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GINÁSTICA DE
ACADEMIA
Introdução
A capacidade aeróbica, normalmente apresentada como consumo
máximo de oxigênio (VO2 máximo), é frequentemente utilizada como
indicador de aptidão cardiorrespiratória e ponto fundamental da saúde.
Além disso, a capacidade aeróbica alta está associada a um melhor de-
sempenho físico e a um menor risco de doenças cardiovasculares e
mortalidade em atletas e não atletas.
O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT, high intensity
interval training) foi classificado como a modalidade de treinamento mais
popular na pesquisa anual das tendências mundiais de condicionamento
físico de 2018, ficando em terceiro lugar na pesquisa de 2019 e estando
entre as cinco melhor classificadas desde o ano de 2014 (THOMPSON,
2018). Ele tem sido amplamente utilizado como uma alternativa ao trei-
namento tradicional de resistência, visto que resulta em níveis mais altos
de desempenho de resistência, redução do tempo dedicado ao exercício
por sessão de treinamento e aumento da adesão ao exercício.
Apesar do recente aumento no interesse por esse treinamento,
o HIIT é uma modalidade que vem sendo aplicada no treinamento de
atletas há algumas décadas. Uma das grandes vantagens desse tipo
de treinamento, e que vem atraindo a atenção da população, é o alto
gasto calórico. Devido à alta intensidade dos exercícios, o organismo
demora várias horas para recuperar-se do estresse e, durante esse tempo,
o metabolismo continua acelerado, gerando gasto energético em níveis
2 Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT)
1 Características do HIIT
O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) é, hoje, um dos meios
mais eficazes para melhorar a função cardiorrespiratória e metabólica e,
consequentemente, o desempenho físico dos praticantes. A principal carac-
terística do HIIT consiste em repetidas séries, curtas ou longas, de exercícios
de alta intensidade, intercaladas com períodos de recuperação (BUCHHEIT;
LAURSEN, 2013).
Na última década, vários estudos científicos nessa área foram apresenta-
dos. Contudo, a utilização do HIIT por atletas já marca quase um século de
existência. Em 1920, Paavo Nurmi, um dos melhores corredores de média e
longa distância do mundo na época, já utilizava alguma variação de HIIT.
Em 1950, Emil Zatopek contribuiu para a popularização desse formato de
treinamento (BILLAT, 2001).
As rotinas de HIIT incluem treinamento de corridas curtas (sprints)
repetidas, com duração entre 3 e 7 segundos, intercaladas com períodos de
recuperação com duração geralmente inferior a 60 segundos. O tempo de
esforço e de recuperação pode variar, bem como podem ser aplicados sprints
de 30 segundos ou mais, intercalados com tempos maiores para recuperação
(2–4 minutos). As sessões de treinamento com HIIT podem variar entre
treinos curtos, de 4 a 7 minutos, ou mais longos, que podem chegar a 40 a
45 minutos de duração.
Após experimentos pioneiros de Hill, na década de 1920, Åstrand et al.
(1960), na década de 1960, e Balsom et al. (1992), na década de 1990, criou-se a
base científica para a sustentação do HIIT como método eficaz de treinamento.
Foi demonstrado que os protocolos de HIIT provocam aumento da captação
máxima de oxigênio (VO2 máx.), do limiar de lactato e da potência aeróbica.
Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) 3
Modalidade
A modalidade de exercício diz respeito a qual atividade será realizada em
uma sessão de treinamento. Ela deve ser programada de acordo com o nível
de aptidão, as preferências, a experiência, as limitações, as potencialidades e a
especificidade da modalidade esportiva e a individualidade biológica de cada
aluno/atleta. Em geral, são estabelecidos exercícios mais comuns e de fácil
realização, como caminhadas/corridas (tanto em esteira como ao ar livre) e
ciclismo, para indivíduos iniciantes ou que apresentam quadro de sobrepeso
ou obesidade. No entanto, exercícios de diferentes modalidades podem ser
conjugados para aplicação em uma sessão de HIIT, e a forma de combinação
deles influenciará diretamente no grau de esforço e dificuldade de cada sessão
de treinamento.
Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) 9
Intensidade do esforço
Variável que estabelece a principal característica do HIIT, a intensidade do
esforço deve ser controlada para atingir níveis de intensidade adequados para
causar adaptações desejadas ao exercício e, ao mesmo tempo, estar dentro da
capacidade do indivíduo de completar a sessão de treinamento com mínimo
risco de lesão devido ao esforço.
Existem diversas maneiras simples que podem ser utilizadas para o con-
trole de intensidade. A frequência cardíaca é uma delas, a qual deve, em
cada momento de exercício, atingir um nível superior a 80% da frequência
cardíaca máxima do indivíduo. A velocidade de corrida (quando em esteira)
e de pedalada (quando em cicloergômetro), o PACE (quando em atividades de
corrida ao ar livre) e até mesmo a escala de percepção subjetiva de esforço de
BORG são métodos indiretos válidos para controlar a intensidade do exercício
durante o HIIT.
Número de séries
O número de séries reflete o número de repetições de esforços realizados
em uma sessão de treinamento. Durante uma atividade, esse número varia
de acordo com o objetivo e o nível do condicionamento do atleta envolvido.
Por exemplo, uma série pode ter vários estímulos curtos, separados por
um intervalo maior para recuperação que o intervalo entre cada estímulo.
O número de séries afetará o nível de fadiga e carga de trabalho total aplicado
ao final da sessão de treinamento.
Leva-se dois minutos para alcançar o máximo, então, caso esteja correndo
assim (não atingindo a intensidade adequada pelo fato da corrida ser muito
curta), você deve reduzir seu tempo de recuperação de modo que a sua recu-
peração ainda não tenha sido completada antes do início da próxima corrida
(DANIELS, 2013, p. 155).
João.
Homem.
35 anos.
IMC = 27 kg/m2.
Praticante regular de musculação.
Realiza treinamentos de força 4 vezes por semana.
Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) 15
Com base nos dados preliminares, uma estratégia seria incluir na rotina de
treinamento de João o HIIT em dois dias da semana, como no exemplo a seguir:
WEN, D. et al. Effects of different protocols of high intensity interval training for VO2max
improvements in adults: a meta-analysis of randomised controlled trials. Journal of
science and medicine in sport, [s. l.], v. 22, n. 8, p. 941–947, 2019.
WESTON, K. S.; WISLØFF, U.; COOMBES, J. S. High-intensity interval training in patients
with lifestyle-induced cardiometabolic disease: a systematic review and meta-analysis.
British Journal of Sports Medicine, London, v. 48, n. 16, p. 1227–1234, 2014.
WISLØFF, U. et al. Superior cardiovascular effect of aerobic interval training versus
moderate continuous training in heart failure patients: a randomized study. Circulation,
Hagerstown, v. 115, n. 24, p. 3086–3094, 2007.
Leituras recomendadas
IFTIKHAR, I. H.; KLINE, C. E.; YOUNGSTEDT, S. D. Effects of exercise training on sleep
apnea: a meta-analysis. Lung, New York, v. 192, n. 1, p. 175–184, 2014.
MARTINS, P. J. F.; MELLO, M. T.; TUFIK, S. Exercício e sono. Revista Brasileira de Medicina
do Esporte, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 28–36, 2001.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condiciona-
mento e ao desporto. 3. ed. Barueri: Manole, 2000.
SHAPIRO, C. M. et al. Sleep patterns afted graded exercise. Journal of Applied Physiology,
[s. l.], v. 39, n. 2, p. 187–90, 1975.
YOUNGSTEDT, S, D.; O’CONNOR, P. J.; DISHMAN, R. K. The effects of acute exercise on
sleep: a quantitative synthesis. Sleep, New York, v. 20, n. 3, p. 203–214, 1997.
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