pequena. o mais importante talvez seja como os ser-
viços de saúde se apresentam em termos de
acesso e qualidade do cuidado, especialmen-
Conclusões te na perspectiva multiprofissional, sendo
menos importante o nome que esses serviços
Uma vez que a saúde da família representa recebem dos arranjos gerenciais ou progra-
uma estratégia prioritária para a reformu- mas governamentais criados para induzir e
lação do modelo assistencial, com o intuito estruturar políticas públicas.
de fortalecer a atenção primária, no País, e A comparação da percepção dos profissio-
garantir a universalidade e a integralidade nais com a dos usuários, sobre o Nasf, sugere
no cuidado à saúde, a incorporação de outros que a proposta idealizada é reconhecida e
profissionais, através do Nasf, fez-se neces- valorizada pela população, talvez mais até
sária para expandir as ações em saúde na do que pelas próprias equipes de saúde. Um
ESF e contribuir para uma maior resolutivi- serviço multidisciplinar voltado à atenção
dade na APS. básica tem impacto na percepção dos in-
Em relação à percepção dos profissionais divíduos por ser uma lógica diferenciada.
da ESF sobre o Nasf, o entendimento da Entretanto, as ações necessitam ser cons-
lógica de trabalho a partir do apoio matri- tantemente fortalecidas (SOUZA ET AL., 2013A).
cial, do compartilhamento de saberes e das Neste sentido, parece recomendável um in-
práticas, ainda que polimorfo e pouco apro- vestimento maior no fortalecimento da pro-
fundado, já representa um aspecto positivo, posta de trabalho do Nasf, com as equipes de
pois supõe que o Nasf conseguiu transmitir saúde, especialmente enfocando os aspectos
essa visão às equipes de ESF. Por outro lado, conceituais e operativos da educação perma-
sobre as atividades desenvolvidas pelo Nasf nente e do apoio matricial, reforçando os dis-
na UBS, não houve a menção de ações re- positivos da clínica ampliada e estimulando
lacionadas ao matriciamento, ou de apoio os arranjos organizacionais que expandam

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Percepções de usuários e profissionais da saúde da família sobre o Núcleo de Apoio à Saúde da Família 1099

os espaços coletivos de gestão e discussão do fortalecimento da proposta, a fim de sempre


trabalho entre as equipes. melhorar a resolutividade e efetivar a inte-
Apesar de poder ser considerada em cons- gralidade na APS.
trução, a proposta do Nasf já completa dez
anos, e já revela um arco amplo que engloba
distintas ações, formatos e interpretações. Colaboradores
Diante da amplitude do tema, outras per-
cepções e aspectos relacionados ao Nasf Os autores trabalharam igualmente em todas
podem agregar reflexões, na expectativa de as etapas de elaboração do artigo. s

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