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AVISO

Estarei viajando de 08/09 a 22/09, portanto, não


teremos atualizações nesse período. Nossa live de
assinantes será no dia 24/09/2019, às 20h30
(clique ​aqui​ ​para assistir). Espero já estar de volta.

Escrevi este material no dia 03/09/2019 (estarei viajando entre os dia 08/09 e 22/09),
portanto pode haver alterações no projeto de lei em que eu me balizei para escrever este
relatório.

Posso dizer, sem medo de errar, que pelo menos 30% dos meus assinantes, ao investir em
ações, gostam de receber dividendos e pensam neles como forma de montar sua própria
previdência privada.

A grande ideia por trás de uma carteira com foco em dividendos é fazê-los crescer ano após
ano até que estes alcancem um valor que seja suficiente para que você possa custear a sua
própria vida ou os seus objetivos. A segurança da estratégia vem da diversificação em
ações, e eu posso citar a minha experiência pessoal.

Após a crise de 2008, eu percebi que algumas das minhas ações foram resilientes, ou seja,
o preço delas caiu, mas os seus resultados e seus pagamentos de dividendos não caíram.
O que eu aprendi, na prática, naquele momento, é algo valioso, que eu carrego até hoje,
principalmente nas ações que eu uso na carteira Geração de Renda com Investimentos ​– a
carteira que possibilitou realizar minha viagem hoje.

Explicarei o que é essa resiliência. Todos sabemos que o Brasil passou por uma crise
grande principalmente de 2014 a 2017, em que tivemos um crescimento pífio da economia
(de 0,1% em 2014 e, depois, duas retrações da economia seguidas superiores a 3%,
tornando-se esse, assim, o período de maior queda da nossa economia desde o início da
série histórica do PIB há mais de 100 anos; e, finalmente, o ano de 2017, que teve um
crescimento de 1,1%, puxado única e exclusivamente pelo agronegócio, que cresceu
naquele ano mais de 10% com uma safra recorde). Então, vamos analisar como as ações
que estão na cor azul em nossa Carteira (na tabela principal da Área de Membros)
passaram pela crise de 2014 a 2017 (com imagens retiradas do ​Guiainvest Pro​).
O período da crise sempre aparecerá em um retângulo vermelho nos gráficos.

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Resultados de Itaúsa (Lucro Líquido) – ITSA4

Nesse mesmo período, podemos ver que os dividendos líquidos de Itaúsa subiram de R$
2,43 bilhões em 2014 para R$ 6,6 bilhões em 2017. Isso mostra, para mim, que Itaúsa é
uma ação resiliente a crises, que merece ser enquadrada como uma boa pagadora de
dividendos e por isso recebe a cor azul.

Resultados de Fras-Le (Lucro Líquido) – FRAS3

FRAS3 possui dois hedges (proteções) naturais nas crises. O primeiro é o fato de que boa
parte das vendas das suas autopeças são para o mercado de reposição (ou seja, peças
para carros usados). Tanto que as vendas na Argentina atualmente caíram, mas muito
menos que o restante da economia nesse período. O segundo hedge (proteção) é que 50%
de suas receitas vêm do exterior, logo, em uma crise, normalmente o dólar sobe e, então, a
sua receita cresce, assim como as margens. Essas são grandes vantagens da companhia,
que a fizeram ter resultados consistentes no período de 2014 a 2017 – como mostra a
imagem de lucros da companhia a seguir.

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Essa é outra companhia que, apesar das dificuldades de mercado e da queda da venda de
automóveis, conseguiu aumentar suas vendas, seus lucros e o retorno a seus acionistas.

A empresa pagou R$ 15,6 milhões referentes ao ano de 2014, o que representa R$ 0,12641
por ação. Já em 2017, a companhia não pagou dividendos remanescentes, mas pagou R$
52,7 milhões em dividendos, o que representa R$ 0,245 por ação. Em 2018, o valor pago
alcançou quase R$ 90 milhões, ou R$ 0,41986 por ação, e nós capturamos toda essa
distribuição.

