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Para trabalhar diariamente com modernas redes wireless como UMTS e LTE, é
essencial que o profissional de telecom tenha pleno entendimento de seus conceitos
mais básicos, como aqueles que controlam o estabelecimento e a manutenção de
uma chamada, seja ela de Voz (CS) ou Dados (PS).
Nesse cenário, RAB e RRC são os dois dos conceitos mais importantes pois são
responsáveis por toda a negociação envolvida nessas chamadas.
Além do RAB e RRC, temos ainda alguns outros termos diretamente envolvidos no
contexto, como RB, SRB, TRB, AS, NAS entre outros. São conceitos igualmente
importantes, uma vez que sem eles o RAB e RRC não poderiam existir.
Então vamos tentar hoje entender da forma mais simples possível o papel do RRC e
RAB nas chamadas dessas redes móveis na prática. A medida que se tornar
necessário, vamos também falar dos demais conceitos citados.
Introdução
Para começar, podemos dividir uma chamada em duas partes simples: a sinalização
(ou controle) e os dados (ou informação). Já adiantando um dos principais
conceitos, podemos entender o RRC como responsável pela parte de controle, e o
RAB como responsável pela parte da informação.
Como mencionado, outros conceitos auxiliares são envolvidos nas chamadas, mas
nosso objetivo hoje é fixar os conceitos mais básicos - RRC e RAB, permitindo que
posteriormente consigamos evoluir em nossa aprendizagem.
Por incrível que pareça, até profissionais que já trabalham com redes UMTS –
WCDMA e LTE tem alguma dificuldade na compreensão plena dos conceitos de RRC
e RAB. E sem esse entendimento inicial, dificilmente os mesmos conseguem evoluir
em com clareza ou eficiência em seu trabalho diário.
Sem mais introdução, vamos direto ao assunto e então tentar entender de uma vez
por todos esses conceitos tão importantes.
Analogia
Como sempre, e já costume do telecomHall, vamos fazer uma analogia que nos
auxilie a entender o funcionamento do RRC e RAB na prática.
Vamos começar imaginando o seguinte cenário real: duas pessoas estão isoladas
por um penhasco. Do lado esquerdo, uma pessoa (1) deseja comprar algumas
coisas que estão à venda numa loja (2) - ou depósito - do lado direito. Nesse lado
direito, além do depósito, temos também uma vendedora (3), que ajudará o
comprador a entrar em contato (negociação) com o depósito.
Vamos prosseguir com uma solução possível: o comprador da esquerda anota o seu
pedido, amarra em uma pequena pedra que encontra pelo chão, e joga (1) para o
vendedor no outro lado. A pedra leva então a informação ou solicitação inicial.
Algum tempo depois, a resposta do depósito chega à vendedora (1), que então
verifica se vai poder enviar os dados ou não.
Para podermos prosseguir com a nossa chamada, vamos considerar uma resposta
positiva. Ou seja, o que o comprador está querendo, ou os ‘recursos’ estão
disponíveis.
A vendedora percebe que para atender à solicitação, e poder enviar as compras, ele
vai precisar construir um ‘caminho’ (1) entre as duas pontas do penhasco, para que
os vagões possam transitar com os pedidos/recibos e as compras. Então, o
vendedor utiliza algumas de suas barras de ferro e cria uma ligação entre os dois.
Se você conseguiu entender como foi resolvido o problema acima, parabéns, você
acabou de entender como funciona a forma mais comum de comunicação UMTS –
WCDMA e LTE!
O que é Bearer?
Se procurarmos a palavra ‘bearer’ no dicionário, vamos encontrar algo do tipo
Carregador, Portador ou Transportador. De forma simples: aquele que carrega ou
transporta algo de algum ponto a outro ponto. Em um restaurante, podemos fazer
a correspondência do ‘bearer’ com um Garçon.
Falando mais tecnicamente, é um canal que transporta Voz ou Dados, uma conexão
lógica entre diferentes pontos (nós) que garante que os pacotes que estão
trafegando tenham as mesma características de QoS. Explicando melhor: para cada
‘bearer’ temos diversos parâmetros associados, como por exemplo qual o atraso e
perda de pacotes limite – e são esses atributos que fazem com que cada pacote
que vai nesse mesmo canal tenha os mesmos parâmetros QoS.
Nota: Se você conseguir entender bem os conceitos que serão explicados na figura
abaixo, você já estará com um ótima base tanto para redes WCDMA quanto para
redes LTE. Isso porque para facilitar as nomenclaturas de referem ao WCDMA, mas
o princípio é praticamente o mesmo no LTE. Basta apenas fazer as
correspondências equivalentes, como trocar NodeB por eNB.
Como alguns exemplos de RAB para diversos serviços e diferentes taxas temos:
O RAB Conversational e o RAB Interactive podem ser usados juntos, e nesse caso
temos um caso de MultiRAB.
Nota: em uma rede otimizada, podemos encontrar grande parte do tráfego sendo
tratado por HSPA bearers, até mesmo MultiRAB. Essa opção libera recursos de CE
(Channel Elements), aliviando assim a carga para o R99 (que somente pode utilizar
tais recursos). Entretanto, a mesma deve ser feita com com atenção, pois se
configurada de forma inadequada pode degradar os Indicadores de Performance
com Bloqueios (Congestionamento) e Quedas.
