Você está na página 1de 60

Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes


Departamento de Biblioteconomia e Documentação
CBD0215 - Representação Descritiva I

Apontamentos Histórico dos


Catálogos e da Catalogação

Prof. Fernando Modesto


Margaret Mann: chave da biblioteca;

Shera & Egan: instrumento cuja finalidade


Catálogo é tornar objetivo e permanente o processo
intelectual de análise e síntese dos
documentos.
Shera, J. H.; Egan, M. E. Catálogo sistemático: princípios e utilização. Brasília: UNB, 1969.

Técnica com finalidade de mediar, por meio do


relacionamento dos documentos, as necessidades
de informação das pessoas.

Catálogo é um instrumento de
Catalogação comunicação e de informação

Mey, E. S. A. Introdução à catalogação. Brasília: Briquet de Lemos, 1995.


Missão de fornecer regras, estruturas,
Catalogação esquemas e modelos para elaborar
representações dos recursos informacionais
de forma a possibilitar e a simplificar sua busca
e recuperação, abrangendo tanto seu
aspecto físico quanto seu conteúdo, como
uma das especialidades do fazer
biblioteconômico e uma atividade
imprescindível no interior das bibliotecas.

Santos, Plácida L. V. A. da C. Catalogação revisada: história e contemporaneidade. PPGCI-


FFC/Unesp.
Catalogação

conjunto de ações sobre um documento

Ponto de acesso
Físico
Finalidade Descrever Aspectos estabelecer Recuperação
Intelectual

Aspecto evolui nas etapas históricas da informação registrada.


A necessidade de ferramenta com tais características acompanha o homem
desde o início da formação de acervos documentais.

Garrido Arilla, M. R. Teoria e história de la catalogación de documentos. Madrid : Síntesis, 1996.


Dados de
Localização Catalogação Bibliográfica
CDD;
CDU; LC,
etc Descrição Indicação dos
Bibliográfica pontos de acesso
AACR2;
AACR2 PCC;
ISBD Catálogo de
Autoridade
(tradicional)

Pessoas,
LCH; Assuntos Entidades,
Tesauros; Títulos
Controle de
Vocabulário

Diagrama Tradicional do mundo impresso ao híbrido


Catalogação Tradicional Representação descritiva
Dados de localização

Cabeçalho
Pontos de
Acesso

Dados de localização
Representação temática
Campbell, J.W.P.A. Biblioteca: uma história mundial. Trad. Thais
Rocha. São Paulo: Edições SESC São Paulo, 2015.

História das bibliotecas é, em parte, a história dos


livros.

Palavra “LIVRO” para qualquer coisa que possa ser


escrita e que se tenha a intenção de manter para
referencias futuras.

Forma atual dos livros não é universal e nem antigo.

1º livros eram tábuas de argila, rolos, folhas de


palmeira, pedras esculpidas e rolos de seda.
Mesopotâmia

1º Sistema de escrita, 5.500 anos,


em Uruk, para registros
financeiros e culturais específicas.
Arquivados em uma “biblioteca”.
Arqueólogos encontraram tábuas
de argila em prateleiras.

Campbell, J.W.P.A. Biblioteca: uma história mundial. Trad. Thais Rocha. São Paulo: Edições SESC
São Paulo, 2015.
Período Antigo Catálogos antigos até o ano 1.100

Bibliotecas? fundamentalmente, depósito bibliográfico e os seus trabalhadores eram


bibliotecários eruditos, cuja missão era estudar e, sobretudo preservar o depósito.
Garrido Arilla, M. R. Teoria e história de la catalogación de documentos. Madrid: Editorial Síntesis, 1999.

Biblioteca mais antiga conhecida, data do terceiro milênio antes de Cristo,


localizada em Ebla (Ugarity na Finícia, atual Síria).

Acervo estimado: 15 – 17 mil tabletes de argila, correspondendo à 4 mil


documentos, em escrita cuneiforme, organizados em estantes de acordo
com o conteúdo temático.
Mey, E. S. A.; Silveira, N. C. Catalogação no Plural. Brasília: Briquet de Lemos, 2009.
Período Antigo
A mais antiga lista de documentos data de 2000 a.C.,
Sumérios
Tabletes de argila, com 62 títulos (4 x 6 cm).
Não se sabe a finalidade, ou se teria sido usada como
catálogo.