Resultados de Hypera (Lucro Líquido) – HYPE3

A Hypera, antiga Hypermarcas, passou por uma grande reformulação dos seus negócios.
Ela, que tinha fábricas de fraldas, de preservativos, de alimentos e de remédios, resolveu
focar naquele segmento em que tinha as melhores margens. Vendeu todos os outros,
reduziu o endividamento e, mesmo durante a crise, como podemos ver na imagem abaixo,
conseguiu manter-se nos lucros. Veja, também, que antes da reformulação ela chegou a ter
períodos de prejuízo, como em 2009 e 2012.

Com os lucros obtidos nas vendas dos negócios, a companhia – que não pagava
dividendos em 2014 e 2015 porque tinha prejuízos acumulados – conseguiu voltar a
distribuir dinheiro aos seus acionistas em 2016. Em 2016, foi pago R$ 0,50 por ação. Em
2017, o pagamento de R$ 1,57 incluiu o não recorrente apresentado no gráfico. Em 2018, a
companhia passou a pagar juros sobre capital próprio trimestrais e pagou cerca de R$ 0,97
no ano, e, agora, em 2019, apenas nos dois primeiros trimestres, já foi provisionado R$
0,51. Acredito que fechará o ano com R$ 1,10, a ser pago em 31/01/2020 – entendendo que
o quarto trimestre sazonalmente é melhor.

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Resultados de Engie (Lucro Líquido) – EGIE3

A Engie, antiga Tractebel, é uma grande geradora de energia, e uma das primeiras coisas
que aprendemos ao analisar empresas é que o setor de energia elétrica é um dos mais
lucrativos e mais resilientes a crises, principalmente porque as pessoas reduzem
drasticamente o consumo de calçados, roupas, eletrodomésticos e até mesmo de comida e
remédio, mas o consumo de energia elétrica cai muito pouco. Então, você parte de uma
situação de demanda permanentemente em crescimento. A taxas baixas, mas sempre
crescendo.

Mais uma empresa que se mostrou resiliente no período da crise e que, portanto, aumentou
seus lucros e consequentemente os dividendos. O total distribuído em 2014 foi de R$ 1,63
por ação. Em 2017, esse valor já tinha subido para R$ 2,7163 por ação.

A parte ruim é que precisamos de muita paciência para receber os proventos de Engie. A
companhia divulgou a distribuição de R$ 1,00 por ação em 12/11/2018 e até hoje não pagou
– e nem mesmo tem data prevista para que esse pagamento ocorra.

Acredito que com esses quatro exemplos vocês já tenham entendido a importância não
apenas de ver o pagamento de dividendos atual, mas também o yield (dividendo/preço da
ação) da companhia e, principalmente, se a companhia permanece como uma empresa boa
e lucrativa em períodos de crise.

Imagine você montando uma carteira de dividendos com muitas empresas cíclicas e que
pagam muitos dividendos – como, por exemplo, já foi a Gerdau Metalúrgica (que está em
nossa Carteira), que em 2011 pagou R$ 0,53 por ação. Yield de 8% frente ao valor atual.
De repente, vem uma crise e a companhia fica três anos sem pagar (de 2015 a 2017).

Agora, suponha que você dependa desse valor para custear sua vida, pagar suas contas, a
escola dos filhos ou o aluguel e o condomínio, a conta de luz e de água. O que aconteceria?

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Sim, você precisaria vender suas ações. Ou seja, você abriria mão de todo o retorno futuro
que por ventura as ações poderiam voltar a dar – como a própria GOAU4, que já voltou a
pagar R$ 0,22 nos últimos doze meses após ficar três anos sem distribuir.

Nessa situação, em que, de 2015 a 2017, você tivesse que vender suas ações para custear
sua vida, você abriria mão de receber esses dividendos que voltaram a ser pagos em 2018
e 2019.

É por isso que, entre as ações que estão em azul (ou seja, as boas pagadoras de
dividendos), temos um grande cuidado em colocar empresas que foram resilientes em
períodos de crise.