Como você já deve ter percebido, estamos falando de diversos termos mais
técnicos, porém são os termos que que você vai encontrar quando estiver por
exemplo lendo fluxogramas de chamadas UMTS ou LTE, ou seja, é necessário. Mas
se você conseguir entender pelo menos em parte os conceitos apresentados hoje,
tudo fica mais fácil.
Vamos então vamos ver novamente a nossa figura, e continuar a nossa analogia.
Por exemplo, um UE pode ter 3 RABs entre ele e a RNC, e estes RABs podem estar
sempre mudando, como no caso de soft handovers, enquanto a RNC tem apenas 1
Iu bearer para essa conexão.
Uma vez que o SRB foi estabelecido ente o UE e o CN, o RNC verifica uma série de
informações como a identidade do UE, qual o motivo da solicitação e se o UE tem
capacidade do serviço solicitado.
É o RNC quem mapeia os RABs solicitados nos RBs, para tranferência entre o UE e
a UTRAN. Além disso ele faz também as averiguações dos atributos dos RABs: se os
mesmos podem ser atendidos pelos recursos disponíveis, e ainda se é preciso ativar
ou reconfigurar canais de rádio (reconfiguração de serviços de camadas inferiores)
baseado no número de conexões de sinalização e RABs a serem transferidos.
Dessa forma, ele cria a impressão de que existe um caminho físíco entre o UE e o
CN. Lembrando novamente que não importa quantas conexões de sinalização e
RABs existam entre o UE e o CN – só existe uma única conexão RRC usada pelo
RNC para controle e transferência entre o UE e a UTRAN.
Agora que já vimos bastante sobre RRC e RAB, vamos conhecer apenas mais
alguns conceitos hoje – afinal, já temos bastante informações apresentadas. Vamos
falar de AS e NAS.
Como já vimos acima, o RNC mapeia os RABs solicitados nos RBs utilizando a
informação atual dos recursos de rádio da rede, e controla os serviços de camadas
inferiores. Para otimizar o uso desses recursos de rádio, bem como o
compartilhamento de banda e recurso físicos da rede entre diferentes entidades, a
UTRAN pode também realizar a função de distribuição do CN para as mensagens
NAS.
Mas agora o assunto começou a ficar muito mais complexo, e acreditamos já ter
atingido nosso objetivo hoje, que era aprender os princípios básicos de RRC e RAB.
Tudo o que falamos acima pode ser visto novamente na mesma figura abaixo, a
mesma do início das das explicações.
Tudo bem, entendemos como funciona o RRC e RAB em redes UMTS – WCDMA e
LTE. Mas e no GSM, temos esses conceitos também?
A princípio, a resposta é não. Porém, com o que aprendemos hoje, podemos fazer
uma comparação com alguns parâmetros ‘equivalentes’ do GSM.
Podemos comparar a fase SDCCH e a fase TCH de uma chamada no GSM com RRC
e RAB no UMTS.
RRC é o Controle dos Recursos de Rádio que trabalha como Plano de Controle na
camada 3. É usado basicamente para sinalização no UMTS. Então podemos
comparar com a parte sinalização no GSM, como o processo de designação
imediata para alocação dos recursos de SDCCH.
RAB é o ‘Carregador’ de Acesso Rádio que trabalha como o Plano de Usuário para
prover Dados para os serviços solicitados pelo usuário. Então podemos comparar
com a parte do usuário no GSM, como a designação de TCH dos usuários.
Para cada serviço solicitado pelo usuário temos apenas 1 RAB. Por exemplo, se o
serviço solicitado for uma chamada de Voz (CS-AMR), então 1 CS RAB vai ser
gerado e fornecido para o usuário. O mesmo ocorre para Chamadas PS.
Assim a nossa tabela de equivalência seria:
Para concluir por hoje, vamos ver (sempre de forma simplificada) como acontece
uma conexão usando RRC e RAB.
Sempre que o UE precisa de recursos da UTRAN, ele solicita à mesma. Para que
esses recursos sejam alocados, a mesma estabelece uma conexão RRC, com alguns
SRBs.
Nesse caso, uma conexão RAB é criada para permitir a transferência de dados no
plano de usuário. Lembramos que o RAB é formado por RB + Iu bearer. O RAB é
criado pelo CN, com uma requisição de QoS específica.
Para um único UE, podem existir múltiplos RAB por serviço NAS (CS ou PS).
Mas vamos nos ater apenas ao procedimento inicial, ou seja, como é realizado o
procedimento ‘RRC Setup’, a partir da solicitação do UE.
Após a conexão RRC ser estabelecida, a UTRAN faz a ligação entre o CN e o UE,
realizando por exemplo as operações de Autenticação e Segurança.
Conclusão
Com essa base conceitual, vamos prosseguir evoluindo nos próximos tutoriais com
exemplos que tornam a assimilação desses complexos conceitos em uma tarefa
bem menos exaustiva que o normal.
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