As primeiras linhas do
texto. Na época as
obras careciam de
título.
Existência maior de tabletes
Egípcios escreviam sobre papiros, de menor durabilidade.
Sabe-se da existência de bibliotecas porém não se conservam muitas evidências. Identificou-se habitações destinadas
a guardar livros.
Mey, E. S. A.; Silveira, N. C. Catalogação no Plural. Brasília: Briquet de Lemos, 2009.
Período Antigo Bibliotecas famosas:

Ashurbanipal (Séc. VII antes de Cristo), também conhecida como


Biblioteca Nínive (por sua localização)

Alexandria e Pérgamo

Bibliotecas Romanas, em especial, Palatino e Otaviana, na época


de Júlio Cesar.
Cultura Grega

Bibliotecas da Antiguidade: Alexandria e Pérgamo


(Séc III a.C.).
Calímaco, (um dos sábios de Alexandria)
Elabora os Pínakes/Pinakoi (Tábulas), cerca de 250
a.C., onde registra:
Número de linhas de cada obra e suas palavras
iniciais, Dados bibliográficos sobre os autores.
Não se sabe ao certo se o trabalho era uma
bibliografia ou um catálogo ou ambos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cal%C3%ADmaco
Calímaco tomando nota
http://www.revistaair.net/AIR18AlvaroCordon.htm
Antiguidade (Idade Média) – Século XIV - XVII
Catálogos → inventários das coleções (livro de tombo),
organizados em códices (forma de livro)
Catálogo do Colégio de Sorbona, 1290 e o Catálogo da Biblioteca de Saint-
Emmeran, 1347 – Catálogos Famosos.
Convento St. Martin, em Dover
(Inglaterra), de 1389.
Primeiro catálogo considerado como tal.
1410 – 1412, Catálogo compilado por Amplonius Ratnick,
de Berka (Alemanha).
Inovação com o uso de remissivas (registros que eram
remetidos a outros)
Final do Séc. 15 – Johann Trithein – elabora bibliografia
em ordem cronológica → índice alfabético de autor

Com a invenção da imprensa (Gutenberg), Séc. XV,


aparecem os primeiros catálogos impressos, porém
semelhantes ao manuscritos da Antiguidade.
Idade Média

❑ Pouco desenvolvimento da catalogação, a não ser tentativas de


listas inventariais desorganizadas.

❑ Catálogos das bibliotecas universitárias europeias


continuaram a se constituir de inventários de coleções.

❑ Catálogos evidenciam o esforço dos compiladores em


buscar um sistema.
❑ Necessidade de localizar livros não era apreciada até o
século XIV, quando surge a ideia de símbolos para a
localização das obras nas estantes.
❑ Com advento da prensa, no século XV, acervos
necessitam de organização mais cuidadosa.
Ferraz, I. M. C. Uso do catálogo de biblioteca: uma abordagem histórica. Trans-Informação, vol.
3, n.1-3, 1991.
Século 16 As primeiras tentativas de implantação rudimentar
de normas de catalogação

Konrad Gesner (1516-1565), bibliofilo e enciclopedista


Suíço.
Era médico e Humanista, professor de grego e de
filosofia.
Conhecido como: “Pai da Bibliografia”.
Elabora uma bibliografia em ordem de autor, com
índice de assunto.
Sua obra principal: Bibliotheca universalis.

Hernando Cólon, um dos primeiros bibliofilos modernos, concebia a


biblioteca como um depósito de livros dos quais se devia realizar repertórios e
índices.
Século 16

Andrew Maunsell (livreiro inglês) preconiza regras


para o registro de obras:
Introduz a entrada dos nomes pessoais pelo
sobrenome;
O ponto de acesso para as obras anônimas, usou tanto
o título como o assunto e às vezes ambos.
E o ponto de acesso para traduções sob o nome do
tradutor e do assunto
Defendeu que o livro deve ser encontrado pelo
sobrenome do autor, pelo assunto e pelo tradutor.

Convento de Bretton, Yorkshire (Inglaterra) – 1558,


insere nos registros do catálogo os nomes dos editores e
tradutores das obras.
França - 1627 Trabalho sobre biblioteca → incluía
http://goo.gl/o9LKbv organização de catálogos e a
catalogação:
Assinala a importância do catálogo como Advis pour dresser une
meio de encontrar livro e de identificá-lo bibliothéque (Conselhos para
bibliograficamente. formar uma biblioteca)

Recomenda catálogo dividido em duas seções: por autores e por assunto.

Sugere a organização das estantes que permita a


expansão do acervo.

Bibliotecário do cardeal Mazarino (França), em


sua obra Bibliographia Politica aborda a
superioridade da classificação metódica, seguidas
pelas universidades da alta idade média, sobre a
ordem alfabética dos nomes dos autores. Não
esquecer que os catálogos continuam
inventários. Gabriel Naudé
1600 - 1653
1697 - Paris
Frederic Rostgaard (1671-1745) – publica normas sobre organização de
catálogos

Arranjo por assunto: reunindo autores


Normas utilizadas de forma diferente voltados ao mesmo tema.
para adequar-se à biblioteca Edições de uma mesma obra.