Vejam como Cielo, Fleury, Neoenergia e CardSystem também se mantiveram com lucros ao
menos constantes no período de 2014 a 2017.

Então, se você quiser montar uma carteira apenas de boas pagadoras de dividendos hoje,
ela teria uma configuração conforme a tabela abaixo.

YIELD ESPERADO PARA OS


PERCENTUAL NA CARTEIRA PERCENTUAL
CÓDIGO DA AÇÃO PRÓXIMOS 12 MESES NO PREÇO
EM 30/08/2019 APENAS DIVIDENDOS
ATUAL
ITSA4 9,20% 25,78% 9,0%
HYPE3 4,50% 12,61% 3,3%
FRAS3 5,47% 15,33% 6,0%
EGIE3 5,70% 15,98% 6,5%
CIEL3 1,63% 4,57% 3,5%
FLRY3 3,36% 9,42% 4,5%
CARD3 2,19% 6,14% 5,0%
NEOE3 3,63% 10,17% 5,5%
Total 35,68% 100,00%

Se o seu objetivo for auferir muito dividendo hoje, basta seguir a tabela acima nas
proporções recomendadas.

No entanto, nós podemos alcançar um pouco mais que esse valor se, além de olharmos
para o presente, olharmos também para o futuro. Vou dar um exemplo que, na minha visão,
é emblemático. Em 2016, eu incluí na carteira do Youtube as ações da Ser Educacional
(SEER3). Ela era a empresa do setor que menos pagava dividendos. Tinha o foco no
crescimento e precisava ser competitiva com a Kroton e com a Estácio. Kroton e Estácio
chegaram a pagar yields que variavam entre 6% e, até, 12%.

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Veja o que aconteceu com os dividendos da Ser Educacional agora, em 2019, na imagem
abaixo, e compare com os dividendos distribuídos nos outros anos.

Até 2017, o yield da companhia variava entre 0,5% e 2%. Em 2018, a companhia pagou R$
0,4247 e ultrapassou os 2% pela primeira vez. Agora, em 2019, a companhia já distribuiu
quase R$ 2,50, que representam mais de 10% de yield. Eu, particularmente, gosto muito de
ter empresas assim na minha carteira, empresas em que eu aposto não apenas no
crescimento, mas também na maturação dos seus negócios, que a façam distribuir mais
dividendos, ou seja, que façam a empresa aumentar o seu payout (parcela do lucro que é
distribuída aos acionistas).

Eu vejo a Vale e a Petrobras como possíveis excelentes pagadoras de dividendos a partir


de 2021 e 2022. Com yields que devem alcançar 10% frente ao preço atual. Provavelmente
a Randon também poderá ter um yield tão bom quanto o da Fras-Le. Logo, se eu fosse
investir baseado em dividendos, além das oito anteriores, eu separaria algum valor para
investir nessas três também. Afinal, não basta pensar nos dividendos de agora, devemos
pensar também nos dividendos de amanhã.

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A pedido de um assinante, vou apresentar os valores de dividendos que nossa carteira já
recebeu até hoje (no fechamento de 30/08/2019).

Para isso, preciso lembrar que o projeto começou no dia 15/03/2017, com o aporte fictício
de R$ 300.000,00. Esse valor foi sendo usado aos poucos. A primeira carteira havia apenas
R$ 147.000,00 utilizados. R$ 153.000,00 ficaram em caixa para posteriores oportunidades.

Eu gosto sempre de manter algum caixa para oportunidades. Atualmente estamos com
pouco dinheiro, porque em outubro teremos o aporte anual de R$ 50.000,00, como também
ocorreu em 2018.

Então, até hoje, a Carteira teve um aporte inicial de R$ 300.000,00 em 2017 e um aporte
anual, em 2018, de R$ 50.000,00, totalizando R$ 350.000,00. E, no dia 30/08/2019, o total
da Carteira era de R$ 571.744,88 em ações, além de R$ 10.695,50 em caixa para novas
compras.

Desses R$ 221.744,88 de lucro, qual o percentual foi proveniente de dividendos e quanto


veio da valorização dos ativos?

