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E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
3.) Identifique o recurso presente no verso «Que tenho enrolado os pés publicamente nos
tapetes das etiquetas» (v.8) e explicite o seu valor expressivo.
Resposta: O recurso expressivo é a metáfora, porque para além do sujeito lírico nos
confessar a sua incapacidade de se relacionar com os outros, este acaba por se
humilhar em público por não saber como agir.
4.) Aponte a razão por que, nos versos 12 e 13, é feita referência às criadas de hotel e aos
moços de fretes.
Resposta: Nos versos 12 e 13, as “criadas de hotel” e os “moços de fretes” desprezam
o sujeito poético invés de o tratarem com algum respeito e reverência.
5.) Explicite o significado dos versos «Quem me dera ouvir de alguém a voz humana/ Que
confessasse não um pecado, mas uma infância; / Que contasse, não uma violência,
mas uma cobardia!» (vv. 22 a 24).
Resposta: Nestes versos, o sujeito poético encontrasse sozinho então, procura uma
companheira, isto é, alguém igual a ele, uma “voz humana” que se exponha tal como
ele faz, relatando todos os seus feitos e pontos fracos. Só assim poderia existir a
verdadeira intimidade.