1400- 1732 – Biblioteca Bodleyana (Universidade de Oxford, Inglaterra)


Sir Thomas Bodley e a re-fundação da Biblioteca Universitária -
Oxford – Reino Unido

Apresenta primeira tentativa


de juntar vários trabalhos
de um autor e as várias
manifestações (edições e
traduções) desses trabalhos.
http://en.wikipedia.org/wiki/Bodleian_Library
Séc. 18 Mudança dos objetivos do catálogo De inventário para instrumento de busca

Desenvolvimento da pesquisa científica e atividades de


Contexto do período estudos.
Crescimento de bibliotecas na Europa.

Revolução Francesa – confisco de


bibliotecas da Nobreza e Comunidades
religiosas;
Transformação de bibliotecas de uso público

1791 – 1º código de catalogação nacional


(simples e prático)

Criado catálogo em fichas (de fácil atualização em relação ao


livro) – pela falta de papel utiliza-se cartas de baralho.
Séc. 18 Mudança dos objetivos do catálogo De inventário para instrumento de busca

Desenvolvimento da pesquisa científica e atividades de


Contexto do período estudos.
Crescimento de bibliotecas na Europa.

Revolução Francesa – confisco de


bibliotecas da Nobreza e Comunidades
religiosas;
Transformação de bibliotecas de uso público

1791 – 1º código de catalogação nacional


(simples e prático)

Criado catálogo em fichas (de fácil atualização em relação ao


livro) – pela falta de papel utiliza-se cartas de baralho.
Política adotada
de Aquisição –
três fases

1789 – Assembleia Constituinte incorpora ao Estado todos os bens das entidades


religiosas, incluídas as coleções importantes, reunidas ao longo de séculos.

1792/93 – Confisco dos bens de emigrantes e de bibliotecas de entidades eruditas.


O que gera problema de conservação e preservação.

Terceira fase deu origem a um grande número de bibliotecas especializadas e a


transformação das Bibliotecas dos nobres em Biblioteca nacional e o
estabelecimento de muitas bibliotecas públicas.
Revolução Francesa Código de catalogação Francês de 1791

Instruction pour próceder à la confection du catalogue de chacune des Bibliothéques sur


lesquelles le Directoires ont dû ou doivent incessamment apposser les scellés. París:
Imprimerie Nationale. (Instrução para prosseguir com a elaboração do catálogo de cada biblioteca
em que os diretórios tenham sido ou serão em breve apropriados)

Aconselha:
Classificação por autores;
A catalogação seja realizada por pessoa de certa cultura;
Estabelece normas obrigatórias para o cabeçalho de autor;
Normas para acesso ao documento e sua localização;
Define a forma do catálogo: Ficha

Intenção:
Objetivo de garantir uniformidade na catalogação;
Criar um catálogo coletivo;
Indicar um conhecimento exato de todos os livros que existiam nos nas bibliotecas.
1751 – Diderot & D´Alambert →Termo Bibliotecário

Responsável por: guardar,


preservar, organizar, expandir
a coleção de livros.

Complete Textbook of Library Science, 1808.


Versuch eines vollständigen Lehrbuchs der Bibliothek-Wissenschaft
Martin Schrettinger
(1772–1851)
A memória do bibliotecário não pode ser uma parte inseparável de um plano
de organização da biblioteca. Porque, se for esse o caso, sempre que um
bibliotecário é substituído por outro, a coleção de livros perde a sua utilidade
e, nesse momento, deixa de ser uma biblioteca.
Fonte: http://www.library.northwestern.edu/sl/garrett/kloster/Schretti.htm
Séc. XIX Caracteriza-se por fatos notáveis na história da catalogação,
com trabalhos de grande importância e muita influência em
nossa prática moderna.
A moderna Biblioteconomia e os Primeiros Teóricos da Catalogação

Anthony Panizzi – 91 regras – 1839 – British Museum,


Reino Unido

Charles Jewett – código do Smithsonian Institution


– 1852 – Estados Unidos

Charles Ami Cutter – Rules for Dictionary


Catalogue – 1876 – Estados Unidos
Panizzi
Refugiado político italiano.
Bibliotecário-Assistente da Biblioteca do Museu Britânico.
Suas inovações sobre catálogo e as suas regras o levaram a ser
investigado pelo Parlamento britânico.
Os teóricos que se seguem são todos tributários.