Vamos responder a essa dúvida do assinante.

Primeiramente, quero dizer que vou mostrar o total de dividendos baseado pela data ex, ou
seja, a data em que os dividendos ou juros sobre capital próprio saem do preço da ação.
Depois, queria deixar claro que os valores apresentados já são líquidos de Imposto de
Renda para o caso de Juros sobre Capital próprio, diferente de algumas casas de análise
que colocam o valor bruto para engordar o resultado e encher o olho do assinante.

No gráfico abaixo, vemos mensalmente as distribuições, com destaque para o mês de maio
de 2018, quando acertamos em cheio os dividendos extraordinários da Santanense, que
saíram da reserva de lucro da companhia. Outro mês em que tivemos um bom resultado em
termos de distribuição de dividendos foi janeiro /2019, quando recebemos os dividendos da
Tarpon – que, infelizmente, foi um cavalo de Tróia. No mesmo dia, a companhia anunciou
fechamento de capital.

Mas o que mais me deixa feliz não são esses eventos extraordinários, que, embora possam
ser previsíveis, apenas distribuem uma única vez. O que me deixa feliz é perceber que
tivemos alguma distribuição de dividendos em cada um dos últimos doze meses. Esse é o
resultado de um esforço em estudar as empresas e criar um calendário de modo que em
todos os meses tenhamos provisionado algum provento. Em setembro, já temos alguns de
Cielo (CIEL3).

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No entanto, o investidor que busca sua independência financeira precisa prestar atenção no
gráfico a seguir, que é o acumulado de dividendos pagos nos últimos doze meses.

Se você busca dividendos, você precisa sempre pensar nos dividendos pagos nos últimos
doze meses. ​Infelizmente no mercado de ações não conseguimos ter uma
previsibilidade mensal como no mercado de Fundos Imobiliários. O nosso objetivo
para você, que quer dividendos, é fazer com que você gere a sua renda anual para
alcançar seus objetivos. ​A gestão de gastos dentro dos meses – de não gastar muito no
mês que recebe mais para compensar naquele mês em que recebe menos – precisa ficar a
cargo do próprio assinante.

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Caso você não se sinta confortável com essa dinâmica, recomendo que busque uma
alocação em Fundos Imobiliários, esses, sim, pagam mensalmente com ótima
previsibilidade. São a melhor opção para aqueles investidores que pensam em renda
mensal.

Veja, também, no gráfico acima, que tivemos, nos últimos doze meses, dividendos
provisionados de quase R$ 23.000,00. Em 30/08/2018, nossa Carteira tinha R$ 385 mil em
ativos e, agora, tem R$ 571 mil alocados em ações. Logo, o valor médio da Carteira no
período é de R$ 478 mil. Dessa forma, podemos dizer que, apesar de ter várias ações que
não pagam dividendos, como Vulcabras e PetroRio, a nossa Carteira ainda devolveu nos
últimos doze meses um yield respeitável de 4,8% – ou 4,1%, excluindo o dividendo não
recorrente da Tarpon em janeiro de 2019.

Lembro que o objetivo principal da Carteira não é gerar dividendos e, mesmo assim, o
retorno, na minha visão, foi bem satisfatório.

Desde o início da nossa Carteira, já foram divulgados 116 dividendos ou juros sobre capital
próprio de nossas ações. O total acumulado provisionado foi de R$ 41.339,40 no período.
Portanto, daquele lucro de R$ 221.744,88 que a Carteira gerou, R$ 41.339,40 vieram de
dividendos, e pouco mais de R$ 180 mil vieram da valorização dos ativos.

Para terminar essa análise de dividendos, eu gostaria de mostrar a tabela abaixo.

DIVIDENDO DIVIDENDO
ANO
PROVISIONADO MÉDIO POR MÊS

15/03/2017 - 31/12/2017 R$ 6.340,73 R$ 667,44

01/01/2018 - 31/12/2018 R$ 19.341,19 R$ 1.611,77

01/01/2019 - 30/08/2019 R$ 15.657,48 R$ 1.957,19

Percebam como funcionam os dividendos. A cada ano que passa a gente coloca um
tijolinho na nossa independência financeira. A nossa renda mensal vai aumentando ano
após ano, mês após mês. Sempre com paciência, aportes e reinvestimentos – e
aproveitando as quedas.

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Se você investe baseado no recebimento de dividendos, como mostramos neste relatório de
hoje, você deve se preocupar com o Projeto de Lei 3129/19, que está tramitando na
Câmara dos Deputados. Veja ​matéria​ do site da própria Câmara.

O objetivo dessa Lei é criar condições para que o presidente Jair Bolsonaro possa cumprir
uma de suas promessas de campanha, que é isentar de Imposto de Renda os contribuintes
que recebam até cinco salários mínimos. Para reduzir algum Imposto, o governo precisa
dizer qual será a origem dos recursos que irão garantir essa isenção. E um dos pontos é a
tributação sobre lucros e dividendos, revogação da possibilidade de a empresa distribuir
juros sobre capital próprio e instituição de uma alíquota extra de Imposto de Renda de 37%
para os rendimentos mensais acima de 34 salários mínimos (hoje, equivaleria a R$
33.932,01 mensais).

Vamos nos ater à parte de dividendos neste relatório. Se você quiser ver a minha opinião
geral, recomendo que clique ​aqui e veja meu vídeo no Youtube. A proposta prevê a
cobrança de 20% a título de Imposto de Renda sobre os lucros e dividendos, e, para as
pessoas jurídicas, o texto propõe a redução da alíquota de Imposto de Renda de 15% para
10%.

Vamos falar dos dividendos. Em primeiro lugar, é importante citar que a tributação será para
todas as empresas, não apenas as de capital aberto. Eu mesmo, aqui no Dica de Hoje, faço
99% da minha retirada um ano depois para sacar como dividendos e ter isenção de
imposto. Com a promulgação dessa Lei, eu serei taxado em 20%, assim como todas as
outras empresas e empresários, ou profissionais liberais que funcionem como pessoas
jurídicas.

Na minha visão, essa tributação de forma direta trará algum impacto na inflação do país ou
um aumento de sonegação de imposto.

Segundo o governo, essa isenção permite que altas rendas sejam declaradas como isentas,
inclusive o próprio governo afirma que os números da Receita Federal comprovam que 67%
dos rendimentos isentos declarados em 2017 correspondem a lucros e dividendos no Brasil.

As pessoas jurídicas terão uma redução de 5% no Imposto de Renda. Vejam que a Lei fala
em redução de 15% para 10%. As empresas da Bolsa de Valores pagam 25% de IRPJ +
9% de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

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Supondo que as empresas de capital aberto também tenham uma redução de 5% e caia
para 20% + 9%, ou seja 29%, com dividendo tributado em 20% sem poder distribuir juros
sobre capital próprio (vamos fazer um exemplo simulação para ver como fica).

Nos últimos doze meses, a Engie EGIE3 teve um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões e pagou
51,5% do lucro em dividendos, ou seja, R$ 1,126 bilhão, ou R$ 1,3804 por ação bruto (R$
0,8940 em dividendos e R$ 0,4866 em JSCP, que foi tributado em 15%). O acionista
recebeu R$ 0,8940 + R$ 0,4136 = R$ 1,3076 por ação. Vamos imaginar que com a
redução da alíquota de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica de 5%, o lucro líquido fosse
em torno de 5% maior, ou seja, R$ 2,31 bilhão. Vamos imaginar, ainda, que a companhia
continue com a política de distribuir 51,5% de payout, ou seja, ela passaria a distribuir R$
1,19 bilhão, ou R$ 1,4580 por ação. No entanto, o Imposto será de 20%. Isso significa que o
investidor receberá líquido R$ 1,1664 – uma redução de quase 11% no caso da Engie.

No caso de Itaúsa, pode ser ainda pior. A companhia recebe o valor já tributado de Itaú e
lança o lucro líquido como equivalência patrimonial. Imagine se o dividendo que Itaúsa
recebe de Itaú for tributado e depois aquele que não recebermos, como acionistas, for
tributado também?