Conceitos contidos nas 91 regras

O catálogo deve ser visto como um todo. O livro procurado por uma pessoa não é
na maioria das vezes, o objeto de seu interesse, mas a obra nele contida; esta obra
pode ser encontrada em outras edições, traduções e versões, publicada sob
diferentes nomes do autor e diferentes títulos e, consequente, para servir bem ao
usuário, o catálogo deve ser planejado para revelar todas as edições, versões,
etc das obras, bem como outras obras geneticamente relacionadas ás que
existem na biblioteca.
Fiuza, M. M. Funções e desenvolvimento do catálogo: uma visão retrospectiva. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG,
Belo Horizonte, v. 9, n.2, p.139-159, 1980.
Regras de Panizzi 1841 – Museu Britânico
Influenciaram todos os outros códigos de catalogação
Principais características
a) Valorização da página de rosto
b) Introdução do conceito de autoria coletiva (ainda vago e impreciso)
c) Escolha do cabeçalho de entrada de um autor, de acordo com a forma
encontrada na página de rosto (acatando sempre a vontade do autor)
a) Prenome, quando preferido, seguido pelo sobrenome;
b) Título, no caso de obras anônimas, seguido pelo nome do autor
quando identificado;
c) Pseudônimo, mesmo quando o nome verdadeiro fosse descoberto;
d) Sobrenome de família, para autores pertencentes à nobreza.

Com exceção da primeira – universalmente aceita como fonte de identificação de livro


impresso – as outras seguem em estudos e adequações.

Adota cabeçalhos formais como entradas principais; Congresso para anais, atas e
relatórios de eventos; Academias para publicações de sociedades culturais; Publicações
periódicas para jornais, revistas, etc.
Influência nos códigos da Europa e América, assim como na
91 regras de Panizzi Bodleiana – Universidade de Cambridge. Instituiu a percepção de
que os códigos são instrumentos de consulta do catalogador, de
uso familiar e diário no trabalho.

Autoria conjunta: no caso de dois autores se encabeça para ambos, seguindo a ordem de aparição
no livro. Se há mais de dois autores, por aquele que aparece nomeado em primeiro.
Autoria desconhecida ou incerta: no caso de obras anônimas ou de autoria desconhecida o ponto
de acesso será o título na seguinte ordem de prioridade: 1) nome da persona; 2)nome da entidade ou
instituição; 3) nome do lugar; 4)outros nomes próprios; 5) primeiro nome; e 6) primeira palavra do
título que não seja artigo. Escolha entre diferentes nomes: no caso de autores que mudem seus
nomes o cabeçalho se realizara sob o nome primitivo ou de origem, anexando a palavra “depois” e
o subsequente nome adotado.

Entidades:
Sociedade: o ponto de acesso de sociedades e instituições não oficiais se faz sob o nome do país, se
forem de caráter nacional. Em outros casos, sob o nome da cidade onde seja a sede. Entretanto,
organizações internacionais, firmas comerciais, ordens religiosas recebem ponto de acesso direto
sob o nome.
Instituições: o ponto de acesso sob o nome do estado, cidade a que pertençam. Os museus,
bibliotecas, observatórios etc. Incluso se têm caráter nacional, o ponto de acesso será sob o nome do
lugar em que está localizado.
Publicações governamentais: o ponto de acesso será sob o nome do estado, cidade e onde tenha a
sede da entidade.
Charles Coffin Jewett

Andover Theological Seminary – catálogo em ordem alfabética.

Projeto de Catálogo → método de descoberta baseado:


Lista dos nomes dos autores, uso de entradas secundárias e referências
cruzadas, e exatidão e integridade das descrições bibliográficas.

Jewett participa do projeto.


Em 1841, as 91 regras são publicadas.
Jewett é nomeado bibliotecário e professor de línguas modernas na Universidade de
Brown.

▪ Biblioteca com acervo de 10.000 volumes, está entre as melhores coleções no


país.
▪ Biblioteca publicou apenas dois catálogos: 1º - 1793 (2.173 volumes) e o 2º -
1826 (5,818 volumes).

Havia necessidade de novo catálogo, e Jewett toma para si a responsabilidade.


Citação de Jewett
No Catálogo descritivo, as obras são colocadas em ordem
alfabética, os nomes dos autores organizados em ordem
alfabética. . . obras anônimas, dos quais seja incapaz de
determinar o autor, são colocadas sob a palavra mais
Charles Coffin Jewett
importante do título, ou o assunto a que dizem respeito.

O catálogo representa avanço importante para a catalogação dos EUA por não
ser um catálogo classificado.
Em excursão à Europa, para comprar livros, se reúne com Panizzi e Edward
Edwards para aprender sobre as 91 regras.

Segundo Lehnus: “é o primeiro elo da cadeia começa com Sir Anthony Panizzi
que conhecia Edward Edwards, também do Museu Britânico, e Jewett que
neste momento era bibliotecário da Universidade Brown”.

Durante este período, o papel de um legado para os EUA estava sendo


debatido.
Lehnus, D. J. A Comparison of Panizzi’s 91 Rules and the AACR of 1967. Champaign, Ill.: University of Illinois, Graduate School of
Library Service, 1972. (Occasional Paper, no. 105).
1850, apresenta regras para catalogação. Alguns delas se referem aos cabeçalhos
de responsabilidade e obras anônimas, até hoje são seguidos.

1852 – Publica código baseado em Panizzi


Charles Coffin Jewett

Pseudônimo catalogados pelo nome verdadeiro do


autor, mesmo conhecido.
Características:

Conceito de autoria coletiva adotado para publicações


oficiais americanas: abreviatura U. S.

Sua importância associada a elaboração de Catálogo Coletivo.

Sistema no qual intenta reunir informações sobre coleções existentes nas bibliotecas norte-
americanas e compartilhá-las pelo processo de estereotipia.
Charles Ammi Cutter

❑ Com Jewett há um evento imprevisto que mudou o


desenvolvimento da catalogação anglo-americana.
❑ Durante o mesmo período Cutter trabalhou na Biblioteca
Pública de Boston, catalogado sob supervisão de Jewett
(então eminente catalogador pelas suas ideias).

Cutter aprendeu especialmente o que dizem respeito á


entrada de autor e título.

▪ Seu "The New Catalogue of College Library Harvard“, indica que adotaria um
catálogo de fichas, e não de livro impresso, como de costume.
▪ Ordem alfabética pelo autor indicando: livros e panfletos, todas as memórias
e transações da sociedades científicas e em periódicos.
▪ Acrescenta: A necessidade de um catálogo de assuntos que não admite
dúvidas.
▪ Entra em território no qual nem Panizzi ou Jewett pisaram.
▪ A experiências em Harvard e o processo de criação do catálogo
forneceram excelente aprendizado em biblioteconomia.
Charles Ammi Cutter Tabela de codificação de nomes, em parceria
com Sanborn.

(1876) Publica as Rules for a Dictionary Catalogue [Regras para


catálogo dicionário] – consagra o uso do catálogo dicionário.

Incluem normas para entrada de autor; por título, para a parte


descritiva; cabeçalho de assunto, e alfabetação e arquivamento de
fichas.

Os princípios propostos por Cutter representam a base da catalogação norte-americana –


considerado o grande teórico da catalogação.

Catálogo → adequar-se a conveniência do público.

O catálogo é o principal veículo de comunicação entre o acervo da biblioteca e os


usuários. Elo entre informação e leitor.
Charles Ammi Cutter

Processo técnico do qual resulta o catálogo.

Catalogação É a linguagem de descrição bibliográfica que será um bom


instrumento de comunicação se normalizado, adotando um
código de âmbito internacional.

Entretanto, sendo o catálogo um meio e não um fim, o usuário ou o


público a que se destina deve ter o privilégio de ser conveniente por ele
atendido, mesmo contrariando os preceitos aos quais estão ligados os
catalogadores. Barbosa, A. P. Novos rumos da catalogação, 1978.
Charles Ammi Cutter Objetos da catalogação e os meios para atingir

Catálogo – instrumento hábil para


A) Autor;
B) Título;
1 – Permitir que uma pessoa encontre um livro do C) Assunto.
qual conhece:
D) De determinado autor;
2 – Mostrar o que a biblioteca tem: E) De determinado assunto;
F) De determinada espécie de literatura.

G) Com respeito à sua edição;


3 – Ajudar na escolha de um livro: H) Com respeito o seu caráter (literário ou
tópico)

Para atingir tais objetivos, o catálogo deve contar com os seguintes meios:

Entradas de autor, com as referências necessárias (A e D)


Entradas de Título ou referências ao título (B)
Entradas de Assunto, referências cruzadas (C e E)
Entrada de forma e língua (F)
Transcrição da edição e imprenta, com notas se necessário (G)
Notas especiais (H)
Catálogo de Cutter Baseado em PRINCÍPIOS

❑ ESPECÍFICO: cada livro deve ser incluído no catálogo


sob cabeçalho de assuntos específicos.
❑ DE USO: assuntos escolhidos devem ser refletido no
catálogo com a terminologia e forma que os usuários
esperam encontrar.
❑ SINDÉTICO: assuntos usados no catálogo devem estar
conectados mediante referência que conduzam o leitor de
assuntos não adotados para o adotado ou mais
utilizados.
Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892-1972)
Classificação facetada

Contribuição: obras teóricas pura, e estudos


comparativos entre códigos.
Influência sobre Lubetzky.