Seria uma bitributação, que faria com que o imposto em cascata alcançasse o valor de
36%.

Acompanhe o racional abaixo.

Itaú paga R$ 1.000,00 para Itaúsa, que é tributada em 20%, logo, recebe R$ 800,00. Itaúsa
distribui esses R$ 800,00 em dividendos a seus acionistas, que são tributados em 20%, e
portanto, recebem de forma líquida R$ 640,00, ou seja, 36% a menos que o valor atual,
isento de tributação.

Por fim, cabe ressaltar que esta proposta nem mesmo vai a Plenário, pois ela tramita em
caráter conclusivo e será analisada apenas pelas comissões de Finanças e Tributação e de
Constituição e Justiça e de Cidadania.

Caráter conclusivo é um rito de tramitação pelo qual o projeto é votado apenas pelas
comissões designadas para analisá-lo, ficando dispensada a deliberação em Plenário. O
projeto perde o caráter conclusivo se houver decisão divergente entre as comissões ou se,
independentemente de ser aprovado ou rejeitado, houver recurso assinado por 52
deputados para a apreciação da matéria no Plenário.

Na minha visão, esse assunto de tributação de dividendos é muito antigo. Lembro desse
assunto ser discutido ainda no governo FHC.

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Eu sempre acreditei que essa isenção nunca iria cair por dois motivos:

1. Existem muitos parlamentares que investem na Bolsa de Valores ou que possuem


empresas para gerir seus bens, e eles mesmos recebem esses valores como
dividendos, logo, se eles aprovarem estariam taxando suas próprias rendas.
2. O governo depende dos dividendos de empresas como Petrobras, Eletrobras, Banco
do Brasil e, nos estados, de empresas como Cemig, Copel, Sanepar, etc...

Nesse segundo ponto, já descobri que o Governo não seria afetado: ele não seria tributado
em seu próprio dividendo proveniente de uma empresa pública da qual ele é controlador.
Seria inócuo o governo pagar para si mesmo. Então, sobra o primeiro ponto.

Esse novo Congresso está realizando muitas mudanças para o país. Muitas são benéficas,
mas algumas, que vão passar como essa e provavelmente como a nova CPMF, teremos
que engolir.

Abraços. E bons investimentos.

(E eu vou torcer muito para que essa Lei não passe.)

   

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Disclosure 
Elaborado pelo analista independente Daniel Isaac Nigri CNPI 1810, este relatório é de uso
exclusivo de seu destinatário.

Este estudo é baseado em informações disponíveis ao público nos próprios sites de RI das
empresas analisadas ou comparadas, consideradas confiáveis na data de publicação.

As opiniões aqui expressas estão sujeitas a mudanças por se tratarem de estimativas baseadas
em fundamentos e projeções de futuro que podem ou não ocorrer.

Este relatório não representa oferta de negociação de valores mobiliários ou de outros


instrumentos financeiros.

As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o


debate entre o analista responsável e os destinatários. Os destinatários devem, portanto,
desenvolver as próprias análises e estratégias (ou seja, “caminhar com as próprias pernas” e
ter bom senso).

Informações adicionais sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros


instrumentos financeiros aqui abordados podem ser obtidas mediante solicitação, e serão
arquivadas por 5 anos conforme determinação da CVM.

O analista responsável pela elaboração deste relatório declara, nos termos da Instrução CVM
nº 598/18, que as recomendações do relatório de análise refletem única e exclusivamente a
sua opinião pessoal e foram elaboradas de forma independente.

O analista informa que possui posições compradas em CIEL3, VALE3, MDIA3, ITSA4, DIRR3,
PRIO3, FLRY3, VULC3, CRFB3, PETR4, TRIS3, JHSF3 e EGIE3 que foram abordadas neste
relatório, o que pode gerar algum conflito de interesses.

O analista Daniel Isaac Nigri CNPI é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo
cumprimento da Instrução ICVM 598.

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