1934 – Classified catalogue code: ordem alfabética dos


cabeçalhos de assuntos mais genéricos e dentro de cada um
deles, alfabeticamente suas subdivisões. Único código a reunir
estas normas específicas.
1950 – Publica a Bibliografia Nacional Britânica. Classifica
segundo procedimento de indexação de assuntos.
1955 – Ranganathan: Headings and canons: estudo
comparativo de 5 códigos de catalogação.
1967 – AACR – influência de Raganathan na segunda parte do
código – cabeçalhos.
Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892-1972)
Canon 1955 – Ranganathan: Headings and canons:
da Determinabilidade estudo comparativo de 5 códigos de catalogação.
da Consistência
de Relevância
de Permanência
da Moeda; e
de prepotência
Leis gerais da catalogação
❖ Leis de Interpretação
❖ Lei da Imparcialidade
❖ Lei da Simetria
❖ Lei da Parcimônia
Princípios de Catalogação
o Princípio da Variação Local
o Princípio da Osmose
o Princípio da Unidade da Ideia
o Princípio da Probabilidade
Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892-1972)

1955 – Ranganathan: Headings and canons:


estudo comparativo de 5 códigos de catalogação.
Canon O que é rastreavel. Refere-se às
da Determinabilidade informações fornecidas para as entradas
da Consistência do catálogo e que devem ser verificáveis
de Relevância
de Permanência
e não imaginadas. Prescreve o uso da
da Moeda; e página de rosto como a fonte principal
de prepotência da catalogação das informações para a
Leis gerais da catalogação escolha e uniformização do ponto de
❖ Leis de Interpretação
❖ Lei da Imparcialidade
acesso da entrada principal e entradas
❖ Lei da Simetria secundárias. Se o Cânon fosse seguido,
❖ Lei da Parcimônia haveria pouca necessidade de realizar
Princípios de Catalogação pesquisas para obter informações
o Princípio da Variação Local
o Princípio da Osmose
biográficas e bibliográficas de fontes
o Princípio da Unidade da Ideia externas. Deveria ser responsabilidade
o Princípio da Probabilidade dos editores, fornecer as informações na
página de rosto e no verso da página de
rosto.
Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892-1972)

1955 – Ranganathan: Headings and canons:


estudo comparativo de 5 códigos de catalogação.
Canon O código de catalogação é como um
da Determinabilidade
da Consistência documento legal. Portanto, deve ser
de Relevância
interpretado como um texto legal. Essa
de Permanência
da Moeda; e lei prescreve que, na situação de conflito
de prepotência
Leis gerais da catalogação entre dois cânones ou regras, ela deve ser
❖ Leis de Interpretação
resolvida com a ajuda desse cânone. Isso
❖ Lei da Imparcialidade
❖ Lei da Simetria também prescreve que, se um documento
❖ Lei da Parcimônia
Princípios de Catalogação não puder ser pesquisado sob qualquer
o Princípio da Variação Local
o Princípio da Osmose
regra existente, a solução pode ser
o Princípio da Unidade da Ideia buscada após uma nova interpretação
o Princípio da Probabilidade
das regras ou uma alteração necessária
deve ser feita no código.
Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892-1972)

1955 – Ranganathan: Headings and canons:


estudo comparativo de 5 códigos de catalogação.
Canon Ocorre quando há mudança no Código de
da Determinabilidade Catalogação ou na Tabela de Classificação e
da Consistência todo o acervo e o catálogo precisam ser
de Relevância refeitos. É alerta para o alto custo disto e, neste
de Permanência caso, o retrabalho iria ferir a Lei da
da Moeda; e Parcimônia. Atualmente, se a organização é
de prepotência virtual, os mesmos procedimentos propostos no
Leis gerais da catalogação
tópico da Lei da Parcimônia, podem ser
❖ Leis de Interpretação
❖ Lei da Imparcialidade adotados aqui. Os exemplos oferecidos para
❖ Lei da Simetria cada uma das Leis sugerem que elas se
❖ Lei da Parcimônia relacionam com os procedimentos para Notação
Princípios de Catalogação de uma Tabela de Classificação. É preciso
o Princípio da Variação Local considerar que, em geral, as Leis se referem à
o Princípio da Osmose necessidade de se estabelecer alguma
o Princípio da Unidade da Ideia sequência ou arranjo físico dos documentos.
o Princípio da Probabilidade
Mas não é o caso no ambiente digital. Uma
taxonomia, construída para consulta online pode
prescindir de uma notação.
Charles Ammi Cutter

Propósito mediador do catálogo informação com foco no


usuário (Mey, E. S. A. Catalogação e descrição bibliográfica: contribuições a uma teoria. Brasília : ABDF, 1987).

Descreve os objetivos aos quais o catálogo


também deve servir:
1 – Facilitar a localização de uma
publicação específica, isto é, de uma edição
específica de uma obra que está na
biblioteca.
Seymour Lubetzki
2 – Relacionar e Reunir as edições que tem
a biblioteca de uma determinada obra e as
que tem de um determinado autor.
(Lubetzki, S. Code of cataloging rules: author and title entry, na unfinished draft for a
new edition of cataloging rules prepared for the catalog revision committee. Chicago :
ALA, 1960).
Embora semelhantes: há diferença crucial:

Objetivos de Cutter estão centrados na pessoa, no


leitor, é dele que Cutter parte para definir os objetivos, ou
seja, o usuário existe e o catálogo serve para lhe
permitir encontrar o documento (Papel mediador). [Mey,
1987]

Seymour Lubetzki

Lubetzki destaca a relação


catálogo/acervo, não acervo/leitor, a
biblioteca possui tal documento no acervo
e o catálogo serve para mostrar sua
existência.
Relação ao Código de Catalogação

Regras lógicas, baseadas em causa – são mais fáceis


de ensinar e entender, mais fáceis de explicar aos
usuários e gestores.

Lubetzky, S. Writings on the classical art of cataloging. Compiled and edited by Elaine Svenonius, Dorothy McGarry.
Englewoog: Libraries Unlimited, 2001.
Seymour Lubetzky

Catalogação Racional e funcional → 3 razões

❑ Usuários têm interesse naquilo que a biblioteca possui de um


dado autor tanto quanto se interessam pelo que ela tem de um
dado assunto;
❑ Dentre as publicações de uma mesma obra que a biblioteca
possui, o usuário será melhor atendido se puder optar pela
edição ou pela tradução mais conveniente aos seus propósitos;
❑ Usuário pode não encontrar no catálogo uma determinada obra
se ela for publicada sob um título diferente e sua entrada
correspondente for estabelecida por esse mesmo título.
Lubetzky, S. Writings on the classical art of cataloging. Compiled and edited by Elaine Svenonius, Dorothy McGarry.
Englewoog: Libraries Unlimited, 2001.
Seymour Lubetzky

1953 – publica: Cataloging rules and principles. Manifesta sua


repulsa aos códigos complexos e carregados de casos.

Obra considerada a mais importante na história da catalogação


do século XX.
Seymour Lubetzki
1957 – Propõe a ALA e IFLA plano de novo 1898 - 2003
código de catalogação baseado em princípios.

1960 – publica: Code of cataloging rules, onde


implementa uma redução das regras
e a saída do formalismo para o funcionalismo.
Exemplos de Registros sob conceito da
Catalogação Tradicional
Cabeçalho – Entrada Principal

B869.1 Dias, Gonçalves, 1823-1864


G635c
Cantos e recantos / Gonçalves Dias ; seleção de textos
maura Sardinha. – 3ª ed.. – Rio de Janeiro : Ediouro, 1997.
110 p. : il. ; 19 cm. – (Coleção clássicos de ouro)

1. Poesia brasileira. I. Sardinha, Moura. II. Título. III.


Série.

Entradas Secundárias;
Representação descritiva Ponto de Acesso

Modelo de ficha bibliográfica


Cabeçalho – Entrada Secundário do título
B869.1
G635c Cantos e recantos
Cantos e recantos / Gonçalves Dias ; seleção de textos
maura Sardinha. – 3ª ed.. – Rio de Janeiro : Ediouro, 1997.
110 p. : il. ; 19 cm. – (Coleção clássicos de ouro)

Modelo de ficha bibliográfica


Cabeçalho – Entrada Secundário do título da Série

B869.1 Coleção clássicos de ouro


G635c
Cantos e recantos / Gonçalves Dias ; seleção de textos
maura Sardinha. – 3ª ed.. – Rio de Janeiro : Ediouro, 1997.
110 p. : il. ; 19 cm. – (Coleção clássicos de ouro)
Cabeçalho – Entrada Secundário de Assunto

B869.1 Poesia brasileira


G635c
Cantos e recantos / Gonçalves Dias ; seleção de textos
maura Sardinha. – 3ª ed.. – Rio de Janeiro : Ediouro, 1997.
110 p. : il. ; 19 cm. – (Coleção clássicos de ouro)

Modelo de ficha bibliográfica


Cabeçalho – Entrada Secundário de Responsável

B869.1 Sardinha, Moura


G635c
Cantos e recantos / Gonçalves Dias ; seleção de textos
Maura Sardinha. – 3ª ed.. – Rio de Janeiro : Ediouro, 1997.
110 p. : il. ; 19 cm. – (Coleção clássicos de ouro)
Retomada histórica dos Códigos de Catalogação
Instruções Prussianas (Instruktionen für Die Alphabetischen Kataloge Der Preussischen
Bibliotheken) - 1899

Alemanha; Origem nas regras compiladas por Carl Dziatzko – 1886.


Aústria; Universidade de Breslau
Hungria; baseadas Código de Monique - 1850
adotadas Suécia;
Suíça;
Dinamarca;
Holanda; Transformada
Noruega. Código da Real Biblioteca de Berlim - 1890

1936 – reconhecido como código de caráter internacional utilizado na compilação.

As Instruções foram gestadas no contexto da unificação alemã;


Aplicadas nas bibliotecas universitárias da Prússia;
Permitiram a catalogação cooperativa das bibliotecas alemãs, ao serem concebidas nas
regras de Jewett (Quando o modelo ainda não havia ocorrido em nenhum outro país
europeu).
Códigos, Debates e Padrões
Séc. XX
Códigos nacionais de catalogação
Alemanha
Aústria
Bégica
Países
Escandinavos
Espanha
Possuem
Virada França
Holanda
Itália
Suíça
Vaticano
Inglaterra

Mey, Eliane Serrão Alves. Introdução à catalogação. Brasília: Briquet de Lemos, 1995
Códigos, Debates e Padrões

1901 – LC – impressão das fichas catalográficas de seu acervo

Há mudança no desenvolvimento dos códigos no começo do Séc. XX


Crítica decorrente ao impacto dos serviços de distribuição das fichas pela LC.

Assinala que as preocupações teóricas foram


Regras de Cutter, 4º edição subordinadas às considerações práticas da adoção
das fichas da Library Congress.

Bibliotecas recebem as fichas dos livros, nas quais só acrescentam os cabeçalhos


de entradas secundárias, que também vinham indicados.

Resulta em substancial padronização não porque houvesse


concordância com a catalogação da LC, mas porque as fichas
eram rigorosamente idênticas.
Códigos, Debates e Padrões

1908 ALA – Comissão de estudo das regras adotadas pela LC.

Colaboração com a Library Association (Inglaterra).

Publica 1ª ed. do Código Anglo-Americano – também conhecido


Código Conjunto ou Código AA

Norte-americana Influência:
Publicados em duas versões Cutter
Panizzi
Inglesa Instruções Prussiana

Dura até 1967 com o AACR


Sendo considerado Código de utilização internacional

Garrido Arilla, Maria Rosa. Teoria e história de la catalogación de documentos. Madrid: Síntesis, 1996.
Código da Vaticana Representa corrente européia
de catalogação do início do
Séc. XX.

1931 Redigido para Biblioteca Apostólica Vaticana.


Subvencionado pela Fundação Carnegie.
Apoiado pela LC

Regras italianas de 1911,


Base do Código acrescida do Código AA de 1908.

Considerado como o mais significativo esforço realizado até hoje para sintetizar as
práticas européias e norte-americanas em termos de catalogação. Garrido Arillo, 1996

Influência na biblioteconomia brasileira, a partir de 1940, em sua edição em espanhol


e posteriormente nas edições em português de 1949 e 1962.
Mey, 1995

Indicado – bibliotecas eruditas e especializadas


Anos 40 Crise da Catalogação (Andew Osborn)

Destaca diversas tendências deflagrada pelos códigos de catalogação.

Inúmeras teorias de catalogação vagas: Teoria legalista

Predominante. Deve haver regras e deve haver definições para governar cada
ponto que surge e deve haver uma autoridade para estabelecer questões.

Muitas decisões são arbitrárias, outras introduzidas por razões históricas e aceitos e
perpetuados sem compreensão do porque a regra foi feita – situação que torna a prática
de catalogação apenas uma técnica.

1949 ALA revisa publica suas regras e as regras da LC

Rules descriptive cataloging in the LC


ALA cataloging rules for Inova com a introdução dos objetivos da
author and title entries. catalogação (descritiva) e seus principios.
A história da
catalogação
Inicia novos
Princípios

Conferência sobre os Princípios de Catalogação, Paris


1961. https://goo.gl/VjgTxf
Bibliografia e Leitura
• Barbosa, Alice Príncipe. Novos rumos da catalogação. Rio de
Janeiro : BNG/Brasilart, 1978.
• Mey, Eliane Serrão Alves. Introdução à catalogação. Brasília:
Briquet de Lemos, 1995.
• Campello, Bernadete Santos. Introdução ao controle
bibliográfico. Brasília :Briquet de Lemos, 1997.
• Garrido Arilla, Maria Rosa. Teoria e história de la catalogación
de documentos. Madrid: Síntesis, 1996.
José Fernando Modesto da Silva

https://pt.slideshare.net/Modesto

Natural de Campinas/SP. Graduado e Mestre em


Biblioteconomia pela Pontifícia Universidade Católica
de Campinas – PUCCamp. Doutor em Comunicação
pela ECA/USP. Professor do curso de Biblioteconomia
da USP. Militante no Movimento Associativo
Bibliotecário do Estado de São Paulo. Mais textos
interessantes: http://www.ofaj.com.br

Você também pode gostar